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2. Constituição da República Federativa do Brasil: Art. 1º, 3º ao 17, 197 ao 232. ............................................... 11
3. Lei nº 9.459, de 10 de março de 1997, define os crimes de preconceito de raça e de cor. ............................. 30
4. Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997, define os crimes de tortura e dá outras providências. ........................... 31
5. Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, estabelece normas para a organização e a manutenção de programas
especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas: Art. 1º ao 15. ........................................................... 32
6. Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003, Estatuto do Idoso, Art. 1º ao 10, 15 ao 25, 33 ao 42 e 95 ao 118.. 36
7. Lei Estadual nº 14.170, de 15 de janeiro de 2002, determina a imposição de sanções a pessoa jurídica por ato
discriminatório praticado contra pessoa em virtude de sua orientação sexual. ......................................................... 45
8. Decreto nº 43.683, de 10 de dezembro de 2003, regulamenta a Lei Estadual nº 14.170 de 15/01/2002. ....... 46
Questões ............................................................................................................................................................... 49
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos consolida os valores relativos aos direitos humanos,
tratando dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais. Referida Declaração foi aprovada
pela Resolução 217 da Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 10 de dezembro de 1948.
O objetivo da declaração é proteger os direitos de todas as pessoas, sem distinção e seus 30 artigos
falam sobre o direito ao trabalho, à saúde, à alimentação, à educação e direitos sociais econômicos e
culturais, bem como o direito à vida, a segurança social, à liberdade, direito de ir e vir, liberdade de
expressão e pensamento e, por fim, direitos políticos.
Aprovada pela Res. nº 217, durante a 3ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da ONU, em
Paris, França, em 10-12-1948.
A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por
todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da
sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação,
por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de
caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
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Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm, acesso em: 25/06/2015
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universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos
dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo 1º
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Comentário: Como fundamento inicial, a DUDH, traz o reconhecimento das dimensões que se referem
aos princípios da liberdade e da igualdade. Este artigo também faz reconhecimento explícito sobre a
razão e consciência como fundamentos essenciais à pessoa humana e estabelece a necessidade de
reciprocidade no tratamento, ou seja, espírito de fraternidade.
Aristóteles vinculou a ideia de igualdade à ideia de justiça, mas, nele. Trata-se de igualdade de justiça
relativa que dá a cada um o seu, uma igualdade - como nota Thomé — impensável sem a desigualdade
complementar e que é satisfeita se o legislador tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual
os desiguais.2
O assunto também foi tratado no Art. 5º, caput, da Constituição Federal:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
Artigo 2º
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.
Comentário: O texto declaratório está focado na igualdade, sob uma perspectiva de condenar a
distinção, mas deixa a desejar pois não menciona mecanismos visando abolir ou reduzir algumas formas
de distinção, o que coube à pactos e convenções específicas.
Proclamar esse primeiro, inviolável, direito, mãe de todos os direitos humanos, abre-nos a uma
perspectiva da humanidade como verdadeira fraternidade. Já alguém recordou oportuna mente que os
direitos humanos são muito mais que uma realidade jurídica, enquanto refletem um ‘dever ser’, uma
desafiadora prospectiva que a humanidade se impõe para respeitar sua própria dignidade; para ser uma
humanidade não apenas hominizada, mas plenamente humanizada.3
Por sua vez, a Constituição Federal abriga a mesma veemente condenação, colocando homens e
mulheres iguais em direitos e obrigações, garantindo a liberdade religiosa, a convicção filosófica ou
política, punindo severamente as práticas de racismo.
Artigo 3º
Comentário: Sem sombras de dúvida a vida é o bem mais precioso da pessoa humana, e assim sendo,
recebeu lugar de destaque entre os direitos à serem protegidos, tanto na DUDH, como em todas as leis
ao redor do mundo.
Nas palavras de José Afonso da Silva4, o direito à existência consiste no direito de estar vivo, de lutar
peio viver, de defender a própria vida, de permanecer vivo. É o direito de não ter interrompido o processo
2
Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/c1.html, Acesso em: 02/07/2015
3
Dom Pedro Casaldáliga. Direitos Humanos: Conquistas e Desafios, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/2.html, Acesso em: 02/07/2015
4
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/3.html, Acesso em: 02/07/2015
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vital senão pela morte espontânea e inevitável. Existir é o movimento espontâneo contrário ao estado
morte.
A vida humana não é apenas um conjunto de elementos materiais. Integram-na, outrossim, valores
imateriais, como os morais. A Constituição, mais que as outras, realçou o valor da moral individual,
tornando-a mesmo um bem indenizável (art. 5º - V e X). A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o
bom nome, a boa fama, a reputação que integram a vida humana como dimensão imaterial.
A liberdade aparece em conjunto com o direito à vida, por se tratar de pressuposto básico para que
haja desenvolvimento intelectual e material. Esta liberdade não pode ser vista como atributo da igualdade,
mas trata-se de um direito essencial do indivíduo, formando o trio de direitos pessoais essenciais do
indivíduo: vida, liberdade e segurança pessoal, direitos estes que visam proporcionar à pessoa as
condições mínimas de sobrevivência.
Nossa Constituição Federal reproduz de forma extremamente fiel esses três preceitos declaratórios,
principalmente reproduzidos no Art. 5º.
Artigo 4º
Comentário: O combate à escravidão tem como preceitos a liberdade e a legalidade, o que busca
impedir que alguém seja tolhido de seus direitos básicos em nome de uma pretensa superioridade, seja
ela física, racial ou mesmo econômica.
A escravidão é o estado ou a condição a que é submetido um ser humano, para utilização de sua força,
em proveito econômico de outrem.5
Conforme ensina René Ariel Dotti6, em senso comum, a servidão implica numa relação de dependência
de uma pessoa sobre outra que é o servo ou escravo. Sociologicamente, o vocábulo é empregado para
traduzir a relação de dependência entre um grupo ou camada social sobre outra como ocorre na
aristocracia e que é submetida ao pagamento de tributos e a obrigação de prestar serviços.
Artigo 5º
Comentário: A proibição quanto à tortura, já vinha estabelecida no Código de Hamurabi, em seu Art.
19: Desde já, ficam abolidos ao açoites, a tortura, a marca de ferro quente e todas as mais penas cruéis.
Em seu livro Direitos Humanos – Conquistas e Desafios7, o rabino Henry Sobel afirma que a tortura,
um crime inafiançável de acordo com a Constituição brasileira, continua a ser praticada pelos agentes do
Estado, aviltando toda a polícia. O espancamento, o choque elétrico e o pau-de-arara são técnicas usadas
rotineiramente para esclarecer crimes. O tratamento nas prisões é cruel, desumano e degradante. As
condições nas penitenciárias e nas cadeias públicas do país são abomináveis.
O conceito específico de tortura vem tratado na Convenção Internacional contra a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes, e no âmbito interno, está regulamentado na
Lei nº 9.455/1997, faz sua própria conceituação, baseada na convenção citada.
Artigo 6º
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
Comentário: O presente dispositivo traz como premissa reconhecer que toda pessoa, todos os
indivíduos, sem qualquer tipo de distinção, devem ser tratados como pessoa humana, o que significa
existir uma consideração implícita no sentido de que todos, se refere à todas as pessoas.
Pode-se afirmar que ser considerado como pessoa é um pressuposto no qual se amparam os
legisladores e que é a base para todos os outros direitos afirmados aqui.
5
Direitos Humanos e Cidadania, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html, Acesso em 02/07/2015
6
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/4.html, Acesso em 02/07/2015
7
SOLBEL, Henry. Direitos Humanos – Conquistas e Desafios, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/5.html, Acesso: 02/07/2015
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Todo ser dotado de vida é indivíduo, isto é: algo que não se pode dividir, sob pena de deixar de ser. O
homem é um indivíduo, mas é mais que isto, é uma pessoa. (...) Por isso é que ela constitui a fonte
primária de todos os outros bens jurídicos8.
Artigo 7º
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei.
Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração
e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Comentário: Aqui nota-se que a princípio da igualdade foi novamente abordado, reafirmando-o,
contudo em caráter mais específico, visando a proteção legal, tanto em face da própria discriminação,
quanto em face à proteção contra qualquer tipo de incitamento à qualquer discriminação.
Artigo 8º
Toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes recurso efetivo para os
atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
lei.
Artigo 9º
Artigo 10
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminal contra ela.
Comentário: Mais uma vez a DUDH invoca o princípio da igualdade, agora combinado com a
independência e à imparcialidade perante à Justiça, visando garantir que decisões sejam emanadas por
um tribunal, visando também impedir a existência de tribunal de exceção.
Este dispositivo reconhece a instituição do júri para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, onde
é possível assegurar a plena defesa, o sigilo das votações e a soberania dos veredictos.
A Declaração é expressa: assegura a qualquer pessoa direito de audiência junto ao poder judiciário,
que é independente e imparcial, não só por torça da investidura de seus membros, na carreira, por
8
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/6.html, Acesso em 02/07/2015
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concurso de títulos e provas, mas também por pertencer a um poder que, pela Constituição, não é
subordinado a nenhum outro. A independência do juiz é absoluta e mesmo na hierarquia judiciária ele
não deve obediência a magistrados superiores. O seu julgamento deve seguir exclusivamente o seu
entendimento, de acordo com a sua consciência9.
Artigo 11
§ 1º Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que
a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
§ 2º Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não
constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais
forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Comentário: Em um primeiro momento, este artigo da DUDH aborda o princípio da presunção de não
culpabilidade, situação em que o Estado deve comprovar a culpa do indivíduo, produzindo as provas
necessárias para tal.
Conforme ensina Dotti10, a presunção de inocência é um dos princípios relativos à prova e que incide
no sistema de processo penal, salvo as exceções determinadas na lei (prisão provisória, busca e
apreensão, violação do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas etc.).
Diante deste dispositivo, percebe-se que o Estado Democrático de Direito pressupõe a existência de
interligação entre o princípio aqui estabelecido e os princípios do devido processo legal, da ampla defesa
e do contraditório.
A segunda parte deste dispositivo consagra o princípio da reserva legal e o princípio da anterioridade
em matéria penal, o que significa dizer que fixam a obrigatoriedade da existência prévia de lei restritiva,
sendo que só assim será possível considerar uma conduta como delituosa, e esta somente poderá ser
punida se houver estipulação prévia da punição cabível.
Artigo 12
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na de sua família, no seu lar ou na
sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção
da lei contra tais interferências ou ataques.
Comentário: Este artigo abriga o direito à inviolabilidade da vida privada de cada indivíduo, o que
inclui sua intimidade, a honra, a reputação, sendo que este direito se estende à casa e à família, incluindo
também o direito à proteção da lei contra atos que possam, de alguma forma, violar essa garantia.
José Afonso da Silva11 ensina que a vida privada, em última análise, integra a esfera íntima da pessoa,
porque é repositório de segredos e particularidades do foro moral e íntimo do indivíduo. A tutela
constitucional visa proteger as pessoas de dois atentados particulares:
(a) ao segredo da vida privada; e
(b) à liberdade da vida privada
Artigo 13
§ 1º Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de
cada Estado.
§ 2º Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
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Neste direito estão compreendidos o direito de acesso, de ingresso e de trânsito em todo o território
nacional, incluindo também o direito de permanência e saída do país, cabendo a escolha apenas à
conveniência pessoal.
É bastante claro que se trata de um preceito que deriva do princípio da liberdade, tratando de confirmar
a natureza humana de movimentar-se ou deslocar-se de um lugar à outro, garantindo assim, a
permanência pelo tempo que desejar, podendo estabelecer residência conforme sua vontade.
Artigo 14
§ 1º Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros
países.
§ 2º Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Comentário: Os preceitos aqui descritos podem ser conferidos, de forma genérica, no § 2º, do Art. 5º
da Constituição Federal e complementadas pelo Art. 4º, X, também da Constituição Federal.
A intensão do legislador foi garantir o trânsito entre os países, voltado para aqueles que se encontram
em situação precária, dada a perseguição, seja ela política, militar ou mesmo social.
O próprio dispositivo traz a exceção no sentido de que não será considerado como perseguido aquele
que cometeu crime, seja ele elencado na legislação comum ou crime contra os Direitos Humanos, sendo
que nesses casos, o autor do crime deverá responder por eles.
Artigo 15
Comentário: O presente dispositivo tem como finalidade garantir que todas as pessoas possam ter os
direitos conferidos ao cidadão de cada Estado, impedindo a existência dos chamados apátridas, o que
significa dizer que todas as pessoas tem direito a estar oficialmente vinculadas à um Estado ou país, o
que vai lhe garantir que possa gozar dos direitos e garantias constituídas por aquele.
