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COMPREENSÃO E PERCEPÇÃO ........................................................ 200
COMPREENSÃO & EXPLICAÇÃO De Compreesão Implicativa &
Explicação Reflexiva, Reflexão Explicativa ......................................... 204
A IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO ........................................................ 209
CONHECER Pré-Compreensão, Compreensão, Intuição da ação, do
episódio existensial........................................................................... 222
SOBRE A POTENSIA EXISTENCIAL A vontade de viver....................... 229
VISITANDO AS QUEBRADAS DO SI MUNDO Psicologia e Psicoterapia
fenomenológico Existensial Dialógica ................................................ 234
CURA ............................................................................................... 238
INSÓLITA E EFERVESCENTE PERFORMANCE DO POSSÍVEL ............. 242
O EU E A AÇÃO ................................................................................. 246
FENÔMENO, FENOMENOLOGIA ........................................................ 250
EXISTENCIA & EXISTENCIA Insistencia e Existensia .......................... 255
O GRANDE SEGREDO ....................................................................... 259
Escritos da Empatia 1/3. A EMPATIA É A COMPAIXÃO........................ 262
Escritos da Empatia 2/3. VOCÊ PODE EMPATIZAR COM UMA PEDRA...
........................................................................................................ 268
Escritos da Empatia 3/3. GESTALT E EMPATIA .................................. 272
PRESENTE. O MODO NÃO COISA DE SERMOS Propedêutica de
fenomenologia .................................................................................. 277
MUSCULARIDADE DA EMOÇÃO, DA AÇÃO, DA EXISTÊNCIA ............. 281
PERTENSIONALIDADE, TRANSTENSIONALIDADE, TRANSJETIVIDADE
........................................................................................................ 288
O DESENCANTAMENTO E O ENCANTAMENTO DAS COISAS ............. 290
O SUJEITO E A AÇÃO ....................................................................... 292
O ACONTECER É UM EVENTO, UMA EVENTUALIDADE. QUEM CONDUZ
O EVENTO É O VENTO. DA FORÇA DO POSSÍVEL.............................. 295
IMPLICAÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, COMPREENSÃO ......................... 300
COMPREENSÃO E PERCEPÇÃO. 1 .................................................... 303
PRETENSÃO, SUBJETIVAÇÃO, HISTERIA. Formas malogradas das
existensia ......................................................................................... 308
CONCEITUAÇÃO. O TEMPO, O CONCEITO, E O PRECONCEITO. O
conceito e o Tempo. .......................................................................... 312
TOLERÂNCIA.................................................................................... 320
OBJETIVO, SUBJETIVO, TRANSJETIVO ............................................ 323
EXPERIMENTAÇÃO FENOMENOLÓGICA E PERÍCIA........................... 326
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O CORRPO COMO OBJETO ............................................................... 329
TRANSJETIVIDADE, GESTALTIFICAÇÃO, EXISTÊNCIA E
FENOMENOLOGIA . .......................................................................... 332
EMPIRISMO & EMPIRISMO ................................................................ 334
PERÍCIA, EXPERIMENTAÇÃO, E EMPIRISMO ..................................... 337
AVENTURA DE EXISTIR À ventura da sugestão do vento .................... 340
QUE É GESTALTIFICAÇÃO ................................................................ 344
HISTERIA E AÇÃO ............................................................................ 347
FENOMENOLOGIA GESTÁLTICA, PROJETO & PROJETO ................... 352
PROJETO & PROJETO ...................................................................... 354
"PRÉ-COMPREENSÃO", E O FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL ........ 357
CRIAR, A SUPREMA TRAIÇÃO........................................................... 360
MUSIQUE ......................................................................................... 363
IMPLICAÇÃO. A PERPLEXIDADE COMO MÉTODO .............................. 365
EXISTÊNCIA EMOÇÃO E MÉTODO nas psicologias e psicoterapias
fenomenológico existenciais A EMOÇÃO É O MÉTODO ...................... 370
ESTÉTICA DA EMOÇÃO EMOÇÃO DA ESTÉTICA E o trabalho em
psicologia fenomenológico existencial dialógica ................................ 373
DESPRETENSÃO .............................................................................. 376
TRANSJETIVIDADE. PROJETIVIDADE ............................................... 378
CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSJETIVIDADE .................................. 380
INTUIÇÃO DA INTENSIONALIDADE DA AÇÃO, E O CÁLCULO. ........... 382
IMPLICAÇÃO. SIMPLIFICAR O COMPLEXO. COMPLEXIFICAR O SIMPLES.
........................................................................................................ 386
TRANSJETIVIDADE, O INSPECTADOR. ............................................. 388
JETO, DEJETOS E TRANSJETIVIDADE .............................................. 390
O CONHECER DO CLIENTE EM PSICOTERAPIA FENOMENOLÓGICO
EXISTENSIAL .................................................................................... 394
A AÇÃO NÃO É SÓ AÇÃO MUSCULAR. COMPPREENSÃO TAMBÉM É
LEGITIMAMENTE AÇÃO NA MUSCULAÇÃO, A COMPREENSÃO TAMBÉM
É MUSCULAR ................................................................................... 398
Suicídio de jovens no Nordeste 1/9. INTRODUÇÃO AO ESTUDO E
INTERVENÇÃO NA QUESTÃO DO SUICÍDIO DE JOVENS NO NORDESTE
DO BRASIL ....................................................................................... 400
Suicídio de jovens no Nordeste 2/9. ABUSO SEXUAL ......................... 410
Suicídio de Jovens no Nordeste 3/9. ABUSO PSICOLÓGICO............... 414
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 4/9. SUICÍDIO E GÊNERO .... 419
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Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 5/9. INDUÇÃO AO SUICÍDIO 423
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 6/9. A PRODUÇÃO DA
TRISTEZA COMO ESTRATÉGIA ......................................................... 431
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 7/9. HISTERIA E SUICÍDIO .. 435
Suicídio no Nordeste 8/9. O PAPEL DA TERAPIA ................................ 442
Suicídio de Jovens no Nordeste 9/9. ADOÇÃO E SUICÍDIO ................. 449
CORPO 1/2. A CRONIFICAÇÃO DO CORPO COMO OBJETO ............... 453
CORPO 2/2 Fenomenologia do corpo. ................................................ 458
DEPENDÊNCIA DE DROGAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 3/4. A
alienação e negação da finitude, e do sofrimento. A negação da
existência. Impotência. ..................................................................... 462
DEPENDÊNCIA DE DROGAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 1/4. A
reificação das drogas nas sociedade contemporâneas ...................... 464
TAO E AÇÃO ..................................................................................... 466
NARRATIVA. IMPLICAÇÃO OU EXPLICAÇÃO? Pedagogia ou Propaganda
........................................................................................................ 473
4
GESTALTIFICAÇÃO
Compreensão e implicação. Ação.
5
GESTALTIFICAÇÃO
Compreensão e implicação. Ação.
Afonso H L da Fonseca, psicólogo.
Conteúdo
Conteúdo
.............................................................................................................................
.1
INTRODUÇÃO.........................................................................................
.................................. 2
CONCLUSÃO
.............................................................................................................................
4
1. O MODO DE SERMOS NÃO ATIVO, NÃO FORMATIVO, NÃO
GESTALTIFICATIVO. NÃO TENSIONAL, NÃO INTENSIONAL, NÃO
IMPLICATIVO. O MODO EXPLICATIVO DE SERMOS. PASSADO, O
MODO DE SERMOS DO ACONTECIDO.
................................................................... 5
2. O MODO ATIVO DE SERMOS, MODO FORMATIVO DE
SERMOS, PERFORMÁTICO, GESTALTIFICATIVO, TENSIONAL,
INTENSIONAL, IMPLICATIVO. Modo de sermos tensional, da vivência da
tensão, da tensidade, da intensidade, e intensificação, da força das
possibilidades. Modo de sermos, portanto, Intensional. Intensionalidade.
Intensionativo. Vivência, fenomenológica existencial e dialógica, do
desdobramento de possibilidades. Ação gestaltificativa. Compreensiva,
Implicativa................................................................................ 6
3. AÇÃO. MERAMENTE COGNITIVA. E, AÇÃO COGNITIVA E
MUSCULAR. AÇÃO GESTALTIFICATIVA, GESTALTIFICAÇÃO.
..................................................................................... 8
4. A CONDIÇÃO PRÓPRIA E ESPECIFICAMENTE
GESTALTIFICATIVA DA CONSCIÊNCIA FENOMENOLÓGICA E DA
AÇÃO DERIVA DE SEU CARÁTER EMINENTEMENTE FORMATIVO --
A PARTIR DA EMERGÊNCIA E DO DESDOBRAMENTO DE
POSSIBILIDADES. E DA ORGANIZAÇÃO FORMATIVA DE SUA
DINÂMICA. QUE SE DÃO COMO VIVÊNCIA DAS DOMINÂNCIASDE
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE FIGURA E FUNDO,
GESTALTIFICAÇÃO, E NO SEU ESCOAMENTO, QUE SE DESDOBRA
NA INTRÍNSECA FORMAÇÃO DA COISA. Em seus desdobramentos
fenomenológicos pré-reflexivos, gestaltificativos, as possibilidades são,
própria e especificamente, formativas. (1) São formativas dos processos
gestaltificativos de formação de figura e fundo da vivência fenomenológica
6
existencial e dialógica; e (2), no limite, são formativas das coisas, na
instalatividade coisificada delas. ........................................................ 9
5. A CONSCIÊNCIA E A AÇÃO FORMATIVAS --
FENOMENOLÓGICAS, PRÉ-REFLEXIVAS, DESDOBRAMENTOS DE
POSSIBILIDADES --, MOVIMENTAM-SE E ORGANIZAM-SE
GESTALTIFICATIVAMENTE.
...................................................................................................... 10
6. AÇÃO. COMPREENSÃO. IMPLICAÇÃO. GESTALTIFICAÇÃO.
................................................... 12
7. GESTALTIFICAÇÃO. MODO DE SERMOS DO ACONTECER.
Modo de sermos anterior, portanto, ao modo acontecido de sermos do sujeito,
do objeto, e da dicotomia sujeito-objeto. Anterior ao modo acontecido de
sermos da teorética, e da explicação. Anterior ao modo acontecido de
2
sermos da causalidade. Anterior ao modo acontecido pragmático de
sermos do uso e da utilidade. Anterior ao modo acontecido de sermos da
realidade. ............................................ 13
8. CAMINHO DO MEIO. OTIMIZAÇÃO DA GESTALTIFICAÇÃO,
OTIMIZAÇÃO DA AÇÃO, OTIMIZAÇÃO DA ATUALIZAÇÃO
COMPREENSIVA DE POSSIBILIDADES. METODOLÓGICA
GESTALTIFICATIVA.
................................................................................................................. 14
CONCLUSÃO
...........................................................................................................................
17
INTRODUÇÃO.........................................................................................
................................ 18
BIBLIOGRAFIA
.........................................................................................................................
19
INTRODUÇÃO
7
O que significa o termo gestalt?
O que significa gestalt enquanto uma abordagem metodológica?
Tenho preferido utilizar o termo gestaltificação. Porque é exatamente
disso que se trata. De ação. Da essência da vivência formativa, fenomenológi-
co existencial e dialógica, compreensiva e implicativa, meramente cognitiva, ou
cognitiva e muscular. E, como tal, da essência, eminentemente aparencial, da
estética e da poiética. Da experiência estética e da experiência poiética.
Existimos de dois modos distintos, e que se alternam.
Existimos, (1) de um modo ativo, própria e especificamente formativo
(em termos da vivência do processo de formação de figura fundo, e em termos
da vivência da formação, criação, das coisas); processo, por isso, performático.
Fenomenológico existencial e dialógico; compreensivo, im-plicativo,
gestaltificativo. Caracterizado pelo predomínio de vivência da cons-ciência pré-
reflexiva. Modo de sermos da vivência do acontecer.
E existimos , (2) de um modo, especificamente, não ativo, não formati-
vo. Explicativo.
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Modo explicativo de sermos que não é fenomenológico, nem existenci-
al, nem dialógico; que não é compreensivo, nem implicativo, que não é gestalti-
ficativo. Modo de sermos que, não sendo formativo, não é performação, não é
performance,, não é performático. Modo de sermos do acontecer.
Este modo não ativo, explicativo, de sermos pode, por seu turno, se dar
como:
(a) Um modo de sermos não ativo, explicativo, teorético; ou
(b) o modo de sermos explicativo comportamental.
O modo ativo, formativo, de sermos é eminentemente cognição. São
eminentemente ativos, formativos – por isso, performance, performática --, a
consciência pré-reflexiva, a vivência, a cognição, o conhecimento, e o conhecer
fenomenológico existenciais e dialógicos, na sua momentaneidade instantâ-
nea,. Como vivência do desdobramento de forças, como vivência dod desdo-
bramento de possibilidades, que é a ação. São propriamente, assim, gestalti-
ficativos. O que também quer dizer que são igualmente compreensivos, e
implicativos.
Necessaria e intrinsecamente múltiplas na vivência de suas emer-
gencias e desdobramentos, as possibilidades se organizam, a ação se organi-
za, como vivência, intrinsecamente cognitiva. Como consciência pré-reflexiva.
Não como consciência re(a)presentativa. Mas como consciência apresenta-
tiva.
Cons ciência apresentativa, fenomenológico existencial, que pode ser
meramente cognitiva, e ou cognitiva e muscular.
Como a vivência de totalizações significativas de formações de figuras e
fundos; como formações de gestalts que se sucedem, no que entendemos co-
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mo ação. Que é formação, performance, meramente cognitiva, e ou ação cog-
nitiva muscular.
As emergências e os desdobramentos formativos, gestaltificativos, de
possibilidades, as ações, atuações, atualizações, são formativas na medidada
em que, cognitiva e muscularmente, intrinsecamente se constituem como
consciência pré-reflexiva, como vivência, como os processos de formação de
figura e fundo. E na medida em que, em sua decorrência, são constituídas,
formadas, as coisas, os entes. Quer sejam as coisas físicas da mundaneidade
do mundo, quer sejam as coisas mentais -- teoréticas, conceituais.
Buber já dizia que o conceito é o isso da mente.
Naturalmente querendo dizer que o conceito -- não é um tu, compreen-
sivo, implicativo, gestaltificativo -- mas é o isso da consciência.
O tu da consciência é a possibilidade, em suas emergências e desdo-
bramentos ativos, fenomenológico existenciais e dialógicos; compreensivos,
implicativos, gestaltificativos.
Especificamente o tu se dá como ação – como vivência compreensiva
do desdobramento de possibilidades --, que se constitui e que se forma como a
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vivência gestaltificativa dos processos de formação de figura e fundo; e
que forma as coisas, no limite. E que é, assim, intrinsecamente cognitiva,
gestaltifi-cativa.
Na medida em que, em suas emergências e desdobramentos, as possi-
bilidades se constituem de um modo organizadamente formativo, como consci-
ência fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa, ges-
taltificativa. Que, própria e especificamente, é a consciência pré-reflexiva.
Cognição, conhecimento, própria e especificamente, epistemologia, on-
tologia, ontológicas, fenomenológico existenciais e dialógicas, compreensivas e
implicativas... Fenomenativa e formativamente, performaticamente, gestaltifica-
tivos.
Assim, este caráter cognitivo, com suas qualidades formativas e de di-
nâmica organizativa próprias, em que se constitui a vivência da ação, o desdo-
bramento de possibilidades como consciência pré-reflexiva, meramente cogni-
tiva, ou cognitiva e muscular, fenomenológico existencial e dialógica, compre-
ensiva e implicativa, é o que entendemos como gestaltificação.
CONCLUSÃO
A gestaltificação, e a metodologia gestaltificativa, configuram-se como a
otimização pela entrega ao caminho do meio. Pela entrega à momentaneidade
instantânea dos episódios do modo fenomenológico existencial de sermos
A entrega ao modo de sermos ontológico, fenomenológico existencial e
dialógico, compreensivo e implicativo, do acontecer, da ação, da atualização.
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Que é o modo de sermos que Perls chamava, e os Taoístas e Zen Bu-
distas milenarmente chamam, de caminho de meio.
Caminho do meio, especificamente, enquanto absorção nas qualidades
do modo ontológico, fenomenológico existencial e dialógico de sermos.
Que é especificamente não deliberativo e desproposital. Mas é simul-
tânea, própria e especificamente, a ação. A entrega à vivência da presença e
atualidade do modo ontológico, fenomenológico existencial de sermos; mas
vivência participativa e intensional, compreensiva e implicativa, própria e es-
pecífica, do desdobramento cognitivo ativo de possibilidades. Entrega ativa à
vivência participativa da ação, da atualização; entrega que não é uma entre-ga
à passividade, mas uma entrega à atividade laborativa. A vivência do des-
dobramento de possibiliades, com suas características fenomenológico exis-
tenciais e dialógicas, compreensivas, implicativas, gestaltificativas próprias, na
momentaneidade instantânea do modo ontológico de sermos.
Fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa, a
gestaltificação é a vivência da emergência e atualização de possibilidades. A
vivência da ação.
Enquanto vivência, a gestaltificação dá-se como processo de vivência da
dinâmica do desdobramento cognitivo de possibilidades. Este processo se
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constitui intrinsecamente como cognição, como consciência pré-
reflexiva, fe-nomenal, como vivência dos processos de formação de figura e
fundo, vivência dos processos de formação de gestalts. E, no limite, como
vivência do proces-so criativo gestáltico de formação das coisas, em sua
instalatividade coisifica-da. Coisas instalativas, assim, que se constituem e são
formadas, decorrem, dos processos de vivência da gestaltificação.
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A condição da consciência no modo de sermos do acontecido se carac-
teriza pela ausência da vivência da emergência e do desdobramento de possi-
bilidades, se caracteriza pela ausência da vivência do desdobramento cognitivo
da ação. E assim, pela ausência da consciência que é a tensão, que é tensio-
nalidade, que é a intensionalidade -- da ação --, do desdobramento de possibi-
lidades. Característicos da vivência do modo fenomenológico existencial ativo,
formativo, e intensional, do acontecer. .
De forma que, o modo de sermos do acontecido não é um modo de
sermos da ação, não é um modo de sermos da vivência da emergência e do
desdobramento de possibilidades. Não é o modo de sermos da vivência tensi-
onal, intensional, da consciência pré-reflexiva, fenomenológico existencial e
dialógica da ação, não é o modo de sermos da vivência do desdobramento de
possibilidades.
É, ao contrário, o modo de sermos no qual se constituem, enquanto a-
contecido, o sujeito e o objeto. E no qual se constituem como tais as condi-
ções para que -- na vigência do sujeito e do objeto, e da dicotomização entre
eles -- um sujeito, constituindo a teorética, possa, reflexivamente, contemplar
um objeto.
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A Teorética é, portanto a contemplação de um objeto, acontecido; por
um sujeito igualmente acontecido, no modo acontecido de sermos. É o modo
de sermos do acontecido, no qual se constituem, própria e especificamente
como acontecidos, o sujeito e o objeto. E no qual o sujeito pode, reflexivamen-
te, contemplar um objeto.
É o modo própria e especificamente não formativo de sermos. Caracteri-
zado especificamente pela ausência da ação, pela ausência da consciência
pré-reflexiva, fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva, implicativa,
gestaltificativa, pela ausência da emergência do processo figurativo de forma-
ção de figura e fundo. É um modo não performático e não criativo de sermos.
Nele não criamos coisas, físicas ou mentais, nele apenas as repetimos.
O modo acontecido de sermos caracteriza-se, assim, pelo predomínio da
consciência reflexiva. Da Consciência teorética. Da consciência abstrata.
O modo de sermos, (b) explicativo comportamental se caracteriza co-mo
o modo de sermos de nossa atividade padronizada e repetitiva. A atividade
que, acontecida, é padronizada e repetida de modo cada vez mais automático.
E que, enquanto tal -- quanto mais atividade padronizada e repetitiva --,
menos consciência é. Menos consciência, quer seja a consciencia pré-
reflexiva, fenomenológico existencial, formativa, gestaltificativa; quer seja cons-
ciência reflexiva, representativa, teorética.
O modo de sermos explicativo do comportamento é, assim, um mo-do
de sermos da desconscienciação, própria e especificamente.
2. O MODO ATIVO DE SERMOS, MODO FORMATIVO DE SERMOS,
PER-FORMÁTICO, GESTALTIFICATIVO, TENSIONAL, INTENSIONAL,
IMPLICA-TIVO. Modo de sermos tensional, da vivência da tensão, da
tensidade, da intensidade, e intensificação, da força das possibilidades. Modo
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de ser-mos, portanto, Intensional. Intensionalidade. Intensionativo. Vivência, fe-
nomenológica existencial e dialógica, do desdobramento de possibilida-des.
Ação gestaltificativa. Compreensiva, Implicativa.
O modo ativo, formativo, performativo, performático, de sermos, mo-do
de sermos do acontecer. Fenomenológico existencial e dialógico, compre-
ensivo e implicativo, é o modo de sermos da ação.
Caracterizado pela vivência, cognitiva, da emergência e do desdobra-
mento de possibilidades, que é a vivência de forças.
As forças, as possibilidades, se constituem como consciência pré-
reflexiva. Própria e especificamente pela consciência, conhecer, cognição, do
ator. Pela consciência da ação -- pré-reflexiva; consciência poiética, fe-
nomenológico existencial, e dialógica; compreensiva, implicativa, gestalti-
ficativa. Já que, em seus desdobramentos ativos, as possibilidades própria e
especificamente se constituem como tais.
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O modo ativo de sermos é o modo de sermos, portanto, da vivência da
tensão da ação: da vivência da emergência e do desdobramento, da moção, da
emoção, e da motivação, dos desdobramentos de possibilidades. O modo de
sermos da ação. O modo de sermos do acontecer.
Modo de sermos do acontecer que se constituti, e se desdobra, anteri-
ormente à constituição do modo explicativo de sermos do acontecido: o modo
acontecido de sermos no qual se consituem o sujeito, e o objeto; e a dicotomi-
zação entre eles: como consciência teorética, explicativa; como a consciência
de um sujeito que reflexivamente contempla um objeto; na ausência da tensão,
da intensão, da intensionalidade da atualização de possibilidades. Na ausência
da ação.
A consciência pré-reflexiva do acontecer, a vivência de consciência pré-
reflexiva da ação, formativa, se dá, propriamente, como a vivência da tensão
de forças, como vivência tensão, intensão, intensionalidade, do desdobra-
mento de possibilidades. Do desdobramento intensional da ação. Em seus
desdobramentos, as possibillidades são forças, as forças de tudo que vivenci-
amos, pré-reflexivamente. E que, como tais, como forças, existem necessaria-
mente nos seus desdobramentos.
O que chamamos de ação. Form/ação é, assim, a vivência pré-reflexiva,
fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva, implicativa,
gestaltificativa, dos desdobramentos das possibilidades.
A vivência da ação se constitui, pois, como a vivência, pré-reflexiva,
compreensiva, implictiva, gestaltificativa, intensional, dos desdobramentos de
possibilidades. Desdobramentos estes que se constituem cognitivamente. Pré-
reflexivamente, fenomenológica, compreensiva, e implicativamente. Como pro-
cessos de formação de figuras e fundos. Como as sucessões de processos de
formação de gestalts. Como as sucessões dos processos de gestaltificação.
Da vivência dos desdobramentos das possibilidades, em suas emergên-
cias pré-compreensivas, se constituem formativamente, nas intensidades de
sua vividez, os processos de formação de figura e fundo; os processos fe-
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nomenológico existenciais, intensionais, compreensivos e implicativos, das
gestaltificações.
E, no limite, os processos de formação de figura e fundo, os processos
de gestaltificação, se constituem como processos de formação das coisas em
sua instalatividade. Coisas que, em sua instalação característica, não mais são
experimentadas como tensão, como intensão, como intensionalidade.
Uma vez que, exauridas as forças do acontecer dos desdobramentos
das possibilidades, estas se reduzem em suas formas coisificadas, aconteci-
das, instaladas, instalação. Passando do modo de sermos do acontecer para o
modo de sermos do acontecido. Da condição de possibilidade compreensiva-
mente ativa, atualidade, à condição passada de coisa.
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3. AÇÃO. MERAMENTE COGNITIVA. E, AÇÃO COGNITIVA E
MUSCULAR. AÇÃO GESTALTIFICATIVA, GESTALTIFICAÇÃO.
A momentaneidade instantânea da vivência da consciência do modo
pré-reflexivo de sermos, modo de sermos da gestaltificação, se constitui, toda
ela, como consciência de desdobramento compreensivo de possibilidades, co-
mo ação, como conscienciação. Compreensão, e implicação. Gestaltificação.
O que quer dizer que, em seus desdobramentos, as possibilidades in-
trinsecamente se constituem como consciência pré-reflexiva, formativa, perfor-
mativa; como consciência fenomenológica e existencial, dialógica, compreensi-
va e implicativa. Gestaltificativa.
As possibilidades se dão, informes, inicialmente. Como forças, ao nível
pré-compreensivo de seus desdobramentos. À medida que se desdobram, o
que constitui especificamente a ação, as possibilidades intrinsecamente se
contituem compreensivamente, fenomenologicamente.
Nos seus desdobramentos, a ação é sempre, assim, intrinsecamente
cognitiva, intrinsecamente compreensiva e implicativa; consciência pré-
reflexiva, conhecer que é inédita possibilidade em desdobramento, possibilita-
ção.
Cognitivo, sempre, e gestaltificativo, o desdobramento de possibilidades,
a ação pode ser dar de duas formas.
A ação, gestaltificativa, pode ser:
(a) meramente cognitiva. Quando não envolve de um modo significativo
a sinergia musculativa do aparelho muscular em sua expressão. Ou
(b) cognitiva e muscular. Quando a sua constituição compreensiva se
prolonga nas ativas sinergias do aparelho muscular.
De modo que, em sua específica expressão, a ação, como desdobra-
mento gestaltificativo de possibilidades, é sempre cognição. É sempre consci-
ência, conhecer, pré-reflexivos, fenomenológico existenciais e dialógicos; com-
preensivo e implicativos, gestaltificativos. E pode se dar nas modalidades de
(a) Ação gestaltificativa meramente cognitiva; ou
(b) Ação gestaltificativa cognitiva e musculativa.
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4. A CONDIÇÃO PRÓPRIA E ESPECIFICAMENTE
GESTALTIFICATIVA DA CONSCIÊNCIA FENOMENOLÓGICA E DA AÇÃO
DERIVA DE SEU CARÁ-TER EMINENTEMENTE FORMATIVO -- A PARTIR
DA EMERGÊNCIA E DO DESDOBRAMENTO DE POSSIBILIDADES. E DA
ORGANIZAÇÃO FORMA-TIVA DE SUA DINÂMICA. QUE SE DÃO COMO
VIVÊNCIA DAS DOMINÂN-CIASDE PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE
FIGURA E FUNDO, GESTALTI-FICAÇÃO, E NO SEU ESCOAMENTO, QUE
SE DESDOBRA NA INTRÍNSE-CA FORMAÇÃO DA COISA. Em seus
desdobramentos fenomenológicos pré-reflexivos, gestaltificativos, as
possibilidades são, própria e especifi-camente, formativas. (1) São formativas
dos processos gestaltificativos de formação de figura e fundo da vivência
fenomenológica existencial e dialógica; e (2), no limite, são formativas das
coisas, na instalatividade coisificada delas.
Como forças, aos níveis ainda pré-compreensivos de seus desdobra-
mentos, as possibilidades são forças cognitivamente informes – [(inter)-prèt-
ação].
E são forças que, performaticamente, se constituem, cognitivamente,
formativamente, como formas compreensivas, como form-ação, figur-ativa, fi-
gur-ação -- compreensiva, e implicativamente, gestaltificativamente --, à medi-
da que os seus desdobramentos se constituem como totalizações significati-
vas, como gestalts, em seus processos de formações de figuras e fundos; em
seus processos de gestaltificações.
As gestalts são, assim, formas -- formações, mais propriamente --, de
figuras e fundos, figurações, que se constituem cognitivamente, compreensi-va
e implicativamente, gestaltificativamente, como forças de possibilidades em
desdobramentos. Fenomenológico existenciais e dialógicos; compreensivos,
implicativos, gestaltificativos.
O processo da ação, meramente cognitiva ou cognitiva e muscular --
processo improvisativo, e momentaneamente instantâneo, do desdobramento
cognitivo de possibilidades --, é, assim, um processo eminentemente formati-
vo. Performativo. Performático. A performática dos processos de formação de
figura e fundo, a performática cognitiva da figuração, da ação. Meramente
cognitiva, ou cognitiva e musculativa.
O processo da ação é formativo, performativo, na medida em que a
emergência, e o desdobramento, de possibilidades se constituem como vivên-
cia dos formativos processos de constituição da consciência pré-reflexiva. Pro-
cessos específicos de formação de gestalts, processos fenomenológico exis-
tenciais e dialógicos, compreensivos e implicativos, da gestaltificação.
Em seus desdobramentos, em suas atualizações, as possibilidades se
desatualizam, como observa Buber. Reduzem progressivamente as suas for-
ças à medida que se desdobram.
Ao reduzirem as suas forças à medida que se desdobram, as possibili-
dades se instalam como coisas. Ou seja, formam-se como as coisas, como os
entes, nos processos de seus desdobramentos. Coisas nas quais residem vir-
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tualmente instaladas, ainda, as possibilidades. De onde podem ser mais
uma vez atualizadas, na ocorrência da estética de sua ação.
Neste sentido, ainda, a vivência do desdobramento de possibilidades, a
vivência da ação, é gestaltificativamente formativa. Na medida em que, é em
decorrência destes processos fenomenológico existenciais gestalticamente
formativos que se constituem as coisas.
Quer sejam as coisas físicas, ou as coisas mentais, em sua instalativi-
dade ôntica.
5. A CONSCIÊNCIA E A AÇÃO FORMATIVAS --
FENOMENOLÓGICAS, PRÉ-REFLEXIVAS, DESDOBRAMENTOS DE
POSSIBILIDADES --, MOVI-MENTAM-SE E ORGANIZAM-SE
GESTALTIFICATIVAMENTE.
O desdobramento cognitivo de possibilidades, a ação, dá-se como vi-
vência, como cognição, como conhecer, como epistemológica, pré-reflexiva,
fenomenológico existencial, fenomenativa, dialógica, gestaltificativa.
A vivência ativa, formativa, dá-se como vivência dos processos de for-
mação de figura e fundo de totalizações significativas, como vivência dos pro-
cessos de formação de gestalts, como vivência dos processos de gestaltifica-
ção.
Nos fluxos dos desdobramentos cognitivos de suas forças, compreensi-
vas e implicativas, a vivência dos desdobmentos das possibilidades fluente-
mente se organiza de um modo gestaltificativo, compreensivo e implicativo.
Mas o que é que isto significa mais propriamente?
As gestaltificações, totalizações significativas -- vivenciativas, fenome-
nológico existenciais e dialógicas, compreensivas e implicativas -- são configu-
radas, sempre, por uma multiplicidade de partes. Participações.
Cada parte, participação, é possibilidade, força, que se constitui cogniti-
vamente no seu desdobramento ativo. São, portanto, cada uma das partes da
multiplicidade da gestaltificação também gestaltificações. Continuamente confi-
guradas e compostas, cada uma delas, por outras multiplicidades de participa-
ções gestalts. E assim, literalmente, ad infinitum...
De modo que cada vivência gestáltica, vivência do desdobramento de
possibilidades, vivência da ação, é intrinsecamente composta por múltiplas ou-
tras gestalts. Possibilidades elas, forças – gestalts participações, gestaltifica-
ções. Que emergem e se desdobram e sucedem como um fluxo contínuo nos
formativos processos de formação de figura e fundo da vivência das totaliza-
ções significativas -- meramente cognitivas, ou cognitivas e musculativas --, da
ação, e da configuração das coisa instalativas.
Como cada possibilidade emergente, e assim constituída vivencialmen-
te, é força, plástica, e eminentemente cognitiva -- sentido, logos, fenomenolo-
gos -- há um contínuo processo de competição entre elas. Processo de com-
11
15
pertição que se constitui como um processo vivencial e logicamente
argumen-tativo e aporético, ainda pré-verbal.
Como são forças plásticas e lógicas, o processo de competição entre as
possibilidades se configura, assim, como um contínuo processo de argumenta-
ção pré-verbal entre elas, na multiplicidade de seus conjuntos, na multiplicidade
de suas emergências, na multiplicidade dos seus desdobramentos. Na compe-
tição e argumentação as possibibidades organizam as suas forças em domi-
nâncias plásticas de sentido, fulgurações, figurações, configurações, gestalti-
ficações. Que fluem e se sucedem nas formas dos processos de formação de
figura e fundo. Como os processos ativos, formativos, gestaltificativos.
Nestes seus procesos vivenciativos de competição, e de argumentação
vivencial, pré-verbal, portanto, nos seus desdobramentos, as possibilidades se
organizam em dominâncias.
E são estas dominâncias que constituem, de modo fenomenologica-
mente temporal, a vivência compreensiva das figuras, a figuração; contra a
movimentação dos fundos. Nos processos de formação de figura e fundo, en-
quanto processos de vivência de totalizações significativas, enquanto vivência
do processamento formativo da gestaltificação.
De um modo tal, que, o que aparece como vivência de consciência, co-
mo figuração de consciência, como figura -- pré-reflexivamente, compreensiva
e implicativamente, fenomenológico existencial e dialógicamente -- constitui-se,
sempre, a partir da vivência das dominâncias, plásticas, de uma multiplicidade
de forças em movimento. As gestaltificações. Que emergem como relações de
sentido figura-fundo, a partir da vivência de uma multiplicidade de possibilida-
des, que competem e argumentam entre si. Constituindo compreensivamente
como figuras contra o fundo de sua multiplicidade sempre emergente.
Assim, própria e especificamente, a vivência do desdobramento cogniti-
vo de possibilidades, a vivência da ação, a vivência da gestaltificação, é a vi-
vência da organização expressiva da dinâmica das dominâncias de suas forças
plásticas. Formativas, sempre. A partir de sua perene e múltipla emergência,
competição e argumentação. É vivência fenomenológica existencial gestaltifica-
tiva de forças de criação.
Os desdobramentos figurativos da gestaltificação são especificamente
as experiências poiética e estéticas.
A gestaltificação é, assim, uma característica inerente à vivência do des-
dobramento, da atualização, das possibilidades. A gestaltificação é inerente à
vivência da ação. É a qualidade fenomenológico existencial e dialógica, com-
preensiva, e implicativa, gestaltificativa, inerente à ação.
É, nos processos de competição e de argumentação de sua emergência
e desdobramentos, um processo inerente de otimização da ação.
O desdobramento cognitivo das possibilidades escoa nos processos de
formação, de constituição, das coisas da coisidade do mundo. Que, continua-
menente, secretamos, na decorrência da vivência de nossos processos cogniti-
12
16
vamente ativos, formativos; que continuamente secretamos na vivência
dos processos de nossos atos, na vivência dos processos de nossas ações,
gestal-tificações.
6. AÇÃO. COMPREENSÃO. IMPLICAÇÃO. GESTALTIFICAÇÃO.
Com as suas particularidades, gestaltificação, implicação, e compreen-
são são, no limite, e em essência, palavras sinônimas e conceitos idênticos.
Referem-se os três ao processo formativo da ação. Da ação meramente cogni-
tiva, ou da ação cognitiva e muscular, e ao processo de sua dinâmica e organi-
zação, como a perene vivência da dinâmica e da organização das dominâncias
de multiplicidades de forças.
Como observamos, a vivência das possibilidades, no modo fenomenati-
vo de sermos, é sempre a vivência das dinâmicas e das organizações em do-
minâncias de um multiplicidade de forças, de possibilidades, que competem e
argumentam entre si. Que constituem hierarquias plásticas de sentido, domi-
nâncias, a partir desta competição e argumentação. São as dominâncias, como
produtos destas competições e argumentações que se constituem como a vi-
vência fenomenológica do processo das figurações, que se formam, e se suce-
dem, como processos vivenciais, gestaltificativos, de formação de figura e fun-
do da vivência gestaltificativa da ação, fenomenação, fenomenológica.
Como a gestaltificação, a compreensão e a implicação referem-se, i-
gualmente, a estes processos formativos de figuração, a estes processos for-
mativos da vivência gestaltificativa, a partir da vivência da competição e da ar-
gumentação entre multiplicidades de possibilidades.
Na verdade, compreensão e implicação são modos diferentes de dizer
gestaltificação.
O termo e o conceito de implicação derivam de plexo (plic, no Grego). O
termo plexo designa a dinâmica da multiplicidade, da pluralidade, gestaltifi-
cativamente organizada, de possibilidades da vivência fenomenológica existen-
cial.
O termo plic (plexo) referia-se originalmente, no Grego, ao entrançamen-
to dos pêlos da crina e do rabo dos cavalos. Como uma multiplicidade organi-
zada.
Neste sentido, a vivência dos enxames de possibilidades gestaltificati-
vamente, implicativamente, compreeensivamente organizados, da consciência
fenomenológica, pré-reflexiva, da ação, são plexos (plic). Plexos de possibili-
dades em desdobramento na constituição gestaltificativa de seus sentidos.
A momentaneidade instantânea da vivência fenomenológica deles, como
vivência do ator, do inspectador, é o que poderíamos chamar de implexação.
Efetivamente é, portanto, o que chamamos de implicação.
13
Do mesmo modo, o termo compreensão refere-se ao caráter integrador
de multiplicidades de possibilidades, momentânea e dinamicamentemente uni-
ficadas, na constituição da figuração do processo gestaltificativo.
17
No processo gestaltificativo, um conjunto de possibilidades em suas mul-
tiplicidades é abrangentemente preendido (cum preensão), cum preendido, nas
formações lógicas, de sentido, de seus processos de formação de figura e fun-
do. Na formação das gestalts, um conjunto abrangente de possibilidades, é
preendido como totalidade significativa, que flui como os processos de forma-
ção de figura e fundo, como os processos da gestaltificação.
De modo que os termos e conceitos de gestaltificação, de compreensão
e de implicação referem-se às integrações formativas da multiplicidade de pos-
sibilidades da vivência pré-reflexiva da ação. Fenomenológico existencial e dia-
lógica.
7. GESTALTIFICAÇÃO. MODO DE SERMOS DO ACONTECER. Modo
de sermos anterior, portanto, ao modo acontecido de sermos do sujeito, do
objeto, e da dicotomia sujeito-objeto. Anterior ao modo acontecido de sermos
da teorética, e da explicação. Anterior ao modo acontecido de sermos da
causalidade. Anterior ao modo acontecido pragmático de ser-mos do uso e da
utilidade. Anterior ao modo acontecido de sermos da realidade.
O modo de sermos da gestaltificação, modo de sermos formativo da a-
ção, fenomenação, existencial, compreensivo, tem características muito peculi-
ares, inerentes às suas qualidades intrínsecas. Antinômicas, principalmente no
que concerne ao predomínio da normalidade do real.
O real, a ordem, o ordenamento ‘do rei’, realidade do real, reificação, é,
especificamente o modo de sermos do acontecido. Modo de sermos, que --
ainda que ontológico, como um dos modos de sermos que nos constituem --,
não é ontológico, enquanto o modo de sermos lógico, ontológico, fenomenoló-
gico, dialógico, do acontecer. Que se caracteriza como ontológico na medida
em que é vivência de logos, na medida em que é vivência de sentido.
O modo de sermos fenomenológico existencial e dialógico, compreensi-
vo, implicativo, gestaltificativo, para todos os efeitos, não é da ordem do real,
não é da ordem da realidade. Própria e especificmente, porque, modo de ser-
mos do acontecer, modo de sermos da ação, da vivência da emergência e do
desdobramento compreensivo de possibilidades, o modo gestaltificativo de
sermos é o modo de sermos do possível. É o modo de sermos da possibilita-
ção, da atualização, da presença e da atualidade. O modo de sermos, especifi-
camente, do acontecer; e não o real modo de sermos do acontecido.
Esta condição, de não pertencer ao modo de sermos da realidade, é ra-
dicalmente intrínseca ao modo de sermos da gestaltificação. E deriva de suas
características como modo de sermos da atualização de possibilidade, como
modo de sermos da atualidade, modo de sermos do presente, e da presença...
14
Modo de sermos que, enquanto modo de sermos da presença e da
atualidade, enquanto o modo de sermos da ação, não é o modo de sermos do
acontecido, no qual se constiituem, enquanto tais, enquanto acontecidos, o
sujeito e o obje-to, e a relação dicotomizada entre eles.
Não sendo da ordem do modo de sermos do sujeito e do objeto, e da di-
cotomizção entre eles, o modo gestaltificativo de sermos não é o modo teoréti-
18
co de sermos, no qual um sujeito contempla reflexivamente um objeto. O modo
gestaltificativo de sermos da ação não é o modo de sermos do sujeito. O modo
gestaltificativo de sermos da ação é o modo de sermos do ator. Ator que não é
o sujeito.
Por idênticas razões, o modo gestaltificativo de sermos da ação não é o
modo de sermos das relações de causa e efeito, o modo de sermos da causa-
lidade. O modo gestaltificativo de sermos é o modo fora da causalidade. A cau-
salidade se dá no modo acontecido de sermos, no modo de sermos das coisas,
e não no modo de sermos gestaltificativo, fenomenológico existencial e dialógi-
co, compreensivo e implicativo, do acontecer.
O modo de sermos gestaltificativo do acontecer não é da ordem do mo-
do de sermos do comportamento. Da mesma forma que não da ordem do mo-
do de sermos da técnica.
Não é da ordem do modo de sermos dos usos, dos úteis, e das utilida-
des. O modo gestaltificativo de sermos da ação se dá como modo de sermos
da inutilidade produtiva. É um modo de sermos que só é pragmática na medida
em que consideremos uma pragmática especificamente do inútil. Uma pragmá-
tica da inutilidade produtiva.
E, last, but not least, como modo formativo, modo produtivo, de sermos
do possível, da atualização de possibilidades, o modo gestaltificativo de sermos
da ação é o modo de sermos do acontecer. E não é da ordem do modo de
sermos, real, do acontecido. Ou seja, o modo gestaltificativo de sermos da a-
ção não é da ordem da realidade. Já que é o modo de sermos da ação, o modo
de sermos da vivência da emergência e do desdobramento da possibilidade...
8. CAMINHO DO MEIO. OTIMIZAÇÃO DA GESTALTIFICAÇÃO,
OTIMIZA-ÇÃO DA AÇÃO, OTIMIZAÇÃO DA ATUALIZAÇÃO COMPREENSIVA
DE POSSIBILIDADES. METODOLÓGICA GESTALTIFICATIVA.
Experiente, Perls1 observou que o modo criativo de sermos é o modo de
sermos do caminho do meio.
Mencionava a indiferença criativa, de Friedlander, e, sobretudo, o mile-
nar conceito Taoísta e Zen Budista.
Buber2 haveria de referir-se magistralmente, antologicamente, às possi-
bilidades, e aos seus desdobramentos, vale dizer, à vivência gestaltificativa, ao
1 PERLS, Fritz GESTALT THERAPY, NY, Pegouin Books, .
2 BUBER, Martin EU E TU.
15
mencionar -- o paradoxo da ação do ator, inspectador, que não é sujeito
--, que, não sou eu que crio as possibilidades, mas elas não acontecem sem
mim...
É a qualidade específica do modo de sermos do ator, do inspectador.
Paradoxicativo.
19
Que envolve o guiar e o ser guiado. Que envolve perfeitamente integra-
dos, a entrega radical e a ação radical. A entrega ativa, ao desdobramentos de
possibilidades.
Mas que não envolve, em sua instantaneidade momentânea, a delibera-
ção. Que é sempre o teatro tensional, intensional, fenomenológico existencial,
e dialógico, compreensivo e implicativo da ação. O palco sempre da improvisa-
ção.3
Improvisação que não é o modo de sermos do sujeito; e, naturalmente,
não é o modo de sermos do objeto, nem da dicotomia sujeito-objeto. Não é o
modo teorético de sermos do espectador. Sujeito, assujeitado, que contempla
um objeto.
Não é o modo explicativo de sermos, seja ele teorético ou comportamen-
tal. Não é, em definitivo, o modo moralista de sermos, todo ele teorético. E,
prudentemente, explicativamente científico. Não é o modo de sermos das rela-
ções de causa e efeito, o modo, de sermos da causalidade. E não é, em espe-
cífico, o modo de sermos da realidade, na medida em que é, em específico, o
modo de sermos do possível, o modo de sermos da possibilidade; e, como tal,
o modo de sermos do acontecer e do devir, do desdobramento de possibilida-
des; e não o modo de sermos do acontecido -- no qual se configura, e se cons-
titui instalativamente, como coisa, a possibilidade desdobrada e exaurida em
suas forças.
O processo da gestaltificação, o processo fenomenativo, existencial e
dialógico, compreensivo e implicativo, é, própria e especificamente, um proces-
so de otimização da ação. Pela contínua competição e argumentação vivenci-
ais pré-verbais – lógicas, fenomenológicas, dialógicas, ontológicas -- entre as
possibilidades --, um processo, de otimização plástica da vivência criativa da
formação de figura e fundo. E do decorrente processo criativo de constituição
de coisas instalativas.
O processo de gestaltificação não é, assim, um processo proposital e
deliberado, voluntarioso; um processo do propósito, deliberação e voluntarismo
do sujeito, explicativamente cognoscente. É, não obstante, o processo própria
e especificamente ativo, na perspectiva da ação do ator, do inspectador. Mes-
mo não sendo um processo proposital e deliberado, voluntarioso, é um proces-
so própria e especificamente ativo -- é, especificamente, o processamento da
ação. No qual somos ativos, como atores.
Não o somos, não somos atores quando somos sujeitos, sujeitados. Não
somos atores, inspectadores, no modo explicativo de sermos; modo explicativo
de sermos do espectador.
3 V. FONSECA, Afonso Dialógica da improvisação. In Gestalt terapia
Fenomenológico Existencial. Ma-ceió, Pedang,.
16
Desta forma, no acontecer de sua momentaneidade instantânea, a ação
ao modo de sermos do ator, a ação, especificamente, a gestaltificação -- feno-
menológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa -- é a ação ao
modo de sermos do caminho do meio.
20
Modo de sermos que é, em sua especificidade própria, não deliberado,
desproposital, descolamento potenciativo do porto da realidade acontecida.
Intensamente, intensionalmente, intensificantemente, ativo – na medida, em
particular, em que a entrega é entrega à potência da ação.
Modo de sermos do caminho do meio que é, no desdobramento de sua
instantaneidade momentânea, especifica e paradoxalmente, entrega a ação,
entrega e ação. Ora guiar, ora dexar-se guiar. Navegação nas linhas entre Ying
e Yang. Que são intensionais.
Ação intensionalidade. Ação intensionalidade da, e na, momentaneidade
instantânea da (im)pro-visação. Ação intensionalidade da, e na, momentanei-
dade instantânea do devir, do desdobramento da atualização de possíveis (de
potentes), de possibilidades. Fenomenológico existenciisl dialógicas, compre-
ensivas, implicativas, gestaltificativas.
