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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO

PÓLO UAB SAPUCAIA DO SUL

RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO ESTÁGIO NA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES VILA


FLORESTA

PROJETO RELAÇÕES CIENTÍFICAS ARTÍSTICAS


ECOLÓGICAS COMUNITÁRIAS

INVESTIGAÇÃO AÇÃO EM ATIVIDADES DOCENTES / ESTÁGIO IV

DANIEL MOACIR MORAES DE BRITO

JANEIRO 2013
RELATORIO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO ASSOCIAÇÃO DE MORADORES VILA FLORESTA

Inicialmente conversamos sobre o que e onde faríamos, começamos com


algumas anotações, em razão de meu colega de estágio, João Felipe, trabalhar em uma
escola na cidade e abordar temas, como música, dança, percussão, criação de
instrumentos a partir de material reciclado, então, ele mostrou um blog da Escola
Getulio Vargas, onde registrou com fotos e vídeos seu trabalho, nesse momento,
comentou que um professor do Projeto Mais Educação, chamado Elizandro Costa, que
trabalha na mesma escola, ministrava diariamente na Associação de Moradores da Vila
Floresta aulas de “Rap”,”Hip Hop” (danças populares, com características fortes, de
rebeldia e liberdade de expressão bastante peculiar), comprei a idéia, em nossas
cabeças já estava sendo criado o projeto, ele citou a possibilidade de fazermos estágio
lá, conversamos com o presidente da associação e professor, após apresentar nosso
projeto , tempo de duração, objetivos, didática, nos autorizou para fazer estágio desde
que entregássemos uma cópia do projeto e autorização da UFPEL para desenvolver a
atividade, concordamos e assistimos uma aula de dança do Projeto Mais Educação,
ficando de voltar em outra oportunidade com o Projeto estruturado.

Quando li nosso Projeto “Relações Educacionais Artísticas Ecológicas


Comunitárias” com sua complexidade, pois, o colega João Felipe, sendo da área
educacional, vivencia cotidianamente nesse ambiente, conteúdos programáticos,
vocabulário e didática, sendo eu da área comercial e administrativa, me admirava de
como as nossas conversas, anotações e idéias foram formatadas e criou-se um projeto de
alta complexidade, palavras de professores do Polo UFPEL Sapucaia do Sul, na ocasião
da apresentação do Projeto no Seminário Oficina. Na medida, em que as pessoas nos
questionavam sobre o Projeto e a cada leitura do mesmo, eu me familiarizava com os
termos e desenhava mentalmente minhas ações, me perguntando, em que momento
aconteceria a fusão entre os dois temas, Gestão Escolar e Educação Ambiental, ou
seguiriam em paralelo ate o final do estágio? Se a fusão acontecesse, que tivesse
consistência, e atingisse os objetivos propostos! Quando efetivamente fosse
implementada, na Associação de Moradores Vila Floresta.

Realizar um estágio, em uma associação de moradores, representou um desafio a


mais, são 27 jovens entre 9 e 17 anos, que se não bastasse a diferenças de idades e
maturidades, participando de um mesmo projeto, a presença naquele local é voluntária,
e nós estávamos levando algo novo, que interromperia temporariamente as aulas de “
hip hop”, danças populares em que eles já estavam identificados, então, despertar o
interesse coletivo desses jovens em nossa proposta, para que pudéssemos ter êxito na
aplicação da mesma, foi um desafio diário, que nos inquietou e nos desenvolveu como
pessoas e educadores.

No corpo de nosso Projeto, existem questionamentos, desafios colocados ali


propositadamente, afim, de nos dar um “norte”, um balizamento, uma oportunidade de
aferição dos resultados do trabalho, , me parecia, que os objetivos eram independentes e
não ligados entre si, como que pedras soltas de um grande quebra-cabeça, que ainda não
se sabe o que irá formar, ou melhor, uma obra abstrata, pois, falamos de pessoas,
pensamentos livres, desenvolvimento intelectual, que sofre todo tipo de influência do
meio em sua maturação, a única certeza, é que o resultado alcançado dependerá do
envolvimento dos atores nessa construção. Ainda, um pouco inseguro, mas acreditando
no projeto elaborado, seguimos adiante.

