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PREPARANDO A CELEBRAÇÃO
Método
INTRODUÇÃO
 Não só distribuir tarefas
 Envolver a comunidade
 Equipe de liturgia - uma necessidade
 que se preocupa com a vida litúrgica da comunidade local, que celebra
 reúne pessoas com dons e capacidades de exercerem funções específicas na celebração.

POR QUE PREPARAR?


 Condição para que a celebração não seja improvisada, nem rotineira (Doc. 43, n. 211)
 Para que o povo de Deus exerça o direito e o dever de participar segundo a diversidade de ministérios,
funções e ofícios de cada pessoa (Doc. 43, n. 212; SC 14)
 Não somente inventar coisas novas, mas dar sentido ao que já existe.
 Assumir o que herdamos de nossos pais e mães na fé, revivendo a partir de nossas experiências.
 Celebrar os acontecimentos da vida inseridos no mistério pascal de Cristo (Doc. 43, n. 48-50).

PASSOS PARA A PREPARAÇÃO


Oração - invocação do Espírito
1º PASSO - O QUE CELEBRAMOS?
Situar a celebração no tempo litúrgico, no espaço celebrativo e na vida da comunidade
a) O mistério celebrado no tempo ou festa litúrgica: É a páscoa do Senhor (páscoa semanal, páscoa anual,
páscoa diária).
- (Se é o ofício que estamos preparando, é importante a referência da Hora: manhã, tarde, noite).
b) O mistério acontecendo na vida – os acontecimentos significativos (alegrias e esperanças, tristezas e
angústias do nosso tempo, cf. GS 1), o chão da vida onde nos atinge o mistério de Cristo.
c) Situar-se no espaço: - Onde? O espaço físico (funcional e simbólico). O que é permanente e o que é
móvel... - Com quem? Grande ou pequena assembléia? No centro? Na periferia? No campo?
a) Como fazer concretamente?
 Ver o domingo
 O tempo litúrgico - aprofundar o sentido do tempo. Características próprias que darão estilo à
celebração.
b) Qual a relação entre este mistério e a vida cotidiana?
 Acontecimentos sociais, religiosos, do dia-a-dia da comunidade, da região, nacional, internacional...
 É o momento de olhar a vida à luz da vitória de Jesus e olhar a vitória de Jesus a partir dos fatos da
vida, “para enraizar a celebração no chão da vida, na história onde nos atinge o mistério do Cristo que
celebramos”. (Doc. 43, 221)
 É bom ter um caderno para anotar os fatos da vida durante a semana...
c) Com quem vai celebrar (assembleia - suas características próprias)
d) O espaço da celebração
Preparar bem.
A Igreja dever ser ícone (imagem) do corpo de Cristo, do Cristo total.
“O edifício está destinado à reunião do povo de Deus e à celebração das ações sagradas” (Introdução do
Ritual de Dedicação de Igrejas - R.D.I.A, n.º 2).
“A disposição geral do edifício deve manifestar de algum modo a imagem do povo reunido e permitir
uma ordem inteligente, bem como a possibilidade de se exercerem com decoro os diversos ministérios”.
(I.R.D.I.A , n.º 3)
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2º PASSO - QUAL A PALAVRA DE DEUS E AS ORAÇÕES?
Aprofundar as leituras e os textos eucológicos. Como fazer isto na reunião?
1. Ler os textos bíblicos - a leitura é o primeiro passo para se conhecer e amar a Palavra de Deus. Ler os
textos bíblicos, ä luz do mistério da páscoa do Senhor que estamos recordando nesta celebração.
1.1 Começar pelo Evangelho (evangelho a primeira leitura é escolhida em função do evangelho, o salmo
tem relação com a primeira leitura, a segunda leitura é em geral semi-contínua)
 ler o texto - ler, ler, ler...
 retomar o texto pela repetição de frases ou versículos - é importante para memorizar as palavras do
texto, para fazer a palavra passar do livro para a memória, da letra para o coração.
1.2 Aprofundar os textos – Aprofundar os textos: levando em conta o texto em si, sua relação com a
vida, e com o mistério celebrado.
1.3 Ver o sentido que está por trás das palavras
 Ver o sentido que o texto tem em si. Assim a leitura cria no leitor uma atitude crítica, criteriosa e
respeitosa diante da Palavra de Deus.
 Contribuição da exegese:
 Analisar o texto e situá-lo em seu contexto de origem.
 Em três níveis:
a) Literário - aproximar-se do texto e, através de perguntas bem simples, analisar o seu tecido:
Quem? Quais os personagens? O quê? Onde? Por quê? Quando? Como ? Com que meios?
Comparar o texto do evangelho com a 1a. Leitura. O que há de comum? Ver a relação do Salmo
com a 1a. Leitura. Ter em conta a 2a. Leitura.
b) Histórico - através do estudo do texto, atingir o contexto histórico em que surgiu o texto ou em que
