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753/2017 — OAB SP
E-4.753/2017
a) Atuação na esfera cível, sem quaisquer custos por parte do cliente, arcando o advogado
com todas as despesas do processo.
b) Atuação na esfera cível, arcando o cliente com eventuais despesas do processo (custas,
fotocópias, etc.).
a) Atuação na esfera previdenciária, sem quaisquer custos por parte do cliente, arcando o
advogado com todas as despesas do processo.
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“Ao contrário do antigo Regulamento da OAB que vedava de forma expressa a aplicação da
“quota litis”, o atual Código de Ética e Disciplina estabeleceu regra para essa forma de
xação de honorários (artigo 38). Há que ser observado no entanto, que na “quota litis”,
além dos serviços pro ssionais o advogado assume o custeio integral da demanda, numa
autêntica sociedade de participação, no recebimento de honorários se houver vantagem;
perdendo tudo, inclusive o trabalho, se infrutífera a demanda; o pro ssional deve ter
atenção para que suas vantagens, inclusive os honorários de sucumbência xados em
sentença, no caso da causa, jamais sejam superiores ao que venha a receber seu
constituinte ou cliente.”
Nossa Turma também já se debruçou sobre o tema, sendo importante transcrever duas
ementas de grande didatismo:
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Necessário consignar que o Código de Ética atualmente em vigor transcreveu, ipsis litteris,
em seu artigo 50, a redação do artigo 38 do antigo Código.
Dito isto, não há óbice ético para a contratação de honorários na modalidade quota litis,
mas, conforme destacam as ementas acima, tal contratação deve ocorrer de forma
excepcionalíssima, deve ser justi cada em face da condição de hipossu ciência do cliente,
da sua impossibilidade de arcar com os custos de determinada demanda.
A sua contratação generalizada ou injustiçada se caracterizará como antiética, uma vez que
o advogado não é e não deve ser sócio de seu cliente, deve ser remunerado
exclusivamente pelos seus serviços prestados, dentro dos critérios estabelecidos no Código
de Ética e Disciplina.
Desta forma, a resposta aos questionamentos 1-a e 2-a é positiva, pela possibilidade, em
tese, de contratação de honorários na forma lá sugerida, desde que tal contratação seja
excepcionalíssima e se justi que em face da situação econômica do cliente. Não podem,
ainda, conforme acima exposto, o total dos honorários serem superiores às vantagens
obtidas pelo cliente com o processo.
Por outro lado, nas outras duas hipóteses, o cliente trata dos honorários ad exitum, cujos
limites éticos estão de nidos em dezenas de julgados de nossa Turma: em causas cíveis, o
limite é de 20%, em causas trabalhistas ou previdenciárias, o limite é de 30%, sempre sobre
o benefício econômico do cliente.
É o parecer.
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Ouso divergir do voto do ilustre Relator em dois pontos especí cos, o primeiro relacionado
a tema de contratação de honorários na modalidade quota litis, e o segundo relativamente
à limitação de 20% imposta à contratação de honorários ad exitum.
Neste contexto, admissível que o advogado possa cobrar honorários, os quais, quando
acrescidos da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas ao cliente.
Esta seria, a meu ver, a única limitação eticamente imposta pelo regramento ético, ou seja,
tudo que o advogado pode receber, como contrapartida pelo risco integral que assumiu,
deve ser inferior, ou no máximo igual, mas nunca superior àquilo que seu cliente tenha
direito. E o pressuposto é o de que tal remuneração seja paga em pecúnia.
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Tanto é assim que o art. 49, do CED determina que os honorários sejam xados com
moderação, atendendo aos elementos que relaciona1, os quais são subjetivos, e
possibilitam ao advogado considerar, casuisticamente, todas as diversas situações
relacionadas às atividades privativas da advocacia, para que, no momento da contratação,
tenha liberdade de acertar sua remuneração. Não há qualquer referência a valor
máximo para estipulação dos honorários.
Em contraste, o CED, como visto, determina que o advogado não xe honorários irrisórios
ou inferiores ao mínimo xado na Tabela de Honorários, sob pena de aviltamento (art. 48,
§6º), em linha com o disposto no art. 22, §2º, do estatuto da OAB, que prevê que, na falta de
estipulação ou acordo, a remuneração do advogado não poderá ser inferior mínimo xado
na tabela, existindo clara alusão no regramento ético quanto ao piso dos honorários.
E anda bem a tabela ao não tratar de valor máximo, como faz explicitamente em relação ao
mínimo, porque, a depender de elementos subjetivos ou indeterminados, como, por
exemplo, o trabalho realizado ou o valor econômico da disputa, os diferentes percentuais
xados por atividades podem, em tese, vir a ser inferiores ao limite mínimo contido no
mesmo documento, o que justi ca não existir referência de teto, mas apenas de piso, para
que todas as hipóteses quem abarcadas.
Sem prejuízo, é verdade, também, que existe imposição expressa para que os honorários
sejam xados com moderação.
Mas tal moderação a que se refere o art. 49, do CED, como visto, não há de ser tida como
aquela limitada a 20% do valor em disputa, nas causas cíveis, à míngua de previsão nesse
sentido.
Para ns éticos, tudo indica que moderação na contratação de honorários signi ca, em
linhas gerais, aquela que seja razoável e proporcional; que guarde relação com o trabalho
prestado; que não importe vantagem excessiva, considerando o que ordinariamente seja
cobrado para idêntico serviço; aquela em que não haja proveito do estado de necessidade
ou da inexperiência do cliente; que não evidencie má-fé, abusos nem lesão ao constituinte,
após adequadamente atendidos os elementos listados no art. 49, do CED.
Do exposto, venho declarar o presente voto divergente para registrar discordância quanto:
(i) às restrições adicionais impostas pelo voto vencedor à contratação de honorários na
modalidade quota litis, para além daquelas expressamente previstas no art. 50, do CED, e
(ii) a limitação a até 20% do valor em disputa nas causas cíveis, para xação de honorários
ad exitum, por entender que deve prevalecer a liberdade de contratar das partes,
observados os princípios da moderação e razoabilidade.
Esse é o voto.
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[1] i) relevância, vulto, complexidade e di culdade das questões versadas; ii) trabalho e
tempo necessários; iii) eventual impedimento do advogado de intervir em outros casos, ou
de se desavir com outros clientes ou terceiros; iv) valor da causa, condição econômica do
cliente e proveito para ele resultante do serviço pro ssional; v) o caráter da intervenção,
conforme se trate de serviço a cliente avulso, habitual ou permanente; vi) lugar da
prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado; vii) a competência e o
renome do pro ssional; e viii) a praxe do foro sobre trabalhos análogos.
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