De modo que a metodologia gestaltificativa é a metodologia que privile-
gia a vivência do modo gestaltificativo de sermos. A entrega à vivência ativa do
modo gestaltificativo de sermos de atualização de possibilidades. Fenomenoló-
gico existenciacial, compreensivo, e implicativo.
O modo gestaltificativo, fenomenológico existencial e dialógico é o modo
ontológico de sermos. Por suas forças, potências, possibilidades, pela contínua
formatividade de alternativas poentes; pela excitação e pelo interesse, como
Perls observava. Natural e espontaneamente o modo ontológico de sermos se
impôe como fenomenológico existencialmente prioritário. Até porque é o modo
de sermos que continuamente gera a nossa vida, como possibilidades em des-
dobramento, como ação. E o modo de sermos em cuja vivência superamos
continuamente o acontecido de nós próprios e do mundo
Não precisamos fazer especificamente nada para criarmos o modo de
sermos da metodológica gestaltificativa. É o modo ontológico de sermos, que
espontaneamente se impôe por suas forças, por suas potências, enquanto mo-
do ontológico de sermos do acontecer.
Precisamos, para privilegiá-lo, evitar forçarmo-nos aos modos não impli-
cativos, explicativos, de sermos. O modo cientificamente explicativo de sermos,
o modo teoréticamente explicativo de sermos, o modo moralista de sermos, o
modo causal de sermos, o modo utilitário, pragmático, de sermos; o modo téc-
nico de sermos, o modo realista de sermos. Todos, ainda que modos naturais
de sermos, perfazem o modo de sermos do acontecido. E, como tais, impedem
a emergência e o desdobramento do modo implicativo de sermos, gestaltificati-
vo, compreensivo e implicativo, fenomenológico existencial e dialógico.
Ação pelo ‘caminho do meio’, interessa à metodologia a dialógica que
permite condescendermos com as forças atualizativas do desdobramento das
17
possibilidades gestaltificativas, na sua momentaneidade instantânea,
quando estas espontaneamente reividicam a sua presença e atualidade. 4
Dialógico o modo de sermos fenomenológico, na momentaneidade ins-
tantânea de sua duração, nos seus melhores momentos, vivência de sentido
21
compartilhado entre os parceiros da relação. De que se constitui como metodo-
lógica tanto para um como para outro.
CONCLUSÃO
A gestaltificação, e a metodologia gestaltificativa, configuram-se como a
otimização pela entrega ao caminho do meio. Pela entrega à momentaneidade
instantânea dos episódios do modo fenomenológico existencial de sermos
A entrega ao modo de sermos ontológico, fenomenológico existencial e
dialógico, compreensivo e implicativo, do acontecer, da ação, da atualização.
Que é o modo de sermos que Perls chamava, e os Taoístas e Zen Bu-
distas milenarmente chamam, de caminho de meio.
Caminho do meio, especificamente, enquanto absorção nas qualidades
do modo ontológico, fenomenológico existencial e dialógico de sermos.
Que é especificamente não deliberativo e desproposital. Mas é simul-
tânea, própria e especificamente, a ação. A entrega à vivência da presença e
atualidade do modo ontológico, fenomenológico existencial de sermos; mas
vivência participativa e intensional, compreensiva e implicativa, própria e es-
pecífica, do desdobramento cognitivo ativo de possibilidades. Entrega ativa à
vivência participativa da ação, da atualização; entrega que não é uma entre-ga
à passividade, mas uma entrega à atividade laborativa. A vivência do des-
dobramento de possibiliades, com suas características fenomenológico exis-
tenciais e dialógicas, compreensivas, implicativas, gestaltificativas próprias, na
momentaneidade instantânea do modo ontológico de sermos.
Fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa, a
gestaltificação é a vivência da emergência e atualização de possibilidades. A
vivência da ação.
Enquanto vivência, a gestaltificação dá-se como processo de vivência da
dinâmica do desdobramento cognitivo de possibilidades. Este processo se
constitui intrinsecamente como cognição, como consciência pré-reflexiva, fe-
nomenal, como vivência dos processos de formação de figura e fundo, vivência
dos processos de formação de gestalts. E, no limite, como vivência do proces-
so criativo gestáltico de formação das coisas, em sua instalatividade coisifica-
da. Coisas instalativas, assim, que se constituem e são formadas, decorrem,
dos processos de vivência da gestaltificação.
4 v. FONSECA, Afonso Presença e Atualidade
18
INTRODUÇÃO
O que significa o termo gestalt?
O que significa gestalt enquanto uma abordagem metodológica?
Tenho preferido utilizar o termo gestaltificação. Porque é exatamente
disso que se trata. De ação. Da essência da vivência formativa, fenomenológi-
co existencial e dialógica, compreensiva e implicativa, meramente cognitiva, ou
cognitiva e muscular. E, como tal, da essência, eminentemente aparencial, da
estética e da poiética. Da experiência estética e da experiência poiética.
22
Existimos de dois modos distintos, e que se alternam.
Existimos, (1) de um modo ativo, própria e especificamente formativo
(em termos da vivência do processo de formação de figura fundo, e em termos
da vivência da formação, criação, das coisas); processo, por isso, performático.
Fenomenológico existencial e dialógico; compreensivo, im-plicativo,
gestaltificativo. Caracterizado pelo predomínio de vivência da cons-ciência pré-
reflexiva. Modo de sermos da vivência do acontecer.
E existimos , (2) de um modo, especificamente, não ativo, não formati-
vo. Explicativo.
Modo explicativo de sermos que não é fenomenológico, nem existenci-
al, nem dialógico; que não é compreensivo, nem implicativo, que não é gestalti-
ficativo. Modo de sermos que, não sendo formativo, não é performação, não é
performance,, não é performático. Modo de sermos do acontecer.
Este modo não ativo, explicativo, de sermos pode, por seu turno, se dar
como:
(a) Um modo de sermos não ativo, explicativo, teorético; ou
(b) o modo de sermos explicativo comportamental.
O modo ativo, formativo, de sermos é eminentemente cognição. São
eminentemente ativos, formativos – por isso, performance, performática --, a
consciência pré-reflexiva, a vivência, a cognição, o conhecimento, e o conhecer
fenomenológico existenciais e dialógicos, na sua momentaneidade instantâ-
nea,. Como vivência do desdobramento de forças, como vivência dod desdo-
bramento de possibilidades, que é a ação. São propriamente, assim, gestalti-
ficativos. O que também quer dizer que são igualmente compreensivos, e
implicativos.
Necessaria e intrinsecamente múltiplas na vivência de suas emer-
gencias e desdobramentos, as possibilidades se organizam, a ação se organi-
za, como vivência, intrinsecamente cognitiva. Como consciência pré-reflexiva.
Não como consciência re(a)presentativa. Mas como consciência apresenta-
tiva.
19
Cons ciência apresentativa, fenomenológico existencial, que pode ser
meramente cognitiva, e ou cognitiva e muscular.
Como a vivência de totalizações significativas de formações de figuras e
fundos; como formações de gestalts que se sucedem, no que entendemos co-
mo ação. Que é formação, performance, meramente cognitiva, e ou ação cog-
nitiva muscular.
As emergências e os desdobramentos formativos, gestaltificativos, de
possibilidades, as ações, atuações, atualizações, são formativas na medidada
em que, cognitiva e muscularmente, intrinsecamente se constituem como
consciência pré-reflexiva, como vivência, como os processos de formação de
figura e fundo. E na medida em que, em sua decorrência, são constituídas,
formadas, as coisas, os entes. Quer sejam as coisas físicas da mundaneidade
do mundo, quer sejam as coisas mentais -- teoréticas, conceituais.
23
Buber já dizia que o conceito é o isso da mente.
Naturalmente querendo dizer que o conceito -- não é um tu, compreen-
sivo, implicativo, gestaltificativo -- mas é o isso da consciência.
O tu da consciência é a possibilidade, em suas emergências e desdo-
bramentos ativos, fenomenológico existenciais e dialógicos; compreensivos,
implicativos, gestaltificativos.
Especificamente o tu se dá como ação – como vivência compreensiva
do desdobramento de possibilidades --, que se constitui e que se forma como a
vivência gestaltificativa dos processos de formação de figura e fundo; e que
forma as coisas, no limite. E que é, assim, intrinsecamente cognitiva, gestaltifi-
cativa.
Na medida em que, em suas emergências e desdobramentos, as possi-
bilidades se constituem de um modo organizadamente formativo, como consci-
ência fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa, ges-
taltificativa. Que, própria e especificamente, é a consciência pré-reflexiva.
Cognição, conhecimento, própria e especificamente, epistemologia, on-
tologia, ontológicas, fenomenológico existenciais e dialógicas, compreensivas e
implicativas... Fenomenativa e formativamente, performaticamente, gestaltifica-
tivos.
Assim, este caráter cognitivo, com suas qualidades formativas e de di-
nâmica organizativa próprias, em que se constitui a vivência da ação, o desdo-
bramento de possibilidades como consciência pré-reflexiva, meramente cogni-
tiva, ou cognitiva e muscular, fenomenológico existencial e dialógica, compre-
ensiva e implicativa, é o que entendemos como gestaltificação.
BIBLIOGRAFIA
ALBERTAZZI, Lilian The School of Brentano.
2
24
GESTALTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO
25
GESTALTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo
Conteúdo
GESTALTIFICAÇÃO.
.................................................................................................................... 2
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, É UMA FEIÇÃO, UM FAZER.
PERFAZER. PERFEIÇÃO. ....................... 3
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, PERFEIÇÃO, É UM PROCESSO
DE OTIMIZAÇÃO DE FORMAÇÕES. Do processo de formação de figura e
fundo. Do processo de formação criativa das coisas. ............ 5
A OTIMIZAÇÃO DA GESTALTIFICAÇÃO DECORRE DA
VIVÊNCIA INTENSIVA DA INTENSIONALIDADE DA AÇÃO.
.................................................................................................. 5
2
GESTALTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo
Toda alegria é um saber quase só espírito quase só infância quase só
corpo a levantar-se da liberdade de muitas bocas.
(Paulo Roberto do Carmo, 70, Poeta Gaúcho em Vida Possível. Do
livro Có-digos da Alegria. Território das Artes). (Publicado na revista Caras.
Janeiro 2012).
Todo saber é uma alegria...
Gestaltificação e perfeição são intimamente relacionadas. São aspectos
do mesmo processamento da ação – que é, própria e especificamente, feno-
menológica existencial, e dialógica, compreensiva e implicativa.
A gestaltificação é a vivência de um processo de otimização. Na
medida em que as dominâncias de forças, de possibilidades, que configuram
os seus processos de formação de figura e fundo constituem-se em processos
de com-petições plásticas, e de argumentações lógicas – ontológicas,
fenomenológi-cas, dialógicas – já que, em seus desdobramentos as
possibilidades são cons-tituídas como forças plásticas, e como sentido.
GESTALTIFICAÇÃO.
A gestaltificação é a intrínseca formatividade compreensiva da ação.
Como processos vivenciais de formação de figura e fundo, e de criação forma-
tiva das coisas. A partir da vivência da atualização de possibilidades.
Vivencialmente, as possibilidades emergem e se desdobram de um mo-
do contínuo e múltiplo. E se constituem cognitivamente.
Em seus desdobramentos formativos múltiplos, as possibilidades se or-
ganizam fenomenológico existencialmente, através da sucessiva configuração,
da figuração cognitiva, fenomenológico existencial, das dominâncias resultan-
tes da competição, e argumentação, entre suas forças cognitivas e plásticas. A
26
3
figuração compreensiva das dominâncias das possibilidades dá-se como
pro-cessos de formação de totalidades significativas, como processos de
formação de figura e fundo, como processos de formação de gestalts.
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, É UMA FEIÇÃO, UM FAZER.
PER-FAZER. PERFEIÇÃO.
Enquanto vivência da emergência de forças plásticas, plastificativas --
sempre inéditas, e que se constituem cognitivamente, como compreensão --, o
desdobramento das possibilidades, o processo fenomenológico existencial da
ação, é, própria e especificamente, o processamento de um fazer.
E é este processo de fazer que querem dizer a palavra e o conceito de
feição.
Inicialmente, assim, feição é um fazer. E perfeição é um modo parti-
cular de fazer. No caso específico, o modo fenomenológico existencial de
fazer, através da vivência do desdobramento da ação -- através do desdo-
bramento cognitivo de possibilidades. Que se constitui como a criatividade da
vivência dos processos de formação de figura e fundo, e da vivência da for-
mação das coisas.
Naturalmente, estamos aqui radicalmente distantes de uma concepção
metafísica de perfeição. Ou da perfeição como resultante de uma comparação
e avaliação do feito com um modelo ideal.
A perfeição, como modo fenomenológico existencial de fazer da ação,
é inteiramente física. É vivência performativa do processamento
fenomenológico existencial da ação. E, pour cause, é viência da criatividade
dos processos de formação de figura e fundo, e da criação das coisas, na
multiplicidade de suas formas, formações.
O modo teorético de sermos não é um fazer. O modo teorético de ser-
mos é uma reflexão sobre o feito.
O modo comportamental de sermos não é um fazer. Mas a
padronização e a repetição do feito.
Somente a ação é um fazer.
Somente a ação é uma feição, um fazer.
Aliás, perfeição. Perfazer performativo.
A ação é um fazer pelo seu intrínseco caráter formativo. Performativo,
performático, performance. Pelo seu caráter de modo de sermos da emergên-
cia e do desdobramento compreensivo, implicativo, gestaltificativo, de
possibili-dades. E como modo de sermos dos processos de gestaltificação, de
formação de figura e fundo; e de criação das coisas.
4
A vivência da ação é um fazer pela vivência paulatina de seu processa-
mento fenomenológico existencial. Compreensiva e implicativa,
gestaltificativa. Na momenentaneidade instantânea de seu acontecer -- este é o
sentido de per.
27
O processo de um fazer inteiramente não abstrato. O processamento de
um fazer vivenciativo, experimentado como performance. Como vivência da
emergência e desdobramento compreensivo de possibilidades, no per curso de
um processo de formação de figura e fundo. Que cabalmente se desdobra, com
princípio, meio e fim, fechamento. Desde suas emergências pré-
compreensivas, passando pela configuração, como processo compreensivo de
formação de figura e fundo; e escoando na constituição da coisa, como
instala-ção.
Em todos os seus momentos, percursos de fluxos vivenciais de corpo e
de sentidos, vivência fenomenológica existencial e dialógica. Vivência de
todas as suas etapas, como processo de figuração, como processo estético,
poiético, performático, performativo, de formação de figura e fundo. E como
processo poiético e estético, performático, de formação, de criação, de coisas.
Coisas mentais, ou coisas físicas. Que se instalam como tais.
A vivência do processamento da ação é, própria e especificamente, as-
sim, a experiência estética, a experiência poiética, performática, de um fazer.
Perfazer, perfeição. Na medida em que é a vivência da emergência e do des-
dobramento de possibilidades; que se enformam gestaltificativamente, como
processos de formação de figura e fundo; e como processos criativos de cria-
ção de coisas. A partir da atualização, do desdobramento compreensivo da
força de possibilidades, sempre emergentes, múltiplas, e sempre inéditas.
A ação -- meramente cognitiva, e/ou cognitiva e muscular --; a
experiên-cia estética, a experiência poiética, assim, são, especificamente, um
fazer, um fazimento, uma feição. Perfeição. Um paulatino fazer
fenomenológico existen-cial e dialógico. Que é, como tal, um fazer
experimental, que envolve a vivência de todas as etapas da gestaltificação,
enquanto processo improvisastivo de formação de figura e fundo; e enquanto
processo de formação de coisas, que se instalam enquanto tais.
A ação, experiência estética e poética, é a vivência do percurso de um
fazer fenomenológico, gestaltificativo. A vivência do percurso de um
fazimento, a vivência do percurso, do percorrimento de uma feição, que
envolve o des-dobramento cabal de possibilidades.
Que se desenrola, e acontece, como desdobramento cognitivo de possi-
bilidades. Cabalmente, desde os seus níveis pré-compreensivos, passando,
temporal e ritimicamente, pelo seu processo de formação de figura e fundo;
até decair em sua instalação como coisa.
A vivência cabal do percurso desta feição é, própria e especificamente,
o modo de sermos, o modo de fazermos, da perfeição.
O modo de sermos, desproposital, o modo de fazermos, da perfeição. É
o modo se sermos, e de fazermos, da gestaltificação.
De modo que o modo de sermos, e de fazermos, da perfeição funda-
menta-se na dinâmica do modo fenomenológico existencial e dialógico, com-
5
28
preensivo e implicativo, gestaltificativo, estético e poiético de sermos.
Modo de sermos das emergências e desdobramentos cognitivos,
gestaltificativos, de possibilidades. Sempre múltiplas e inéditas.
No ineditismo emergente e múltiplo de seus desdobramentos, as possi-
bilidades se configuram de modo gestaltificativamente compreensivo. E,
gestal-tificativamente dão origem e constituem as coisas da coisidade
instalativa do mundo. Ou seja, nos seus desdobramentos, as possibilidades
tendem a se configurar cabalmente como as totalizações significativas dos
processos de formação de figura e fundo, e como totalizações que se
constituem como as coisas instalativas.
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, PERFEIÇÃO, É UM PROCESSO
DE OTIMIZAÇÃO DE FORMAÇÕES. Do processo de formação de fi-gura e
fundo. Do processo de formação criativa das coisas.
Nas emergências e desdobramentos de suas multiplicidades, as possibi-
lidades, se organizam a partir de processos de competição e de argumentação
lógica -- fenomenológica, ontológica, dialógica. Este processo vivencial de
competição e de argumentação compreensivas constitui dominâncias.
São essas dominâncias que figuram nos processos compreensivos e
implicativos de formação de figura e fundo.
De modo que, como expressão cognitiva dos processos de competição e
de argumentação que resultam nestas dominâncias, o processo vivencial de
figuração gestaltificativa é especificamente um processo de otimização. Pró-
pria e especificamente, a partir desta competitividade e argumentação caracte-
rísticas das multiplicidades de possibilidades em desdobramento cognitivo,
co-mo processos de formação de figura e fundo, e como processo de formação
de coisas instalativas.
O perfazer, a perfeição, a gestaltificação, constituem, assim, um proces-
so de otimização. A partir da atualização da perene originalidade da forma das
possibilidades emergentes, e a partir da intrínseca competitividade e argumen-
tatividade das forças plásticas; plastificativas, que elas constituem. Como pro-
cessos fenomenológicos de formação de figura e fundo. Que, igualmente, se
constituem como processos de formação de coisas.
A OTIMIZAÇÃO DA GESTALTIFICAÇÃO DECORRE DA
VIVÊNCIA INTENSIVA DA INTENSIONALIDADE DA AÇÃO.
Radicalmente distinto do metafísico e do teorético, o perfeito é, assim,
o feito desta forma.
Ou seja, o perfeito é o feito através do modo fenomenológico
existencial e dialógico, compreensivo e implicativo, gestaltificativo, de
fazermos. Processo
6
de formação de figura e fundo, e de coisas, da ação, processo
gestaltificativo da perfeição.
E, se é belo e bem feito, original, perfeito, o é pela vivência plena e in-
tensa -- intensivativa, intensidade, intensionalidade --, das características da
29
momentaneidade instantânea deste modo fenomenológico existencial de ser-
mos da ação. Da atualização de possibilidades. Da perfeição.
A vivência intensa da momentaneidade instantânea da ação. A vivência
intensa da momentaneidade instantânea do modo de sermos do ator, inspecta-
dor.
Modo de sermos da ação, e do ator, inspectador, que não é o modo de
sermos no qual se constitui o sujeito e o objeto, e a dicotomia entre eles.
Modo de sermos da ação e do ator, inspectador, que não é o modo teorético
explica-tivo de sermos do espectador. Que não é o modo de sermos da
causalidade. Nem o modo pragmático de sermos dos úteis, dos usos e das
utilidades. Nem é o modo de sermos da realidade. Que não é o modo de
sermos do aconteci-do. Mas o modo de sermos do acontecer.
Ou seja, a perfeição gestaltificativa do perfeito – do feito ao modo feno-
menológico existencial de sermos da perfeição, da ação – decorre da entrega
ativa, intensivativa, à momentaneidade instantânea do processo de formação
de figura e fundo que caracteriza o desdobramento de possibilidades do modo
ontológico, fenomenológico existencial e dialógico, de sermos da ação; com-
preensivo e implicativo, gestaltificativo. Modo de sermos da ação e do ator.
Que não é o modo de sermos no qual vigoram o sujeito e o objeto, e a
dicotomização entre eles, característicos do modo acontecido de sermos.
O modo de sermos da ação, da perfeição, não é o modo explicativo e
teorético de sermos, do sujeito que contempla um objeto. Não é o modo de
sermos do sujeito, mas o modo de sermos do ator. Não é o modo de sermos do
espectador, mas o modo de sermos do ator, inspectador. Não é o modo de
sermos da causalidade, das relações de causa e efeito.
É o modo de sermos da ação estética e poiética. Inútil e desproposital.
Não é o modo de sermos da realidade, uma vez que é o modo de sermos da
possibilidade, o modo de sermos do desdobramento do possível. O modo de
sermos da ação. Que não é, por isto, o modo de sermos do acontecido, mas é,
própria e especificamente, o modo de sermos do acontecer.
Perfeccionativo.
30
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, É UMA FEIÇÃO, UM FAZER.
PERFAZER. PERFEIÇÃO.
31
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, É
UMA FEIÇÃO, UM FAZER.
PERFAZER. PERFEIÇÃO.
Enquanto vivência da emergência de forças plásticas, plastificativas -- sempre
inéditas, e que se constituem cognitivamente, como compreensão --, o desdobramento
das possibilidades, o processo fenomenológico existencial da ação, é, própria e
especificamente, o processamento de um fazer.
E é este processo de fazer que querem dizer a palavra e o conceito de feição.
Inicialmente, assim, feição é um fazer. E perfeição é um modo particular de
fazer. No caso específico, omodo fenomenológico existencial de fazer, através da
vivência do desdobramento da ação -- através do desdobramento cognitivo de
possibilidades. Que se constitui como a criatividade da vivência dos processos de
formação de figura e fundo, e da vivência da formação das coisas.
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO,
PERFEIÇÃO, É UM PROCESSO DE
OTIMIZAÇÃO DE FORMAÇÕES.
33
Nas emergências e desdobramentos de suas multiplicidades, as possibilidades, se
organizam a partir de processos de competição e de argumentação lógica --
fenomenológica, ontológica, dialógica. Este processo vivencial de competição e de
argumentação compreensivas constitui dominâncias.
São essas dominâncias que figuram nos processos compreensivos e implicativos
de formação de figura e fundo.
De modo que, como expressão cognitiva dos processos de competição e de
argumentação que resultam nestas dominâncias, o processo vivencial de figuração
gestaltificativa é especificamente um processo de otimização.Própria e especificamente,
a partir desta competitividade e argumentação características das multiplicidades de
possibilidades em desdobramento cognitivo, como processos de formação de figura e
fundo, e como processo de formação de coisas instalativas.
O perfazer, a perfeição, a gestaltificação, constituem, assim, um processo de
otimização. A partir da atualização da perene originalidade da forma das possibilidades
emergentes, e a partir da intrínseca competitividade e argumentatividade das forças
plásticas; plastificativas, que elas constituem. Como processos fenomenológicos de
formação de figura e fundo. Que, igualmente, se constituem como processos de
formação de coisas.
34
A OTIMIZAÇÃO DA
GESTALTIFICAÇÃO DECORRE DA
VIVÊNCIA INTENSIVA DA
INTENSIONALIDADE DA AÇÃO.
35
A OTIMIZAÇÃO DA
GESTALTIFICAÇÃO DECORRE DA
VIVÊNCIA INTENSIVA DA
INTENSIONALIDADE DA AÇÃO.
Radicalmente distinto do metafísico e do teorético, o perfeito é, assim, o feito
desta forma.
Ou seja, o perfeito é o feito através do modo fenomenológico existencial e
dialógico, compreensivo e implicativo, gestaltificativo, de fazermos. Processo de
formação de figura e fundo, e de coisas, da ação, processo gestaltificativo da perfeição.
E, se é belo e bem feito, original, perfeito, o é pela vivência plena e intensa --
intensivativa, intensidade, intensionalidade --, das características da momentaneidade
instantânea deste modo fenomenológico existencial de sermos da ação. Da atualização
de possibilidades. Da perfeição.
A vivência intensa da momentaneidade instantânea da ação. A vivência intensa
da momentaneidade instantânea do modo de sermos do ator, inspectador.
Modo de sermos da ação, e do ator, inspectador, que não é o modo de sermos no
qual se constitui o sujeito e o objeto, e a dicotomia entre eles. Modo de sermos da ação
e do ator, inspectador, que não é o modo teorético explicativo de sermos do espectador.
Que não é o modo de sermos da causalidade. Nem o modo pragmático de sermos dos
úteis, dos usos e das utilidades. Nem é o modo de sermos da realidade. Que não é o
modo de sermos do acontecido. Mas o modo de sermos do acontecer.
Ou seja, a perfeição gestaltificativa do perfeito – do feito ao modo
fenomenológico existencial de sermos daperfeição, da ação – decorre da entrega ativa,
intensivativa, à momentaneidade instantânea do processo de formação de figura e fundo
que caracteriza o desdobramento de possibilidades do modo ontológico,
fenomenológico existencial e dialógico, de sermos da ação; compreensivo e implicativo,
gestaltificativo. Modo de sermos da ação e do ator.
Que não é o modo de sermos no qual vigoram o sujeito e o objeto, e a
dicotomização entre eles, característicos do modo acontecido de sermos.
O modo de sermos da ação, da perfeição, não é o modo explicativo e teorético de
sermos, do sujeito que contempla um objeto. Não é o modo de sermos do sujeito, mas o
modo de sermos do ator. Não é o modo de sermos do espectador, mas o modo de
sermos do ator, inspectador. Não é o modo de sermos da causalidade, das relações de
causa e efeito.
É o modo de sermos da ação estética e poiética. Inútil e desproposital. Não é o
modo de sermos da realidade, uma vez que é o modo de sermos da possibilidade, o
modo de sermos do desdobramento do possível. O modo de sermos da ação. Que não é,
por isto, o modo de sermos do acontecido, mas é, própria e especificamente, o modo de
sermos do acontecer.
Perfeccionativo.
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37
QUE É GESTALTIFICAÇÃO
38
QUE É GESTALTIFICAÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
O termo parece ser novo, e Laura Perls já chamara a atenção para o caráter ativo do que chanmamos
de 'Gestalt'. O fato é que espalhou-se a idéia como 'gestalt', e ficou. À custa de muita incompreensão,
confusão, e equívoco.
Grosso modo, a ação é a vivência de criação, a formação, de uma forma. 'Forma', aqui, num sentido
muito mais amplo de um ser, um ente.
De modo que o projeto é figurado vivencialmente nas fases iniciais da ação, compreensivamente,
mesmo que seja, apenas, o lampejo de um rascunho. Mas detalhadamente. Mormente se lhe explora.
Este processo é, todo ele, poiético. Resultante da vivência de uma dialógica pelo ator. O que
significa que ele é vivido pré-reflexiva e pré-conceittualmente, fenomenológica e existencialmente, e
é o processo ativo da ação, e a ação que caracteriza a dramática da existência, enquanto dramática da
ação. Vivência do desdobramento de possibilidades;
'Perfeição' é o termo que usamos para definir a ação gestaltificativa, que preenche os requisitos
básicos do projeto inicial, e minuciosamente produz o objeto no processo da ação.
'Feição' é um 'modo de fazer', e o 'per' indica a completude, o trânsito vivencial, dramático, de um
lado a outro da consecução do projeto. Da vivência do projeto a sua conclusão..
A ação gestaltificativa é 'perfeita', neste sentido. E é a melhor, e esteticamente mais perfeita na
produção da forma. E usufrui de todas as características do fazer fenomenológico. É pré-reflexiva e
pré-conceitual, é estética,
Ela é original.
39
Os primeiros momentos da vivência existencial, da dramática da ação, da dramática da existência, é
a vivência da Gestalt de um projeto do objeto, a ser atualizado através da ação, na peformática de um
fazer fenomenológico, que inicia-se com o projeto, e vai até à conclusão de sua feitura, na ação.
Perfeição não em nenhum sentido moral, mas como modo de fazer ('feição', fazimento, fazer),
enquanto adesão à atualização de possibilidades, como processo eminente pré-reflexivo e pré-
conceitual, fenomenológico existencial, vivência do desdobramento do projeto que se configura
inicialmente, até a sua conclusão (o que significa 'per'), com a correção, igualmente pré-reflexiva e
pré-conceitual, fenomenológico existencial, na dramática da ação, das intercorrências.
A eleição do modo de sermos implicativo, e compreensivo dava-se .por causa da constatação de ser
este o modo de criação, e de superação de sermos.
Daí uma recusa sistemática à explicação, enquanto elemento metodológico, certos de que esta
recusa, e a afirmação da força das possibilidades, pré-reflexiva e pré-conceitual, do fenomenológico
existencial, dramático, levaria à implicação e criatividade da formativa da dialógica poiética, da
dialógica gestaltificativa.
40
AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, E METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA
41
AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, E METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA
Afonso Fonseca, psicólogo.
42
IMPRESSSIONISMO, EXPRESSIONISMO TEATRO EXPRESSIONISTA, E
A METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA
43
IMPRESSSIONISMO,
EXPRESSIONISMO TEATRO EXPRESSIONISTA, E A
METODOLOGIA GESTALTIFICATIVA
E tinha o seu outro lado... Boêmio, dos Cafés de Berlin, de antes da primeira
guerra... Das artes.
44
Também das artes. Que traz à vida, e á obra, de Perls dois grandes aportes.
45
O Teatro Expressionista encarnava o experimentalismo expressionista. E
buscava a consígnia nietzcheana do espectador ator, do espectador expressivo.
46
BRENTANO E A METODOLOGIA FENOMENO GESTALTIFICATIVA
47
BRENTANO E A METODOLOGIA FENOMENO
GESTALTIFICATIVA
Afonso Fonseca, psicólogo
É paradoxal, porque, no que pese uma grande influência, esta é muito mais
qualitativa que quantitativa. E esconde-se atrás de alguns aspectos da obra de
Brentano, que os pseudo eruditos não entendem. Aliás, o que entendem?...
48
Surge a Psicologia dita da Gestalt, que mal entende a perspectiva, e começa a
distorcê-la, tratando-a numa perspectiva objetivista, quando ela apontava e se
situava numa perspectiva ontológica, pouco entendida, e desenvolvida.
49
b) Não sendo teorética, -- reflexiva, o dobrar-se de um sujeito sobre um
objeto, no modo ôntico de sermos --, a fenomenologia, em específico, é um
epirismo.
E, diríamos, ex-peri-men-tal.
50
Perire', 'arriscar', 'tentar
A EXPERIMENTAÇÃO NA GESTALTIFICAÇÃO, E NA METOLOGIA
GESTALTIFICATIVA
51
Perire', 'arriscar', 'tentar'
A EXPERIMENTAÇÃO NA GESTALTIFICAÇÃO, E NA
METOLOGIA GESTALTIFICATIVA
O objetivismo se pretende não teórico. Mas, por princípio, não é desse tipo
de empirismo que se trata. Não se trata de um empirismo do objeto. Na
medida em que empirismo, empirismo fenomenológico, o é o da vivência do
episódio fenomenológico existensial da dialógica da dramática da ação.
Que não é objetivista, nem objetivo.
E que dá-se na vivência do modo fenomenológico existensial de sermos,
modo ontológico de sermos, cuja vivência é eminentemente empírica, e
experimental. Transjetiva, e não objetiva.
Nem subjetiva.
52
A experimentação, em seu caráter especificamente empírico, é assim
intrínseca à performance da dramática gestaltificativa da ação.
53
musculação, e às suas demandas experimentais, de arriscar, tentar... Na
dialógica do episódio fenomenológico existensial da ação...
Moralistas, se toquem...
54
PRÁTICA E FENOMENÁTICA
55
56
AÇÃO, O FENOMENOLÓGICO EXISTENSIAL -- A COMPREENSÃO E A
MUSCULAÇÃO -- É TRANSAÇÃO, INTENSIONAL, TRANSTENSIONAL.
GESTALTIFICATIVA.
57
58
PER-FEIÇÃO
59
PER-FEIÇÃO
O modo do fazer fenomenológico existencial e dialógico,
compreensivo e implicativo, gestaltificativo
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo
Conteúdo
.............................................................................................................................
.1
FEIÇÃO. O MODO DE SERMOS DO ACONTECER, MODO
SERMOS DO FAZER .............................. 3
PERFEIÇÃO. A TEMPORALIDADE DO ACONTECER,
TEMPORALIZAÇÃO DO FAZER ....................... 4
PERFEIÇÃO. A VIVÊNCIA DA TEMPORALIDADE E DAS
INTENSIDADES DO FAZER É A TEMPORALIDADE DO PROCESSO
DE FORMAÇÃO DE FIGURA E FUNDO. É A TEMPORALIDADE DO
PROCESSO DE GESTALTIFICAÇÃO.
........................................................................................ 4
POSSIBILITAÇÃO, EXPRESSÃO, PROJETAÇÃO,
PERSPECTIVAÇÃO, DISEGNO, INTERPRETAÇÃO,
GESTALTIFICAÇÃO, PERFEIÇÃO.
................................................................................................. 6
O MODO DE SERMOS DA PERFEIÇÃO GESTALTIFICATIVA
NÃO É O MODO DE SERMOS DO SUJEITO, NEM DO OBJETO. NÃO É
O MODO DE SERMOS NEM DA OBJETIVIDADE NEM DA
SUBJETIVIDADE. MAS O MODO DE SERMOS DA AÇÃO, DO ATOR.
QUE NÃO É OBJETIVO NEM SUBJETIVO. E QUE ESPECIFICAMENTE
É O MODO DE SERMOS DESPROPOSITAL, NÃO CAUSAL, INÚTIL. E
NÃO REAL. PORQUE NÃO É ACONTECIDO. MAS AÇÃO. O
ACONTECER DO POSSÍVEL. PERFEIÇÃO.
.............................................................................................................................
.. 7
PERCURSO DO PERFAZER, PERFORMANCE DA
GESTALTIFICAÇÃO. PER-FEIÇÃO. ........................ 8
2
PER-FEIÇÃO
O modo do fazer fenomenológico existencial e dialógico, compreensivo
e implicativo, gestaltificativo
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo
Toda alegria é um saber quase só espírito quase só infância quase só
corpo a levantar-se da liberdade de muitas bocas.
60
(Paulo Roberto do Carmo, 70, Poeta Gaúcho, em Vida Possível. Do
livro Có-digos da Alegria. Território das Artes). (Publicado na revista Caras).
Todo conhecer é uma alegria...
Especificamente, feição significa fazer. A perfeição é um fazer. A per-
feição é o fazer ontológico. O modo de sermos do fazer. Especificamente,
assim, a perfeição é o modo de sermos do fazer. O modo ontológico de
sermos. O modo ontológico do fazer. Fenomenológico existencial dialógico,
compreensivo e implicativo, gestaltificativo.
O modo de sermos do fazer é, própria e especificamente, o modo de
sermos do acontecer. Como modo de sermos da vivência da ação. Própria e
especificamente, o modo de sermos da vivência compreensiva do desdo-
bramento, da atualização, de possibilidades. O modo assim de sermos da ação.
É, propriamente, um modo de sermos de perfeccionamento. O modo de
sermos da ação é um modo de sermos de perfeccionamento da ação. Um mo-
do de sermos de aperfeiçoamento, de otimização.
Porque é, todo ele, na momentaneidade instantânea da vivência com-
preensiva e implicativa de seu acontecer, o desdobramento intuitivamente
compreensivo, e implicativo, de possibilidades que competem e argumentam
entre si. Constituindo dominâncias. Dominâncias estas que se dão, como cons-
ciência pré-reflexiva, como figuração, nos fluxos dos processos
gestaltificativos de formação de figura e fundo e de criação de coisas. A
gestaltificação. A per-feição.
3
FEIÇÃO. O MODO DE SERMOS DO ACONTECER, MODO
SERMOS DO FAZER
O modo explicativo de sermos, modo de sermos do acontecido, seja ele
explicativo teorético ou explicativo comportamental, não é um acontecer, não
é o modo de sermos do acontecer. E não é, portanto, o modo de sermos do
fazer.
O modo explicativo de sermos é, própria e especificamente, o modo de
sermos de repetição do feito. Da repetição do fato. Modo de sermos de
repetição do acontecido.
O modo explicativo teorético de sermos tem como condição os
aconteci-dos sujeito, e objeto – diversos do jeto da ex-pressão das
possibilidades; do projeto, do ‘projeito’, cuja tensionalidade expressiva,
intensionalidade, constitu-ido modo de sermos do acontecer.
A consciência no modo teoreticamente explicativo de sermos, consci-
ência enquanto acontecido, é a consciência de um sujeito, acontecido, que
contempla um objeto, igualmente acontecido. A consciência teorética não é
consciência enquanto acontecer. Mas consciência teoreticamente explicativa,
enquanto repetição do acontecido.
Já o modo explicativo comportamental de sermos é um modo de sermos
de desconscienciação.
Enquanto modo de sermos da atividade padronizada e repetitiva.
61
Quanto mais padronizad e repetitiva a atividade, quanto mais comporta-
mental, menos consciente...
O modo ontológico de sermos do fazer, modo implicativo de sermos, é,
especificamente, o modo de sermos do acontecer, fenomenológico existencial
e dialógico, compreensivo e implicativo. Modo de sermos no qual o desdobra-
mento de possibilidades se constitui como consciência pré-reflexiva. A
consci-ência compreensiva, e implicativa, gestaltificativa, perfeccionativa,
fenomenoló-gico existencial e dialógica do ator. A própria consciência da
ação, e do acon-tecer.
Enquanto modo de sermos do acontecer, e do fazer, o modo ontológico
de sermos tem características muito peculiares, e exclusivas. Características
que fazem com que o modo de sermos do acontecer, apesar de ser o modo
ontológico de sermos, possa causar estranheza, estranhamento.
Em particular para quem cultiva predominantemente o modo
acontecido de sermos da realidade; o modo acontecido de sermos do fato, do
feito; para quem cultiva o modo de sermos do feito, do fato. Cultivo este que
Buber1 cha-maria, mais propriamente, de fatalidade.
1 BUBER, Martin EU E TU.
4
PERFEIÇÃO. A TEMPORALIDADE DO ACONTECER,
TEMPORALI-ZAÇÃO DO FAZER
Dentre estas características do modo ontológico de sermos do aconte-
cer, do modo de sermos compreensivo e implicativo do fazermos, como Hei-
degger2 observaria, sobressai a sua particular temporalidade. A temporalidade
ontológica, própria e específica da vivência da ação. A temporalidade própria
e específica da vivência da emergência e do desdobramento de possibilidades.
Diversa, esta temporalidade, do tempo ôntico cronométrico,
cronificado, tempo coisificado do acontecido.
Kairós, o acontecer; e Cronos, o tempo cronificado, e coisificado, do a-
contecido. Como a mitologia Grega os veio a designar.
Kairós -- a vivência própria e afirmativa da oportunidade da ação, a vi-
vência da oportunidade do desdobramento de possibilidades, a vivência
afirma-tiva do desdobramento das forças da vivência -- é, devém como,
perfaz, uma temporalidade, uma temporalização própria. A temporalização
própria do des-dobramento de possibilidades.
Possibilidades, e temporalidade, que especificamente se constituem co-
mo compreensão e implicação, como consciência pré-reflexiva,
fenomenológi-co existencial. Uma temporalidade específica. Gestaltificativa.
E esta temporalidade é, própria e especificamente, a temporalidade da
perfeição; a temporalidade do modo de sermos e de fazermos da perfeição.
PERFEIÇÃO. A VIVÊNCIA DA TEMPORALIDADE E DAS
INTENSI-DADES DO FAZER É A TEMPORALIDADE DO PROCESSO
DE FORMAÇÃO DE FIGURA E FUNDO. É A TEMPORALIDADE DO
PROCESSO DE GESTALTIFICAÇÃO.
62
Dentre outras coisas, isto quer dizer que, na constituição de suas domi-
nâncias -- como processos vivenciativos, figurativos, de formação de figura e
fundo --, as possibilidades se configuram, figuram, como consciência fenome-
nológica pré-reflexiva, nas temporalizações da ação.
Isto quer dizer que, nos seus desdobramentos compreensivos e implica-
tivos, a vivência de possibilidades se constitui compreensivamente na
tempora-lidade ontológica própria e específica da vivência de um processo de
formação de figura e fundo.
Processo de formação de figura e fundo que se dá como processamento
vivencial de formação de totalidades significativas, gestaltificações, e como
2 HEIDEGGER, Martin SER E TEMPO.
5
processos vivenciais de criação de coisas. Coisas e figurações,
figurações e coisas, que, característicamente, se dão como tais, como
totalizações significa-tivas.
Totalizações que, na pontualidade de suas vivências, se dão como tota-
lizações que são diferentes da soma de suas partes. Gestaltificações.
Originalmente, assim, as gestaltificações -- figurações compreensivas e
implicativas de dominâncias das forças de possibilidades -- se constituem
como consciência pré-reflexiva. E especificamente se dão como totalizações
signifi-cativas. Que são compostas, enquanto tais, por uma multiplicidade de
partes. Totalizações, gestaltificações, compostas por partes, mas que,
enquanto totali-zações, gestaltificações, são diferentes da soma de suas partes.
Da mesma forma que são totalizações que se apresentam como tais, e
que se constituem vivencialmente, de um modo anterior à sucessiva figuração,
configuração, e explicitação subsequente, de suas partes. Num processo de
consciência pré-reflexiva, fenomenológica, de formação de figura e fundo.
Por exemplo, a vivência da idéia da canção Aquarela3. É a vivência de
uma totalidade significativa. Totalidade que é individualizada compreensiva-
mente. Se me apresentarem uma parte de uma outra canção, eu saberei cla-
ramente que não é Aquarela.
Mas, enquanto vivencio Aquarela, como uma totalização significativa,
como uma gestaltificação, não vivencio particularmente um, ou cada um de
seus versos; não vivencio cada uma das partes/possibilidades/forças de sua
totalização significativa. Vivencio o seu todo, sua gestaltificação, como tal.
Mas, especificamente, sei de antemão, intuitivamente, compreensiva e
implicativamente, o que faz parte desta totalidade significativa, Aquarela.
Todas as partes de sua letra estão presentemente contidas na sua
gestaltificação ini-cial. Tanto que se me apresentam partes de uma outra
canção saberei reco-nhecer que não é Aquarela.
Em seguida, posso vivenciar paulatinamente, performativamente, como
desdobramento dos processos formativos de formação de figura e fundo, cada
uma das partes/possibilidades, dos versos de Aquarela. Com seus sentidos,
temporalidade e intensidades, intensificações, próprios. Posso perfazer
63
particu-larmente cada uma das partes desta todização. Que, inicialmente, me é
dada como todo, como gestalt, como totalidade significativa integrada, o todo
que, não só é diferente da soma de suas partes, mas que aparece como tal,
anteri-ormente à sucessiva figuração particular de suas partes. Como gestalt,
como gestaltificação. Como perfeição.
Assim é também, por exemplo, quando perguntamos a uma pessoa:
Como você está?
E ela diz: Não sei... Mas não estou bem...
A vivência deste não estou bem... é a vivência de uma totalização signi-
ficativa.
3 Vinicius de Moraes e Toquinho.
6
Quanta coisa ele sabe, ou pode, efetivamente, vir a saber, a criar, não
obstante este singelo não sei...
O não estou bem é uma gestaltificação de mesmo tipo. Prenhe de par-
tes/possibilidades/gestaltificações, potentes, possíveis, e prestes a se desdo-
brarem e explicitarem, como forças, possibilidades, em desdobramento, que
são.
POSSIBILITAÇÃO, EXPRESSÃO, PROJETAÇÃO, PERSPECTIVA-
ÇÃO, DISEGNO, INTERPRETAÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, PERFEI-
ÇÃO.
A vivência deste não estou bem..., a vivência de Aquarela, todas as vi-
vências, como vivências compreensiva e implicativamente figurativas da
domi-nância de forças de possibilidades em desdobramento, é a vivência de
tensi-dades. De intensidades. É tensional, É intensional. É, por isso, pressão.
Ex-pressão. É um projeto No sentido de que é uma projetação, como ex-
pressão vivencial de forças, como expressão do desdobramento de
possibilidades, uma gestaltificação, de seu conjunto. Conjunto ex-pressivo,
compreensivo e implica-tivo, de possibilidades, de forças, em desdobramento
fenomenológico existen-cial, cognitivo, compreensivativo, tensional,
intensional. Ação. Gestaltificação. Perfeição.
Cognitivamente, pela vivência da emergência e desdobramento de pos-
sibilidades, somos seres tensionais, intensionais, intensionalmente projetati-
vos. Gestaltificativos – perspectivativos, disegnativos, interpretativos (herme-
neuticos), perfeccionativos --, neste sentido.
Não é outro o sentido da palavra e do conceito de perspectiva (que Ni-
etzsche apreende). Não é outro o sentido do termo e do conceito de disegno,
da pintura perspectivativa do Renascimento. Não é outro o sentido de interpre-
tação, compreensiva, fenomenológica. O sentido de hermeneutica, que Hei-
degger4 elucida.
De modo que gestaltificação, projeto, perspectiva (perspectivação), di-
segno, interpretação compreensiva são rigorosamente sinônimos neste senti-
do. Sinônimos, igualmente, de perfeição.
64
A gestaltificação, a projetação, perspectivação, o disegno, a pers-
pectivação disegnativa, a interpretação compreensiva, a per-feição de nossa
vivência. Como vivência dos desdobramentos de totalizações significati-vas,
nas quais se constituem as dominâncias dos desdobramentos de multipli-
cidades de possibilidades. Que, na emergência e desdobramentos de seus
conjuntos, aparecem, ex-pressam-se, acontecem, como tais. E que determi-
nam a vivência da sucessão temporal e rítimica de um processo de formação
de figura e fundo, e de formação criativa de coisa, que é o modo de sermos do
acontecer, o modo de sermos da ação, e do fazer. Perfeição.
4 HEIDEGGER, Martin op. Cit.
7
O MODO DE SERMOS DA PERFEIÇÃO GESTALTIFICATIVA
NÃO É O MODO DE SERMOS DO SUJEITO, NEM DO OBJETO. NÃO É
O MODO DE SERMOS NEM DA OBJETIVIDADE NEM DA SUBJETI-
VIDADE. MAS O MODO DE SERMOS DA AÇÃO, DO ATOR. QUE NÃO
É OBJETIVO NEM SUBJETIVO. E QUE ESPECIFICAMENTE É O
MODO DE SERMOS DESPROPOSITAL, NÃO CAUSAL, INÚTIL. E NÃO
REAL. PORQUE NÃO É ACONTECIDO. MAS AÇÃO. O ACON-TECER
DO POSSÍVEL. PERFEIÇÃO.
