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Nº 5
INTRODUÇÃO
**Lenita Wannmacher
Professora de Farmacologia inativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade de Passo Fundo, RS. Mestra
em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultora em Farmacologia do Núcleo de Assistência Farmacêutica
da Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ, Rio de Janeiro. Membro do Comitê de Especialistas em Seleção e Uso de
Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, Genebra.
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uso de AINE não seletivos e inibi- O risco foi mais aparente com
dores seletivos de COX-2. Em eventos isquêmicos sem elevação de
comparação a placebo, inibidores segmento ST.26
seletivos de COX-2 associaram-se Coorte dinamarquesa de base
significativamente a aumento de populacional (4.614.807 indivíduos
42% na incidência de eventos com mais de 10 anos que tiveram
cardiovasculares (P = 0,003), princi- pelo menos uma prescrição de
palmente infarto do miocárdio (P = diclofenaco entre 1997 e 2005, dos
0,0003), sem significativa hetero- quais 1.028.437 foram incluídos no
geneidade entre diferentes agentes. estudo) verificou que o uso de diclo-
A incidência de eventos vasculares fenaco e de rofecoxibe associou-se a
graves foi similar entre inibidores aumento do risco de morte por
seletivos de COX-2 e qualquer AINE doença cardiovascular (OR= 1,91;
não seletivo. No entanto, a IC95%: 1,62–2,42 e OR=1,66; IC95%:
comparação de inibidor seletivo de 1,06–2,59, respectivamente) de
COX-2 versus naproxeno (RR=1,57; forma dose-dependente. Houve ten-
1,21–2,03) mostrou diferença estatis- dência a aumento de risco de
ticamente significante, beneficiando acidente vascular encefálico fatal e
naproxeno. Em comparação a place- não fatal com ibuprofeno. Napro-
bo, o risco relativo foi de 0,92 xeno não se associou a aumento de
(IC95%: 0,67–1,26) para naproxeno; risco cardiovascular (OR=0,84; 0,50–
1,63 (IC95%: 1,12–2,37) para diclo- 1,42). Dadas as diferentes respostas,
fenaco; e 1,51 (IC95%: 0,96–2,37) a escolha do AINE apropriado deve
para ibuprofeno. Apesar das dife- levar em consideração o perfil de
renças numéricas entre os riscos cada paciente.27
relativos de naproxeno e ibupro- O uso prolongado de AINE pode
feno, os intervalos de confiança aumentar em 5–6mmHg a pressão
apresentados para ambos contêm a média em pacientes com hiper-
unidade, o que fala a favor da não tensão arterial sistêmica e pode
diferença estatisticamente signi- interferir com a eficácia de alguns
ficativa em relação ao comparador anti-hipertensivos.28
(placebo).25 Em revisão sistemática,
Estudo prospectivo de casos e demonstrou-se aumento no risco de
controles verificou que o risco de hipertensão relacionado ao uso de
eventos cardiovasculares isquêmi- ibuprofeno (RR= 4,0; IC95%: 1,1–
cos associou-se não significati- 14,9), efeito não observado com o
vamente a uso corrente de AINE uso de naproxeno (RR= 2,3; 0.8–6,2).
(OR ajustado= 1,16; IC95%: 0,95– Ibuprofeno aumentou 4,3mmHg
1,42). O risco aumentou com (2,9–6,5mmHg) na pressão sistólica
consumo de altas doses (OR =1,64; e 1,8mmHg (0,5–3,0mmHg) na pres-
IC 95%: 1,06–2,53) e nos pacientes são diastólica.29
com doença isquêmica cardíaca Em meta-análise de 51 ensaios
prévia (OR =1,84; IC95%: 1,13–3,00). clínicos aleatórios (n= 130.541
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Como estratégia de ampliação do conhecimento dos profissionais de saúde, a edição desse tema está disponível no módulo de Uso Racional de Medicamentos (URM) do
HÓRUS – Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica, e tem como finalidade contribuir com a promoção do uso racional de medicamentos por meio de
informações sobre o uso de medicamentos na atenção primária, vinculadas ao processo de prescrição, dispensação, administração e monitoramento que poderão ser
acessadas pela equipe de saúde. Essas informações permitirão aos profissionais de saúde que lidam com medicamentos a adoção de conhecimentos sólidos e independentes
e, por isso, confiáveis. Tais informações também poderão ser acessadas pelo usuário do medicamento por meio dos endereços eletrônicos – www.saude.gov.br/horus e
www.opas.org.br/medicamentos, visando orientá-lo sobre uso, efeitos terapêuticos, riscos, cuidados e precauções em situações clínicas específicas.