Este dispositivo está plenamente formalizado na Constituição Federal, em seu Art. 12, I e II, garantindo
também o direito à nacionalidade.
Artigo 16
Artigo 17
Comentário: O mundo ocidental sempre buscou mecanismos de proteger a propriedade, sendo esta
bastante enaltecida pelas sociedades capitalistas, mas também foi objeto de regramento em sociedades
africanas e asiáticas. Desta forma, considerou-se a propriedade como um princípio essencial para o
desenvolvimento da atividade humana, como resultado de seu trabalho e de sua capacidade.
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Em um primeiro momento, a propriedade era tratada como bem absoluto, permitindo que seu senhor
praticasse quaisquer tipos de atos. Conforme a evolução e a necessidade de proteção surgiram, passou-
se a dar maior limitação à propriedade. Atualmente o direito à propriedade, bem como o direito de uso da
mesma, está restringido principalmente pelo princípio da função social, sendo que ao proprietário cabe o
uso e gozo de seu bem desde que de maneira que não cause distúrbios à coletividade.
Artigo 18
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a
liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em
particular.
Comentário: Trata-se de mais um princípio que reforça a liberdade, em termos gerais, e que a
concretiza em termos específicos ao determinar que cada indivíduo terá liberdade de pensamento, e
como consequência, também tem liberdade de consciência e de religião.
Por liberdade de pensamento, entende-se como o direito de exprimir, por qualquer forma, o que se
pense em ciência, religião, arte, ou o que for’. Trata-se de liberdade de conteúdo intelectual e supõe o
contato do indivíduo com seus semelhantes, pela qual ‘o homem tenda, por exemplo, a participar a outros
suas crenças, seus conhecimentos, sua concepção do mundo, suas opiniões políticas ou religiosas, seus
trabalhos científicos12.
No direito pátrio, a Constituição Federal não traz explicitamente o direito à liberdade de pensamento,
mas o utiliza como pressuposto para garantir a sua manifestação, que está expressamente garantida na
Carta Maior. Como decorrência lógica, tem-se ainda a liberdade de expressão, que também é garantida.
Artigo 19
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por
quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo 20
Comentário: O dispositivo busca a garantia da liberdade, tanto de reunião como de associação, uma
vez que se tratam de coisas distintas. Para Alexandre de Moraes14, o direito de reunião é uma
manifestação coletiva da liberdade de expressão, exercitada por meio de uma associação transitória de
pessoas e tendo por finalidade o intercâmbio de ideias, a defesa de interesses, a publicidade de
problemas e de determinadas reivindicações. O direito de reunião apresenta-se, ao mesmo tempo, como
12
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/18.html, Acesso em: 02/07/2015
13
MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/19.html, Acesso em: 02/07/2015
14 MORAES, Alexandre. Direitos Humanos Fundamentais, Disponível em:
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um direito individual em relação a cada um de seus participantes e um direito coletivo no tocante a seu
exercício conjunto.
O direito de reunião tem como pressuposto a pluralidade de participantes e também uma noção de
duração limitada no tempo, pois se assim não fosse, estaríamos diante de uma associação.
O Art. 5º da Constituição Federal tem dispositivos garantindo as duas coisas, reunião e associação, e
impõe limites quanto à sua finalidade, exigindo que estas sejam realizadas com propósitos pacíficos.
Artigo 21
§ 1º Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
§ 2º Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
§ 3º A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente
que assegure a liberdade de voto.
Comentário: Este dispositivo traz três postulados básicos, que visam garantir o livre exercício dos
direitos políticos.
Os direitos políticos estão fundamentados pelo princípio da soberania popular e devem ser entendidos
como meios de garantir que cada cidadão possa participar das decisões políticas de seu país, bem como
ser capaz de votar e ser votado e ainda, garantia de um sistema eleitoral claro, que permita o acesso
amplo para todos.
Artigo 22
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo
esforço nacional, pela cooperação internacional de acordo com a organização e recursos de cada
Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre
desenvolvimento da sua personalidade.
Comentário:. Este dispositivo afirma que todos tem direito à seguridade social, o que está
fundamentado no fato de que cada pessoa tem a condição de membro da sociedade. A referida
seguridade social é destinada a promover a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais,
entendidos como indispensáveis à dignidade humana.
Cabe a cada Estado a promoção destes direitos, dentro de sua organização e respeitando os limites
de seus recursos, sendo possível a cooperação internacional para que se possa atingir as metas.
Artigo 23
§ 1º Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
§ 2º Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
§ 3º Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que
se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
§ 4º Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para a proteção de seus
interesses.
Comentário:. Este dispositivo traz uma melhor especificação do princípio da liberdade e ainda, um
reforço da proibição com relação à escravidão. Trata-se de dispositivo que permite que cada indivíduo
busque seu trabalho digno e as condições que melhor lhe aprouverem para realização do mesmo.
Importante notar que há um reforço quanto à igualdade, ao se estabelecer que não podem haver
distinções salariais.
A Constituição Federal contempla tal dispositivo, regulamentando em seus Arts. 7º à 11, que traz os
princípios básicos quanto às relações de trabalho.
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Artigo 24
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho
e a férias periódicas remuneradas.
Artigo 25
§ 1º Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde
e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice
ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
§ 2º A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as
crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Comentário: Trata-se de disposição de amplo aspecto e que enfrenta grandes obstáculos para sua
implementação. O que se busca é a garantia de todos os aspectos da vida do indivíduo e para isso
determina direito a um padrão de vida, o que seria o mínimo necessário para que se tenha uma vida
digna.
O dispositivo especifica alguns direitos, contudo deve-se salientar que em termos gerais, todos já foram
tratados anteriormente. No direito pátrio, encontram-se positivados nos artigos 6º a 9º e 226 a 230 da
Constituição Federal.
Artigo 26
§ 1º Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
§ 2º A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana
e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz.
§ 3º Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a
seus filhos.
Comentário:. A educação, enquanto direito fundamental da pessoa humana, é algo que foi
consolidado somente nos tempos modernos e de forma bastante elitista e excludente, sendo que na
prática, não permitia o acesso das classes inferiores.
Conforme ensina Cesare de Florio La Rocca15, a formulação adotada pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos é, ao mesmo tempo, genérica, abrangente e específica. Nela aparecem claramente as
dimensões instrução, da formação, da expansão. Poderíamos afirmar que o artigo 26 conseguiu resumir
em seu texto o objetivo fundamental da educação que é o de educar para a vida. E não apenas a vida do
cotidiano, e sim desse, inserido de maneira dinâmica, construtiva e participativa na própria caminhada
existencial do gênero humano.
Artigo 27
§ 1º Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
15 LA ROCCA, Cesare de Florio. Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em:
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/orocca.html, Acesso em 03/07/2015
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§ 2º Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Comentário: Este dispositivo apresenta dois preceitos básicos, sendo que o primeiro está voltado para
a garantia do direito de participação na vida cultural, incluindo as artes e processos científicos. Já o
segundo preceito refere-se à garantia dos interesses morais, tido como subjetivos, e materiais, objetivos,
relativos à produção cultural.
Trata-se de direito bastante recente. O direito à propriedade imaterial é manifestado com o
reconhecimento dos direitos que protegem todas as formas de uso de obras intelectuais, artísticas ou
científicas.
Artigo 28
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades
estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Comentário:. Aqui tem-se que a efetiva realização dos direitos do homem tem como precondição a
existência de uma ordem social interna em cada país que reúna as condições essenciais para que possa
ser reivindicado o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, e ainda, uma ordem
internacional de coexistência dos países entre si que assegure a cada um deles uma realidade em que
se atenda ao pleno exercício dos direitos e das liberdades consagrados na Declaração16.
Os autores da DUDH, sabiamente percebem que a proteção aos direitos estabelecidos nesta, pode
ser frustrada se não houver, formalmente, um quadro interno e externo, em que seja possível cultuar o
respeito aos direitos de cada indivíduo.
Artigo 29
§ 1º Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento
de sua personalidade é possível.
§ 2º No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações
determinadas por lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública
e do bem-estar de uma sociedade democrática.
§ 3º Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente
aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Comentário: Trata-se de fixar expressamente os deveres de cada indivíduo para com a comunidade,
numa forma de contrapartida em face dos direitos anteriormente assegurados.
Nas palavras de DOTTI17, os indivíduos têm deveres para com a sua família e a sociedade onde vivem
assim como são titulares de direitos cujo reconhecimento e proteção não dependem somente do Estado
mas também de todos os cidadãos. Daí porque os deveres comunitários constituem um caminho de dupla
via.
Artigo 30
Comentário: Este último dispositivo, que fecha a DUDH, busca manter aberta as possibilidades de
concretizar outros valores que possam estar presentes no discurso jurídico politicamente utilizável.
Em termos de técnica legislativa, inova, se confrontada com textos constitucionais nacionais e normas
internacionais. E justamente porque abandonou o esquema de democracia formal: proclamar direitos e
remeter, para um possível interior do próprio texto (Constituição ou Tratado), ou para princípios existentes
em dado sistema legal, o conteúdo do direito apontado mas não definido18.
16
Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em:
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/lavenere.html, Acesso em: 03/07/2015
17
DOTTI, René Ariel, Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/sc/scdh/parte2/xxx/29.html, Acesso em: 03/07/2015
18
Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU – Artigos Comentados, Disponível em:
http://dhnet.org.br/direitos/deconu/coment/pinaude.html, Acesso em: 03/07/2015
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2. Constituição da República Federativa do Brasil: Art. 1º, 3º ao
17, 197 ao 232.
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
(...)
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.
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TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será
objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
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XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do
"de cujus";
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura ,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;
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XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante
o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
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b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão.
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
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XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho;
a) (Revogada).
b) (Revogada).
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
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CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
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I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores
ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
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§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei.
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
Seção II
DA SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor,
nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e
serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser
inferior a 15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere
o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as
parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 86, de 2015)
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a
progressiva redução das disparidades regionais;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal,
estadual, distrital e municipal;
IV - (revogado). § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes
comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de
acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para
os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de
combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira
complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso
salarial.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o
servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate
às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em
lei, para o seu exercício.
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§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde,
segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas
com fins lucrativos.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência
à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e
substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento
e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar
da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como
bebidas e águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Seção III
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e
de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá,
nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,
observado o disposto no § 2º.
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado
terá valor mensal inferior ao salário mínimo.
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente
atualizados, na forma da lei.
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
real, conforme critérios definidos em lei.
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo,
de pessoa participante de regime próprio de previdência.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do
mês de dezembro de cada ano.
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
as seguintes condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em
cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades
em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para
o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio. § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a
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contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e
urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente,
segundo critérios estabelecidos em lei.
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado.
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito
de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de
baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no
âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a
benefícios de valor igual a um salário-mínimo.
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e
carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social.
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma
em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas
que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de
entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos
planos.
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos,
regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de
trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a
remuneração dos participantes, nos termos da lei.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e
outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua
contribuição normal poderá exceder a do segurado.
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios,
inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou
indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada, e suas
respectivas entidades fechadas de previdência privada.
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às empresas
privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras
de entidades fechadas de previdência privada.
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo estabelecerá os requisitos para a designação
dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência privada e disciplinará a inserção dos
participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão
e deliberação.
Seção IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração
à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
conforme dispuser a lei.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do
orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base
nas seguintes diretrizes:
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I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal
e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a
entidades beneficentes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas
e no controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão
e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
Seção I
DA EDUCAÇÃO
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e
privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira,
com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos
de lei federal.
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da
educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira,
no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa
responsabilidade da autoridade competente.
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§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada
e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar
formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades
indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração
seus sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de
ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma
a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino
obrigatório.
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo
previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão considerados os sistemas
de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do
ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos
termos do plano nacional de educação.
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII,
serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do
salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei.
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação serão
distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas
redes públicas de ensino.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional,
ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino
fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando
houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando
o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por
universidades e/ou por instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio
financeiro do Poder Público.
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Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de
articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas
e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus
diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes
esferas federativas que conduzam a:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do
produto interno bruto.
Seção II
DA CULTURA
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das
de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes
segmentos étnicos nacionais.
3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento
cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II produção, promoção e difusão de bens culturais;
III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
IV democratização do acesso aos bens de cultura;
V valorização da diversidade étnica e regional.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas
de acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as
providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos
antigos quilombos.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até
cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos
culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
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por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos
culturais.
