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SÃO PAULO
Ch
HISTORIA.. DO BRASIL
., . \
BIBLIOTECA DE ESTUDOS COMERCIAIS E ECON.OMICOS
8
FRANCISCO D' A t:RIA
~ HENlU DE LANTBUIL
CONTABILIDADE _, Noções
preliminares (2." edição)
CORRESPONDENCIA CO-
DO BRASIL
MERCIAL FRANCESA
9- PAULO DE FREITAS . .. .. . ... . CORRESPONDENCIA CO- PARA O
MERCIAL PORTUGUESA
(2.• edição)
<JURS O C O l'tJER<JIAL
10 -' HENlU DE LANTEUIL FRANCas COMERCIAL (l .o
ano) 2.a edição 2.o AN O PBOP E DE U TI~O
11 ~ HENRI DE LANTEUIL FRANCas COMERCIAL (pa- I
---------------------------------------------------------------------~;~~~---------------------------------------------·--------------~~----~
DO AUTOR INDICE- SUMARIO
HISTORIA Adve1-tencia 9
Projeto de programa do Prof. Dr. Vilhena de Morais 11
1 - A Prehistoria. Programa atual do Curso Diurno da E scola de Comercio
2 - A Independencia do Mexico. "Alvares Penteado", aprovado pela Superintendencia do
3 - Colombo e o descobrimento do Novo Mundo. Ensino Comercial, do Brasil 13
4 - Indús. Idem, do Curso noturno 15
5 - Apostilas de Historia.
6 - O Ensino da Historia do Brasil.
7 - Como ensinamos Historia. IN'l'RODUÇÃO
8 - Historia da Civilização (1. 0 ano) - com a colaboração de
A. Muniz de Souza. Historia do Brasil - 1. Historia do Brasil, 17 - 2. Divi-
9 - Historia da Civilização (2. 0 ano). sões da Historia do Brasil, 18 - Questionario - Exe?·-
10 - Historia da Civilização (5. 0 ano). cicios - Bibliografia . 19
11 - Historia do Brasil (Para o Curso Comercial).
DIREITO
I - Resumo da Historia de Portugal - As grandes
12 - Sociedade!! Anónimas E strangeiras. navegações do seculo XV - 3. Origem de Por-
13 - O regime das sociedades anónimas no Brasil em !leu tugal, 20 - 4. Dinastia de Borgonha, 23 - 5.
desenvolvimento historico. Dinastia de Aviz, 23 - 6. As g-randes nave-
14 - Das ações de voto plural nas sociedades anónimas. gações, 23 - 7. Dinastia de Austria, 30 - 8.
15 - Das ações preferenciais nas sociedades anónimas. Dinastia de Bragança, 30 - Questilma1·io -
16 - Da penhorabilidade dos rendimentos da legitima impenhoravel. Exe1·cicios - Bibliogmfia 31
17 - Demissão de ferroviario. li - A ocupação do litoral brasileiro. Descobrimento,
reconhecimento, feitorias - 9. Descobrimento
A PUBLICAR: do Brasil, 32 - 10. O l'econhecimento do litoral,
33 - 11. Feitorias, 36 - Qnestionm·io - Exer-
I - O Corsario Galante (Romance Historico). cícios - Bibliografia. 38
II - Historia da Civilização (Para o Curso Comercial). III - A etnologia brasileira - 12. A etnologia bra-
III - Historia do Direito Brasileiro. sileira, 39 - 13. Origem e divisão dos indígenas
IV - A Emprêsa e o contrato de Trabalho. brasileiros, 39 - 14. Estado de civilização, 41
V - Historia do Brasil (Para o Curso Secundario). - 15. Influencia do indígena, 43 - Questiona-
VI - Sociedades Anónimas. ·rio - E xer·cicios - Bibliografia 43
VII - Historia do Comercio. IV - Sistemas de coloni2;ação do Territorio - Expe-
VIII - O Anhanguera (Romance Historico). dições - Nucleos Coloniais - Capitanias Here-
IX - Curso de Legislação Social Brasileira.
ditarias - 16. Sistemas de colonização, 45 - X - Formação da Nacionalidade Brasileira: a) O
17. Capitanias hereditarias, 45 - Questionaria elemento português O aborígine e o elemento
- Exercícios - BibliograFia 48 negro; Palmares; b) Distribuição geografica
V - O Governo Geral - Centralização e Defesa - dos tres elementos 40. Formação da nacio-
O Domínio Espanhol - 18. O Govemo Geral, nalidade brasileira, 83 - 41. O elemento por-
49 - 19. Os primeiros governadores-gerais, 49 tuguês. O aborígine e o elemento negro - Pal-
- 20. Centl·alização e defesa, 50 - 21. O Do- mares, 83 - 42. Distribuição geografica dos
mínio Espanhol, 51 - Questionar-ia - Exerci- tres elementos, 85 - Questionaria - Exercicios
cios - Bibliografia 52 - Bibliografia. 86
VI - Os Jesuítas no Brasil e sua missão historica - XI - Formação Territorial do Brasil - Guerras do Sul
Nobrega e Anchieta - Os colonos - 22. Os - 43. Formação territorial do Brasil, 87 - 44.
Jesuítas no Brasil, 54 - 23. Sua missão histo- Guerras do Sul, 89 - Qtwstionm·io - Exerci-
rica, 54 - 24. Nobrega e Anchieta, 55 - 25. cios - Bibliografia 91
Os colonos, 56 - Qncsliona.rio - E:re1·cicios - XII D. José I - O Marquês de Pombal e seus servi-
Bibliografia. 57 ços ao Brasil - Progresso Geral do Brasil no
VII - As invasões estrangeiras: ct) A França An· seculo XVILI - 45. D. José I, 92 - 46. O
tartica; b) A França Equinocial; c) Guerra Marquês de Pombal, 92 - 47. Seus serviços ao
de Sucessão da Espanha; Duclerc e Duguay Brasil - Progresso geral do Brasil, no seculo
Trouin; d) Os Holandeses; Os Piratas Ingle- XVIII, 93 - Questionaria - Exe1·cicios -
ses; e) Os Holandeses - Perda e Restauração Bibliogmfia. 94
da Baía - lnvasão de Pernambuco (Nassau) XIII - Inconfidencia Minein - Tiradentes - 48. In-
A Insurreição Pernambucana de 1645 - 26. As confidencia Mineira, 95 - ·19. Tiradentes, 96 -
invasões estrangeiras, 59 - 27. A França An- Questionar-ia - Exe1·cicios - Bibliografia . 98
tartica, 60 - 28. A França Equinocial, 61' - XIV - Transrnigração da Familia Real Portuguesa para
29. Guerra de Sucessão da Espanha - Duclerc o Brasil - Organização do Governo com a vinda
e Duguay-Trouin, 61 - 30. Os piratas inglêses, de D. João para o Brasil - D. João VI - 50.
62 - 31. Os Holandeses - Perda e restaura- Transmigração da família real, 99 - 51. Orga-
ção da Baía -Invasão de Pernambuco - Nassau nização do governo com a vinda de D. João para
- A insurreição p-ernambucana de 1654, 62 - o Brasil, 100 - 52. D. João VI, 101 - Ques-
Questioncbrio - Exercícios - Bibliografia . 66 tionaria - Exe1·cicios - Bibliografut . 102
VIII - Ocupação do Interio•· - Colonização do Norte XV - A Revolução Republicana de 1817 em Pernam·
- Entradas e Bandeiras - O Brasil no Reinado buco - 53. Causas, 103 - 54. A Revolução
de D. João V - 32. A ocupação do Interior, de 1817, 103 - Qtwstionario - Exe1·cicios -
68 - 33. Colonização do norte, 68 - 34. En- Bibliogmfia. 104
tradas e Bandeiras, 70 - 35. O Brasil no rei- XVI - A Revolução do Porto em 1820 - Seus Efeitos
nado de D. João V, 77 - Questionaria - Exer- no Brasil - 55. Revolução de 1820, 105 - 56.
cícios - Bibliogmfict. 78 Seus effeitos no Brasil, 105 - Questiona1·io -
IX - Manifestações Nativistas - Lutas Internas: a) Exercícios - Bibliogmfia 106
Rebelião de Beckman; b) Emboabas c Paulis- XVII - A Regencia de D. Pedro - 57. A Regencia de
tas; c) Mascates - 36. Manifestações nati- D. Pedro, 107 - 58. O dia do "Fico " 108 -
vistas, 79 - 37. Guerra dos Emboabas, 79 - Questionaria - Exe1·cicios - Bibliog1·a/ia . 109
38. Rebelião de Beckman, 80 - 39. Mascates, XVIII - Proclamação da Independencia. Do "Fico" ao
81 - Questionaria - Exen;icios - Bibliografia 81 Ipiranga - 59. Do "Fico" ao Ipiranga, 110
60. Proclamação da Independencia, 110 141! - 82. Campanha Abolicionista, 143 -
Qt~stionario - Exercícios - Bibliografia . 112 Qt~stionario - Exercícios - Bibliografia . 145
XIX - Lutas da Independencia - 61. Na Baía, 113 XXVIII - A Propaganda Republicana - A Proclamação
62. No Norte, 113 - 63. Na Cisplatina, 114 - da Republica - 83. Propaganda Republicana,
Questiona1·io - Exe1·cicios - Bibliogmfia . 114 147 - 84. A Proclamação da Republica, 149 -
Questionaria - Exercícios - Bibliog?·afia . 150
XX - O primeiro Reinado - A Assembléa Constituinte
- A Carta Constitucional de 1824 - 64. O Pri- XXIX - O Governo Provisorio e a Constituição de 1891
meiro Reinado, 115 - 65. A Assembléa Cons- - Deodoro e Floriano - 85. O Governo Provi-
tituinte, 115 - 66. A Carta Constitucional de sorio e a Constituição de 1891, 152 - 86. Deo-
1824, 116 - Q~stionario - Exe1·cicios - Bi- doro e Floriano, 154 - Questionaria - Exer-
bliografia 117 cícios - Bibliografia. 155
XXI - A Confederação do Equador - 67. Causas, 118 XXX - O período governamental republicano de Pru-
- 68. Confederação do Equado1·, 118 - Ques- dente de Morais a Washin gton Luiz - 87. Go-
tionaria - Exercícios - Bibliografia 119 vernos Republicanos, 157 Q~stionario
Exet·cicios - Bibliog1·afia Hi1
XXII - Perda da Banda Oriental - 69. Causas, 120 -
70. Perda da Banda Oriental, 122 - Questio- XXXI O Brasil contem poraneo: ·a) Escritores e ar-
naria - Exe?·cicios - Bibliogmfia 122 tistas; b) Cienstistas Brasileiros; c) Evolu-
XXIII - A Abdicação de D. Pedro I - Os governos Re. ção Economica - 88. O Brasil Contemporaneo,
genciais - A maioridade - Problemas de orga- 162 - 89. Escritores e Artistas, 163 - 90.
nização do Segundo Imperio - Lutas civis até Cientistas Brasileiros, 167 - 91. Evolução Eco-
1848 - 71. A abdicação de D. Pedro I, 123 - nomica, 169 - Questionaria Exercícios
72. Os governos regenciais, 124 - 73. A maio- Bibliogmfia. 175
ridade - Problemas de organização no Segundo
Imperio, 127 - 74. Lutas civis até 1848, 128
- Questiona1·io - Exe1·cicios - Bibliogmfia 131
XXIV - Lutas no Prata - Guerra contra Oribe e Rosas
- 75. Lutas no Prata - Guerra contra Oribe
e Rosas, 132 - Questionm·io - Exe1·cicios -
Bibliogmfia. 133
XXV - Guerra com o Uruguai - 76. Guerra com o
Uruguai, 134 - Questionaria - Exercícios -
Bibliografia. 134
XXVI - Guerra com o Paraguai - 77. Causas, 136 -
78. A Guerra, 137 - Questionaria - Exercícios
- Bibliografia. 140
XXVII - Problemas do Trabalho - O Trafico - A Es-
cravidão no Brasil - Extinção do Trafico -
Campanha Abolicionista - 79. Problemas do
Trabalho - O Trafico, 141 - 80. A escravidão
no B'rasil, 141 - 81. A Extinção do Trafico,
ADVERTENCIA
CURSO DIURNO
I -
Breve resumo da história tle Portugal e as grandes
navegíações do século XV.
