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Mateus Pereira & Valdei Araujo

Ficha catalográfica

ARAUJO, Valdei; PEREIRA, Mateus.


Atualismo 1.0 - Como a ideia de atualização mudou o século
XXI/ Mateus Pereira, Valdei Araujo. Mariana, MG: Editora
SBTHH, 2018.

ISBN: 978-85-69703-02-0

CDD
901 - Teoria e filosofia da história
981 - História do Brasil

CDU
930.1 Teoria e filosofia da história

Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610/98. É


proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência
da editora. Feito o depósito legal.

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Editora SBTHH
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Telefone: (31) 3557-9400
sbthh@yahoo.com.br
www.sbthh.org.br

Revisão: Luis Antônio Prazeres


Projeto gráfico e diagramação: Marianna Andrade Melo
Capa: Marianna Andrade Melo
Impressão: Rona Editora LTDA
AGRADECIMENTOS 5
PREFÁCIO: ENSAIO SOBRE OS POTENCIAIS (IN)
ATUAIS DO PENSAMENTO E DO TEMPO 9
INTRODUÇÃO: A EMERGÊNCIA DA PALAVRA
UPDATE/ATUALIZAÇÃO 17
CAPÍTULO I - ATUALISMO E TEORIA 36
1.1. A temporalidade na Condição Pós-moderna:
Jean François Lyotard 37

1.2. Hans-Ulrich Gumbrecht: o atualismo como


presente amplo 44

1.3. Atualismo e Presentismo: o relato de François


Hartog57

1.4. Heidegger e as diversas temporalizações do


presente  68

CAPÍTULO II - ATUALISMO E HISTORICISMO:


CHATEAUBRIAND E A MODERNIDADE COMO
MÉLANGE TEMPORAL 85
2.1. O livro de Jó: a certeza metafísica e a vida como
constante atualização  87

2.2. O mundo atual: duas impossibilidades? 89

2.3. Um presente sem forma: a atualização do verbo 91

2.4. A fusão temporal nas Memórias e a mélange97

2.5. Chateaubriand, nosso contemporâneo? 105

CAPÍTULO III - FRAGMENTOS DE


ATUALIDADE: 1970 114
3.1. Fragmentos 115

3.2. Suas definições estão atualizadas?  142


3.3. Futuros passados: 2001 em 1970  144

3.4. Transparência, censura e repressão 151

3.5. O medo da obsolescência e o super-humano 154

3.6. Um salto de pantera para o atual 159

CAPITULO IV - ATUALISMO EM POUCOS


CARACTERES 164
4.1 A evocação da história no impeachment de
Dilma Rouseff 165

4.2. Pós-Humano, Pós-Democracia? 168

4.3 Black Mirror, White Christmas: o colapso do


tempo histórico?  183

4.4. Cela analógico-digital: isolamento, exibição e


envelhecimento  191

LOADING: SUAS DEFINIÇÕES ESTÃO


DESATUALIZADAS 198
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 204
Para Luana Melo e
Verônica Pereira, com amor.
AGRADECIMENTOS
Agradecer aos diversos interlocutores é uma boa
forma de introduzir um livro que nasceu de muito
debate e conversa, é reconhecer colegas que nos aju-
daram a superar as adversidades do lamentável mo-
mento político que vivemos, possibilitando o desen-
volvimento e aperfeiçoamento deste livro.

A ideia da atualização como porta de entrada para


uma reflexão sobre o tempo surgiu de uma longa
conversa de WhatsApp, enquanto um deles viajava
de ônibus entre Porto Alegre e Pelotas em outubro
de 2015. O argumento ganhava evidência entre uma
atualização e outra do aplicativo que era, ao mesmo
tempo, ferramenta e fenômeno a provocar e apoiar
o pensamento. Mesmo vivendo e trabalhando com
muita proximidade, boa parte das linhas mestras do
argumento foram desenvolvidas em viagens de um
ou de ambos. A suspensão do cotidiano possibilitou
pensar sobre essa experiência? Um livro que trata,
talvez demasiadamente, dos perigos da atualização
em sua forma atualista, deveria começar apontando
que nem toda forma de atualizar é atualista.