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura e nas suas diretrizes,
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios:
I - diversidade das expressões culturais; II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais; III
- fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área cultural;
V - integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas;
VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;
VII - transversalidade das políticas culturais;
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;
IX - transparência e compartilhamento das informações;
X - democratização dos processos decisórios com participação e controle social;
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura.
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas respectivas esferas da Federação:
I - órgãos gestores da cultura;
II - conselhos de política cultural;
III - conferências de cultura;
IV - comissões intergestores;
V - planos de cultura;
VI - sistemas de financiamento à cultura;
VII - sistemas de informações e indicadores culturais;
VIII - programas de formação na área da cultura; e
IX - sistemas setoriais de cultura.
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema Nacional de Cultura, bem como de sua
articulação com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de governo. § 4º Os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios organizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis próprias.
Seção III
DO DESPORTO
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada
um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e
funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos
específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após
esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo,
para proferir decisão final.
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
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se ocupem meios e condições especiais de trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85,
de 2015)
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada
ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de
remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos
econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a
entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput , estimulará a articulação entre entes,
tanto públicos quanto privados, nas diversas esferas de governo.
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das instituições públicas de ciência,
tecnologia e inovação, com vistas à execução das atividades previstas no caput.
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o
desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do
País, nos termos de lei federal.
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem
como nos demais entes, públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e polos
tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores independentes e
a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia.
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão firmar instrumentos de
cooperação com órgãos e entidades públicos e com entidades privadas, inclusive para o
compartilhamento de recursos humanos especializados e capacidade instalada, para a execução de
projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecnológico e de inovação, mediante contrapartida
financeira ou não financeira assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei.
Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em regime
de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento
científico e tecnológico e a inovação.
§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão concorrentemente sobre suas
peculiaridades.
CAPÍTULO V
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma,
processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação
jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e
XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
§ 3º Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre
inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem
de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da
propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias
estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que
necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou
oligopólio.
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes
princípios:
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I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua
divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos
em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o
serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos
sistemas privado, público e estatal.
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento
da mensagem.
§ 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois
quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso
Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão
judicial.
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze
para as de televisão.
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão
auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies
e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
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V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e
a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições
que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem
o que não poderão ser instaladas.
CAPÍTULO VII
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do
jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador
de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens
e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de
discriminação.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de
fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras
de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
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III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação
processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa
em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos
termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem
dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições
de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto
no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá:
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do
poder público para a execução de políticas públicas.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o
dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando
sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à
vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições,
e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las,
proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente,
as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-
lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra
das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da
lavra, na forma da lei.
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso
Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da
soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno
imediato logo que cesse o risco.
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação,
o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo,
dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que
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dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra
a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo
em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor, e acrescenta parágrafo ao art. 140 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940
Art. 1º Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passam a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional."
"Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação
social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a
destruição do material apreendido."
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4. Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997, define os crimes de
tortura e dá outras providências.
Considerações iniciais:
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I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de
60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Considerações iniciais:
A Lei n 9.807/99 não impôs nenhuma restrição aos tipos penais que justificariam maior proteção às
vítimas ou testemunhas. Não há qualquer referência a um tipo de crime em especial.
Diversos são os requisitos que devem ser cumpridos para que as vítimas e testemunhas coagidas
possam ingressar nos Programas de Proteção19:
a) situação de risco: a pessoa deve estar coagida ou exposta à grave ameaça, física ou psicológica;
b) relação de causalidade: a situação de risco deve decorrer da colaboração prestada ao processo em
que figura como vítima ou testemunha;
c) personalidade e conduta compatíveis: os incluídos nos programas devem ostentar comportamento
compatível com as diversas restrições inerentes à sistemática de proteção, sob pena de colocar em risco
os demais protegidos;
d) inexistência de limitações à liberdade: revela-se necessário que as vítimas ou testemunhas estejam
no gozo pleno de sua liberdade, uma vez que, após aceitas no programa, ficam submetidas a uma série
de restrições. Dessa forma, de acordo com o art. 2º, § 2º, da Lei nº 9.807/99, ficam excluídos os
condenados que estão cumprindo pena e os presos cautelares;
e) anuência do protegido: o ingresso no programa, bem como as restrições de segurança e demais
medidas, serão sempre precedidas pela concordância da pessoa a ser protegida, ou de seu representante
legal, que serão expressas em Termo de Compromisso assinado no momento da inclusão.
A coação ou ameaça pode se dar por utilização da força física ou de natureza psicológica, devendo se
revestir de conteúdo idôneo e sério para causar um mal.
O temor da vítima ou testemunha não exige uma prova perfeita, mas razoável, que se faça presumir
mínima e fundamentadamente uma situação de risco à testemunha ou vítima. O perigo que afeta a
testemunha deve ser grave, ou seja, a declaração no processo deve lhe colocar em uma situação de risco
por um mal provável, para ele, para sua família ou para seus bens.
19
TOURINHO NETO, Fernando da Costa. Efetivação da justiça e proteção a testemunhas. Revista do Tribunal Regional Federal da Primeira
Região, Brasília, p. 34, jan. 2008.
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O ingresso da vítima ou testemunha nos programas deve ser totalmente voluntário. Em nenhuma
hipótese admite-se que o ameaçado seja obrigado a fazer parte de um programa protetivo. É o próprio
indivíduo que decide como proceder, podendo perfeitamente não aceitar as restrições impostas pelos
programas, optando por colocar em risco a prova de determinado processo, ao escolher não se preservar.
De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.807/99, as medidas de proteção podem ser requeridas por vítimas
ou testemunhas que estejam coagidas e expostas à ameaça em razão de colaborarem com a investigação
ou processo criminal.
De acordo com o disposto no art. 2, § 1, da Lei nº 9.807/99, as medidas de proteção podem alcançar
não apenas a própria vítima ou testemunha, mas também seu cônjuge ou companheiro, ascendente,
descendente ou qualquer dependente que conviva habitualmente, conforme especificamente em cada
caso. Considerando o § 2º do art. 2 da Lei nº 9.807/99, os indivíduos devem possuir conduta e
personalidade compatíveis com as diversas limitações impostas pelos programas de proteção, sob pena
de exclusão.
As medidas previstas na Lei nº 9.807/99 são divididas em assistenciais, de segurança ou protetivas,
conforme disposição dos artigos 7º e 9º.
CAPÍTULO I
DA PROTEÇÃO ESPECIAL A VÍTIMAS E A TESTEMUNHAS
Art. 1o As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por testemunhas de crimes que estejam
coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal
serão prestadas pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal, no âmbito das respectivas
competências, na forma de programas especiais organizados com base nas disposições desta Lei.
§ 1o A União, os Estados e o Distrito Federal poderão celebrar convênios, acordos, ajustes ou termos
de parceria entre si ou com entidades não-governamentais objetivando a realização dos programas.
§ 2o A supervisão e a fiscalização dos convênios, acordos, ajustes e termos de parceria de interesse
da União ficarão a cargo do órgão do Ministério da Justiça com atribuições para a execução da política
de direitos humanos.
Art. 2o A proteção concedida pelos programas e as medidas dela decorrentes levarão em conta a
gravidade da coação ou da ameaça à integridade física ou psicológica, a dificuldade de preveni-las ou
reprimi-las pelos meios convencionais e a sua importância para a produção da prova.
§ 1o A proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge ou companheiro, ascendentes,
descendentes e dependentes que tenham convivência habitual com a vítima ou testemunha, conforme o
especificamente necessário em cada caso.
§ 2o Estão excluídos da proteção os indivíduos cuja personalidade ou conduta seja incompatível com
as restrições de comportamento exigidas pelo programa, os condenados que estejam cumprindo pena e
os indiciados ou acusados sob prisão cautelar em qualquer de suas modalidades. Tal exclusão não trará
prejuízo a eventual prestação de medidas de preservação da integridade física desses indivíduos por
parte dos órgãos de segurança pública.
§ 3o O ingresso no programa, as restrições de segurança e demais medidas por ele adotadas terão
sempre a anuência da pessoa protegida, ou de seu representante legal.
§ 4o Após ingressar no programa, o protegido ficará obrigado ao cumprimento das normas por ele
prescritas.
§ 5o As medidas e providências relacionadas com os programas serão adotadas, executadas e
mantidas em sigilo pelos protegidos e pelos agentes envolvidos em sua execução.
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1141721 E-book gerado especialmente para VICTOR IURI
Art. 3o Toda admissão no programa ou exclusão dele será precedida de consulta ao Ministério Público
sobre o disposto no art. 2o e deverá ser subsequentemente comunicada à autoridade policial ou ao juiz
competente.
Art. 4o Cada programa será dirigido por um conselho deliberativo em cuja composição haverá
representantes do Ministério Público, do Poder Judiciário e de órgãos públicos e privados relacionados
com a segurança pública e a defesa dos direitos humanos.
§ 1o A execução das atividades necessárias ao programa ficará a cargo de um dos órgãos
representados no conselho deliberativo, devendo os agentes dela incumbidos ter formação e capacitação
profissional compatíveis com suas tarefas.
§ 2o Os órgãos policiais prestarão a colaboração e o apoio necessários à execução de cada programa.
Art. 5o A solicitação objetivando ingresso no programa poderá ser encaminhada ao órgão executor:
I - pelo interessado;
II - por representante do Ministério Público;
III - pela autoridade policial que conduz a investigação criminal;
IV - pelo juiz competente para a instrução do processo criminal;
V - por órgãos públicos e entidades com atribuições de defesa dos direitos humanos.
§ 1o A solicitação será instruída com a qualificação da pessoa a ser protegida e com informações sobre
a sua vida pregressa, o fato delituoso e a coação ou ameaça que a motiva.
§ 2o Para fins de instrução do pedido, o órgão executor poderá solicitar, com a aquiescência do
interessado:
I - documentos ou informações comprobatórios de sua identidade, estado civil, situação profissional,
patrimônio e grau de instrução, e da pendência de obrigações civis, administrativas, fiscais, financeiras
ou penais;
II - exames ou pareceres técnicos sobre a sua personalidade, estado físico ou psicológico.
§ 3o Em caso de urgência e levando em consideração a procedência, gravidade e a iminência da
coação ou ameaça, a vítima ou testemunha poderá ser colocada provisoriamente sob a custódia de órgão
policial, pelo órgão executor, no aguardo de decisão do conselho deliberativo, com comunicação imediata
a seus membros e ao Ministério Público.
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1141721 E-book gerado especialmente para VICTOR IURI
Art. 9o Em casos excepcionais e considerando as características e gravidade da coação ou ameaça,
poderá o conselho deliberativo encaminhar requerimento da pessoa protegida ao juiz competente para
registros públicos objetivando a alteração de nome completo.
§ 1o A alteração de nome completo poderá estender-se às pessoas mencionadas no § 1o do art.
o
2 desta Lei, inclusive aos filhos menores, e será precedida das providências necessárias ao resguardo
de direitos de terceiros.
§ 2o O requerimento será sempre fundamentado e o juiz ouvirá previamente o Ministério Público,
determinando, em seguida, que o procedimento tenha rito sumaríssimo e corra em segredo de justiça.
§ 3o Concedida a alteração pretendida, o juiz determinará na sentença, observando o sigilo
indispensável à proteção do interessado:
I - a averbação no registro original de nascimento da menção de que houve alteração de nome
completo em conformidade com o estabelecido nesta Lei, com expressa referência à sentença
autorizatória e ao juiz que a exarou e sem a aposição do nome alterado;
II - a determinação aos órgãos competentes para o fornecimento dos documentos decorrentes da
alteração;
III - a remessa da sentença ao órgão nacional competente para o registro único de identificação civil,
cujo procedimento obedecerá às necessárias restrições de sigilo.
§ 4o O conselho deliberativo, resguardado o sigilo das informações, manterá controle sobre a
localização do protegido cujo nome tenha sido alterado.
§ 5o Cessada a coação ou ameaça que deu causa à alteração, ficará facultado ao protegido solicitar
ao juiz competente o retorno à situação anterior, com a alteração para o nome original, em petição que
será encaminhada pelo conselho deliberativo e terá manifestação prévia do Ministério Público.