II - A ocupação do litoral brasileiro. Descobrimento, re-
conhecimento,. feitorias.
III - A etnologia brasileira.
IV - Sistemas de colonização do território. Nucleos colo-
niais, capitanias hereditarias.
V - O govêrno geral. Centralização e defesa.
, VI - Os Jesuítas no Brasil e sua missão histórica. Nobrega
e Anchieta.
VII - As invasões estrangeiras:
a) A França Antártica;
b) A França Equinocial;
c) Duclerc e Duguay-Trouin;
d) Os piratas inglêses;
e) Os Holandêses - Perda e restauração da Baía;
Invasão de Pernambuco (Nassau) - A insurrei-
ção pernambucana de 1645.
VIII - Ocupação do Interior. Entradas e Bandeiras.
IX - Manüestações nativistas. Lutas internas:
a) Rebelião de Beckman;
b) Emboadas e Paulistas;
c) Mascates.
2 ..._ K. DO BftAIIT
HISTORIA DO BRASIL 15
A. F. CESARINO JUNIOR
14
CURSO NOTURNO
X - Formação da nacionalidade brasileira:
a) O elemento po1-tuguês. O aborígene e o elemen- I - Descobrimento do Brasil. O incola.
to negro; II - Primeiras ex;edições.
b) Distribuição geográfica dos três elementos. III - Capitanias hereditárias. Início da colonização.
XI - Formação territorial do Brasil. IV - Govêrno geral. Tomé de Souza e Duarte da Costa.
XII - O Marquês de Pombal e seus serviços ao Brasil. V - Mem de Sá. Francêses no Rio de Janeiro.
XIII - Inconfidência mineira. Tiradentes. VI - Divisão do Brasil em dois governos e reunião pos-
XIV _ 0 1·ganização do govêrno com a vinda de D. João para terior em um só.
VII - Domínio espanhol. Francêses no Maranhão. Coloniza-
o Brasil.
XV - A revolução republicana de 1817 em Pernambuco ção do norte.
XVI _ A revolução do Porto em 1820. Seus efeitos no Brasil. VIII - Primeira invasão holandêsa.
IX - Segunda invasão holandêsa.
XVII - A regência de D. P edro. X - Lutas entre J esuitas e colonos. Beckman.
XVIII - Proclamação da Independencia. Do "Fico" ao Ipiranga.
XI - Palmares. Emboadas e Mascates.
XIX - Lutas da Independência. XII - Guerra da sucessão de Espanha. Duclere e Duguay-
XX - A Assembléa Constituinte e a Carta Con stitucional de
Trouin.
1824. XIII - O Brasil no reinado de D. João V. Bandeiras.
XXI - A Confederação do Equador.
XIV - D. José I e o Marquês de Pombal. Guerras do Sul.
XXII - Perda da Banda Oriental.
XV Inconfidência mineira.
-
XXIII - A abdicação de D. Pedro. Os governos regenciais.
XVI Transmigração da família real portuguêsa para o
-
XXIV - Guerra contra Oribe e Rosas. Brasil. D. João VI. Revolução de 1817.
XXV - Guerra con1 o Uruguai. XVII - Regência de D. Pedro. A Independência.
XXVI- Guerra com o P araguai. XVIII - O primeiro reinado.
Extinção do tráfico. A cam-
XXVII - A escravidão no Brasil. XIX - Período regêncial.
panha abolicionista.
A proclamação da República. XX - A maioridade. Lutas civis até 1848. Lutas no Prata.
XXVIII - Propaganda republicana. Oribe e Rosas.
e a Constituição de 1891.
XXIX - O Govêrno Provisório XXI - Guerra do Paraguai.
Deodoro e Floriano.
XXX - O período governamental republicano de Prudente de XXII - A abolição.
Morais a Washington Luiz. XXIII - A República.
XXXI - O Brasil contemporâneo:
a) Escritores e artistas;
b) Ciêntistas brasileiros;
c) Evolução economica.
,
INTRODUÇÃO
HISTóRIA DO BRASIL
1 - História do Brasil - Todos os povos têm necessi-
dades do corpo ou mateTiais, como as de alimentação,
vestuario, habitação, higiene; e do espírito, ou momis e
intelectuais, como as de vida em comum na família e
na sociedade, de governo, de leis, de costumes, de clas-
ses sociais, de religiões, de ciências, letras e artes. Os
meios pelos quais satisfazem essas necessidades se cha-
mam instituições. São denominadas econornicas as ins-
tituições que visam satisfazer as necessidades materiais:
agricultura, industria e comercio. As ciências, letras e
artes, são chamadas intelectuais ou cultu'rais e as de-
mais, rnomis ou socwts. Essas instituições variam para
cada povo e para cada época. Ao conjunto das institui-
ções de um povo, numa determinada época, se dá o nome
de civilização desse povo. Assim, o conjunto das atuais
instituições do povo brasileiro constitue a civilizaçcío
bmsileiTa atual. Como as civilizações variam com as
diferentes épocas, dá-se o nome de HistóTia á ciência
que estuda suas transformações no tempo. (1)
Entretanto, o conhecimento quasi completo do lito- bando e servirem de entreposto ( armazem) de trafico
ral brasileiro, foi efetuado pela expedição enviada em (comercio) e refresco (reabastecimento de agua, víve-
1530 sob o comando de MaTti?n Afonso de Sousa. Trazia res, etc.) das caravelas a caminho da lndia. Foram es-
a missão de delimitar o litoral e iniciar a colonização do sas feitorias os primeiros esboços de organização poli-
país. Chegado ao Rio de Janeiro, mandou ao sul o ir- tico-administrativa. Uma das primeiras fundadas foi a
mão, Pe'ro Lopes de Sousa. Colocou êle padrões com as da ilha de São João, depois chamada de Fernando de No-
armas portuguêsas até ás margens do rio da Prata. Ex- ronha, aí por 1504. Já em 1511 existia outra em CabfJ
cedeu assim os limites da linha de demarcação dos do- F1·io, fundada talvez por Americo Vespucci, na segunda
mínios portuguêses e espanhóis estabelecida em 1494 expedição. Em 1519 foi fundada a da Baía por Fernão
pelo tratado de To'rdesilhas. Esta, passando 360 leguas ele Magalhães. Cristovão J aques fundou a de Itamaracá
a O. dos Açôres, seria marcada no Brasil atual por e a de Pernambuco (1526).
Belém do Pa1·á, ao N., e Laguna, de Santa Catarina, ao As feitorias consistiam geralmente em uma casa-
S. Para o N. enviou Martim Afonso, a Diogo Lopes, o forte defendida por uma ooiçara ou paliçada, onde se
qual chegou até o t'io Gurupí, nos limites dos atuais Es- abrigavam um destacamento de soldados, colonos e de-
tados dÕ Pará e Maranhão. Em 22 de janeiro de 1532, gredados, ás ordens de um capitão de vigia, dos ataques
fundou êle em São Vic ente a primeira povoação do Bra- frequentes dos indígenas, feras e contrabandistas. Sua
sil. Em 1533 fundou com João Ramalho, no planalto, missão, além da defêsa da terra, era o inicio da agricul-
Santo And1·é da B01·da do Ca1npo, iniciando-se então a tura e da criação de gado. Aos poucos, desenvolvendo-
plantação dos primeiros canaviais, e a construção do se, a feitoria se transformava em aldeia ou povoado e
primeiro engenho. Em Pernambuco e Itamaracá já se depois em vila ou cidade, com a construção de casas tie
exportava açucar. Visitaram ainda o litoral do Brasil pau a pique e de edifícios publicos como a Igreja, a Ca-
as expedições de João Coelho, Juan Dias de Solis, que deia, a Camara, a Alfandega e o pelow·inho (5), símbolo
descobriu o Rio da Prata (1516) e as particulares da da Justiça.
Náo Bretôa, de Nuno Manoel e C1·istobal de Ha1 ·o, de
1511 a 1513.
(5) Pelourinho - Coluna lel'antuda na praç:.t publica sobre u fJual se e~punham o e-
crimiuo sos ao desprezo do povo, ou se lhr 5 aJ>Iiea,am os ca stigos t·oq>orui!i.
11 - Feitorias - D. Manuel determinou que se engu;-
sem "feitot'ias" nos outros pontos estratégicos ( 4) do
litoral, para garantirem a sua posse, vigiarem o contra-
f
38 A. F. CESARINO JUNIOR
QUESTIONARIO
1 - Como se deu o desco- 6 - E as guarda-costas?
brimento do Brasil?
7 - E a colonizadora?
2 - Quando? Porque ha du-
vida na data? 8 - Qual a mais importan-
III
3 - Donde vem o seu nome? te?
4 - Como 'se pódem classüi- 9 - Que é uma feitoria?
car as expedições envia-
10 - Como era organizada?
A ETNOLOGIA BRASILEIRA
das ao Brasil?
5 - Quais foram as sim- 11 - Quais foram as prin- 12 - A etnologia brasileira - Chama-se etnologia o es-
plesmente exploradoras? pais?
tudo das origens e dos movimentos (migrações) dos di-
EXERCICIOS
versos povos, denominando-se etnografia o estudo des-
critivo dos mesmos. Neste ponto, a-pesar-do titulo adota-
Antet·iores. Complete: a) ...... ia para a ...•.. quando des- do pelo programa, estudaremos os primitivos habitan-
cobriu o •..••• ; b) ...... reconheceu o ...... do .. .... até o ...... e
.. .. . foi até o .... . c) Em ..... iá as ..... de ...... e ..... manda- tes do Brasil (indigenas) sob os dois pontos de vista.
vam algum ...... para o Reino. Cort'iia: a) João Ramalho fun-
dou no planalto a vila de São Vicente; b) O Brasil nem sempre 13 - Origem e divisão dos indígenas brasileiros - Ao
teve este nome; c) André Gonçalves foi seguramente o coman- ser descoberto, era o Brasil habitado por povos em esta-
dante da primeira expedição.
do inferior de civilização, talvez aparentados aos Incas,
povo mais adiantado que viveu no Perú e arredores.