Partes do texto foram apresentadas em um mi-


ni-workshop em Ghent, na Bélgica, a convite do
grupo de pesquisa coordenado por Berber Berve-
nage, e no II Encontro da International Network
For Theory of History (INTH), realizada em Ouro
Preto em agosto de 2016. Em ambas as ocasiões o
argumento muito se beneficiou com o debate. Uma
primeira versão mais abrangente foi apresentada,
em 2017, em ciclo de conferências na Casa de Leitu-
ra Dirce Cortes Riedel, da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ). Agradecemos aos presentes
pelas perguntas e sugestões, em particular, a João
Cezar de Castro Rocha, pelo convite, pela oportu-
nidade e interlocução sempre generosos. A seção
sobre Lyotard surgiu de um de seus comentários.
Em Porto Alegre, na UFRGS, debatemos algumas
ideias do livro tanto a convite de Mara Rodrigues,
quanto no 3º Encontro do grupo “História (In)dis-
ciplinada” no primeiro semestre de 2018, sempre
com grande proveito crítico.

Agradecemos, ainda, aos colegas do Núcleo de


Estudos em História da Historiografia e Moderni-
dade (NEHM), da Sociedade Brasileira de Teoria e
História da Histioriografia (SBTHH), bem como
aos colegas de Departamento de História da Uni-
versiade Fedral de Ouro Preto (UFOP); aos nossos
alunxs da graduação e pós-graduação; em especial,
aos amigos e amigas: Alexandre Avelar, Ana Mónica
Lopes, André Freixo, André Voigt, Anita Lucchesi,
André Ramos, Beatriz Vieira, Carol Monay, Caroli-
ne Bauer, Daniel Joni, Danton Sanches, Daniel Fa-
ria, Daniel Pinha, Fabio Wasserman, Eduardo Fer-
raz Felippe, Fernando Nicolazzi, Francisco Gouvea,
Helena Mollo, André Ramos, Guilherme Bianchi,
Luna Halabi, Mario Marcello Neto, Guilherme Nor-
ton, Henrique Estrada, Henrique Gaio, Luana Melo,
Jessica Guimarães Gaio, Julio Bentivoglio, Thiago
Brito, Luisa Rauter, Luiz Estevam (Duda), Maria da
Glória Oliveira, Mateus Reis, Marcelo Abreu, Mar-
celo Rangel, Pedro dos Santos, Pedro Teles Silveira,
Pedro dos Santos, Rebeca Gontijo, Rodrigo Turin,
Sérgio da Mata, Thamara Rodrigues, Temístocles
Cezar, Thiago Nicodemo, Verônica M. Pereira, Yuri
Araújo, e, em especial, a Walderez Ramalho pela lei-
tura atenta de uma das últimas versões do manuscri-
to. Agradecemos ainda nossos colegas e alunos/as
envolvidos no trabalho editorial da Revista História
da Historiografia: Fábio Franzini, Arthur Avila, Ale-
jandro Eujanian, Augusto Ramires, Marianna Melo
e Rodrigo Machado.

Apoios: CAPES, CNPq, FAPEMIG e UFOP


PREFÁCIO: ENSAIO SOBRE OS
POTENCIAIS (IN)ATUAIS DO PEN-
SAMENTO E DO TEMPO
“Il est temps que vous le sachiez: je suis moi aussi un
contemporain.”
(Ossip Mandelstam, Minuit dans Moscou)1

De: Valdei Araujo <valdei354@gmail.com>


Data: quarta-feira, 26 de setembro de 2018 09:57
Para: Temístocles Cezar <t.cezar@ufrgs.br>, Mateus Perei-
ra <matteuspereira@gmail.com>
Assunto: Livro Atualismo
Querido, bom dia!
Em anexo, segue, finalmente, uma versão final
do livro sobre o Atualismo. Queremos lança-lo pelo
selo da SBTHH (...).
Mas a razão desse e-mail é convidá-lo para es-
crever o prefácio, pois o livrinho deve muito ao seu
incentivo e interlocução. Ficaríamos muito felizes se
pudesse colaborar.
Um abração,

Valdei & Mateus

De: Temístocles Cezar <t.cezar@ufrgs.br>


Data: quarta-feira, 10 de outubro de 2018 05:28
Para: Valdei Araujo <valdei354@gmail.com>, Ma-
teus Pereira <matteuspereira@gmail.com>
Assunto: Re: Livro Atualismo

Queridos amigos,
Bom dia!