Este modo de sermos da ação, do acontecer, e do fazer, modo de ser-
mos da perfeição, especificamente, não é o modo de sermos do sujeito, nem
do objeto. Não é o modo de sermos, teorético, da dicotomia sujeito-objeto.
É o modo de sermos não teorético, não explicativo, e não moralista, da
ação. No qual não vigoram nem a subjetividade, nem a objetividade; no qual
não vigoram as relações de causa e efeito, as relações causalidade. Em espe-
cífico, é o modo ontológico de sermos da ação, do fazer, e do acontecer. É o
modo inútil de sermos, o modo de sermos da inutilidade. Ou seja, é o modo de
sermos no qual não vigoram nem os úteis, nem os usos, nem as utilidades.
E é o modo de sermos que, vigência de possibilidades em desdobra-
mentos, não é o acontecido modo de sermos da realidade. Mas o modo de
sermos da vigência das forças expressivas de tudo que vivenciamos, modo de
sermos de vivência dos desdobramentos de possibilidades, modo de sermos da
ação, da vigência da ação. Compreensiva e implicativa. Fenomenação, ges-
taltificação, perfeição.
Modo específico e próprio de um fazer, a experiência deste modo de
sermos da gestaltificação, a experiência deste modo de sermos da perfeição, é,
própria e especificamente, a experiência estética, e a experiência poiéti-ca. A
experiência poiética da experiência estética, a experiência estética da
experiência poiética... Por isso, e por ser, ação, atualização cognitiva --
fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva e implicativa -- de
possi-bilidades. Poiese, estética.
Um estético e poético fazer fenomenológico existencial, fenomenativo.
Per-feição.
8
65
PERCURSO DO PERFAZER, PERFORMANCE DA
GESTALTIFICA-ÇÃO. PER-FEIÇÃO.
Vivencial, cognitiva – meramente cognitiva, ou cognitiva e muscular --,
a atualização gestaltificativa de possibilidades -- a ação, a perfeição, o fazer, o
acontecer --, é um movimento, uma moção – emoção e motivação. Especifica-
mente um movimento; um trânsito, um curso, um percurso. Devir.
Que transita, como movimentação vivencial -- meramente cognitiva, ou
cognitiva e muscular --, a partir dos níveis pré-compreensivos da ação -- do
desdobramento de possibilidades --, configurando-se compreensivamente, fe-
nomenologico existencialmente -- como figuração compreensiva, como
proces-so de formação de figura e fundo. Decaindo na condição da coisa
instalativa.
Este percurso do desdobramento, da atualização, de possibilidades é
assim o percurso vivencial da ação. Percurso e percorrer compreensivo e im-
plicativo, gestaltificativo, fenomenológico existencial e dialógico, vivencial. É
o percorrer vivencial do paulatino desdobramento de possibilidades. É,
própria e especificamente, o fazer. É a feição. A Perfeição. É, movido pela
força viven-cial do possível, do existencialmente potente, o percurso vivencial
de um pulso, de um pulsar.
Pulso vivencial este que se desencadeia, vivencialmente, na emergência
pré-compreensiva das forças das possibilidades; que se prolonga como as do-
minâncias que figuram, que se configuram compreensivamente, como forma-
ção de figura e fundo; e que se instala como coisas.
De modo que o fazer efetivamente da ação -- que é especificamente
gestaltificativo, fenomenológico existencial e dialógico, compreensivo e
implica-tivo --, em sendo uma feição, é o que entendemos como per-feição.
Neste sentido, a perfeição, assim, nada tem a ver com a perfeição num
sentido teorético, metafísico, ou idealista. Nada tem a ver com o fazer que ten-
tasse seguir um modelo ideal. Nada tem a ver com a comparação do feito com
qualquer tipo de modelo teórico, abstrato.
A perfeição é, efetivamente, um processo vivencial, físico, portanto.
Que se constitui como o percurso vivencial da temporalidade própria e
específica do desdobramento das possibilidades. Com forças e chances
intrínsecas de se otimizar, de se perfeccionar, contínua e progressivamente,
em seus desdobra-mentos. A partir, especificamente, das competições e
argumentações das pos-sibilidades que o constituem, como processo de
formação de figura e fundo de suas dominâncias.
Na medida em que a vivência da originalidade, da perene originação, e
do desdobramento, de possibilidades, nas perenes competições e argumenta-
ções entre elas -- como processos de formação de figura e fundo, e de criação
de coisas --, pode se dar na sua temporalidade e intensidades próprias.
De modo que, quanto mais, e melhor, nós podemos nos entregar à mo-
mentaneidade instantânea do modo de sermos da ação -- na temporalidade
própria dos seus dedobramentos paulatinos de formação de figura e fundo, e
66
9
de formação de coisas; na temporalidade do desdobramento
compreensivo de possibilidades --, mais e melhor podemos perfeccionar a
ação.
Assim, na vivência intensiva, intensional, das características próprias da
momentaneidade instantânea deste modo ontológico de sermos -- característi-
cas de não objetividade, nem subjetividade; de implicatividade, de não
causali-dade, de despropósito; características não pragmáticas, e não realistas
--, mais podemos aperfeiçoar a perfeição da riqueza, originalidade, e minúcia
do des-dobramento de possibilidades, como processo formativo e criativo, de
formação de figura e fundo, e de criação de coisas. Mais podemos aperfeiçoar
a poiética do processo de sua estética. A poiética e a estética de sua perfeição.
Do modo de sermos e de fazermos da perfeição.
Perfeccionativo...
A vida muda lentamente Como a cor dos frutos A vida muda rapidamente
Como a flor em fruto Mas quando é tempo E é tempo todo tempo Mas não
basta um século Para fazer a pétala Que um só instante faz Ou não Mas a
vida muda (...)
(Ferreira Gullar. Dentro da noite veloz.).
10
BIBLIOGRAFIA
ALBERTAZZI, Lilian. The School of Brentano.
BUBER, Martin Eu e Tu.
GULLAR, Ferreira Dentro da Noite Veloz.
HEIDEGGER, Martin Ser e Tempo.
67
O PERFEITO, PERFORMAÇÃO E PERFORMANCE ESTÉTICA,
FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL, HERMENÊUTICA, EXPERIMENTAL
68
O PERFEITO, PERFORMAÇÃO E PERFORMANCE
ESTÉTICA, FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL,
HERMENÊUTICA, EXPERIMENTAL
ESTÉTICA FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL
HERMENÊUTICA EXPERIMENTAL, PERFORMÁTICA,
PER(FORM)ATIVA, EM GESTALT TERAPIA E EM PSICOLOGIA E
PSICOTERAPIA FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
... faça o que eu digo faça o que eu faço aja duas vezes antes de pensar
(in Bom Conselho. Chico Buarque de Hollanda)
69
O PER-FEITO É O PER-FAZIDO, PER-FORMADO, FEITO PELA
PER-FEIÇÃO: ESTÉTICA DA PER-FORMANCE. GESTALTIFICAÇÃO.
A especificidade do logos metódico da Gestalt Terapia, e a sua
contribuição para a psicologia e psicoterapia fenomenológico existencial, -- e
para a psicologia e psicoterapia, de um modo geral --,é, em grande parte, a do
desenvolvimento experimental, e a experimentação do valor da psicologia e
da psicoterapia de uma estética da existência, como condição metódica para a
vivência estésica, per-form-ativa, de atualização fenomenológico existencial
de possibilidades por parte do cliente. A Gestalt Terapia, constitui-se,
experimentou, e experimenta-se, assim, como uma estética performática
experimental da existência. Ou seja, a Gestalt Terapia entendeu o radical valor
existencial deste modo de ser; e, em particular, a riqueza de sua propiciação,
no âmbito do trabalho psicológico e psicoterápico, como metodologia hábil no
propiciamento da atualização de possibilidades por parte do cliente.
Importante notar, que a atuação do terapeuta e do psicólogo, no âmbito
inter humano de sua relação com o cliente, e com o grupo, é, alinhada com
esta concepção metodológica, igualmente, estésica, estética, experimental, e
performática; dramática (ativa), poiética (fenomenativa existencialmente
generativa). Isto significa que não é teórica, não é reflexiva, não é moralista,
não é científica, não é técnica, não é comportamental.
Ou seja, da mesma forma que a Gestalt Terapia preconiza e propõe,
para o cliente, a oportunidade pontual e regular, e o desenvolvimento da
habitualidade, do estilo existencial de uma estética performática experimental
– estética performática esta de sua atualidade, de suas questões, e dos
elementos de sua crise existencial -- ela propõe esta mesma estética
performática fenomenológico existencial experimental, como logos metódico,
para a ato ação do psicoterapeuta e para a ato ação do psicólogo.
De modo que é extremamente interessante, para o esclarecimento de
concepção e método da Gestalt Terapia, em Psicologia e Psicoterapia, a
compreensão dos sentidos particulares, valores e interesses, do modo de ser
desta estética performática experimental da existência, e de sua ato ação,
atualização.
O logos metódico da Gestalt Terapia – com o qual ela contribui – é,
assim, o logos de uma estética existencial experimental e, especificamente, o
logos metódico de sua vivência performática – vivência fenomenológico
existencial, fenomenativo existencial -- per-form-ativa.
A performance é o modo de ser, fenomenológico existencial
experimental, especificamente ativo e poiético, da vivência. Através do qual
se dá a atualização fenomenoativa do possível, enquanto tal, como fenômeno
existencialmente vivido. Esse processo generativo no ser-no-mundo configura
o que chamamos de poiese.
De modo que, nem teórica, nem prática – nem técnica, nem
comportamental, nem objetivista --, nem científica, nem moralista, muito
menos realista –, a metodologia da Gestalt Terapia é, especifica e
70
eminentemente, estésica, uma este(sia)ética, experimental, performática, e
poiética.
3
Nietzsche diria física, em contra/posição a quaisquer das possibilidades
abstratas da meta-física. Física, vivencial e vividamente vivida; é, assim, a
performance.
Na performance assim (entendida do ponto de vista fenomenológico e
existencial), naturalmente, o possível, a possibilidade, enquanto tais,
vivencialmente transitam -- pela ação -- de uma condição de pré-
compreensão, compreensão, interpretação1 e objetivação. Concluindo-se,
assim, fechando-se, como o per-feito, no processo da performação, do
perfazimento, da perfeição (a gestalt).
PER
O prefixo per significa: cabalmente através de, plenamente através de.
Enquanto que feição, do Latim, significa 'fazer inteiramente, acabar, terminar,
perfazer; fabricar (com arte)2.
A “forma”, num sentido fenomenológico existencial, refere-se às
formas do vivido. De modo que temos, do ponto de vista fenomenológico
existencial, a performance, a performação, especificamente per-feição,
perfazimento, como designação do processo da vivência fenomenal, no qual a
forma se constitui, como processamento pré-compreensivo, a partir da força
do possível fenomenalmente vivido. E se configura, como tal, como
atualização compreensiva: meramente compreensiva; ou compreensiva e, mais
ou menos, motora. E/ou mais ou menos inter humana. E/ou mais ou menos
objetivativa.
Especificamente, o im-per-feito é o inconcluso. O inacabado, o
incompleto. O mal executado; e, portanto, feito incorretamente; defeituoso,
malfeito, incorreto3. Cujo ciclo (digamos) da per-feição, o ciclo de sua
performance, de sua per-formação, de seu completo perfazimento, do
perfazimento de sua totalidade, não se concluiu, não se fechou. O imperfeito é
a performance, a performação, a perfeição, o processo de formação figura-
fundo, encalacrados. Inter-rompidos, inacabados, mal acabados, abertos.
Ah, a frustração e a queixa da mulher quando o homem não quer e/ou
não sabe esperar; e o abraço e o beijo encadeados e conclusivos da inter
humana dialógica da per-feição.
PERFEITOS E PERFEIÇÃO TEÓRICOS?
Freqüentemente, os sentidos de perfeito, de perfeição, obedecem a
critérios abstratos de avaliação, critérios alienados do físico processo de sua
per-feição,
1 v. FONSECA,
2 HOUAISS,
3 HOUAISS,
4
71
processo vivencial de elaboração fenomenológico, fenomenativa,
existencial. Podemos, ter, assim, abstratos, o “perfeito”, a “perfeição” meta-
físicos... Não vivenciados, mas abstrações, exatamente, do processamento da
vivência de sua perfeição, de seu perfazimento, de sua per-formação.
Uma contradição em termos, naturalmente. Porque o que caracteriza o
perfeito é, exatamente, a vivência do processamento de sua elaboração
fenomenológico existencial, o seu perfazimento como vivência, o processo de
seu perfazimento, como vivência física, corpo-ativa.
Mas podemos pensar, assim, e muito vigora, o “perfeito” meta-físico.
De uma “estética” que, curiosamente, não é estésica! Mas, mais própria e
especificamente, é conceitual e abstrata; e que, por isso mesmo,
especificamente, não é estética. É moral e moralista.
O perfeito metafísico se constitui como adequação ótima de algo a um
seu modelo teórico; ou, mais especificamente, a um seu conceito. Um
“perfeito” teórico, que nada tem de vivencial, de vivenciado. Mais que isso,
um “perfeito” teórico, especificamente como afastamento da vivência
fenomenal de ser-no-mundo, um “perfeito” teórico que nada tem da
experienciação do‘perfazer’, da processualidade vivencial do ‘fazimento’
(perfazimento, performance, performação), vivido. Que nada tem de ‘feitura’,
como encadeamento de atu(aliz)ação vivida de possibilidade, como
possibilitação. Mas que se constitui de comparação e de avaliação, teóricas, de
adequação, do fato ao conceito4, comparação e avaliação abstraídas, e
especificamente afastadas, alienadas, da vivência.
PERFORMANCE ESTÉSICA, ESTÉTICA.
Naturalmente, na concepção e metodologia da Gestalt Terapia, e em
psicologia e psicoterapia fenomenológico existencial, não se trata deste tipo
de “estética” teórica e conceitual, abstrata, meta-física; na verdade, estática.
Trata-se, de fato, da estética, que podemos dizer, redundantemente, da própria
estesia da vivência do perfazimento: estética da própria estesia da vivência do
perfazimento. Assim, podemos conceber o perfeito como processo e resultante
da própria vivência experimental, fenomenológico existencial hermenêutica,
processamento encarnado, da per-feição; não meta-físicos, mas físicos. O
feito, per-feito, resultante do processo – da travessia fenomenativa -- da per-
feição .
E, mais uma vez, como diria o Riobaldo Tartarana (aliás, per-feito por
Guimarães Rosa), a verdade, a per-feição, o per-feito, não se põe nem no
início nem na chegada, mas na travessia... Per-formação...
Na travessia... Travessura...
4 HEIDEGGER, M.
5
Este o sentido deste “per”, que está em per-feito, em per-feição, em per-
formance, em per-formação, em per-fazimento. Perfeição de ...
72
Travessia vivencial da feição, a per-feição é, especificamente, o
perfazimento, a per-formação, a performance, num sentido de processualidade
primária e eminentemente vivencial, fenomenal.
Performance que é sempre dialógica, na medida em que é toda ela e
sempre dialógica do possível e de sua possibilitação. Performance que é
freqüentemente inter humana. Performance que pode, meramente, ser, como
mencionamos, o desdobramento (“subjetivo”) de uma compreensão, na
performação compreensiva (atualização compreensiva) (a “caída da ficha”...)
E/ou que pode ser mais ou menos performação, perfazimento, objetivativo.
Este mesmo, mais, ou menos, organismicamente compreensivo; mais ou
menos voluntário ou espontaneamente expressivo, mais ou menos motor, ou
sensível, mais ou menos objetivativo. Ainda que, sempre, na ótica da
expressividade sentida e vivida, e caracteristicamente desproposital.
De parte de um sujeito?
Em seu momento próprio, não exatamente. Pelo menos no que
interessa, e é vital.
Na medida em que, fenomenal, o processo da performance se
desenvolve como vivência espontânea de desdobramento de possibilidade.
Que, como tal, é vivido e vivencial, fenomenal, fenomenativo. E não é, assim,
da ordem das relações sujeito-objeto. Da mesma forma que não é da ordem
das relações de causa e efeito, que não é da ordem do útil e da utilidade; que --
como possível pré-compreendido e possibilitação -- não é, mesmo,
naturalmente, da ordem da realidade.
Similarmente, como observamos, o processo vivencial da performance,
não é da ordem da teoria, não é da ordem da prática, nem da ordem do
comportamental; não é da ordem do científico, muito menos da ordem do
técnico. Não é da ordem do explicativo. É, especificamente, da ordem do
compreensivo, da ordem do dialógico, e potencialmente da ordem da dialógica
compreensão inter humana. É da ordem do poiético, do hermenêutico. Que,
atu(aliz)ação de possibilidade, transita, como vivência, de pré-compreensão de
possibilidade, para a sua possibilitação. Em seu característico, e próprio,
despropósito poiético.
Estamos, assim, bastante distantes do “perfeito”, e de uma “estética”,
meta-físicos, estabelecidos por comparação, teoricamente, abstratamente
(abstraídos, justamente, do processo vivido da per-feição).
Precisamos, assim, em Gestalt Terapia, em psicologia e psicoterapia
fenomenológico existencial, desta compreensão do que é o perfeito, a
performação, a performance fenomenológico existencial experimental. A
compreensão do caráter eminentemente vivido, pré-reflevivo, pré-conceitual,
intuitivo, fenomenal, hermenêutico, fenomenológico existencial,
experimental,
6
73
ativo, per-form-ativo (poiético)(de travessia da vivência da duração), do
processo de sua feição, per-feição; especificamente física, corpo-ativa,
estésica, est-ética...
Ou seja, precisamos da compreensão do quanto este processo ativo --
mais ou menos compreensivo/intuitivo, mais ou menos espontâneo/voluntário,
mais ou menos compreensivo ou motor (o próprio “caminho do meio”) --, o
quanto este processo é, em seu momento e movimentação próprios,
especificamente, vivência corporal, vivência corpoativa, sentidos, sentidação.
Estésico, assim, neste sentido (vivência configurativa das sensações, como
totalidades compreensivas específicas, e especificamente diferentes da soma
de suas partes, sensibilidade, capacidade de perceber o sentimento da
beleza).5 Propiciado por uma est(esia)-ética. Por uma Estética. Que é um
modo de proceder (uma ética), uma atitude de ação, que privilegia o,
fenomenal, o ponto de vista estésico. O ponto de vista, fenomenológico
existencial, da sensibilidade, da vivência, da capacidade de engendrar e
vivenciar o belo, o perfeito.
Deste modo, a vivência gestáltica, o logos metódico da Gestalt Terapia,
e da psicologia e psicoterapia fenomenológico existencial, além de se
caracterizar como sendo fenomenológico existencial experimental, é, por isso
mesmo, uma metodologia estética e performática experimental. O interesse
metódico em Gestalt Terapia é o da experiência experimental da vivência
estésica da per-feição, no estésico engendramento próprio do perfeito, e na
vivência e apreciação estésicas de sua perfeição. Uma estética, como processo
hermenêutico de atualização de possibilidades, no âmbito da atualidade e
atualização existencial do cliente. Uma estética como procedimento metódico
do terapeuta/psicólogo.
Estética como atualização meramente compreensiva, muito
freqüentemente. Ou estética como atualização objetivativa. não importa. O
que importa é a natureza per-form-ática experimental da sua experiência. E o
desenvolvimento do ponto de vista estético, como critério existencial. Ao
mesmo tempo que o desenvolvimento de um estilo existencial performático
experimental, vigoroso, robusto, e sensível, no eterno e incontornável
processo existencial de atualização de possibilidades, no humano ser-no-
mundo. Processo que do possível e do próprio mundo se nutre, no
enfrentamento com, e no afrontamento criativo do mundo e da vida
coisificados; e no afrontamento e enfrentamento criativos da fatalidade da
própria coisidade e da própria coisificação da realidade realizada, fatalizada.
O EXPRESSIONISMO E O LOGOS METÓDICO ESTÉTICO
PERFORMÁTICO DA GESTALT TERAPIA E DA PSICOLOGIA E
PSICOTERAPIA FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL
Histórica e paradigmaticamente, não é certamente difícil acompanhar a
linha constitutiva deste caráter fundamental da concepção e método da Gestalt
Terapia e da psicologia e psicotrerapia fenomenológico existencial.
5 HOUAISS,
74
7
De um modo mais imediato, este caráter performático advém, de modo
fundamental, do caráter performático do Expressionismo. Que, seminalmente,
influenciou o desenvolvimento da concepção e método da Gestalt Terapia.
Num segundo momento (ou primeiro), a influência vem do
perspectivismo nietzscheano, que já é fonte do perspectivismo, e do caráter
performático do Expressionismo, enquanto movimento das artes européias da
segunda metade do século XIX, e primeira metade do século XX.
Pois bem, a experiência com teatro, em especial com o teatro de Max
Reinhardt, que desde os quatorze anos de idade é experiência fundamental na
vida de Fritz Perls, e no desenvolvimento da Gestalt Terapia; a experiência de
Laura Perls com teatro e com expressão corporal, igualmente importantes, no
desenvolvimento da formulação conceitual e metodológica da Gestalt Terapia,
são experiências com artes cênicas e expressivas, de natureza e filiação
especificamente Expressionistas. São experiência que profundamente
marcarão o caráter do paradigma conceitual e metodológico da Gestalt
Terapia.
O Expressionismo6 surgiu, nos finais do Século XIX, como um imenso,
vigoroso e essencial afrontamento à hegemonia do Positivismo, do
objetivismo científico, da ciência, da objetividade, do princípio de realidade, e
da própria realidade.
Sinalizava o que viria a ser indicado, depois, pela fenomenologia
existencial, pela filosofia da existenz, e pelo existencialismo. Ou seja, que,
fora, e distanciados, desse modo de sermos que é a experiência fenomenal,
fenomenológica e fenomenativa do vivido (que não é da ordem do conceitual
e do teórico; que não é da ordem da objetividade, nem da ordem da
subjetividade, nem mesmo da intersubjetividade: porque não é da dimensão da
dicotomia sujeito-objeto; que não é da ordem da dimensão da vivência das
causas e dos efeitos, dos meios e dos fins; que não é da ordem da utilidade,
portanto; nem da ordem da realidade, na medida em que é, antes,
essencialmente prenhe de possíveis não realizados), distanciados deste modo
de sermos da vivência fenomenal, eminentemente experimentativa, estamos
exilados do que nos é ontologicamente mais essencial.
A Experiência fenomenal do vivido não se movimenta no âmbito da
explicação, da teoria e da conceituação; também não se movimenta no eixo
das causas e dos efeitos, da causalidade. Não é da ordem da utilidade, ainda
que dela brotem todos os úteis e as suas utilidades, mesmo que dela provenha
a objetividade do mundo. Sobretudo, é experiência que não é da ordem da
realidade (no sentido objetivo do termo), na medida em que não é da
dimensão da objetividade; e é, muito mais, impregnada de possível e de ação
possibilitativa, do que de real.
6 Expressionismo
8
75
Pois bem, fora e distanciados dessa insólita experiência fenomenal e
fenomenativa do vivido, sinalizava o Expressionismo estamos exilados. O
mundo, enquanto realidade objetivada não é a casa do homem, como diria
Heidegger.
Num momento em que o mundo e a vida coisificados avizinhavam
absurdos e terrores nunca imaginados, a vivência fenomenativa humana
reivindicava expressão, em seus próprios termos. E veio o Expressionismo,
representado, naquele momento, pelo pavor do Grito, de Munch.
O Expressionismo reivindicava, então, expressão e lugar para este
modo de sermos que é o vivido, o fenomenal, o existencial; potente e
possibilitativo, poiético. Mesmo, e em particular, contra a estranha sensação
de absurdidade, por não ser esta dimensão essencial do humano e do mundo,
da ordem das relações sujeito-objeto, da ordem das relações de causa e feito,
da ordem da utilidade, nem mesmo da ordem da realidade.
O Expressionismo7 surge, então, como um estilo, artístico.Mas, na
verdade, com muito mais amplas implicações; implicações em particular
culturais, e especificamente existenciais. Um estilo artístico e existencial, que
intenta centrar-se na, e concentrar, a experiência dita subjetiva: a experiência
fenomenal, fenomenológica e fenomenativa do vivido.
De modo que, centrada, e própria, e otimamente, concentrada, possa
esta experiência manifestar-se potente, fluída, expressiva, e integralmente;
como ato expressivo, como performance, per-form-ação. A performance que
configura a obra de arte, ou o desempenho artístico, como per-feição, como
per-feito; se transita, plena e fluidamente, pelo ciclo de sua complementação,
ciclo de sua per-feição, de seu perfazimento, na expressão, ato(aliz)ação, mais
ou menos compreensiva, e sempre fenomenativa; mais ou menos objetivativa,
da forma de um possível, que se atualiza em sua per-feição.
A experiência do vivido podendo concentrar-se como uma mola, ou
como a musculatura de uma pantera no prenúncio do bote; e botando,
atu(aliz)ando o bote expressivo, na performance.
Assim nasceu, e atualizou-se, uma Isadora Duncan, e sua dança
expressionista; a arte dos pintores expressionistas, dos escultores, do teatro
expressionista, do cinema expressionista (uma idéia na cabeça, e uma câmera
na mão...), da arquitetura expressionista, da pedagogia expressionista... da
Gestalt e da Gestalt Terapia...
Sempre, o artista expressionista é um artista performático, neste
sentido. Não apenas nas artes cênicas, como no teatro e na dança, por
exemplo. Nas artes plásticas, os escultores e os pintores são, igualmente,
performáticos expressionistas. Concentrando artística e sensivelmente a
vivência fenomenativa de sua inspiração, como a musculatura de uma pantera
armando e presentificando o seu bote, e botando, na conformação
performática, no perfazimento, de um per-feito artístico, como obra de arte.
Assim, mesmo um pintor ou um escultor expressionista é performático.
7 Expressionismo
76
9
Num sentido radical8, são eminente, própria, e especificamente,
estésicos e est-éticos, os performáticos expressionistas. Centram-se, e buscam
adensar, a vivência fenomenal, a sensibilidade, corpo, vivido, sentidos, na
vivência da configuração de seus possíveis, e de suas possibilitações; e
investem-se estésicamente, o que quer dizer esteticamente, na performação
vividamente vivida, e expressiva, de um per-feito como feito artístico.
A beleza e a magnanimidade, a incomensurabilidade, fascinação, graça
e mistério, deste feito, a sua perfeição, advêm do processo próprio de sua
feitura – específica e propriamente per-feitura. Que, essencialmente, permite e
configura-se como a atualização per-feita, em sua formação e ex-pressão (ex-
pulsão) plenas, de um possível; na estesia do processo de sua per/feição.
Toda a sua guiação, portanto, a guiação da perfeição e da performance,
é, eminentemente, estésica; especificamente estética. A aquiescência na
estética, e a vivência estésica e pré-compreensiva de uma configuração de
possíveis. E a estética, e a estesia, de sua atu-ação, mais ou menos
compreensiva, ou mesmo no lusco-fusco organísmico da compreensão; mais
ou menos objetivativa, mais ou menos motora, mais ou menos
voluntária/espontânea, mais ou menos interhumanamente inter-ativa.
A estética e a estesia de dar à luz, como feito, como perfeito – e
bendito, vale dizer – algo de absolutamente singular, novo, criativo, original e
belo, em sua acabada per-feição.
A vivência estética, estésica, do sentimento de beleza advém da estesia
de ser-se e exercer-se à imagem e semelhança de Deus, ou de ser-se e exercer-
se divino, no processo da perfeição criativa.
VIGOR, BRILHO, INTENSIDADE, FASCINAÇÃO, UNIDADE,
GRAÇA...
Todo este processo de feição, de perfeição, perfazimento, é, enquanto
processo vivido -- vividamente vivido --, processo de formação de figura e
fundo. Como indicou Perls9, este processo de formação de figura e fundo tem,
é, em si, a fonte da avaliação e do valor. E tem características,
fenomenológico existencialmente vividas, intrínsecas e peculiares, tais como
vigor, brilho, intensidade, fascinação, unidade, graça...
Tais características estéticas fenomenologicamente intrínsecas ao
processo de formação de figura e fundo decorrem especificamente da
qualidade estésica, estética, vivencial, do processo da performance, do
processo da perfeição. Que é propiciado, vivido, concluído, e avaliado,
esteticamente, o que quer dizer estesicamente.
São características do processo de formação figura-fundo performático
que se perdem na imperfeição: ou seja na im-per-formação. Quando a per-
formação, a
8 De tomar pela raiz, como diria W. Reich.
9 PERLS,
10
77
performance, é interrompida em sua per-feição, e resta o per-feito
inconcluso, inacabado. Específica, e propriamente, imperfeito, encalacrado e
interrompido, aprisionado, no processo de sua per-feição.
PERFORMANCE E A POSSIBILIDADE DO DESEMPENHO
HISTÉRICO. A VIRTUALIDADE É A DOENÇA.
De um modo curioso, podem ser aparentemente próximas, ainda que
decididamente inconfundíveis, a performance e a histeria.
E, a bem da verdade, o próprio Expressionismo chegou a ser acometido
em certos momentos pela confusão, e pela ameaça do desempenho histérico.
Que meramente simula a performance; na sua insensibilidade, e impotência,
para a vivência da perfeição, e para a oferta ao mundo de algo perfeito a partir
de possíveis.
A própria Gestalt Terapia, e mesmo a sua cultura, já foram afetadas
pelo mal entendido. Talvez o seja menos, hoje. O risco, aliás, é corrente, na
medida em que a confusão entre performance e desempenho histérico grassa,
panepidemicamente, na cultura da modernidade. Certamente como uma
aversão ao possível e à possibilitação, e em conseqüência de seus
investimentos radicais na mímesis, na imitação e na simulação, na cultura do
espetáculo e do parecer.
Creio que a advertência com relação à possibilidade da confusão entre
performance e desempenho histérico já é feita no I Ching10, no Hexagrama
61. Que é representado pela pata de uma ave sobre um ovo, a chocá-lo.
Se o ovo estiver efetivamente choco, fecundado, e contiver um
embrião, o choco (o ato de chocar) chegará a termo, na geração de um
pintinho.
Mas, se o ovo não estiver fecundado, por mais que a ave o choque, dele
não resultará um pintinho...
Suprema metáfora da ação... A ação que decorre de uma “verdade
interior”, ou seja, que está em si emprenhada, impregnada, de possível, é
como o desempenho, a performação, perfazimento, de um ovo fecundado. Em
seu momento oportuno, dará à luz o fruto perfeito de sua novidade.
A ação que não decorre de uma verdade interior, que não se enraíza
num possível e em sua atualização, não gerará frutos nem novidade, e será
estéril.
O “embrião” da perfeição, e do que especificamente podemos entender
como ação, como ato, como fruto e novidade – diferentemente do
desempenho histérico -- é a impregnação estésica e estética pelo possível, e a
sua performação, perfeição, em um per-feito.
10 I Ching
11
Simulação, o desempenho histérico, não está fecundado por este
“embrião”, pela vivência fenomenal do possível; e pela disposição para a
perfeição, para a performance, por ele alimentada e potencializada, no
engendramento de um per-feito. Infenso e hostil ao possível e a sua
78
possibilitação, infenso e hostil à novidade, à criação, à mudança, o
desempenho histérico fecha-se para eles, e é comportamento estéril. Mera
virtualidade.
E esta virtualidade -- que se impermeabiliza para o possível,
reprimindo-o, quando poderia atualizá-lo, em sua urgência e emergência, no
processamento de sua perfeição --, é a doença propriamente moderna,
insidiosa e panepidêmica.
Prestemos atenção, pois, a virtualidade é a doença.
Nada mais distinto, portanto do que performance estética e desempenho
histérico.
[]
PERFORMANCE E SENTIDO DO TRÁGICO
Uma última consideração, importante.
A de que a vivência do possível e de sua atualização na per-feição, a
performance, de um perfeito, demanda eminentemente como condição a
estética e a estesia do sentido trágico, tal como Nietzsche o recuperou dos
Gregos antigos.
Atualização de possibilidades, eminentemente, a vivência estésica do
possível, esteticamente propiciada, demanda e configura a superação da
medida do estabelecido como tal, em sua individualidade; e a sua superação.
Na performance, e em decorrência da performance, nada será como
antes. O preposto, e suposto, sujeito, estabelecido ao nível da realidade
coisificada, desmesura-se de sua individualidade e de seu tempo próprio. Na
vivência de um modo de ser que não mais comporta a dicotomia sujeito-
objeto, pelo menos até o fim do processo da perfeição. Jamais será o mesmo
preposto. Mudam as suas condições e o seu mundo objetivado, muda ele
próprio, no engedramento da novidade do possível perfeito.
De modo que a vivência da performance, o engendramento do perfeito,
na atualização do possível, determinam sempre finitudes. O sentido do trágico
é exatamente a vivência compreensiva dessas finitudes, e a afirmação delas,
como afirmação estética do possível e de suas forças formativas, da perfeição,
da performance.
Sempre a alternativa entre a identificação com o que se fina, e declina
na coisidade; ou a identificação com o incerto e aventuresco mergulho no
possível e na possibilitação, como per-formação, como per-feição, dele
decorrente; a identificação com a vivência estética da beleza e do belo na
perfeição e no perfeito, per-formado.
12
Para o sentido do trágico, desde sempre e sempre, esta identificação
com a vivência da potência do possível para a per-feição; a opção
inquestionada pela identificação com o vigor, brilho, intensidade, fascinação,
unidade, graça da perfeição e dos per-feitos...
13
79
PERFORMANCE, ARTE MONÓLOGO E A MÚSICA DO
ESQUECIMENTO. TOMADA DE INCONSCIÊNCIA, E DRIBLE DE
CORPO NA CONSCIÊNCIA.
Em contraposição ao desempenho histérico, simulado, e dissimulado,
da virtualidade, a performance, a perfeição, tem tudo da integração da arte
monólogo, que se diferencia da arte diante de testemunhas, de que fala
Nietzsche11, no aforismo 367 de A Gaya Ciência. Uma arte, a arte monólogo,
em que o ator é todo ação, DRAMA. Arte monólogo eminentemene dialógica,
ativa, fenomenoativa, experimental e poiética. Sem a possibilidade de que o
ator em sua integração como tal possa configurar-se subsidiariamente como
um observador de si mesmo, enquanto re-primiria a força do possível, e a
sublimaria...
Tudo o que se pensa, escreve, pinta, compõe, ou seja, tudo o que se
esculpe e constrói, revela ou da arte monólogo ou da arte diante de
testemunhas. (...) Não conheço ópticas mais separadas do que a do artista que
observa a elaboração de sua obra (quer dizer, se observa a ele próprio) com o
olhar de uma testemunha; e a do artista ‘que esquece o mundo’: este
esquecimento é a essência de qualquer arte monólogo; a arte monólogo
assenta no esquecimento, a arte monólogo é a música do esquecimento.”“.
A característica do esquecimento é essencial à performance estética, e
tema caro à filosofia da vida de Nietzsche. Isto porque, o que muito nos
interessa, o processo da perfeição, a performance, em sua concentração
fenomenativa, caracteristicamente instaura um esquecimento, é momentum de
esquecimento. De modo que o esquecimento é mesmo uma condição
específica de sua momentaneidade.
Nietzsche investe, a marteladas, contra a supervalorização da
consciência. Um erro a supervalorização da consciência, diria ele,
supervalorização que é da ordem do reativo, e não do ativo. A
supervalorização da consciência constitui-se em supervalorização da memória,
e supervalorização da história.
No âmbito desta supervalorização, proscrita a possibilidade do modo de
ser do esquecimento, fenece miseravelmente a potência do modo de ser
possível, e da possibilidade da performance estética que ela pode engendrar.
No sentido da garantia das condições da vivência perspectivativa,
estética, performática, do possível, e de sua possibilitação, Nietzsche12 dirá:
(...) De fato, está mais do que no tempo de avançar contra os
descaminhos do sentido histórico...
11 Nietzsche, F, Gaia Ciência. Lisboa, Guimarães e Cia Editores, 1984.
p. 276.
12 NIETZSCHE, F. PENSADORES, p.69.
14
O homem teria de ler (na história) assim como Goethe aconselha que se
leia o Werther: como se ela clamasse, ‘sê um homem e não me sigas!’13
80
Mais importante do que seguir a história é performá-la. E condição
essencial da performance, do momento propriamente performático, é esta
estética monólogica e ativa do esquecimento.
Todo agir requer esquecimento (...) Portanto é possível viver quase sem
lembrança, e mesmo viver feliz, como mostra o animal; mas é inteiramente
impossível viver sem esquecimento, simplesmente viver. (...) há um grau de
insônia, de ruminação, de sentido histórico, no qual o vivente chega a sofrer
dano e por fim se arruína, seja ele um homem ou um povo ou uma
civilização.14
... nas menores como nas maiores felicidades é sempre o mesmo aquilo
que faz da felicidade felicidade: o poder esquecer ou, dito mais eruditamente,
a faculdade de, enquanto dura a felicidade, sentir a-historicamente.15
E possa ser assim entendida e ponderada minha proposição: ‘a história
só pode ser suportada por personalidades fortes, as fracas ele extingue
totalmente’.16
Nesses efeitos, a história é o oposto da arte: e somente quando a
história suporta ser transformada em obra de arte e, portanto, tornar-se plena
forma artística, ela pode, talvez, conservar instintos ou mesmo despertá-los.17
13 Ibid.
14 op.cit. p 58. Grifo nosso.
15 Ibid.
16 op.cit. p 64.
17 op. cit. p 65.
81
A FOTOGRAFIA DO FOTOGRAFADO, & A FOTOGRAFAÇÃO
82
A FOTOGRAFIA DO FOTOGRAFADO, & A FOTOGRAFAÇÃO
Fotação, fotática, fotética & fotografia
Quando tal, apenas o registro é digital.
A criação, a produção, fotografação, continua, inapelavelmente,
analógica...
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
84
fotografação; o modo de sermos que produz o registro fotográfico. A
fotografia...
Isto, naturalmente, aponta para a importância, estética, ontológica, de
adequadamente considerarmos a distinção entre o registro fotográfico -- ou
eletrônico, por um lado; e a sua produção, a ação fotografogênica,
propriamente dita.
A questão aponta para a distinção entre as características pré-reflexivas,
ontológicas, e presentativas, da ação; no caso, da fotação, da fotática,
fotética... Compreensivas, implicativas, gestaltificativa, e dialógicas.
Fenomenológico existenciais, enfim. E as características especificamente da
fotografia, como registro, como instalação, enquanto coisa, e reflexão. Objeto,
e subjeto. Disponível à teorética e à explicação.
A questão aponta para as próprias distinções entre as características
ontológicas da ação, do presente; e as características não ontológicas,
meramente ônticas --, da coisa, e do reflexivo, em sua entidade. As
características pré-reflexivas da ação e sua concomitante elaboração de
sentido, e o caráter conceitual do reflexivo, do ôntico, que em sua teorética não
tem sentido. Não é elaboração de sentido. Porque, ontológico, o pré-reflexivo e
o seu em específico sentido é analógico. E o digital é conceitual e reflexivo.
Reflexivo, o digital é apenas um caso do conceitual.
No limite, a questão passa pelas questões tematizadas,
problematizadas, e venturosamente superadas pelo Impressionismo, e pelo
Expressionismo, com relação à ação.
Em contraposição com a objetividade, e à realidade.
A ação não é coisa, nem comportamento – que é coisa --; a ação não é
representação, mas apresentação; a ação não é reflexão, a ação é
prerreflexiva: nem subjetiva, nem objetiva. A ação não é teorética. A ação não
é moral, nem moralista. A ação não é a intrínseca expectativa, espectativa, do
sujeito, na sua contemplação do objeto, a teorética da dicotomia sujeito-objeto.
Mas inspectativa; a inspectação, do ator.
A vivência da ação é não causal. É desproposital.
Não é útil nem prática, não é pragmática. A ação não é prática.
A ação não é técnica.
Nem passado, nem acontecido, a ação não é coisa, não é ente -- coisa.
Mas presente -- acontecer... Já que fenomenática, fenomenética; e poiética.
E o sentido, analógico, é uma decorrência da duração da ação. Como
compreensão de sua implicação. O sentido se constitui como apuração da
multiplicidade de possibilidades da ação. O sentido se constitui comoapuração
da multiplicidade de possibilidades que constituem a ação. O sentido se nutre
da multiplicidade, e qualquer redução ou purificação o empobrece
inexoravelmente.
Já o conceito vive da purificação, da unificação.
85
Já em Aristóteles, se distinguem os modos do conhecimento em teórico,
prático, e poiético.
Reflexivo, o teórico -- já que flexão – do sujeito sobre o objeto --, e
repetição, re-flexão...
Flexão e reflexão, do sujeito sobre o objeto. Contemplação do objeto
pelo sujeito. No modo coisa de sermos, modo ôntico de sermos. Teorética.
Modo de sermos no qual --, não mais jeto, não mais o modo projeto de
sermos, não mais o modo de sermos do desdobramento de forças, as
possibilidades, não ação --, em específico, somos as coisas sub-jeto e ob-jeto.
Com o seu modo próprio de cognição. No qual o sujeito é contemplador de
objetos, um espectador, expectador. A teorética.
O modo estético, poiético de sermos, é pré-reflexivo.
No estético, poiético, não somos sujeito, ou objeto. Ação, não somos
coisa, o acontecido. Mas o acontecer. Não somos espectativa, expectativa;
mas inspectativa, inspectação.
Ontológicos, lógicos somos. E não meramente ônticos.
O modo prático de sermos se define por sua utilidade.
Em sua objetividade, o modo coisa de sermos, o modo acontecido, pode
ser útil. E em sua utilidade, é prático. Pragmático, na medida em que o seu
conhecimento é definido pela praticidade de sua utilidade.
87
No modo artístico de sermos da inutilidade produtiva, da produtividade
inútil, no modo de sermos da vivência da produção do sentido, analógico, não
estamos no modo de sermos dos sujeitos e dos objetos; mas no modo de
sermos da ação. No modo de sermos em que o tu em sua provocatividade se
desvela e se revela como interessante, quer dizer, dialógico. Não copiamos um
objeto, não copiamos o tu, porque o tu não é objeto, o tu não é copiável. Não
há um único ponto de inércia, e coisidade, na interação entre o eu e o tu, a
partir do qual o tu possa ser copiado.
Como ação, interação, o eu e o tu constituem-se reciprocamente, na
duração da momentaneidade instantânea de sua dialógica, e tudo que
podemos é interpretá-la, na sua pontualidade. E, inevitavelmente, como
polaridade alteritária e dinâmica, em relação a um eu, como o tu, igualmente
dramático, ativo, alteritário, e igualmente dinâmico.
O, posterior, objeto artístico não se produz em sua alteridade e interesse
como cópia, mas inevitavelmente como ação, como interpretação.
E, intrinsecamente, a interpretação, compreensiva -- a ação, em
específico no modo não coisa, no modo presente, de sermos --, envolve a
vivência da constituição do sentido, como elemento cognitivo, compreensivo,
como a própria compreensão.
Nomodo de sermos da ação, a vivência da constituição do sentido, em
específico, não é conceitual, é pré-conceitual. Do mesmo modo que não é da
esfera do ente, mas da esfera do presente. A constituição do sentido é
analógica. E o digital é apenas um caso do conceitual. O sentido, o analógico,
é pré-conceitual. E constitui-se, como tal, a partir da vivência da multiplicidade
de sua implicação.
Explicação, o conceitual, unifica-se e purifica-se como tal.
Implicação, a vivência de sentido nutre-se de sua multiplicidade. Da
multiplicidade de possibilidades constituintes da vivência da ação, no modo
pré-reflexivo e pré-conceitual de sermos.
Assim, enquanto o registro fotográfico, a fotografia, se dá como objeto,
no modo coisa de sermos, reflexivo e conceitual, a ação fotocriativa a fotação,
se dá no modo de sermos criativo, formativo, do acontecer. Pré-reflexivo e pré-
conceitual. Analógico. O modo de sermos da ação e do ator.
Cabe, assim, distinguir entre fotação e fotografia.
88
pulsante (Lícia) de possível, o outro só se nos pode dar como interação, como
ação. Na dinâmica interativa da dialógica.
Do mesmo modo que o outro não é coisa, na originalidade de sua
alteridade absoluta. Igualmente ele nunca, em específico, se pode dar como
objeto. Como conceito, digital. A vivência da interação com o outro é vivência
de sentido, analógica, portanto.
Não se dá a um inoperante sujeito.
Protagonista específico da dialógica de uma interação, em sua
alteridade absoluta, o outro só pode se dar, no modo de sermos da ação, como
ator, interator, na interação com outro ator, na inspectação da dialógica... Não
podemos esperar o outro no objeto, ou na objetividade. Que são características
do passado.
O objeto deve consumir-se para tornar-se presença... Observava
Buber...
Não ente, presente, presença, o outro, livrando-se do casulo de sua
objetividade, só se dá na atualidade do modo de sermos do atual e da
presença, da ação. Na dialógica da interação.
Nesta, o outro já não é apenas alteridade, ou apenas invenção.
Na dramática da dialógica da interação, o outro é a possibilidade da
alteridade original e absoluta, que se dá como possibilidade de invenção. Do eu
e do tu. O outro é sempre criação de um ator, na dialógica interação com sua
alteridade absoluta.
Não existe um outro a ser copiado. Mas um outro, sempre, a ser
inventado na interação com sua alteridade, no analógico modo de sermos da
ação.
Do mesmo modo que na foto. Se o equipamento que faz o registro da
fotografia é digital, a vivência ontológica da fotação é eminentemente, própria e
especificamente, irrecorrivelmente, analógica... Pré-conceitual... Pré-reflexiva...
E, neste caso, criação. Há uma incompatibilidade entre o conceito, o
conceitual; e a arte. A arte é pré-reflexiva, e pré-conceitual. Já o artefato, o
artifício...
89
A EXPLICAÇÃO &
A IMPLICAÇÃO COMPREENSIVA
COMPREENSÃO IMPLICATIVA
INTERPRETAÇÃO COMPREENSIVA
COMPREENSÃO INTERPRETATIVA
AÇÃO
COMPREENSIVAÇÃO
GESTALTAÇÃO
90
91
A EXPLICAÇÃO &
A IMPLICAÇÃO COMPREENSIVA
COMPREENSÃO IMPLICATIVA
INTERPRETAÇÃO COMPREENSIVA
COMPREENSÃO INTERPRETATIVA
AÇÃO
COMPREENSIVAÇÃO
GESTALTAÇÃO
Ferreira Gullar.
A Não Coisa.