BIBLIOGRAFIA
Embora descendentes dêles, estavam os indígenas brasi-
Capistrano de Abreu, Faustino da Fonseca, O Descobrimento leiros em estado de regressão, ou seja volta ao estado
do Brasil - Revista do Instituto Historico e Geografico de São
Paulo - (Vol. comemorativo do centenario de S. Vicente) - Max selvagem.
Fleuss, Historia Administrativa do Brasil. Dividiam-se em quatro nações: Tupís, Gês ou Ta-
puias, Nu-A1·uaques e Caraibas. Ultimamente os etnólo-
gos consideram outros grupos como os Guaicurús, Ca?·i-
ris, Panos e Betoias.
Os Tupís, tambem chamados Guaranís, est'endidos
ao longo da costa de S. a N. e pelas margens do Xingú
e Tapajoz, eram os mais adiantados. Seus grupos ou
t'ribus mais notaveis eram os Guaianás, no planalto de
HISTORIA DO BRASIL 41
40 A. F. CESARINO JUNIOR
cercado por uma paliçada pentagonal (caiçara) . No costumes dos antepassados. De ciência, é claro, nada co-
nheciam. Entretanto, sendo muito inteligentes deram
seu interior os unicos moveis eram a rêde de fibra ou de .
nomes mUito acertados aos acidentes geográficos' (mon-
algodão e as esteiras (piri) em que dormiam e os giraus
para guarda dos utensilios, armas e alimentos. Os uten- tes, rios, etc.) e aos animaís e vegetais, quasi todos con-
silios eram vasos de barro, como as nhaempepós, ou servados até hoje. De arte conheciam uma musica
cascas de frutos, como as cabaças, as cuias, etc. As naturalmente primitiva, cujos instrumentos principais
a?"'YIWS eram apenas arcos e frechas, lanças e principal-
eram o maracá, especie de chocalho e flautas (membí)
mente a maça ou tacape. Os alimentos eram farinhas, e a ceramica, sendo celeore a de Maraió.
bolos, carnes, peixes e frutas. Andavam quasi nús, com
enfeites de penas e colares de dentes de inimigos. Pin- 15 - Influencia do indigena - O povo braf'!ileiro resul-
tavam o corpo e furavam os labios. Viajavam em ca- tou inicialmente da fusão do português, do indígena e do
noas (iga1·as e ~tbás) e pescavam com rêdes e anzóis, negro, cedo trazido para cá como escravo. Assim, gran-
caçando com frechas ou armadilhas (mundés). Devo- de foi a influencia exercida em nossa raça e em nossa
ravam os inimigos (antropofagía), sendo os tapuias por história e civilização pelo indígena. Essa influencia foi
2'Ula e os tupís pela crença de obter assim as suas qua- principalmente sensível na língua, nos costumes, e na
lidades guerreiras (antropofagía heroica). contribuição para o inicio da colonização da terra e de
sua defêsa contra outros estrangeiros Houve, comtudo,
O chefe da tribu (morubixaba ou cacique) era o
casos de se unirem os indígenas a êstes contra os por-
guerreiro mais valente, por isso que os índios viviam
tuguêses.
constantemente em guerra. A família resultava do ca-
samento monógamo (raramente os chefes tinham mais
de uma esposa), tendo o marido poder absoluto sobre a
mulher e os filhos. Quando em paz, viviam quasi sem- !
i QUESTIONARIO
pre em festas, praticando tambem diversos exercícios
como a corrida, a seta ao alvo, o pugilato, etc. Sua 1 - Que vem a ser etnogra- 6 - E sobre os Nu-Arua-
religião era um politeísmo naturalista, sendo o principal fia? E etnografia bra- ques?
sileira? 7 - E sobre os Caraibas?
deus o trovão (Tupan). Adoravam tambem o sol (Coa-
2 - Qual a origem dos in- 8 - Conhece outros grupos?
rací), a lua (J ací). Acreditavam numa infinidade de dígenas brasileiros? Quais?
genios: os sad-pererês, os boitatás, os anhangás, etc. 3 - Como se dividiam? 9 - Como se alimentavam
Seu sacerdote era o pagé, a um tempo medico e feiticei- 4 - Que sabe sobre os Tu- os indígenas?
ro, que morava nas tabas abandonadas (taperas). Seu pis? 10 - Como se vestiam?
direito era costumeiro, isto é, seguiam as praticas ou 5 - E sobre os Tapuias? 11 - Onde moravam?
44 A. F. CESARINO JUNIOR
<Ó .~
Devido á sua grande extensão, aos ataques de indí-
~
genas e piratas, á incuria de alguns donatarios, e á falta
:-.•~'r'"
l'
c,'\
de entendimento entre êles, á distancia em que se en-
&.
contrava a metrópole, sómente prosperaram as capita-
nias de S. Vicente e Pernambuco. Na primeira, Braz
Cubas fundou em 1535, Santos, junto a S. Vicente. Na
ultima o donatario fundou Olinda, unindo-se aos Taba-
jams e vencendo os Caetés. Na do Espírito Santo foi
fundada uma povoação que é hoje Vitoria. Entretanto,
a divisão em capitanias, foi a base das posteriores divi-
sões administrativas do Brasil em províncias (no Impe-
rio) e Estados (na Republica).
O donatario era independente em sua capitania, só
•-
-
= dando contas ao rei, que apenas exigia para si o mo-
nopolio ( 6) do pau brasil, o quinto dos metais e pedras
,é. >
preciosas, o dizimo de todos os produtos e o direito de
cunhar moedas. No mais, os donatarios se assemelha-
..•
a !!1
a vam aos senhores feudais da Edade Média .
8.
~3
:1!
nas (v. n. 0 23). Tomé de Sousa fundou a primeira ca- judicara a sua defêsa. Daí, como vimos (n. 0 18) a ins-
pital do Brasil, S. Salvador, desenvolveu a agricultura e talação de um governo central na propria colonia. O
a criação de gado, visitou · as capitanias do sul, elevando estudo dos quatro primeiros governos mostrou quanto
Santo André a Vila e mandou construir em S. Vicente ela foi eficiente para
a fortaleza de Bertioga. Em 1552 veiu para o Brasil a defêsa do país con-
seu primeiro bispo, D. Pero Fe'rnandes Sardinha. tra os ataques dos
Sucedeu-lhe em 1553, D1.jJZrte da Costa, que trouxe francêses.
novo contingente de jesuítas. .l!.:stes fundaram em 25 de
janeiro de 1554 o colegio de São Paulo de Piratininga, 21 - O Dominio Es-
origem da cidade do mesmo nome. Durante o seu go- panhol - Em 1580 fa-
verno os francêses se estabeleceram no Rio de Janeiro leceu D. Henrique, o
(v. n. 0 27). Foram êles desalojados pelo sucessor de ultimo rei da dinastia
Duarte da Costa, Mem de Sá (1557-1572), um dos fun- de Aviz (v. n. 0 5).
dadores, em 1567, da cidade do Rio de Janeiro, que go- Sucedeu-lhe Felipe li,
vernou muito bem o país até á morte. Em 1570 fôra rei da Espanha, ini-
nomeado para 4. 0 governador geral do Brasil, D. L~tiz ciando-se então o pe-
de Vasconcelos, morto em viagem por piratas. Assim ríodo de nossa Histo-
em 1572, atendendo á necessidade de colonizar o N. do ria denominado Domí-
país e defender melhor o S. contra os francêses, obra nio E spanhol, o qual
julgada excessiva para um só governador, foi o Brasil termina em 1640, com
dividido em dois governos. Para o do N., com capital a subida da dinastia
em S. Salvador, veiu Luiz de Brito e Almeida, e para o de Bragança (v. n. 0
do S., com séde no Rio de Janeiro, o Dr. Antonio Salema. 8). O primeiro gover-
O primeiro tentou colonizar o N. (v. n. 0 33) e o segundo nador nomeado pelo
expulsou os francêses de Cabo F1·io. Mas, logo em 1577 rei espanhol para o
voltamos á unidade, sendo Diogo Lourenço da V eiga o Brasil foi Manoel T e-
novo governador-geral até 1581. les B a1·reto ( 1582) ,
Fel:pe Il. (Tiziano-Museu Nac'onal de
seguindo-lhe, 2 ano;:; .Napoles ) .
20 - Centralização e defêsa - Dissemos (v. n. 17) que após uma junta inte-
a dispersão da autoridade por diversos donatarios, numa rina, D. Fm ·ncisco de S ousa (1591), D'ogo Botelho (1602),
terra imensa, impedira o desenvolvimento do país e prc- Diogo de Menezes (1607). Em 1608 foi o Brasil dividi-
52 A. F. CESARINO JUNIOR HISTORIA DO BRASIL 53
Foi êle deposto por ocasião da 'r estaumção ]Jortuguêsa e j An~eriores. Co mplete: n) ...... recusou ser ...... ele .... . .
substituído por D. Gaspar' de Sousa. Nessa mesma oca- por ocasião ela ...... ; b) A cen~ralização foi feita 11ela criação
sião o paulista Amaclo1· Bueno da Ribeira recusou ser do ..... . em ...... ; c) O ..... . c1·a o ,qovernado1· do ...... e ..... . l
rei de São Paulo, o que lhe foi oferecido num motim logo u do . ..... , tendo o 7J1·imeiro c~ ca1Jital em . ..... e o segundo <lm
...... Corl'ija: a) O proveclo1·-mor P ero Goes da Silveim tinha
abafado.
sido do1u~ta1'io ele~ capitanio do Ceará; b) Mem de Sá. expulsou, os
Durante o Domínio Espanhol deram-se: o inicio da franc êses ele Cc~bo F rio; c) Tomé ele Sousa fundou a ciclctcle de
S. Salvador, que foi capital do govenw elo sul.
colonização do norte (v. n. 0 33) , o estabelecimento dos
francêses no Maranhão (v. n. 0 28) e as invasões holan-
dêsas na Baía e em Pernambuco (v. n. 0 31).
BIBLIOGRAFIA
Max Fleuss, ob. cit. Pio Zabala y Lera, Espaiia bajo los
A ustl'ic~s. Pedro Taques, Historia da Cc~pitania de S. Vicente -
QUESTIONARIO Nelson Costa, Histo1·ia da Cidade elo Rio de Janeiro.
l
HISTORIA DO BRASIL 55
VII
BIBLIOGRAFIA
P. Luiz Gonzaga Cabral, Jesuítas no Brasil - J: P. Calogeras,
Os Jesuítas e o Ensino - José Manoel de Maduren·a, A Compa-
AS INVASõES ESTRANGEIRAS
nhia de Jesus no Brasil.
a) A França antartica;
b) A França equinocial;
c) Guerra de sucessão da Espanha;
Duclerc e Duguay-Trouin;
d) Os piratas inglêses;
e) Os holandêses; perda e restauração
da Baía; invasão de Pernambuco
(Nassau); a insurre1çao pernam-
bucana de 1645.