1  MANDELSTAM, Ossip. Œuvres poétiques I. Paris: Le Bruit du


temps/La Dogana, 2018, p. 405.
O convite de vocês além de ser uma honra, que
muita satisfação me proporciona, é um desafio no e
sobre o tempo. Entre as atividades na universidade,
o cotidiano familiar e uma rápida ida a Buenos Ai-
res, e, sobretudo, envolto, como boa parte de nós,
nos dilemas do nosso presente, pensei, inicialmente,
em tentar lançar, à guisa de prefácio, um olhar so-
bre o “mundo atual”, tal como fizera Paul Valéry em
Regards sur le monde actuel, cuja primeira edição data
de 1931.2 Quanta pretensão e quão pouco tempo...
Mais do que prefaciar, eu gostaria de conversar, de
trocar ideias, de escuta-los, de escrever como um ve-
lho amigo e não apenas como um colega que não
é adepto das redes sociais, mas que frequenta com
certa regularidade o ambiente virtual, menos para me
atualizar (“nem toda forma de atualizar é atualista”,
vocês previnem!), do que como ferramenta de tra-
balho imprescindível e como instrumento heurístico
para tentar entender o que se passa diante de meus
olhos, o que perturba tantas pessoas próximas a mim,
o que parece não ter descanso, cansaço ou limite, o
que deixa tanta gente “à flor da pele”, “o que será”?

Por um antigo hábito de formação, não é nosso


muso, nem mesmo a Oração ao tempo (lembram? Por
seres tão inventivo/ E pareceres contínuo/ Tempo,
tempo, tempo, tempo/ És um dos deuses mais lin-
dos...), mas outro orador, Agostinho que sempre me
vem à mente quando tenho que refletir sobre o tem-
po. Contudo, nesse momento, me recordei de uma
confissão mais recente, à de Robert A. Rosenstone:
“Shouldn’t we historians know from the history of

2  VALÉRY, Paul. Regards sur le monde actuel et autres essais. Paris: Gal-
limard, 1998.
History that all our stories – the ones we live and
the ones we write – will eventually be outmoded, up-
dated, and rewritten, and different versions take their
place?”3 Atualismo 1.0 demonstra como essa engrena-
gem atualista deixa de ser um mero epifenômeno do
método histórico, ultrapassando a exigência confes-
sional da historiografia em se renovar, ao inaugurar
uma abordagem rigorosa do conceito, concomitan-
temente contínua e descontínua, simultânea e não-si-
multânea, e não alheia à experiência cotidiana.

Vocês têm por objetivo “demonstrar que o atua-


lismo é a dimensão temporal que emerge nessas so-
ciedades aprisionadas pelas estruturas da expansão
infinita”. Mais do que considerar que o agora do
atual implique tão somente em uma deferência (“i.e.
deference to the past as a priority, as an authority”)
ou em um adiamento (“i.e. the constant postpone-
ment of historical recognition through its predispo-
sition to keep updating and re-evaluating knowledge
already known”)4 dos processos de historicização, a
análise do atualismo nos termos propostos nos con-
duz, por meio de um diálogo com Lyotard, Gum-
brecht, Hartog, Heidegger, Chateaubriand entre ou-
tros, a repensar os limites deste historicismo tardio.5