Conteúdo
CONCLUSÃO. .....................................................................................94
INTRODUÇÃO.....................................................................................96
1. O EXPLICATIVO I. Consciência Reflexiva. ...................................... 103
2. O EXPLICATIVO II. Comportamento ............................................... 104
3. IMPLICATIVO I. Ação. A consciência do Ator.................................. 105
4. IMPLICATIVO II. Ação. Possibilidade. ............................................. 106
5. IMPLICATIVO III. Ação. Intensionalidade. ....................................... 107
6. IMPLICATIVO IV. Ação. PLexo de Possibilidades. ........................... 108
7. IMPLICATIVO V. Ação. Plexo. Implexação. Implicação. ................... 109
8. IMPLICATIVO VII. Ação. Compreensão. ......................................... 110
9. IMPLICATIVO VIII. Ação. Fenômeno. Fenomeno Logos.
Fenomenologia. ................................................................................ 111
92
10. IMPLICATIVO IX. Ação. Inter-pret-ação, Compreensiva. ............... 112
11. IMPLICATIVO X. Ação. Estética. ................................................... 113
12. IMPLICATIVO XI. Ação. Poiese. Poiético, Poiética. ........................ 114
14. IMPLICATIVO VI. Ação. Gestalt. ................................................... 115
15. IMPLICATIVO XII. Ação. Perfazimento fenomenológico existencial
dialógico, compreensivo, implicativo da ação. Performação.
Performance..................................................................................... 116
16. IMPLICATIVO XIII. Ação. Trágico. A implicação, a ação, é trágica. 118
17. IMPLICAÇÃO. Ação. .................................................................... 119
18. IMPLICATIVO XIV. Ação. Implicação. Implexação. Perplexificação.
Perplexidade. ................................................................................... 120
19. IMPLICATIVO XV. Ação. Emoção .................................................. 121
20. IMPLICATIVO XVI. Ação. O Presente, a atualidade. Implicação, Ação.
O Acontecer. .................................................................................... 122
21. IMPLICATIVO XVII. Ação. Pathos, Empatia, Pathética. .................. 123
22. IMPLICATIVO XVIII. Ação. Experimentação Fenomenológica. ....... 124
23. IMPLICATIVO XIX. Ação. Empirismo Fenomenológico Existencial
Implicativo ........................................................................................ 126
24. IMPLICATIVO XX. Ação. Argumentatividade e Aporia das
Possibilidades. O Método Aporético. ................................................. 127
25. IMPLICATIVO XXI. Ação. Dialógica. .............................................. 128
26. IMPLICATIVO XXII. Ação. Implicação. Ontologia. Peculiaridade
Ontológica do ser humano: ser ontológico. ........................................ 129
27. EXPLICATIVO 3. Inação. A Coisa, e a re-flexão sobre a coisa. A mera
re-petição da coisa. .......................................................................... 130
28. EXPLICAÇÃO. Inação. Reflexão – Teoria. ..................................... 132
29. EXPLICAÇÃO. Inação. Comportamento. Com-portamento. O
comportamento é explicativo. ........................................................... 133
CONCLUSÃO. ................................................................................... 134
93
CONCLUSÃO.
94
A aporia é o limite do fluxo do desdobramento da força da
possibilidade.
No limite, na aporia, emergem outras possibilidades, outras implicações,
que, logos, sentido, compreensivas, argumentam, competem, e limitam-se
entre si. Até que as mais potentes plasticamente imponham os seus
desdobramentos dominantes.
95
INTRODUÇÃO
De uma perspectiva fenomenológica e existencial, em termos da
experiência de nossos modos de ser, temos duas alternativas, basicamente.
Duas alternativas de modos de sermos que ontologicamente se alternam,
regularmente. Uma ensejando a alternância da re emergência da outra.
São elas:
(a) A experiência de um modo explicativo de sermos;
(b) E a experiência e experimentação -- a ação, e interpretação
(Compreensiva, fenomenológica e existencial, dialógica) -- do
modo implicativo, modo, compreensivo, de sermos.
Fenomenológico, existencial, e dialógico.
97
O conjunto da multiplicidade de possibilidades da vivência do plexo gestáltico
de possibilidades, se organiza como uma dominância1. Esta dominância
das possibilidades do plexo gestáltico de possibilidades determina a linha e
o curso, percurso, da ação. Implicativa: inplexativa.
98
Anteriormente à dicotomização sujeito-objeto.
Este modo de sermos, não obstante, se dá, anteriormente à dicotomia sujeito-
objeto, como tensão da dialógica eu-tu.
Tensão esta que não é dicotomia sujeito-objeto.
A dualidade da dialógica eu-tu se dá como acontecer – projeto e projetação do
dialógico desdobramento de possibilidades. E a dicotomia sujeito-objeto é da
ordem do acontecido – ou seja, é posterior ao acontecer da ação, como
desdobramento compreensivo, implicativo, de possibilidades.
(9) Da mesma forma que, enquanto modo compreensivo de sermos do
desdobramento de possibilidades, o modo implicativo, fenomenológico e
existencial, de sermos, por ser vivência de desdobramento de possibilidades,
está fora das relações de causa e efeito.
Na vigência de sua momentaneidade instantânea, não vigoram as relações de
causa e efeito, mas o desdobramento da ação, da atualização experimental,
desproposital e hermeuticativa.
(10) Fora do modo de sermos da dicotomia sujeito-objeto, o modo
implicativo de sermos está igualmente fora – anterior e mais originário -- das
relações de uso, e de utilidade. Dá-se como modo intuitivo de sermos da
inutilidade.
99
turno, como outras tantas totalidades significativas. Estas totalidades
significativas são o que designamos por Gestalts2.
As Gestalts se dão, assim, compreensivamente, como totalidades
vivenciativas de sentido.
Totalidades nas quais, na vivência do desdobramento da atualização de
suas possibilidades, o todo é diferente da soma das partes.
E como totalidades significativas que, própria e especificamente,
aparecem antes enquanto tais, como totalidades; só então se dando,
paulatinamente, a seguir, a explicitação figurativa, a atualização, de suas
partes.
As possibilidades que constituem as totalidades significativas, as
gestalts, são forças. Dotadas de uma intensidade plástica, de uma intensidade
própria de plasmação.
É interessante, assim, notar o caráter especificamente plástico da
intensidade da força em que se constitui como possibilidade. Intensidade
plástica esta que se constitui, vivencialmente, como ação gestáltica
compreensiva, implicativa; e que, também, pode se prolongar como ação
muscular, ação somática, material. Não só da dimensão modo vivencial de
sermos, mas ação no mundo material.
2
Gestalten.
100
gestálticas, constituintes das gestalts mais abrangentes, enquanto totalidades
significativas.
A vivência desses plexos que são as Gestalts é, portanto, implexa, é
implexativa. E é isso que significa que este modo de vivência é o modo de
sermos da imPLicação.
A vivência fenomenológica existencial e dialógica tem assim a
implicação como uma de suas características fundamentais. Na medida em
que a vivência fenomenológica existencial é vivência eminentemente gestáltica,
ação gestáltica.
Que, própria e especificamente, é a vivência perplexa do trânsito de
plexos, múltiplos, de possibilidades. Organizadas estas, de acordo com suas
dominâncias, em totalidades significativas, compreensivas. Que aparecem,
antes, como tais, como totalidades significativas, constituídas de partes,
igualmente significativas. Mas que só paulatinamente se explicitam
figurativamente, a seguir, sucessiva, e argumentativamente, num processo de
formação de figura e fundo.
Estar na momentaneidade instantânea ativa, atualizativa, desta vivência
compreensiva -- fenomenológico existencial, dialógica, gestáltica, pléxica -- é o
que é a implicação, implexação. É o que, como devir, é estar implicado.
Implexificado.
Cum-plexo, sem dúvida, mas, sobretudo, perplexo.
101
CUMPLICIDADE E DRAMÁTICA DA PERPLEXIFICAÇÃO
DA CUMPLEXIDADE
(E UM GUIA PARA OS CUMPLEXOS)
Perplexai-vos perplexai-vos
Não o permitais
jamais
Que vos paralize
O cumplexo
É moção é moção é moção emoção
É ação, motivação
Moção Per-multipliperpl(i)xidade
Per-multi-perplexificação
É drama é ato
É ação. É moção é moção é moção
É fazer e per-fazer o per-feito
Num é feito
É ato
Num é fato
(Comendo um guizado de bode,
no Bodódromo de Petrolina)
102
1. O EXPLICATIVO I. Consciência Reflexiva.
3
BUBER, MARTIN
103
acontecida, como ente, como objeto. Não mais como possível, possibilidade,
potente, em desdobramento, no vir a ser da ação.
O modo explicativo de sermos, portanto, é o modo teorético de sermos;
é o modo de sermos da reflexão, e da representação, o modo de sermos da
contemplação do acontecido, da re-apresentação. O modo de sermos não do
ator e da ação, mas o modo de sermos do espectador. O modo não
implicativo de sermos.
104
O comportamento, assim, não é implicativo, é explicativo, porque se dá
fora do modo implicativo de sermos.
4
Dilthey, W.
105
Assim, o modo de sermos do comportamento, da atividade padronizada
e repetitiva, também se constitui posteriormente ao modo compreensivo de
sermos. Assim, este modo compreensivo, vivencial, além de pré-reflexivo, é
pré-comportamental.
Como vimos, assim, o modo compreensivo de sermos, fenomenológico
existencial, e dialógico, é o modo de sermos do ator, modo de sermos da ação,
na medida em que é modo de sermos da vivência compreensiva do
desdobramento de possibilidades.
106
E é compreensiva e somática, musculativa quando, desdobramento,
implicativo, compreensivo, de possibilidades, envolve, também, de modo
significativo, a mobilização muscular, a musculação.
108
figurativa de seu processo gestáltico, gestático, gestético, de formação de
figura e fundo.
A vivência de possibilidades, assim, no modo fenomenológico existencial
e dialógico, imPLicativo, gestáltico, é sempre, em sua multiPLicidade Plural, a
vivência de um PLexo, de uma multiplicidade, de possibilidades. Plexo este
articulado e organizado, no curso de seu fluxo de ação do seu desdobramento,
como uma dominância particular, para a qual converge a dominância das
atividades de cada possibilidade ativada.
É a vivência do curso desta dominância, compreensiva, ativa,
implicativa, que entendemos como Gestalt. Gestaltação.
A vivência do plexo, a implicação, assim, é eminentemente ativa, é ação,
é compreensiva, e gestáltica. Pré-reflexiva, fenomenológico existencial, e
dialógica.
109
8. IMPLICATIVO VII. Ação. Compreensão.
110
Estético. E poiético. O conhecer especificamente do ator – e não o modo
teorético de conhecer do espectador.
O desdobramento da possibilidade, assim, como vivência do
desdobramento da ação, da interpretação fenomenológica, se constitui como
consciência pré-reflexiva, implicativa. Ou seja, é apreendida como consciência
pré-reflexiva, implicativa. De um modo tal, que a vivência do desdobramento de
possibilidades dá-se com(a)preensão consciente. É, portanto, própria e
especificamente compreensivo, com-preensão. É, portanto, própria e
especificamente, compreensão.
5
HEIDEGGER, EL SER Y EL TIEMPO, PP. 39-49.
111
10. IMPLICATIVO IX. Ação. Inter-pret-ação, Compreensiva.
O significado mais comum do termo interpretação é o de seu sentido
explicativo, o seu sentido como interpretação explicativa. Este sentido
explicativo não é o único do termo interpretação. O sentido originário do termo
é o seu sentido própria e especificamente implicativo. E, portanto, própria e
especificamente compreensivo. O sentido da Interpretação Compreensiva,
Implicativa, fenomenológico existencial, e dialógica.
Quando nos referimos ao modo implicativo de sermos, quando nos
referimos ao modo fenomenológico existencial e dialógico de sermos, quando
nos referimos ao modo ativo, gestáltico, e performático, de sermos, nós nos
referimos, especificamente, à modalidade da interpretação fenomenológico
existencial, própria e especificamente compreensiva, e implicativa,
naturalmente. Forma do acontecer. E não do acontecido. Forma da ação. A
nossa modalidade de sermos do atores. E não do espectadores, como o é o
modo de sermos, explicativo, da interpretação explicativa.
A vivência do desdobramento implicativo, e compreensivo, de
possibilidades, assim, a ação, se constitui como consciência pré-reflexiva,
fenomenológico existencial, compreensiva. E é a Interpretação própria e
especificamente fenomenológica – a interpretação fenomenológico
existencial, e dialógica, implicativa, compreensiva.
6
PALMER,
113
O Estésico é um vento que sopra na Grécia, numa determinada fase do
ano. É a moção que impulsiona as velas dos navios, para que eles se façam ao
mar. Filósofos e marítimos, os Gregos perceberam que o modo de sermos da
sensibilidade, o modo originário de sermos, vivencial, o modo pré-reflexivo de
sermos, fenomenológico existencial, e dialógico, implicativo, o modo ativo de
sermos, também é impulsionado por uma moção, por uma força impulsionante,
a possibilidade, em desdobramento. Que é moção, performativa,
compreensiva, implicativa,da ação, da implicação.
De tal forma, que designaram como estesia a este modo sensível,
fenomenológico existencial dialógico, compreensivo, implicativo, motivo,
emotivo, de sermos que é o modo de sermos da vivência do desdobramento da
possibilidade, o modo de sermos da vivência da ação.
Parestesias, somos alternativamente, também, os modos não
implicativos, explicativos, de sermos. O modo teorético, e o modo
comportamental de sermos.
Cada modo de sermos destes configura o modo de sermos de uma
ética.
Temos assim a teorética. A ética comportamental. Que são éticas
explicativas. E temos a ética deste modo fenomenológico existencial e
dialógico, implicativo, modo ativo de sermos, que é o modo estésico de sermos.
E que é o que chamamos de estética.
Os modos teorético, e o modo comportamental de sermos, explicativos,
não são estéticos.
O que caracteriza a estética é a sua constituição como vivência, como
experiência e experimentação pré-reflexivas, pré-conceituais, implicativas. Que
são vivências do desdobramento de possibilidades, vivências do
desdobramento da ação.
O prefixo Grego poi refere-se a força. É assim que ele está em potência,
poder, possibilidade, poiese, poiético, poiética. Precipuamente, refere-se ao
modo estético de sermos. Pré-reflexivo, Implicativo, compreensivo,
fenomenológico existencial, dialógico, poiético.
Refere-se, em particular, à força característica que intrinsecamente
impregna a totalidade deste modo de sermos, a cada momento de sua
instantaneidade momentânea. A força da possibilidade, do plexo de
possibilidades, em seu desdobramento compreensivo, que é a ação.
O modo poiético de sermos é, portanto, o modo implicativo de sermos,
fenomenológico existencial e dialógico, que se constitui como o desdobramento
114
criativo da força da possibilidade, em seu processamento compreensivo de
devir criativo.
A poiética é a ética da poiese. Ou seja, a momentaneidade instantânea
da vivência, da habitação, neste modo implicativo, fenomenológico existencial e
dialógico de sermos. A poiese é a vivência criativa, ativa, atualizativa que se dá
como desdobramento da possibilidade, como ação, implicação, neste modo de
sermos.
115
implicação. Ou seja, a vivência pré-reflexiva, compreensiva, fenomenológico
existencial, e dialógica, ativa, do desdobramento da dominância de um plexo
de possibilidades – vivência compreensiva, gestáltica, do desdobramento da
ação.
Caracteristicamente, assim, a vivência da ação -- a vivência
fenomenológica e existencial, a vivência da implicação, a vivência do que
chamamos de interpretação fenomenológico existencial, compreensiva -- é a
vivência gestáltica, vivência da gestaltação.
Assim, a vivência gestáltica, compreensiva, é a vivência de uma
totalidade significativa, ativa, portanto, em que o fluxo do desdobramento das
possibilidades, e da dominância delas.
(1) Constitui-se compreensivamente. Como consciência pré-
reflexiva, fenomenológica e existencial. Como a vivência do
desdobramento de possibilidades, que é a ação; a
interpretação compreensiva. Fenomenológico existencial.
(2) A vivência gestáltica da ação, da implicação, por sua qualidade
específica e intrinsecamente gestáltica, é a vivência
compreensiva de uma totalidade significativa processual que,
enquanto totalidade, é composta por uma multiplicidade de
partes. Partes estas própria e especificamente gestalts,
também.
(3) Caracteristicamente, a vivência gestáltica dá-se, como
totalidade compreensiva, anteriormente à configuração de
suas partes. As partes, totalidades significativas cada uma
delas, gestalts, possibilidades, podem então figurar, a seguir,
de um modo ativo, paulatina, compreensiva, e particularmente,
num processo figurativo de formação de figura e fundo;
sempre na dinâmica de suas relações com o todo.
(4) A totalidade significativa das gestalts é diferente da soma de
suas partes, sendo a sua articulação dinâmica, e ativa, o que
lhe confere o seu sentido e o seu caráter.
117
Perfeição é, assim, um modo performático, compreensivo, implicativo, de
fazermos.
Não por acaso, o modo estésico, estético, de fazermos.
A interrupção deste anunciado percurso -- compreensivo, desproposital
e implicitativo, gestáltico, ativo -- é o que é a imperfeição. Diversamente da
perfeição da performance, a imperfeição é o encalacramento, a interrupção, da
feição, do fazimento, da performance da perfeição. Que é um pulso de
potencia, de força, que tende, por sua própria força, a se explicitar cabalmente
-- implicativa e compreensivamente, fenomenológico existencial, experimental,
e hermenêuticamente.
Em Gestal’terapia, por exemplo, o que interessa não é que uma Gestalt
ou outra, anunciada, não se explicitem cabalmente. Isto é, eventualmente,
inevitável. Mas um padrão de interrupção, regular e sistemático, do
desdobramento espontâneo de possibilidades, do desdobramento de gestalts.
No qual o funcionamento (na verdade, o desfuncionamento), implicativo,
compreensivo, da ação compreensiva é interrompido pelo funcionamento,
oportunamente impróprio, do modo explicativo de sermos; quer ele seja o modo
teorético, ou o modo comportamental de sermos.
118
O que conduz ao retorno, ao eterno retorno, da possibilidade em
formação dionisíaco apolínea trágica.
A ação, a implicação, é per-form-ação, é per-formance. A ação é
compreensiva; e, na constituição compreensiva da ação, a forma se constitui,
fulgura, e figura, como figura compreensiva, na sucessão de um processo
gestáltico de formação de figura e fundo.
A forma compreensiva se dissolve, à medida que decai a força da
possibilidade que a anima, dando origem novas possibilidades.
Deixando, como o seu resíduo, a coisa criada, no esgotamento da força
da possibilidade. No seu processo criativo, a possibilidade secreta a coisa,
como algo que não existia, e veio a ser. Assim, criamos o mundo, e a nós
próprios; à imagem e semelhança de Deus...
Instalada em sua coisidade objetiva – vulnerável à observação de um
subjetivo sujeito, causal, útil, e prática, é bom que se diga -- eventual, e
inevitavelmente, atualizada, a coisa, em sua forma, em sua multiplicidade, se
dissolve de modo mais ou menos lento – por isso, ela é ainda ação, instal-
ação. Dando lugar a novas, possibilidades e possibilitações, a novas ações,
formações, a novas performances compreensivas; e a novas coisas
objetivamente instaladas.
Formação e dissolução da forma -- na multiplicidade das possibilidades,
e na integração das possibilidades em seu caráter gestaltizado, em seus
modos apolíneo e dionisíaco --, a atualização da possibilidade, a ação, a
implicação, é assim trágica. No sentido que Nietzsche recuperou aos Gregos.7
As possibilidades em desdobramento emergem do conflito e da
competição em sua multiplicidade. Exaurido o desdobramento das
possibilidades, novas possibilidades podem emergir, e atualizarem-se de modo
formativamente compreensivo, resultando sempre na instalação da coisa como
resíduo.
7
MACHADO, Roberto NIETZSCHE E A VERDADE.
119
De modo que a implicação é especificamente ativa, desdobramento
possibilidades. Ação.
A atividade da implicação é o curso, percurso, do desdobramento da
dominância de uma multiplicidade – de um plexo – de possibilidades. Que é a
vivência compreensiva da ação, da atualização.
Poderíamos pensar que a vivência de possibilidades, a vivência da ação,
é sempre, assim, como a vivência do movimento da multiplicidade de um
cardume, de possibilidades.
Neste cardume, nesta multiplicidade, neste plexo de possibilidades, cada
unidade é, também, uma multiplicidade, ela também um plexo, de
possibilidades.
A possibilidade, como dominância de sua multiplicidade, pode se
constituir como consciência pré-reflexiva, fenomenológica existencial, e
dialógica; ou seja: pode se constituir como compreensão.
O plexo, gestalt, se dá como a vivência pré-reflexiva, compreensiva, de
uma totalidade significativa, em processo ativo de desdobramento. Neste
desdobramento, as possibilidades partes, constituintes da totalidade, gestalt,
sucessivamente se constituem compreensivamente como figuras. Na medida
que figuram particularmente, reconfigurando em seu percurso, a totalidade
significativa, gestalt, original. Agora como coisa, como acontecido, e não mais
como acontecer, não mais como presente.
É a momentaneidade instantânea da vivência compreensiva do
desdobramento deste plexo de possibilidades que é a implexação, ou seja, a
implicação. E que, em específico, é a ação.
8
HEIDEGGER, Martin SER E TEMPO.
122
Assim, todo a vivência ontológica, à medida que a possibilidade se
desdobra, decai à coisidade, decai ao ôntico, decai à condição de ente, à
condição de coisa.
A coisidade, o ente, o ôntico, estão prontos, estão prestes, à medida que
a ação, que é o acontecer, pré-reflexivo, fenomenológico existencial, e
dialógico, à medida que a possibilidade, ontológica, se desdobra
compreensivamente. A ação, o desdobramento fenomenológico existencial,
compreensivo e implicativo de possibilidades, é própria e especificamente
anterior ao ente, pré-ente.
Mas este desdobramento compreensivo da ação, como desdobramento
da possibilidade, como acontecer, compreensivo, implicativo, fenomenológico
existencial e dialógico, especificamente não é da ordem do ente. Não é ôntico,
da esfera do ente. Ontológico, o desdobramento compreensivo da ação é
especificamente pré-ente, é especificamente pret-ente. É vivência
compreensiva do desdobramento implicativo de possibilidades, e é, e constitui,
própria e especificamente, o que entendemos como Presente. O tempo em
que, igualmente, é a Atualidade.
127
vivência de logos, de sentido, elas argumentam entre si, implicativa e
compreensivamente.
O que coloca limite a uma possibilidade, em sua força, são outras
possibilidades, a força de outras possibilidades. O que coloca limite às
dominâncias de um plexo de possibilidades são outras dominâncias de plexos
de possibilidades.
Quando uma dominância tem força para se impor, ela vigora, e se
desdobra. Decaindo progressivamente, enquanto, concomitantemente, se
atualiza, se realiza, se coisifica...
A coisificação, e a competitividade de outras possibilidade, e
dominâncias de possibilidades, impõem aporias ao fluxo das possibilidades.
As aporias se constituem como interrupções no fluxo do desdobramento
das possibilidades (poro, passagem; a/poria, sem passagem).
Ao mesmo tempo em que são limites, são estes limites das aporias que
se determinam e promovem o desencadeamento do tempo do desdobramento
de outras possibilidades e dominâncias.
De modo que, na vivência fenomenológica e existencial, o vigor da
possibilidade constitui o seu desdobramento, decaimento, e esgotamento. A
sua aporia; e determina a emergência poiética de novas possibilidades. Essas
novas possibilidades competem entre si, e argumentam entre si, a partir de
suas forças inerentes, e a partir de seus sentidos compreensivos. Até que
podem emergir, e se desdobrar, em seus processos formativos, de formação
de figura e fundo, as mais potentes plasticamente.
Processo implicativo, e compreensivo, é este o desdobramento da ação,
da implicação, da interpretação compreensiva.
Permitir, e insistir, afirmativamente, na vivência afirmativa da intensidade
da possibilidade, na vivência do tempo do vigor da possibilidade, na vivência do
decaimento, e do tempo da aporia da possibilidade; no tempo da criação; e na
vivência da emergência de novas possibilidades, é o que constitui o método
aporético. Desenvolvido já por Aristóteles, e retomado por Brentano, no
empirismo fenomenológico experimental da fenomenologia e da psicologia de
sua tradição.
128
A ação, a implicação, dá-se no modo de sermos fenomenológico
existencial. Que, como vimos, é um modo de sermos em cuja momentaneidade
instantânea não vigora a dicotomia sujeito objeto.
A momentaneidade instantânea da ação, a implicação, não obstante, dá-
se estrutural e compreensivamente como a vivência de uma vinculação
dialógica, e incontornável, com uma alteridade radical. Esta alteridade radical é
a alteridade ativa, possibilitativa, e que não é objeto, do tu.
O tu é possibilidade e ação na dialógica da relação.
A momentaneidade instantânea da dialógica se dá como uma implicação
recíproca, eu-tu, na qual o tu se remete ao eu como possibilidade, e como
sentido; e, como possibilidade e como sentido, o eu se remete ao tu.
A dinâmica deste movimento do eu para o tu, e do tu para o eu, como
possibilidade e como sentido, a dinâmica desta inter-ação, cria, como inter-
ação, uma esfera dialógica de vinculação entre o eu e o tu. A esfera do entre –
do inter. Esfera esta que é exatamente designada pelo prefixo dia, do dia-
logos. Esta esfera do entre é uma esfera de compartilhamento de sentido.
Nesta dialógica da ação, o tu se remete compreensivamente ao eu como
sentido; enquanto o eu se remete compreensivamente ao tu, como sentido. De
modo que existe, vivencialmente, compreensivamente, o devir da
movimentação do eu para o tu, do tu para o eu. Criando um campo dialógico
compreensivo, como esfera de inter ação entre o eu e o tu – esfera de
compartilhamento de sentido, de dia-logos.
Neste campo dialógico de sentido, compreensivamente compartilhado, o
diálogo se dá como compartilhamento (dia) de sentido (logos), como diálogo..
O dialógico pode se dar, então, como campo compreensivo de
compartilhamento de sentido, em todos os âmbitos da Implicação. (1) No
âmbito da relação com a natureza não humana, (2) no âmbito da relação entre
humanos, a esfera do inter humano; e (3) no âmbito da relação com o sagrado.
E pode se dar como relação com a outridade de nós próprios. Da qual
continuamente emergimos como possibilidade.
No âmbito da relação inter humana, ou no âmbito da relação com o
Ambiente, a outra pessoa ou o Ambiente podem, no modo implicativo de
sermos, ser vividos como possibilidade em desdobramento, como tu; ou
podem, explicativamente, ser experienciados como objetos – como isso.
129
Para a Ontologia, a peculiaridade ontológica do ser humano é a de ser
ele um ser que é, que devém, onto-lógico; um ser que devém, lógico – um ser
que em sua originalidade se constitui como sentido. Um ser, ontos, cuja
peculiaridade ontológica é de ser ontológico, um ser cuja peculiaridade é a
vivência de sentido...
E que sentido é este? É a vivência compreensiva, implicativa, pré-
reflexiva, de sentido (logos), fenômeno-lógica, dia-lógica, que caracteriza este
ser que é o humano naquilo que ele tem de mais originário.
Os termos Ontologia e ontológico têm aqui cada um deles duas
acepções diferentes.
Na primeira delas, referimo-nos à peculiaridade explicativamente
ontológica, característica, do ser humano; que é a vivência do logos, do
sentido.
Na segunda, falamos do próprio logos, do próprio sentido.Onto sentido,
onto-logos, cuja vivência caracteriza o ser humano. Do logos. O onto logos, a
vivência de sentido que é ontológica do ser humano.
Logos, no caso, que é a constituição do desdobramento da possibilidade
como consciência pré-reflexiva, como compreensão, e implicação. Sendo
assim a vivência deste sentido, o onto logos, o que caracteriza a peculiaridade
do ser humano. A vivência implicativa, compreensiva, fenomenológico
existencial, e dialógica, empírica, experimental, e hermenêutica é, portanto,
vivência de logos, e é ontológica. O sentido, compreensivo, que nela se
constitui, como consciência pré-reflexiva é o logos, o ontologos do ser humano.
Que é eminentemente, intrínseca, própria e especificamente, dia-logos.
131
28. EXPLICAÇÃO. Inação. Reflexão – Teoria.
A reflexão, a teoria, o modo teorético de sermos, dá-se em decorrência,
e diverge e diferencia-se do modo ativo, implicativo, de sermos. A reflexão, e a
teoria, o modo teorético de sermos, caracteristicamente se dá de um modo
posterior à ação, à interpretação fenomenológico existencial compreensiva, e
implicativa.
O modo ativo de sermos, fenomenológico existencial, compreensivo,
implicativo, dialógico, é, propriamente, ativo; é acontecer, como vivência do
desdobramento compreensivo e implicativo de possibilidades. Com todas as
características que este modo de sermos enquanto tal implica: quais sejam: a
de ser da ordem do modo dialógico eu-tu de sermos, e de não ser, portanto, da
ordem da dicotomia sujeito-objeto; de ser um modo desproposital de sermos, e
de não ser um modo de sermos da ordem da causalidade; de não ser da ordem
da utilidade, de não ser da ordem dos úteis, e da utilização; de não ser,
enquanto modo de sermos do acontecer e do devir, da ordem das coisas e da
coisidade, de não ser da ordem da realidade, do acontecido, uma vez que a
realidade, se constitui com a realização, com a atualização da possibilidade:
com a coisificação da possibilidade. Que, em seu processamento
compreensivo, e implicativo, como desdobramento de possibilidades, é a ação,
a atualização, a realização.
O modo teorético de sermos, própria e especificamente explicativo, se
constitui depois da terminação do modo ativo, implicativo, de sermos. Própria e
especificamente, depois que a vivência e o esgotamento da vivência de sua
instantaneidade sempre momentânea produz, realiza, atualiza, a coisa, a
coisidade... E, fora do modo implicativo, ativo, compreensivo, de sermos,
constitui-nos como modo de sermos do acontecido, no qual vigoram a
dicotomia sujeito-objeto, a causalidade, a utilidade.
Assim, se a ação, a interpretação fenomenológico existencial,
compreensiva, implicativa, e dialógica, se constitui como o próprio processo
fenomenológico existencial do acontecer; a reflexão, e o teorético se
constituem enquanto acontecido.
Na verdade, constituída a coisa -- na ação, com o esgotamento e
realização da força da possibilidade --; reconstituído o modo de sermos da
dicotomia sujeito-objeto; a coisa, material ou psicológica, constituída como
objeto, pode agora ser explicativamente contemplada. Na abstração do
movimento de sua instalação, na abstração da ação, na abstração da vivência
compreensiva, implicativa, de corpo e sentidos. Como objeto abstratamente
teórico, abstratamente contemplado, por um sujeito abstratamente teórico.
Explicativo.
A experimentação da ação nunca é um retorno. Experimentada, ela
desdobra a sua força de possibilidade, desde a pré-compreensão até a
realização, a coisificação. Constituída a coisa como objeto, podemos re-tornar
sobre o objeto instalado, e re-apresentá-lo: representá-lo teóricamente.
O modo implicativo de sermos, compreensivo, fenomenológico
existencial, não é, assim, portanto, o modo de sermos da re(a)presentação, o
modo de sermos da representação. Mas é, em específico, própria e
132
especificamente, o modo de sermos da apresentação. Apresentação, enquanto
apresentação da possibilidade, em sua força, que se projeta, que se insinua,
pressivamente, ex-pressivamente, já desde a pré-compreensão, e que, na
ação, no presente da ação, estamos desafiados a realizar.
133
Teorização e comportamento dão-se no acontecido. Na repetição da
explicação. Que se originam e constituem na vivência múltipla e multiplamente
articulada em processo de formação de figura e fundo da ação. Implicativa.
A ação, a interpretação fenomenológico existencial, implicativa,
compreensiva, é desporto; desportamento. Desporta e flui no devir implicativo,
criativo.
CONCLUSÃO.
135
BIBLIOGRAFIA
BUBER, Martin EU E TU.
HEIDEGGER, Martin SER E TEMPO.
NIETZSCHE, Frederich O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA
PALMER, Richard HERMENÊUTICA.
136
137
ERRÂNCIA INSISTENCIAL NA EPISTEMOLÓGICA FENOMENOLOGICO
EXISTENCIAL GESTALTIFICATIVA
138
ERRÂNCIA INSISTENCIAL NA EPISTEMOLÓGICA
FENOMENOLOGICO EXISTENCIAL GESTALTIFICATIVA
Ética e performática do erro, da errância, na perfeição, no perfazimento,
da experiência, e da metodologia fenomenológico existencial
gestaltificativa.
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
O que o poeta quer dizer no discurso não cabe e se o diz é pra saber o que ainda não sabe.
Ferreira Gullar. A Não Coisa.
INTRODUÇÃO
A experiência do modo reflexivo de sermos, modo de sermos explicativo,
representativo, modo coisa de sermos do acontecido, distingue-se da experi-
mentação do modo implicativo de sermos, pré-reflexivo, compreensivo, feno-
menológico existencial e dialógico. Porque a momentaneidade instantânea do
modo pré-reflexivo de sermos é vivência implicativa, fenomenológico existenci-al e
dialógica, gestaltificativa. Ação, atualização, modo de sermos, presente, do
acontecer.
A vivência fenomenológica gestaltificativa, e a metodológica gestaltifica-tiva
fenomenológico existencial constituem-se como uma entrega às temporali-dades
próprias à experimentação vivencial fenomenológico existencial e dialó-gica,
compreensiva, implicativa, gestaltificativa deste modo de sermos.
A vivência da implicação fenomenológica gestaltificativa, no modo pré-reflexivo de
sermos é a vivência do desdobramento fenomenológico, fenome-nativo,
eminentemente cognoscitivo, de uma multiplicidade de forças plásticas. Forças, de
múltiplas intensidades. As possibilidades.
Que se organizam criativamente, formativamente, nos processos figura-tivos de
formação de figura e fundo; e nos processos de formação das coisas.
A experimentação, a ética, e a metodológica gestaltificativas -- enquanto entrega à
vivência ativa das temporalidades propriamente fenomenológicas da emergência e
do desdobramento das possibilidades --, constituem-se, intrínse-ca e
inerentemente, como um pervagar, um errar, uma ativa errância performa-tiva,
desproposital, acausativa, e não pragmática, nem realista, pelas tempora-2
139
lidades próprias das intensidades dos desdobramentos destas possibilidades. Na
dialógica de seus gestaltificativos processos de formação.
Formação criativa de figura e fundo, e formação criativa de coisas.
Que, percurso de projetação das forças criativas, form-ativas, das possi-bilidades,
em suas temporalidades próprias, é, a cada um de seus momentos, a performance
de um fazer, nas temporalidades dos desdobramentos próprios de suas
intensidades, um per-fazer, um per-fazimento. Per-feição.
A ética e a metodológica das psicologias e psicoterapias fenomenológico
existenciais consistem no privilegiamento deste modo fenomenológico existen-cial
e dialógico de sermos, compreensivo, implicativo, gestaltificativo. O que significa a
aquiescência com a vivência das temporalidades da errância gestal-tificativa que
caracteriza a emergência e o desdobramento, na ação, na atuali-zação, das forças
das possibilidades que constituem a sua vivência. 3
140
CONCLUSÃO
Assim, a experiência, a experimentação, a ética, e a metodologia feno-
menológicas, e fenomenativas, gestaltificativas, das psicologias e psicoterapias
são uma incidência insistencial na dialógica da experiência pré-reflexiva, e da
experimentação do desdobramento de possibilidades fenomenológico existen-
ciais, gestaltificativas. O que implica, intrínseca e inerentemente, um certo tipo de
errância fenomenológica pelas temporalidades das intensidades das domi-nâncias
das forças das possibilidades, em suas constituições e atualizações, em seus
processos de formação de figura e fundo, e de formação de coisas.
Uma ativa pervagância desproposital, uma transvagância, do erro, da er-rância
gestaltificativa. Que, pelas desiguais temporalidades das desiguais in-tensidades
das forças desiguais das possibilidades e possibilitações, em sua ontológica
emergência e desdobramento, é sempre uma extra-vagância. E, formação, um
fazer, uma feição, ao modo do perfazer, ao modo da perfeição fenômeno dialógica
gestaltificativa. 4
141
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 3
SUMÁRIO ..................................................................................................................... 4
FORÇAS DA VIVÊNCIA FENOMENOLÓGICA, AS POSSIBILIDADES, NA
FORMAÇÃO DE FIGURA E FUNDO, E NA FORMAÇÃO DAS COISAS
INSTALATIVAS. GESTALTIFICAÇÃO. ....................................................................... 5
INSPECTADORES DA AÇÃO. INSPECTADORES DO ACONTECER. ATORES. ..... 8
ERRÂNCIA E DOMINÂNCIA NA TENSÃO, NA TENSIONALIDADE, NA
INTENSIONALIDADE. ................................................................................................. 9
EM SEU ACONTECER, AS PERCEPÇÕES SÃO MÚSICAS .................................... 11
VONTADE DE NADA, NIILISMO RESSENTIMENTO E A ÉTICA, ESTÉTICA, E
METODOLÓGICA DA ERRÂNCIA GESTALTIFICATIVA FENOMENO DIALÓGICA.
................................................................................................................................. 12
VONTADE DE IMPOTÊNCIA. VONTADE DE NADA. NIILISMO E NILISMO
RESSENTIMENTO. PUNIBILIDADE E PUNIÇÃO DA ERRABUNDAGEM ................
13
DANE-SE A REALIDADE... ....................................................................................... 16
A PERFEIÇÃO DO ERRO. PERFAZIMENTO, PERFORMANCE DO ERRO,
PERFORMANCE DA ERRÂNCIA. ............................................................................. 17
PERFEIÇÃO, PERFAZIMENTO, DA AÇÃO, DA INSPECTAÇÃO. O CAMINHO DO
MEIO. O MOVIMENTO PELA LINHA DE MENOR RESISTÊNCIA. ...........................
19
PSICOLOGIA E PSICOTERAPIA FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL DIALÓGICA,
COMPREENSIVA, IMPLICATIVA, GESTALTIFICATIVA, E ERRÂNCIA
FENOMENOLÓGICA GESTALTIFICATIVA. ..............................................................
23
VIVÊNCIA GRUPAL. GRUPATIVIDADE. INTENSIONALIDADE, ERRÂNCIA E
INTENSIFICAÇÃO NA EXPERIÊNCIA COLETIVA GRUPATIVA. .............................
24
CONCLUSÃO ............................................................................................................. 26
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 29
5
142
FORÇAS DA VIVÊNCIA FENOMENOLÓGICA, AS POSSIBILIDA-DES, NA
FORMAÇÃO DE FIGURA E FUNDO, E NA FORMAÇÃO DAS COISAS
INSTALATIVAS. GESTALTIFICAÇÃO.
O modo implicativo de sermos se distingue do modo explicativo de sermos por
ser fenomenológico existencial, e dalógico; compreensivo e gestal-tificativo, própria
e especificamente. O modo implicativo de sermos é o modo de sermos de
consciência, de cognição, pré-reflexivas, fenomenológico exis-tenciais. Modo de
sermos pré-reflexivo da vivência do desdobramento gestalti-ficativo de
possibilidades. A ação, a atualização. O que quer dizer, o modo im-plicativo de
sermos, é o modo de sermos do acontecer. Diversamente do mo-do explicativo
que é caracteristicamente o modo de sermos do acontecido.
O que caracteriza o modo implicativo de sermos, fenomenológico exis-tencial e
dialógico, compreensivo e implicativo, é que ele é o modo fenomeno-lógico
existencial de sermos da ação. Da criação. Que é a vivência, cognitiva, pré-
reflexiva, do desdobramento fenomenológico de possibilidades.
As possibilidades que constituem a vivência fenomenológica pré-reflexiva da ação
são sempre múltiplas, infinitamente múltiplas...
E intrinsecamente organizam-se em plexos – plic -- de possibilidades. Que
significaria o entrançamento das possibilidades. Daí implicação, como designação
própria desse modo de sermos. As gestaltificações.
As possibilidades são forças intrinsecamente cognoscíveis, por defini-ção, em seus
desdobramentos fenomenológicos gestaltifictivos. De modo que, inerente e
intrinsecamente, se os desdobramentos de possibilidade se consti-tuem como
consciência. Em específico, a experiência e a experimentação pré-reflexivas da
consciência fenomenológica gestaltificativa.
Assim, na sua vivência fenomenológica implicativa, na instantaneidade de cada um
de seus momentos, as possibilidades são eminentemente múltiplas em seus
desdobramentos. A consciência fenomenológica gestaltificativa se constitui
vivencialmente, pré-reflexivamente, fenomenologicamente, como pro-cessos de
figuração, como processos de formação de figura e fundo, a partir de
multiplicidades de forças plásticas, formativas, gestaltificativas, que são intrin-
secamente cognoscentes em seus desdobramentos, e que se organizam impli-
cativamente.
A vivência fenomenológica implicativa do desdobramento das possibili-dades
constitui o que chamamos de ação.
A vivência da dinâmica dramática -- quer dizer ativa, drama quer dizer ação --,
desta organizatividade fenomenológica gestaltificativa decorre de que,
especificamente cognitiva (logos, fenômeno logos, sentido), a vivência da
multiplicidade de forças plásticas, formativas, a vivência dos desdobramentos das
possibilidades, se dá caracteristicamente entre elas em competições e
argumentações1 fenomenológicas.
1 ALBERTAZZI, L. The School of Franz Brentano. 6
143
Resultando destas lógicas, fenômeno-lógicas, onto-lógicas, dia-lógicas,
competições e argumentações plastificativas a vivência fenomenológica gestal-
tificativa da constituição de dominâncias.2
144
2 PERLS, F Gestalt Therapy.
Dominâncias que figuram, então, como formações e como formas da
consciência fenomenológica, pré-reflexiva; figurações que cognitivamente, como
consciência pré-reflexiva, fenomenal, fulguram, contra suas fundações. E que se
constituem, a seguir, em instalações coisificativas, subjetivas, e obje-tivas.
A vivência da constituição das dominâncias, nos processos de forma-ção de
figura e fundo, e da formação de coisas instalativas, é o acontecer fe-
nomenológico gestaltificativo.
A experiência objetiva, e subjetiva, da factualidade da coisidade instala-tiva é o
acontecido, que decorre do acontecer.
Nós não controlamos deliberadamente a ação fenomenológica do des-dobramento
das possibilidades. Buber já diria, ontológico, que não somos nós que criamos
as possibilidades, e os desdobramentos delas; arremataria paradoxalmente,
não obstante, que, sem nós elas, as possibilidades, não acontecem.
Isto nos confere uma intrínseca parceria participativa na fenomenológica
interpretação da dramática interativa dos processos da ação, de atualização das
possibilidades; nos desdobramentos de seus processos lógicos, fenômeno
dialógicos, compreensivos, e implicativos, de competição e de argumentação. Uma
parceria participativa nos processos de formação das dominâncias, da formação
de figura e fundo da vivência fenomenológica gestaltificativa. E, no limite, nos
processos de formação das coisas.
Mas, fenomenológica parceria participativa interativa, compreensiva e implicativa.
Dialógica. Apenas.
Retira-nos o controle deliberado e premeditativo.
Como forças especificamente plásticas que são, plastificativas, as possi-bilidades,
em suas gestaltificações, são eminentemente criativas, formativas.
De um modo tal que a característica especificamente gestaltificativa i-nerente ao
processo da vivência fenomenológica e existencial reside de um modo essencial,
dentre outros de seus aspectos essenciais, no seu caráter in-trinsecamente
formativo. Em seu caráter de ação formativa (form-ativa).
Dentre outros de seus aspectos, gestaltidade, gestaltificação, é formati-vidade. 7
145
Não forma, simplesmente; mas formação, vivência formativa.
Vivência própria e especificamente Formativa:
(1) Vivência inspectativa formativa das formas e das dinâmicas pré-reflexivas,
fenomenológicas, de figuração e fundação, de formação de figura e fundo.
Vivência formativa das figuras, vivência das figurações.
E, no seu limite, vivência formativa
(2) das coisas, como instalações; das coisas como coisas instalati-vas.
Coisas mentais e coisas materiais.
Porque, própria e especificamente, a vivência gestaltificativa é formativa do
processamento de formação de figura e fundo da consciência pré-reflexiva, e do
processo formativo da formação das coisas, a vivência fenomenológico existencial
é, assim, própria e especificamente, gestaltificativa. É Fenomeno-logia
Gestaltificativa.
As possibilidades que se constituem em vivência gestaltificativa dão-se sempre
como multiplicidades de forças. Vivência de multiplicidades, multi-plicidades de
forças. Forças eminentemente plásticas, formativas, que se constituem pré-
reflexivamente, conscientemente, como a experiência es-tética e poiética.
O caráter gestaltificativo da vivência fenomenológica se dá ainda de uma outra
maneira.
Na intrínseca e inerente condição de que, de um modo característico,
anteriormente aos seus desdobramentos como partes, a vivência fenome-
nológica se dá, pré-reflexiva e intuitivamente, como a vivência de totalidades.
Como a vivência de totalidades significativas. Gestaltificações.
De modo que anteriormente ao desdobramento de suas participações, de suas
figurações, as possibilidades, as forças plásticas que constituem a vi-vência,
intuitivamente se dão, figuram, como totalidades significativas. Poste-riormente
a esta figuração como totalidades significativas, as possibilidades se desdobram
desfiando as figurações dos processos particulares de forma-ção de figura e
fundo, constituintes e reconstituintes das totalidades significa-tivas que
anteriormente se apresentam.
Nos seus desdobramentos plasticamente formativos, sequencialmente à vivência
da intuição das totalidades significativas, a multiplicidade das forças delas
constituintes, as possibilidades, se organiza temporal e ritmicamente em
dominâncias (Perls). Que se constituem como particip-ação das figura-ções
participativas da vivência dos processos gestaltificativos de formação de figura e
fundo.
Que escoam, a seguir, no seu decaimento (Heidegger), nos processos de
constituição objetiva, e subjetiva, de coisas, a instalação de coisas, as coisas
instalativas, em sua em sua inovatividade criativa. 8
146
INSPECTADORES DA AÇÃO. INSPECTADORES DO ACONTECER. ATORES.
Inspectadores, atores -- e não espectadores, já que não somos, nestes
momentos, sujeitos, na contemplação de objetos --, vivemos de modo interati-
vamente dialógico a relação com a alteridade das forças que são as possibili-
dades. Na vivência fenomenológica gestaltificativa, fenomenativa, as possibili-
dades, não são objetos para nós outros; não são objetos do sujeito que sería-mos,
na espectação, e não o somos na inspectação. Não somos, na instata-neidade
momentânea da vivência fenômeno dialógica gestatificativa, da ação, o sujeito,
sujeitado, que seríamos na acontecida condição do acontecido, na condição de
coisa instalativa. Nos modos teorético, e comportamental, de ser-mos.