No dia 23 de outubro, já estávamos com o Plano de Ação definidos, e ansiosos


para começar nossas atividades, mais por determinação da UFPEL, iniciamos dia 31 de
outubro, antes visitamos a Associação e conversamos com alunos e o Professor
Elizandro, explicando o Projeto e informando a nova data para início. A reação dos
alunos foi de curiosidade e atenção, alguns alunos estudavam na escola que o colega
João Felipe lecionava, isso aproximou mais o grupo, então, enquanto o colega falava
sobre particularidades do projeto e seu objetivo final, me pediu que escrevesse um texto
onde contemplasse o Projeto, as pessoas ali presentes, o ambiente em que nos
encontrávamos, a comunidade do entorno, sob minha ótica ambiental e colocasse um
título nesse trabalho. Sentei-me no fundo do galpão e observando o colega falar, alguns
ouvintes atentos, outros alheios a tudo, e ainda um terceiro grupo, que se dividia entre
ouvir e conversar paralelamente, e com essa amostra de uma sociedade diversificada,
onde temos esse comportamento sobre questões ambientais, inspirou-me a construir um
texto que denominei “UM OLHAR DE ESPERANÇA”, que ao terminar, mostrei para o
colega, que leu, pontuou alguns tópicos que achou relevante e sob seu olhar crítico,
sinalizava que o conteúdo do texto, bem como sua interpretação, com seus significados
e re-significação, vinha de encontro a todo o projeto e suas propostas. Decidimos nesse
momento, que o nome da apresentação coreográfica, assim como as outras atividades
seriam adequados ao texto, pois os olhares são múltiplos e nosso objetivo é formar
cidadãos conscientes de seus deveres e obrigações, por uma sociedade e um mundo
melhor para viver, e nesse sentido, usar de todas as linguagens disponíveis, enfatizando
o lúdico, aproximou a relação entre esses dois eixos: Gestão Escolar e Educação
Ambiental.

A assiduidade presencial foi constante, porém, a participação nas atividades foi


variável em um primeiro momento, tornando-se mais intensa, de acordo com o
entendimento da proposta, com conhecimento altamente técnico e com didática
adequada para esse público, o colega João Felipe transitava com desenvoltura, entre o
alongamento necessário antes de cada atividade, anatomia do corpo, geometria espacial,
conhecimento imprescindível para execução de danças coreográficas, os passos de
dança, com seus respectivos nomes, falando da importância de ensinar o cérebro a
aprender o movimento, para que o corpo possa executá-lo com perfeição, mostrando e
comprovando, que passos diferentes de danças, grupos com funções distintas se fundem
em uma só obra coreográfica criativa.

Criamos na Associação, dois ambientes, um teórico que representava uma sala


de aula, e outro prático, convencionamos que em cada encontro e de acordo como o
texto, deveríamos preparar o ambiente para as atividades do dia, e ao término dela, a
reorganização do espaço. No ambiente teórico, distribui uma cópia do texto “UM
OLHAR DE ESPERANÇA” e estimulamos os jovens a desenvolverem uma poesia
musical com rimas, com quatro estrofes, baseadas no conteúdo do texto, onde cada um
deveria deixar fluir livremente sua criatividade, em outra atividade, pedimos que
criassem uma figura livre, um personagem, que deveria ser incluída na coreografia de
dança e facilmente identificada pelo público alvo, salientando ao grupo, que o processo
criativo é permanente, pois, em outro momento, sob outro olhar, poderíamos entender
de forma diferente ou não, e que isso dependeria das influências sofridas pelo meio em
que vivemos, de nossa escolhas, e que somos frutos delas e a decisão é sempre nossa.
Deixamos evidente, que durante a criação de qualquer projeto, valores como: disciplina,
pró-atividade, participação, desprendimento, respeito, iniciativa, comprometimento,
união, autoconfiança, alegria, entusiasmo, atitude, etc..., se encaixam perfeitamente, em
todos os nossos desafios cotidianos na direção da formação da cidadania, assim, ainda
que não absorvam em toda sua plenitude esses valores, teremos dado nossa
contribuição, plantando em solos férteis, com a certeza da colheita, em maior ou menor
grau, ao tempo de cada um, de pessoas melhores, mais críticas, que formarão um lugar
melhor para se viver, pois, se o tempo é o senhor da razão, a educação é transformadora.