se deu o fato narrado pelo texto e analisar a situação histórica em dimensões como: econômica, social,
política, ideológica, afetiva, antropológica e outras...
Trata-se de descobrir os conflitos que estão na origem do texto ou nele se refletem para, assim perceber
melhor a encarnação da Palavra de Deus na realidade conflitiva da história humana, tanto deles, como
nossa.
c) Teológico - O que Deus tinha a dizer naquela situação histórica?
O que Deus significa para aquele povo? Como o povo assumia e celebrava a Palavra de Deus? Como
Deus se revelava?
Objetivo deste momento - tomar conhecimento do texto e seu contexto, para que possamos descobrir a
atualidade destas palavras para nós hoje. E ainda superar o fundamentalismo que distorce o sentido da
Palavra de Deus.
1.4 Trazer o texto para nós
O que Deus está dizendo hoje às nossas Igrejas, a cada pessoa? Que mudanças nos pede?
2. Ler as orações... relacioná-las com as leituras... o mistério celebrado.
3º PASSO - EXERCÍCIO DA CRIATIVIDADE
À luz dos passos anteriores:
Fazer surgir as idéias - tempestade mental (Colocar em comum as idéias a respeitos dos diversos
elementos: músicas: abertura e comunhão, salmo de resposta e aclamação, partes fixas, aclamações da
oração eucarística... Alguma ação simbólica relacionada ao tempo ou ao evangelho daquele domingo...)
 Selecionar as idéias - ritos, símbolos, cantos, gestos...
É preciso conhecer os elementos e a seqüência da celebração: dinâmica interna e lógica simbólica.
Como fazer isso na prática?
a. Retomar a sequência da celebração e o sentido de cada parte:
 Tipo de celebração
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 Participação do povo
 Os elementos celebrativos que caracterizam determinadas celebrações. Por exemplo, na vigília pascal -
rito do fogo com o anúncio pascal.
b. Por onde começar?
 Ritos iniciais - Como vai ser a entrada? A acolhida? O canto de entrada?
Oração da coleta nunca omitir, pois ela tem a função de reunir em forma de oração os sentimentos da
assembléia diante do Senhor.
 Liturgia da Palavra - Como vai ser? Qual o Salmo? O Evangelho vai ser cantado? Quem vai ler? Como
vai ser a homilia? Qual a aclamação? As preces como vai ser? A resposta vai ser cantada?
Ver os gestos. Ler da estante? Dar ênfase ao livro.
 Liturgia de ação de graças - eucarística - O prefácio vai ser cantado? O Santo? Qual? Qual a oração
eucarística? As respostas vão ser cantadas? Escolher o canto de comunhão - se possível sempre ligado ao
Evangelho.
Quem vai distribuir a comunhão? Valorizar o altar como mesa da comunhão.
 Ritos finais - Existem avisos? Quem vai falar? e a bênção final, como será feita?
4º PASSO - ELABORAR O ROTEIRO
Elaborar detalhadamente o roteiro a partir da seqüência:
Missa: Ritos iniciais – Liturgia da Palavra – Liturgia Eucarística – Ritos finais
Cel da Palavra: Ritos iniciais – Liturgia da Palavra - Ação de graças no Dia do Senhor –
Ritos finais
Ofício: Abertura, Recordação da vida, Hino, Salmodia, Leitura bíblica, Cântico evangélico, Preces,
bênção.
 “Passar em revista as diversas partes da celebração e registrar tudo em uma folha-roteiro que servirá
para os diversos ministros”. (Doc. 43, 227)
 Retomar a seqüência em ordem
 Ritos iniciais
 Ritos da Palavra
 Ritos da eucaristia
 Ritos finais
 Distribuir as tarefas - o que fazer antes, durante e depois da celebração. Quem faz o quê e quando.
5º PASSO: PREPARAÇÃO DOS MINISTROS E MINISTRAS
(Todos os ministérios e serviços que serão realizados na celebração)
Distribuição e preparação dos diversos ministérios a serem exercidos na celebração, levando em conta o
sentido do rito, a sua expressão simbólica, e a atitude que deve acompanhar a execução.
Laboratório Litúrgico ou vivência do rito, uma técnica apropriada
A técnica do laboratório litúrgico foi utilizada a princípio nos cursos de atualização em liturgia da
Faculdade de Teologia N.S. da Assunção em São Paulo.1
Inspirados nos laboratórios de teatro, os laboratórios litúrgicos, como no teatro, não são ensaios
nem representações de uma celebração. São a vivência experiencial de um determinado rito, realizada
fora da celebração como meio de formação litúrgica. Faz-se um “recorte” de determinado rito ou
elemento litúrgico, para ser vivenciado pessoal e comunitariamente.
O laboratório litúrgico tem dois grandes objetivos:
1) Conhecer e vivenciar a liturgia de maneira mais autêntica e profunda, a partir da busca da
unidade perdida entre: gesto corporal, sentido teológico-litúrgico e atitude afetiva, sob a ação do Espírito
Santo.