Não temos com elas, as possibilidades, uma relação objetiva, nem sub-jetiva –
porque não estamos no modo de sermos da dicotomia sujeito-objeto, nem no
modo de sermos de sua teorética dicotomização. No modo de sermos da ação,
modo de sermos fenômeno dialógico do desdobramento de possibili-dades, não
estamos no modo de sermos da causalidade; nem no modo de sermos da relação
proposital; nem modo de sermos da pragmática dos utei, e das utilidades; nem no
modo de sermos da realidade. Todas estas característi-cas do modo de sermos do
acontecido.
Quando, na momentaneidade instantânea da vivência dramática do des-
dobramento das possibilidades, somos acontecer.
Em seu acontecer gestaltificativa e dialogicamente fenomenológico, as
possibilidades em seus desdobramentos, e com as quais interativamente nos
vinculamos, não são objetos, mas a alteridade dialógica de um tu.
Na vivência do desdobramento das possibilidades, na dialógica da rela-ção com
elas, especificamente criamos, a nós próprios e ao mundo, com os outros. À
imagem e semelhança de Deus.
Mas não temos com as possibilidades inerentes a nossa vivência feno-menológica
gestaltificativa uma relação objetiva, nem subjetiva, nem uma rela-ção causal, nem
proposital, nem pragmática, nem realista.
E elas, as possibilidades, forças, são sempre múltiplas, na vivência, in-
finitamente múltiplas. Multiplamente emergentes em sua originalidade fenome-
nológica. E múltipla e implicativamente se apresentam, e se organizam, gestal-
tificativamente. Ontologicamente emergentes do Ser. Em seus desdobramen-tos
cognoscentes. 9
147
ERRÂNCIA E DOMINÂNCIA NA TENSÃO, NA TENSIONALIDADE, NA
INTENSIONALIDADE.
Intensidades, intensões, intensionalidades, intensificações; que, tempo-ral e
ritmicamente, se organizam em dominâncias. As possibilidades, em suas
multiplicidades, forças e temporalidades, temporalizações que são, são ten-sões,
intensões, tensionalidades, nas vivências, intensionalidades, de seus
desdobramentos temporativos.
A constituinte, formativa, fenomenologia gestaltificativa de suas vivên-cias é a
temporativa de um vagar, de um divagar, de um pervagar, de um errar, de uma
errância; vigorosamente direcionada pelos vetores de força do fluxo de suas
intensidades, na constituição expressiva de suas dominâncias gestaltifica-tivas.
A vivência fenomenológica gestaltificativa se constitui, assim, como a
temporalidade de uma errância formativa pelas temporalidades das forças das
possibilidades, na constituição e desdobramentos de suas dominâncias feno-
menativas.
A vivência da ética e da metodológica fenomenológica existencial gestal-tificativas
constitui-se, assim, como a vivência da performance, da performa-ção, das
temporalidades de uma vagância, de uma errância fenomenológico existencial
gestaltificativa, formativa.
Como vivência interativa dos desdobramentos das temporalidades das
competições e argumentações entre as possibilidades, na constituição de suas
dominâncias figurativas; e, a seguir, instalativas.
Dialógicamente, logicamente, fenomenologicamente, compreensiva e
implicativamente, experimental e hermeneuticamente, assim, o que vivemos de
modo gestaltificativamente fenomenológico na dramática da ação, na dramática
fenômeno dialógica da atualização das possibilidades, na dramática da vivên-cia
fenomenológica gestaltificativa da ação, são as temporalidades de um va-gar, um
pervagar; um devagar divagar. As temporalidades da errância ativa e cognitiva,
motiva, e emotiva, motivativa, no fluxo fenomenológico gestaltificativo das
competições e argumentações multívagas das dádivas das possibilidades.
Exclusivamente guiados, e fortemente guiados, entusiasticamente guia-dos,
motivamente, emotiva e motivativamente, pelas variações das intensida-des
plastificativas e intensificações gestaltificativas de suas multiplicidade de forças, na
constituição de suas dominâncias.
Forças que se formam cognitivamente, como consciência pré-reflexiva, fenomenal,
em dominâncias figurativas, nos processos de formação de figura e fundo; e, no
limite, nos processos da formação das coisas instalativas. 10
148
Assim, na pontualidade de sua duração, o processo fenomenológico --
fenomenativo, gestaltificativo, o processo fenomenologicamente formativo da ação
-- é, por excelência, o processo gestaltificativo intensional de formação de figura e
fundo, e o processo de formação de coisas, a gestaltificação. Que sucessivamente
se constitui, a partir da constituição temporal das dominâncias na interação entre
as possibilidades.
Fenomenologicamente, a gestaltificação é a vivência de uma errância pelas
competições e argumentações das possibilidades, ritmicamente tempora-lizadas
pela força de suas intensidades, intensificações, intensionalidades, na constituição
da dominância de suas figurações, vivenciais; e instalativamente coisificantes. De
modo que o erro, a errância, são inerentemente constituintes do ethos, da ética, da
qualidade, da vivência fenômeno dialógica gestaltificati-va.
Não se trata, de modo algum, de um errar randômico e aleatório. Uma vez que
é um errar vigorosamente impulsionado pela inerente e intrínseca força das
possibilidades e de suas dominâncias; e todo ele intensão, intensio-nalidade,
portanto, na pontualidade de sua duração.
Mas a vivencia intensional do desdobramento das possibilidades, a vi-vência
fenomenológica gestaltificativa da ação é intrínseca e inerentemente
desproposital, um despropósito.
Já que, inspectativa, fenômeno dialógica, compreensiva e implicativa, é anterior à
constituição coisificativa de sujeitos e objetos. Vivenciamos mas não controlamos
as suas emergências, as suas forças, os seus desdobramentos...
Ainda que deles inteira e integramente participemos, na ontológica fe-nômeno
dialógica gestaltificativa do modo interativamente dialógico de sermos.
Fenomenológico existensial e dialógico, compreensivo, implicativo, gestaltifica-
tivo...
A vivência fenomenológica formativa da figuração, contra a fundação, do fundo; a
vivência igualmente, da formação de coisas; a ação; decorre, assim, de que este
processo fenomenologicamente gestaltificativo de figuração, e de coisificação, se
dá, originariamente, como a vivência das temporalidades do desdobramento de
forças, como vivencia dos desdobramentos de possibilida-des. Possibilidades que,
nos seus desdobramentos pressivos, expressivos, como tais, se projetam, se
lançam, fenomenologicamente, se expressam, como vivencia, como forças, como
possibilidades em desdobramentos: projetos, je-tos, jatos, projetações; como
esboços, como disegnos, como perspectivas, perspectivações, como
gestaltificações, como interpretações.
Interpretações compreensivas, e implicativas... 11
149
EM SEU ACONTECER, AS PERCEPÇÕES SÃO MÚSICAS
Alguém já disse, não recordo quem, fico devendo, que seria fantástico se
pudéssemos perceber as pessoas como músicas...
Fantástica a ideia.
Intrinsecamente vivencial, fenomenológica, a percepção de cada pesso-a, cada
percepção, em verdade, em sua atualidade, é como a atualidade, e a atualização,
de uma música. Com seus acordes, com seus tempos, movimen-tos; enfáticos,
sutis, breves, longos... Com as temporalidades da duração da errância de suas
intensidades...
Tão sábios são os Africanos Sudaneses, e tanto sabem disso, me con-tou a minha
amiga Morgana, que quando uma pessoa nasce compõem para ela uma música. A
música dela. Que é tocada nas datas e momentos celebrati-vos. Disse Morgana
que quando a pessoa comete uma falta, a aldeia se reúne, coloca a pessoa no
centro de um círculo, e canta para ela a música dela. Até que ela possa voltar a si.
Incrível a sensibilidade dos Sudaneses, inclusive nesta sofisticada per-cepção da
essência de nós outros como músicas.
Este é já um aspecto mais ritual, relativo a este caráter musical de nosso ser, de
nosso vir a ser.
Na verdade, toda vivência, toda percepção é música. Toda vivência é música,
na temporalidade própria da errância de sua expressão, na errância de sua
interpretação fenômeno dialógica... Um vagar, um divagar devagar, um erro, uma
errância, intensional, insistensial, inspectativa, pelas temporalidades dos
desdobramentos cognoscitivos de intensidades de possibilidades, que se
organizam e atualizam na constituição de dominâncias.
Quer dizer, se admitimos, se aquiescemos, se condescendemos, se in-sistimos, na
vivência de suas temporalidades próprias, pré-reflexivas, fenome-nológico
existenciais e dialógicas, compreensivas, e implicativas, gestaltificati-vas.
Não só na atualização da revivescência de possibilidades incrustadas na
instalação de um acontecido, na instalação de uma coisa -- atualização que é
sempre nova, sempre atualização na instalação coisificada, acontecer, tam-bém.
Mas, igualmente, a atualização, como emergência do desdobramento,
interpretação, da possibilidade inédita.
Na condescendência sutil com as temporalidades, das intensidades, de suas
forças, de suas possibilidades, próprias, toda vivência é música. Se con-
descendemos com a musicalidade intrínseca de suas temporalidades. Se con-
descendemos com a errância própria e particular das temporalidades de suas
tensionalidades, se condescendemos com a errância particular das forças e
dominâncias de suas intensionalidades.
Um errar, uma errância expressivamente fenômeno dialógica, compre-ensiva e
implicativamente, interpretativa. Por competições e argumentações, intensidades,
intensões, intensionalidades; por dominâncias, de possibilidades. Pela vivência de
forças. Plásticas forças. Por tons e ritmos, que rigorosa e sua-vemente, ou não, se
organizam e se expressam figurativamente; que se confi-12
150
guram, figuram, segundo as dominâncias, seguindo a temporalidade das domi-
nâncias, de suas intensificações plásticas, criativas, formativas. Seguindo as
dominâncias de suas intensificações.
VONTADE DE NADA, NIILISMO RESSENTIMENTO E A ÉTICA, ES-TÉTICA, E
METODOLÓGICA DA ERRÂNCIA GESTALTIFICATIVA FENOMENO
DIALÓGICA.
O caráter errativo -- o caráter de erro, de errância, de variação -- da constituição da
vivência, da ética, da estética, gestaltificativa fenômeno dialógi-ca, e da
metodológica gestaltificativa --, do processo gestaltificativo performáti-co de
formação de figura e fundo, e de formação de coisas --, advém, assim, no limite,
destes dois aspectos intrínsecos e fundamentais das possibilidades e de sua
atualização gestaltificativamente fenomenológica e pré-reflexiva.
(a) Esta intrínseca característica da vivência fenomenativa de se consti-tuir
especificamente como a vivência de forças; forças plásticas, ten-sionais,
intensionais, estéticas, poiéticas. As possibilidades. As forças de tudo em que
agimos, as forças de tudo em que devimos em nosso ser no mundo. E que se
expressam em competições e argumenta-ções, constituindo dominâncias, lógicas,
fenomenológicas, dialógicas, ontológicas.
(b) E a intrínseca característica de que estas forças, as possibilidades
experienciadas na vivência ontológica -- pré-reflexiva, fenomenológi-co existencial,
e dialógica, compreensiva e implicativa -- intrinseca-mente se constituírem como
vivência de multiplicidades de forças. Como vivência de multiplexidades,
implexativas, implicativas. Como a vivência de multiplicidades infinitas de forças
plásticas.
151
intensidades, intensionalidades; e dominâncias, mais ou menos, mas sempre,
provisórias.
Um errar vivido de um modo rítmico vigoroso, como processo de forma-ção de
figura e fundo, e como processo de formação de coisas...
Naturalmente que não nos referimos aqui ao erro no sentido moral, de certo e de
errado.
Até porque este errar gestaltificativamente fenomenológico se dá e se desdobra
no domínio do ético.
Aliás, própria e especificamente, no domínio ético do est-ético. E, evi-dentemente,
no domínio do poi-ético, ético, da vivência fenômeno dialógica gestaltificativa do
desdobramento de possibilidades.
No sentido de um caráter ético própria e especificamente errabundo3 da
vivência fenômeno dialógica gestaltificativa da ação, da vivência do
desdobramento cognoscitivo das possibilidades.
3 (fr)[Classe...]
(demorarse; durar; ir despacio; tomarse su tiempo; demorar; moverse muy despacio), (andanza; vagabundeo; odisea;
andanzas; extravío; merodeo; viajes; vuelta; paseo)[Thème]
(vía; carril), (moverse), (tráfico; tránsito; circulación)[Thème]
qui se déplace (fr)[Classe]
errabundo (adj.) (http://dictionnaire.sensagent.com/errabundo/es-es/).
E não no domínio teorético do moral. E dos moralismos.
Errar no sentido metafórico de errância, de vagar, de perambular...
De erro e de errância falamos aqui no sentido, pré-reflexivo, ético, de pensamento
errante, de que falam os nietzscheanos...
VONTADE DE IMPOTÊNCIA. VONTADE DE NADA. NIILISMO E NILISMO
RESSENTIMENTO. PUNIBILIDADE E PUNIÇÃO DA ERRABUNDAGEM
Uma errabundagem, naturalmente, nas forças das potências do possí-vel, as
possibilidades. O erro, o errar, a errância, fenômeno dialógicos gestalti-ficativos
são indissociáveis e intrínsecos não só à ação, como movimento, à moção; mas
indissociáveis e intrínsecos à própria e-moção, e à motivação, i-gualmente
intrínsecas e inerentes à ação.
E aí as coisas mais se complicam, na ótica da vontade de nada do nii-lismo, e da
moral do fatalismo e da fatalidade.
Porque, em essência, a errância possibilitativa é vontade de potência, vontade
de possibilidade, vontade de tudo, a bem da verdade – vontade com tudo, com
toda a força, diríamos, num certo dialeto nosso. 14
152
E aí -- na ótica do niilismo, do fatalismo, nas óticas da vontade de nada -- a
potência --, a vontade de potência, a vontade de possibilidade, a criação, a
vontade de tudo, à vontade com tudo --, são criminalizadas, e punidas.
São criminalizados, numa tentativa vã de imobilização, e punidos, natu-ralmente, a
própria moção, a emoção, e a motivação, o movimento... A motiva-ção e a
emoção, que são intrínsecas e essenciais à moção, ao movimento, da atualização
de possibilidades, da ação, são criminalizadas. São criminalizados o errar, a
errância, intrínsecos à temporalidade fenomenológico gestaltificativa constituinte
da ação.
A vontade de impotência almeja a imobilização, a criminalização e a pu-nição do
erro e da errância; a criminalização e a punição da errabundagem, inerentes à
atualização de possibilidades da vivência fenomenológica gestaltifi-cativa da ação.
Estrategicamente, trata-se de imobilizar a vivência da tempora-lidade estética e
poiética próprios e específicos à errabundagem da constitui-ção da ação, na
originalidade de sua vivência de atualização de possibilidades; de imobilizar a
vivência da temporalidade própria à errância da constituição fenômeno dialógica
gestaltificativa da ação.
De modo que prevaleça, unitária e explicativamente, a morta moral do acontecido,
do fato, da fatalidade, da realidade. E não a ética errabunda da ação fenômeno
dialógica gestaltificativa.
Não importando, para tal, que propriamente não seja ela a verdade.
Na ordem do rei, a realidade, a objetividade científica, a cientificidade objetiva,
passam a ser a norma. A realidade do objeto, acontecido e imóvel.
A realidade é, apenas, o acontecido.
E – para a realidade, para o acontecido --, aquém do objeto e da objeti-vidade,
aquém da realidade, aquém da explicação: apenas a transgressão.
Não importa que, no seu moralismo, a insistência na realidade, e no a-contecido,
sejam, apenas, o fatalismo do fato, do feito, do acontecido, de pre-servação do
acontecido; e da vontade de impotência; da vontade de nada, do niilismo, do
niilismo ressentimento...
De visita aos fantásticos sítios arqueológicos da Serra da Capivara -- mais ou
menos por ali onde os Sertões do Piauí se transformam nos Sertões da Bahia,
mas a Caatinga é a mesma – braba --, o guia do Parque Nacional explicava os
homens primitivos e os indígenas que por ali perambulavam, que por ali erravam,
possivelmente já há sessenta mil anos atrás...
E, na sua linguagem particular, sai-se com um incrível uso da palavra, que me
deixa atônito...
Estávamos numa fenda entre morros, cortada por um riacho, onde vários vestígios
arqueológicos de fogueiras de acampamentos dos homens primitivos haviam sido
encontrados. E ele, curiosa e ambiguamente, diz...
Eles ‘transgrediam’ por aqui... 15
153
E continuou falando como se nada tivesse acontecido, como se ele nada tivesse
dito... Tão natural para ele a ideia, que ele nem se deu conta...
Ele apenas queria dizer, Eles perambulavam, eles erravam, por aqui... Eu quase
que engasguei, maravilhado. Quase que perguntei,
O quê?!?!?!
Foi isso mesmo que você falou?
Ele não negligenciava o sentido delinquencial das transgressões que ele atribuía
ao homem primitivo... Daquele errar, daquela errabundagem...
O uso ambiguamente errôneo e ambiguamente correto da palavra. O uso
ambiguamente ambíguo, e ambiguamente desambiguado. Mas precisão de
sentido que só as sutilezas da errabundância da ambiguidade podem facultar...
Isso me maravilhou... De tal modo, que fiquei falando só...
Como progredir sem errar? Como errar e progredir sem transgredir? Como
progredir sem transgredir... Como transgredir, sem progredir... Sem er-rar?...
E, no seu erro, e no seu acerto, o guia fazia uma implicação perfeita da palavra.
No sentido específico de que eles se movimentavam por aqui.
Talvez ele só intuísse, e não captasse muito bem...
Além de perambulação, o próprio movimento, a própria moção, a emo-ção, era a
transgressão.
Talvez sem querer -- ou difusamente querendo, talvez --, ele também di-zia que a
transgressão era a progressão...
Mas que, inevitavelmente, progredir era transgredir...
Fantástico...
Não poderia certamente haver melhor formulação da estratégia da or-dem do rei.
As pífias ordem, e moral, da realidade do acontecido. Moral da vontade de
impotência, da vontade de nada. Imobilizar o movimento, imobilizar a ação,
imobilizar a atualização de possibilidades.
E, de passagem, isso nunca foi, e o é, tão verdadeiro quanto o foi para o Indígena
Brasileiro.
O Indígena Brasileiro era visceralmente nômade. E o seu nomadismo in-viabilizava
o projeto colonialista de escravizá-lo. O nomadismo, a errância, a errabundagem,
não europeia, do indígena foram imediatamente criminalizados. Eles tinham que
ser recolhidos, e aceitar ser recolhidos, em aldeamentos per-manentes, estáticos.
Não por acaso, chamados de presídios. Como o da Praia do Ceará; o de Jacuípe,
em Pernambuco; de Palmeira dos Indios, de Porto Real de Colégio, em Alagoas. E
muito outros.
O Índio nômade é fixado, para os usos escravocráticos do colonialismo. E, na
interdição de seu nomadismo, apodrecem as suas culturas, as suas vi-das, e os
seus próprios corpos...
Quem nos conta isso é o mestre Darci Ribeiro; e o mestre Dirceu Lindo-so, em seu
monumental Utopia Armada. 16
154
Criminalizou-se oficialmente a errância, a errabundagem indígena, índio nômade
era índio criminoso...
É um dos exemplos mais chocantes de como a moral da fatalidade e do niilismo,
da vontade de impotência, odeia o movimento, a moção, e a emoção, a motivação.
Pois bem, este exemplo, de passagem, é do mundo objetivo. Histórico, cultural.
Mas a moção, e o errar, a errância, a errabundagem, não se restringem, como
temos visto, ao mundo objetivo, e à experiência subjetiva; não se restrin-gem à
realidade, não se restringem ao acontecido...
Em essência eles são, como temos visto, originariamente, própria e es-
pecificamente cognitivos, ontológicos, aconteceres. Fenômeno dialógicos e
existenciais, compreensivos, e implicativos.
Suas temporalidades próprias, na vivência das dominâncias das compe-tições e
argumentações das intensidades plásticas das possibilidades, são as
temporalidades ontológicas de constituição da ação em sua originalidade e cri-
atividade.
Em termos psicológicos, trata-se, então, para a moral do niilismo, e para a moral
da fatalidade -- para a moral da vontade de impotência, para a moral da vontade
de nada -- de perseguir o movimento, a moção, a emoção, e a con-dição de sua
errância e errabundagem – a ação, a atualização de possibilida-des --, ali onde
não é mais a dimensão dos objetos, dos sujeitos, e das coisas. Trata-se de
desqualificar e extinguir a própria dimensão da vivência, pela des-qualificação e
extinção, pelo bloqueio e interdição da erratividade, da errabun-dagem, por suas
temporalidades...
Porque a vivência, em suas temporalidades próprias, a vivência, é emi-
nentemente, a temporalidade da errância, a vivência do erro, da errabundagem
fenômeno dialógica gestaltificativa. A metodológica do erro, que permite a ori-
ginalidade ontológica da fenomenológica gestaltificativa da ação, da atualiza-ção.
A criação. A originalidade da formatividade fenomenológica gestaltificativa. Como
vivência intensificativa da figuração dos processos de formação de figura e fundo;
e como formação, criação, de coisas; como formação, criação, do mundo...
DANE-SE A REALIDADE...
A realidade é apenas o acontecido. Como a instituição da real ordem do rei.
Assim, por esta instituição se reiifica e se equaciona o acontecido como realidade.
Do ponto de vista epistemológico; e, evidentemente, do ponto de vista
epistemofílico. Do ponto de vista moral. Do ponto de vista moral da epis-temologia.
Do ponto de vista epistemológico da moral – do ponto de vista do preconceito. 17
155
Mas, a possibilidade é mais importante do que a realidade, diria Heideg-ger;
tornar-se o que se é, diria Nietzsche...
Na dramaticidade insuportável de seus momentos históricos, os Expres-sionistas
entenderam o sentido do preconceito supervalorativo da realidade. Entenderam, e
diriam com Heidegger, que a possibilidade é mais importante do que a realidade.
E, podemos dizer que se dane a realidade seria a disposição primeira da ética
Expressionista. E, de resto, de toda a ética fenomenológico existencial e dialógica,
compreensiva e implicativa, gestaltificativa.
Não que a realidade, o acontecido, não tenham a sua importância pró-pria.
Naturalmente que não podemos negligenciar e desvalorizar o acontecido e as
forças e condições de sua instalatividade, como ontológico constituinte igualmente
do que somos. Não podemos ignorar a realidade. Mas, em sua ins-talação, o
acontecido é só a capa inerte da possibilidade enclausurada. Um beco sem saída
em sua clausura. Que demanda a ontológica peripécia do re-torno ao eterno
retorno do ontológico, da possibilidade.
Por isso que a ética, e a metodologia, gestaltificativas -- fenomenológico
existenciais, e dialógicas, compreensivas e implicativas; assim como a ética e a
metodologia do Expressionismo – caracteristicamente se constituem como um
desligamento do privilégio moralista e niilista, fatalista, da realidade; do aconte-
cido. Um desligamento do princípio de realidade, do positivismo do real, um
desligamento do objetivismo, da objetividade, e do próprio objeto. Um desliga-
mento do sujeito, em sua subjetividade real, e acontecida. Um desligamento da
condição do espectador.
Para privilegiar a condição do inspectador ator. Um desligamento do pri-vilégio da
causalidade e da causação, um desligamento do privilégio do propó-sito
deliberado, um despropósito; e um desligamento do prático, do útil e da utilidade,
da ação funcional -- que, funcional, em efetivo, não é ação. Uma en-trega à
errância desproposital da atualização de possibilidades. Um desliga-mento, em
síntese, do privilégio do acontecido, do privilégio da moral do acon-tecido, da
fatalidade. Que recebe o nome de realidade.
Para privilegiar a precedência ontológica da vivência do desdobramento
fenomenológico existencial gestaltificativo de possibilidades. Na momentanei-dade
instantânea do ontológico modo de sermos do possível, do potente, das
possibilidades. Da ação. Modo de sermos que, na vivência da errância das in-
tensidades das dominâncias de suas forças, as possibilidades, em sua momen-
taneidade instantânea, não por acaso, chamamos de ação. Acontecer.
A PERFEIÇÃO DO ERRO. PERFAZIMENTO, PERFORMANCE DO ERRO,
PERFORMANCE DA ERRÂNCIA.
A multivagagem vivenciativa, errabunda, na vivência das temporalidades próprias
às competições e argumentações, ontológicas, fenomenológicas, dia-lógicas, das
intensidades, e intensificações das possibilidades, no processo de formação de
figura e fundo, e da formação das coisas, constitui o per-curso, o trajeto, de um
projeto. A pro-jetação, que se constitui como a ação. 18
156
Projeto, projetação.
Na medida em que, projeto, projetação de forças, a vivência da ação é tensão,
intensão, intensionalidade. A vivência da tensão da pressão, pressiva, expressiva,
do desdobramento de forças. As possibilidades.
Formativa, a ação, como desdobramento cognitivo de possibilidades, em
específico é um fazer. Uma feição.
Como é processo gênico, genético, de formação – de formação de figu-ra e
fundo, da vivência de consciência pré-reflexiva; e da vivência de formação das
coisas instalativas --, como é processo de formação, o percurso da vivên-cia de
projetação das dominâncias das intensidades e intensificações das pos-sibilidades,
nas suas temporalidades próprias, é o percurso, o percorrimento, a projetação,
como ex-pressão, de um fazer; como ex-pressão de uma fei-ção.
Que, formação, é o percurso vivenciativo da per-formance, da per-formação, da
per-feição. Da performação e da perfeição de figura e fundo, e da performação
e perfeição de coisas.
Fenomenologicamente, vivencialmente, decorridas, percorridas, é a de-corrência,
a percorrência, a per-feição, do perfazer, da performação, da per-formance, da
formação de figura e fundo; e da formação criativa das coisas instalativas.
A própria estética e poiética da perfeição como perfazimento.
As gestaltificações -- os processo ativos, atualizativos, de formação de figura e
fundo; e de constituição das coisas, engendradas, criadas e bem cria-das, na
aquiescência com as temporalidades próprias às errâncias pelas domi-nâncias das
intensidades e intensificações, competições, e argumentações da força das
possibilidades --, as gestaltificações constituem-se no percurso da performance
do erro. No percurso, na vivência fenomenológica e fenomenativa da performance
da errância. Num perfazer. Percurso da vivência de um perfa-zimento errante. Que
é, em específico, própria e especificamente, o processa-mento estético e poiético
da perfeição, o percurso próprio da perfeição, em seu específico e formativo
perfazer.
Assim criadas, própria e especificamente, na performance do perfazi-mento de sua
perfeição, as figurações, as gestaltificações, e as coisas -- não são mal criadas,
nem mal ditas -- são perfeitas, perfeições, portanto. Perfeições constituídas na
vivência das temporalidades e atualizações da ética, da estéti-ca, e da poiética,
errabunda de sua fenômeno dialógica gestaltificativa.
Porque resultam da vivência, da atualização, do labor, do desdobramen-to da
constante dádiva misteriosa das possibilidades. Resultam da vivência
fenomenológica da atualização do perfazimento das temporalidades das inten-
sidades, das intensificações, das competições e argumentações, das possibili-
dades; no processamento de suas vivencias formativas.
A vivência da perfeição é, assim, o perfazimento, a performance, este modo
gestaltificativo, fenomenológico existencial, especificamente estético e poiético, de
fazer. De perfazer. 19
157
Na performance da errância. Na performance do erro. Na performance da errância
pelas intensidades das possibilidades; na errabunda vivência da performação, de
figuras e fundos; e de coisas.
O estético e poiético modo de fazermos da perfeição.
Vivências formativas de coisas, processos vivenciais de formação de fi-guras e
fundos, os feitos deste modo de fazer são perfeitos, portanto. Gestalti-ficações e
coisas. Os feitos, os fatos, feitos, no rítmico percurso errabundo do erro, na
percorrência do erro; os feitos nos percursos e nas percorrências da errância na
vivência das intensidades e intensificações da temporalidade das forças das
possibilidades -- fenomenológico existenciais e dialógicas, compre-ensivas,
implicativas, gestaltificativas – são, perfeitos.
A perfeição, eminentemente decorre, assim, e é função, do erro, da er-rância
fenômeno dialógica gestaltificativa.
A perfeição percorre e decorre da vivência das temporalidades próprias à errância.
A perfeição é a percorrência do erro. Própria e especificamente er-rabunda, a
perfeição é a percorrência da errância fenomenológica, fenomenati-va, intrínseca e
inerentemente gestaltificativa...
De modo que a plena e cabal vivência do erro, a plena e cabal vivência da errância
fenomenológica gestaltificativa, não resultam em imperfeição, não resultam em
imprecisão. Pelo contrário. A vivência metódica do percurso da perfeição, como
percurso errabundo da meticulosa vivência da errância, da vivência do erro -- pelas
intensidades das possibilidades, em suas dominân-cias, em suas competições e
argumentações fenomenativas – são intrínsecos e inerentes à performance da
perfeição. Resultam, sim, e assim, na estética e na poiética precisão da formação,
e da forma, perfeitas.
Per-feição da gestaltificação como vivência, e como coisificação.
Na aquiescência com a vivência da errância pelas temporalidades pró-prias das
intensidades das possibilidades, na aquiescência com a errância que é própria à
dialógica de sua atualização, é que consiste, portanto, a metodoló-gica
gestaltificativa. Uma estética, uma poiética, uma ética da performance e da
perfeição do erro. Estética da errância; poiética, ética, ontológica, epistemológi-ca,
fenomenológica, e metodológica, do erro.
PERFEIÇÃO, PERFAZIMENTO, DA AÇÃO, DA INSPECTAÇÃO. O CAMINHO
DO MEIO. O MOVIMENTO PELA LINHA DE MENOR RESISTÊNCIA.
A vivência da ação, a vivência da insistensia, a inspectação, constitui-se como o
modo de sermos, do ator.
Que é pro-jet-ação. Na medida em que é pressão, ex-pressão, do des-dobramento
das forças das possibilidades. 20
158
O modo de sermos do pro-jeto – modo de sermos do acontecer --, não é o modo
de sermos do sub-jeto, nem do ob-jeto. Sub-jeto e ob-jeto pertinentes ao modo
acontecido de sermos ôntico, do ente. Da coisa.
O ontológico modo de sermos do acontecer, modo de sermos do projeto, da
projetação, é o modo pré-ôntico de sermos, modo de sermos pré-ente, o modo de
sermos do presente.
O modo de sermos do presente, fenomenológico existencial e dialó-gico. Modo
de sermos do acontecer, não é o modo de sermos do sub-jeto, nem do ob-jeto,
mas o modo de sermos da própria vivência do jeto, modo de sermos projeto, modo
de sermos da ação, ou seja da emergência, do desdo-bramento, da pressão, da
ex-pressão das possibilidades.
Ainda que seja, o modo de sermos do presente, sempre, intrinsecamen-te, inter-
ação dialógica com a alteridade de um tu.
O tu vivido sempre como possibilidade em desdobramento, o tu como efetiva
alteridade possível, potente. Segundo Buber, alteridade que pode ser da esfera da
natureza não humana, alteridade da esfera do humano, ou da esfera do sagrado...
A interação com a alteridade do tu é, sempre, partcip-ativa, a particip-ação na
dinâmica e na dramática de uma dialógica, como atuação cognitiva-mente
interativa de possibilidades; ação.
O que implica que, ainda que seja participação interativa, dialógica, a
momentaneidade instantânea da dialógica interação eu-tu é desproposital, não
objetiva, não teorética, não causal, não técnica, desproposital, e não pragmáti-ca.
O que quer dizer que não está sob o nosso controle deliberado.
Buber definirá a natureza da interação dialógica da ação, do desdobra-mento
cognitivo de possibilidades, observando paradoxalmente que não cria-mos as
possibilidades, e evidentemente os seus desdobramentos; mas as
possibilidades e os seus desdobramentos efetivamente não acontecem sem
nós outros.
Tal é a natureza especificamente interativa, dialógica, da ação – da atua-lização,
do desdobramento, de possibilidades.
Que é fluência da errância no ativo processo de constituição e desdo-bramento
das possibilidades. Ao mesmo tempo em que é eu, é vínculação in-trínseca e
imanente com a alteridade de um tu. A inter ação eu tu. A sua dialó-gica.
Possíveis, potentes, atualização de possibilidades.
Possibilidades que, vivência de forças em desdobramento, múltiplas, im-plicativas,
se constituem como gestaltificações. Como as temporalidades da errância
fenomenológica. Na específica constituição das dominâncias da multi-plicidade
implicativa de suas forças, plásticas, e cognoscíveis, em suas gestalti-ficações.
O perfazimento, a perfeição, da ação, decorre da integridade e integra-ção da
vivência das temporalidades expressivas desta dialógica errância, tem-poralmente
constituída pela constituição das dominâncias gestaltificativas. 21
159
Dialógicos, o perfazimento, a perfeição da ação tem a nossa participa-ção, na
intrínseca interação com a participação dos desdobramentos do tu, i-gualmente
como possível, como potente, como possibilidade.
É nessa ambiguidade dialógica -- de ser a multifacetada interação do
desdobramento de possibilidades que constituem o eu, que constituem o tu, e que
constituem o eu-tu -- que se constitui a fenômeno dialógica gestaltificativa da ação
– fenomenológico existencial e dialógica; compreensiva, implicativa,
gestaltificativa.
De modo que, como Buber observa, toda a instantaneidade momentâ-nea da
vivência dialógica, fenomenológico existencial, compreensiva e implica-tiva,
gestaltificativa, é ação – é desdobramento cognitivo de possibilidades. A ação que,
dialógica, é o devir do desdobramento multifacetado de possibilida-des -- do eu, do
tu, e do âmbito da movimentação de sua dialógica inter-ação.
Meu professor de natação, e de zen, professor Kanichi Sato, costumava dizer, em
sua suprema e bem humorada simplicidade: O zen é o casamento de
‘oportunidade e ação’...
E é este senso de oportunidade -- que nada, nada tem oportunismo -- que é a
orientação exclusiva da participação do eu na dialógica da ação, na
momentaneidade instantânea da interação eu-tu. A orientação advinda da vi-
vência, temporal, da temporalidade da errância pelas dominâncias gestaltifica-tivas
das forças das possibilidades.
Existe a força alteritária das possibilidades, e as possibilidades da inicia-tiva e
participação na dialógica interativa da ação. É a errância, são as tempo-ralidades
da errância fenomenológica, que disponibilizam as oportunidades para a iniciativa
da ação. Que não é nem objetiva nem subjetiva, fenomenoló-gica, desproposital,
não causal, não pragmática, não real.
Guardando uma reserva, por suas respectivas particularidades, o que se chama,
no zen, de caminho do meio -- que Perls menciona, e que menciona Friedlander,
citado por Perls – é esta particular part-icipação dialógica, na mo-mentaneidade
instantânea do desdobramento da ação, numa inter-atividade desproposital,
despropositativa, intensional, inspectativa.
Que não é subjetiva, nem objetiva. Que não é, portanto, teorética, nem explicativa,
mas implicativa; que está fora dos domínios da causalidade, fora dos domínios da
relação de causa e efeito; que está fora do modo acontecido de sermos; fora da
utilidade, fora do modo de sermos da pragmática dos usos e das utilidades, e da
ação funcional; e que não é da ordem, acontecida, da realidade.
Mas, própria e especificamente, é o acontecer...
O caminho do meio é a ação pela linha de menor resistência. O cami-nho. A
‘virtude’ do zen.
Em termos do zen, a virtude não é virtuosa, nem moralista. Mas tem a virtuosidade
de ser como o tao. E, em específico, é esta a sua virtude, a de ser como o tao. 22
160
A ação que está entre o propósito e o não propósito. A ação desproposi-tal. Mas a
potência de constituição da ação na temporalidade própria da errân-cia, na
intensidade e intensificação da força de suas possibilidades.
Em termos fenomenológicos, o zen radicalmente é uma fenomenologia,
fenomenológica, fenomenativa.
Muito mais desenvolvida e requintada, de alguns milhares de anos, do que a
primitiva e precária fenomenologia Ocidental.
No zen e no Taoísmo Heidegger bebeu essencialmente, e não referiu
adequadamente...
Em termos fenomenológicos, o caminho do meio, a linha de menor resis-tência, é
a ação desproposital, constituída na mais perfeita errância, no mais perfeito erro,
pelas temporalidades da constituição, da atualização, das domi-nâncias dos
desdobramentos das possibilidades, dos desdobramentos da ação gestaltificativa.
Errância nos desdobramentos das possibilidades que constitu-em o eu, que
constituem o tu, e que constituem a dialógica interativa eu-tu.
O caminho do meio, a linha de menor resistência configura-se como a perfeição, o
fazimento, o perfazimento da ação, na perfeita temporalidade e temporalização da
errância, no perfeito erro pela constituição das dominâncias, na atualização das
possibilidades do eu e do tu, e do eu-tu, da multifacetada interação dialógica entre
eu e tu. Que potencializa a possibilidade da atualiza-ção da ação. Tão espontânea
que é como se fosse não agir, não ação.
Que é tão perfeita como implicação que, efetivamente, não poderia ser a
explicativa de um eu subjetivo.
Dialógica ação eu-tu, efetivamente não é a ação de um eu. Na sua per-feita e
espontânea dialógica, nem mesmo parece ação.
De um modo tal, que frequentemente se fala em não ação, em precárias
traduções. Quando, na verdade, na vivência fenômeno dialógica, zen, do cami-nho
do meio, da ação pela linha de menor resistência, não se trata, em absolu-to, de
não ação. Mas da espontaneidade da ação.
Tudo que não falta é ação. Como Buber diz, o momento da dialógica é todo ele
ação...
Mas, trata-se, própria e especificamente, na errabundagem do erro fe-nômeno
dialógico, pelas constituições das temporalidades das dominâncias de
possibilidades, de ação sem alvoroço.
Ação sem alvoroço...
É esta a adequada tradução do caminho do meio da ação, da ação pela linha de
menor resistência, da ação sem alvoroço, e da errabunda e epistemo-lógica ação
intrínseca à fenomenologia gestaltificativa.
A ação só é ação, efetiva e plenamente, quando é ação na vivência da
momentaneidade instantânea da duração da dialógica do inter, do entre, na
errância pelas temporalidades tão próprias da implicativa e multifacetada rela-ção
eu-tu.
A ação sem precipitações, na perfeita vivência das temporalidades da errância
fenômeno gestaltificativa... 23
161
O dialógico caminho do meio da ação. A ação pela linha de menor resis-tência. O
caminho. A virtude.
Virtude que, própria, e especificamente, é a de ser como o tao...
O ser como o tao, yin, yang, chi, yin, yang.
Que, na errante espontaneidade de sua perfeição, nem parece ação. Que não
demanda o esforço da ação subjetiva. Na medida em que é ação co-mo
atualização do fluxo das dominâncias das intensas, intensionais, potências de suas
intensificações. A potencialização da ação nos fluxos das errâncias pelos
desdobramentos das dominâncias das possibilidades.
Tão espontânea e potente, que parece não ação. Quando, simplesmen-te, é a
perfeição, a perfeitação (per-feita-ação), o perfazimento, da ação. Na vivência do
perfeito perfazimento das temporalidades das errâncias nos desdo-bramentos das
dominâncias de suas forças, de suas possibilidades.
A ação é um mistério...
Como diria o Nietzsche do Zaratustra.
No seu afã de tornar-se o que era...
PSICOLOGIA E PSICOTERAPIA FENOMENOLÓGICO EXISTENCI-AL
DIALÓGICA, COMPREENSIVA, IMPLICATIVA, GESTALTIFICA-TIVA, E
ERRÂNCIA FENOMENOLÓGICA GESTALTIFICATIVA.
O critério ético e metodológico das psicologias e psicoterapias gestaltifi-cativas,
fenomenológico existenciais e dialógicas, compreensivas e implicativas é a eleição
da vivência pré-reflexiva, implicativa e dialógica, fenomenológico existencial de
sermos como eixo e elemento metodológico e ético centrais.
Com isso, própria e especificamente, a eleição da entrega ao modo on-tológico de
sermos, fenomenológico existencial e dialógico, que não é objetivo, nem subjetivo;
que não é teorético, nem técnico; que é acausal, desproposital, e não pragmático,
nem realista.
Isto significa, então, a eleição, e a entrega, à vivência fenomenológica das
temporalidades da errância fenomenoativa, instantaneamente momentâ-nea, pelos
processos constituintes das dominâncias na vivência da emergência e do
desdobramento formativo, gestaltificativo, e inter humanamente dialógico, das
possibilidades.
Gestaltificação quer dizer o desdobramento de nossa humana tendência
atualizante, a nossa tendência para a ação. Que, cognitiva, é eminentemente,
própria e especificamente, uma tendência formativa. A nossa tendência forma-tiva.
Na medida em que, cognitiva, formativa, gestaltificativa, é tendência for-mativa dos
processos fenomenológicos existenciais e dialógicos, compreensi-vos e
implicativos, de formação de figura e fundo; que se concluem, na sua
desatualização, nos processos também de formação das coisas. Sujeitos e ob-
jetos. Coisas objetivas e subjetivas. 24
162
A atualização, a ação, é o processo de desdobramento das possibilida-des
vivenciadas nas temporalidades do modo pré-reflexivo de sermos. Possibi-lidades
estas que trazem em si a sua aporia, a sua finitude. Mas o retorno ao modo
implicativo de sermos do possível, da possibilidade, a insistência neste modo
implicativo de sermos, é o retorno e a insistência no modo de sermos do eterno
retorno da possibilidade. Cujas atualizações constituem os nossos pro-cessos de
movimento, de moção, de emoção, e de motivação. A ação, a atuali-zação. Da
mesma forma que alegria da vivência e dos desdobramentos das forças do
possível. Criativas, formativas, gestaltificativas. Motivas e motivativas da alegria. E,
em especial, da superação. E da promoção e potencialização da grande saúde, de
que falava Nietzsche, a grande saúde do eterno retorno de uma superabundância
de forças de vida. De ação, de atualização, de criação. De superação.
Nietzsche diria, e eis o que me segredou a vida. Eu sou aquilo que se auto supera
indefinidamente.
Nas refinadas temporalidades do erro. Nas refinadas temporalidades da errância
pelas temporalidades da constituição e atualização das dominâncias cognitivas,
gestaltificativas, das possibilidades...
VIVÊNCIA GRUPAL. GRUPATIVIDADE. INTENSIONALIDADE, ER-RÂNCIA E
INTENSIFICAÇÃO NA EXPERIÊNCIA COLETIVA GRU-PATIVA.
Na vivência grupal, o processo da vivência gestaltificativa fenomenológi-co
existencial, o processo da emergência e do desdobramento cognitivo das
possibilidades, do desdobramento da ação, é cada vez mais factível como pro-
cesso coletivo. A emergência e o desdobramento das possibilidades, a ação,
cognitiva, é, cada vez mais, vivência coletiva, à medida que o grupo se constitui e
se desdobra como tal.
De modo que a errância fenomenológica, fenomenativa, gestaltificativa pela
temporalidade constituinte da força das dominâncias das possibilidades é cada vez
mais possível, própria e especificamente, como fenomenológica ges-taltificativa
coletiva.
Um princípio primeiro da ética e da metodológica fenomenológicas ges-taltificativas
no grupo é o de privilegiar a consciência fenomenológica pré-reflexiva grupal,
portanto. E, com isso, o de privilegiar a aquiescência do medi-ador, dos
participantes, a aquiescência coletiva, com a temporalidade própria ao caráter
errabundo da consciência coletiva pré-reflexiva grupal. Caráter este fenomenativo,
fenomenológico, gestaltificativo, despropositativo.
Avesso à teorética e à técnica, avesso ao propósito deliberado, à causa-lidade, à
pragmática da utilidade e da ação funcionais, avesso à realidade. Que só
emergem e se constituem no modo acontecido de sermos.
Para privilegiar a momentaneidade sempre instantânea do desdobra-mento
coletivo do processo de atualização cognitiva das possibilidades.
O processo grupal fenomenológico existencial pode, desta forma, consti-tuir-se
tendo como critério a errância fenomenológico existencial gestaltificativa 25
163
pelas temporalidades das intensidades e intensificações das possibilidades que se
constituem e se desdobram no âmbito da consciência coletiva, como vivên-cia
grupativa.
Evidentemente, o tema merece muito ser desdobrado. Aqui não é ainda o local
próprio para este desdobramento... 26
164
CONCLUSÃO
Assim, a experiência, a experimentação, a ética, e a metodologia feno-
menológicas, e fenomenativas, gestaltificativas, das psicologias e psicoterapias
são uma incidência insistencial na dialógica da experiência pré-reflexiva, e da
experimentação do desdobramento de possibilidades fenomenológico existen-
ciais, gestaltificativas. O que implica, intrínseca e inerentemente, um certo tipo de
errância fenomenológica pelas temporalidades das intensidades das domi-nâncias
das forças das possibilidades, em suas constituições e atualizações, em seus
processos de formação de figura e fundo, e de formação de coisas.
Uma ativa pervagância desproposital, uma transvagância, do erro, da er-rância
gestaltificativa. Que, pelas desiguais temporalidades das desiguais in-tensidades
das forças desiguais das possibilidades e possibilitações, em sua ontológica
emergência e desdobramento, é sempre uma extra-vagância.E, for-mação, um
fazer, uma feição, ao modo do perfazer, ao modo da perfeição fe-nômeno dialógica
gestaltificativa. 27
165
INTRODUÇÃO
A experiência do modo reflexivo de sermos, modo de sermos explicativo,
representativo, modo coisa de sermos do acontecido, distingue-se da experi-
mentação do modo implicativo de sermos, pré-reflexivo, compreensivo, feno-
menológico existencial e dialógico. Porque a momentaneidade instantânea do
modo pré-reflexivo de sermos é vivência implicativa, fenomenológico existenci-al e
dialógica, gestaltificativa.
A vivência fenomenológica gestaltificativa, e a metodológica gestaltifica-tiva
fenomenológico existencial constituem-se como uma entrega às temporali-dades
próprias à experimentação vivencial fenomenológico existencial e dialó-gica,
compreensiva, implicativa, gestaltificativa deste modo de sermos.
A vivência da implicação fenomenológica gestaltificativa, no modo pré-reflexivo de
sermos é a vivência do desdobramento fenomenológico, fenome-nativo,
eminentemente cognoscitivo, de uma multiplicidade de forças plásticas. Forças, de
múltiplas intensidades. As possibilidades.
Que se organizam criativamente, formativamente, nos processos figura-tivos de
formação de figura e fundo; e nos processos de formação das coisas.
A experimentação, a ética, e a metodológica gestaltificativas -- enquanto entrega à
vivência ativa das temporalidades propriamente fenomenológicas da emergência e
do desdobramento das possibilidades --, constituem-se, intrínse-ca e
inerentemente, como um pervagar, um errar, uma ativa errância performa-tiva,
desproposital, acausativa, e não pragmática, nem realista, pelas tempora-lidades
próprias das intensidades dos desdobramentos destas possibilidades. Na dialógica
de seus gestaltificativos processos de formação.
