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1.

A ciência distingue-se das outras formas de saber pelo seu método ou pelo
conjunto de meios mediante os quais o cientista poderá atingir um determinado
objetivo, associado à busca da verdade. Esses meios são orientados por um
conjunto de regras que estabelecem a ordem das operações a realizar com vista a
atingir um determinado resultado. Graças ao método experimental, a ciência
tornou-se capaz não só de descrever como também de prever a ocorrência de
fenómenos, sendo o método científico “a forma mais eficaz de descobrir e prever o
comportamento da natureza”. As descobertas científicas permitiram aplicações
práticas, técnicas e tecnológicas que possibilitaram, por seu turno, determinados
feitos notáveis: a ida à Lua, a descoberta da cura de algumas doenças, bem como a
produção de objetos que se tornaram indispensáveis para o conforto do dia a dia,
nomeadamente os carros, os computadores, as televisões, etc.

2.
Duas das críticas de que foi alvo a conceção indutivista do método científico são: a)
a observação não é necessariamente o primeiro momento do método científico e,
mesmo que o cientista a ela recorra, ela não é inteiramente neutra e isenta; b) o
raciocínio indutivo não oferece a consistência lógica que as teorias científicas
reclamam.
Relativamente à primeira alínea, podemos dizer que a observação pura não existe.
No mínimo, os conhecimentos anteriores do cientista, as teorias com que
contactou, determinam a observação que efetuará, pelo que, partindo daí, já não é
da observação que parte. A sua observação é, portanto, mediada, isto é, não
neutra nem isenta.

3.
Para Popper, o critério da verificabilidade não é suficiente para demarcar a ciência
de outras formas de saber, nomeadamente de carácter metafísico. O critério
verificacionista fica, antes de mais, refém do próprio problema do indutivismo. Por
exemplo, o enunciado “Todos os cisnes são brancos” não pode ser verificado na sua
totalidade, pois é impossível observarmos todos os cisnes que já existiram, que
existem e que existirão no futuro. Face a esta dificuldade, os neopositivistas
consideraram que, na impossibilidade de uma verificação universal, poder-se-ia
confirmar o enunciado com algumas observações. Assim, bastaria encontrar alguns
cisnes brancos para tornar o enunciado científico. Contudo, Popper discorda deste
modo de demarcar os enunciados científicos dos que o não são. Muitos enunciados
metafísicos e filosóficos, a partir deste critério, seriam científicos. Por exemplo, “O
mundo vai acabar” seria um enunciado científico, pois é possível verificar
empiricamente (bastaria presenciar esse facto), mas não é possível falsificar um
enunciado que não exprime quando esse facto acontecerá. Assim, um enunciado
para ser científico deve ser, à partida, empiricamente falsificável, isto é, deverá ser
possível encontrar factos que contrariem a hipótese. Se tal não for possível,
estaremos na presença de enunciados metafísicos, mas não científicos.

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