Art. 10. A exclusão da pessoa protegida de programa de proteção a vítimas e a testemunhas poderá
ocorrer a qualquer tempo:
I - por solicitação do próprio interessado;
II - por decisão do conselho deliberativo, em consequência de:
a) cessação dos motivos que ensejaram a proteção;
b) conduta incompatível do protegido.
Art. 11. A proteção oferecida pelo programa terá a duração máxima de dois anos.
Parágrafo único. Em circunstâncias excepcionais, perdurando os motivos que autorizam a admissão,
a permanência poderá ser prorrogada.
Art. 12. Fica instituído, no âmbito do órgão do Ministério da Justiça com atribuições para a execução
da política de direitos humanos, o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas
Ameaçadas, a ser regulamentado por decreto do Poder Executivo.
CAPÍTULO II
DA PROTEÇÃO AOS RÉUS COLABORADORES
Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a
consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e
voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:
I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;
II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a
natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo
criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida
e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um
a dois terços.
Art. 15. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na prisão ou fora dela, medidas especiais de
segurança e proteção a sua integridade física, considerando ameaça ou coação eventual ou efetiva.
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1141721 E-book gerado especialmente para VICTOR IURI
§ 1o Estando sob prisão temporária, preventiva ou em decorrência de flagrante delito, o colaborador
será custodiado em dependência separada dos demais presos.
§ 2o Durante a instrução criminal, poderá o juiz competente determinar em favor do colaborador
qualquer das medidas previstas no art. 8o desta Lei.
§ 3o No caso de cumprimento da pena em regime fechado, poderá o juiz criminal determinar medidas
especiais que proporcionem a segurança do colaborador em relação aos demais apenados.
Considerações inicias:
O Estatuto do Idoso foi aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo presidente da República no
mês seguinte, ampliando os direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos. Mais abrangente que a
Política Nacional do Idoso, lei de 1994 que dava garantias à terceira idade, o estatuto institui penas
severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade.
Saúde
Transporte Coletivo
Os maiores de 65 anos têm direito ao transporte coletivo público gratuito. Antes do estatuto,
apenas algumas cidades garantiam esse benefício aos idosos. A carteira de identidade é o
comprovante exigido.
Nos veículos de transporte coletivo é obrigatória a reserva de 10% dos assentos para os idosos,
com aviso legível.
Nos transportes coletivos interestaduais, o estatuto garante a reserva de duas vagas gratuitas
em cada veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Se o número de
idosos exceder o previsto, eles devem ter 50% de desconto no valor da passagem, considerando-se
sua renda.
Violência e Abandono
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Famílias que abandonem o idoso em hospitais e casas de saúde, sem dar respaldo para suas
necessidades básicas, podem ser condenadas a penas de seis meses a três anos de detenção e multa.
Para os casos de idosos submetidos a condições desumanas, privados da alimentação e de
cuidados indispensáveis, a pena para os responsáveis é de dois meses a um ano de prisão, além de
multa. Se houver a morte do idoso, a punição será de 4 a 12 anos de reclusão.
Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie bens, cartão magnético (de conta bancária ou de
crédito), pensão ou qualquer rendimento do idoso é passível de condenação, com pena que varia de um
a quatro anos de prisão, além de multa.
Todo idoso tem direito a 50% de desconto em atividades de cultura, esporte e lazer.
Trabalho
Habitação
TÍTULO I
Disposições Preliminares
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
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IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais
gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar,
exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na
prestação de serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter
educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade
ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso.
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios
por ela adotados.
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação
a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei
o
n 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos nesta Lei.
TÍTULO II
Dos Direitos Fundamentais
CAPÍTULO I
Do Direito à Vida
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos
desta Lei e da legislação vigente.
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação
de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.
CAPÍTULO II
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a
dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na
Constituição e nas leis.
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos:
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – prática de esportes e de diversões;
V – participação na vida familiar e comunitária;
VI – participação na vida política, na forma da lei;
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo
a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos
objetos pessoais.
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
(...)
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CAPÍTULO IV
Do Direito à Saúde
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde
– SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial
às doenças que afetam preferencialmente os idosos.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e
gerontologia social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja
impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas,
filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano
e rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do
agravo da saúde.
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os
de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação
ou reabilitação.
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados
em razão da idade.
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento
especializado, nos termos da lei.
§ 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual
será admitido o seguinte procedimento:
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá o contato necessário com o idoso em
sua residência; ou
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará representar por procurador legalmente
constituído.
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional
do Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou
conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de saúde necessário
ao exercício de seus direitos sociais e de isenção tributária.
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar
pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta será feita:
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado em tempo
hábil;
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para consulta a
curador ou familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou familiar conhecido, caso em que deverá
comunicar o fato ao Ministério Público.
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às
necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como
orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda.
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Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de
notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem como
serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos:
I – autoridade policial;
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão
praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
§ 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória prevista no caput deste artigo, o disposto
na Lei no 6.259, de 30 de outubro de 1975.
CAPÍTULO V
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e
serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação,
computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de
conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade
culturais.
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos
voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o
preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante
descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais,
esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com
finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento.
Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará
a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a
leitura, considerada a natural redução da capacidade visual.
CAPÍTULO VIII
Da Assistência Social
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e
diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único
de Saúde e demais normas pertinentes.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-
mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não
será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de
prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso
no custeio da entidade.
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§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a
forma de participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer
benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso.
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o contrato a que se refere
o caput deste artigo.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza
a dependência econômica, para os efeitos legais.
CAPÍTULO IX
Da Habitação
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou
desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
privada.
§ 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando
verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios
ou da família.
§ 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter identificação externa
visível, sob pena de interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
§ 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis
com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às
normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.
Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de
prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades habitacionais residenciais para atendimento
aos idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso;
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso;
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão.
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos devem situar-se,
preferencialmente, no pavimento térreo.
CAPÍTULO X
Do Transporte
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes
coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados
paralelamente aos serviços regulares.
§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça
prova de sua idade.
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento)
dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para
idosos.
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco)
anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos
meios de transporte previstos no caput deste artigo.
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação
específica:
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois)
salários-mínimos;
II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que
excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício
dos direitos previstos nos incisos I e II.
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das
vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir
a melhor comodidade ao idoso.
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Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo.
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso nos procedimentos de embarque e
desembarque nos veículos do sistema de transporte coletivo.
CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando
os arts. 181 e 182 do Código Penal.
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos
meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao
exercício da cidadania, por motivo de idade:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa,
por qualquer motivo.
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou
responsabilidade do agente.
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação
de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não
pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou
congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições
desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a
fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2o Se resulta a morte:
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa
causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida
na ação civil a que alude esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta
Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial
expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso,
dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
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Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa deste em
outorgar procuração à entidade de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do
idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de
dívida:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas
ou injuriosas à pessoa do idoso:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de
administração de bens ou deles dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida
representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
TÍTULO VII
Disposições Finais e Transitórias
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Ministério Público ou de qualquer outro agente
fiscalizador:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, passa a vigorar com as
seguintes alterações:
"Art. 61. ............................................................................
II - ............................................................................
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
............................................................................." (NR)
"Art. 121. ............................................................................
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
............................................................................." (NR)
"Art. 133. ............................................................................
§ 3o ............................................................................
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos." (NR)
"Art. 140. ............................................................................
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
............................................................................ (NR)
"Art. 141. ............................................................................
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
............................................................................." (NR)
"Art. 148. ............................................................................
§ 1o............................................................................
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente ou maior de 60 (sessenta) anos.
............................................................................" (NR)
"Art. 159............................................................................
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§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito)
ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
............................................................................" (NR)
"Art. 183............................................................................
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos." (NR)
"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não
lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente, gravemente enfermo:
............................................................................" (NR)
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais,
passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
"Art. 21............................................................................
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60
(sessenta) anos." (NR)
Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 1o ............................................................................
§ 4o ............................................................................
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de
60 (sessenta) anos;
............................................................................" (NR)
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar com a
seguinte redação:
"Art. 18............................................................................
.
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou
suprimida a capacidade de discernimento ou de autodeterminação:
............................................................................" (NR)
Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento
prioritário, nos termos desta Lei." (NR)
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fundo Nacional de Assistência Social, até
que o Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em cada exercício financeiro, para
aplicação em programas e ações relativos ao idoso.
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados relativos à população idosa do País.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei revendo os critérios
de concessão do Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de
forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-
econômico alcançado pelo País.
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias da sua publicação, ressalvado o disposto
no caput do art. 36, que vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004.
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7. Lei Estadual nº 14.170, de 15 de janeiro de 2002, determina a imposição de
sanções a pessoa jurídica por ato discriminatório praticado contra pessoa em
virtude de sua orientação sexual.
Determina a imposição de sanções a pessoa jurídica por ato discriminatório praticado contra pessoa
em virtude de sua orientação sexual.
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono
a seguinte Lei:
Art. 1º - O Poder Executivo imporá, no limite da sua competência, sanção à pessoa jurídica que, por
ato de seu proprietário, dirigente, preposto ou empregado, no efetivo exercício da atividade profissional,
discrimine ou coaja pessoa, ou atente contra os seus direitos, em razão de sua orientação sexual.
Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, consideram-se discriminação, coação e atentado contra os direitos
da pessoa os seguintes atos, desde que comprovadamente praticados em razão da orientação sexual da
vítima:
I - constrangimento de ordem física, psicológica ou moral;
II - proibição de ingresso ou permanência em logradouro público, estabelecimento público ou
estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado;
III - preterição ou tratamento diferenciado em logradouro público, estabelecimento público ou
estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado;
IV - coibição da manifestação de afeto em logradouro público, estabelecimento público ou
estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado;
V - impedimento, preterição ou tratamento diferenciado em relação que envolva a aquisição, a locação,
o arrendamento ou o empréstimo de bem móvel ou imóvel, para qualquer finalidade;
VI - demissão, punição, impedimento de acesso, preterição ou tratamento diferenciado em relação que
envolva o acesso ao emprego e o exercício da atividade profissional.
Art. 3º - A pessoa jurídica de direito privado que, por ação de seu proprietário, preposto ou empregado
no efetivo exercício de suas atividades profissionais, praticar ato previsto no artigo 2º fica sujeita a:
I - advertência;
II - multa no valor de R$1.000,00 (um mil reais) a R$50.000,00 (cinquenta mil reais), atualizados por
índice oficial de correção monetária, a ser definido na regulamentação desta Lei;
III - suspensão do funcionamento do estabelecimento;
IV - interdição do estabelecimento;
V - inabilitação para acesso a crédito estadual;
VI - rescisão de contrato firmado com órgão ou entidade da administração pública estadual;
VII - inabilitação para recebimento de isenção, remissão, anistia ou qualquer outro benefício de
natureza tributária.
Parágrafo único - Os valores pecuniários recolhidos na forma do inciso II deste artigo serão
integralmente destinados ao centro de referência a ser criado nos termos do artigo 6º desta Lei.
Art. 4º - A pessoa jurídica de direito público que, por ação de seu dirigente, preposto ou empregado no
efetivo exercício de suas atividades profissionais, praticar ato previsto no artigo 2º desta Lei fica sujeita,
no que couber, às sanções previstas no seu artigo 3º.
Parágrafo único - O infrator, quando agente do poder público, terá a conduta averiguada por meio de
procedimento apuratório, instaurado por órgão competente, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
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Art. 5º - Fica assegurada, na composição do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, a
participação de um representante das entidades civis, legalmente reconhecidas, voltadas para a defesa
do direito à liberdade de orientação sexual.
Art. 6º - Fica o Poder Executivo autorizado a criar, na estrutura da administração pública estadual, um
centro de referência voltado para a defesa do direito à liberdade de orientação sexual, que contará com
os recursos do Fundo Estadual de Promoção dos Direitos Humanos.
Parágrafo único - Até que se crie o centro de referência de que trata este artigo, os valores pecuniários
recolhidos na forma do inciso II do artigo 3º serão destinados integralmente ao Fundo Estadual de
Promoção dos Direitos Humanos.
Art. 7º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias contados da data de sua
publicação, por meio de ato em que se estabelecerão, entre outros fatores:
I - o mecanismo de recebimento de denúncia ou representação fundada nesta Lei;
II - as formas de apuração de denúncia ou representação;
III - a graduação das infrações e as respectivas sanções;
IV - a garantia de ampla defesa dos denunciados.
Regulamenta a Lei nº 14.170 de 15 de janeiro de 2002 que determina a imposição de sanções a pessoa
jurídica por ato discriminatório praticado contra pessoa em virtude de sua orientação sexual.