Formação criativa de figura e fundo, e formação criativa de coisas.
Que, percurso de projetação das forças criativas, form-ativas, das possi-bilidades,
em suas temporalidades próprias, é, a cada um de seus momentos, a performance
de um fazer, nas temporalidades dos desdobramentos próprios de suas
intensidades, um per-fazer, um per-fazimento. Per-feição.
A ética e a metodológica das psicologias e psicoterapias fenomenológico
existenciais consistem no privilegiamento deste modo fenomenológico existen-cial
e dialógico de sermos, compreensivo, implicativo, gestaltificativo. O que significa a
aquiescência com a vivência das temporalidades da errância gestal-tificativa que
caracteriza a emergência e o desdobramento, na ação, na atuali-zação, das forças
das possibilidades que constituem a sua vivência. 28 29
166
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTAZI, Lilian The School of Franz Brentano.
BUBER, Eu e Tu.
HEIDEGGER, Martin Ser e Tempo.
NIETZSCHE, Fredrich Assim Falava Zaratustra
Gaya Ciencia.
Ecce Homo.
PERLS, Fritz Gestalt Therapy.
167
GESTALTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO
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GESTALTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo
Conteúdo
GESTALTIFICAÇÃO. 1
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, É UMA FEIÇÃO, UM FAZER. PERFAZER. PERFEIÇÃO. 1
A AÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, PERFEIÇÃO, É UM PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO DE
FORMAÇÕES. 4
A OTIMIZAÇÃO DA GESTALTIFICAÇÃO DECORRE DA VIVÊNCIA INTENSIVA DA
INTENSIONALIDADE DA AÇÃO. 4
GESTALTIFICAÇÃO.
A gestaltificação é a intrínseca formatividade compreensiva da ação. Como
processos vivenciais de formação de figura e fundo, e de criação formativa das coisas. A
partir da vivência da atualização de possibilidades.
Vivencialmente, as possibilidades emergem e se desdobram de um modo
contínuo e múltiplo. E se constituem cognitivamente.
Em seus desdobramentos formativos múltiplos, as possibilidades se organizam
fenomenológico existencialmente, através da sucessiva configuração, da figuração
cognitiva, fenomenológico existencial, das dominâncias resultantes da competição, e
argumentação, entre suas forças cognitivas e plásticas. A figuração compreensiva das
dominâncias das possibilidades dá-se como processos de formação de totalidades
significativas, como processos de formação de figura e fundo, como processos de
formação de gestalts.
169
A TERAPÊUTICA É EXPERIMENTAL, E HERMENÊUTICA.
FENOMENOLÓGICO INSISISTENSIAL.
A PROPEDÊUTICA, TAMBÉM.
170
A TERAPÊUTICA É EXPERIMENTAL, E HERMENÊUTICA.
FENOMENOLÓGICO INSISISTENSIAL.
A PROPEDÊUTICA, TAMBÉM.
171
A proximidade da medicina e do modelo biomédico foi sempre uma fonte de
descaminho. Na medida em que apontava na direção e impunha um outro paradigma,
enraizado numa prática incompatível de poder, e numa outra epistemologia, ontologia, e
metodologia, portanto.
Daí, uma necessidade de clarificar e de radicalizar a distinção, e o afastamento,
do paradigma da psicologia e da psicoterapia das características, ontológica e
epistemologicamente objetivistas, da clínica médica. Já que metodologicamente nos
dirigimos a pessoas, no âmbito ontofenomenológico da interação dialógica.
E não, a corpos como objetos.
Ontologia, epistemologia, metodologia próprias para que os médicos possam
exercer as suas competências dirigindo-se a corpos, sistemas e órgãos com objetos.
Necessitamos, pois, na psicologia e na psicoterapia, afastarmo-nos do empirismo
objetivista do modelo biomédico. Em privilégio do paradigma de um empirismo
fenomenológico existencial, da hermenêutica fenomenológica.
Assim mesmo, não obstante, ainda se trata como clínica a prática da psicologia e
da psicoterapia. De um modo confuso, e de um modo tendente a criar confusões e mal
entendidos com o paradigma da clínica médica. Do qual cumpre afastarmo-nos, para um
âmbito compatível com a ontológica e a fenomenológica do humano.
172
(1) que a terapêutica não fosse em específico fenomenológico existencial e
dialógica, compreensiva, implicativa, gestaltificativa.
Já que as abordagens fenomenológico existenciais e dialógicas derivam e são
partes do movimento da Fenomenologia e do Existencialismo. Historicamente, são
dimensões do movimento da Fenomenologia.
O que quer dizer que, ontológica, epistemológica, conceitual e
metodologicamente a sua história, e sua história conceitual, derivam da Fenomenologia
e do Existencialismo.
E (2), seria um contra senso que, como a terapêutica, a sua propedêutica não
fosse, igualmente, fenomenológico existencial e dialogicamente experimental, e
hermenêutica. No sentido fenomenológico existencial.
Nas abordagens fenomenológico existenciais e dialógicas, compreensivas e
implicativas, gestaltificativas -- como a gestal’terapia e a abordagem rogeriana --, a
terapêutica é eminentemente experimental e hermenêutica, dramática, no sentido
fenomenológico existencial. Do mesmo modo que o é a sua propedêutica. São
fenomenológico existenciais a terapêutica e as condições da terapêutica, a propedêutica,
das psicologias e psicoterapia fenomenológico existenciais.
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Em sua efetividade, o provimento das condições da terapia fenomenológico
existencial é... fenomenológico existencial. Naturalmente. Dá-se no modo de sermos do
ator. E não no modo de sermos dos sujeitos e dos objetos.
O psicólogo, o psicoterapeuta, no âmbito da vivência da metodológica de uma
abordagem fenomnológico existencial, não é um sujeito. Mas um ator. Interator,
inspectativo, na dialógica com o cliente.
O cliente não é um objeto, na concepção e na metodologia da terapêutica, e da
propedêutica, de uma abordagem fenomenológico existencial de psicologia e
psicoterapia. Nem é um sujeito.
Da mesma forma que o psicólogo, o terapeuta, não são sujeitos.Em sua
efetividade, o terapeuta não se dá como um sujeito, mas como um ator.
E o cliente, igualmente, não é um objeto – nem sujeito --, mas ator.
De um modo tal que tanto a propedêutica, como a terapêutica, decorrente desta
propedêutica, é interação. Entre atores, interatores. A dialógica da interação.
Interação entre interatores, inspectativos.
E, obviamente, nada de intersubjetividade...
Acho que esta palavrinha e conceito, se é que há, merecem a lata de lixo.
TERAPÊUTICA
O que é que é terapêutico* nas abordagens fenomenológico existenciais e
dialógicas – a gestal’terapia e a abordagem rogeriana?
174
Ontologicamente, a vivência da ação é vivência da moção, do movimento, no
sentido fenomenológico existencial. É isso a vivência da emoção, da motivação, da
criação, da superação, e da regeneração da saúde.
Como devir da emergência e do desdobramento de possibilidades, a vivência da
ação é movimento, compreensivo; e musculativo...
Como movimento, é moção, é movimento. E enquanto tal é a própria vivência
da emoção.
Enquanto ação, a vivência do desdobramento de possibilidades é motiva. A
vivência do desdobramento de possibilidades, a ação, é motivação. É, criação e
emergência do novo. Acontecer sobre o acontecido, é superação. É a cognição, e o
conhecer. Na medida em que, em seus desdobramentos, as possibilidades se constituem
como consciência pré-reflexiva.
E é a regeneração saúde, na medida em que, como Nietzsche observava, a saúde,
num sentido existencial, a grande saúde, é o retorno de uma superabundância de forças
de vida, que decorre, e se dá, na experimentação, e na hermenêutica, do modo
fenomenológico existencial e dialógico de sermos.
A terapêutica das abordagens fenomenológico existenciais de psicologia e de
psicoterapia é, portanto, ontológica. Espaço e tempo para a vivência da ontológica
fenomenológico existencial da ação, da atualização. Fenomenológico existencial e
dialógica, compreensiva, implicativa, gestaltificativa.
Potencializa a superação das questões da atualidade existencial do cliente, e co-
labora no sentido do desenvolvimento de uma habitualidade da ação na superação das
questões de sua atualidade existencial, e em sua vida.
Co-labora no sentido do desenvolvimento de um modo ativo de sermos.
Vivência de saúde, e promotora de mais saúde.
A PROPEDÊUTICA
A metodológica das condições para a operacionalização desta psicoterapêutica --
que faculte ao cliente a experimentação e a hermenêutica fenomenológico existencial da
atualidade, e atualização, a ação, fenomenológica de sua existência -- é, igualmente,
experimental e hermenêutica; no sentido propriamente de uma propedêutica
fenomenológico existencial e dialógica; compreensiva, implicativa, gestaltificativa.
O campo dialógico que pode se constituir como encontro, a interação
fenomenológico existencial e dialógica, entre terapeuta e cliente dá-se como campo
ontológico, fenomenológico existencial e dialógico. No âmbito dos momentos
paroxísticos de sua interação. Na qual terapeuta e cliente superam suas condições de
sujeitos, e de objetos, nas próprias condições de atores, inter atores. Atualizadores de
possibilidades.
De modo que, na duração da momentaneidade instantânea da vivência
metodológica da interação, não prevalecem as condições da subjetividade (nem
da intersubjetividade, claro...), nem as condições da objetividade.
175
Não prevalecem as condições da realidade, mas as condições (da verdade --
Heidegger) da hermenêutica da dialógica do desdobramento das possibilidades, a ação,
inter ação. O acontecer, diverso do modo de sermos do acontecido, que constitui a
realidade.
Como projeto, projetação, possibilitação, disegno, perspectivação,
gestaltificação -- da dialógica fenomenológico existencial da ação, da atualização.
Fenomenativa, fenomenática, e não prática, fenomenológica. Não causal, não técnica.
Não real. Mas possível.
* Terapêutico.
177
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A ÉTICA POIÉTICA E ESTÉTICA DA GESTALT, E A AÇÃO.
PERFORMANCE, PERFORMAÇÃO, PERFEIÇÃO, FIGURAÇÃO.
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A ÉTICA POIÉTICA E ESTÉTICA DA GESTALT, E A AÇÃO.
PERFORMANCE, PERFORMAÇÃO, PERFEIÇÃO, FIGURAÇÃO.
180
A ação envolve, assim, a afirmação da gestalt, que se dá como
totalidade que se constitui anteriormente à configuração de suas partes. A
ação, portanto, implica na afirmação intuitiva da Gestalt.
A Gestalt é, assim, uma forma que é gestalticamente compreensiva, ao
modo de conhecimento da pré-compreensão. É forma que originária e
fenomenologicamente se constitui como potência, como possibilidade, como
possível; que só se configura, efetivamente figura, com a vivência de sua
afirmação, em seu caráter intuitivo, e com a afirmação de seu efetivo
desdobramento, nos mínimos detalhes de suas partes, e de seu conjunto.
Assim, a partir de seu caráter de potência, de possível, de possibilidade,
de força, a vivência de Gestalt se constitui com o caráter de um projeto, de
uma projetação, de uma emergência, no sentido de seu desdobramento, e
configuração, figuração, de sua totalização.
Num mesmo sentido, de projeto, de projetação, de emergência,
de jorro, que se projeta a partir da força, da potência do possível, da
possibilidade, a Gestalt foi referida como disegno – na arte do Renascimento,
ou como perspectiva, perspectivação – inclusive no sentido Niezscheano, e,
certamente, poderíamos estendê-lo para Outlook, outsight.
Uma postura de afirmação do vivencial – uma postura de afirmação da
vida --, se constitui, basicamente, como uma postura estética, poiética – que
privilegia a vivência pré-reflexiva, e pré-comportamental --, de afirmação da
Gestalt; própria e especificamente, em sua potência, e no caráter projetativo,
de disegno, de perspectivação, de outsight. E em seu caráter intuitivo de uma
totalidade que se anuncia enquanto totalidade pré-compreensiva,
anteriormente à efetiva totalização compreensiva da configuração de suas
partes.
Essas são as condições hermenêuticas da postura gestáltica, são as
condições hermenêuticas da ação. A que em Gestalt Terapia se referiu como
“contato”. As condições da criação, da criatividade, e da superação.
181
INIMPUTABILIDADES DA AÇÃO E DO SENTIDO,
FENOMENAÇÃO, FENOMENOLOGIA. 1.
182
INIMPUTABILIDADES DA AÇÃO E DO SENTIDO,
FENOMENAÇÃO, FENOMENOLOGIA. 1.
Afonso H L da Fonseca, psicólogo.
185
Este sentido de conceituação é, entretanto, secundário. Em particular, em sua
forma de obstinação e de transtorno. Depois que entram a conceituar o teórico e o
filósofo, o moralista.
Mormente como precipitação e o preceito.
187
Mas só à custa de deixar a ontológica da vivência fenomenológica,
fenomenativa, da implicação. Somente à custa de deixar a fenomenológica
fenomenativa do modo de sermos do acontecer, da ação, e do sentido. E de dar-se
sempre como acontecido computável, computativo, putável, imputável, putativo.
188
INTERPRETAÇÃO. COMPREENSÃO E EXPLICAÇÃO
189
INTERPRETAÇÃO. COMPREENSÃO E EXPLICAÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
190
E, pré-reflexiva. Como tal, não se dá no eixo da relação de um sujeito
com objetos.
191
O MODO ÔNTICO DE SERMOS DO ENTE, COMO ZONA DE CONFORTO;
E O PRESENTE COMO AMEAÇA.
Instalação e inexorabilidade da instabilidade da coisa
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O MODO ÔNTICO DE SERMOS DO ENTE, COMO ZONA
DE CONFORTO;
E O PRESENTE COMO AMEAÇA.
Instalação e inexorabilidade da instabilidade da coisa
Afonso Fonseca
193
O certo é que depois, muito depois
apareceu a estrela do mar...
195
De modo que a desestruturação e desintegração da coisa, e do momento do
modo coisa de sermos -- promovidos pela instabilidade, pela necessária precariedade de
sua instalação – são vividos pelo sujeito como desintegração e desestruturação de si
próprio.
É onde precisamos buscar a origem de muitos distúrbios.
Na ontofobia e na hiper-realidade. Na identificação com a coisa e com a
coisidade. Na identificação com uma coisa e com uma coisidade essencialmente
transitórias, e necessariamente ameaçadas, na precariedade transitória de sua instalação.
Coisas há de ciclos muito longos; não há coisas que não ciclem -- entre a sua
instalação e a erosão de sua instalação --, pelas águas das marés do possível.
Sempre se pode remediá-los paliativamente. Não se pode proscrever os ataques
das águas do possível. Inexorável, o possível tragará sempre a postiça segurança da
coisidade.
E identificar-se com a coisa é identificar-se com a angústia, eventualmente com
o pânico, de sua desintegração, mais ou menos lenta.
196
INTERPRETAÇÃO. COMPREENSÃO E EXPLICAÇÃO
197
INTERPRETAÇÃO. COMPREENSÃO E EXPLICAÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
198
E, pré-reflexiva. Como tal, não se dá no eixo da relação de um sujeito
com objetos.
199
COMPREENSÃO E PERCEPÇÃO
200
COMPREENSÃO E PERCEPÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
201
No modo de sermos do ator não existe e não vigora a dicotomia entre
sujeito e objeto.
202
A percepção é uma reificação da compreensão. Uma coisificação, e
destacamento ôntico da coisa de sua matriz ontológica. E uma redução
esquematizante e caricatural.
203
COMPREENSÃO & EXPLICAÇÃO
De Compreesão Implicativa & Explicação Reflexiva, Reflexão Explicativa
204
COMPREENSÃO & EXPLICAÇÃO
De Compreesão Implicativa & Explicação Reflexiva, Reflexão
Explicativa
Afonso Fonseca, psicólogo.
E a explicação é ôntica.
205
implicação (v. abaixo). O ôntico, fora da implicação, em específico, é
explicação.
206
A explicação, e a reflexão são conceituais, e reflexivas.
208
A IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO
209
A IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
210
E o sujeito dobra-se, se flete, sobre o objeto.
211
Para o ontológico, o ôntico, aparentemente, é uma interrupção, um
obstáculo, um empecilho.
Não.
212
De modo que, no seu momento próprio, o retorno da poiese pode dar-se
num outro nível de resolução. Potencializado pela contenção da aporia.
213
CONSCIÊNCIA E VIVÊNCIA
Afonso Fonseca, psicólogo
CONSCIÊNCIA E VIVÊNCIA
214
É necessário evitar a dualidade fisiológica, e a metáfora, consciência x
inconsciência.
VIVÊNCIA
216
O modo ontológico de sermos, a vivência, é pré-reflexivo. Em
específico, porque evolui para a reflexão.
217
de possibilidades. A reificação dos produtos da ação. Caricaturização.
Esquematização. Desnaturação deles.
CONSCIÊNCIA REFLEXIVA
220
Nesta coisificação, surgem as dimensões do sujeito, e do objeto, e sua
dicotomização. O sujeito 'contempla' o objeto. O sujeito é espectador do
objeto...
221
CONHECER
Pré-Compreensão, Compreensão, Intuição
da ação, do episódio existensial.
222
CONHECER
Pré-Compreensão, Compreensão, Intuição
da ação, do episódio existensial.
Não de 'conhecimento'.
Interessante isto...
223
Momento pré-coisa. Pré-conceitual.
Da ordem da implicação.
Existe, assim,
E,
225
(b) uma cognição que é objetiva. O conhecimento, o teorético, o
conceitual.
Que se dá depois do jeto da ação, e da presença, da ação, e da
compreensão.
E é reflexiva.
Dá-se na ôntica condição de coisa de sujeito e do objeto. E de sua
dicotomia.
E formam dominâncias.
226
Lógicos, ontológicos, fenomenológicos, enquanto vivência de sentido,
especificamente, os PLexos, desdobram-se da pré-compreensão à
compreensão, à medida que se constituem. E duram, trasjetivamente, a
duração do jeto da transação, do transcurso, da dramática da ação.
227
Mais original, rico e fluído que o esquematismo e caricaturização do
conhecimento conceitual. Objetivo. Teorético.
228
SOBRE A POTENSIA EXISTENCIAL
A vontade de viver
229
SOBRE A POTENSIA EXISTENCIAL
A vontade de viver
Ontológico, existência.
230
Aqui, utilizamos 'Insistensia' e 'Existensia'...
Nem teóricas, nem práticas -- que poderiam ser --, como tais são,
especificamente,POIéticas. Desdobramento criativo, produtivo.
231
Assim, podemos ser, e somos, criativos de nós próprios, de nossas
condições no mundo. E do próprio mundo.
Resgate das forças de vida. Das forças de uma super abundância. O que
é a alegria...
233
VISITANDO AS QUEBRADAS DO SI MUNDO
Psicologia e Psicoterapia fenomenológico Existensial Dialógica
234
VISITANDO AS QUEBRADAS DO SI MUNDO
Psicologia e Psicoterapia fenomenológico Existensial Dialógica
O si no mundo.
Poooorrrroooteeeee... :-)
Mas tran-jeto.
Coisa, digo... não coisa, que Perls já sabia, quando falava de self.
235
Que Buber já sabia, quando falava de ontológico; de Eu-Tu.
Até se concluir.
236
Aceito, e afirmado, será paulatinamente interpretado,
compreensivamente, como dramática do ser-no-mudo, até poder concluir-se,
dialogicamente, como episódio da dialógica do ser-no-mundo.
237
CURA
238
CURA
Em Psicologia e Psicoterapia Fenomenológico Existensial.
239
transação da ação se converte em coisa, objetiva e subjetiva, usável, e em um
valor pragmático. Pronto para uso. Pelo decaimento de suas forças, no
transcurso da duração da ação.
Mas, paciência...
240
O termo Sorge -- do qual deriva o termo, e
o conceito, de cura fenomenológico existensial -- é um termo escandinavo.
241
INSÓLITA E EFERVESCENTE PERFORMANCE DO POSSÍVEL
242
INSÓLITA E EFERVESCENTE PERFORMANCE DO
POSSÍVEL
Afonso Fonseca, psicólogo.
243
Não fosse a incerteza, ele não seria possível, e eminentemente
experimental.
244
Como modo de fazer, modo de feição -- perfeição --, a vivência da
atualização do possível, através da existenciação, da ação, elabora a forma, no
desdobramento do possível, até os detalhes, e sem soluções de continuidade.
245
O EU E A AÇÃO
246
O EU E A AÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
Fenomenologia do eu.
O eu é putativo.
247
E não ob-jeto, nem sub-jeto. Ob-jeto significa afastamento do jeto.
248
Podemos dizer que na ação, no episódio fenomenológico existencial da
ação, a multiplicidade é inimputável. Não purificável.
249
FENÔMENO, FENOMENOLOGIA
250
FENÔMENO, FENOMENOLOGIA
Afonso Fonseca, psicólogo.
Tudo é pulsativo.
A existência é pulsativa.
O evento musical, ode, tem a sua pros-ode -- a sua prosódia --, nos eventos
aos quais culmina.
253
Não brigaremos com Freud por causa da interpretação.
Já que Freud explica, ele pode ficar para ele com todas as explicações.
E da compreensão.
254
EXISTENCIA & EXISTENCIA
Insistencia e Existensia
255
EXISTENCIA & EXISTENCIA
Insistencia e Existensia
Afonso Fonseca, psicólogo.
Creio que, em suas experimentações, expirações, com jeito objetivo, mas com
tensão fenomenológica, Carl Rogers -- involuntariamente, mas muito seguro
na intuição metodológica -- nos aponta importantes aspectos.
256
A fenomenologia, análoga, é também diádica, e grupal.
Aspecto já entendido na dialógica, de Buber.
E a Insistênsia, tanto individual, como diádica, ou grupal, este um aspecto
metologicamente fundamental, se dá em dois tempos.
Primeiro, sístole fenomenológica, a Insistênsia é sístole e
diástole fenomenológicas.
Assim sendo, podemos dizer que a Insistensia é composta pelos momentos
de Diasistensia e Sistensia;
O episódio da Insistênsia, se compôe de Diasistensia e Sistensia.
Sendo a diasistensia o momento em que, múltiplas e pléxicas, emergem as
possibilidades, competem e argumentam, segundo Brentano, e se
organizam em direção ao jato de sua atualização. A Sistensia.
257
Escritos da Empatia 2/3.
VOCÊ PODE EMPATIZAR COM UMA PEDRA...
258
O GRANDE SEGREDO
259
O GRANDE SEGREDO
-- Não atrapalhando...
A vida muda
A vida muda lentamente
Como a cor dos frutos
A vida muda rapidamente
Como a flor em fruto
Mas quando é tempo
E é tempo todo tempo
Mas não basta um século
Para fazer a pétala
Que um só instante faz
Ou não
Mas a vida muda
261
Escritos da Empatia 1/3.
A EMPATIA É A COMPAIXÃO
262
Escritos da Empatia 1/3.
A EMPATIA É A COMPAIXÃO
Hoje muito se fala de 'empatia', mas pouo se entende dela, e pouco se lhe
pratica.
Ouvi, certa vez, Maureen Miller -- que trabalhou bastante proximamente com
Carl Rogers, e era Irlandesa -- dizer que, perguntado se nada tinha melhorado
na Psicologia, Ronald Laing teria respondido:
Quem conhecesse as idéias de Laing, sabe a importância que ele dava ao que
estava querendo dizer.
263
Só quem entende o que é a cabeça dura, e a disseminação, do objetivismo nos
Estados Unidos, e alhures, pode entender como foi heróica a resistência de
Carl Rogers, na perspectiva da compreensão, nos EUA, e no mundo...
Ainda que não tenha entendido a conexão entre empatia, pathos, copreensão, e
ação. Talvez fosse pedir demais para seu tempo e lugar.
264
Porque, nos episódios fenomenológicos do modo ontológico de sermos, nos
episódios da ação, da existência, não vigoram nem objetos, nem sujeito; não
somos nem objetos, nem sujeitos. O mundo não é nem objeto, nem sujeito.
265
A mera descoberta que, completamente diferente, o outro é similar a nós.
Dialógica da empatia.
266
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Escritos da Empatia 2/3.
VOCÊ PODE EMPATIZAR COM UMA PEDRA...
268
Escritos da Empatia 2/3.
VOCÊ PODE EMPATIZAR COM UMA PEDRA...
Não importa...
Empatia é dialógica.
Buber esclarece que o tu, da transação eu-tu, da dialógica, pode ser um tu da
natureza não humana, um tu da esfera do humano, inter humano; ou um tu da
esfera do sagrado...
Não importa se é uma pedra, uma árvore, ou uma paisagem...
Importa que não seja um objeto, alvo de conhecimento, e de utilidade...
O decisivo é que a inter ação, a ação, seja vivida no âmbito do modo
ontológico de sermos, como ação, inter ação. Que haja confirmação, e
reciprocidade...
Não obstrui a dialógica a condição de que uma pedra é uma pedra. Uma
árvore seja uma árvore, uma paisagem uma paisagem, um cavalo um cavalo,
um cachorro um cachorro.. E de que, como tais, participam da dialógica...
E cabe não esperar que participem da dialógica como gente, se não o são, mas
como o tu que são, e podem ser, em sua condição própria.
No encontro, que é a dialógica, é a alteridade característica, e a diferença do tu
que participam e são compartilhadas como esfera de poiese, e de sentido. Se
eu a confirmo, e sou a ela recíproco. A confirmação e a reciprocidade
requerem uma particular aproximação entre eu e tu, na esfera do entre, que
significa um conhecimento do outro, na poiese de sua criação. Entendida
como empatia.
Na poiética do encontro tudo é ação, tudo é inter ação, tudo compreensão, e
criação. Compartilhadas, como dialógica, e diapoiese, Com um tu que,
enquanto tal, é sempre novo e desconhecido, e de produção compartilhada, em
seus sentidos e possibilidades.
270
Um tu que na ação, na inter ação, não é objeto, na medida em que não somos
sujeito, não é útil nem percebido. Mas, especificamente, compreendido, na
implicação. Inexplicável, enquanto tu.
271
Escritos da Empatia 3/3.
GESTALT E EMPATIA
272
Escritos da Empatia 3/3.
GESTALT E EMPATIA
273
Favorecido, fazemos o restante, como a vivência páthica, a vivência
fenomenológico existensial, a vivência da ação. Desproprositadamente, pré-
reflexiva e pré-conceitualmente, fenomenológico existencialmente, de modo
não pragmaticamente inútil. (Vale dizer, de modo criativo, superativo,
regenerativo...).
274
Deixando pronta a possibilidade da emergência de novos plexos, num novo
episódio fenomenológico existensial da implicação. Da dramática
fenomenológico existensial da ação. Numa nova e sucessiva recorrência do
modo empático, gestaltificativo, de sermos. Recorrência do episódio da
existensia, da ação.
275
276
PRESENTE. O MODO NÃO COISA DE SERMOS
Propedêutica de fenomenologia
277
PRESENTE. O MODO NÃO COISA DE SERMOS
Propedêutica de fenomenologia
O que define o modo coisa de sermos é a ausência das forças criativas que
vivenciamos, que se desdobram como a ação, que são as possibilidades. A
ausência das forças plásticas, que vigoraram no episódio do modo ontológico
de sermos. O modo coisa de sermos é o passado.
278
O presente, o modo ontológico de sermos, é o modo de sermos em que este ser
que vivencia o sentido o vivencia.
Que sentido?
O sentido ontológico. O sentido que este ser que vivencia o sentido vivencia.
O modo Ôntico de sermos é o modo, não só, dos sujeitos e dos objetos, mas o
modo de sermos em que o sujeito é espectador de objetos.
280
MUSCULARIDADE DA EMOÇÃO, DA AÇÃO, DA EXISTÊNCIA
281
MUSCULARIDADE DA EMOÇÃO, DA AÇÃO, DA EXISTÊNCIA
Os Sul Africanos saiam aos montes, aos grupos, nas ruas, cantando e
dançando, o mais seriamente, a sua tristeza, e celebrando Mandela. Os
funerais andavam, com pompa, e líderes mundiais. Os negros corriam pelas
ruas, aos grupos, cantando e dançando...
Que lição deram para a Humanidade, do tanto que os Negros ensinam, e têm
para ensinar!
O povo não fazia por menos, queria ir até o avião. De preferência, carregando
o caixão nas costas...
E a bandinha vai, com seu cortejo, por mais de uma hora insólita de alegria, e
de simplesmente ser feliz. Volta, e encerra-se na frente do Teatro...
A tristeza não é metafísica, não está num coração metafísico. Mas no físico
coração, mesmo; nos músculos, no sangue, nas vísceras... E o coração, os
músculos, o sangue, as vísceras, precisam dizê-lo, precisam interpretá-lo,
numa hermenêutica de sintomas que nem sempre se expressam nos sinais...
284
E toda uma série de dispositivos se desenvolve, para reprimir a muscularidade
da emoção. E as pessoas transformam-se em sarcófagos. Rígidas, e mortas,
por fora; e degenerativas por dentro, no que concerne à emoção.
285
AÇÃO, O FENOMENOLÓGICO EXISTENSIAL -- A COMPREENSÃO
E A MUSCULAÇÃO -- É TRANSAÇÃO, INTENSIONAL,
TRANSTENSIONAL. GESTALTIFICATIVA.
Afonso Fonseca, psicólogo.
286
em que se constituem os dejetos, sub-jeto, sujeito; e ob-jeto. Que já não mais
são vivência do desdobramento de força de possibilidade.
E em que o sujeito contempla o objeto. Se flete sobre o objeto. No modo
acontecido de sermos, modo coisa de sermos.
Flexão que, ocorrendo no modo repetitivo, acontecido, de sermos, só se
repete. Constituindo-se especificamente em re-flexão. O que constitui o modo
teorético de sermos, a teoria.
287
PERTENSIONALIDADE, TRANSTENSIONALIDADE, TRANSJETIVIDADE
288
PERTENSIONALIDADE, TRANSTENSIONALIDADE,
TRANSJETIVIDADE
Afonso Fonseca, psicólogo.
289
O DESENCANTAMENTO E O ENCANTAMENTO DAS COISAS
290
O DESENCANTAMENTO E O ENCANTAMENTO DAS COISAS
Afonso Fonseca, psicólogo.
O encantamento das coisas é que elas podem ser coisas, objetos, reflexão,
conceitos. E podem ser possíveis, sentido, compreensão, poiese, regeneração...
291
O SUJEITO E A AÇÃO
292
O SUJEITO E A AÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
O sujeito, não importa qual seja a sua importância, nada tem a ver com a
ação. Porque o sujeito, e o objeto se constituem fora do modo de sermos da
ação. A ação é ontológica, o sujeito, e objeto, são ônticos.
293
O ator, se inclui na perspectiva da dialógica da ação.
294
O ACONTECER É UM EVENTO, UMA EVENTUALIDADE.
QUEM CONDUZ O EVENTO É O VENTO. DA FORÇA DO POSSÍVEL...
295
O ACONTECER É UM EVENTO, UMA EVENTUALIDADE.
QUEM CONDUZ O EVENTO É O VENTO. DA FORÇA DO
POSSÍVEL...
Forças de quê?
E a ação?
296
Os modernos são simples e bem humorados... Os outros, tão corruptos como
os Italianos corruptos...
298
Na medida em que, ação, desdobramento de possibilidades, intensionalidade,
o eu do eu-tu do evento fenomenológico existensial da dialógica da ação é,
ação, desdobramento de possibilidades. E guarda as característica do modo
ontológico de sermos.
E, lá vou eu
Gesto no movimento...
299
IMPLICAÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, COMPREENSÃO
300
IMPLICAÇÃO, GESTALTIFICAÇÃO, COMPREENSÃO
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
301
significativas, que são as gestalts, são plexos, enquanto totalidades -- de multiplicidades --
organizadas. A raiz Grega para o termo, e conceito, de plexo é plic. Daí o termo e o
conceito de implicação, significando a vivência fenomenológica do processo de formação
de gestalts. De figuração, de formação de figura e fundo. A partir das articulações de
multiplicidades de possibilidades.
A compreensão tem em essência o mesmo sentido que implicação, e que gestaltificação.
Referindo-se, especificamente, ao processo organizado, enquanto totalidades organizadas
significativas, de consciência pré-reflexiva, de figuração, de formação de figura e fundo, de
formação de gestalts, a partir da vivência do desdobramento de um plexo, de uma
multiplicidade organizada, de possibilidades.
Pense em como um grampo, através de sua preensão, organiza e enfeita, embeleza,
inclusive, uma mecha de cabelos. Este é o efeito gestáltico, implicativo, preensivo, com-
preensão, com-preensivo, na organização sucessiva dos plexos, das multiplicidades de
possibilidades, no processo implicativo de formação de figura e fundo, de figuração, de
formação de gestalts, de gestaltificação.
302
COMPREENSÃO E PERCEPÇÃO. 1
303
COMPREENSÃO E PERCEPÇÃO. 1
Como a raiz do termo conceito, a raiz de percepção tem o sentido forte de capturado,
prisioneiro de guerra, capado...
Se assim o são, o conceito e a percepção enquanto tais veem de um território alienígena,
e inimigo. Invasores contumazes de um exército de diabos...
Invasores, sem dúvida. Uma vez que, travestido de instalação coisificativa, o ontológico
em sua dramática constante e continuamente invade a esfera do acontecido. Mesmo à
custa de se coisificar, e de se desatualizar, em acontecido.
Seria um inimigo?
Viria de um território inimigo, e alienígena?
Teria que ser assim? (Dionísio, o estrangeiro do interior?).
É certo que o processo de sua constituição é eivado de incerteza. A percepção e a
conceituação...
Para uma postura que rigidamente encistou-se na (suposta) certeza da coisidade, e do
acontecido, o percepto, o concepto, não enganam, são inimigos que emergidos de terras
alienígenas e ignotas, profanas, a serem capturados e aprisionados. Captados,
capturados, decapitados, como a mão que captura um saco de cunhões, prestes a ser
decepado.
Digo: conceptuado, perceptuado. Apenas...
Mas, para que o escândalo? ...
O prisioneiro em breve estaria inevitavelmente instalado em seu ataúde de coisa.
Desprovido de sua dramática furibunda, de suas nuances e detalhes. Paralítico, rígido,
unificado... Mumificado...
Naturalmente oferecer-se-ia, entregar-se-ia assim, como cap-turado. Como prisioneiro,
como aprisionado. Ao findarem as suas forças...
Tratar-se-ia de se garantir, como morto, e investir contra a vida da possibilidade...
Inevitável e indestrutivelmente refugiada no recôndito da instalação da coisa.
Não vejo como poderia...
Do mesmo modo que não se pode evitar a instalação da dramática possibilidade na
coisidade da coisa, não podemos evitar a ressurgência, a insurgência, a re-volta, como
diria Maffesoli, da possibilidade, ao estalo da instalação da coisa.
Quando a prenhez da coisa pela possibilidade estiver a termo...
... E é tempo todo tempo... Mas não basta um século para fazer a pétala... Que um só
instante faz, ou não... Mas a vida muda...
Estará então prestes e a postos a estética, como parteira...
305
A percepção -- explicativa, a não implicação --, o conhecimento acontecido, característico
da epistemológica ôntica – reflexiva, teorética, conceitual. Putativa. Produzida pela
putação, pela pu(t)rificação, pela decepação, pela castração, capação -- dos elementos da
multiplicidade das possibilidades ontológicas.
Possibilidades estas que apurativamente se afiguram, na momenta-neidade instantânea
da ação, como os sentidos da compreensão, como a própria epistemológica
fenomenológica da implicação ontológica da ação. Para serem a seguir desbastadas,
podada – com o decaimento da ação --, na constituição da instalação coisificativa
característica do modo acontecido de sermos.
Como concepto. Como percepto. Como percepção.
COMPREENSÃO PERCEPÇÃO
ONTOLÓGICA ÔNTICA
FENOMENOLÓGICA INSTALAÇÃO COISIFICATIVA
INSISTENSIAL EXISTENSIAL
INTENSIONAL DISTENSIONAL
DIALÓGICA EU-TU NÃO DIALÓGICA, EU-ISSO
COM-PREENSÃO SEM-PREENSÃO
IMPLICAÇÃO EXPLICAÇÃO
APURIA. APURAÇÃO. INIMPUTÁVEL. INCONTÁVEL. PUTATIVA. PURIA. PURAÇÃO.
IMPU-TÁVEL. CONTÁVEL.
AÇÃO. ATOR INSTALAÇÃO
INSPECTAÇÃO ESPECTAÇÃO
FAZER DIALÓGICO FATO. FEITO.
TEATRO. DRAMÁTICA. SUJEITO. OBJETO.
FATO. FEITO.
GESTALTIFICATIVA GESTALT
Como a raiz do termo conceito, a raiz de percepção tem o sentido forte de capturado,
prisioneiro de guerra, capado...
Se assim o são, o conceito e a percepção enquanto tais veem de um território alienígena,
e inimigo. Invasores contumazes de um exército de diabos...
Invasores, sem dúvida. Uma vez que, travestido de instalação coisificativa, o ontológico
em sua dramática constante e continuamente invade a esfera do acontecido. Mesmo à
custa de se coisificar, e de se desatualizar, em acontecido.
Seria um inimigo?
Viria de um território inimigo, e alienígena?
Teria que ser assim? (Dionísio, o estrangeiro do interior?).
É certo que o processo de sua constituição é eivado de incerteza. A percepção e a
conceituação...
Para uma postura que rigidamente encistou-se na (suposta) certeza da coisidade, e do
acontecido, o percepto, o concepto, não enganam, são inimigos que emergidos de terras
alienígenas e ignotas, profanas, a serem capturados e aprisionados. Captados,
capturados, decapitados, como a mão que captura um saco de cunhões, prestes a ser
decepado.
Digo: conceptuado, perceptuado. Apenas...
Mas, para que o escândalo? ...
O prisioneiro em breve estaria inevitavelmente instalado em seu ataúde de coisa.
Desprovido de sua dramática furibunda, de suas nuances e detalhes. Paralítico, rígido,
unificado... Mumificado...
Naturalmente oferecer-se-ia, entregar-se-ia assim, como cap-turado. Como prisioneiro,
como aprisionado. Ao findarem as suas forças...
Tratar-se-ia de se garantir, como morto, e investir contra a vida da possibilidade...
Inevitável e indestrutivelmente refugiada no recôndito da instalação da coisa.
Não vejo como poderia...
306
Do mesmo modo que não se pode evitar a instalação da dramática possibilidade na
coisidade da coisa, não podemos evitar a ressurgência, a insurgência, a re-volta, como
diria Maffesoli, da possibilidade, ao estalo da instalação da coisa.
Quando a prenhez da coisa pela possibilidade estiver a termo...
... E é tempo todo tempo... Mas não basta um século para fazer a pétala... Que um só
instante faz, ou não... Mas a vida muda...
Estará então prestes e a postos a estética, como parteira...
BIBLIOGRAFIA
BUBER, Martin Eu e Tu
GOULART, Ferreira Dentro da Noite Veloz.
HEIDEGGER, Martin Ser e Tempo.
HOUAISS, Antonio Dicionário Eletrônico Houaiss.
MAFFESOLI, Michel A Conquista do Presente.
307
PRETENSÃO, SUBJETIVAÇÃO, HISTERIA.
Formas malogradas das existensia
308
PRETENSÃO, SUBJETIVAÇÃO, HISTERIA.
Formas malogradas das existensia
Afonso Fonseca, psicólogo.
Ação, a existênsia é caracterizada pela tensão de seu vir a ser. Pelo seu caráter de ex-
pressão, como desdobramento e expressão de forças, as possibilidades. Pela tensão,
implicativa e compreensiva, da compreensão e da ação muscular. Pela sua ex-pressão
dos seres formados, gestaltificados, para a mundaneidade.
Por isso o tencia, tensia, de tensão, na sua designação.
Constituindo-as como da ordem da ex-pressãao,, da ex-pulsão, da ex-tensão, da ex-teriorização.
O sucesso da ação, do episódio fenomenológico existencial, da existensia, da ação, exige, mais do
que a sua expressão, que é ontológica, a sua exteriorização, fundada na força das possibilidades,
nesta pressão expressiva das possibilidades.
É fundamental a vivência de seu projeto gestaltificativvoo, e a sua pefeeição, o seu perfazimento, na
vagância de seu fazimento, perfazimento, fenomenológico.
Isto implica a sincronia da dialógica, eem que eu e possibilidade perfazemos a unidade
gestaltificativa da formação, da constituição dos objetos, dejetos, da aqção, na vivência de sua
transjetividade instantaneamente momentânea.
De btrês formas pode malograr a ação, o episódio fenomenológico da existensia:
a) Como prtenwão: 2quando a possibilidade é desdobrada antes da constituição de seu efetivo
desdobra,mento, numa tentativa de atualização precoce;
b) Como histeria. Quando o episódio da ação apenas simula a ação, na ausência da poiese de um
efetiva ddialógica. Como na tentativa de que ecloda um ovo na ausência de fecundação;
c) E no desconhecimento da vivência da transjjetividade. Confundido-se a viv^3encia deste modo de
sermos da ação, do episódio fenomenológico existencial, com a ssubjetividade, ou com a
objetividade.
O caráter ótimo da vivência da ação, do episódio , preessupõe a vivência da dialógica poiética da
ação, vivência efetiva da dialógica da poiese da implicação compreensiva de suas possibilidades, a
sincronia da a sinestesia das possibilidades.
Não adianta nem o antes nem o depois da transjetividade da momentaneidade da ação, na atualização
de suas possibilidades. E, principalmente, a atualidade e a presença destas possibilidades eem
ação,no transjetivo modo de sermos ontológico da ação, da existência.
Como se dá na pretensão, na histeria, e na subjetivação ou na objeetivação da ação.
Já que a ação não é uma questão, não se dá, no modo de sermos da objetividade ou da subjetividade.
Mas, no modo de sermos da transjetividade. Que se constitui como dramática ao longo do fluxo da
vivência do jeto implicativo, e compreensivo, do desdobramento, atualização e presença, das
possibilidades da ação, em seu desdobramento.
309
A AÇÃO NÃO É SÓ AÇÃO MUSCULAR.
COMPPREENSÃO TAMBÉM É LEGITIMAMENTE AÇÃO
NA MUSCULAÇÃO, A COMPREENSÃO TAMBÉM É MUSCULAR
Restou como aspecto negativo de Freud uma idéia de que o psíquico é só o mental. O
corpo seria uma instância heterogênea, não raro alienígena. Fantasmática.
Reich trouxe o corpo para a psicologia e para a psicoterapia, de um modo enfático. Não
importa quais sejam os seus equívocos, é seu este mérito.
Podemos dizer que Fritz e Laura Perls são mais um degrau nesta trajetória ascendente em
direção à integração do corpo.
Com motivos, enfatizaríamos a Laura Perls neste sentido.
Trabalhando com expressão corporal, Laura tinha uma intuição profunda da integração da
consciência-corpo. E muitas vezes indicou para a Gestalt o caminho do corpo, pelo
caminho da arte. Uma via diferente do holismo científico de Kurt Goldstein.
Mas não podemos ignorar as fortes intuições de Fritz Perls em direção ao corpo. Primeiro,
mas sem ordem de precedência, por influência do próprio Reich. Influência pessoal e das
idéias. Nessa ordem da terapia, as influências das metodologias terapêuticas de Ida
Hoffmann. E, evidentemente, do próprio Goldstein.
Dentre estas influências, sobressai a influência da expressão corporal no teatro
expressionista, a experiência da expressão corporal do Expressionismo sobre Fritz Perls.
A própria importância do corpo para a expressão na expressividade expressionista.
Há um nexo não explicitado, em termos desta integração do corpo, que envolve a
Fenomenologia, os teóricos da Gestalt, teoria da Gestalt, Kurt Goldstein, W. Dilthey, Max
Wertheimer, Brentano, Expressionismo – porque não colocar a Max Reinhardt? –Fritz
Perls...
Não sei se um nexo não explicitado, não sei se um nexo que eu não atino. Não seis se um
nexo que eles não atinavam. Mas que intuíam.
O expressionismo vai muito longe em experimentar, e explorar, teatralmente esta
integração organísmica de compreensão e muscularidade.
De que Kurt Goldstein vai se aproximar, pela via de sua Neurologia Organísmica.
Certamente temos que trazer a Brentano, sua Fenomenologia. Principalmente em termos
de sua compreensão da ação, sua compreensão de que a ação não é comportamento. E
de que o sujeito não é o ator...
E Martin Buber e sua abordagem da dialógica...
Fato é que a vivência da ação é a dimensão de nossa ontologia em que participam
cognição e muscularidade. Porque, em específico, a ação é compreensão e
muscularidade.
Compreensão e musculação são vivência da atualização de possibilidades.
Têm, assim, todas as características da ação.
A compreensão e a musculação são, enquanto atualização de possibilidades, moção,
emoção, cognição, criação e superação. São estéticas e poiéticas. São pré-reflexivas e
pré-conceituais, não pragmáticas, não reais...
A ação é pré-reflexiva. Mas, não existe ação, efetivamente, sem cognição: ação como
cognição pré-reflexiva. Que é a compreensão.
E não existe ação sem a dimensão da muscularidade da ação. Sem a musculação.
Compreensão e musculação, pre-reflexivas, a ação é apresentação.
E não representação (re-apresentação).
De modo que, na fenomenologia da ação, na ontologia da ação, no episodio
fenomenológico existencial da ação, cognição e muscularidade, compreensão e
musculação são intrínsecas dimensões, que se dão necessariamente.
310
A compreensão -- própria e especificamente no âmbito da implicação – é própria à ação.
Dá-se no modo de - sermos do pathos da sensibilidade emocionada. A compreensão
impregna-se da emoção. E, sobretudo, é diversa da percepção.
Que é conceitual. E reveste-se das características do modo coisa de sermos. Apartando-
se do ontológico modo de sermos do fazer.
Como um resíduo freudiano, ainda que nas abordagens fenomenológico existenciais,
mesmo quando fenomenológicamente inspiradas, efetivamente, resta o resíduo de que as
resoluções seriam mentais. Que se dariam ao nível psicológico da compreensão, em seu
aspecto cognitivo.
Compreendeu, em particular, compreendeu o que eu quero, tá bom...
Não. As resoluções dão-se ao nível da ação.
E a ontológica fenomenológica da ação é inspectativa, cognitiva e muscular.
Compreensiva e musculativa. Na sinestesiologia da fenomeno ontológica da ação.
A compreensão não é subjetiva. E não se dá isoladamente, mas improvisativamente
acompanha pari passum todos os momentos do desdobramento do episódio
fenomenológico existencial da ação.
Mas é necessário entender, substancialmente, o caráter pre-reflexivo e pre-conceitual da
ação. O caráter pre-reflexivo e pré-conceitual específico da compreensão e da
musculação, como dimensões da ação.
Mais simples, talvez, o caráter de prereflexividade da ação significa que ela se dá no modo
de sermos do fazer, do acontecer. E não do fato.
Que é o modo de sermos do ator, e não o modo de sermos do sujeito. E do objeto.
