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Alexandre Pereira
Doutorando em Educação UFU.
Professor da Universidade Federal do Amapá
E-mail: pereiraxnd@gmail.com
Gleisy Campos
Mestranda em Educação UFU
E-mail: gleisy_campos@hotmail.com
Lucas Garcia
Mestrando em Educação.
Professor da Rede Pública de Uberlândia/MG
E-mail: lg1916@hotmail.com
RESUMO: A presente pesquisa centra-se na compreensão sobre o multiculturalismo e sua relação com
a docência entre os alunos dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Federal
de Uberlândia. O universo da pesquisa contou com a colaboração de quinze mestrandos e doutorandos,
sendo 06 (seis) Pedagogos (as), 04 (quatro) Licenciados em Letras, 01 (um) Licenciado em Química,
01 (um) em Física, 01 (um) formado em Normal Superior, 01 (um) Médico e 01 (um) Jornalista. Os
objetivos do estudo são investigar qual a compreensão dos sujeitos sobre multiculturalismo e as relações
estabelecidas por eles no ambiente de trabalho com a temática multicultural; identificar as dificuldades
e os desafios encontrados para lidarem com as diferenças culturais em suas práticas pedagógicas. Para
coleta de dados foi utilizado um questionário estruturado com questões abertas e de múltipla escolha,
abrangendo aspectos sobre formação acadêmica, tempo de formação e atuação profissional, nível de
ensino em que atua e questões sobre multiculturalismo e docência.
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tablecidas por ellos en el escritorio con el tema multicultural, identificar las dificultades y los problemas
encontrados en el tratamiento de las diferencias culturales en las prácticas educativas. Para recogida de
datos se utilizó un cuestionario estructurado con preguntas abiertas y preguntas de opción múltiple que
cubren los aspectos de la formación académica, la duración de la formación y la experiencia profesional,
el nivel de educación en el que opera y las preguntas sobre el multiculturalismo y la enseñanza.
1. INTRODUÇÃO
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descrição da situação do contexto onde está sendo realizada a investigação, bem como,
“explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas
que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos” (p. 58).
Em relação à faixa etária dos entrevistados, podemos destacar que 33% (cinco
pessoas) possuem idade entre vinte e trinta anos. Já 13,3% dos entrevistados (duas pes-
soas) apresentam idade entre trinta e quarenta anos. Seis pessoas, ou 40%, apresentam
idade entre quarenta e cinquenta anos e, por fim, duas pessoas, 13,3% têm idade entre
cinquenta e sessenta anos. Em se tratando de gênero, 20% (três pessoas) se enquadram
no gênero masculino e (doze pessoas) 80% dos entrevistados pertencem ao sexo femi-
nino.
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A primeira parte do texto traz uma breve descrição do que estamos entenden-
do por multiculturalismo, as diferentes visões admitidas para explicá-lo e como essas
visões se materializam em nossa sociedade. Na segunda parte, examinamos a relação
da educação multicultural com a formação de professores, apresentando argumentos
que evidenciam a formação de professores como fator crucial para a aplicação de uma
educação que possibilite valorizar as diferentes vozes presentes no espaço escolar. No
terceiro momento, passamos à uma discussão mais específica sobre a compreensão
dos estudantes de Mestrado e Doutorado em Educação sobre multiculturalismo. Por
fim reforçamos, em nossas considerações finais, o compromisso que as universidades
públicas devem ter em criar uma proposta de formação multiculturalmente orientada,
favorecendo a formação crítica e reflexiva dos professores.
Neste sentido, é importante entendermos que não existe uma única definição
para o termo multiculturalismo, pois este abarca diferentes definições e perspectivas
que se contradizem e englobam, desde visões liberais ou folclóricas, até visões mais
críticas.
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acirrou os conflitos, criando verdadeiros abismos entre as diferenças culturais. Por sua
vez, essa realidade trouxe também o crescimento de movimentos sociais organizados,
ONGs e outras instituições, sujeitos e grupos historicamente discriminados que lutam
contra o processo de discriminação e consequente contra a exclusão social, em defesa
da pluralidade de formas de existência de sujeitos, sociedades e culturas. Assim, no
contexto da democracia
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termo multiculturalismo e nos direciona para questões como: o que a temática do mul-
ticulturalismo tem a nos dizer com relação à educação brasileira? Como vivenciar uma
educação multicultural?
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Assim, é com o intuito de problematizar, mais que trazer respostas, que apre-
sentamos a compreensão dos estudantes do mestrado e doutorado sobre a temática
multiculturalismo.
Assim, fica evidente que o principal motivo, do pouco ou até mesmo do não
contato com as questões multiculturais durante os cursos de graduação dos entrevis-
tados, ocorre pela má estruturação da matriz curricular dos programas de graduação,
uma vez que, até pouco tempo atrás, não se tinha a devida preocupação com as ques-
tões atreladas à diversidade de raça e de gênero, diferenças sociais, culturais, religiosas,
sexuais, dentre outras que são presentes na atualidade. Notamos que, principalmente
os entrevistados da área das ciências exatas, nas disciplinas de química e de física, ma-
nifestaram dificuldades ao participarem de uma discussão vinculada às questões mul-
ticulturais, uma vez que, a matriz curricular destes cursos preza, basicamente, pelos
conteúdos teóricos pertinentes a estas disciplinas.
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Neste sentido, foi pensando na formação de professores críticos, que nos apro-
priamos dos conceitos apresentados por McLaren (2000), multiculturalismo conserva-
dor; multiculturalismo humanista liberal; multiculturalismo liberal de esquerda e multi-
culturalismo crítico ou de resistência. Solicitamos aos participantes que identificassem
aquele que mais se aproximava da sua compreensão de multiculturalismo. Identifica-
mos assim que, 100% dos participantes optaram pelo conceito de multiculturalismo
crítico definido como:
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ralismo liberal de esquerda que se encontra mais atento aos modos de operar do poder
e do privilégio e sublinham as diferenças culturais ditadas por classe, raça, gênero e
sexualidade.
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aos interesses conservadores que minam a educação e pelo qual a pedagogia tradicio-
nal é servidora. A educação multicultural deve estar à frente no reconhecimento das
diferenças das várias identidades, tais como as diferenças de classe, gênero, orientação
sexual, raça, pessoas com alguma deficiência ou superdotação, estimulando mudanças
de paradigmas culturais baseados em sistemas de opressão e desigualdade, pois as difi-
culdades de lidar com as diferenças culturais pode estar na
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sistas, machistas e homofóbicas, mas pela precariedade de uma formação inicial que
negligencia as experiências e os saberes multiculturais a um número considerável de
docentes.
5. Considerações Finais
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Há, portanto, nessa concepção, uma superação das dificuldades e dos reducio-
nismos que recaem sobre as visões conservadoras, humanista liberal e liberal de es-
querda que MacLaren (2000) enquadra num rol de tendências liberais.
Enfim, pensar numa formação multicultural exige uma revisão dos próprios
projetos pedagógicos das universidades, pois a ausência dos estudos sobre multicul-
turalismo nas universidades, já é uma demonstração da necessidade que se tem hoje
de repensar questões em torno da formação docente para redefinir uma proposta de
educação alicerçada no multiculturalismo crítico, que assume o compromisso de uma
educação a favor da justiça social.
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. 13. ed. Campinas,
SP: Papirus, 2007.
BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vacchi. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
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Ed., 2005.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas da Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2008.
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