Você está na página 1de 3

ESTUDO E RELATÓRIO DE FONTES: ESCRAVIDÃO NA ANTIGUIDADE

Teoria e Prática Pedagógica III

O estudo de fontes que fizemos sobre escravidão contém vinte e quatro fontes primárias e
nove secundárias. Nove são de origem grega e as outras vinte e quatro são latinas. As fontes
trabalhadas são de vários períodos históricos, sendo que o século que dispõe de mais
informações é o I d.C.
A escravidão no mundo antigo, principalmente no Grego não é fruto do acaso, mas embasado
em justificativas dos pensadores da época. Aristóteles justifica a condição de escravo por uma
valoração de indivíduos da espécie humana: “Há, na espécie humana, indivíduos tão
inferiores aos outros [...] estes indivíduos estão destinados pela própria natureza à
escravidão”. No mundo Romano uma justificativa comum para a escravidão é a por dívidas,
que também se praticava nas polis gregas, mas em uma das fontes latinas podemos nos
deparar com um trecho de Tito Lívio explicitando a abolição da escravidão por dívidas em
Roma: “Para os plebeus romanos esse ano [326 a.C.] foi como o começo de uma nova era de
liberdade, já que se aboliu a escravidão por dívidas.”.
Nas fontes latinas, Columela mostra que o trabalho de muitos escravos era feito de modo
desleixado, sem zelo pela propriedade do senhor: “Os escravos [...] trabalham muito mal a
terra [...] gastam muito mais semente que o necessário. Em resumo, [...] os escravos
fraudam.”. Podemos elencar também outras características da escravidão no mundo Romano,
dentre elas que a grande quantidade de escravos - quantidade essa que fomentava a rebelião
de escravos - a fuga. Na relação de trabalho vimos também que homens livres também
trabalhavam juntamente com os escravos em algumas situações, que os escravos domésticos
tinham tratamento melhor e que eles eram tratados como mercadorias, sendo vendidos juntos
e em catálogo, como um lote. A relação dos escravos e suas famílias em geral se limitava a
condição de terem filhos, pois até mesmo a moradia para eles eram nos piores lugares, como
no mapa da casa de Pompéia onde podemos avistar a localização das habitações.
Nas fontes gregas também encontramos algumas características comuns à época como o uso
da guerra para se obter escravos e a necessidade da escravidão para o trabalho, tendo em vista
que para o cidadão grego, o trabalho era visto como algo menor. Apiano, também mostra que
a escravidão pode ser forçada como no caso de um grande dono de terras que incorporando
terras aos seus domínios, escravizava os que lá viviam. A relação senhor-escravo na Grécia
em relação ao trabalho doméstico era mais considerado, tendo em vista que os escravos
domésticos podiam até ter famílias, e Xenofonte afirma que quando os bons escravos tem
filhos, eles se mostram mais leais ao seu senhor, construindo assim uma relação de confiança.
Também existia o comércio de escravos, como vimos que acontecia no mundo Romano.
Na análise das fontes encontramos semelhanças e diferenças entre os dois mundos, gregos e
romanos, já evidenciados nos parágrafos acima, mas podemos também explicitar alguns
elementos, dentre eles a visão grega do escravo como mercadoria e a desvalorização do
trabalho manual. Na perspectiva latina temos como características escravos ocupando
posições domésticas, representando seus senhores, sendo instrumentos para trabalhar a terra.
Uma diferença bastante interessante é na questão da cidadania do escravo alforriado, pois na
grécia o escravo, mesmo liberto, não tem o direito de se tornar cidadão tal qual os outros
cidadãos da polis. Já em Roma, os escravos libertos, mesmo não podendo ganhar a dignidade
de cidadãos, seus filhos poderiam, coisa que não acontecia na Grécia.
Outras fontes:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 a b c d e f I II III IV V VI

“Não há por que senhores e escravos serem amigos (Leis, VI, 757a). O escravo visto como
resultado da compra e venda coisifica-se. Platão, como Teopompo, pensa o escravo nos
marcos de uma sociedade que vê suas atividades econômicas crescerem, rompendo o limite da
terra para a acumulação, e incorporando ao capital mobiliário escravos de aluguel, concessão
de minas e de oficinas.”
(GONÇALVES, Jussemar W. Aristóteles e a escravidão. Rio Grande, Biblos, 1994, p. 35)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 a b c d e f I II III IV V VI

“Construir limites à escravidão, tornando-a mais humana, nem sempre a distinção entre livre e
o escravo foi nítida, nem sempre o filho de um escravo natural é escravo. A guerra não é o
caminho legítimo para a escravidão, o poder nem sempre significa excelência.”

(ROSS, David. Aristóteles. Lisboa, Dom Quixote, 1986, p. 247)

Você também pode gostar