3  ROSENSTONE, Robert A. Confessions of a Postmodern (?) His-


torian. In: MUNSLOW, Alun (edited by). Authoring the past: writing and
rethinking history. London and New York: Routledge, 2013, p. 141.
4  DAVIES, Martin L. Imprisoned by History. Aspects of Historicized
Life. London and New York: Routledge, 2010, p. 214.
5  Para uma análise, resguardada as diferenças contextuais, mas que se
assemelha quanto à perspectiva crítica ao historicismo, encontra-se em:
CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: postcolonial thought
and historical difference. Princeton, Princeton University Press, 2000.
Mesmo considerando que a “pressão por estar up
to date, por ser contemporâneo de um tempo natura-
lizado como uma força externa, não [seja] estranha
à modernidade historicista” (Mandelstam!), e que a
força atualista possa inclusive reforçar o sonho his-
toricista do mergulho virtual em uma inexorável ideia
de história universal inescapável (a possibilidade da
conexão ilimitada com tudo e com todos), na qual
as tiranias do presente, a ruína do anonimato ou a
melancolia alongada dos modernos seriam sintomas,
vocês não deixam de perceber brechas (anti-histo-
ricistas?), sendo, pelo menos para mim, as mais im-
portantes: 1. a capacidade de desarticular o atual do
presente que o conceito implica quando “reivindica
forças do passado (e do futuro?) como mais atuais
do que a atualidade”; 2. e a “flexibilização das identi-
dades” que permitem uma espécie de cidadania das
traduções da qual decorrem uma maior abertura à
multiplicação de gêneros que transbordem as antigas
e confinadoras categorias do masculino, do feminino,
do humano e do não-humano.

O atualismo coloca em perspectiva não apenas


as contingências historicistas, mas os dissabores da
inadequação geracional às formas atuais de gerir o
mundo da vida. Assim, à lamentação de Gumbre-
cht, que não dissimula, em meu modo de ver, uma
crítica pertinente ao momento presente, ao presen-
tismo sem fronteiras de Hartog, que se mantém
como apreciação prudente e válida de uma forma
de temporalizar o tempo, o que não lhes tornam
imunes a contestações, como as que vocês apontam
com grande elegância e acuidade, gostaria de pro-
por questões alternativas que se relacionam à gera-
ção não nativa digital. Enquanto para Gumbrecht
o aterrissar do avião nos aeroporto do mundo e o
gesto dos passageiros em ligar imediatamente seus
celulares e se conectarem o mais rapidamente possí-
vel é um indicador de uma dependência da presença
virtual preocupante (e por que não angustiante), a
capa do livro de Hartog sobre o Presentismo é uma
foto do aeroporto de Barcelona que, segundo me
confidenciou, significa o deslocamento no presente
do parecido ao mesmo (du pareil au même). Por esse
ângulo, como vocês afirmam, sim o “o atualismo seria
uma hipertrofia do sentido”.

Além disso, a constatação de que o atualismo


“é experimentado como a crença quase mágica na
reprodução da realidade” traz ao debate um tema
potencialmente vigoroso. Se no campo da historio-
grafia a fotografia e o cinema já tiveram ou foram
visto como representações fieis do real, na dimensão
atualista e em seus acólitos digitais, na qual a foto e o
filme encontram-se subsumidos, as modalidades do
crer na mesma medida que se ampliam, posto que
estão supostamente armazenadas digitalmente para
sempre, veem-se, apesar das constantes demandas
de atualização do sistema, sob a iminência da perda
irrecuperável desses mesmos dados e de invasões
indesejadas de privacidade. Arquivo e memória se-
rão ainda fundamentais à crença na representação
do tempo real? Não seria prudente e desejável o de-
senvolvimento de uma estética da perda?