A temática de ECO, foi escolhida porque recordando os semestres anteriores,


nosso curso LEC(Licenciatura para Educação no Campo), sempre sinalizou, no sentido
de formar um educador, que utilizasse todas as linguagens e recursos disponíveis, para
passar e fixar o conhecimento dos conteúdos curriculares, com foco na formação da
cidadania, e não mais um professor mecânico e burocrático, então, aplicar nosso projeto
na associação de moradores foi desafiador, e me trouxe uma contribuição prática
interessante, a convivência com essa comunidade, ampliou meu conceito de diversidade
e diminuiu meu preconceito, comunidades periféricas,não é sinônimo de violência,
drogas e marginalidade, a maioria dessas famílias, são trabalhadores que não
conseguiram se estabelecer em lugar melhor, por razões econômicas.
UM OLHAR DE ESPERANÇA

Ao ser viabilizado o Projeto de Extensão Relações Educacionais Artísticas


Ecológicas Comunitárias, devemos antes de tudo, atentar para tudo que nos rodeia,
espaços físicos, materiais, pessoas, e planejar nossas atividades, adequando os
ambientes de forma a sermos mais produtivos e assim alcançar os objetivos propostos,
levando em conta, tudo isso e as mensagens que podem estar sendo passadas, bem
como, experiências cotidianas, TV, livros, jornais, internet, rádio, etc..., temas
recorrentes que nos alertam, sobre posturas de respeito ao Meio Ambiente. Cada um de
nós, temos responsabilidades, tem experiências positivas e negativas de alguma situação
que viu acontecer com alguém ou vivenciou de fato, a cada dia, aprendemos mais sobre
esse tema, ECOLOGIA, então, porque desastres ecológicos continuam acontecendo em
todos os cantos do mundo?

Imaginemos uma filmadora ultramoderna, com todos os recursos possíveis e


imagináveis, que pudéssemos focar em qualquer direção, e imediatamente identificar
desequilíbrios, que foram causados pelo homem, pois só o homem é capaz de uma
proeza como essa, destruir o lugar que mora, e imediatamente apontar a solução,
bastaria a ação da minha câmera para resolver tudo? E se aproximarmos essa mesma
máquina para meu ambiente, onde estou, faço minhas refeições, trabalho, pratico
esportes, dança, estudo, temos vários ambientes, onde a nossa presença faz a diferença
para melhor ou pior, a escolha é sempre nossa, e somos responsáveis pelas
conseqüências de nossas escolhas, então, devemos refletir, minha atitude esta
contribuindo para que este ambiente esteja limpo e organizado? Este ambiente, esta
adequado para esta finalidade? O que acha?

Esta é uma construção crítica, reflexiva e contínua, onde devemos sempre estar
atentos, e utilizar de todas as formas para multiplicar essas boas práticas, influencia
pessoas a expandirem sua consciência ecológica, pois dessas pequenas ações, dependerá
a qualidade de vida que teremos agora e no futuro. Esta consciência ecológica, deve nos
guiar em todos os lugares, na formação contínua da cidadania.

Daniel Moacir Moraes de Brito


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

-GUTIERREZ, Francisco & PRADO, Cruz. Ecopedagogia e Cidadania Planetaria: 3°


Ed. São Paulo, Cortez /IPF. 2002.

-OSSONA, Paulina. A Educação através da Dança. São Paulo, Summus, 1988.

-SCHAFER, R. Murray. Educação Sonora. São Paulo, Melhoramentos, 2009.

-KNELLER, George F> Arte e Ciência da Criatividade. São Paulo, Ibrasa, 1968.

-TANNER, R. Thomas. Educação Ambiental. São Paulo, Summus, 1978.

-OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis, Vozes, 1984.

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