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INTRODUÇÃO

Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo principal contribuir para o estudo e a compreensão do
fenômeno das bibliotecas digitais, analisando suas especificidades e trazendo conceitos e
ideias que possam colaborar para o entendimento de suas características e funcionalidades
para, em seguida, analisar a sua participação na busca pelo acesso à cultura, tendo como
Tema parâmetro os limites impostos pela proteção ao direito de autor.

O tema é composto por elementos complexos e abrangentes, assim é importante definir, desde
logo, os limites deste trabalho. Não se pretende apresentar um estudo amplo sobre todas as
consequências jurídicas e sociais que surgem quando se cruzam o acesso à cultura e os limites
impostos pelo direito de autor, sendo que o presente estudo limitar-se-á a abordar essa
interseção no âmbito das bibliotecas digitais.

A análise de ambos os elementos será direcionada e circunstanciada ao ambiente digital, no


contexto de um novo cenário que se impõe desde meados do século passado, denominado
sociedade da informação.
J
u De fato, o direito de autor passa por profundas alterações que têm origem principalmente no
s
t avanço das novas tecnologias, tanto de hardware quanto de software, gerando mudanças que
i surgiram como resultado da transformação da nossa própria sociedade. Tais mudanças afetam
f
i o ponto central do direito de autor e se refletem num embate entre os interesses individuais do
c autor na proteção de sua obra e os interesses coletivos de acesso à cultura.
a
t
i O advento da sociedade da informação trouxe consigo constantes e rápidas mudanças
v
a
tecnológicas alterando os suportes físicos nos quais se inserem informações e conteúdos dos
mais diversos. Além disso, transformou de forma radical os meios de comunicação, sendo que
a duplicação e o acesso a todo tipo de obra foram tremendamente facilitados, gerando o
questionamento de como proteger as obras autorais ao mesmo tempo que se estimula e
Problema viabiliza o amplo acesso à cultura. Estaria o direito de autor em crise? É possível chegar ao
equilíbrio entre viabilizar o acesso à cultura ao maior número possível de pessoas ao mesmo
tempo em que se preserva o direito do autor, de maneira a incentivar a continuidade das
criações intelectuais?
J
u O ambiente digital tem o seu contexto inserido na chamada sociedade da informação, que é
s
t
denominação utilizada por diversos autores e que se presta a explicar uma nova realidade
i social, na qual as fronteiras físicas foram virtualmente eliminadas. A supressão dessas
f
i fronteiras criou a possibilidade de interação entre as pessoas em nível mundial, de forma
c instantânea, modificando profunda e definitivamente a maneira pela qual as pessoas se
a
t relacionam, os meios de comunicação e as formas de se disseminar informação, conhecimento
i e cultura.
v
a

¹BITTAR, Carlos Alberto. Autonomia científica do direito de autor. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 89, p. 87-98, 1994, p. 89.
Ainda no que tange às bibliotecas digitais, o estudo debruçar-se-á sobre seu conceito e suas
características, realçando o caráter múltiplo de sua realidade, haja vista que o termo
“biblioteca digital” corresponde a uma noção complexa, consolidada em diversos aspectos
que não podem ser capturados e expressados por meio de uma definição simples. Assim, faz-
se necessário um modelo robusto de biblioteca digital capaz de encapsular a riqueza dessas
perspectivas.

Em seguida, haverá a análise sobre a terminologia correta a ser aplicada ao fenômeno das
bibliotecas digitais, bem como sobre os seus elementos básicos, seus aspectos essenciais, suas
funções, objetivos e limitações.

E, nesse sentido, o trabalho necessariamente voltar-se-á ao direito de autor. Após um breve


histórico sobre como tais direitos, conforme ¹Carlos Alberto Bittar, apesar de comporem o
Direito Civil, têm autonomia jurídica, configurando verdadeiro microssistema com regras
próprias, o trabalho passará a estudar as limitações e regras do direito de autor e como tais
regras podem e devem adequar-se às novas realidades tecnológicas. Essas adaptações devem
ocorrer de maneira que se preservem as conquistas centenárias do direito de autor, sem que
J
u sejam ignoradas as mudanças temporais e comportamentais surgidas na nova ordem social em
s que se vive hoje.
t
i
f Ao analisar as questões jurídicas fundamentais dessa matéria, o trabalho tratará das
i especificidades e da proteção ao direito de autor quando da utilização das obras dispostas e
c
a disponíveis em meio digital, da questão das obras órfãs e daquelas que já se encontram em
t domínio público e como esses pontos podem afetar as bibliotecas digitais. Também serão
i
v objeto de estudo o plano nacional de cultura, as propostas de alteração da lei de direitos
a autorais, a regra dos três passos e a regra do fair use.

O estudo direcionará sua atenção, ainda, à questão do direito ao acesso à informação, ao


conhecimento e à cultura e de como as bibliotecas digitais podem viabilizar a concretização
deste que é um direito universal, previsto em inúmeras legislações pátrias e internacionais,
com previsão expressa inclusive na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O desafio que se apresenta é justamente a busca do pleno exercício desse direito fundamental
sem, no entanto, inviabilizar o uso lícito e a proteção ao autor, sob pena de, ao se pretender
conceder de forma ampla o acesso à cultura, se acabar por destruir os meios e incentivos de
produção da própria cultura, que se pretende que seja acessível a todos.

Nesse contexto, importante será a análise sobre a diferenciação entre os conceitos de


informação, conhecimento e cultura. Enquanto a informação induz de forma limitada ao saber
dos fatos, o conhecimento pressupõe a interpretação de tais fatos e a relação entre eles,
demandando um raciocínio analítico para que se possa chegar a diversas conclusões. Já a
cultura tem um espectro mais amplo, consubstanciando-se no conjunto de características do
homem que vive em sociedade, mas que a ele não são inatas.

¹BITTAR, Carlos Alberto. Autonomia científica do direito de autor. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 89, p. 87-98, 1994, p. 89.
REFERÊNCIA

AMAD, Emir Iscandor. Bibliotecas Digitais: entre o acesso á cultura e a proteção ao autor.
2015. 137 folhas. Mestrado. Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, 2015.
Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-06112015-113318/pt-
br.php>. Acesso em: 25 jan. 2019

¹BITTAR, Carlos Alberto. Autonomia científica do direito de autor. Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 89, p. 87-98, 1994, p. 89.

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