Art. 1º - Este Decreto estabelece o procedimento administrativo para a apuração e punição de toda
manifestação de discriminação, coação e atentado contra os direitos da pessoa em razão de sua
orientação sexual.
Art. 2º - Para os efeitos deste Decreto, consideram-se discriminação, coação e atentado contra os
direitos da pessoa os seguintes atos, desde que comprovadamente praticados em razão da orientação
sexual da vítima:
I - constrangimento de ordem física, psicológica ou moral;
II - proibição de ingresso ou permanência em logradouro público, estabelecimento público ou
estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado;
III - preterição ou tratamento diferenciado em logradouro público, estabelecimento público ou
estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado;
IV - coibição de manifestação de afeto em logradouro público, estabelecimento público ou
estabelecimento aberto ao público, inclusive o de propriedade de ente privado;
V - impedimento, preterição ou tratamento diferenciado nas relações que envolvam a aquisição, a
locação, o arrendamento ou o empréstimo de bem móvel ou imóvel, para qualquer finalidade;
VI - demissão, punição, impedimento de acesso, preterição ou tratamento diferenciado nas relações
que envolvam o acesso ao emprego e o exercício da atividade profissional.
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Art. 3º - A pessoa jurídica de direito privado que, por ação de seu proprietário, preposto ou empregado
no efetivo exercício de suas atividades profissionais, praticar ato previsto no art. 2º fica sujeita a:
I - advertência;
II - multa de valor entre R$1.000,00 (um mil reais) a R$50.000,00 (cinqüenta mil reais), atualizados
pelos fatores de atualização monetária da Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do
Estado;
III - suspensão do funcionamento do estabelecimento de um a sete dias;
IV - interdição do estabelecimento de oito a 30 dias;
V - inabilitação para acesso a crédito estadual;
VI - rescisão de contrato firmado com órgão ou entidade da administração pública estadual;
VII - inabilitação para concessão de isenção, remissão, anistia ou qualquer outro benefício de natureza
tributária.
§ 1º - Os valores pecuniários recolhidos na forma do inciso II serão integralmente destinados ao Fundo
de Promoção dos Direitos Humanos até que seja criado o centro de referência de que trata o art. 6º da Lei
nº 14.170, de 2002.
§ 2º - Nos casos em que, pela natureza do serviço prestado pelo estabelecimento, não for conveniente
ao interesse público a aplicação das sanções previstas nos incisos III e IV, a multa estabelecida será
aplicada em dobro a cada ocorrência.
§ 3º - Quando a infração estiver associada a atos de violência ou outras formas de discriminação ou
preconceito, como as baseadas em raça ou cor da pele, deficiência física, convicção religiosa ou política,
condição social ou econômica, não será aplicada a pena de advertência, devendo a punição ser fixada
entre as demais sanções previstas no art. 3º.
§ 4º - As sanções previstas no caput poderão ser aplicadas cumulativamente, de acordo com a
gravidade da infração.
§ 5º - Ao infrator é assegurado o direito à ampla defesa e ao contraditório.
Art. 4º - A punição aplicada e sua graduação serão fixadas em decisão fundamentada, tendo em vista
a gravidade da infração, sua repercussão social e reincidência do infrator.
Art. 6º - A pessoa jurídica de direito público que, por ação de seu dirigente, preposto ou empregado no
efetivo exercício de suas atividades profissionais, praticar algum ato previsto no art. 2º fica sujeita, no que
couber, às sanções previstas no seu art. 3º.
Parágrafo único. O infrator, quando agente do poder público, terá a conduta averiguada por meio de
procedimento de apuração instaurado por órgão competente, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Art. 7º - O procedimento administrativo será iniciado pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos
Humanos de Minas Gerais - CONEDH/MG, mediante requerimento:
I - da vítima ou de seu representante legal;
II - de entidade de defesa dos direitos humanos, em nome da vítima;
III - de autoridade competente.
Parágrafo único. O requerimento deverá ser instruído com o registro de ocorrência do fato lavrado por
órgão oficial, representação criminal ou rol de testemunhas.
Art. 8º - O CONEDH/MG poderá celebrar termos de cooperação com conselhos municipais, visando
facilitar o encaminhamento de denúncias provenientes do interior do estado de Minas Gerais.
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Art. 10 - A Comissão Especial será composta por cinco membros, sendo:
I - dois escolhidos entre os membros do CONEDH/MG;
II - um escolhido por entidade representativa do movimento homossexual com sede em Minas Gerais;
III - um escolhido pelas entidades empresariais de âmbito estadual;
IV - um com a função de coordenador, indicado pela Subsecretaria de Direitos Humanos da Secretaria
de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes.
§ 1º - A cada membro titular corresponde um suplente.
§ 2º - Os membros mencionados nos incisos II e III deste artigo serão escolhidos na forma de resolução
do CONEDH/MG;
§ 3º - Os membros da Comissão Especial serão designados pelo Governador para um mandado de
dois anos admitida uma recondução.
Art. 11 - As decisões da Comissão Especial serão tomadas na forma de seu regimento interno e das
disposições deste Decreto.
Art. 12 - Das decisões da Comissão Especial caberá recurso com efeito suspensivo ao plenário do
CONEDH/MG e ao Secretário de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes, sem prejuízo do
respectivo controle jurisdicional.
Art. 14 - O órgão oficial dos Poderes do Estado deverá, sob orientação da Comissão Especial,
confeccionar e distribuir gratuitamente material gráfico com o inteiro teor da Lei nº 14.170, de 2002 e
deste Decreto.
Questões
01. (AL-GO - Analista Legislativo - Comunicador Social - CS-UFG/2015) “Todo homem tem direito
à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e
procurar, receber e difundir in- formações e ideias por quaisquer meios de expressão, independentemente
de fronteiras” (Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos). Esse direito refere-se à:
(A) Liberdade de cátedra.
(B) Liberdade de imprensa.
(C) Liberdade sindical.
(D) Liberdade de expressão.
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(B) Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
Esse direito pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito
comum.
(C) Aquele que praticar um crime poderá ser culpado por uma ação que, no momento, não constituía
delito perante o direito nacional ou internacional.
(D) Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução técnico-profissional será obrigatória.
(E) A maternidade e a infância têm direito a cuidados e à assistência especiais, sendo que, às crianças
nascidas dentro do matrimônio, é assegurada maior proteção social.
04. (SEE-MG - Professor de Educação Básica – IBFC/2015) Assinale a alternativa correta sobre o
órgão que proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(A) Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
(B) Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
(C) Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
(D) Assembleia Especial de Justiça da Organização das Nações Unidas.
06. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
(art. 1º da CF).
(A) Com base no enunciado acima é correto afirmar, exceto:
(B) são objetivos fundamentais da república federativa do Brasil erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
(C) a soberania, a cidadania e o pluralismo político não são fundamentos da república federativa do
brasil.
(D) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
(E) é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato.
(F) construir uma sociedade livre, justa e solidária é um dos objetivos fundamentais da república
federativa do Brasil.
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07. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Constituição brasileira inicia com o Título I dedicado
aos “princípios fundamentais”, que são as regras informadoras de todo um sistema de normas, as
diretrizes básicas do ordenamento constitucional brasileiro. São regras que contêm os mais importantes
valores que informam a elaboração da Constituição da República Federativa do Brasil.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e assinale a alternativa correta.
I - Nas relações internacionais, a República brasileira rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios:
autodeterminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, concessão de asilo político.
II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou seja, possuem efeito vinculante, mas
constituem regras jurídicas efetivas.
III - Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a
todo o sistema de comandos.
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica no Brasil: a soberania nacional, a função social
da propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a propriedade privada.
V - A diferença de salários, de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a
qualquer dos trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualdade do caput do art. 5º da
Constituição Federal.
(A) Apenas I, II, III estão corretas.
(B) Apenas II e IV estão corretas.
(C) Apenas III e V estão corretas.
(D) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
(E) Todas as afirmações estão corretas.
08. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A propósito dos princípios fundamentais da República
Federativa do Brasil, reconhece-se que:
(A) o pluralismo político está inserido entre seus objetivos.
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se contrapõe ao valor social do trabalho.
(C) a dignidade é também do nascituro, o que desautoriza, portanto, a prática da interrupção da
gravidez quando decorrente de estupro.
(D) a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra
forma de discriminação, é um de seus objetivos.
(E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependentes e harmônicos entre si, são poderes da união.
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11. (MPE/MA - MPE/2014) Sobre os fundamentos da República Federativa do Brasil é incorreto afirmar
que:
(A) Podemos falar na existência de soberania popular quando a soberania reside no povo (fonte do
poder) e quando o poder pertence ao povo (titularidade do poder);
(B) Todos os preceitos que identificam o regime adotado como democrático são bens reveladores da
ideia de Direito ou da ordem de valores acolhida na constituição, refletindo-se, contudo, apenas
indiretamente nas normas atributivas de direitos e, portanto, não se impondo diretamente ao intérprete e
aplicador das normas constitucionais e legais;
(C) A menção à democracia realizada no caput do art. 1º da CF/88 incorpora uma regra prescritiva e
não uma regra negativa ou proibitiva, na medida em que obriga a que na expressão e na organização
políticas se observem as regras inerentes a uma ordem constitucional democrática;
(D) A separação e a interdependência dos poderes, conforme previsto no art. 2º da CF/88, constitui-
se em princípio coessencial ao Estado de Direito, não se exaurindo nos órgãos de soberania e nem sequer
nos demais órgãos do Estado, abrangendo de igual forma os estados federados e os municípios;
(E) Constitui-se em exemplo de dispositivo de natureza constitucional que trata diretamente da
dignidade da pessoa humana o previsto no art. 79 do ADCT, que instituiu o Fundo de Combate e
Erradicação da Pobreza, com o objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de
subsistência e com recursos para serem aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação,
educação, saúde, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse social voltados
para melhoria da qualidade de vida.
13. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014) Entre os princípios que regem, segundo a
Constituição Federal, a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, encontram-se
os seguintes:
(A) defesa da paz, soberania nacional, não-intervenção e repúdio a todas as formas de tratamento
desumano ou degradante.
(B) autodeterminação dos povos, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e
promoção do bem-estar e da justiça social.
(C) defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, não-intervenção e repúdio ao terrorismo e ao
racismo.
(D) soberania nacional, proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, não intervenção e
solução pacífica dos conflitos.
(E) cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, proteção do meio ambiente
ecologicamente equilibrado, promoção do bem-estar e da justiça social.
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14. (MPE/SC - Promotor de Justiça Substituto - matutina FEPESE/2014) Analise os enunciados
das questões abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.
A concessão de asilo político é um dos princípios que regem a República Federativa do Brasil nas suas
relações internacionais.
Certo ( )
Errado ( )
15. (TJ/SE - Analista Judiciário – Direito – CESPE/2014) Julgue os itens a seguir, a respeito da
teoria dos direitos fundamentais e dos princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988 (CF).
A dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da República Federativa do Brasil, promove o
direito à vida digna em sociedade, em prol do bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo em
detrimento do direito individual.
Certo ( )
Errado ( )
16. (TJ/SE - Analista Judiciário – Direito – CESPE/2014) Julgue os itens a seguir, a respeito da
teoria dos direitos fundamentais e dos princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988 (CF).
O pluralismo político traduz a liberdade de convicção filosófica e política, assegurando aos indivíduos,
além do engajamento pluripartidário, o direito de manifestação de forma apartidária.
Certo ( )
Errado ( )
17. (PC/SP - Oficial Administrativo - VUNESP/2014) A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em um Estado
(A) democrático de Direito.
(B) burocrático.
(C) o Congresso Nacional, o Senado e a Câmara dos Deputados.
(D) socialista progressista.
(E) humanitário social.
20. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a classificação dos direitos e garantias fundamentais,
assinale a alternativa CORRETA.
(A) Direitos individuais e coletivos.
(B) Direitos sociais e políticos.
(C) Direitos de nacionalidade, políticos e partidos políticos.
(D) Direitos individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade, políticos e de partidos políticos.
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III - No âmbito das relações de submissão, os direitos fundamentais acabam submetidos por outros
direitos peculiares a tais relações.
IV - Viola o princípio da igualdade toda e qualquer ação discriminatória, mesmo de caráter afirmativo,
produzida pelo legislador ou, mesmo, por meio de políticas públicas.
(A) Todas as alternativas são verdadeiras.
(B) Todas as alternativas são falsas.
