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2.

1 POLITICAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: OS


MARCOS LEGAIS E O SEU TRAÇADO HISTÓRICO

Educação especial nos dias atuais não é matéria apenas tempestiva, mas
extremamente necessária a resolução de processos inclusivos no âmbito escolar/social,
sendo ela, possivelmente, o caminho para progredirmos quanto civilização. Para termos
um mínimo de compreensão a cerca do processo de inclusão observamos as palavras de
EDLER CARVALHO (SEED/DEE,2006, p.6):

Adotamos como um dos referenciais a concepção segundo a qual a inclusão


educacional é mais que a presença física, é muito mais que acessibilidade
arquitetônica, é muito mais que matricular alunos com deficiência nas salas de aula do
ensino regular, é bem mais que um movimento da educação especial, pois se impõe
como movimento responsável que não pode abrir mão de uma rede de ajuda e apoio
aos educadores, alunos e familiares.

A inclusão é um processo de complexidade existente, não resumindo-se


apenas a presença da pessoa com deficiência nos espaços escolares/social, mas da
participação ativa e funcional destas neste processo. É muito claro que, quando nos
apegamos a essas ações apenas, acreditando serem elas capazes de promover a inclusão,
certamente limitamos as possibilidades e fadamos ao fracasso tal processo.

As lutas para a inclusão de pcds no Brasil não são de hoje, mesmo que as
leis e normativas até aqui empreendidas possam mostra-se mais ou menos eficazes
possível e passivas de vários questionamentos, elas são marcadas historicamente por
enfrentamentos e discussões até aqui tensionados na busca por uma sociedade mais
justa e igualitária em conformidade com a constituição em seu Art. 5° "todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros, residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade" (CF - Brasil, 1988).

O texto da CF nos traz a igualdade como um dos preceitos básicos de uma


sociedade democrática, ela promove mecanismos para a criação e aprovação de leis
partindo das especificidades e pluralidade social e econômica. A partir da constituição
emergem novas leis e diretrizes para a promoção da inclusão, partindo da avaliação das
barreiras que alguns grupos enfrentavam para o acesso à educação, e buscando um
ensino democrático e acessível a estes grupos.

As ações adotas pelos diversos governos ao logo da construção histórica das


políticas de inclusão têm reflexos mais visíveis e robustos a partir da Declaração
Mundial da Educação em Jomtien, na Tailândia, em 1990, situação na qual o Estado
brasileiro concorda como signatário com os termos deste documento fazendo a opção
pela construção de um sistema educacional inclusivo. Também ao mostrar consonância
com os postulados estabelecidos em Salamanca (Espanha, 1994), na Conferência
Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade.

Podemos destacar aqui que, posteriormente a esses acordos firmados, já


supra citados, tivemos o advento no ano de 1996 da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 que no artigo 59, preconiza que os sistemas de
ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização
específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica
àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental em
virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão
do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação
básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado” (art. 24, inciso V) e “(…) oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de
trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). E em seu artigo mais controverso (art. 58
e seguintes), diz que “o atendimento educacional especializado será feito em classes,
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas
dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular”.

Possivelmente um dos textos mais implicantes e importantes, que ainda


resultantes das conferencias e acordos firmados temos a criação da RESOLUÇÃO
CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001, que estabelece:

Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a


educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na
Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades.
Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação
infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação
especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família
e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado.

Todos estes e demais textos legais, tentam garantir minimamente a constituição


de uma sociedade fundamentalmente pautada na valorização das diversidades,
vislumbrando um cenário ético e humanista, com uma educação formadora de cidadãos
capazes de constituir e atribuir respeito, dignidade e valoração a pessoa humana,
compreendendo que somos seres com especificidades, mas que isso não configura
direito de um sobressair ao outro conforme nos referenda o Relatório sobre o parecer
do CNE n. 017/2001(p.11), “a consciência do direito de constituir uma identidade
própria e do reconhecimento da identidade do outro se traduz no direito à igualdade e no
respeito às diferenças, assegurando oportunidades diferenciadas (eqüidade), tantas
quantas forem necessárias, com vistas à busca da igualdade. O princípio da eqüidade
reconhece a diferença e a necessidade de haver condições diferenciadas para o processo
educacional”.

2.2 SIGNIFICADOS, CONCEITOS E DIFERENÇAS DE FICIÊNCIA


VISUAL

A pessoa com deficiência visual é aquela acometida por incapacidade total ou


parcial da visão, provocada por doenças congênitas ou hereditárias causando limitação
ao campo da visão. Os diferentes graus da deficiência vão da cegueira até a visão
subnormal, sendo a ultima uma alteração da capacidade funcional decorrente de fatores
como rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante do campo
visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades.

[...] a alteração da capacide funcional da visão, decorrente de inúmeros fatores


isolados ou associados, tais como: baixa acuidade visual significativa, redução
importante do campo visual, alterações corticais e/ou de sensibilidade aos
constares, que interferem ou que limitam o desempenho visual do indivíduo
(Brasil,2006, p.16)

Portant, são inclusas em no grupo de pessoas com deficiência visual as pessoas


cegas e também com visão subnormal. A caracterização da deficiência é destinada a
avaliação clinica que é realizada pelo profissional especialista, um oftalmologista,
visando as competências econômico, administrativas e demais fins legais. Essa
avaliação é necessária para especificar os diferentes graus, sendo considerada cega uma
pessoa que apresenta uma acuidade de20/200, ou 0,1 no melhor olho, já as pessoas com
acuidade visual de 20/200 e 20/70 são consideradas deficientes visuais do grupo de
visão subnormal ou visão reduzida.

No âmbito educacional educadores têm valorizado a avaliação funcional da visão, com


a finalidade de corroborar a avaliação clinica. Tal avaliação consiste na observação de
como esses alunos utilizam os resíduos visuais que tem para a apropriação de
desenvolvimento das atividades.

Educação.Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica –


Parecer CNE/CEB n.17/2001
BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Educação
Inclusiva-Fundamentação Filosófica. Brasília: MEC/SEESP, 2004.
BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado
federal, 1988
Ministerio da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e praticas da
inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais
especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. Brasilia, 200.6. Disponivel
em:http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunoscegos.pdf. Acesso em 30 jun.
2019.

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