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Ver artigo de ORMONDE, D. Laboratório litúrgico: o que é, como se faz, por quê? In: CENTRO DE LITURGIA. Formação
litúrgica: como fazer, p. 36-41. Também mais recentemente o livro de BARONTO, L.E.P. Laboratório litúrgico: pela inteireza
do ser na vivência ritual, citado na bibliografia.
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2) Exercitar a criatividade na vivência dos ritos, não perdendo de vista o contexto cultural, social
e histórico no qual a comunidade celebrante está situada.2
O laboratório possui uma estrutura simples. Vejamos as etapas previstas para chegar aos objetivos
propostos:
1. Relaxamento ou aquecimento – Nesta etapa, os participantes são submetidos a alguns
exercícios de respiração, relaxamento muscular, ou outros exercícios específicos para trabalhar o corpo.
2. Sensibilização ou improvisação – O(a) moderador(a) orienta o grupo a experimentar, através
de encenação, gestos do cotidiano, ou gestos referentes a ritos sociais e/ou religiosos, que estão, de
alguma forma, ligados ao rito litúrgico que está sendo trabalhado. Por exemplo, se estivermos trabalhando
a fração do pão serão utilizados gestos de partilha do pão na vida familiar e social.
3. Atitudes e gestos do corpo que fazem parte do rito que está sendo trabalhado (experimentação
ritual) – Este é o núcleo do laboratório. É nesta etapa que mais se trabalha a busca da unidade perdida
entre o fazer (gesto), o sentir (atitude afetiva) e o pensar (sentido teológico-litúrgico).
4. Conversa dos três pontos: o gesto corporal, o sentido teológico-litúrgico e a atitude
afetiva/interior – Nesta etapa acontece uma maior sistematização dos elementos do rito trabalhado e sobre
a unidade entre o gesto, o sentido teológico-litúrgico e a atitude afetiva/interior.
5. Avaliação do laboratório – O grupo que realizou o laboratório é convidado a avaliar as etapas
realizadas anteriormente. Algumas questões são colocadas ao grupo para ajudar na avaliação: Os
objetivos foram realizados? O que foi importante para cada participante? Quais foram os momentos mais
proveitosos? Onde falhamos? Dificuldades encontradas?3
A prática prova que na verdade o laboratório é um instrumental valioso. Vale aplicá-lo, sabendo
que é preciso um aprofundamento maior sobre o mesmo como também treinamento para pessoas que
aplicam os laboratórios.
É muito válida a aplicação da técnica do laboratório para o treinamento de leitores, presidentes das
celebrações dominicais, salmistas, cantores, ministros extraordinários da comunhão e outros.
6º PASSO: AVALIAÇÃO DA CELEBRAÇÃO
1. Assembleia
a) Ocupação do espaço
b) Participação
Foi acolhida? Como ocupou o espaço? Foi devidamente constituída? Foi “introduzida”? Como participou
nas respostas, nos cantos, nos silêncios, nos gestos, na partilha, nas orações...? Houve envolvimento?
c) Exercício dos ministérios:
- Desempenho
- Atitude interior
- Relação com a assembléia
2. Mistério Celebrado