(C) Apenas a alternativa I está correta.
(D) Apenas as alternativas II e III estão corretas.
22. (TJ/DF - Juiz - CESPE/2014) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, dos direitos sociais
e dos direitos políticos, assinale a opção correta.
(A) Caso determinado trabalhador rural ajuíze ação visando obter provimento que lhe assegure o
recebimento da remuneração pelo trabalho noturno superior à remuneração do trabalho diurno, o juiz
deverá rejeitar o pedido, pois a CF não conferiu ao trabalhador rural o direito postulado.
(B) Embora a CF estabeleça a inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas, o juiz poderá,
de ofício, determinar a interceptação de comunicação telefônica na investigação criminal e na instrução
processual penal.
(C) Caso tenha sido impetrado habeas corpus cujo objeto seja o indevido cerceamento pelo poder
público do direito de reunião, o juiz deverá admitir a ação, uma vez que se trata de instrumento adequado
à proteção do direito de reunião.
(D) Se determinada associação impetrar mandado de segurança coletivo para defesa de interesses
de seus associados, mas não juntar a autorização destes nos autos, o juiz deverá denegar a segurança,
pois a CF exige expressamente a autorização dos filiados.
(E) O juiz deverá rejeitar a ação rescisória ajuizada para fins de reaquisição dos direitos políticos se
a perda decorrer do cancelamento da naturalização por sentença judicial transitada em julgado, por se
tratar de instrumento processual descabido para a finalidade pretendida.
24. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CESPE/2014) Acerca dos direitos fundamentais
e do conceito e da classificação das constituições, julgue os itens a seguir.
Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de
abstenção, mas não de prestação.
Certo ( )
Errado ( )
25. (TJ/PA - Juiz de Direito Substituto - VUNESP/2014) O texto constitucional, em seu artigo 5º,
caput, prevê expressamente valores ou direitos fundamentais ao ditar literalmente que todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito.
(A) à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
(B) à vida, à liberdade, à segurança, à intimidade e à dignidade.
(C) à vida, à dignidade, à intimidade e à igualdade.
(D) à vida, à liberdade, à fraternidade, à dignidade.
(E) à vida, à liberdade e à intimidade.
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26. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. 5º da Constituição Federal trata dos direitos e
deveres individuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garantias fundamentais (Título II). Assim,
apesar de referir-se, de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também consagrou as garantias
fundamentais. (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, 2009, 13ª. ed.,
p. 671).
Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e assinale a alternativa correta.
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as garantias são os
instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos.
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágrafos do art. 5º da Constituição Federal é
meramente exemplificativo.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição Federal não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
(A) Apenas I, II e III estão corretas.
(B) Apenas II, III e IV estão corretas.
(C) Apenas III e V estão corretas.
(D) Apenas IV e V estão corretas.
(E) Todas as questões estão corretas.
28. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda em relação aos outros remédios constitucionais
analise as questões a seguir e assinale a alternativa correta.
I - O habeas data assegura o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
II - Será concedido habeas data para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo.
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de entidade governamental, o sujeito passivo na
ação de habeas data será a pessoa jurídica componente da administração direta e indireta do Estado.
IV - O mandado de injunção serve para requerer à autoridade competente que faça uma lei para tornar
viável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a demora legislativa que impede um direito de ser
efetivado pela falta de complementação de uma lei.
(A) Todas as afirmações estão corretas.
(B) Apenas I, II e III estão corretas.
(C) Apenas II, III e IV estão corretas.
(D) Apenas II, III e V estão corretas.
(E) Apenas IV e V estão corretas.
29. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devido processo legal estabelecido como direito do
cidadão na Constituição Federal configura dupla proteção ao indivíduo, pois atua no âmbito material de
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proteção ao direito de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade de condições com o Estado
para defender-se.
Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e assinale a alternativa correta.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem.
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
sem fiança.
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do depositário infiel.
(A) Apenas I, II e IV estão corretas.
(B) Apenas I, III e V estão corretas.
(C) Apenas III e IV estão corretas.
(D) Apenas IV e V estão corretas.
(E) Todas as questões estão corretas.
30. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “Mandado de segurança é o meio constitucional posto
à disposição de toda pessoa física ou jurídica, para proteção de direito individual ou coletivo, líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de
autoridade”. (Meirelles, Helly Lopes. Mandado de segurança. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p.
03)
Conforme a lição de Helly L. Meirelles, analise as questões abaixo e marque a alternativa correta.
I - O mandado de segurança é conferido aos indivíduos para que eles se defendam de atos ilegais ou
praticados com abuso de poder, constituindo-se verdadeiro instrumento de liberdade civil e liberdade
política.
II - O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional.
III - Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída há pelo menos dois
anos pode impetrar mandado de segurança em defesa de seus membros ou associados.
IV - O âmbito de incidência do mandado de segurança é definido residualmente, pois somente caberá
seu ajuizamento quando o direito líquido e certo a ser protegido não for amparado por habeas corpus.
V - O direito líquido e certo, capaz de ensejar o mandado de segurança, é aquele que não pode ser
demonstrado de plano, necessitando de produção de provas.
(A) Todas as afirmações estão corretas.
(B) Apenas a afirmação III está correta.
(C) Apenas III, IV e V estão corretas.
(D) Apenas II, III e IV estão corretas.
(E) Apenas I e II estão corretas.
31. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A Constituição Federal de 1988 é conhecida como a
“Constituição Cidadã” em função de seu vasto rol de direitos e garantias fundamentais. Nesse sentido,
(A) o direito à vida é considerado inviolável, razão pela qual não comporta exceções, sendo
inconstitucionais as regras fixadas no art. 128, incisos i e ii, do código penal, que preveem aborto
necessário e sentimental.
(B) os direitos fundamentais diferenciam-se das garantias fundamentais na medida em que os direitos
se declaram, enquanto as garantias têm um conteúdo assecuratório daqueles
(C) a característica principal dos direitos fundamentais é a indivisibilidade, o que significa reconhecer
que os direitos fundamentais não comportam divisão no tempo, sendo, portanto, imprescritíveis.
(D) a igualdade de todos perante a lei repele qualquer prática discriminatória ainda que empreendida
com propósito afirmativo.
(E) os direitos fundamentais são de titularidade exclusiva das pessoas naturais, dado que decorrentes
do princípio da dignidade da pessoa humana.
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(B) A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da CRFB, não é invocável pela
entidade estatal que a tenha editado. (Súmula 654, do STF)
(C) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes. (Súmula 629, do STF) autorização destes.
(D) Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não
pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. (Súmula 524, do STF)
(E) Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se
tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais. (Súmula 343, do STF)
33. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) A propósito das garantias constitucionais dos direitos
fundamentais, é correto afirmar que
(A) não será concedida medida liminar em mandado de segurança que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
(B) das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais cabe
recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso extraordinário, quando a
ordem for denegada.
(C) a sentença na ação popular terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso
de haver sido a ação julgada improcedente em seu mérito; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar
outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
(D) se aplicam à ação popular as regras do código de processo civil, naquilo em que não contrariem
a natureza específica da ação popular, sendo que esta prescreverá em dez anos.
34. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) Dispõe a Constituição Federal, no Título dos
Direitos e Garantias Fundamentais, que a prisão ilegal será imediatamente:
(A) revogada pela autoridade policial competente.
(B) substituída por fiança.
(C) relaxada pela autoridade judiciária.
(D) substituída por monitoração eletrônica.
35. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Em relação aos Direitos e Garantias Fundamentais,
preconizados pela Constituição Federal, assinale a alternativa correta.
(A) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, após regular
processo de censura e (ou) licença.
(B) É livre a manifestação do pensamento, bem como o anonimato.
(C) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída e sem limite mínimo de funcionamento, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.
(D) Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, necessitando, contudo, o autor, recolher as custas judiciais.
(E) A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
36. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014) A natureza dos tratados internacionais
de direitos humanos sempre geraram debates na doutrina e na jurisprudência. A controvérsia, entretanto,
foi reduzida após a aprovação da Emenda Constitucional n° 45/2004, que inseriu o § 3° do Art. 5° na
Constituição da República. Sobre o tema, é correto afirmar que:
os tratados internacionais de direitos humanos possuem hierarquia de lei ordinária.
(A) os tratados internacionais de direitos humanos aprovados antes da Emenda Constitucional n°
45/2004 possuem hierarquia de lei ordinária.
(B) os tratados internacionais de direitos humanos aprovados de acordo com o procedimento previsto
no Art. 5, § 3° da Constituição Federal de 1988 têm status de emenda constitucional.
(C) os tratados internacionais de direitos humanos aprovados de acordo com o procedimento previsto
no Art. 5, § 3° da Constituição Federal de 1988 possuem status supralegal e infraconstitucional.
(D) antes da Emenda Constitucional n° 45/2004, o Supremo Tribunal Federal entendia que os tratados
internacionais de direitos humanos possuíam status supralegal.
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37. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - FCC/2014) Considerando a disciplina constitucional
dos direitos e garantias fundamentais e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, é
correto afirmar que
(A) os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte, que sempre serão equivalentes às
normas constitucionais e, portanto, somente poderão ser alterados por outros tratados internacionais ou
por emendas constitucionais.
(B) os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte, os quais ingressam no ordenamento
jurídico brasileiro com hierarquia superior a das leis ordinárias, independentemente de sua aprovação
pelo Congresso Nacional ou por quaisquer de suas Casas.
(C) nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos
humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal.
(D) nas hipóteses de grave violação de direitos humanos por Estado-membro, o Procurador-Geral da
República poderá ajuizar, perante o Superior Tribunal de Justiça, representação interventiva para
viabilizar o decreto de intervenção federal no Estado violador dos direitos humanos, devendo o decreto
interventivo limitar-se a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao
restabelecimento da normalidade.
(E) a regra segundo a qual as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicabilidade imediata impõe-se apenas aos brasileiros, não abrangendo os estrangeiros que, por esse
motivo, não são legitimados à propositura do mandado de injunção.
40. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A leitura do lema “Educação: direito de todos e dever
do Estado!” à luz do Direito Constitucional favorece o entendimento de que:
(A) o direito fundamental à educação exclui o direito à creche, dado tratar-se de dever da família.
(B) a educação é dever exclusivo do estado, sendo, portanto, alheio à família e à sociedade.
(C) o dever do estado com a educação dos deficientes é de atendimento educacional especializado,
obrigatoriamente, fora da rede regular de ensino.
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(D) a gratuidade do ensino público veda a percepção de quaisquer valores pelos estabelecimentos
oficiais ainda que de cunho voluntário.
(E) a omissão no oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público importa em responsabilidade
da autoridade competente.
41. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A Constituição Federal de 1988 prevê a saúde como
direito fundamental a ser assegurado ao cidadão. A propósito desse direito,
(A) assegura-se o fornecimento de medicamentos de alto custo exclusivamente aos necessitados,
devido à infinitude das demandas e à finitude dos recursos.
(B) é exclusiva do ministério público a legitimidade para ajuizamento de ação de mandado de
segurança com vistas a promover o fornecimento de medicamentos.
(C) é vedada à iniciativa privada a exploração econômica da assistência à saúde dado o direito
fundamental à saúde ser consectário do direito à vida.
(D) regula-se o sistema único de saúde (SUS) exclusivamente por meio da legislação
infraconstitucional, visto que está fora das matérias constitucionais.
(E) é vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas
de saúde com fins lucrativos.
42. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A Constituição Federal de 1988 prevê a família como
célula mater da sociedade, ao que goza, assim, de especial proteção do Estado. Por isso,
(A) concebe-se como família aquela união feita por pessoas de diferentes sexos, desde que
formalizada perante as autoridades notariais de acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores.
(B) entende-se como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes.
(C) são exercidos diferentemente pelo homem e pela mulher, tendo em vista a própria diferença de
gênero e os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal.
(D) considera-se o casamento religioso inapto para gerar efeito civil, visto que a República Federativa
do Brasil constitui um Estado laico.
(E) é de livre decisão do casal o planejamento familiar, admitindo-se, porém, intervenção coercitiva
do Estado para controle da natalidade.
43. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Quanto à ordem social preconizada pela Constituição
Federal, assinale a alternativa correta.
(A) Constituem patrimônio cultural brasileiro apenas os bens de natureza imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência á identidade, á ação, e á memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
(B) O Poder Público, isoladamente, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio
de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento
e preservação.
(C) Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
(D) A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração anual, visando ao desenvolvimento
cultural do País e à integração das ações do Poder Público.