27 - A França Antartica - Em 1555, quando gover- 28 - A França Equinocial- Em 1612 os francêses pro-
nava o Brasil Duarte da Costa, um francês, Nicolau Du- curaram tambem estabelecer-se no Ma1·anhão, fundando
?'and de Villegaignon, convenceu os seus compatriotas de a Fmnça Equinocial, com a capital em São Luiz. Che-
que viria fundar no Brasil uma Fmnça Antartica, para fiava-os Daniel ele la Touche. Foram, porém, expulsos
refugio dos perseguidos por motivos religiosos (o in- em 1615 por Jerónimo ele Albuquerque e Alexandre de
teressante é que êle obteve auxilio de perseguidos e per- M ou1·a, retirando-se mais para o norte, onde puderam
seguidores ... ) . Construiu então o forte chamado de manter-se na Guiana, que ainda hoje possuem.
Coligny na ilha da Lage, (hoje de Villegaignon), no Rio
da Janei1·o, tentando dominar a região e insuflando os 29 - Guerra de Sucessão da Espanha - Duclerc e Du-
índios do lugar, os Tamoios, contra os portuguêses. Não guay-Trouin - Ao falecer em 1700, sem herdeiros dire-
estabeleceu, porém, relações firmes com o continente, in- tos, o rei da Espanha Carlos III deixou, por testamento,
sulado no seu forte. Por isso, em 1560, Mem de Sá, com o seu trono ao duque Felipe el' Anjou, neto do rei da
reforços vindos da metropole, outros colhidos em cami- França, Luiz XIV. O duque d'Anjou subiu ao trono es-
nho e outros de São Vicente, tomou a Bois le Comte, su- panhol com o nome de Felipe V. Então o imperador da
cessor de Villegaignon, que se retirara para a Europa, o Austria, aliado entre outros ao rei da Inglaterra, fez
forte de Coligny, que foi arrazado. Como, porém, não guerra á França, de 1701 a 1713, por isso que pretendia
deixasse guarnição no lugar, os francêses, refugiados en- a corôa espanhola para seu filho, o a1·quiduque Ca1·los.
tre os Tamoios, reconstruíram o forte e, corrigindo o Foi essa a chamada "G~w?Ta de Sucessão ela Espanha".
erro de Villegaignon, construíram outro no litoral, Unl- Portugal, aliado da Inglaterra, foi por isso atacado em
çwmirim e na ilha de Pa'tanapuan (hoje do Governador). suas colonias pelos corsarios francêses, Duclerc e Dugua y-
Ao mesmo tempo, incitando os índios, promoveram o T?·ouin.
maior levante, a Conjede1·ação dos Tamoios. Por isto, Em 1710 João Fmncisco Ducle1·c desembarcou em
em 1563, Estacio ele Sá, vindo da metrópole com reforços, Guaratiba e marchou contra o Rio de Janeiro. Mas, o
iniciou a fundação da cidade de S. Sebastião elo Rio de povo do Rio, unido á tropa, o obrigou a refugiar-se num
Janeiro, junto ao Pão ele Assuca1·. Mas, só em 20 de trapiche da cidade e a render-se. O corsario francês
Janeiro de 1567, com os reforços trazidos por Mem de teve a cidade por menagem, isto é, ficou livre, embora
Sá, foram os francêses definitivamente expulsos, sendo sem poder sair da cidade. Foi, porém, assassinado no
a cidade transferida para lugar melhor, o morro do Cas- ano seguinte.
telo, então chamado de S. Januario e hoje arrazado. Foi A pretexto de vingar essa morte, no mesmo ano de
nomeado seu primeiro governador Salvado?· Correia de 1711 veiu atacar o Rio uma forte esquadra, sob o coman-
Sá. do de René Duguay T·rouin. O governador Francisco ele
.• - lf , DO SRA. n.
62 A. F. CESARINO JUNIOR HISTORI A DO BRASIL 63
64 A. F. CESARINO JUNIOR
HISTORIA DO BRASIL 65
panhia, sob o comando de Jacob Wilekens, atacou a Baía,
Iniciado assim o segundo período - o da domina-
em 1624, aproveitando a situação de guerra entre a Es-
ção holandêsa - foi nomeado o príncipe Mauricio de
panha e a Holanda. A-pesar-de defendida por Diogo de
Nassa.u para governador do Brasil holandês, em 1637.
Mendonça Furtado, a cidade foi tomada e o governador
Foi êle um grande administrador que estendeu o domínio
feito prisioneiro. Assumiu então o governo o holandês
bátavo até o rio S. Francisco, construiu em Penedo o
Johan van Dorth, logo morto em combate. Sucederam-
forte de seu nome, e no Recife uma nova cidade, na ilha
lhe primeiro Albert SMuten e morto este Wilhelrn Shou-
de Antonio Vaz, a Mauricéa. Trouxe para o Brasil sa-
ten. Seu mau governo descontentou os holandêses. En-
bios que estudaram a nossa fauna e a nossa flora, como
tretanto, os brasileiros, sob o comando, primeiro do bispo
Piso e Marcgmf e artistas. Isto, porém, não satisfez
D. Marcos Teixeira e mais tarde de Nunes Ma1·inho, cer-
aos diretores da Companhia, que apenas desejavam obter
cavam a cidade. Com o auxilio de uma esquadra envia-
grandes lucros e por isso concederam a demissão pedida
da da metropole, sob o comando de D. Fradique de Toledo
Osorio, conseguiram retomá-la em 1625. Fizeram dest'
arte a 1·estauração da Baía.
I em 1644 por Nassau.
A retirada de Nassau e o regime opressivo que Re
lhe seguiu; apressaram a vitoria do movimento contra o
Não desanimaram, porém, os holandêses. Em 1630 domínio holandês, já iniciado em 1642, no Maranhão,
atacaram Olinda e Recife, em Pernambuco, com recur-
por And1·é Vidal de Negreiros. Assim em 1645 reben-
sos muito maiores. Comandava-os Hendrik Loncq. A-
tou a insun·eição pernambucana, que póde ser conside-
pesar-de esforços do governador Matias de Albuquerque, rada o terceiro período da segunda invasão holandês::t.
as duas cidades foram tomadas. Retirou-se então Ma-
Era seu chefe, João Fernandes Vieira, intitulado "Go -
tias para o arraial proximo, do Bom Jesus. Até 1635
vernador da Liberdade", após a vitoria do monte da..s
sustentou uma guerra de emboscadas. E' o período qne
Tabocas. Auxiliados pelo negro H em·iqu, Dias e pelo
chamamos da resistencia. Mas, a passagem para os ho-
índio Potí, batizado com o nome de Antonio Felipe Ca-
landêses de um mameluco (8), Domingos Fe1·nandes
maTão e, simbolizada assim a união das tres raças for-
Calabar, conhecedor perfeito da região, auxiliou os bá-
madoras do povo brasileiro, os insurgentes derrotaram
tavos (9) a se apoderarem de lguassú, Rio Formoso,
os bátavos em 1648 e 1649 nas duas batalhas dos Gua-
Itamaracá e Rio Grande, passando êles a dominar da
mrapes. E, emquanto a fundação em 1649 da Companhia
Pamíba até Recife. Cessou então a resistencia deses-
Portuguêsa de Comercio auxiliava os insurgentes, a
perada de Matias de Albuquerque que, seguido de mui-
guerra com a Inglaterra prejudicava os holandêses, que,
ta gente, se retirou para Alagôas.
assim em 1654 tiveram de assinar a capitulação da Cam-
(8) A1ameluco - me stiço de portugu êlil e jndia. pina da TaboTda, retirando-se do Brasil. O esforço dos
(9) Holandê seo.
BálCUIOJ -
pernambucanos foi enorme.. A principio lutaram contra
66 A. F. CESARINO JUNIOR HISTORIA DO BRASIL 67
a má vontade do proprio Portugal. Este, como a Holan- ...... Corrija: a) Os holandêses ataca1·am o Brasil s6mente
po1·que estavam em luta com a Espanha; b) Cavendish saqueou
da, era inimigo da Espanha após a Restauração em 1640. Santos e depois levou tranquilantente as riquezas roubadas para
Mostraram assim os insurretos o valor da nacionalidade o seu país; c) Po1·tugal não reconheceu o dominio holandês,
em formação. apoiando sempre os insurgentes.
BIBLIOGRAFIA
QUESTIONARIO
13 - Qual a verdadeira im- . João Ribeiro, Jonatas Serrano, Handelmann, HistoTia do Bra-
1 - Que povos estrangeiros stl --;: W estscher,. Les H ollandais au B1·ésil - Varnhag·en, Os H o-
atacaram o Brasil? Por- portancia destes fá tos? landéses no J!1:astl - Isaac Commelyn, HistoTia da Holanda;V. T.
que? 14 - Foi o Brasil atacado por Lessa, Mattncto de Nassau.
2 - Que foi a França An- ing·lêses? Quais? Por-
tartica? que? Com qual exito?
3 - Qual o erro de Villegai- 15 - E por holandêses? Quan-
gnon? do?
4 - Que fim tiveram os 16 - Que sabe sobre o ata-
que á Baía?
francêses?
17 - Em quantos períodos se
5 - Porque foi preciso ex-
divide a histeria da se-
pulsá-los de novo?
gunda invasão holandê-
6 - Que sabe sobre a Fran-
sa?
ça Equinocial?
18 - Que sabe sobre o pri-
7 .:.... Até quando durou ela?
meiro?
Porque? 19 - Que fez N assau no Bra-
8 - Que resultou disso? sil?
9 - Que foi a guerra de Su- 20 - Quais as consequencias
cessão da Espanha? de sua retirada?
10 - Que tem o Brasil a vêr 21 - Que outros fátos contri-
com ela? buíram para a derrota
11 - Que sabe sobre Du- dos batavos?
clerc? 22 - Qual a lição historica a
12 - E sobre Duguay Trouin ? tirar dessa invasão?
EXERCICIOS
Anterio1·es. Complete: a) Os princiJJais . ... . . da . . . .. . per-
nambucana foTa?n . .... , e ..... ; b) . .... construüt a. . . . . c levan-
tou o ...... no ...... ; c) ...... fundou a F1·aru;a ...... e ...... a
HISTORIA. DO BRA!!!IL 69
VI I l
E
~
o A mc~zonas até o Napo, indo depois por terra até Quito,
.~
regressando a Belém dois anos após. Desta viagem re- 6:"
c
s ultou mais tarde o reconhecimento dos direitos de Por- u
tugal sobre o Amazonas até á fronteira atual, excedido "c
~
assim o meridiano de Tordesilhas, que passaria por Be- .,
~
Além das mencionadas, citam-se as entradas de Lu!z Mas as expedições verdadeiramente importantes fo-
Mames Espina que partiu de Ilhéos em direção ao s.~o ram as bandeiras. Tiravam o seu nome do pavilhão do
Francisco e desceu numerosos índios; a de Sebasttao chefe da expedição sob o qual se acolhiam, prestando-
lhe inteira obediencia, todos os expedicionarios. Eram
verdadeiras cidades ambulantes, com as suas autorida-
des, seus padres, homens, mulheres, cl'ianças, víveres,
munições, animais domesticas. Partiam de São Paulo,
seguindo pelos rios, diversos itinerarios muito bem des-
critos pelo historiador patrio CAPISTRANO DE ABREU
- "Os bandeirantes, deixando o Tieté, alcançaram o Pa-
raíba do Sul pela garganta do São Miguel, desceram-n'o
até Guapacaré, atual Lo rena, e dali passaram a M anti-
queit·a, aproximadamente por onde a transpõe a E. F.
