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FORMALIZAÇÃO E EXECUÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

I- CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO E SUAS


PECULIARIDADES

Contrato administrativo é o ajuste que a Administração Pública, agindo com


supremacia de poder firma com o particular ou outra entidade administrativa para a
consecução dos objetivos de interesse público. Uma das principais características
do contrato administrativo é que o mesmo necessita de prévia licitação, sendo
apenas dispensada nos casos expressos em lei.

O contrato administrativo não se confunde com o contrato firmado no direito civil,


sendo que o contrato administrativo é regulado pelas normas de direito público,
havendo uma supremacia de poder da administração sobre o particular, o artigo 54
da Lei 8666/93 dispõe que os contratos administrativos regulam-se pelos preceitos
de direito público, aplicando-lhes supletivamente os princípios da teoria geral dos
contratos civis.

Tendo em vista a supremacia da administração, surge então uma grande


peculiaridade no direito administrativo com o nome de cláusulas exorbitantes, ou
cláusulas leoninas, consideradas aquelas que excedem do Direito Comum, onde
consigna uma vantagem para administração, tais cláusulas não existem nos
contratos civis, tendo em vista o princípio da igualdade entre os contratantes, e nos
contratos firmados pela administração a mesma toma pra si o interesse público que
eleva sua posição na esfera contratual. As cláusulas leoninas podem consignar as
mais diversas prerrogativas no interesse do serviço público, sendo as principais:
possibilidade de alteração e rescisão unilateral do contrato; no equilíbrio econômico
e financeiro; na revisão dos preços e tarifas; na inoponibilidade da exceção de
contrato não cumprido; no controle do contrato; na ocupação provisória e na
aplicação de penalidades contratuais pela administração.

Na visão de Hely Lopes Meirelles, o poder de modificação unilateral do contrato


administrativo constitui preceito de ordem pública, não podendo a administração
renunciar previamente a faculdade de exercê-lo. Importante ressaltar que as
alterações devem estar devidamente motivadas, e só pode atingir as cláusulas
regulamentares, sendo vedada a alteração das cláusulas que tratam do equilíbrio
econômico financeiro do contrato. Em resumo, podemos conceituar contrato
administrativo como sendo a forma de contratação por parte do poder público, com
o objetivo de beneficiar a coletividade, e tendo em vista a supremacia da
administração, poderá alterar ou rescindir o contrato conforme a variação do
interesse público, sendo a interpretação do contrato, e seu fim voltado para o
interesse da coletividade.

II – FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Conforme disposto na lei 8.666/93, os instrumentos do contrato administrativo se


formalizam através de aditamentos que serão lavrados nas repartições
interessadas, ou por escritura pública, nos casos em que lei exigir. É vedada a
contratação por parte da administração através de contrato verbal, sendo apenas
permitido nos casos em que haja compras de pequeno valor que não excedam
4.000,00$. Todo contrato administrativo e seus aditamentos deverão ser publicados
de forma resumida, sendo agora condição indispensável para a eficácia do contrato.
Outra peculiaridade de sua formalização é que o mesmo dispensa testemunhas e
registro em cartório, pois traz em si a presunção de legitimidade.

No conteúdo do contrato é que se expressa a vontade das partes, é lá que serão


fixadas cláusulas que descrevem com rigor as partes, o objeto do contrato, os
direitos, deveres e responsabilidade dos contratantes. Hely L. Meirelles destaca em
sua obra que não será possível admitir cláusulas posteriores que concedam maiores
vantagens ao contratado do que as originariamente previstas, lesando ou até
mesmo favorecendo particulares em contraposição ao interesse público.

Dentre as cláusulas dos contratos administrativos podemos dividi-las em cláusulas


essências ou necessárias, e cláusulas secundárias ou acessórias. As essências
trazem em seu bojo as condições fundamentais do contrato, sendo as secundárias
apenas acessórias, não gerando nenhum efeito quanto a validade do que foi
convencionado. Hely L. Meirelles em sua obra destaca algumas das cláusulas
essenciais: as que definem o objeto e seus elementos característicos; estabeleçam
o regime da execução das obras; fixem o preço e as condições de pagamento,
dentre outros.

Além das cláusulas necessárias ou essenciais o autor destaca que poderão erigir-se
também em essenciais as cláusulas que em face da peculiaridade de cada contrato
ou ajuste a torne indispensável, e finaliza dizendo que, essencial será toda cláusula
cuja omissão impeça ou dificulte a execução do contrato.

Como nos contratos Civis, também nos contratos firmados pela administração será
possível o fornecimento por parte do contratado de garantias para a execução dos
contratos, ficando a escolha a cargo do contratado, sendo elas: caução: que é toda
a garantia em dinheiro ou títulos da dívida pública, seguro garantia: sendo uma
garantia oferecida por uma companhia de seguros para assegurar a execução do
contrato, e fiança bancária: garantia fidejussória oferecida pelo banco que se
responsabiliza perante a administração. A perda da garantia se dá toda vez que se
ofertante faltar com o prometido para com a administração.

III - EXECUÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Conforme Hely L. Meirelles, executar o contrato é cumprir suas cláusulas segundo a


comum intenção das partes no momento de sua celebração. Importante ressaltar
que na execução dos contratos administrativos a administração nivela-se ao
particular, de modo que a cada obrigação deste corresponde um direito daquele.

Na obra, Direito Administrativo Brasileiro, o autor Hely L. Meirelles separa os direitos


e obrigações tanto da administração como do contratado sendo os direitos:

I – DA ADMINISTRAÇÃO

Exercer suas prerrogativas livremente, isto é, sem a intervenção do Judiciário, ao


qual cabe ao contratado recorrer sempre que não concordar com as pretensões da
administração.

II- DO CONTRATADO

Receber o preço, na forma e no prazo convencionado, além de ter o direito de ver


mantido o equilíbrio econômico financeiro do contrato no caso de alteração
unilateral.

Além dos deveres, existem obrigações das partes no contrato, sendo da


administração o pagamento do preço ajustado, ao passo que o do contratado o
cumprimento da prestação prometida. Outra obrigação por parte da administração é
a entrega do local da obra nas condições que permitam ao contratado regular a
execução do contrato, cabendo a administração fazer as desapropriações
necessárias. Outras obrigações por parte do contratado é a de observar as normas
técnicas adequadas, emprego de material apropriado, execução pessoal do objeto
do contrato, atendimento dos encargos trabalhistas, dentre outros.

Na execução do contrato cabe à administração fiscalizar, acompanhar, orientar,


interditar, intervir na obra contratada, tendo em vista o interesse e a necessidade de
sua intromissão.

III – CONSIDERAÇÕES FINAIS


O resumo ora tratado não tem por objetivo esgotar a matéria, tendo em vista o
amplo conteúdo dos assuntos tratados. O que se busca entender com os tópicos
acima citados é como administração contrata, formaliza e executa seus contratos
com os particulares, tendo em vista sempre o interesse público.

Autor: João Marcos Gonçalves Araujo – Aluno do 4º semestre do curso de Direito


da Universidade Braz Cubas.

BIBLIOGRAFIA:

Hely Lopes Meirelles - Direito Administrativo Brasileiro (39ª edição - Malheiros)

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