(E) A União organizará o sistema de cultura de cada estado, município e Distrito Federal.
44. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acerca dos princípios do Sistema Nacional de Cultura,
assinale a alternativa correta.
(A) A democratização dos processos decisórios com participação e controle social não compõe os
princípios do Sistema Nacional de Cultura.
(B) Ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura e
transversalidade das políticas culturais são princípios do Sistema Nacional de Cultura.
(C) O Sistema Nacional de Cultura não se rege pela autonomia dos entes federados e das instituições
da sociedade civil.
(D) A complementaridade nos papéis dos agentes culturais não engloba as ações do Sistema
Nacional de Cultura.
(E) A transparência e o compartilhamento das informações não compõe os princípios do Sistema
Nacional de Cultura.
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45. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014) No que concerne à previsão
constitucional acerca da seguridade social, é INCORRETO afirmar que:
(A) a seguridade social engloba os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
(B) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguridade social a universalidade da cobertura e do
atendimento.
(C) o caráter democrático e descentralizado da administração, um dos objetivos constantes na
organização da seguridade social, é realizado através da gestão tripartite nos órgãos colegiados, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores e do governo.
(D) a participação no custeio da seguridade social deve ser realizada de forma equânime entre os
participantes.
(E) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguridade social a uniformidade e a equivalência dos
benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.
47. (CONAB - Direito - IADES/2014) Com base na Constituição Federal, acerca do sistema tributário
nacional, assinale a alternativa correta.
(A) Pertence à União o produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer
natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem em âmbito estadual.
(B) Pertence à União o produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer
natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem em âmbito municipal.
(C) É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir impostos sobre
patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
(D) É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir impostos sobre
patrimônio, renda ou serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas
normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de
preços ou tarifas pelo usuário, exonerando o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.
(E) Cabe à lei ordinária dispor sobre substituição tributária.
48. (TRT 2ª Região/SP - Juiz do Trabalho - TRT 2R/2014) Em relação às ações que o Poder Público
deverá tomar para que seja assegurada a efetividade do meio ambiente ecologicamente equilibrado,
aponte a alternativa correta:
(A) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente nos casos em que
a infração ao meio ambiente seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual.
(B) Exigir que para instalação de toda obra ou atividade seja procedido, obrigatoriamente, estudo
prévio de impacto ambiental, podendo ou não publicá-lo, nos limites da lei.
(C) Promover a educação ambiental de forma obrigatória exclusivamente no ensino fundamental.
(D) Legislar sobre responsabilidade por dano ambiental e proteção à saúde do trabalhador,
promovendo a educação ambiental nas escolas é dever exclusivo dos estados federados, sendo
subsidiária a responsabilidade da União
(E) O dever de preservação e defesa do meio ambiente é responsabilidade exclusiva do poder público
em todos os seus níveis.
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49. (MPE/AC - CESPE/2014) No tocante à ordem social, assinale a opção correta.
De acordo com a CF, os municípios devem atuar, no âmbito educacional, prioritariamente, nos ensinos
fundamental e médio.
(A) Em razão da proibição constitucional de vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa, não podem os estados vincular a fundo estadual de fomento à cultura percentual de sua receita
tributária líquida.
(B) O oferecimento de alimentação escolar no âmbito do ensino médio estadual não constitui dever
estatal, estando condicionado à discricionariedade e às prioridades do governo no momento da
elaboração da política pública de educação.
(C) É direito público subjetivo das crianças de até cinco anos de idade o atendimento em creches e
pré-escolas, exceto nos casos de inexistência de recursos orçamentários.
(D) No âmbito da saúde, existe proibição constitucional para o repasse de recursos públicos para
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
Respostas
01. Resposta: D. O princípio constante da questão está expresso no Art. 18 da DUDH, que reforça a
liberdade de modo geral e garante que cada indivíduo possa expressar seus pensamentos livremente.
02. Resposta: A. Letra a) CORRETA, nos termos do Artigo 2 da Declaração: 1. Todo ser humano tem
capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma
distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma
pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a
qualquer outra limitação de soberania.
Letra b) ERRADA, conforme redação do Artigo 14 da Declaração: 1. Toda pessoa, vítima de
perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser
invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Letra c) ERRADA, mais claramente definido no Art. 5º, XXXIX, CF: não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Também chamado de Princípio da Reserva Legal.
Letra d) ERRADA, de acordo com Artigo 26 da Declaração: 1. Todo ser humano tem direito à instrução.
A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos (não obrigatória), bem como a
instrução superior, está baseada no mérito.
Letra e) ERRADA, baseada no preceito do Artigo 25 da Declaração: 2. A maternidade e a infância têm
direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio,
gozarão da mesma proteção social.
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03. Resposta: C. O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros
que ultrajam a consciência da humanidade. Quando a questão menciona o desprezo e o desrespeito
PELOS direitos humanos, deixa entender que a palavra PELO faz referência aos atos causados pelos
Direitos Humanos e não contra os Direitos Humanos.
04. Resposta: A. Conforme consta no preâmbulo: A Assembleia Geral das Nações Unidas proclama
a presente "Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos
os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo
sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito
a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional,
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos
próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
05. Resposta: A. A questão refere-se à letra da própria DUDH. Assim sendo, tem-se que: Letra a)
CORRETA, veja o Artigo 11, I, DUDH: Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser
presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento
público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa.
Letra b) ERRADA, nos termos do Artigo 12, DUDH: Ninguém será sujeito a interferências na sua vida
privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação.
Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Letra c) ERRADA, conforme disposto no Artigo 17, DUDH: I: Todo o homem tem direito à propriedade,
só ou em sociedade com outros. II: Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Contudo,
necessário analisar também o art. 5, XXIV da CF - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
Letra d) ERRADA, diante do texto do Artigo 18, DUDH: Todo o homem tem direito à liberdade de
pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a
liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância,
isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Letra e) ERRADA, de acordo com o Artigo 19, DUDH: Todo o homem tem direito à liberdade de opinião
e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e
transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.
06. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem características, atributos do Estado Democrático
de Direito que é a República Federativa brasileira, notadamente: erradicação da pobreza e diminuição de
desigualdades (artigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político (artigo 1º, I, II e V, CF);
princípio da legalidade (artigo 5º, II, CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção de
sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo assim, incorreta a afirmação de que soberania,
cidadania e pluralismo político não são fundamentos da República Federativa do Brasil, pois estão como
tais enumerados no artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de um Estado Democrático
de Direito.
07. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos princípios que regem as relações internacionais
brasileiras, enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” afasta a normatividade dos princípios,
o que é incorreto, pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, podem ser aplicados de forma
autônoma se não houver lei específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por isso mesmo,
correta a afirmação do item “III”; os princípios descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando correta; o item “V” traz um exemplo de violação ao
princípio da igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido em todo texto constitucional,
estando assim correto. Logo, apenas o item “II” está incorreto.
08. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios fundamentais (fundamentos) da República
Federativa do Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores
sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A” se encontra no inciso
V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a dar luz à
um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe
que “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário”. Somente resta a alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo da República
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Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim
com os objetivos.
09. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, porque possibilita a
participação popular direta no poder por intermédio de processos como o plebiscito, o referendo e a
iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indireta é
predominantemente adotada no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual
valor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exercer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º,
parágrafo único, CF).
10. Resposta: “C”. O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Federal com os objetivos da
República Federativa do Brasil, nos seguintes termos: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o
desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação”. Somente a alternativa “C” resume todos os objetivos elencados neste
dispositivo.
11. Resposta: “B”. Em se tratando de norma constitucional, possui força normativa e serve de
parâmetro ao intérprete na aplicação da lei e mesmo de diretriz para o controle de constitucionalidade,
pouco importando se a densidade normativa é baixa, ou seja, se são princípios genéricos e de difícil
compreensão teórica na prática. Logo, a aplicação não é indireta, mas sim direta.
12. Resposta: “D”. Dignidade da pessoa humana é o principal valor do ordenamento ético e, por
consequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos e
obrigações na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a própria exclusão de sua
personalidade. Logo, estabelece-se na noção de dignidade da pessoa humana um aspecto intrínseco de
correlação entre direitos e deveres. Os próprios direitos afirmados como inerentes à dignidade da pessoa
humana são obstáculo para o exercício de cada qual deles, pois nenhum direito é absoluto, afinal, se todo
ser humano é digno, todo ser humano deve poder exercê-los, sendo que o direito do outro é o limite do
exercício de cada direito pessoal.
13. Resposta: “C”. O último artigo do título I trabalha com os princípios que regem as relações
internacionais da República brasileira: “Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos
humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI -
defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX -
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo
único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”. Os grifos
apontam que a alternativa “C” descreveu corretamente 4 dos princípios que regem as relações
internacionais da República brasileira.
14. Resposta: “Certo”. O último artigo do título I trabalha com os princípios que regem as relações
internacionais da República brasileira: “Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios: [...] X - concessão de asilo político”.
15. Resposta: “Errado”. A dignidade da pessoa humana coloca a pessoa humana em si, como
indivíduo, na qualidade de valor-fonte da sociedade. Nem sempre a noção de interesse coletivo implicará
na quebra do direito individual, pois a dignidade da pessoa humana possui forte cunho individual.
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17. Resposta: “A”. Consta no caput do artigo 1º, CF: “a República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito [...]”.
18. Resposta: “D”. Dispõe o artigo 2º, CF: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
19. Resposta: “Certo”. Regulamenta o artigo 8º do ADCT: “Art. 8º. É concedida anistia aos que, no
período de 18 de setembro de 1946 até a data da promulgação da Constituição, foram atingidos, em
decorrência de motivação exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou
complementares, aos que foram abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961,
e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções, na
inatividade, ao cargo, emprego, posto ou graduação a que teriam direito se estivessem em serviço ativo,
obedecidos os prazos de permanência em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes,
respeitadas as características e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e
observados os respectivos regimes jurídicos” (grifo nosso).
20. Resposta: “D”. O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Garantias fundamentais”,
gênero que abrange as seguintes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art.
5º, CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
21. Resposta: “B”. I está incorreta porque, a princípio, todo direito fundamental pode ser objeto de
regulamentação específica e eventual restrição, desde que esta regulação ou restrição não atentem
contra o próprio direito; II está incorreta porque a liberdade de expressão sofre diversas limitações, como
a honra e a moral das pessoas, não sendo um direito fundamental que deva ser priorizado em relação
aos outros; III está incorreta porque a relação de submissão não exclui o direito fundamental (ex.:
trabalhador e empregador); IV está incorreta porque é pacífico que as ações afirmativas são
constitucionais.
22. Resposta: “B”. Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, prevê o artigo 5º, XII,
CF: “XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. O sigilo de correspondência
e das comunicações está melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996, mas a Constituição já deixa
claro que é possível a quebra mediante ordem judicial, razão pela qual “B” está correta.
23. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 15, I, CF, “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja
perda ou suspensão só se dará nos casos de: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada
em julgado”, restando “C” correta. “A” está incorreta porque a legitimidade extraordinária das associações
independe de autorização dos associados; “B” está incorreta porque a prova emprestada licitamente
obtida é aceita; “D” está incorreta porque o artigo 60, §4º, CF enumera direitos políticos expressamente
como cláusulas pétreas no inciso II (voto direto, secreto, universal e periódico); “E” está incorreta porque
a insuficiência de depósito prévio não precisa ser paga em dinheiro, o que pode ser feito por precatório.
24. Resposta: “E”. Os direitos de primeira dimensão – civis e políticos – realmente impõem um dever
de abstenção, mas os direitos de segunda dimensão – econômicos, sociais e culturais – impõem um
dever de atuação estatal. Logo, nem todos os direitos fundamentais exigem abstenção do Estado, alguns
deles exigem atuação.
25. Resposta: “A”. Prevê o caput do artigo 5º, CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”.
26. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal diferença entre direitos e garantias é que os
primeiros servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas são os instrumentos para
assegurar estes (ex.: direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II” está correta,
afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
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em que a República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que também demonstra que o item “III”
está correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação”; o que faz também o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz
que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Sendo assim,
todas afirmativas estão corretas.
27. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia prevista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á
habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei busca torná-lo o mais
acessível possível, por ser diretamente relacionado a um direito fundamental da pessoa humana. O objeto
de tutela é a liberdade de locomoção; a propositura não depende de advogado; o que propõe a ação é
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é chamado paciente (podendo a mesma pessoa
ser os dois), contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade coatora; e é possível utilizar
habeas corpus repressivamente e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal prevê no artigo
142, §2º que “não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”.
28. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para os seguintes incisos do artigo 5º da CF:
“LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania; LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor do artigo 5º, LXXII, CF. Já
o item “III” decorre logicamente da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da atuação do
Estado, logo, as informações requeridas serão contra uma entidade governamental da administração
direta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item
“V”, posto que a demora do legislador em regulamentar uma norma constitucional de aplicabilidade
mediata, que necessita do preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos direitos
fundamentais garantidos pela Constituição Federal.
29. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá
restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando o
item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a jurisprudência atual ainda aceita
a prisão civil do devedor de alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tanto esta quanto a do
depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
30. Resposta: “E”. No que tange ao mandado de segurança, destaca-se o artigo 5º, nos seguintes
incisos: “LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; LXX - o
mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no
Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados”.
O caráter subsidiário do mandado de segurança, permitindo a defesa de direito líquido e certo não
amparado por habeas corpus ou habeas data, o coloca na posição de instrumento de defesa de todos
direitos fundamentais do cidadão, notadamente, liberdades civis e políticas (item “I”). O item “II” é
confirmado pelo artigo 5º, LXX, “a”, CF. O item “III” está incorreto porque não é preciso 2 anos de
constituição, bastando 1 ano (artigo 5º, LXX, “b”, CF). O item “IV” apenas está incorreto porque não
menciona que o direito também não pode ser amparado por habeas data (artigo 5º, LXIX, CF). O item V
está “incorreto” porque classicamente o direito líquido e certo deve ser provado de plano, com meros
documentos acostados à inicial, não havendo fase probatória neste tipo de ação. Logo, corretas apenas
“I” e “II”.
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31. Resposta: “B”. A ligação entre direitos e garantias é justamente o caráter
instrumental/assecuratório da garantia em relação ao direito, em consonância com a alternativa “B”.
Todo direito fundamental comporta exceções, mesmo o direito à vida, sendo constitucionais as
previsões que autorizam o abordo no Código Penal, logo, “A” está incorreta. Já a indivisibilidade não
corresponde à imprescritibilidade, restando incorreta a letra “C”. A igualdade que a lei assegura é material,
o que permite ações afirmativas em favor de grupos prejudicados, tratando os desiguais de maneira
desigual, razão pela qual “D” está incorreta. “E” resta afastada porque direitos fundamentais podem
abranger grupos de pessoas, nascituros, a coletividade, etc.
32. Resposta: “C”. A alternativa “A” aborda uma questão relativa à coisa julgada; a alternativa “B”
aponta tema relativo direito adquirido (irretroatividade da lei); a alternativa “D” liga-se a um tipo de ato
jurídico perfeito; a alternativa “E” relaciona-se à coisa julgada. Somente a alternativa “C” não se liga a
nenhum dos temas, posto que abrange aspecto relativo à legitimidade extraordinária de entidades de
classe no mandado de segurança coletivo.
33. Resposta: “A”. O artigo 7º, §2º da Lei nº 12.016/2009 prevê que “não será concedida medida
liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens
provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de
aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza”, razão pela qual “A” está
correta. “B” está incorreta posto que das decisões em mandado de segurança proferidas em única
instância pelos tribunais cabe recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal (artigo 102, II, “a”, CF).
No que tange à alternativa “C”, é preciso compreender que na ação popular, como nas demais ações
coletivas, a coisa julgada apresenta-se de modo diverso daquele adotado pelo Código de Processo Civil,
haja vista que, pela sistemática deste Diploma Legal, cada parte por si ou por seu representante legal, é
titular de direito seu (hipótese de legitimação ordinária), enquanto que nas ações de tipo coletivo, como a
ação popular, o autor não se apresenta como titular exclusivo do interesse em lide. Por outro lado, embora
o autor popular represente a sociedade civil a qual pertence, os limites subjetivos da coisa julgada não
podem seguir os mesmos parâmetros estabelecidos no CPC. Por esse motivo é que a autoridade da
coisa julgada na ação popular restringe-se aos limites da lide naquele processo, de acordo com o que
ficar no dispositivo do julgado, de sorte que, se a prova oferecida em determinada ação não tiver sido
suficiente para o convencimento do juiz no deslinde inteiro da demanda, admitir-se-á o ajuizamento de
uma outra ação com igual fundamento, mas com base em outro conjunto probatório. Observa-se, no
entanto, que a improcedência deve ter sido por falta de provas, não qualquer improcedência, motivo pelo
qual “C” está incorreta. Já “D” está incorreta porque a ação popular é imprescritível.
34. Resposta: “C”. É o disposto no artigo 5º, LXV, CF: “a prisão ilegal será imediatamente relaxada
pela autoridade judiciária”.
35. Resposta: “E”. A alternativa “A” está incorreta porque vedado o processo de censura e a
concessão de licença prévia (artigo 5º, IX, CF); a “B” está incorreta porque o anonimato é vedado (artigo
5º, IV, CF); a “C” está incorreta porque o limite mínimo de funcionamento é de 1 ano (artigo 5º, LXX, “b”,
CF); a “D” está incorreta porque na ação popular há isenção de custas, como regra (artigo 5º, LXXIII, CF).
Somente resta a alternativa “E”, que traz o teor do artigo 4º, parágrafo único, CF: “a República Federativa
do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando
à formação de uma comunidade latino-americana de nações”.
36. Resposta: “C”. Os tratados de direitos humanos, a partir da Emenda Constitucional n° 45/04,
cumpridas as condições do artigo 5°, §3° são considerados como emendas constitucionais. No mais, o
Supremo Tribunal Federal decidiu no dia 05 de dezembro de 2008, após a Emenda Constitucional nº
45/2004, que é ilegal a prisão civil do depositário infiel, utilizando-se da tese de que os tratados de direitos
humanos têm status supralegal, ou seja, encontram-se acima das leis ordinárias, porém abaixo da
Constituição Federal. Neste sentido, a súmula vinculante n° 25 e Habeas Corpus n° 87.585-8/TO.
37. Resposta: “C”. Trata-se de previsão do artigo 109, §5º, CF: “Nas hipóteses de grave violação de
direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte,
poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
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38. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque o habeas corpus cabe “sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder” (artigo 5º, LXVIII, CF); “B” está incorreta porque “o preso será informado de seus direitos, entre
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado” (artigo
5º, LXIII, CF), logo, assegura-se a assistência da família mas não a remoção do estabelecimento; “C” está
errada porque “o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial” (artigo 5º, LXIV, CF), regra que vale mesmo nos crimes inafiançáveis pois a
Constituição não cria exceção; “D” está errada porque a comunicação ao juiz é imediata (artigo 5º, LXII,
CF) e não no primeiro dia útil. Somente resta a alternativa “E”, que traz o teor do artigo 5º, LXVI, CF:
“ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança”.
39. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque a autorização é dispensada (artigo 5º, XVI, CF); “B”
porque o júri não julga crimes culposos contra a vida, só dolosos (artigo 5º, XXXVIII, CF); “D” porque a
ordem deve ser judicial e não pode partir do Ministério Público (artigo 5º, XII, CF); “E” porque o ingresso
por determinação judicial se dá durante o dia (artigo 5º, XI, CF). Somente resta “C”, que traz a previsão
do artigo 5º, XLIII, CF: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”
40. Resposta: “E”. Em que pese o direito à educação ser um direito de segunda dimensão,
classicamente relacionado à ideia de norma programática do texto constitucional, as promessas feitas
pelo constituinte não podem ser tomadas de forma vã. A omissão do Estado em garantir a gratuidade do
ensino público, assegurada no artigo 206, IV, CF, gera responsabilidade da autoridade que deveria ter
tomado providências para tanto. No mais, trata-se de dever compartilhado e não exclusivo do Estado,
que abrange todas as esferas educacionais, inclusive o ensino em creche, além do ensino não formal. Os
deficientes devem ser integrados neste sistema, não excluídos dele. Eventualmente, os estabelecimentos
oficiais podem perceber valores, notadamente provenientes de doações.
41. Resposta: “E”. Os medicamentos de alto custo devem ser fornecidos a todos aqueles que o
necessitarem, não somente aos hipossuficientes, até mesmo porque é possível que uma pessoa com boa
renda não tenha condições de arcar com estes. O mandado de segurança buscando o fornecimento de
medicamentos pode ser interposto pelo Ministério Público, mas não somente por ele, também pela
Defensoria Pública e pelo próprio interessado. O sistema de saúde está previsto na Lei nº 8.080/1990,
mas encontra substrato constitucional, especialmente em seu artigo 6º. Referida lei especial assegura a
possibilidade de participação de entidades privadas no sistema, desde que não possuam fim lucrativo, ou
seja, atendam pelo preço do SUS.
42. Resposta: “B”. A alternativa “A” está incorreta porque o que se equiparou à família foi a união
estável entre pessoas do mesmo sexo, a qual independe de formalização escrita. A alternativa “C” está
incorreta porque o artigo 226, §5º, CF prevê a igualdade entre homem e mulher no casamento: “os direitos
e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. O
casamento religioso, por sua vez, pode gerar efeitos civis, conforme artigo 226, §2º, restando “D”
incorreta. O Estado não pode intervir coativamente no planejamento familiar, decisão totalmente livre do
casal (artigo 226, §7º, CF), restando “E” incorreta. Resta a alternativa “B”, que corretamente traz o teor
do artigo 226, §4º, CF: “entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer
dos pais e seus descendentes”.
43. Resposta: “C”. A alternativa “A” está incorreta porque o patrimônio cultural também pode ter
natureza material (artigo 216, caput, CF). “B” está incorreta porque o Poder Público promoverá e protegerá
o patrimônio cultural não isoladamente e sim com a colaboração da comunidade (artigo 216, §1º, CF). A
alternativa “C” está correta e traz o teor do artigo 210, caput, CF: “Serão fixados conteúdos mínimos para
o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais
e artísticos, nacionais e regionais”. O Plano Nacional de Cultura é de duração plurianual (artigo 215, §3º,
CF). O previsto na alternativa “E” vai contra a descentralização do Sistema Nacional de Cultura (artigo
216-A, caput, CF).
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44. Resposta: “B”. Trata-se de princípio previsto no artigo 216-A, §1º, CF: “VII - transversalidade das
políticas culturais” e “XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a
cultura”.
45. Resposta: “C”. Observando o artigo 194, parágrafo único, VII, CF é possível perceber que a
alternativa “C” está incorreta: “Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade
social, com base nos seguintes objetivos: [...] caráter democrático e descentralizado da administração,
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados”. Logo, os aposentados estão incluídos e a gestão é
quadripartite.
46. Resposta: “A”. Reza o art. 230, §2º, CF que “aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos”. Segundo a doutrina constitucionalista trata-se de norma
de eficácia plena, produzindo, portanto ampla e irrestritamente seus efeitos. Tanto é assim que o Supremo
Tribunal Federal reconheceu em decisão na Suspensão da Segurança (SS 3052) pedida pela Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para garantir a gratuidade e o desconto de meia passagem
no transporte interestadual de passageiros idosos, em cumprimento ao artigo 40 do Estatuto do Idoso
(Lei nº 10.741/2003).
47. Resposta: “C”. O artigo 150 da Constituição Federal trata das limitações ao poder de tributar,
sendo que no inciso VI, “a”, destaca-se a vedação descrita na letra “C”: “Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I -
exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento desigual entre contribuintes
que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos; III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência
da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; IV - utilizar tributo
com efeito de confisco; V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas
pelo Poder Público; VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado
a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser”.
48. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonância com o artigo 225, §3º, CF: “As condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
49. Resposta: “E”. Embora a assistência à saúde seja livre à iniciativa privada, “é vedada a destinação
de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos” (art. 199,
§2º, CF), restando “E” correta. “A” está incorreta porque a prioridade dos municípios é ensino infantil e
fundamental; “B” está incorreta porque é possível atribuir porcentagem da receita líquida tributária voltada
à cultura; “C” está incorreta porque o fornecimento de merenda é dever estatal e “D” está incorreta porque
a inexistência de recursos orçamentários não justifica a exclusão do direito.
50. Resposta: “E”. Dispõe o artigo 215, § 3º, CF: “A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder
público que conduzem à: I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; II - produção, promoção
e difusão de bens culturais; III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas
múltiplas dimensões; IV - democratização do acesso aos bens de cultura; V - valorização da
diversidade étnica e regional”. Nos incisos IV e V traz os propósitos descritos na letra “E”.
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