(O mistério pascal do Senhor na particularidade do tempo, ou da festa, e na circunstância da vida).
a) Nos cantos, nos símbolos, na expressão da assembléia, nas preces, na recordação da vida...
b) Como apareceu a relação do mistério celebrado com a vida? Em que momentos foram expressas as
experiências pascais nossas e do povo?
c) Foi orante, afetuosa?
3. Ações simbólicas
a) Ajudaram a criar uma atitude espiritual nos ministros e na assembléia?
b) Contribuíram para celebrar o mistério?
4. Canto e música
a) Adequados ao momento ritual?
b) Foram orantes?
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Cf. BARONTO, L.E. P. Laboratório litúrgico: pela inteireza do ser na vivência ritual, p. 29-30.
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Para a estrutura do laboratório litúrgico conferir BARONTO, L.E. P. Laboratório litúrgico: pela inteireza do ser na vivência
ritual, p. 32-47.
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c) Como foram entoados, cantados?
5. Ritualidade
a) Como foi realizado o rito?
b) Cada rito cumpriu sua função?
Outros elementos a serem observados
É importante observar as leis da dinâmica global da celebração: a lei do ritmo, a lei da duração e dos
contrastes, a lei da unidade (Jean LEBON. Para vivir la liturgia, Navarra, (Espanha), Ed. Verbo Divino, 1989, p. 159-
161)
“Na linguagem, mudando o ritmo, muda o sentido. Assim também na liturgia: se acentuamos demasiado
um rito em detrimento do outro acaba prejudicando a ação como todo. É preciso colocar os pontos altos
no lugar certo.
A duração não é só cronológica, mas sobretudo psicológica. Devemos sentir o quanto pode durar o
silêncio ou a homilia, ou a oração dos fiéis. Em geral, a monotonia gera desatenção e tédio (por exemplo,
a mesma pessoa fazendo várias coisas em seguida, o presbítero fazendo toda a oração eucarística num
mesmo tom e com o mesmo ritmo....). Os contrastes é que despertam a atenção (de
pé/sentados/caminhar/imobilidade, som/silêncio, música/palavra-cantada/palavra-falada, tom maior/tom
menor, lento/rápido, uma voz/várias vozes, penumbra/luz repentina...
O que pode ajudar a criar unidade num determinado “ritual” ou numa seqüência de celebrações, é
a repetição de um refrão ou de um elemento visual ou de um gesto simbólico... Por exemplo, a cruz com
faixa roxa durante toda a quaresma, ou um pequeno refrão que introduz as várias partes (rituais) de uma
celebração...” (Ione Buyst).

BIBLIOGRAFIA
BARONTO. Luiz Eduardo P. Preparando passo a passo a celebração: um método para as equipes de
celebração das comunidades. São Paulo, Paulus, 1997.
CNBB. Animação da vida litúrgica no Brasil. São Paulo, Paulinas, 1989 (Doc. CNBB 43) n. 203-28.
CARPANEDO, Penha. Preparação de uma celebração. In: Revista de Liturgia. São Paulo, (111): 72-4,
maio/jun. 1992.

Ir. Veronice Fernandes, pddm


Irmãs Pias Discípulas do Divino Mestre
E:mail: veronice@piasdiscipulas.org.br

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