Em seu caráter pré-conceitual, a vivência da ação se constitui a partir de uma vivência de
multiplicidade de possibilidades. Multiplicidade esta que, na vivência do episódio da ação,
se organiza, pela implicação, pela gestaltificação, em linhas de ação.
No seu desdobramento, a ação, o fazer, transita do modo ontológico para o modo ôntico
de sermos; do fazermos para o fato, o feito. Da ação para o teorético. Com a tendência à
redução de sua multiplicidade à unidade do conceito.
E isto significa a passagem, no episódio existencial, do modo pré-conceitual ao modo
conceitual de sermos. A par da transição do modo pré-reflexivo ao modo reflexivo de
sermos...
Na duração do episódio fenomenológico existencial da ação, todavia, a compreensão e a
musculação dão-se de modo pre-reflexivo e pré-conceitual.
Compreensão e musculação pré-reflexivas e pré-conceituais.
Compreensão que, além de cognitiva, é, também, muscular.
A musculação, além de especificamente muscular, é propriamente cognitiva.
Compreensiva.
A musculação é compreensiva, a compreensão é musculativa.
Compreensão e musculação são dimensões da ação.
A ação, a fenomenologia ontológica da ação, é compreensiva e musculativa.
311
CONCEITUAÇÃO.
O TEMPO, O CONCEITO, E O PRECONCEITO.
O conceito e o Tempo.
312
CONCEITUAÇÃO.
O TEMPO, O CONCEITO, E O PRECONCEITO.
O conceito e o Tempo.
Afonso H L da Fonseca, psicólogo.
INTRODUÇÃO 1
CONCLUSÃO 2
TEMPORALIDADE E CONCEITUAÇÃO. E O TEMPO CRÔNICO DO CONCEITO 3
DECAPITAÇÃO, DECEPAÇÃO, CONCEITUAL. E CONCEITO. 4
DESTEMPÊRO. O TEMPO DA MISTURA, E A EXPLICATIVA COMPORTAMENTAL DO
PRECONCEITO. PRECARIZAÇÃO DA ONTOLÓGICA INSISTENCIAL, DA
EPISTEMOLÓGICA COMPREENSIVA DA IMPLICAÇÃO. ... E DA EXPLICATIVA. 6
INTRODUÇÃO 8
CONCLUSÃO 8
INTRODUÇÃO
É interessante considerar que, em específico, o conceito é coisa, acon-tecido. Um tipo de
excrescência, excretude, concrescência, concretude, expli-cativa, da duração da
momentaneidade instantânea de episódio da implicação. Explicação.
A conceituação, ao contrário, que o precede, é vivência fenomenológico insistensial de
ação.
Fenomenodialógica, pré-coisa, atualidade e presença. É acontecer. A conceituação é
ontológica, ação, implicação. Fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva,
implicativa, gestaltificativa.
O conceito é ôntico, ente, objeto, explicação. Que não é presença nem atualidade.
E é interessante considerar as próprias e específicas condições e carac-terísticas que
disto derivam.
CONCLUSÃO
O conceito, em suas características de acontecido, própria e especifica-mente deriva da
conceituação.
A conceituação é vivência do acontecer fenomenodialógico da ação.
A ontológica e a epistemológica do conceito demandam uma dedicação própria às
características interpretativas, hermenêuticas -- no sentido fenome-nológico compreensivo
--, da ontológica fenomenológica da conceituação, da ontológica da ação. Nietzsche diria,
a temporalidade da Filologia . O que permite a boa qualidade, não só da vivência
ontológica ativa, fenomenológico insistensial, epistemológica, epistemogênica,
epistemocoativa, assim hermenêutica -- o próprio processo da hermenêutica,
compreensiva e implicativa, formativa, da unidade, da clareza, da objetividade do conceito.
Como toda vivência ontológica, fenomenológica, como vivência do des-dobramento de
possibilidades, ação, a vivência da conceituação é um pulsar, que se desdobra em
começo, meio e fim. Concluindo-se num anticlímax. Em que as forças múltiplas, e
compreensivas, da implicação da ação apuram-se dramática e compreensivamente -- na
formação do que vão ser as grandes linhas da abstração conceitual. Constituída a
abstração conceitual, a seguir definham e fenecem. Restando, enquanto experiência da
abstração conceitual, apenas os grandes eixos da formação apuriativa da conceituação. A
unidade, a clareza ônticas do conceito.
Isto significa que a apuração conceitual implicativa, a apuração formati-va, e hermenêutica,
do conceito é, enquanto vivência ontológica, a vivência dialógica de uma temporalidade
própria e específica, a temporalidade da mo-mentaneidade instantânea da ação, em suas
características e condições parti-culares.
313
Que envolvem o momento da emergência de uma multiplicidade de for-ças, na implicação,
a apuração delas, num processamento ontológico de com-petições e argumentações, e a
constituição dos eixos predominantes da abs-tração conceitual.
Coisificando-se e fenecendo as demais forças, em seus vários níveis, da implicação
conceituativa, em seguida à constituição dos eixos principais desta abstração conceitual.
Em suas características ontológicas -- fenomenológico insistensiais e di-alógicas,
compreensivas, implicativas, gestaltificativa --, a vivência da tempora-lidade da ação, da
implicação, da conceituação, é: pré-reflexiva, é não causal, desproposital, é inútil, não
pragmática, e irreal.
Diversa e heterogênea com relação às características do modo aconte-cido de sermos.
Modo acontecido de sermos do conceito, da abstração concei-tual.
Que é ôntico, explicativo (não implicativo), reflexivo, causal, útil, pragmá-tico, e real...
A vivência própria da ontológica da temporalidade da conceituação de-manda uma
dedicação a suas características próprias, em particular a esta sua temporalização. Que
envolve o surgimento e o desdobramento da multiplicida-de de forças da implicação, a sua
apuração, enquanto ação compreensiva; e a constituição do conceito, explicativo. Com a
decapitação, pelo decaimento, da maior parte das forças que apuraram para a constituição
dos eixos principais da abstração conceitual. Do conceito.
Este processo fenomenológico hermenêutico, em suas características próprias, constitui
um todo, com começo, meio, e fim... Levando, da vivência do ontológico, à experiência
ôntica; da vivência da compreensão, e da implicação, à experiência da explicação; da
atualidade da presença do acontecer, à coisi-dade do acontecido. Da conceituação, ao
conceito.
A duração da instantaneidade momentânea do modo ontológico de ser-mos pode ser
invadida e interrompida disruptivamente pelas características do modo acontecido de
sermos. Na forma do comportamento proposital e delibe-rado. Invasão esta que precipita o
processo da vivência ontológica, precipitan-do disruptivamente o processo da
conceituação.
Resultando num conceito pobre, aquém de suas possibilidades. Ou no puro e simples
preconceito.
Na conceituação, a epistemologia ontológica compreensiva e implicativa, fenomenológico
insistensial e dialógica; e, efetivamente, a própria epistemologia explicativa dependem de
um respeito à, e uma dedicação à, um usufruto, da duração da momentaneidade
instantânea da temporalidade da vivência ontológica. Fenomenológico insistensial e
dialógica, compreensiva, implicativa, gestaltificativa.
Sob o risco do empobrecimento substancial do conceito. Ou de operar na mera produção,
e operação, do preconceito.
Operado, equívoca ou oportunisticamente, pela precipitação explicativa da implicação.
TEMPORALIDADE E CONCEITUAÇÃO. E O TEMPO CRÔNICO DO CONCEITO
Fundamentalmente, medeia uma questão de tempo entre a vivência da conceituação, e o
conceito,
Própria e especificamente, a questão da duração da vivência da tempo-ralidade ontológica
da ação. Implicação.
Já que, ontológica, a conceituação, especificamente, é a vivência da ação. A vivência
ontológica de sua temporalidade, como ação, implicação. Fe-nomenológica insistensial, e
dialógica, compreensiva, implicativa, gestaltificati-va.
E, ainda enquanto tal, a culminância da momentaneidade instantânea do episódio de seu
pulsar, sua necessária culminância, portanto – a culminância da conceituação -, no modo
acontecido de sermos. Própria e especificamente, explicativo. A sua culminância no
decurso inerte do tempo cronificada do conceito; na sua própria instalação, enquanto
coisa. A coisa conceito.
Que assim prevalece, até o momento estético da estalação de sua insta-lação, pela
poiética de seu eterno retorno ao possível. Uma vez mais, o retorno da vivência da ação.
314
Ontológica, a vivência da conceituação é, propriamente, a vivência da duração da
temporalidade fenomenodialógica da ação, da implicação. O que quer dizer, a vivência
propriamente da temporalidade própria do desdobramen-to do possível, do desdobramento
de forças plásticas, criativas, as possibilida-des, enquanto a instantaneidade momentânea
da ação. A vivência da herme-nêutica, a hermenêutica da vivência da ação.
Fenomenológico insistencial e dialógica, compreensiva, implicativa, gestaltificativa. Ou
seja, especificamente pré-reflexiva, não causal, desproposital, inútil, irreal. Ainda que
moção, comoção insistensial, emoção, cognição fenomenológica, fenomenativa; criação,
superação, e regeneração –, não obstante.
Coisa, instalação da coisa, a experiência do conceito é a experiência do acontecido.
Efetivamente, enquanto tal, o conceito é atemporal, atemporativo, a atemporalidade.
No sentido de que o seu tempo é o tempo inerte, a inércia, da coisa. O tempo crônico, o
tempo cronificado do acontecido, do passado...
Distinção de tempo e atemporalidade, medeia entre a possibilidade da conceituação e a
realidade do conceito a hermenêutica temporalidade feno-menativa da ação, da
implicação. Até a culminância e anti clímax da culminân-cia de sua duração, no modo de
sermos, em específico, que não é implicação: no modo de sermos da explicação.
Assim sendo, a unidade, a clareza e a distinção apolíneas do conceito; a unidade, a
clareza e a distinção apolíneas do conceitual, só resultam efetivas enquanto tais, depois
que, chegando à explicação, fenecem as potências múltiplas da temporalidade da
implicação. No transcurso fenomenológico da ação, da implicação. Da conceituação.
Apuração hermenêutica, própria e inerente à duração da vivência da temporalidade
múltipla e potente das forças ativas, criativas, formativas, da im-plicação.
Que, fatalmente, direcionam-se, decadentemente, na momentaneidade instantânea da
ação, de seu pulsar, em direção ao fato, ao acontecido. À factu-alidade, do conceito. Em
toda a sua unidade, clareza, e distinção apolíneas. Conceituais.
Ao se exaurirem, assim, as forças múltiplas da ação, da implicação, na vivência da
conceituação, elas se coisificam, no conceito.
DECAPITAÇÃO, DECEPAÇÃO, CONCEITUAL. E CONCEITO.
Desculpe esta primeira metáfora, mas é análogo a uma lepra seca. Na qual os dedos, os
membros, vão se desvitalizando, fenecendo, morrendo; até caírem...
Ou como o belo e colorido molde em plástico da árvore vascular de um órgão.
Depois do órgão morto, e retirado todo o tecido orgânico vital.
Analogamente, assim é a constituição do conceito, como resultante do decaimento das
múltiplas forças da implicação, na vivência da duração do epi-sódio de seu pulsar, na
duração do epsódio da ação... Na vivência da duração da temporalidade conceituação. E
de constituição da coisa, o conceito coisa, a coisa conceito, em sua instalação.
Maravilhoso objeto de estudo, o molde em plástico... Para a Anatomia Patológica...
E quão diverso da maravilha do órgão vivo, e funcional. Com a atividade de todos os seus
vasos vivos, até à micro capilaridade dos espaços do tecido intersticiais.
Analogamente, só que muito mais ricas e ativas, assim é a multiplicida-de, e a
multiplicação, de forças criativas da vivência da duração da momenta-neidade instantânea
da ação, da implicação, da conceituação. Com seus ele-mentos múltiplos
multitudinariamente interagindo, apurativamente, na constituição da dramática
fenomenodialógica da ação, da implicação.
Como o ciclo diário do sol, no seu momento de intensidade máxima, o pulso da reiteração
do episódio da momentaneidade instantânea da ação é sucedido por um declínio. E, ao
declinarem, decaem, e fenecem, as forças que, como implicação, constituíram-se como a
ação – compreensiva, e musculativa. Na conceituação, em particular.
Resta o que, analogamente, seria o molde de plástico da árvore vascu-lar. Com seus
vasos e sua rede vascular plastificados, acontecidos, mortos. Prestes a preciptarem-se
numa inexorável decapitação e decepação.
Até que, decapitados, só restem, tétricos, devidamente enrijecidos, unifi-cados e claros,
conspícuos, os seus eixos principais.
315
Na analogia, os eixos principais restantes são os conceitos. Em sua uni-dade e clareza
individual – desabilitados e desprovidos da multiplicidade da implicação. Efetivamente
mortos, acontecidos, tétricos em sua rigidez.
Mas este é, apenas, o momento da instalação conceitual, da instalação da coisa, da
instalação desta coisa que é o conceito.
Instalação que permanece -- não como duração, mas como inércia --, até o momento em
que a estética estala a instalação da possibilidade na coisa conceito, no conceito coisa. E
este retorne, por seu turno, à abertura da mo-mentaneidade instantânea da vivencia do
desdobramento da possibilidade. De modo que, mais uma vez possível, ele retorne
revoltosamente à ação, conceituação. À Implicação.
Inexorável, a conceituação, como toda ação, direciona-se e conclui-se, em seu
decaimento, na precipitação, a ciptação, da decapitação, conceitual.
A toda conceituação -- ontológica, fenomenológica existencial e dialógi-ca, compreensiva,
implicativa, gestaltificativa -- segue-se a constituição ôntica do conceito – acontecido,
desistencial, não dialógico, em sua inércia e cronici-dade dura de coisa, explicativo... Para
isto, um decaimento e fenecimento da multiplicidade de suas forças implicativas, e a
decapitação, a decepção, do que não forem os seus eixos principais. Acontecidos,
coisificados.
Não há, então, porque temer. Como prometido, a conceituação, inexorá-vel e irreversível,
no conceito resulta.
Não obstante, cumpre considerar que, como ação, ontológica, em es-pecfico, a
conceituação, implicação, é a vivência fenomenológica, dedicada e hermenêutica, de uma
temporalidade própria. Ontológica, e epistemologica-mente, cumpre a consideração, e a
dedicação, à temporalidade própria à onto-lógica da conceituação.
Pré-reflexiva, não causal, desproposital, inútil, irreal...
Mas moção insistencial, ação, emoção, cognição, criação, superação, motivação,
regeneração...
Na sua culminância de desdobramento da instantaneidade momentânea da duração desta
temporalidade, dá-se a decapitação natural da multiplicidade de forças ativas... No seu
anticlímax, a conceituação entrega-se ao conceito... Ao conceito, bem fornido, e bem
constituído...
Natural...
DESTEMPÊRO. O TEMPO DA MISTURA, E A EXPLICATIVA COM-PORTAMENTAL DO
PRECONCEITO.
PRECARIZAÇÃO DA ONTOLÓGICA INSISTENCIAL, DA EPISTEMOLÓGICA
COMPREENSIVA DA IMPLICAÇÃO. ... E DA EPISTEMOLÓGICA
EXPLICATIVA.
Má epistemologia, entretanto, precária epistemologia, é não se dar à de-dicação própria, à
vivência da duração da temporalidade ontológico da ação, implicação. Da conceituação.
Desqualificando-se este tempo. Pela imposição, e impostura, do preconceito. Ou
desqualificando-se a vivência da duração des-ta temporalidade da conceituação, pela
precipitação...
A cipitação é a culminância natural da vivência da duração da conceituação, que resulta no
conceito. Ontológica, como ação, implicação, a conceituação -- a decepação dos
elementos da árvore multitudinária de forças da vivencia da implicação, depois que elas
decaem, e fenecem, na sua atualização -- é a sua natural, e desproposital, culminância.
Processo no qual desvelam o conceito, como acontecido, em sua unidade, clareza e
pureza apolíneas.
A precipitação pode invadir, como cipitação prematura -- deliberada, re-flexiva, causativa,
utilitária, realista --, o modo desproposital de sermos da ação, da implicação, da
conceituação. E determinar um prematuro corte, precipitado, precipitante, da multiplicidade
de forças da implicação – processo este que naturalmente se daria, em sua efetividade
ontológica, na culminância da vivência da natural duração pré-reflexiva da conceituação.
316
Preciptado, precipita desta forma, o conceito, por uma prematura decapitação,
precipitação, da implicação. Da ação. Da ação da conceituação...
Precipitado, prematuro, o corte da implicação determina uma pré-conceituação.
A constituição de um conceito pobre, aquém de suas possibilidades.
Ou a mera intromissão de um preconceito. Um conceito predeterminado, precário e
fraudulento. Resultante do prejuízo, da prejudicação, da vivência própria da ontológica e
da epistemológica da ação, da implicação. Da conceitu-ação. E da intromissão fraudulenta
de um conceito prévio.
Assim, o conceito pobre ou deliberadamente empobrecido, e a intromis-são são as
consequências da precipitação da momentaneidade instantânea da implicação, na
conceituação.
Como ocorre com o termo precipitação, são dois os sentidos do termo preconceito.
Precipitado é todo o vigor da vivência pré-reflexiva, anterior ao decai-mento, e ao
fenecimento, das forças ativas, criativas, da ação, da implicação. No caso, da
conceituação. A cipitação dá-se naturalmente, a seguir, a decapi-tação, dos membros do
esqueleto das forças decaídas e desnaturadas, feneci-das, da implicação. Toda a vivência
anterior a cipitação é pré-ciptação. Plena-mente vigorosa, e não pré-matura.
Não obstante, preciptado é o corte prematuro destas mesmas forças, ainda ativas. E que
naturalmente resulta não no conceito, em sua instalação de coisa. Mas na coisa
preconcebida que é o preconceito.
Este preconceito, preconceitual, é anterior à natural constituição, com-preensiva, e
implicativa, do conceito. É o preconceito.
Mas todo o vigor da vivência implicativa intensional da duração da tem-poralidade da ação,
da implicação, da paulatina apuração do sentido -- promo-vida pela interação das forças
múltiplas da implicação, anteriormente à natural decapitação, que sucede ao seu
decaimento e fenecimento --, é prévia, e pre-para, na conceituação, o conceito. É pré-
conceitual, e assim prepara. o concei-to. Preconceitual no sentido de que é anterior e
prepara o conceito. Toda a vi-vência da ação, da implicação, na instantaneidade
momentânea de sua dura-ção, especificamente é preconceitual. Naturalmente resulta no
conceito. Mas não em sua precipitação...
Toda a vivência da conceituação é especificamente, assim, pré concei-tual. Na medida em
que é o processo anterior à constituição do conceito, e o prepara, e o gera, e determina.
Mas o termo pré-conceito também remete ao conceito pré-maturo, ima-turo, o preconceito.
Determinado pela inconclusa vivência da conceituação, e sua precipitação conceitual, a
precipitação de sua cipitação. Resultando na tosca elaboração, e empobrecimento do
conceito, em sua constituição, em sua conceituação. E dando espaço -- não para a ativa,
implicativa, constituição fe-nomenológica do conceito --, mas para a específica imposição
do preconceito. Quer seja pela pobreza conceitual resultante. Quer seja pela imposição
fraudu-lenta de um conceito prévio. Com o intuito de interromper a efetiva conceitua-ção.
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
É interessante considerar que, em específico, o conceito é coisa, acon-tecido. Um tipo de
excrescência, excretude, concrescência, concretude, expli-cativa, da duração da
momentaneidade instantânea de episódio da implicação. Explicação.
A conceituação, ao contrário, que o precede, é vivência fenomenológico insistensial de
ação.
Fenomenodialógica, pré-coisa, atualidade e presença. É acontecer. A conceituação é
ontológica, ação, implicação. Fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva,
implicativa, gestaltificativa.
O conceito é ôntico, ente, objeto, explicação. Que não é presença nem atualidade.
E é interessante considerar as próprias e específicas condições e carac-terísticas que
disto derivam.
CONCLUSÃO
317
O conceito, em suas características de acontecido, própria e especifica-mente deriva da
conceituação.
A conceituação é vivência do acontecer fenomenodialógico da ação.
A ontológica e a epistemológica do conceito demandam uma dedicação própria às
características interpretativas, hermenêuticas -- no sentido fenome-nológico compreensivo
--, da ontológica fenomenológica da conceituação, da ontológica da ação. Nietzsche diria,
a temporalidade da Filologia . O que permite a boa qualidade, não só da vivência
ontológica ativa, fenomenológico insistensial, epistemológica, epistemogênica,
epistemocoativa, assim hermenêutica -- o próprio processo da hermenêutica,
compreensiva e implicativa, formativa, da unidade, da clareza, da objetividade do conceito.
Como toda vivência ontológica, fenomenológica, como vivência do des-dobramento de
possibilidades, ação, a vivência da conceituação é um pulsar, que se desdobra em
começo, meio e fim. Concluindo-se num anticlímax. Em que as forças múltiplas, e
compreensivas, da implicação da ação apuram-se dramática e compreensivamente -- na
formação do que vão ser as grandes linhas da abstração conceitual. Constituída a
abstração conceitual, a seguir definham e fenecem. Restando, enquanto experiência da
abstração conceitual, apenas os grandes eixos da formação apuriativa da conceituação. A
unidade, a clareza ônticas do conceito.
Isto significa que a apuração conceitual implicativa, a apuração formati-va, e hermenêutica,
do conceito é, enquanto vivência ontológica, a vivência dialógica de uma temporalidade
própria e específica, a temporalidade da mo-mentaneidade instantânea da ação, em suas
características e condições parti-culares.
Que envolvem o momento da emergência de uma multiplicidade de for-ças, na implicação,
a apuração delas, num processamento ontológico de com-petições e argumentações, e a
constituição dos eixos predominantes da abs-tração conceitual.
Coisificando-se e fenecendo as demais forças, em seus vários níveis, da implicação
conceituativa, em seguida à constituição dos eixos principais desta abstração conceitual.
Em suas características ontológicas -- fenomenológico insistensiais e di-alógicas,
compreensivas, implicativas, gestaltificativa --, a vivência da tempora-lidade da ação, da
implicação, da conceituação, é: pré-reflexiva, é não causal, desproposital, é inútil, não
pragmática, e irreal.
Diversa e heterogênea com relação às características do modo aconte-cido de sermos.
Modo acontecido de sermos do conceito, da abstração concei-tual.
Que é ôntico, explicativo (não implicativo), reflexivo, causal, útil, pragmá-tico, e real...
A vivência própria da ontológica da temporalidade da conceituação de-manda uma
dedicação a suas características próprias, em particular a esta sua temporalização. Que
envolve o surgimento e o desdobramento da multiplicida-de de forças da implicação, a sua
apuração, enquanto ação compreensiva; e a constituição do conceito, explicativo. Com a
decapitação, pelo decaimento, da maior parte das forças que apuraram para a constituição
dos eixos principais da abstração conceitual. Do conceito.
Este processo fenomenológico hermenêutico, em suas características próprias, constitui
um todo, com começo, meio, e fim... Levando, da vivência do ontológico, à experiência
ôntica; da vivência da compreensão, e da implicação, à experiência da explicação; da
atualidade da presença do acontecer, à coisi-dade do acontecido. Da conceituação, ao
conceito.
A duração da instantaneidade momentânea do modo ontológico de ser-mos pode ser
invadida e interrompida disruptivamente pelas características do modo acontecido de
sermos. Na forma do comportamento proposital e delibe-rado. Invasão esta que precipita o
processo da vivência ontológica, precipitan-do disruptivamente o processo da
conceituação.
Resultando num conceito pobre, aquém de suas possibilidades. Ou no puro e simples
preconceito.
Na conceituação, a epistemologia ontológica compreensiva e implicativa, fenomenológico
insistensial e dialógica; e, efetivamente, a própria epistemologia explicativa dependem de
um respeito à, e uma dedicação à, um usufruto, da duração da momentaneidade
318
instantânea da temporalidade da vivência ontológica. Fenomenológico insistensial e
dialógica, compreensiva, implicativa, gestaltificativa.
Sob o risco do empobrecimento substancial do conceito. Ou de operar na mera produção,
e operação, do preconceito.
Operado, equívoca ou oportunisticamente, pela precipitação explicativa da implicação.
BIBLIOGRAFIA
ALBETAZZI, Lilian The School of Franz Brentano.
BUBER, Martin Eu e Tu.
HEIDEGGER, Martin Ser e Tempo.
PIMENTA, Silvia Crítica do Conceito de Consciência na Filosofia de Nietzsche. Relume-
Dumará.
319
TOLERÂNCIA
320
TOLERÂNCIA
Afonso Fonseca, psicólogo.
322
OBJETIVO, SUBJETIVO, TRANSJETIVO
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OBJETIVO, SUBJETIVO, TRANSJETIVO
Afonso Fonseca, psicólogo.
325
EXPERIMENTAÇÃO FENOMENOLÓGICA E PERÍCIA
326
EXPERIMENTAÇÃO FENOMENOLÓGICA E PERÍCIA
Afonso Fonseca, psicólogo.
327
Recebida, enfim, a inspiração, Kame fabricou o incensário. Uma vez concluído, colocou-o
sobre uma mesa, olhando-o longa e detidamente. Fumou e bebeu diante dele como se se
tratasse de um companheiro de conversa. Passou todo o dia a observá-lo.
Fê-lo por fim em pedaços com um martelo.
Não era a criação perfeita que sua mente havia imaginado."
328
O CORRPO COMO OBJETO
329
O CORRPO COMO OBJETO
Afonso Fonseca, psicólogo.
Como a existência, o corpo não pode quedar-se meramente em sua condição de objeto...
O corpo e a existência vivem uma alternância entre a sua condição ôntica, e a sua
condição ontológica.
E jeto, em sua condição ontológica, o corpo não é objeto (afastamento do jeto), mas
especificamente jeto, nesta condição em que assume sua condição existencial de projeto.
Sua tensão, sistólica, de ex (exsistência), sua pressão de ex (expressão), sua pulsão de ex
Expulsão), no exercício da ação, da existência.
Condição ontológica, em que, efetivamente, o corpo é existência, ação, como atualização
existencial de possibilidades, na dramática da ação.
Jeto porque, em sua condição ontológica do episódio existencial da ação, o corpo é
eminentemente força, força que se jeta, se projeta, como o devir da ação.
Em sua condição ôntica, o corpo perde, assim, sua condição compreensiva de jeto do
devir da ação. E constitui-se como sub-jeito (sub-jeto), ou como ob-jeto (afastamento do
jeto).
Surge, aí, como dejetos, o sujeito e o objeto, a posteriori da ação. Como resíduos da ação.
Porque a vivência não é mais força, que pode ser jetiva, projetiva. Com o aparecimento de
sujeito e objeto, alternativamente ao ator, que pré-reflexivo, surge a possibilidade da
reflexão. Em que o sujeito dobra-se sobre o objeto. E como, paralisada a dialógica poiética
de nossa condição ontológica, nada de novo acontece, numa condição de coisa, sem
possibilidade. E tudo se repete. E a flexão do sujeito sobre o objeto se constitui,
repetitivamente, como reflexão. Entre dejetos.
E, se dejeto, em sua condição ôntica, o corpo, e a existência, são plenamente jeto, em
toda a duração do episódio existencial.
O que ocorre, assim, é que, Transjetivo, o corpo não é objeto, na transitoriedade da
duração da momentaneidade instantânea da ação, da existência. Transjeto, não somos,
nem subjeto, nem objeto, na transitoriedade da ação; ou seja: na transitoriedade episódial
da existência.
Assim, objeto, ou sujeito -- porque não mais o jeto da ação --, o corpo é dejeto, em sua
condição ôntica. Condição de dejeto, traduzida pelo empobrecimento do corpo agora na
condição de objeto, e de sujeito. Pela condição reflexiva. Pela perda da sua condição
transjetiva.
A conceituação é um processo mais rico e complexo, do que normalmente pensamos. E,
se é inevitável, é índice do empobrecimento do corpo, e da ação, da existência. Na medida
em que representa o decaimento, o fenecimento, das possibilidades. Que, exercidas, e
exauridas, as suas forças, decaem massivamente. Decaimento apoiado pelo obsessivo
trabalho do conceito. Conceituar quer dizer podar. Natural processo. Mas que implica o
fenecimento das possibilidades. E da riqueza de sua sinergia.
Não mais pré-reflexivos e pré-conceituais, o corpo, a existência, limitam e empobrecem
suas possibilidades, numa ciclagem natural.
Corpo que perdeu seu acesso à liberdade não reflexiva, pré-reflexiva, da não
subjetividade, nem objetividade – da não sujeição. Corpo que perdeu, na sua condição
ôntica, de sujeito, ou objeto, o acesso à multiplicidade de possibilidades, e à incrível
sinergia sinestética delas, na ação. Corpo que perdeu o seu acessso à capacidade para a
compreensão, e sobretudo, para a pré-compreensão. Corpo desprovido de capacidade
para a movimentação e plasticidade da implicação.
Corpo que, enquanto corpo, é incompetente. Tendo, transitoriamente, perdido as suas
capacidade para o exercício de seus potenciais e capacidades efetivos.
Por isso que transitória esta perda. Por isso que é transitória a perda de sua condição
ontológica. A prevalência de sua condição ôntica.
330
Mas se, por qualquer motivo, esta perda se cronifica, e a existência, e o corpo, perdem
suas capacidades para a recepção das dádivas de Kairós, na dialógica poiética de seu
tempo próprio, cronifica-se a perda do corpo de suas capacidades milagrosas.
E o corpo, e a existência, são incapazes de exercerem-se como tais. O corpo já não é
mais o corpo do devir, e do devir da ação O corpo já não é mais o corpo da compreensão,
e da pré-compreensão. O corpo já não é mais o corpo da sinergia sinestética da ação. De
modo mais ou menos crônico.
Ora, neste caso, o corpo vai sendo progressivamente constituído como objeto, como uma
entidade objetiva. Alheio às possibilidades de sua insujeição, e inobjetividade. Na verdade,
um dispositivo de auto-frustração. Porque, requerido para suas funções, insubjetivas, nem
objetivas, transjetivas, o corpo é frustrante e incompetente, e incapaz.
331
TRANSJETIVIDADE, GESTALTIFICAÇÃO, EXISTÊNCIA E
FENOMENOLOGIA .
332
TRANSJETIVIDADE, GESTALTIFICAÇÃO, EXISTÊNCIA E FENOMENOLOGIA .
Afonso Fonseca, psicólogo.
333
EMPIRISMO & EMPIRISMO
334
EMPIRISMO & EMPIRISMO
Afonso Fonseca, psicólogo.
336
PERÍCIA, EXPERIMENTAÇÃO, E EMPIRISMO
337
PERÍCIA, EXPERIMENTAÇÃO, E EMPIRISMO
Afonso Fonseca, psicólogo
A perícia (não gosto do termo, mas é o que se usa. Na verdade, usa do verbo 'perire',
como prefixo. Como experimentação, empirismo) -- a perícia fenomenológico existencial,
dialógica e poiética, -- e não pragmática -- é, eminentemente, empírica e experimental --
no sentido fenomenológico existencial, ontológico, do acontecer.
E, em sendo experimental, é, eminentemente, empírica.
Três termos que é interessante esclarecer, e é importante esclarecer as conexões.
Para a fenomenologia, para a existência, é interessante esclarecer que, dentre os diversos
tipos de empirismo existente, existe o empirismo objetivista, e o empirismo não objetivista.
Como um sub tipo deste segundo, o empirismo ontológico da existência, da ação. Mais
especificamente, o empirismo fenomenológico existencial.
Dentre suas características, esta: de que não é objetivista.
É o empirismo da dramática da ação. é fenomenológico, e existencial.
Pois bem, empírico, no sentido ontológico, fenomenológico existencial. O fenomenológico,
a existência, o existencial, são eminentemente empiricos. De todo, não teorizantes, pré-
reflexivos e pré-conceituais.
Faz toda a diferença.
Porque o empírico, no sentido fenomenológico existencial, é acontecer. E não acontecido
como o é, o reflexivo e conceitual. Ou seja, o empírico, fenomenológico existencial não é
da ordem do objeto, do objetivo. Nem do sujeito, do subjetivo. Porque ambos são posições
do acontecido. São afastamentos do jeto, da ação, da existência; acontecidos.
O caráter especificamente empírico da vivência da ação, da existência, é da ordem do
acontecer. Inerente à própria vivência do acontecer (E só existe vivência da ação, da
existência, do acontecer, de um modo, específica e particularmente, empírico).
De modo que não se dá com ela na constituição de um afastamento do jeto, ob-jeto.
Mas ela é a própria vivência do jeto, como dramática da existência. O próprio jeto, como
atualização do desdobramento de possibilidades. Como dramática da ação, e da
existência.
Em específico, o afastamento do jeto, é que é o ob-jeto, e o sujeito.
O objeto e o sujeito, a objetividade e a subjetividade, como acontecido, se constituem a
posteriori à ação.
O transjeito se constitui durante a duração do desdobramento da dramática da ação, da
existência. Durante a vivência da ação. A vivência da dramática da existência, da ação, é
da ordem do não teorizante, do pré-reflexivo e pré-conceitual. É da ordem da
transjetividade.
E não comporta objetos. Transjetos.
Passado o episódio da ação, finda a oportunidade da transjetividade, e se constituem, a
posteriori, o objeto e o sujeito. O objeto, e o sujeito são posteriores ao episódio da ação,
da existência. São da ordem do acontecido.
Passada a tensionalidade da ação, como que se cristalizam, se constituem o sujeito e o
objeto.
Constituídos, em acontecido, o sujeito e o objeto – afastamentos do jeto -- pode o sujeito
contemplar o objeto.
A contemplação que o sujeito pode fazer do objeto é, assim, o que chamamos de teoria. A
teoria é passado, acontecida, é reflexiva e conceitual. E á posteriori do acontecer do
desdobramento de possibilidades, do desdobramento da ação, do desdobramento do
episódio da sístole da existência.
Durante a duração do episódio existencial da ação, não há a possibilidade de sujeitos,
nem de objetos. Porque não existem sujeitos nem objetos, no transcurso da duração da
ação.
338
Transjetos transcorrem a ação. Que é o espaço e o tempo da transjetividade. Não
havendo, portanto, possibilidade da teoria na transjetividade do acontecer. Que é espaço,
e tempo, da dramática da ação, da existência, do acontecer.
A ausência de teoria é o que chamamos de empírismo. É a vivência na própria vivência,
sem teorização. Sem teorização, o episódio da vivência do acontecer, da ação,. da
existência, é eminentemente, própria e especificamente, empírico. Empirismo.
Pois bem, empírica, no sentido ontológico, fenomenológico existencial. De todo pré-
reflexivo e pré-conceitual. Faz toda a diferença.
Porque o empírico, no sentido fenomenológico existencial, é acontecer. E não acontecido
como o é, no sentido reflexivo e conceitual. Ou seja, o empírico, fenomenológico
existencial não é da ordem do objeto, do objetivo. Nem do sujeito, do subjetivo.
Porque ambos são posições do acontecido. São afastamentos do jeto, da ação, da
existência, acontecido.
A vivência empírica da ação, da existência, é da ordem do acontecer. Inerente à própria
vivência do acontecer (E só existe vivência da ação, da existência, do acontecer, de um
modo específica e particularmente empírico).
De modo que não se dá com ela na constituição de um afastamento do jeto, ob-jeto.
Mas ela é a própria vivência do jeto, como dramática da existência, o próprio jeto, como
atualização do desdobramento de possibilidades, como dramática da ação, e da
existência.
Em específico, o afastamento do jeto, é que é o ob-jeto, e o sujeito.
O objeto e o sujeito, a objetividade e a subjetividade, como acontecido, se constituem a
posteriori à ação.
O transjeito se constitui durante a duração do desdobramento da dramática da ação, da
existência. A vivência da ação, A vivência da dramática da existência, da ação, é da ordem
do pré-reflexivo e pré-conceitual. É da ordem da transjetividade.
E não comporta objetos. Transjetos.
Passado o episódio da ação, finda a oportunidade da transjetividade, e se constituem, a
posteriori, o objeto e o sujeito. O Objeto, e o sujeito são posteriores ao episódio da ação,
da existência.
A seguir, pode o sujeito contemplar o objeto.
A contemplação que o sujeito pode fazer do objeto é o que chamamos de teoria. Assim, a
teoria é reflexiva e conceitual. E á posteriori do acontecer do desdobramento de
possibilidades, do desdobramento da ação, do desdobramento do episódio da sístole da
existência.
Durante a duração do episódio existencial da ação, não há a possibilidade de um sujeito,
nem de objetos. Porque não existem sujeitos nem objetos no transcurso da duração da
ação. Transjetos transcorrem a ação. Que é o espaço e o tempo da transjetividade. Não
havendo, portanto, possibilidade da teoria na transjetividade do acontecer. Que é espaço e
tempo da ação, do acontecer.
A ausência de teoria é o que chamamos de empírismo. É a vivência na própria vivência,
sem teorização.
Como o empirismo, a experimentação fenomenológico existencial, enquanto arte é própria
vivência do acontecer. Pré-reflexiva e pré-conceitual. É fenomenológico existencial
empírica, portanto.
A perícia na arte da ação, da existência é, portanto, uma arte eminentemente, empírica.
Própria e especificamente, empírica. No sentido fenomenológico existencial do episódio da
ação. Ou seja, do episódio da dramática e estética da existência.
Em si, esta perícia é a perícia na implicação.
Porque a vivência pré-reflexiva e pré-conceitual da implicação, a vivência da plexificação
do desdobramento de possibilidades, que é a implicação, a vivência do episódio da ação,
da existência, são eminentemente empíricos. A arte da ação, e da existência é
eminentemente empírica. Consiste na vivência da empiria da dialógica poiética da
errância, desinteressada e gratuita, da vivência da atualização de possibilidades, da ação.
339
AVENTURA DE EXISTIR
À ventura da sugestão do vento
340
AVENTURA DE EXISTIR
À ventura da sugestão do vento
Afonso Fonseca, psicólogo.
Lulu
341
Momentaneidade instantânea que sempre se esvai em sua vivência, no decaimento das
forças de seu pulso. De um modo tal que se instala em seu término, encistando-se como
coisa, instalação coisificativa: o modo propriamente acontecido de sermos.
Mas, enquanto acontecer, a vivência da ação é projeto, é jeto.
Com características e consequências muito próprias.
Talvez a mais radical delas... Não é da ordem do modo de sermos da realidade. Porque o
modo de sermos da realidade é o modo de sermos, do sujeito, e dos objetos, da instalação
coisificativa. O modo acontecido de sermos. Modo de sermos no qual, relativamente
desativada, a possibilidade jaz, relativamente inerte, na intimidade da coisa.
Quando a possibilidade em seu desdobramento como ação instala-se coisificamente, a
consciência deixa de ser a consciência do ator, e se constitui como consciência do sujeito
que contempla objetos com os quais se confronta. Em sua consciência subjetiva, o sujeito
se volta, se flete, flexiva, reflexivamente, sobre objetos. Contemplando objetos. E esta é a
epistemológica (lógica?) teorética. O sujeito é espectador de objetos.
O ator, no modo de sermos da ação, não é um espectador, mas um inspectador.
O modo de sermos do sujeito e dos objetos é reflexivo porque enquanto instalação
coisificativa distingue-se em sujeito e objetos. E o sujeito se flete, contemplativamente por
sobre objetos. Como se dá já no modo acontecido de sermos, a flexão do sujeito sobre o
objeto se constitui em re-flexão.
Pré-reflexivo, o modo de sermos do ator, da ação, não se estrutura em sujeito e objetos E
sua consciência não se constitui reflexivamente como a consciência de sujeitos que
contemplativamente se fletem e refletem por sobre objetos. A consciência do modo de
sermos da ação, do ator, é pré-reflexiva. Vivência pré-reflexiva do desdobramento de
possibilidades. Possibilidades que se constituem como compreensão. Perspectiva,
perspectivação. Inspectativa, inspectação. Ao invés de expectativa, expectação. O ator é
um inspectator, inspectador, na medida em que vivencia como consciência pré-reflexiva
imediata a perspectiva do desdobramento de possibilidades, que se constitui
compreensivamente; a perspectiva, perspectivação, da ação, como constituição em
compreensão fenomenológica do desdobramento da momentaneidade instantânea da
ação.
No âmbito de suas características expressivas, a vivência do projeto, projetação,
perspectivação, da ação, tem características e condições muito particulares.
Por não ser acontecido, mas acontecer, por não ser passado, mas especificamente o
presente da dramática da atualização de possibilidades, da dramática da ação, por ser
jeto, e não sub-jeto, e ob-jeto, a vivência do desdobramento da ação não é reflexiva. Não é
dicotomia sujeito-objeto, não teorética. Ainda que ética, não é moral, muito menos
moralista.
A vivência do desdobramento da ação é desproposital. Não tem antecipadamente um
propósito.
Não é da esfera do modo de sermos das causas e dos efeitos, da causalidade. Não é
causal.
A vivência da ação não é da esfera da utilidade. Não é da ordem pragmática do modo de
sermos dos úteis, dos usos, das utilidades.
Não é da esfera do modo de sermos da realidade. Uma vez que a realidade se constitui
como o modo acontecido de sermos. E a vivência do desdobramento da ação configura-se
como o próprio modo de sermos do acontecer.
Na medida em que em seus desdobramentos as possibilidades se constituem como logos,
como sentido, o desdobramento da ação é lógico, ontológico. A vivência de logos, de
sentido, que caracteriza distintamente a vivência deste ser, ôntico, que é o ser humano. O
ser ontológico por excelência. Ôntico e ontológico.
342
O sentido que se constitui como vivência ontológica é fenomenológico. Na medida em que
por si se dispõe. E é dialógico, na medida em que, pré-reflexivo, se constitui na esfera de
produção de possibilidades, e de sentido, da relação de si com uma alteridade.
Alteridade esta que, enquanto acontecer, desdobramento de possibilidades, ação,
atualização, é da ordem do acontecer. E não da ordem da instalação coisificativa do
acontecido...
Expressiva, a ação é a vivência de um pulso, um pulso, uma sístole, compreensiva, no
decurso de sua duração, do desdobramento de possibilidades. A ação é in-sístole-tensia-
entia. A ação é insistensial. Fenomenológico insistensial.
Fenomenológico existencial diríamos. Se quiséssemos utilizar uma terminologia ambígua.
Ocorre que o termo existência designa, de um modo ambíguo, e equívoco, os modos de
sermos do acontecer, e do acontecido. (v. Insistensia). Melhor seria se os designássemos
por insistênsia e existensia.
Fenomenológico insistensial é a sístole da ação. A vivência da duração da
momentaneidade instantânea da ação é insistensial. É tensional, é intensional, é
intensionalidade.
A experiência do modo acontecido de sermos é extensionalidade. É extensional.
Assim, ontológica, fenomenológico insistensial é a vivência da dramática da
momentaneidade instantânea da ação.
Da mesma forma que implicativa, e, na implicação: compreensiva.
Constituindo-se gestaltifictivamente, na implicação, como ação muscular e como
compreensão, como vivência dos processos de formação de figura e fundo do
desdobramento da momentaneidade instantânea da ação. E da formação das coisas... Do
passado. Do acontecido...
De modo que a vivência experiencial, a experiência e a experimentação,do vento estético,
da expressão, do desdobramento de possibilidades, como processo formativo da vivência
ontológica, fenomenológico insistensial, de formação de figura e fundo, e de formação das
coisas, atua nessas condições da vivência ontológica fenomenológico insistensial. É
vivência pré-reflexiva, inspectativa, do ator, da ação. E nunca a experiência expectativa do
sujeito. É vivência de forças que se desdobram no modo não causal, e desproposital, de
sermos. È vivência experimental que não se serve da, nem serve à utilidade. Vivência do
desdobramento de possibilidade, o modo de sermos do acontecer, não da ordem do modo
de sermos da realidade, que constitui o modo acontecido de sermos...
Não obstante, as possibilidades são forças. Eminentemente criativas, eminentemente
formativas. Vento; eventualmente vento ventania...
De modo que, no modo de sermos pré-reflexivo, pré-conceitual, não teorético, e não
moralista; não causal, desproposital; não útil, não prático; não real... O vento do possível, o
desdobramento das possibilidades, campeia, desdobrando as suas forças.
O direcionamento do processo vivencial do desdobramento de suas forças é seguro. Na
medida em que as forças de suas dominâncias constituem-se e reconstituem-se formativa,
criativamente, na competição e na argumentação lógica, intensional, da multiplicidade
implicativa de suas possibilidades.
O que, perene, não se extingue é a sua onipresente incerteza. Incerteza que é quase
sinônimo de presença e de atualidade. Na medida em que a multiplicidade da implicação,
e a alteridade das forças das possibilidades, na dialógica da interação, preservam-se
sempre intactas, e perenemente recriativas. Recreativas.
À ventura do possível. Sempre ativo. Superativo sempre.
343
QUE É GESTALTIFICAÇÃO
344
QUE É GESTALTIFICAÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
O termo parece ser novo, e Laura Perls já chamara a atenção para o caráter ativo do que
chamamos de 'Gestalt'. O fato é que espalhou-se a idéia como 'gestalt', e ficou. À custa de
muita incompreensão, confusão, e equívoco.
Precisamos distinguir: gestaltificação, o ato de agir gestalticamente -- um componente
intrínseco à ação; e a coisa resultante, a gestalt, com suas características gestálticas.;
gestaltificativas.
Mas, em que consiste este elemento da ação, que é a gestaltificação
Grosso modo, a ação é a vivência de criação, a formação, de uma forma. 'Forma', aqui,
num sentido muito mais amplo de um ser, um ente.
Ora, este sentido 'formativo' é muito original e radical.
De modo que a vivência do processo criativo, o processo formativo, gestaltificativo,
envolve inicialmente, a vivência de um projeto, digamos.
Que atua como um rascunho. Até que é preenchido, concluído. Conclusão, com as
intercorrências que se apresentarem, e forem corrigidas, no processo. Mas, dá-se o
projeto nas fases iniciais da vivência da ação, e 'fecha-se' a gestalt ao concluí-la. Com a
correção, gestaltificativa, das intercorrências.
De modo que o projeto é figurado vivencialmente nas fases iniciais da ação,
compreensivamente, mesmo que seja, apenas, o lampejo de um rascunho. Mas
detalhadamente. Mormente se lhe explora.
Este processo é, todo ele, poiético. Resultante da vivência de uma dialógica pelo ator. O
que significa que ele é vivido pré-reflexiva e pré-conceittualmente, fenomenológica e
existencialmente, e é o processo ativo da ação, e a ação que caracteriza a dramática da
existência, enquanto dramática da ação.
