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ANOS 1990
[...] depois de vivenciar a era dos ciclos, adentrava em uma nova fase,
inédita, de crise estrutural, marcada por um continuum depressivo que faria
aquela fase cíclica anterior virar história. Embora pudesse haver alternância
em seu epicentro, a crise se mostra longeva e duradoura, sistêmica e
estrutural.
E mais, demostrava a falência dos dois mais arrojados sistemas estatais de
controle e regulação do capital experimentados no século XX. O primeiro, de
talhe keynesiano, [...]. O segundo de ‘tipo soviético’ [...]. Em ambos os casos
o ente político regulador fora desregulado, ao final de um longo período pelo
próprio sistema sociometabólico1 do capital. [...] (MÉSZÁROS, 2009, p. 10,
11).
1
O sistema sociometabólico do capital tem seu núcleo central formado pelo tripé capital, trabalho
assalariado e Estado, três dimensões fundamentais e diretamente inter-relacionadas, o que impossibilita a
superação do capital sem a eliminação do conjunto dos três elementos que compreendem esse sistema
(MÉSZÁROS, 2009, p. 11).
que, conforme Anderson (1995), instrumentalizaram a classe trabalhadora conferindo
um poder excessivo e nefasto aos sindicatos, que consequentemente, corroeram as bases
de acumulação do sistema, com suas sucessivas pressões por aumento de salários e
cobranças por mais gastos sociais. Essas acusações não surgiram por acaso, elas eram
promovidas por um grupo elitista que sustentavam a argumentação de que a intervenção
do Estado regulando a todos e tudo, cerceava a liberdade de crescimento individual,
social e econômico. Isso, em sua sustentação teórica, repelia a dignidade humana e a
liberdade individual, sendo essas condições entendidas como conceitos centrais de uma
civilização.
Contudo, uma ideologia só se legitima pela aceitação de tal condição. Desta
forma,“nenhum modo de pensamento se toma dominante sem propor um aparato
conceituai que mobilize nossas sensações e nossos instintos nossos valores e nossos
desejos, assim como as possibilidades inerentes ao mundo social que habitamos”
Harvey (2008). E assim, a lógica de liberdade individual constituiu a nova era de
pensamento político e econômico, o neoliberalismo, que não viria a abalar apenas as
estruturas de Estado, mas também, provocar um movimento de supressão de direitos
constituídos por lutas e enfrentamento, condicionado por viés das características de
mercado, todas as relações, maximizando a individualidade humana, na busca enfreada
do rompimento com os ideais social democrata.