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DISCIPLINA:

PSICOLOGIA APLICADA AO
DIREITO

Professor: Túlio Louchard Picinini Teixeira


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Módulo 1

A psicologia Científica e suas contribuições à


Teoria Geral do Direito Contemporâneo.

Unidade 3: Direito é violência?

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Prezado aluno,
Confira os tópicos abordados nesta unidade:

 O que é uma comunidade, como ela se forma quais suas relações com o
Direito?
 Direito é violência segundo Sigmund Freud.
 O ódio e o sentimento de preservação existentes em nós e qual sua relação
com o Direito.
 Porque algumas pessoas são incapazes de violência? O humano pode existir
sem violência?
 Direito e autonomia.

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O objetivo é que, ao final desta unidade, você seja capaz de:

Entender, a partir das contribuições de Freud, a relação entre direito e


violência e quais as questões psíquicas envolvidas nessa relação, assim
como saber vias para a superação desta problemática na construção de um
direito capaz de produzir autonomia e justiça.

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INTRODUÇÃO

Para começo de conversa...


Abra sua cabeça e seu espírito para uma das questões mais surpreendentes
desta disciplina! Aqui vamos colocar em cheque uma das ideias mais
correntes sobre o direito, o fato de que o direito que conhecemos existe para
à justiça! Pelo contrário: Direito é violência! É o que veremos com Freud e
suas construções sobre a origem das comunidades e do direito, a existência
no ser humano de uma força que busca destruir. Veremos também que
contra essas ideias o pai da psicanálise localiza o processo civilizatório.
Finalmente, veremos como o pós-positivismo contribui para a formação de
um direito que ao invés de expressão da violência, seja promotor da
autonomia dos sujeitos.

Bons estudos!
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UNIDADE 3 - DIREITO É VIOLÊNCIA?

Introdução
Essa unidade parte de correspondências trocadas entre Albert Einstein e Sigmund Freud.
Esses autores estabeleceram contato a partir de um convite do Instituto Internacional para
Cooperação Intelectual um dos braços da Liga das Nações, que buscava promover a paz e
afastar as possibilidades de conflitos bélicos.
A iniciativa falhou, e houve a II Grande Guerra, mas a contribuição permanece, e aí vamos
buscar uma compreensão sobre como Direito e violência se relacionam para pensarmos
como podemos superar este problema e construir um direito que seja instrumento de
autonomia dos sujeitos.

http://home.comcast.net/~randomlyfunny/ http://es.wikipedia.org/wiki/Feldpo http://pt.wikipedia.org/wiki/


Albert_Einstein.html st Sigmund_Freud
O que é uma comunidade, como ela se forma, quais suas relações com o Direito.
Segundo Freud os conflitos de interesse se resolvem, em estágios mais
rudimentares pelo uso da força bruta, violência. Para superar a lei do mais forte, os
mais fracos unem-se e derrotam o mais forte. Para manter essa possibilidade
fundam comunidades, que possuem regras de convivência e meios de fazer tais
regras serem observadas! O conjunto dessas regras é o direito, que exprime a
violência organizada das comunidades.

Ambas as fotos: http://www.sinopsedofilme.com/imagens-filme.php?id=9595&titulo=a-guerra-do-fogo


Direito é violência segundo Sigmund Freud
Mesmo dentro da comunidade o direito permanece como violência, uma vez que as
desigualdades de poder que existiam antes, se reproduzem em seu interior.
Aqueles que detém força assumem o poder e criam o direito para seu benefício. Isso
gera novos desentendimentos e mais violência. O próprio direito quando utilizado a
favor de alguns e prejuízo de outros configura violência, pois ele é dotado de coerção,
ou seja a possibilidade do uso real de força, caso uma norma seja contrariada.