'Perfeição' é o termo que usamos para definir a ação gestaltificativa, que preenche os
requisitos básicos do projeto inicial, e minuciosamente produz o objeto no processo da
ação. 'Feição' é um modo de fazer, e o 'per' indica a completude, o trânsito de um lado a
outro da consecução do projeto. Da vivência do projeto a sua conclusão.. A ação
gestaltificativa é 'perfeita', neste sentido. E é a melhor, e esteticamente mais perfeita na
produção da forma. E usufrui de todas as características do fazer fenomenológico. É pré-
reflexiva e pré-conceitual, é estética,
O caráter gestaltificativo da vivência, confere algumas características ao processo e ao
resultado, o objeto resultante: a Gestalt.
Ela é original.
Sua originalidade manifesta-se, principalmente, enquanto totalidade significativa. E,
enquanto tal, ele é uma Gestalt, cujo sentido, enquanto totalidade é diferente da soma de
suas partes. Ou seja, não é a soma das partes, seu caráter aditivo, que lhe confere
sentido. Mas o seu sentido expressa-se enquanto totalidade, anteriormente à soma de
suas partes.
Sumariando, gestaltação, naturalmente, é uma propriedade espontânea da vivência
existencial da ação. Pré-reflexiva e pré-conceitual, deixada prevalecer, manifesta-se
criativamente, pela força criativa das possibilidades, projetando a ação.
Os primeiros momentos da vivência existencial, da dramática da ação, da dramática da
existência, é a vivência da Gestalt de um projeto do objeto, a ser atualizado através da
ação, na peformática de um fazer fenomenológico, que inicia-se com o projeto, e vai até à
conclusão de sua feitura, na ação.
A gestaltificação é o processo fenomenológico, gestaltificativo, do fazer. A Gestalt, o
objeto. Com mais ou menos arte. O importante é a adesão às intensidades da força das
345
possibilidades, na vivência pré-reflexiva e pré-conceitual da estética do fazer, em toda a
duração do episódio da ação, em toda a duração do episódio existencial.
O que ignifica a perfeição no fazer. Perfeição não em nenhum sentido moral, mas como
modo de fazer ('feição', fazimento, fazer), enquanto adesão à atualização de
possibilidades, como processo eminente pré-reflexivo e pré-conceitual, fenomenológico
existencial, desdobramento do projeto que se configura inicialmente, até a sua conclusão (
om que significa 'per'), com a correção, igualmente pré-reflexiva e pré-conceitual,
fenomenológico existencial, na dramática da ação, das intercorrências.
O QUE É GESTALT TERAPIA
Em sendo a gestaltificação uma propriedade da ação, Fritz Perls entendeu que a ação era
eminentemente formativa, criativa. E que tratava-se de criar as condições para a dialógica
poiética da ação, em termos de uma psicoterapia implicativa, e compreensiva, e não
explicativa.
A eleição do modo de sermos implicativo, e compreensivo dava-se .por causa da
constatação de ser este o modo de criação, e de superação de sermos. E não o modo de
sermos explicativo. Daí uma recusa sistemática à explicação, enquanto elemento
metodológico, certos de que esta recusa, e a afirmação da força das possibbilidades, pré-
reflexiva e pré-conceitual, do fenomenológico existencial, dramático, levaria à implicação e
criatividade da formativa da dialógica poiética, da dialógica gestaltificativa.
Assim começa a se desenvolver a Gestalt-terapia, influenciada pelos movimentos
gestálticos que se desenvolviam na arte, na educação, na psicologia...
Fritz e Laura Perls entenderam a amplitude de uma metodologia da ação, na medida em
que esta possibilitava o desenvolvimento de metodologias de trabalho, da compreensão à
ação muscular, ensejando a possibilidade efetiva do corpo em terapia, que se insinuava
com Reich e outros psicoterapeutas.
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HISTERIA E AÇÃO
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HISTERIA E AÇÃO
348
Alterações nas delicadas relações de poder, mudanças de expectativas, inseguranças
várias, mudança nas condições, ou nos modos de vida.
De repente, todo um modo, concepção e estrutura de vida que se esvaem; 'que são
sólidos, e desmancham no ar...'
Há desorientação entre os agentes familiares de poder. Que passam a encarnar novas
solicitações. Enquanto que as antigas permanecem fantasmáticas.
Os indivíduos desorientam-se. Porque toda uma configuração de expectativas culturais de
desenvolvimento perde a sua consistência, e não se valida, como a ordem natural das
coisas. E outras, novas, são demandadas.
Os membros recém-ingressados na família sofrerão do dilema, já que os fatores culturais
atuam desde a mais tenra infância. Ou serão aculturados, anomalamente, nos cânones da
nova. O processo apresentará várias, e diferentes, demandas, ao longo de seu curso
histórico.
Sobre estes, diacronicamente, pesarão as mais ansiogênicas e duradouras dúvidas e
conflitos...
Os padrões antigos não terão mais consistência – no máximo justificados (injustificados...)
pelo covarde autoritarismo moralista dos membros mais antigos. Os padrões novos
carecem da consistência e segurança dos antigos...
Como conciliar a diacronia das forças dos contextos conflitantes?
A vida social é culturalmente confusa para os novos membros.
Não têm experiência na cultura antiga, nem o traquejo no exercício da nova. A cultura
antiga já não oferece o guarda chuva, centenário, dos ancestrais; a cultura nova não
oferece consistência, nem confiabilidade.
Aprisionado nos conflitos, o indivíduo pode desorientar-se, emitindo, eventualmente,
"comportamentos não consensuais de acionamento do novo contexto cultural" (histéricos).
Comportamentos não consensuais, em relação à nova cultura.
Que podem ser relativamente bem sucedidos, ou francamente desajustativos. Em
particular, na medida em que a cultura originária possui fortes padrões, e que alguns
membros da família desenvolvem um nível razoável de ajustamento ao novo contexto.
A cultura que a família porta consigo pode, eventualmente, ser, uma cultura "forte" --
mormente com relação à cultura receptora. O que pode, facilmente, levar certos indivíduos
a experimentarem e a desenvolverem estes mecanismos não consensuais de
acionamento da cultura receptora.
E ser, eventual e relativamente, bem sucedidos. Levando estes indivíduos à modelagem
desses mecanismos comportamentais.
A histeria surge desses mecanismos comportamentais de acionamento cultural. Que, ao
serem bem sucedidos, podem ser selecionados e modelados. Estes mecanismos podem
aumentar a sua bizarria, exagero, ou caráter cada vez mais exigente e apelativo, na
medida em que decai ou torna-se problemática a sua eficácia. Ou mesmo, quando são
sistematicamente bem sucedidos.
Ocorre que estes mecanismos também tendem a ser disruptivos, e degenerativos...
Na medida em que, improvisados, tendem a ser inadequados e/ou ineficazes, cada vez
mais, no acionamento da nova cultura.
Temos aí o quadro da histeria: o indivíduo que busca acionar a cultura, através de
mecanismos culturais não consensuais, que é relativamente bem sucedido, mas que
encontra mecanismos cada vez menos efetivos, à medida que os aplica. Desajustando-se
progressivamente...
Isso nos casos pior sucedidos.
Porque nos mais bem sucedidos o indivíduo pode encontrar um ajustamento precário, que
progressivamente se otimiza, até o grau da razoabilidade.
Ou, eventualmente, chegando ao nível de casos de absurdos históricos, que se
funcionalizam, em determinados momentos sócio-históricos.
Como é o caso de Hitler, por exemplo...
349
Daí que, não nos enganemos: há indivíduos histéricos mais bem sucedidos; e aqueles pior
sucedidos. Uns levados ao relativo sucesso, os outras, levados ao fracasso retumbante, e
ao hospital psiquiátrico...
A HISTERIA E A AÇÃO
Se não é a sua lógica, um dos subprodutos eméritos da histeria é o de evitar a ação.
Subproduto emérito, porque a ação é o mais nobre produto humano, com o qual
a pessoa movimenta e modifica o mundo, a vida social e geológica.
A ação traz inúmeros inconvenientes. Uma vez que portadora de possibilidades, introduz a
novidade, o que quer dizer mudanças, na realidade...
Novidades cuja aceitação nem sempre é consensual.
Sendo constantemente vistas como inconveniente, confusa, subversiva, indesejada.
Ás vezes trazendo inconvenientes incômodos, ou terríveis.
Na dinâmica da realidade, os agentes credenciam-se para agir.
Mas este credenciamento decorre das dinâmicas políticas microsociais. Tanto que, em
muitos casos, o conflito vigora, em torno da mera possibilidade de agir. Chegando este
conflito a graus extremos, em torno da possibilidade da ação. Principalmente quando esta
ação traz inconvenientes para as sucursais do poder instituído, em suas diversas
instâncias.
Mais que tudo, o poder autoritário instituído teme o novo, teme a crítica.
E, inevitavelmente, a ação é diacrítica, e política, e portadora do novo. Da reconfiguração e
construção dos contextos. A ação tem sempre, assim, que enfrentar o poder autoritário,
para meramente estar autorizada, para ser meramente explicitada. Inconciliável, a ação é
uma força, e quer explicitar-se, acarretando a punição, às vezes, mas nem sempre,
autoritária e violenta...
Agir é perigoso.
Não para todos, não em qualquer situação. Mas para alguns, em algumas situações, sim.
Decorre, assim, na vida social toda uma política da ação. Ação que transita, em seu loci.
Desde a vivência das possibilidades, à ação concluída. Da ação muscular, à
compreensão.
Sobre estes mecanismos condicionantes da ação, atuam diacronicamente a repressão do
autoritarismo oportunista, conducente à histeria, em indivíduos fragilizados, desde a mais
tenra infância. Produzindo o histérico.
Que, sobretudo, tem medo de agir.
E simula a ação.
Com (o objetivo?) a consequência principal de evitá-la.
A simulação do histérico não nasce por geração espontânea. Ela tem definido e definíveis
mecanismos e contextos determinantes.
Poderíamos pensar em comparar dois paradigmas de ação, que frequentam a literatura, o
Cinema, e as artes, em geral... O trágico e o histérico. São muito evocados na Literatura
de Graciliano Ramos. Na qual encontramos famílias de personagens, de cada um dos dois
padrões, e o confronto entre ambos os tipos. O que sugere um análogo conflito social.
Compreensível numa sociedade autoritária e violenta como a nossa...
O trágico é a ação decidida e inquestionada.
O trágico sabe que, com sua novidade, a ação é uma morte, factual ou simbólica. Mas que
opera o renascimento das forças criativas.
Em nenhum momento o histérico pretende agir. Todo curso da pseudo ação histérica,
especificamente, é uma simulação. E se algo o histérico espera, é alcançar os efeitos
desta simulação. Nisto, nesta simulação consiste a sua arte. O histérico chega à perfeição
da simulação.
A arte histérica é, eminentemente, uma arte para os olhos de terceiros; a arte trágica é,
diria Nietzsche, uma arte monologa, para a qual não existe espectadores.
350
..
Não queremos ser excessivamente rigorosos com os histéricos.
O moralismo de nada adianta.
Não cremos que os dispositivos comportamentais histéricos destinem-se meramente a
chamar a atenção, como se costuma dizer.
São, ao contrário, mecanismos extremamente arraigados, com um enraizamento sócio
cultural, e histórico, poderoso, inclusive – como é usual que aconteça nos distúrbios
mentais e comportamentais. Com sofrimentos vários para o portador e para sua família.
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FENOMENOLOGIA GESTÁLTICA, PROJETO & PROJETO
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FENOMENOLOGIA GESTÁLTICA, PROJETO & PROJETO
Afonso Fonseca, psicólogo.
353
PROJETO & PROJETO
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PROJETO & PROJETO
Fenomenologia Gestatificativa
Afonso Fonseca, psicólogo.
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"PRÉ-COMPREENSÃO", E O FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL
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"PRÉ-COMPREENSÃO", E O FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL
Afonso Fonseca, psicólogo.
."..um 'ser subterrâneo' a trabalhar, um ser que perfura, que escava, que solapa. Ele é
visto – pressupondo que se tenha vista para este trabalho na profundeza – lentamente
avançando, cauteloso, suavemente implacável, sem muito revelar da aflição causada pela
demorada privação de luz e ar; até se poderia dizer que está contente com o seu obscuro
lavor Não parece que alguma fé o guia, algum consolo o compensa? Que talvez queira a
sua própria demorada treva, seu elemento incompreensível, oculto, enigmático, porque
sabe o que também terá: sua própria manhã, sua redenção, sua aurora?... Certamente ele
retornará: não lhe perguntem o que busca lá embaixo, ele mesmo logo lhes dirá, esse
aparente Trofônio e ser subterrâneo, quando novamente tiver “se tornado homem”. Um
indivíduo desaprende totalmente o silenciar, quando, como ele, foi por tão longo tempo
toupeira, solitário --"
(F. Nietzsche, em Aurora)
O fenomenológico é vivencialmente consciente; o vivencialmente consciente é
fenomenológico. O ato é vivencialmente consciente, a vivência consciente é ativa...
Não fora assim, como seria o seu caráter aparencial? Para quem apareceria ele? E é esta
aparência que caracteriza a preensão da com-preensão. A preensão consciente,
vivencialmente.
Interessante a pré-compreensão, que marca o limite da vivência. Porque a pré-
compreensão, não obstante constituinte do ato, do fenomenológico, a pré-compreensão
não é consciente. A compreensão é fully consciente, vivencialmente. E isto a define. A pré-
compreensão se situa, experimentalmente, no limite intuitivo da vivência. Suprindo-a, só
intuitiva e experimentalmente, de modo qualitativo. Analógico...
O fenomenológico é vivencialmente consciente; o vivencialmente consciente é
fenomenológico. O ato é vivencialmente consciente, a vivência consciente é ativa...
Não fora assim, como seria o seu caráter aparencial? Para quem apareceria ele? E é esta
aparência que caracteriza a preensão da com-preensão. A preensão consciente,
vivencialmente.
Interessante a pré-compreensão, que marca o limite da vivência. Porque a pré-
compreensão, não obstante constituinte do ato, do fenomenológico, a pré-compreensão
não é consciente. A compreensão é fully consciente, vivencialmente. E isto a define. A pré-
compreensão se situa, experimentalmente, no limite intuitivo da vivência. Suprindo-a, só
intuitiva e experimentalmente, de modo qualitativo. Analógico...
A pré-compreensão é um dos modos mais interessantes e ricos de ser. Eu diria, até mais
do que a própria compreensão.
Porque a pré-compreensão é um processo que provoca e se constitui como vivência, mas
não se constitui como consciência. Permanece no nível de pré-consciência, despertando
seus indícios intuitivos, certamente a partir de processo implicativos, nos quais só se
constituem os indícios, parcialmente. Como intuições vivenciais de alta qualidade. Ainda
que experimentais, e experimentalmente incertas...
Quando uma ética compatível lhe permite o desimpedido desdobramento, e acesso
experimentais.
Assumindo que a pré-compreensão desdobre-se algo como a compreensão, e a
implicação, teríamos um funcionamento vastamente não consciente, fornecendo seus
resultados à implicação compreensiva da consciência fenomenológica.
Não poderíamos falar muito da pré-compreensão, porque seus processos são vastamente
não conscientes, e só são acessíveis à consciência indícios qualitativos de seus
resultados. Por esses, podemos entender um funcionamento maravilhoso, e resultados
intuitivos igualmente.
358
Assumindo que a pré-compreensão dá-se implicativa e compreensivamente, como a
vivência pré-reflexiva, e pré—conceitual, temos um funcionamento lógico, fenomenológico,
amplamente pré-reflexivo e pré-conceitual. Que, na sua aceitação e afirmação éticas, é um
império da força das possibilidades, e dispõe da atualização ampla delas, fornecendo seus
resultados qualitativos de suprimento intuitivo da vivência fenomenológica experimental.
No âmbito da dinâmica das forças, as possibilidades, o papel de condução permanece ao
nível das forças. E não de qualquer dispositivo da consciência reflexiva. Isto porque,
inimputável, o modo pré-conceitual de sermos depende da inimputabilidade da
multiplicidade de forças, no seu livre desdobramento, e no provimento da força qualitativa
de seus resultados.
A premissa ética da natural aceitação, e da afirmação, do pré-compreensivo, a
habitualidade no trato com ele e com os resultados de seus funcionamentos, garante a sua
livre operação e provimento de seus resultados. Analógicos...
Assim, a ética de uma aceitação e afirmação do pré-compreensivo, no seu caráter pré-
conceitual, é o caminho das pedras para a otimização de sua vivência.
359
CRIAR, A SUPREMA TRAIÇÃO
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CRIAR, A SUPREMA TRAIÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo..
361
A violência e a destruição são o caminho natural de sua recusa radical a si próprio, como
um ser criativo.
O niilista parece ter um compromisso sagrado com a não criação. Não é que ele não
possa criar. Aparentemente, ele pode. E muitas vezes ele poderá criar. Mas, ele não pode,
e não criará.
Entregando-se à manutenção, aos mecanismos, à sutil simulação do já acontecido. Como
se criar fosse trair a uma ética sagrada. Em sua radical e cega fidelidade ao nada, e à
nadização.
362
MUSIQUE
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MUSIQUE
Afonso Fonseca
A existência, o episódio existencial, o episódio da ação tem um padrão musical. Tanto que
o chamamos de episódio. O que é um termo musical.
Episódio é a designação de um evento que sucede a vários outros eventos. O episódio.
'Epi-ode'.
Aos eventos que culminam no episódio chamamos de prosódia.
O evento da ação, o evento existencial; o episódio da ação, o episódio existencial, é precedido por
outros eventos, que entendemos como implicação.
Analogamente. Como se fosse a prosódia do episódio da ação, a prosódia do episódio existencial, a
implicação – que implícita tem a compreensão.
Isso permeado por um ritmo, que determina o surgimento episoidal pulsional, e cíclico, do evento
episoidal da ação, do evento existencial episoidal.
De modo que, o evento existencial, na sua unicidade, não é uma mônada, mas constituído numa
totalidade orgânica. Que se constitui a níveis pré-compreensivos da vivência ontológica, até
aparecer, na vivência fenomenológica, ser preendido, como compreensão.
Pré-reflexiva e pré-conceitual, a implicação integra-se com o caráter igualmente pré-reflexivo, e pré-
conceitual do episódio existencial.
E o caráter pré-conceitual da vivência musical, da vivência da ação seja, como se diz, analógico.
Melhor dizer que o caráter assim, que o caráter da existência, seja pré-conceitual, que o é.
Porque o modelo do analógico, o analógico do qual o analógico é análogo, é exatamente o pré-
conceitual...
O dito analógico é, exatamente, o pré-conceitua e as características do ontológico. O pré conceitual e
o humano são o analógico.
E, no humano, falece a analogia do analógico e digital.
Já que o analógico seria o ontológico. Efetivamente o analógico radica em sua condição de pré-
conceitual.
O dito digital é um tipo de conceitual. O conceitual baseado no dígito.
Pré-conceituais, tanto a música, como a existência, não são causais, não são propositais, não são
teóricos, não são reflexivos, nem objetivos, nem subjetivos... Utilizando-se das intensidades das
possibilidades para constituir os seus sentidos expressivos.
De modo que a metodologia para lidar com a música e com a existência envolve todos estes
elementos, e outros pré-conceituais. O que significa que estamos diante de novas questões e desafios
metodológicos, que envolvem o caráter pré-conceitual da gestaltificação da ação, da existência
gestaltificativa, como episódio musical.
364
IMPLICAÇÃO. A PERPLEXIDADE COMO MÉTODO
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IMPLICAÇÃO. A PERPLEXIDADE COMO MÉTODO
Perplexidade como caminho
Afonso Fonseca, psicólogo.
366
Como modo de sermos da vivência da ação, da vivência do desdobramento de
possibilidades, o modo de sermos da ação, da implicação e da compreensão, é própria e
especificamente o modo de sermos da movimentação, da moção. Existencial, psicológica,
e física. Convenhamos que seja a inércia o movimento sem ação...
Como modo de sermos da movimentação, o modo de sermos da ação, modo de sermos
da implicação e da compreensão, é assim o modo de sermos da moção.
Enquanto tal é o motivo modo de sermos da motivação.
E, motivo, emotivo, motivação, é o modo de sermos da emoção.
Modo ontológico de sermos, fenomenológico insistensial, e dialó-gico, é o modo de sermos
implicativo e compreensivo. É, assim, o ethos, ética, o modo ético de sermos da moção, da
movimentação fenomenológica, ontológica, dialógica; o modo ético de sermos da emoção,
da motivação. Modo ético de sermos da ação, da criação, da superação, e da
regeneração.
De nós próprios e do mundo que nos diz respeito.
Implicação, implexação, e sua concomitante compreensão.
O modo ontológico de sermos da ação, fenomenológico insisten-cial, e dialógico,
compreensivo, implicativo, gestaltificativo – ética da ação, da movimentação, moção,
emoção, motivação; criação, supera-ção; e de regenerabilidade, regeneração, da saúde,
da grande saúde --, é o modo ético de sermos da duração da vivência gestaltificativa do
desdobramento de plexos, ou seja, de multiplicidades autoorganizativas de possibilidades
– implexação.
Que gestaltificativamente se constituem como ação. Implicação.
PerPLEXIdade. PerPLEXIficação.
Enquanto tal, implicação e compreensão, perplexidade, perplexificação, constituem o
metodológico modo de sermos, a ética, da ação, da movimentação – moção --, emoção,
da motivação; da criação, e da superação.
Como tais, perplexidade, implicação – a duração da vivência da travessia dos plexos de
possibilidades, no modo pré-reflexivo de sermos– a perplexificação, configura, não só a
ética da ação – da moção, da emoção, da motivação, da criação, da superação, e da
regeneração, da saúde – mas a sua própria metodológica.
A ética e a metodologia da ação – da moção, da emoção, da moti-vação, da criação, da
superação, e da regeneração, da saúde – é a perplexidade característica da vivência do
modo de sermos da ação – fenomenológico insistensial e dialógico, compreensivo,
implicativo, gestaltificativo.
A perplexidade, perplexificação, a implicação e a compreensão, têm as suas próprias
condições de possibilidades. Condições próprias e específicas da vivência da duração da
momentaneidade instantânea do modo de sermos da ação, do desdobramento de
possibilidades.
Em primeiríssimo lugar, o caráter de instantaneidade e momenta-nea da duração de sua
vivência perplexa.
Pulso que se esvai é a duração da momentaneidade instantânea da vivência da
implicação, da vivência da ação, e da compreensão, da vivência da perplexidade.
Em sendo forças, as possibilidades, emergem fortes, potentes. E se despotencializam, à
medida em que se desdobram. Buber diria, toda ação envolve uma desatualização...
A perplexidade, a ação, é instantânea e momentânea. E decadente, segundo a
terminologia de Heidegger.
Ao decaírem as suas forças, a possibilidade instala-se como coisa.
Até que a dialógica abertura estética para a coisa, em sua instalatividade coisificativa, mais
uma vez, desvende a possibilidade em sua instalação.
Desvendamento que, estalação do possível, mais uma vez, então, se desdobra, como
ação.
Em segundo lugar, é preciso considerar que, diferentemente do modo de sermos da
explicação, o modo de sermos da implicação, e da compreensão, especificamente é pré-
reflexivo, não é reflexivo; é despropositativo, não é proposital; está fora do eixo da
367
causalidade, das causas e dos efeitos, característicos do modo explicativo de sermos; a
perplexidade da implicação não é da esfera da utilidade, não é pragmática, como o é o
modo acontecido de sermos da explicação; e o modo de sermos da perplexidade
implicativa, e compreensiva, é da ordem do modo de sermos da possibilidade, da vivência
da possibilidade, e não é da ordem do modo de sermos da realidade. Que é característica
do acontecido modo de sermos não perplexo, da ex-plicação (Ex-plexação).
A reflexividade se constitui no modo acontecido de sermos.
Coisificando-se ônticamente como acontecido, a consciência ins-pectativa do ator se
cinde, na constituição do sujeito e do objeto, e da sua dicotomização.
A consciência do sujeito flete, flexiva e reflexivamente, face ao objeto que se lhe depara. E
isto propriamente se constitui como a reflexão do modo acontecido, explicativo, de sermos.
Não mais jeto, não mais pro-jeto -- característicos da ação, característicos do modo de
sermos do ator, e do acontecer --, reflexivo, o modo de sermos do acontecido estrutura-se
na dicotomização entre o subjeto flexivo, re-flexivo, e o objeto que se lhe depara, ao qual
contempla como espectador.
A reflexão é teorética. É a contemplação do objeto pelo sujeito. Que se dá no reflexivo, o
modo acontecido, modo coisa de sermos.
A perplexidade compreensiva é, especificamente, pré-reflexiva. Fora, e anterior, à
dicotomia sujeito-objeto. Modo de sermos da ação.
Eu-tu, a ação é dialógica.
A dialógica da relação eu-tu, sobretudo, não é dicotomia sujeito-objeto. Vivência ontológica
e dialógica do desdobramento de possibili-dades, a perplexidade da ação dá-se no modo
de sermos do acontecer: modo de sermos do ator. E não no modo reflexivo de sermos,
modo acontecido de sermos, dos sujeitos e objetos.
Vivência ontológica e dialógica do desdobramento de possibilida-des, a perplexidade
compreensiva, a ação, em sua atualização, está fora do eixo da causalidade. Não é da
ordem das causas e dos efeitos.
Da mesma forma que, inutilidade produtiva da ação, poiética, além de especificamente
estética, a perplexidade compreensiva está fora do eixo da utilidade, dos úteis e dos usos.
As utilidades, os úteis e os usos dão-se no modo acontecido de sermos da instalação
coisificativa, da coisa. No modo de sermos dos úteis nós não criamos – inclusive não
criamos úteis e usos, utilidades...
E, vivência da possibilidade, acontecer, a ação em seu desdobra-mento, a vivência da
perplexidade compreensiva, não é da ordem da realidade.
A realidade é o acontecido, em sua condição de coisidade instalativa. A perplexidade
compreensiva é vivência do acontecer da ação, vivência do desdobramento da ação, como
vivência da duração do desdobramento de possibilidades.
De modo que a metodológica da perplexidade compreensiva da ação pressupõe a
preservação de suas condições de possibilidades.
A condição de instantaneidade momentânea da vivência do acontecer fenomenológico
existencial e dialógico; compreensivo e implicativo, gestaltificativo da ação. Seu caráter
pré-reflexivo, e de ação desproposital. Seu caráter de experiência não causal, não
causativa; desproposital. Seu caráter de vivência da inutilidade produtiva. E seu caráter,
vivência do desdobramento de possibilidades, de acontecer do desdobramento
compreensivo da ação.
Dentre suas qualidades, como vivência pré-reflexiva, a perplexi-dade compreensiva da
vivência da ação é eminentemente dialógica. Dialógica na medida em que, própria e
especificamente, é intrínseca interação com a outridade, no modo de sermos da produção
de sentido, e de ação, sentidação. Na duração instantaneamente momentânea, e sempre
recorrente, da esfera interativa do compartilhamento da ação, e do logos: do sentido.
A interatividade da relação com outridade. Outridade da natureza não humana, a outridade
humana -- inter-humana --, a outridade do sagrado.
Privilégio da vivência ontológica na atualidade e presença de sua duração, a perplexidade
implicativa, enquanto metodológica, é eminen-temente dialógica.
368
Dialógica, na momentanidade instantânea de sua duração, en quanto ação, enquanto
acontecer, nunca é dicotomia sujeito-objeto.
369
EXISTÊNCIA EMOÇÃO E MÉTODO
nas psicologias e psicoterapias fenomenológico existenciais
A EMOÇÃO É O MÉTODO
370
EXISTÊNCIA EMOÇÃO E MÉTODO
nas psicologias e psicoterapias fenomenológico existenciais
A EMOÇÃO É O MÉTODO
Afonso Fonseca
371
integradas, que constituem a totalidade significativa do ato., do episódio existencial.
Eminentemente gestaltificativo..
È necessário um senso gestaltificativo, que pode apreender o sentido destes elementos, e
outros, como totalidade significativa, que são, diferentes da soma das partes.
372
ESTÉTICA DA EMOÇÃO
EMOÇÃO DA ESTÉTICA
E o trabalho em psicologia fenomenológico existencial dialógica
373
ESTÉTICA DA EMOÇÃO
EMOÇÃO DA ESTÉTICA
E o trabalho em psicologia fenomenológico existencial dialógica
Afonso Fonseca
374
PRÁTICA E FENOMENÁTICA
Afonso Fonseca, psicólogo.
375
DESPRETENSÃO
376
DESPRETENSÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
377
TRANSJETIVIDADE. PROJETIVIDADE
378
TRANSJETIVIDADE. PROJETIVIDADE
Afonso Fonseca, psicólogo.
379
CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSJETIVIDADE
380
CONSIDERAÇÕES SOBRE TRANSJETIVIDADE
Afonso Fonseca, psicólogo.
381
INTUIÇÃO DA INTENSIONALIDADE DA AÇÃO, E O CÁLCULO.
382
INTUIÇÃO DA INTENSIONALIDADE DA AÇÃO, E O CÁLCULO.
Afonso Fonseca, psicólogo.
CASA DE GESTALT
385
IMPLICAÇÃO. SIMPLIFICAR O COMPLEXO. COMPLEXIFICAR O SIMPLES.
386
IMPLICAÇÃO. SIMPLIFICAR O COMPLEXO. COMPLEXIFICAR O SIMPLES.
Afonso Fonseca, psicólogo.
387
TRANSJETIVIDADE, O INSPECTADOR.
388
TRANSJETIVIDADE, O INSPECTADOR.
Afonso Fonseca, psicólogo.
389
JETO, DEJETOS E TRANSJETIVIDADE
390
JETO, DEJETOS E TRANSJETIVIDADE
Afonso Fonseca, psi cólogo.
391
poiética, desdobramento de possibilidades, ação, é jetiva, Anterior ao modo de
sermos em que se constituem o sujeito e o objeto.
O ator é inspectador, na medida em que íntegro, é parte da perspectiva
fenomenológico existensial da ação. Ontológico. Se o sujeito é expextador.
O ator é inspectador. Da perspectiva fenomenológico existensial da ação.
E -- se a subjetividade e a objetividade, expectativas que são, são dejetivas --,
a transjetividade é especificamente jetiva, Na duração da vivência, poiética, a
poiética dramática da ação, fenomenológico existensial.
A ação não é subjetiva nem objetiva, mas, em
específico transjetiva. Especificamente, Inspectativa, antes que espectativa.
Nem objetividade nem subjetividade.
Mas transjetividade. Inspectativa. Na duração da dialógica poiética do
episódio do desdobramento de possibilidades, da ação.
O ator é inspectador, na medida em que vivencia, transjetivamente, na
duração da momentaneidade instantânea do episódio da dramática da ação,
a própria perspectiva poética da ação.
Na duração do episódio fenomenológico existensial da ação --, a
duração da dramática da ação é transjeto, transjetiva, transjetividade. Ao
invés de objetiva/subjetiva; objetividade/subjetividade.
393
O CONHECER DO CLIENTE EM PSICOTERAPIA FENOMENOLÓGICO
EXISTENSIAL
394
O CONHECER DO CLIENTE EM PSICOTERAPIA
FENOMENOLÓGICO EXISTENSIAL
Afonso Fonseca, psicólogo.
Pano rápido...
395
Sendo o modo de sermos da moção e emoção, é o modo de sermos
da motivação. O modo motivado de sermos.
397
A AÇÃO NÃO É SÓ AÇÃO MUSCULAR.
COMPPREENSÃO TAMBÉM É LEGITIMAMENTE AÇÃO
NA MUSCULAÇÃO, A COMPREENSÃO TAMBÉM É MUSCULAR
398
399
Suicídio de jovens no Nordeste 1/9.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO E INTERVENÇÃO NA QUESTÃO DO
SUICÍDIO DE JOVENS NO NORDESTE DO BRASIL
400
Suicídio de jovens no Nordeste 1/9.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO E INTERVENÇÃO NA QUESTÃO
DO SUICÍDIO DE JOVENS NO NORDESTE DO BRASIL
Estes múltiplos fatores não devem nos desviar das causas econômicas, como
determinantes mais abrangentes.
Que estressam todos os demais. Geográficos, étnicos, culturais,
familiares, existenciais.
401
Sobretudo, não podemos reificar os determinantes, individuais e existenciais,
como certas formas de moralismo, e de orientação religiosa, gostariam de
fazê-lo, com fins políticos.
402
criatividade e de superação, a regeneração existenciais, e a resiliência nas
pessoas.
Se isso ocorre nos grandes centros, imagine nos pequenos e
interioranos...
Como dizia Darcy, precisamos entender que isto é projeto. E não
consequência...
A impotência existencial, o niilismo, têm outras alternativas que não
sejam, simplesmente, o suicídio...
Mas a impotência existencial, e o niilismo, vulnerabilizam o indivíduo,
na trincheira existencial da resiliência. Em suas capacidades de ser criativo, e
de superação, necessidades que são colocadas à pessoa, por motivos
culturais,econômicos, e existensiais.
Sobretudo, o acesso à potência existencial, à vivência e atualização de
possibilidades, a ação, no modo ontológico de sermos, se liga à capacidade de
produção de sentido na existência. Condiçãoes existenciais cuja carência
vinculam-se às condições de possibilidade do suicídio.
Sentido não é algo que se produz, e que permanece como uma estrela
guia da existência.
Sentido, logos -- do ponto de vista fenomenológico existencial-- se
produz como dimensão de cada ato, de cada episódio existensial.
Não obstante, não existe existensia sem sofrimento. Em primeiro lugar. Sem a
interpretação da finitude e do sofrimento.
Em segundo lugar, além dos naturais sofrimentos e finitudes, a
incompetência eventual dos pais para suas funções leva-os a produzirem
grandes sofrimentos para seus filhos.
São pais imaturos, pais autoritários, e frequentemente sádicos; pais
competitivos e vingativos. pais invejosos; pais egoístas; abusivos;
pesadamente negligentes, maus, etc...
403
Que, frequentemente, causam graves sofrimentos, episódicos ou
crônicos -- a filhos indefesos. E que deveriam -- não só não ser por eles
ofendidos e injuriados, mas por eles, em vão, defendidos e protegidos...
Em muitos casos, o sofrimento infligido vem com a marca do abuso de
poder espuriamente exercido.
Cria-se uma situação danadamente paradoxal, entre a autoridade
abusadora e o abusado...
Reconhecer o sofrimento, atualizá-lo, interpretá-lo, meramente senti-lo,
já significa capitular diante dele, reconhecê-lo, e reconhecer a própria
impotência, diante do sofrimento, e do poder, da autoridade sádica...
Sofrer significa reconhecer a sofrimento a submissão à imposição do
sofrimento, a submissão a uma autoridade injusta, significa humilhar-se,
vulnerabilizar-se, fragilizar-se, em difíceis relações de poder.
Sobretudo, quando o poder de infringir sofrimento é utilizado como
instrumento de autoritarismo, de submissão, de humilhação, de poder...
O jovem, a criança, se enrijece para resistir.
E, resistir, em um certo nível, significa não se permitir o
reconhecimento do sofrimento, não se permitir o reconhecimento e a
afirmação do sofrimento, negando o modo ontológico de ser. Não se permitir
o fenomenológico existencial, a ação, a interpretação da finitude e do
sofrimento. Meramente, sofrer.
404
performance da existensia -- em particular, do sofrimento e da finitude --,
retorna, e potencializa-se.
405
indivíduo, e a individualidade. A família, no caso. A cultura burguesa,
capitalista, urbana é, assim, uma cultura que valoriza o indivíduo, e a
individualidade, em detrimento do grupo.
Os filhos crcescem nas cultura proto capitalistas. Até porque para elas se
projetam, e os projetam os pais.
E frustam-se tremendamente...
E dá, no coração, o medo que algum dia o mar também vire sertão...
406
mar... Hora é vilipendiada, ou brutalmente massacrada... Refluindo, o mar
virando Sertão...
408
409
Suicídio de jovens no Nordeste 2/9.
ABUSO SEXUAL
410
Suicídio de jovens no Nordeste 2/9.
ABUSO SEXUAL
Afonso Fonseca, psicólogo.
O que não quer dizer que não haja relações abusivas, entre menores e
pessoas desprovidas do papel de autoridade. Marginais.
411
Em que a convivência íntima, e cotidiana, favorece as relações
abusivas.
Primeiro, é preciso que se diga, que existem abusos dos mais variados
tipos.
413
Suicídio de Jovens no Nordeste 3/9.
ABUSO PSICOLÓGICO
414
Suicídio de Jovens no Nordeste 3/9.
ABUSO PSICOLÓGICO
Afonso Fonseca, psicólogo.
Tais process podem ser seguidos até relações doentias entre os pais,
entre parentes, ou pais e parentes, ou vizinhos doentes.
415
Subjaz à vida familiar, um dogma clandestino, frequentemente
dissimulado, de que os filhos são propriedades dos pais...
416
Estas providências dos pais são, em geral, estrategicamente muito
precoces.
Os outros filhos podem, e devem estudar. Ele não... Caso ele estude e
se desenvolva educacionalmente vai se desenvolver, e não vai cuidar dos pais
na velhice.. Sua vida escolar é dissimuladamente perturbada.
Não pode namorar, senão vai ser pai, ou mãe, vai constituir família, e
não vai cuidar dos pais na velhice. Se for homossexual, é uma mão na roda,
neste sentido... E por aí vai...
417
Hoje não pode ser tão explícito. E vigora, dissimulada e sub-
repticiamente.
418
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 4/9.
SUICÍDIO E GÊNERO
419
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 4/9.
SUICÍDIO E GÊNERO
Afonso Fonseca, psicólogo.
421
As dificuldades não surgem, em específico, simplesmente, da condição
homossexual, mas da impotência existensial, decorrente de um prejuízo
construção do ser a partir das contingências da atualidade existensial. Pela
expropriação e predeterminação, arbitrárias, da existência.
422
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 5/9.
INDUÇÃO AO SUICÍDIO
423
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 5/9.
INDUÇÃO AO SUICÍDIO
Afonso Fonseca, psicólogo.
...O ódio que eu sentia das cidades grandes. Porque eu não era delas
produzido...
Mas, não tem jeito. E, resignada e estoicamente, eles vêm entregar seus
filhos à vaca colorida, como dizia Nietzsche.
Que, ao desconfiarem que os filhos, sob algum aspecto, não são de sua
cepa, seja ele qual for, preferem vingar-se dos filhos -- como se estes fossem
culpados --, e militar para destruí-los. Normalmente, com intensos níveis de
vingatividade.
Assim é que, por motivos diversos -- pode ser por motivo étnico ou
cultural, um filho ou filha ambiguamente adotivo(a), um filho(a) de sexo
indesejado, um filho(a) cuja paternidade desconfia... -- vamos encontrar o
rastro de pais nos mecanismos de destruição dos filhos...
425
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 6/9.
A PRODUÇÃO DA TRISTEZA COMO ESTRATÉGIA
426
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 6/9.
A PRODUÇÃO DA TRISTEZA COMO ESTRATÉGIA
Afonso Fonseca, psicólogo.
427
Não se chega a tanto, facilmente, hoje em dia. E o processo civilizatório
baniu a sua possibilidade das leis. Das leis.
428
Produzindo depressão e tristeza, em termos finais, como forma de
controle e de subordinação do filho(a).
O comportamento é operante.
432
Ou métodos pesadamente espúrios, e de graves consequências
potenciais, de manipular a afetividade do(a) filho(a). Partindo da natural
afetividade com relação a si próprio. Espalhando-se pela manipulação de tudo
que tiver valor afetivo para o filho.
O comportamento é operante.
433
Depois, quando o(a) filho(a) desenvolve idéias suicidas, as concretiza,
ou desenvolve outros corolários da tristeza e da depressão, da impotência
existensial, cinicamente afetam uma surpresa
434
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 7/9.
HISTERIA E SUICÍDIO
435
Suicídio de jovens no Nordeste do Brasil 7/9.
HISTERIA E SUICÍDIO
Afonso Fonseca, psicólogo.
A histeria não tem a ver com útero histeros. Nem é, como tal, uma
condição feminina. Desenvolvida por intercorrências do desenvolvimento
psicosexual... Ocorre, frequentemente, em homens... E das mais diversas
formas. Estando presente em várias personalidades problemáticas, e em vários
distúrbios.
437
O fatalismo, a impotência para criar e superar, para criar-se e superar-
se, criar e superar o seu meio. O déficit de agressividade, a impotência de
regenerar-se, a culpa, o ideal ascético, o tédio e a impossibilidade de sua
superação...
438
A ação é de tal modo reprimida, que torna-se desvantajoso, e perigoso,
agir.
Só não são hábeis, como simulação que são, para prover a vivência do
modo pré-reflexivo e pré-conceitual de sermos; o conhecer, compreensivo; o
criar, o superar(-se), o regenerar-se existencialmente, próprios a ação.
Prerrogativas do agente.
440
ontológica da ação. Mas conferindo um variável valor de adaptação, segundo
o princípio de sobrevivência.
441
Suicídio no Nordeste 8/9.
O PAPEL DA TERAPIA
442
443
444
Suicídio no Nordeste 8/9.
O PAPEL DA TERAPIA
445
Em especial, como elementos de filosofia de vida. De ética, de
ontologia, e de epistemologia.
446
O valor terapêutico do elemento metodológico é, justamente, o seu
poder expressivo, existencialmente expressivo.
447
Não há necessidade de que o psicólogo, ou o terapeuta seja um
especialista na arte em questão. Precisa entender e ter familiaridade com sua
abordagem de psicologia e psicoterapia, entender a dinâmica existensial da
arte, em geral, e na Psicologia e Psicoterapia. E a dinâmica da arte em
questão. Não precisamos de um especialista.
448
Suicídio de Jovens no Nordeste 9/9.
ADOÇÃO E SUICÍDIO
449
Suicídio de Jovens no Nordeste 9/9.
ADOÇÃO E SUICÍDIO
De modo que, em particular aos demais irmãos, este filho adotivo tem
sua vida e suas possibilidades danificadas e destruídas. Gerando inevitavel
tristeza, depressão, impotência, pessimismo, incapacidade de criação,
superação, e de regeneração...
Pais há, que, tendo duas filhas, resolvem adotar um filho homem para
garantir o que seria a 'segurança' de um homem, como filho, na família. Para
tal, têm todo um projeto preconcebido para o(a) filho(a) adotivo(a), a sua
revelia . Especializando-o nas funções que almeja. Resultando em idênticos
efeitos..
Subjaz a atitude desses pais uma crença secreta de que o(a) filho(a) tem
um enorme e insanável débito, ao ser adotado pela família. Ele é, na
perspectiva desses pais, e, mais grave, da família, um pesado devedor.
Pairando-lhe sempre o estigma da ingratidão, se não for obediente...
451
Há pais que optam empedernidamente por não revelar ao filho a
realidade da adoção.
452
CORPO 1/2.
A CRONIFICAÇÃO DO CORPO COMO OBJETO
453
CORPO 1/2.
A CRONIFICAÇÃO DO CORPO COMO OBJETO
454
CORPO 1/2.
A CRONIFICAÇÃO DO CORPO COMO OBJETO
Isso -- a cronificação do corpo como objeto --, significa que ele perde
a possibilidade da vivencia, da vivência existensial, da vivência do corpo
como ação, como ator. Vivenciando-o meramente como dejeto, como sujeito,
ou como objeto.
457
CORPO 2/2
Fenomenologia do corpo.
458
CORPO 2/2
Fenomenologia do corpo.
Se, por um lado, não podemos negar o tempo próprio, e o não espaço,
da existência; não podemos negar que a existência não se pode dar sem o
corpo. E o corpo tem a sua espacialidade própria na ação, na sua
fenomenologia.
459
O corpo é, assim, não coisa, presente e atual. Quando é, com a
existência, intensidade, do desdobramento de possibilidades, da ação,
intensionalidade. Ação e compreensão transtensional, no episódio ontológico,
fenomenológico existensial da ação.
Cumpre diferenciar.
461
DEPENDÊNCIA DE DROGAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 3/4.
A alienação e negação da finitude, e do sofrimento. A negação da
existência. Impotência.
462
DEPENDÊNCIA DE DROGAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
3/4.
A alienação e negação da finitude, e do sofrimento. A negação da
existência. Impotência.
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DEPENDÊNCIA DE DROGAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 1/4.
A reificação das drogas nas sociedade contemporâneas
464
Mas, trata-se de um sintoma das sociedades contemporâneas. Não de uma
causa.
Criticar a reificação
Contextualizar
Politizar, ou despolitizar
465
TAO E AÇÃO
466
TAO E AÇÃO
Afonso Fonseca, psicólogo.
E lá vou eu,
Gesto no movimento
Leminsky
468
E lá vou eu,
Gesto no movimento...
Assim é a ação. Assim é a inspectação...
Movimento da dialógica de eu e de tu, que se equaciona no possível de
eu e de tu, no possível de tao eu, no possível de tao tu. No possível de eu-tu.
De tal modo que já não existem dentro nem fora, já não subsistem
sujeito, o subjeito, e objeto,objeito; nem sujeitado e objetivado. Enquanto dura
a instantaneidade momentânea da ação. Mas o projeto, a projetação da
expressividade expulsiva da ação.
469
É a ação que perfeitamente casa oportunidade e ação. Como o atleta
que, esteticamente, mergulha verticalmente, da altura do trampolim, na água
profunda da piscina.
É isto que é o zen (K. Sato).
E o seu movimento é o movimento pela linha de menor resistência. A
ação que não desgasta, e atinge o máximo de sua efetividade. Tanto que, pela
linha de menor resistência, parece inação. Mas, em sua efetividade de menor
resistência, de oportunidade do encontro de oportunidade e ação, em
específico é ação sem alvoroço.
470
Consciência do ator, ação, resguarda do movimento letárgico e inerte
da multidão de objetos, na sua inspectativa dramática.
Projeto que não se subjeta. Ator, ação.
Clareza imóvel da imóvel mente zen da mobilidade da ação. Imóvel
mente zen da mobilidade do ator.
Móvel, mas sem alvoroço. E, sem alvoroço, inexorável.
Sem alvoroço, pode imiscuir-se nos interstícios não coisa das coisas.
Quanto menos alvoroçada na dialógica da oportunidade da ação, mais imóvel,
e mais perfeita na ação. A ponto de falsamente parecer-se inação.
Visão, de mil olhos, mil braços e mil mãos, apenas ela possível,
improvisativa, improvisação, como possível, para o imprevisto.
BIBLIOGRAFIA
BUBER, Martin Eu e Tu.
I CHING
LENINSKY, Paulo Catatau.
TAKUAN SOHO A Mente Libertada.
WEISS, Paul Carne de Zen, ossos de zen. Antologia de Histórias
Antigas do Budismo Zen.
471
472
NARRATIVA. IMPLICAÇÃO OU EXPLICAÇÃO?
Pedagogia ou Propaganda
473
NARRATIVA. IMPLICAÇÃO OU EXPLICAÇÃO?
Pedagogia ou Propaganda
Afonso Fonseca, psicólogo.
474
A narrativa fundada na interpretação explicativa carece da
intensionalidade da implicação -- constituinte da compreensão, da
musculação, e da emoção.
475
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