Rio-Minas. Viajando em rumo de Jundiaí e Mogí, dei-
xaram á esquerda o salto de Urubupungá, e chegaram
pelo Paranaíba a Goiáz. De Sorocaba partia a linha de
penetração que levava ao trecho superior do afluentes
orientais do Paraná e do Ut·uguái. Pelos rios que de-
sembocam entre os saltos de Ut·ubupungá e Guaíra trans-
TLANTICO
feriam-se da bacia do Paraná para a do Uruguái, che-
... .....
., garam a Cuiabá e a Mato-Grosso. Com o tempo, a linha
MI~AI. C.EP.AlS
,•'
. do Paraíba ligou o planalto do Paraná ao do S. Francis-
(CAP . de Sõ.o Po."lo) co e do Pamnaíba; as de Goiáz e Mato-Gt·osso ligaram
lJ
" Roteiro de Melchior Dias" (segundo Paulo Setubal)
o planalto amazonico ao rio-mar pelo Madeit·a, pelo Ta-
pajoz e pelo Tocantins". Assim, arrostavam os bandei-
rantes com infinitas dificuldades, opostas pelas flores-
tas virgens com as suas feras e índios selvagens, pela
Tout·inho, que em 1572 explorou o sertão dos rios Doce e rudeza dos climas e pela frequencia das molestias. Mui-
Jucut·í · e a de Melchior Dias Moreira, explorador do tas vezes, esgotadas as provisões, se detinham, organi-
sertão 'oriental do rio São Francisco até á serra de ltar zando um rancho e plantando os terrenos vizinhos para
baiana, de 1600 a 1604, em procura de prata. obterem recursos com que continuar o desbravamento
A. F. CESARINO JUNIOR HISTORIA DO BRASIL 75
74
do sertão. Foram assim pontilhando os seus caminhos
ou rotei1·os, de cidades, que em tais se transformaram
....
o
Otf .. NO ATLANTI(O
QUESTIONARIO
1 - Como se fez o conheci- 4 - Que era uma entrada?
mento do Brasil? 5 - Quais as principais?
2 - Quais os principais fa-
6 - E os mais notaveis ban- IX
tores da ocupação do
deirantes?
interior?
3 - Como se deu a coloniza- 7 - Que caminhos seguiram?
ção do norte? 8 - Que lhes devemos ? MANIFESTAÇõES NATIVISTAS LUTAS
INTERNAS:
EXE!WICIOS
a) A rebelião de Beckman;
A nte1·iores. Complete : a) O descob1·ido?· das . . .... de . .... .
foi ...... ; b) Os ..... . pa1·tiam principalmente ele...... seguin- b) Emboabas e Paulistas;
do o . . . ... ; a) ...... atacm~ as . ..... do . .... ·1Jant ...... Corrij01: c) Mascates.
a) Os bcmcleú·ante sómente clescob1·i?·arn minas ele ow·o e pedras
preciosas; b) Êles viajava1n principalmente p01· te1·ra; c) Ne-
36 - Manifestações nativistas - Como vimos, a guerra
nlmma 1·elação ha entre as bancleircts e o t?·atado de To1'desilhas.
contra os holandêses exaltou o sentimento de amor á
BIBLIOGRAFIA terra dos nascidos no Brasil, surgindo assim o que se
chama o nativismo. Manifestou-se êle por uma certa
Affonso d'Escragnolle Taunay, Histo1·ia Ge1·al das Bandeiras
Paglistas; Alcantara Machado, Vida e morte do bandei?·ante; Ca- repulsa dos naturais do país, ainda que filhos de portu-
pistrano de Abreu, Ca?Jitulos de Histo?"Ía Colfmial; João RibeiTo, guêses, aos recem-vindos da metrópole, ou reinóis. Esta
H isto1·ia elo Bm sil.
repulsa, com base em divergencias economicas, tem as
suas primeiras manifestações nos /movimentos chama-
dos: Rebelião de B eclcman, Guerra dos Emboabas e Guer-
'ra dos Mas cates.
EXERCI CIOS
Antet·iol"es. Complete: a) O . .... . de ...... , fo i. ..... ]101'-
que e1·a a favor da ...... de ...... a vila; b) D ...... sucedeu a
.••.• • por estar indicado nas ...... ; c) Os ...... apelidaram os X
. .. ... de . ..... porque êles emm . . . . . . Corrija : a) A rebelião de
Beckman, sendo vencida, nenhum resultado produziu; b) Tão na-
tivista foi a Guerra dos Mascates, como a dos Emboadas ; c) Nada
resultou da Guerra dos Emboabas. FORMAÇÃO DA NACIONALIDADE BRASI-
BIBLIOGRAFIA LEIRA:
Basilio de Magalhães, Historiado Come;·cio; J. Soares de Melo,
Etnboabas; Rocha Pombo, Historia do B?·asil. a) O elemento português; o aborigene
e o elemento negro; Palmares;
b) Distribuição geografica dos tres
elementos.
40 - Formação da nacionalidade brasileira - O povo
brasileiro, excluídos os elementos novos cruzados com os
europeus emigrados para ct'i, nesta ultima metade do
seculo, resulta do cruzamento do português, descobridor
e colonizador do país, com o aborigene, natural do mes-
mo, e o negro africano, para aqui trazido como escravo.
aos mamelucos ou ca,boclos. O nome de rruvmeluco e o de resultaram os mulatos, inteligentes, audazes, mas pouco
gancho, foram, de preferencia, dados aos mestiços do sul; inclinados á lavoura, sem aptidão para o comercio e a
e o de caboclo e o de iagnnço, aos do norte. industria, mas aptos para a literatura, a ciência e a po-
Os negros provinham da A[1·ica Centro-Austral, lítica. Do seu cruzamento com os índios resultou o cafuz
sendo principalmente dos ramos G~âné e Bantú. Ser- ou zambo.
viam na agricultura e mesmo nos serviços domesticas, Os negros eram escravizados nas guerras na Africa
por outros negros que os vendiam aos traficantes ou
tu1nbeiros, sendo transportados nos navios negrei1·os e
vendidos nos mercados de escravos. Chegados ao país
caíam quasi sempre em ataques de nostalgia, o "banzo".
A's vezes reagiam, e, fugindo das senzalas, formavam
no sertão aldeamentos chamados quilombos. Os mais
celebres foram os de Palmares, em Alagoas, auxiliados
pelas perturbações consequentes á invasão holandêsa.
Armados, os "quilombolas" atacavam as povoações vizi-
nhas. Daí a necessidade de exterminá-los. Após resis-
tirem a varias expedições, tanto holandêsas como portu-
guêsas, foram vencidos em 1695 por uma outra chefiada
pelo paulista Domingos J oTge Velho.
1
\
42 - Distribuição geografica dos tres dementos - Já
no capitulo III demos a localização dos principais gru-
lndios Purys e Camacam
pos indígenas. Repelidos do litoral, êles se embrenha-
donde resulta a grande influencia que tiveram, seja no ram cada vez mais pelo sertão, encontrando-se ainda hoje
cruzamento, seja na língua, nos costumes e na arte. Dê- no interior de Mato Grosso, Pará, Amazonas, etc. Os
les nos vêm, segundo JONATAS SERRANO, "as cr~ndices, negros, por ser a Baía o mercado de escravos mais im-
as superstições, o amôr da musica e da dança, certa "ne- portante do país, são mais numerosos nessa região, em-
gligencia creoula ", resignação heroica na miseria, con- bora estejam espalhados por todo o Brasil. O mesmo
cepção fatalista e leviana da vida, imprevidencia unida se deu com os portuguêses, rriaís numerosos no sul, pre-
ao trabalho". Do seu cruzamento com os portuguêses ferido por êles, como pelos demais europeus vindos de-
•
86 A. F. CESARINO JUNIOR
QUESTIONARIO
1 - Quais os elementos for- 5 - E sobre os mestiços? FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL
madores da nacionalida- 6 - Co~o se fazia a escra-
de brasileira? vização dos ne~·os?
GUERRAS DO SUL
2 - Qual o mais importan- 7 - Que sabe sobre Palma-
te? Porque? Que sabe res? 43 - Formação territorial do Brasil - Vimos já como
sobre êle? 8 - Como esbv~m situadas se deu a exploração do litoral brasileiro, do Rio ela Pmta
3 - E sobre o aborígine? as raças e sub-raças es-
á foz do Oiapoc e como se realizou a expansão pelo inte-
4 - E sobre o negro? tudadas?
rior, mercê das entradas e bandeiras e dos esforços dos
EXERCI CIOS colonizadores do Norte. Assim em 1750 o Brasil atin-
gira o seu maior desenvolvimento territorial: no sul até
Anteriores. Complete: a) Os . ..... qlte vinham para o Bra-
sil emm dos grupos . ..... e . ..... ; b) O mestiço de . ..... e . .... .
á margem setentrional do PYata; no oeste, até o Pam-
se chamava . ..... no . ..... e . ..... no . ..... ; c) A região do B?·a- guaí, o Maclei'ra e o Javarí. Estava, pois, e de muito,
sil onde houve mais ...... foi a ...... Corrija: a) Os negros não excedido o meridiano de To,rclesilhas (v. n. 0 10).
injlni1·am ern nossa civilização; b) Os portug'Uêses, como os in-
glêses na Ame1·ica do No1·te, não se c1·wza1·arn com as outras 1·aças;
Com essa expansão se tornou necessaria a delimi-
c) Os gauchos paulistas 1·esnltam do cruzamento do índio com o tação de nossas fronteiras com as colo r> ias espanholas e
português. com as Guianas. Eram estas, colonias dos francêses,
BIBLIOGRAFiA holandêses e inglêses, formadas na região abandonada por
portuguêses e espanhóis entre os rios 01·enoco e Oiapoc.
Oliveü·a Vianna, Populações 1ne1·idionais do B 1·asil; Nina Ro-
drigues, Os Aj1·icanos no B1·asil; Roquette Pinto, Ensaios de An- Depois de varias hesitações, a nossa fronteira com a
tropologia Brasileira, Rondonia; Delgado de Carvalho, Sociologia. Guiana Fmncêsa se firmou em 1713 (Tratado de Utre-
cht) (11) no rio Oiapoc, fronteira esta confirmada re-
• 41
;'y/..;
....
: l C.:l
.
c:
~
,.._ lecendo o fundamen to da occupação efetiva dos territo-
rios. Entretant o, em seguida houve lutas com a Espa-
•J ~ :t
___ ...,.,.....
-. ..... r.. -•-·'~~- .-" ~ nha, ocupando esta grande parte do sul do país. Mas,
... '1
~ novo tratado, o de Santo Idelfonso (1777) restituiu ao
;t Brasil quasi todas essas terras. A fronteira atual no snl
~
·.··. ,..,~ só foi obtida depois das guerras Cisplatina (Cap. XXII)
..