http://bloginsegurancaecorrupcao.blogspot.com.br/2012/11/
abuso-policial-e-quase-um-problema.html
O ódio e o sentimento de preservação existente em nós e qual a sua relação com
o Direito?
Existe em nós uma força que busca a satisfação da energia vital (libido), é a pulsão,
uma leitura representativa, uma tradução, em termos psíquicos, dos estímulos
físicos que recebe o corpo humano e ao mesmo tempo, uma necessidade de ação
diante destes estímulos. Que ação é essa?! Responder as sensações de prazer e
desprazer causadas pelos estímulos ao corpo físico.
A pulsão tem dois tipos:
Eros: pulsão de vida, de preservação, erótica ou de amor.
Tanatus: pulsão de morte, de destruição ou ódio.
Ambas estão presentes em todos os nossos atos em maior ou menor grau, mas
nunca isoladas, e não cabe um juízo moral sobre elas.
Podem ser dirigidas para o mundo que nos cerca ou dirigidas para nosso próprio
psiquismo. A sociedade busca formas de usar de forma que lhe convêm a pulsão de
destruição ou exige do sujeito que a contenha internamente e dê conta de seus
desdobramentos.
Porque algumas pessoas são incapazes de violência? O humano pode existir sem
violência?
Segundo Freud, os passifistas são incapazes de violência.
Isso se dá porque para algumas pessoas o processo civilizatório está tão
internalizado que as duas características mais marcantes da cultura atuam como
forças impeditivas da violência. Essas características são:
a) Fortalecimento do intelecto que governa a vida pulsional
b) Internalização da pulsão de morte (de destruição).
Segundo Freud: “tudo o que estimula o crescimento da civilização trabalha
simultaneamente contra a guerra”.

http://buscandoalibertad.blogspot.com.br/2010/12/ http://www.advivo.com.br/blog/
movimientos-sociales-del-siglo-xx.html luisnassif/inimigo-meu
Direito e autonomia
No desenrolar da história do direito passamos por vários paradigmas: direito divino,
jus naturalismo, jus positivismo, encontrando-nos agora no pós-positivismo.
Agora, mais do que nunca, preocupados com a refundação democrática do direito,
buscamos produzir normas que não gerem violência contra nenhum membro da
comunidade. Precisamos produzir um direito com o máximo de iguais liberdades que
acolha os mais diversos ideais de boa vida (diferentes concepções de moral) e que
seja legítimo (aceitabilidade racional dos argumentos que fundamentam uma norma).
Pensando assim, talvez possamos produzir, por meio do engajamento político do
máximo de cidadãos, um direito que seja promotor da autonomia, da liberdade e da
igualdade. Ou seja um direito efetivamente assentado na justiça e não na violência.

http://www.odiariodaregiao.com/
acontece-em-petrolina-seminario-sobre-direito-a-diversidade/
CONCLUSÃO
O direito que conhecemos é expressão da violência, mas não é necessário que
assim seja.
O Direito pode promover justiça, mas essa mudança exige engajamento político,
reflexão científica e trabalho.
Precisamos entender melhor o que é violência e como ela se relaciona com o
direito, inclusive suas consequências para a subjetividade humana.

http://consciencianaeducacao.blogspot.com.br/2012/04/
luta-por-direitos-um-direito-de-todos-e.html
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. Brasília: UnB, 1999.
FREUD, Sigmund. Porque a guerra? In: ______________________. Obras
psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standart brasileira. Vol. XXI.
Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. Psicologia de grupo e análise do ego. In:
______________________. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud:
edição standart brasileira. Vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre faticidade e validade. Vol I. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
MARX, Karl. Manuscritos econômicos filosóficos e outros textos escolhidos. Coleção
Os Pensadores. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1974.
RUDGE, Ana Maria. Pulsão e linguagem: esboço de uma concepção psicanalítica do
ato. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
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REFERÊNCIAS

SOUZA, Luís Antônio Francisco de. Violência, poder e Direitos Humanos. Revista
Direitos Humanos: Gajop Artigos, Recife – PE, nº 1, p. 9-24, março de 2008.
WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos de sociologia compreensiva. 2 vols.
Brasília: Unb, 1999.

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Terminamos aqui esta unidade!
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neste assunto!

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