Relaciona-se ainda ao corte geracional (e que se


multiplica em outros estratos do tempo social) o pro-
blema que vocês definem como “direito à obsoles-
cência”, algo próximo ao que chamo de direito ao
anonimato. A esses direitos, eu acrescentaria o direito
ao erro. Narro uma pequena história. Jantava eu na
casa de um casal de amigos idosos, casados há mais
de 50 anos. Ele, como ela o caracteriza, é moderno:
tem celular da moda, facebook, instagram, twitter. Con-
versávamos sobre um filme francês antigo, cujo nome
do ator principal me escapava. Entre eles não havia
consenso. Para ela era o fulano, para ele o beltrano.
Após uma acalorada discussão, da qual fui apenas tes-
temunha, ele sacou seu IPhone, consultou o Google e
mostrando para ela e para mim a foto e o nome do
ator na tela do celular disse: era um terceiro nome,
sicrano! Ato continuo, ela sentenciou: ninguém mais
tem direito ao erro! Descontando sua impaciência
corriqueira com o marido, por mais que meus estu-
dos sobre o cinismo antigo e o ceticismo moderno
me tenham habituado à dúvida, estava desprepara-
do para meditar imediatamente sobre o impacto da
incerteza e da certeza na ordem da vida prática. Fi-
quei muito tempo pensando na cena sem encontrar
exatamente os termos de minha inquietude com uma
frase que julguei inicialmente quase desagradável e
aparentemente desimportante. Por intermédio de
o Atualismo consegui inserir “o direito ao erro” em
um contexto mais amplo de indagações, inclusive em
pensar o erro como uma variante inatual do presente.

Amigos queridos, li parte do livro nos jardins do


Centro Cultural de la Memoria Haroldo Conti, um dos
prédios que compõem o Espacio memoria y derechos hu-
manos, ex-Esma, em Buenos Aires, um dos centros
clandestinos de detenção, tortura e extermínio du-
rante a ditadura militar argentina, enquanto aguar-
dava ML que participava de um seminário.6 Não há
como negar que essa visitação somada à expectativa
da eleição no Brasil, apenas três dias depois, influen-
ciou demasiadamente minha leitura. O céu azul e o
sol que timidamente aquecia a relva verde contras-
tavam, paradoxalmente, com o clima opressor que
não aliviava a presença do passado. Eu lia o capítulo
sobre o Black Mirror (sobre um futuro próximo ou
sobre movimentos atualistas), cujo esboço já conhe-
cia, e que em um evento em que um de vocês o
apresentou, eu havia relacionado ao problema do
sono e da vigília de Descartes. Nesse segundo mo-
mento, ao ler que “o atualismo produz a sensação
de que tudo que importa está ou estará disponível e
presente”, quase irrefletidamente, eu o associei, em
função daquela criatura que vocês definem como
“uma quase-pessoa, ou uma pessoa abstraída de
sua condição humana”, aos corpos mutilados pela
intolerância que tornavam os seres humanos meto-
nímias de si mesmos, seres provisórios de uma me-
tafísica cruel da existência.

Este tempo e espaço que se atualizou em mim,


é claro trouxe com ele tristeza, amargura e apreen-
são quanto ao nosso retorno e ao domingo de elei-
ções. Porém, eu havia lido há alguns meses, um li-
vro sobre as relações entre o tempo presente, arte
e política, de três autoras/es que desconhecia e me
foram apresentados por Hartog, que ao explicar seu
projeto escreveram algo que me fez pensar em uma
terceira dimensão do atualismo: “(…) Nos temps

6  XI Seminario Internacional Políticas de la Memoria: Memoria su-


balternas, memorias rebeldes. Esma: Escuela de Mecanica de la Ar-
mada.
obscurs sont surtout des temps qui se préparent. Il
naît de là une impatience, afin que tout ce qui est déjà
là, potentiellement, s’actualise. C’est à cette actualisa-
tion que travaille la pensée potentielle.”7

Se, como vocês afirmam, “o mundo atualista não é


apenas o melhor mundo possível, ele é o único mundo possí-
vel, sua constante atualização não abre espaço para o novo
enquanto descontinuidade. O novo é uma falha catastrófica
no sistema”, então a potencialidade do pensamento
de vocês criou, como um vírus informático, uma
fenda nova ou alternativa nesta estrutura temporal.
Para esse Cavalo-de-Troia-do-Livre-Pensar, ainda
não existe antivírus capaz de detê-lo! Mas quando o
sentirem por perto não hesitem em apertar a tecla:
#EleNão!

Muito obrigado pela oportunidade de lê-los em


primeira mão, pela paciência e pela amizade.

Forte Abraço,

Do Temístocles

7  TOLEDO, Camille de; IMHOFF, Aliocha; QUIRÓS, Kantuta. Les


potentiels du temps. Art & politique. Paris: Manuella Éditions, 2016, p. 15.

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