.~:-;· lt)
e do Pamguaí (Cap.XX VI) e dos esforços do Barão do
"'
l> Rio Bmnco (Cap. XXX), que resolveu tambem outras
Fra.n ceza. questões de limites no Norte, adquirind o para o nosso
país o Tet·ritot·io do Acre.
\. -;.
.
nador de B~tenos Aires, D. José ele Carro, sendo resti-
tuída no ano seguinte. Em 1705 V alelez torna a tomá-la,
mas o tratado de Utrecht no-la restitúiu. De 1735 a 1737
é ela cercada por Miguel de Salcedo, mas embora con-
tando só com os proprios recursos, devido á sua distan-
(.
o pai~e s, feita paeüica ..
(12) Deci1ão arbitral - Solução de um conflito eutre doi'
mente pelo aoverno de um tereoiro paío.
90 A. F. CESARI NO JUNIOR
--
"''··• • r • • .I. ~ . ::
QUEST IONAR IO
1 - Como se deu a forma- 4 - Como foram elas re-
ção territor ial do Bra-
sil? solvidas ?
2 - Pórque foi excedido o 5 - Porque houve guerras
meridia no de Tordesi -
no sul?
lhas?
3 - Com quem tivemos 6 - Que resultad os tiveram
questõe s de fronteir as? elas?
EXERC I CIOS
José I, foi demitido e processado, morrendo afastado da de catequése dos indígenas que êles vinhas realizando.
Côrte em 1782.
Embora, depois de terem rendido fabulosamente, em
(13) Despotas esclareridos - Hom ens du go,·erno que, se1n des istir do poder absoluto 1765, começassem a decaír as minas de ouro, e em 1790,
( pot iuo ch amado s Hdes pot u"'), pro cnro\ :tm rea li za r at id éa s de reformo ( dai o quali ..
as de pedras preciosas, o comercio, favorecido pela luta
ficatiHl de uetclarecidot"),
11 . DO DRAS lt.
I
94 A. F. CESARINO JUNIOR
QUESTIONARIO
de Janeiro, onde ia instalar a séde da monarquia porb- demia de Belas A1-tes, o Banco do Brasil. Desaparece-
guêsa. ram as restrições á industria, franqueou-se a exportação,
estimulou-se a agricultura, desenvolveu-se e melhorou-se
51 - Organização do governo com a vinda de D. João a cidade do Rio de Janeiro. Assim o Brasil, séde do
para o Brasil - Ainda na Baía, D. João, a conselho do governo, dotado de tudo quanto era necessario, passou
Visconde de Caiun't, decretou a abertura dos portos do de colonia a metropole. D. João declarou guerra á
Brasil ao comercio de todas as nações amigas. Logo che- França e mandou invadir a Guiana Fr·ancêsa, e mais tar-
gado ao Rio, criou os ministerios do Reino, da Marinha, de a Banda Oriental do Uruguai. Esta foi incorporada
da Guerm e Estrangeiros, o Conselho de Estado e a In- ao Brasil com o nome de Província Cisplatina, em 1821.
tendencia Geral de Policia. Depois, os tribunais da Em 1815 foi o Brasil elevado a Reino Unido ao de PoT-
tugal e Algarves, com o que deixou de ser colonia, em-
bora ainda não ficasse independente.
QUESTIONARIO
independencia. 1 I
~:; 9 - k. DO llkAIU
l
I t
I
HISTORIA DO BRASIL 111
X VIII
PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDENCIA- DO
"FICO" AO IPIRANGA eo
Imp erio Brasileiro. Atendendo aos desejos dos brasi- perador. Entretanto, a Constituição de 1824, para a
leiros, a Constituinte procurou incluir na Constituição o sua época, era bastante liberal.
maior numero possível de medidas liberais. Chegou Mas, o carater absolutista do Imperador levou-o a
mesmo a exceder-se, declarando-se afinal em franca opo- frequentes conflitos com o Legislativo. Com efeito, este
sição ao Imperador. Este, apesar de se declarar sempre exigia ser tratado como um dos poderes do Estado, obri-
constitucional, tolerava dificilmente limitações á sua au- gava os ministros a apresentarem relatorios anuais de
toridade. Por isso, pelo golpe de Estado (átó politico sua gestão e pretendia intervir na ratificação ( confir-
violento e ilegal) de 12 de novembro de 1823, dissolveu mação) dos tratados.
a Assembléa Constituinte. Foram presos varios depu-
tados, entre os quais os And1·adas. Deportados, êles só
regressaram ao Brasil em 1829. QUESTION ARIO
BIBLIOGRAFIA
(16} Nos governos liberais ha tres poderes: o Legislativo, que faz as leis; o Executivo,
que as faz cumprir de um modo ge ral, por todo& os cidadãos; e o ]udíciario. que as faz Calogeras, obs. cits. - Araujo Viana, Historia Constitucio~l
cumprir de wn modo particular pelos cidadãos que a isso se recu&am. No Brasil houve do Bmsil, Hildebrando Acióli, O Reconhecimento da lndependencta
então mais o Moderador, que devia coordenar ou harmonizar a ação dos outros Lrê e. do Brasil.
HISTORIA DO BRA!IL 119
QUE STIONARIO
67 - Causas - O áto violento de D. Pedro I, dissolvendo Anteriores. Complete : a) A Confederação do. . . . . . com-
a Constituinte e o fáto de ser a Constituição de 1824 p?·eendia as províncias de ... . .. ; b) Os revoltosos foram ..... .
outorgada (concedida) pelo Imperador e não elaborada po1• . .. .. . e .. .... ; c) ...... foi. . .. . . chegando a ser em .. .. ..
um .... . . do. . .... Con·ija: a) A revolu ção de 1821,. nada t em
pelos representantes do povo, provocaram em 1824 uma
de comum com a de 181 7 ; b) Todos os r evoltosos fo1·am presos e
revolução no norte do país, denominada Confederação condenados; c) Os revoltosos não queriam a Constituição de 1821,..
do Equador.
BIBLIOGRAFIA
68 - Confederação do Equador- Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande elo Norte e Cea't á, adotando o regime repu- Anter ior Adde: Ulysses Brandão, A Confederação do
blicano, formaram a Confede'i''ação do Equador, sob a Equado?·.
presidencia de Manuel ele Carvalho Paes ele AnclraclP-.
O governo imperial sufocou prontamente a revolução,
com o auxilio do almirante Cochrane e do coronel Lima
e Silva. Paes de Andrade fugiu. Foram executados os
revolucionarias João Guilhe?"me Ratcliff, frei Joaquim t.lo
Am01· Divino Caneca e Joaquim Loureiro.
Paes de Andrade, antigo revolucionaria de 1817, ha-
via adotado como Constituição provisoria da Confedera-
ção a da Colombia.
Em 1825 o Imperador perdoou os implicados. As-
sim Paes de Andrade poude voltar ao Brasil, onde em
1834 foi senador do Imperio.
HISTORIA DO BRASIL 121
9 - U . U() DUA S IL
126 A. F. CESARINO JUNIOR
.
HIS'rORIA DO BRASIL 127
O Ato Adicional á Constituição elo Imperio, de 12 73 - A maioridade - Problemas de organização no Se-
de agosto de 1834, reformou-a, suprimindo o Conselho de gundo lmperio - Em 1839 se agitou a questão de anteci-
Estado e passando a regência de trina a U?W, sendo o par para 14 anos a maioridade do Imperador, que a
Regênte eleito por quatro anos. Realizada a eleição em Constituição fixava em 18 anos. J osé Martiniano de
abril de 1835, venceu Feijó. Iniciou-se então a revolta Alenca1· fundou em 1840 o Club da Maiot'idctde. For-
chamada guerra dos Fa'rrapos. Preso o seu chefe, Bento
Gonçalves, conseguiu êle fugir. Este fato aumentou a
oposição ao governo energico de Feijó, que se demitiu,
passando o go-
verno ao Minis-
tro do Imperio,
Ped1·o de A1·aufo
Lima (1837). No
p__,t L P-?~-7~/J
ano seg-uinte uma e&_~~~~
eleição confirmou ~~~~UidÚ~ ~ -
Araujo Lima na
Reg-ência. Admi- ~~<J2-~~
nistrou bem. Fo-
ram fundados du- ~
rante o seu g-o- ...
~~~
Yerno o Colegio
P edro I! e o Ins-
tituto Histo1 ·ico e
GeogTáfico Bmsi-
leiro . Houve no-
~., --;d-,& 7~a7~~
vas revoltas e a Autografo de D. Pedro lL
nomeado presidente e comandante das armas da pro- Em Pernambuco se encerrou em 48 a fase das lu-
vincia do Rio Grande do Sul, o general Luiz Alves de tas civis com a revolução Praieira, que tira o seu nome
Lima e Silva (barão de Caxias). Após· prometer em vão do orgam dos liberais do Recife, impresso na rua da
a anistia aos rebeldes, Caxias venceu-os por si ou por "Praia". Chefiados por Nunes Machado e Pedro Ivo
seus oficiais, em Ponche Verde (43), Piratini e Can- os revolucionarias resistiram algum tempo ás tropas le-
gussú, passando a ser numerosas as deserções dos Far-
rapos. Fez então, o seu novo chefe, Canabarro, a p::tr.
com Caxias, em 1845. Concedeu o governo anistia ge-
ral aos revoltosos e outras vantagens.
I
'
gais, mas em 1849 foram completamente vencidos.
QUESTIONARIO
Em 1838 falecêra José Bonifacio. Haviam surgido
1 - Porque se formaram os 7 - Que sabe sobre a Re-
duas novas revoltas: a Sabinada e a Balaiada. gencia de Feij ó?
governos regenciais?
A Sabinada foi uma revolução na Baía (1838), que 8 - Que foi a Sabinada?
tira o nome do chefe, D1., F1·ancisco Sabino Alva1·es do 2 - Como se dividem?
E a Balaiada?
Rocha. Em 1841 houve no Maranhão, a Balaiada, che- 3 - Qual o seu caráter? 9 - Que sabe sobre a Guer-
fiada por Manoel Francisco elos Anjos F e?Teim, apeqi- 4 - Como estava organizada ra dos Farrapos?
dado o "Balaio". Nem uma, nem outra tiveram impor- r e que fez a Regencia tri- 10 - Porque se demitiu Fei-
\ jó?
na provisoria?
tancia. 11 - Quem o s ubstituiu? Até
De 1840 a 1848, houve, além da continuação da 5 - E a permanente? quando?
Guerra dos Fa1'1'apos, as revoluções libe?·ais em São 6 - Que foi o Ac ~o Adicio- 12 - Que foi a campanha
nal'! maiorista? Venceu? Como?
Paulo e Minas (1842) e a revolução Praieira, em Per-
nambuco (1848).
Os lib e1 ·ais, apeados do governo em 1841, Re inRtP'- EXERCI CIOS
giram contra duas leis, que reputaram anti-democraticas. Anterío1·cs. Complete : a) O Padre ...... foi . .... . dur·ante '
Uma delas foi a de 23 de novembro, que criou o Conselho a ...... e ...... do Irnper·io ele ...... a ...... ; b) .... .. foi o
de Estado, e a outra, a de 3 de dezembro de 42, que re- chefe da ...... ; c) O sucessor· de ...... foi ... , .. Corrijp,: a)
Habilíssimo político, F eiJ'ó f ez tudo para se conservar· no podeT;
organizou a Justiça, sujeitando as eleições á influencia
b) A guen·a do s Fct1Tapos que tinha ca1·ate1· ?'epublicano, foi a
do governo. Revoltaram-se os liberai s em Minas, sob a 11utis cu /'la elas lu tas ciPi.ç elo lmpe rio; c) A campa.nhn maiol'isttt
chefia de 1'eofilo Otoni. Jogo batido em Santa Luzin poe se fe z den/ ro d(/ I ei.
Caxias. Em São Paulo, :-; ublevaram-He tambem :-;ob a di-
reção de Feijó e do Brigade1t·o Rafa el Tobia.<; de Agufa1·, BIBLIOGRAFIA
sendo vencidos em 1'enda G' nuule, igual mente pm· Caxia::;. A11 tel'ior: A dele : Eugenio Egas, n iogo F'eijó ; Pedl·o Cal-
mon, Tfi;:t'ol·iu rlu Ciuili:mçúo Bmsileint.
I, I
HISTORIA DO BRASIL 133
EXERCI CIOS
fi A ntm·iores Complet e : a) O l'on selheiJ·o . . . ... pedin a · . · · · ·
satisfações sob1·e . .. .. ... ; b) O alm.i?·ante . . . . . . a cidade de. · . · · ·
c) O presidente . . . . . . foi substituido po1· . . . . . . Con·ija : Nada
XXI tem Agtti?"re a v ê1· com a g1te1'?'a elo Pat·aguai ; b) Os 'brasilei?·os
inicia1·am p1·ecipitadamente a guen a conh·a Aguirre; c) Como
sem 1J 1·e, n esln ,q11 erra os a1·gentino s rs ti ve ra m no lado dos ln·osilei1·os.
GUERRA COM O URUGUAI
BIBLIOGRAFIA
76 - Guerra com o Uruguai - Entretanto, as lutas en- Anterior.
tre blancos e colorados provocaram uma segunda guerra,
que, por sua vez, foi uma das causas da guerra do Pa-
raguái. Em 64 o governo brasileiro mandou a Monte-
vidéo o conselheiro Saraiva para obter satisfações sobre
novos maus tratos feitos a brasileiros da fronteira uru-
guaia. A-pesar-da intervenção de Elizalde, embaixador
da Argentina e de Thornton, da Inglaterra, Saraiva na-
da conseguiu do presidente Aguirre, iniciando-se a
guerra. Aliado a Flôres, o almirante brasileiro Taman-
cla?'é bloqueou Paisandú e Salto. Esta cidade foi toma-
da por Flôres. Os brasileiros, sob o comando do mare-
chal M ena Ba?Teto, tomaram a primeira em 65. Mar-
charam então os aliados contra Montevidéo, que se
rendeu, assumindo Flôres o governo. Ia começar a
g1ter1·a elo Pa1·aguaí.
QUESTTON ARIO
1 - P orque ti vemos nova il - Que obtivemos ?
guerra com o U ru g uai 4 - Quais os principais
2 - Nã o Lenta mos t>viUi- la? episodios da guerra?
Como? 5 - Que res ultou dela?
)
~l
liiSTORIA DO DRASlL 137
expulsos tambem do Rio Grande, com a tomada de Uru- Em 1867 venceu êle uma segunda batalha de 'l'uiu-
guaiana. Houve depois a vitoria naval de Riachuelo (11 tí, dando-se em 1868 a passagem de Humaitá, cuja for-
de junho de 65) no rio Paraguai, onde fulgiram o genio taleza foi tomada. Seguiram-se as vitorias de ltoToró,
do almirante Ban·oso e o heroismo dos marinheiros, A1Htí, Lamas Val entinas e An-
M a1·cilio Dias e Pe- gustura. Em 5 de janeiro de
d?·o Afonso e do alfe- 1869 entrava o exercito brasi-
res G1·eenhalg h. Se- leiro em Assunção, capital do
guiram-se a passagem Paraguai. Terminou aí o se-
gundo período. Retirou-se Ca-
do Passo ela PatTia
xia: para o Rio, onde r ecebeu o
( 66) sob a direção
titulo de duque, o unico do im-
do general Oso1·io.
perio. O comando do terceiro
Foi êle vencedor ain-
período, . o da 1Jeneguição a
da em Este1·o Belaco Lopes, coube ao príncipe Gas-
e principalmente em tão el'Orléans, Conde d'Eu,
Tuiutí, a maior bata-
lha campal até então
travada na America General Oso l"io
do Sul. Seguiu-se a
marido da princesa Isa bel, her-
tomada de Cu,rud~
deira do trono brasileiro. Nes-
pelo marechal Polielo-
te período os generais Osorio,
1"0 ela Fonseca Quin- Polidoro, Mena Barreto, Cama-
tanilha J ordão. De- 1·a, Malet e outros, venceram
Bl'i~adeiro João Manoel Mena Barreto pois do desastre de Lopes em Peribebui, Campo
(E' L" fotog1·afia foi tirada de uma tela repre-
.Hentando o g eneral João Manoel Mc:1~' Barreto,
C uru paiti, retira- Gmncle e Caraguatai. Afinal
11uando gravemente ferido na batalha de Ped- ram-se o general ar- numa escaramuça com as tro-
bebuhi em 11 de agosto de 1869, morreu h e-
l'Oicamente á tes ta da coluna que comandava).
gentino Mit·r-e e o pas do general Camara, em
uruguaio Flôres. Cen·o Corá, foi morto Lopes
Teve então o comando o general Lima e Silva, conde de a 1 ele 1narço de 1870. Estava
Almirante Barroso
Caxias. Daí por diante a guerra foi quasi exclusivamente assim terminada a guerra.
feita pelos brasileiros. Embora vencedor, o Brasil não se apossou de territorios
140 A . F. CE::;AJ{J NO J UNlOK
QUESTIONARIO
1 - Que foi a guerra com o 5 - E sobre o segundo? É o XXVII
Paraguaí mais importante? Por-
2 - Quais as suas causas? que?
3 - Como se divide? G- Quem fez a persegui-
4 - Que sabe sobre o pri- ção a Lopes? Como PROBLEMAS DO TRABALHO - O rrRAFICO
meiro per:iodo? terminou ela?
- A ESCRAVIDÃO NO BRASIL - EXTINÇÃO
DO TRAFICO- CAMPANHA ABOLICIONISTA
EXERCICIOS
A nlcríon•s. Complcle: c~) Os brosileil·os eram comandados 79 - Problemas do Trabalho - O Trafico - No inicio
nor . . ... . , o.s argentinos 1J01' ...... r• os nruguaios por . .. ... ; b) da colonização (V. n. 10) a principal actividade econo-
O vencedor ele ....... foi ....... ; c) No. botolhcb naval ele ...... . mica no Brasil era a lavoura, principalmente a da cana
venceu o ...... CoNija: o) () Brnsil, n A1·gentino, c o Unt- de açucar. Exigia ela, porém, braços numero~os, robus-
{JIW Í se ctliamm JJCtra atacar o Pru·uu11oi; b) O clnqne de Coxias fez
rt grand e {J 1W1'1'Cb c o conde d' Bu, " JJcquena; c) O Brasil f ez o,
tos e principalmente capazes de suportar o clima da
{Jllel'l'a a Lo1>es e não cw Po raguH i. terra. A principio os portuguêses os procuraram obt~r
escravizando largamente os indigenas. Mas êstes, acos-
BIBLIOGRAFIA tumados a uma vida livre e nômade, se mostravam re-
Pedro Calmon, Calogeras, obs. cits. ; Jourdan, Versen, His- beldes e. improprios para os trabalhos agrícolas. Ade-
loria da Guerra do ParagucbÍ; Mario Baneto, A Campanha Lo- mais, os jesuítas, logo vindos para catequizá-los (v. n.
1Jezguaia; Gustavo Barroso, O IJrasil ern face do Prata, Histoda
!Vlilita1· do Bmsil. 25), se opuzeram corajosamente á sernllão dos indíge-
nas. Tudo isto levou os colonos a cogitarem desde muito
cedo (1580 talvez) da introdução de escravos africanos.
Iniciou-se assim o comercio dos negros, conhecido pelo
nome de Tmfico (V. n. 41).
JU 11 . LtO 8RA !, IL
J 42 A. F. C ESARINO J UNIOR HISTORIA DO BRASIL 143
EXERCICIOS
XXVIII
A nte1·io1·es. Complete: a) f ez a lei pam a extin-
ção do . ..... ; b) A lei que lib e1·tou os. . . . . . de mais de . . . .. .
foi a ...... ; c) Os 11u:tio1'es abolicionistas fomm..... . Cor·r ija:
a) D. P edro li 1·etcwdou a abolição total JJorquc e1'a csc1·ava.gista; A PROPAGANDA REPUBLICANA- A PRO-
b) Nada ha de comum entre a R epublica e a Abolição da esc?·ava-
iJun~; c) A abolição da esenwatura no Bmsil se deu como na
CLAMAÇÃO DA REPUBLICA
Amel'ica do Norte.
83 - Propaganda Republicana - O ideal republicano se
BIBLIOGRAFIA manifestou em to-
Pedro Calmon ob. cit.: Evaristo de Moraes, Perdigão Malheiros, das ~s revoluções
A Escmvidão no B1·asil; Osorio Duque Estrada, A Abolição; Joa-
quim Nabuco, U1n Estadistc~ do lnt1J e1·io. brasileiras, me smo
antes da indepen-
dencia. Mas, a sua
propaganda efetiva
começou após a guer-
ra do Paraguai, com
a fundação em 1870,
do Partido Repttbli-
ccmo Patuista e a
reunião em 1873 da
Convenção de I t ú .
Conseguiram os re-
publicanos eleger em
1875 varios depu-
tados, e n t r e êles
Campos Sales e Pnt-
dente de M OTais por Benjamin Constant no ano da Procl. da Republicn
São Paulo, e Alva·ro Botelho, por Minas. A propaganda
148 A. F. CESARINO JUNIOR HISTORIA DO BRASIL 149
pela imprensa feita nos jornais, O Çuaicurú, da Baía, o sobretudo do proprio Marechal Deodo1·o, feito chefe do
País, O Cor1·eio do Povo, O Diario de Noticias, do Rio, A movimento.
Fedemção, do Rio Grande do Sul, espalhava as idéas de-
mocraticas, defendidas por homens do vulto de Francisco 84 - A Proclamação da Republica - Em outubro de
Glice?"io, Bernardino de Campos . Rui Ba1·bosa, Quintino 1889 aderiram á "conjura dos quarteis" os políticos,
Bocaiuva, Ben.famin Con.stant, Silva Ja'rdim, e outros. tendo daí por
O ideal republicano vinha dos tempos coloniais. diante atuação
Fortificou-se êle com a lembrança de que a monarquia era de tacada A1·"isti-
uma exceção na America, com o exemplo do progresso des Lobo, Quin-
da União Norte-Americana, com o estabelecimento em t?"no B o caiuva.,
1870 da Terceira Republica Francêsa, com os esforços Campos Sales e
da Maçonaria e finalmente com a propaganda positivista, Francisco Glice-
desenvolvida principalmente nas escolas militares, a par- 1'io. Numa ses-
tir de 1876 e depois que, voltando da guerra do Paraguaí, são do Club Mili -
se haviam os militares brasileiros contaminado com a ta?· foi marcado
demagogia hispano-americana. o dia 18 de no-
vembro })ara a
Embora noutro domínio, influíram tambem podero-
deposição do mi-
samente para a implantação da Republica no Brasil: a
nisterio e implan-
abolição da escravatura; a questão 'religiosa, entre o go-
tação da Republi-
verno do Imperio e os bispos do Pará e de Olinda; a ca pelo Exercito,
questão dinastica, ou seja o receio de virmos a ter, por exilando-se o Im-
morte de D. Pedro II, um soberano estrangeiro, o prín- perador. Espa-
cipe Gastão d'Orleans, marido da princêsa Isabel, her- lharam os conju-
deira do trono; e principalmente a questão milita1·, in- rados noticias
disposição entre o exercito e o governo, consequente á falsas de trans-
Guerra do Paraguai. Após esta os militares entraram ferencias de cor-
a conspirar para derrubar o ministerio chefiado pelo •t Proclamação da R<wublica •P elo marechal Deodoro. -
pOS d 0 exerCI O 15 ele Novembro ele 1889 (Quadro do pintor
visconde de Ouro Preto e a monarquia. Não fôra isso, para lugares dis- Rodolfo Bernarcleli).
duraria ela até á morte de D. Pedro II. Com efeito, o tantes, com o que conseguiram novas adesões e no dia
Imperador, pessoalmente, contava com a estima geral, 14 de novembro a de que fôra ordenada a prisão de Deo-
150 A. F. CESARINO JUNIOR HISTORIA DO BRASIL 151
doro, Benjamin Constant e outros. Então Deodoro na zm·am a ?'evolução republicana juntos desde o inicio; b) O fwn-
. ' clador da R epublica foi B enjamin Costant; o) O princi7Je Gas'tão
madrugada de 15, se pôz á frente das tropas e foi cercar
o Ministerio, reunido no Quartel General, prendendo-o, d'Ol'léans contribtâu 7Ja1·a a p1·oclamação ela R e7mblicc~ no B1·asil.
emquanto os soldados davam vivas á Republica. O Im-
perador, descendo de Petropolis, onde se achava, nada BIBLIOGRAFIA
mais poude fazer. A guarnição só obedecia a Deodoro Pedro Calmon ob cit . Oliveira Viana, O Oca so do !?nperio;
Ernesto Sena, Deodo1·o; Campos Porto, HistoTia dct R epu blica B1·a-
e já se havia organizado o Governo Proviso1'io Republi- silei.1·a; P. Rafael Galanti, Historict dct R ep11blica; Max Fleuss,
cano, de que êle era o chefe. Assim em 17 partia o Historia Adntinisf1·ati'Va do B1·asil.
monarca para o exílio, emquanto em todo o Brasil as
Províncias aderiam ao novo regime, organizando tambem
os seus governos provisorios (17).
QUESTIONARIO
1 - Quando começou a pro- 5 - Que foi a questão mili-
paganda republicana no tar?
Brasil?
2 - Como se fez? 6 Como se deu a procla-
3 - Quais os seus funda- mação da Republica;
mentos .ideologicos? 7 - Quem chefiou o governo
4 - Que outros fátos contri-
provisorio?
buiram para ela?
EXERCICIOS
A ntm·io1·es. Com7Jlete : ct) As p1·imei1·as manifestações ?'epu-
blicancts foram: ... ... ; b) Os 1J1'Ímei?·os deputctdos 1·epublicanos
forem>: . ..... ; c) A 1n·opagnnda ?'e1Jttblicana foi f eita pela ·. .... .
e 7Jelos jo1·nais. . . . . . Con·ijct: ct) Os civis e militctres o1·gani-
( 17) Segundo alguns hi storiadores Deodoro apena s tinl1a em vi sta depôr o l\lini slerio
Ouro-Prel o. con servando a Monarquia. A Republica só teda sido proclamada, não por
Deodoro , ma s, por Ari stid es Lobo, Benjamin Constant e Quinlino Bocaima, sendo o decreto
n . ., , crue a instituiu , redigido por Rui Barbosa e ass inado, na tarde de 15 de Novembrn,
por O eotloro~ nmtru a
pgs, 403 e eeg uiut es ) .
\OIItnd f' (Cr. MAX FLEUSS, lfi,, toriq Admini!tratit'tl til} Drn$il , •
ll L ' T o lt J A DO B R A S 1 lJ 153
cada E stado, sendo o Senado presidido pelo Vice-Presi- êle, infringindo assim a Constituição, pelo golpe d e E s-
dente da R epublica. O poder j udiciario era exercido por tado ele 3 de Novembro. Em consequencia, a 23 desse
um SupTenw T ribunal Fede1·al e juizes federais. Nos mês, em contra-golpe, revoltou-se a esquadra na Baía do
E stados a organização, feita posteriormente pelas Cons- Rio de Janeiro, intimando-o
tituições Estaduais, era mais ou menos a mesma, feitas a renunciar. Assumiu então
as devidas modificações. o governo o marechal Floria-
Consignava ainda ,a Constituição u'm a Declamci71J no Peixoto, vice-presidente da
de Dil·eitos, com princi1;ios altamente liberais. Era, ~n Republica. Floriano, (o "ma-
tretanio, por demais idealista, não condizendo em certos rechal de ferro") é chamado
pontos com a realidade brasileira, pelo que cedo começou o "Consolidador da Republi-
a campanha para a sua 'reviscio. ca ", pois teve de enfrentar
duas revoltas, a dos "federa-
86 - Deodoro e Floriano - Como vimos, Deodoro foi o listas", no Rio Grande do Sul,
braço que proclamou a Republica. Estabelecida esta, foi que durou até 95, chefiada
o chefe do Governo Provi- por Joca. Tavat·es e Gwnet'-
sorio. Como tal se mostrou cindo Sa1·aiva, e a da es- Flo riano P eixoto
voluntarioso e personalista, quadra em 93, encabeça-
indispondo-se com varios dos da pelos almirantes Custoclio de Mello e Saldanha ela
seus companheiros de revo- Gama.
lução.
Floriano, o marechal
Floriano Peixoto, foi minis-
tro da Guerra do Governo
Provisorio, em substituição QUESTIONARIO
a Benjamin Constant.
1 - Quais as correntes polí- 3 - Quais os componentes
O marechal Deodoro, ticas após a proclama- do Governo Frovisorio?
Ma r echal Deodoro
ção da Republica?
eleito Presidente pela Assem- 4 - Que sabe sobre Deodo-
bléa Constituinte, governou apenas até 91. Em vir- 2 - Quando foi promulgada
ro?
a Constituição Republi-
tu de de atritos com o Congresso Nacional, dissolveu-o cana? 5 - E sobre Floriano?
156 A. F . CESARINO J UNIOR
EXERCICIOS
ll - H. DO DRAS IL
158 A. F. CESARINO JUNIOR HISTORI A DO BRASIL 159
Afonso Pena
HISTORIA DO BRASIL 163
12 - R . DO BIUSJL
166 A. F. CESARINO JUNIOR HISTOR IA DO BRASIL 167
Direito, de Teixeira de' Freitas. Ao mesmo tempo são ça, Rodrigo Otavio, Waldemar Ferreira e inumeros
criadas numerosas instituições ciêntificas, como o Insti- outros.
tuto Historico e Geografico Brasilei-
ro, o Observatorio Astronomico e o 91 - Evolução economica - A atividade economica co-
Museu Nacional. meçou no Brasil com a extração do pau brasil (ibir-(1.-
Atualmente o país conta, além pitanga), explorada legalmente pelos portuguêses e clan-
dos que vieram da monarquia, com destinamente, isto é, como contrabando, pelos estrangei-
ros, principalmente os francêses.
varios institutos ciêntificos, como os
de Bu.tantan, Manguinhos, que deram
a conhecer os nomes celebres de Os-
valdo Cruz, Vital B-rasil, Carlos Cha-
gas, o Instituto Biologico, de São Pau-
lo, o Instituto Agronomico, de Cam-
San tos Dumont
pinas, a Escola Agricola, de Piracica-
ba e varios outros. Ha no Rio
diversas sociedades ciêntificas
de valor, como a Academia Na-
cional de Medicina, o Instituto
dos Advogados, a Sociedade de
Geografia e outras mais, mui-
tas com congêneres nas capitais
dos Estados. Santos Dumont
distinguiu-se como o "pai da
aviação". A Historia apresen-
ta os grandes nomes de Capis-
trano ele Abreu, Oliveira Lima, O café ha um seculo. - Tropas chegando ao porto da E~tre1a na baixada fl umine nse .
(Reconstituição do desen ho de Rugendas ) .
Pandiá Calogeras, Afonso d'Es-
Irin ê o Evangelista de Souza
cragnolle Taunay, Tobias Mon- Com as primeiras feitorias e principalmente com a
teiro, Rocha Pombo. N o Direito, salientam-se Clovis· fundação de São Vicente, em 1532, se inicia a agricultu-
Bevilaqua, Pontes de Miranda, Carvalho de Mendon- 1·a, com a plantação da cana de açuca1· e a industrin,
170 A. F. CESARINO JUNIOR HISTORIA DO BRASIL 171
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cuja vigencia findou em 1844. Iniciamos então a nossa o"
nova emancipação economica. A partir de 47 surgiram
no Rio, na Baía e em Pernambuco grandes industrias.
A mais poderosa delas foi a fundição da Ponta da Areia,
criada por Irineu E vangelista de Sousa, depois Visconde
de Mauá, um dos maiores pioneiros do progresso econo-
mico do Brasil. Obteve uma tarifa aduaneira protetora.
Entretanto, isso era apenas o principio da industria: a
base da economia nacional continuava a ser a agricultura,
cuja mão de obra era quasi toda escrava. Quando o tra-
fico cessou em 1850, os capitais antes aplicados em afri-
canos, se voltaram para a lavoura cafeeira e para a in-
dustria. Por iniciativa de Mauá, tivemos em 1854 os pri-
meiros 15 kms. de estrada de j e?·ro entre o porto de E s-
trela e a raiz da Serra de Petropolis. No mesmo ano
instalava Mauá no Rio a iluminação a gás. Em 1861 era
terminada a estrada para Juiz de Fóra. Em 1858 eram
inaugurados os primeiros 48 kms. da Estrada de Ferro
D. Pedro II, e na Baía a estrada de Salvador a Alagoi-
nhas, seguindo-se outras em Recife e São Paulo. Esta o
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BIBLIOGRAFIA
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COMERCIANTE'S, INDUSTRIAIS E ADVOGADOS.
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