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Resumo: A produção industrial de etanol é afetada por fatores que atuam sinergeticamente.
Situações como o aumento do conteúdo de sulfito, valores muito baixos de pH e altas temperaturas
foram abordados no presente estudo. Neste trabalho foi estudado o processo de fermentação
alcoólica utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae Y-904 em situações envolvendo
condições estressantes às células. Foram utilizados meios com concentrações de sulfito até 345
mg/L, pH na faixa de 1,5 a 5,5, temperaturas de 21,5 a 48,5ºC e avaliados a viabilidade celular, a
quantidade de trealose no final do ciclo fermentativo, o rendimento e produtividade de etanol. As
faixas das variáveis que maximizaram a viabilidade celular foram: temperatura de 21,5 a 31ºC, pH
de 3,2 a 4,3, e concentração de sulfito de 0 a 45 mg/L. Para a quantidade final de trealose, o
intervalo da temperatura que maximizou a resposta foi de 23,5 a 38ºC, o pH, de 3,5 a 4,6 e a
concentração de sulfito de até 90 mg/L. Para atingir a maior produção de etanol, a faixa de
temperatura mais adequada determinada foi de 32,5 a 38,5°C, de pH foi de 3,5 a 4,3 e a de
concentração de sulfito foi de 0 a 45 mg/L. O estresse térmico (T>45ºC) foi o fator mais agressivo
às células de levedura. Ficou claro o efeito prejudicial de baixos valores de pH e de altas
temperaturas na produção de etanol. Verificou-se, ainda, a relação entre maiores teores de
trealose intracelular e maiores valores da viabilidade celular.
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Micro-organismo
Foi utilizada a cepa da levedura Saccharomyces cerevisiae Y940, cedida pela MAURI
(Mauri Brasil Ind. Com. Ltda).
2.3. Fermentações
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variável, seguindo as concentrações de sulfito definidas pelo planejamento experimental na faixa de
0 a 345mg/L.
Sacarose: A sacarose foi determinada indiretamente pela análise de glicose. Uma alíquota de 1 mL
de sobrenadante foi hidrolisada durante 12 min, com 1 mL de HCl 2N a 67,5°C, e depois
neutralizada com 3 mL de NaOH 1N. A concentração de glicose foi medida por um teste
enzimático colorimétrico da marca Laborlab no qual a glicose é oxidada pela glicose-oxidase
produzindo peróxido de hidrogênio, que em presença da peroxidase reage com a 4-aminoantipirina
e fenol, formando um cromógeno vermelho cereja cuja intensidade de cor é proporcional à
concentração de glicose. Visando a leitura da absorbância, adicionou-se 20 µL da amostra
hidrolisada e corretamente diluída em um tubo de ensaio a 2 mL do reativo de cor, e transferiu-se
para banho-maria por 10 minutos a 37°C. A amostra do tubo de ensaio foi lida em
espcetrofotômetro a 505 nm e comparada com uma curva padrão.
Trealose: A extração da trealose foi realizada de acordo com o método proposto por CHI et al.
(2001). Uma alíquota de 5 mL do meio foi coletada, lavando-se as células três vezes com água
destilada por centrifugação a 4000 rpm por 5 min. Em seguida, 4 mL de ácido tricloroacético 0,5 M
foram adicionados ao precipitado de células, incubando-se a 0ºC por 20 min sob agitação freqüente.
Posteriormente, as amostras foram novamente centrifugadas a 4000 rpm por 5 minutos, coletando-
se o sobrenadante. No precipitado de células resultante desta etapa, a extração foi novamente
realizada por duas etapas sucessivas de adição de 4 mL de ácido tricloroacético. Os sobrenadantes
foram combinados para perfazer um total de 12 mL de extrato. O teor de trealose no extrato foi
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então determinado pelo Método de Antrona (STEWART, 1982). Retirou-se 1 mL do sobrenadante
devidamente diluído em um tubo de ensaio, em seguida adicionou-se 5 mL de reagente antrona
resfriado, mantendo-se o tubo em temperatura aproximada de 0°C. A mistura foi, então, colocada
em banho-maria a 100°C por 10 minutos e em seguida retornada à temperatura de 0°C. Depois de
resfriada a amostra do tubo de ensaio, foi lida a absorbância em espectrofotômetro a 650 nm e
comparada com uma curva padrão. Os resultados foram expressos em gramas de trealose contidas
em 100 gramas de massa seca de levedura.
Foi realizado um Planejamento Composto Central (PCC): fatorial completo 23, incluindo os
6 pontos axiais e 3 repetições no ponto central, totalizando 17 experimentos, utilizando-se o
software Statistica 7.0. A temperatura variou de 21,5 a 48,5 °C, o pH de 1,5 a 5,5 e concentração de
sulfito de 0 a 345 mg/L, (todas as variáveis englobando condições de estresse e não estresse). O alfa
de ortogonalidade utilizado no planejamento foi de 1,3531 e as Equações de codificação foram 1, 2
e 3, para temperatura (T), pH e concentração de sulfito (Bt ), respectivamente.
(T-35)
X1 = (1)
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(pH-3,5)
X2 = (2)
1,5
(Bt -172,5)
X3 = (3)
127,5
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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3.1. Viabilidade celular
Os parâmetros não significativos foram incorporados aos resíduos para o cálculo da análise
de variância (ANOVA), apresentada na Tabela 2.
De forma bem próxima à viabilidade, só não constam na Equação ajustada (5) para resposta
trealose o termo quadrático da concentração de sulfito (X3(Q)), a interação temperatura com o pH
(X1X2) acrescido apenas da interação temperatura com a concentração de sulfito (X1X3).
Observando-se os sinais dos parâmetros das Equações 4 e 5, percebe-se que para os maiores
valores de temperatura e de concentração de sulfito tem-se uma menor quantidade de trealose
restante e uma menor viabilidade celular. O mesmo acontece para menores valores de pH
(parâmetro com sinal negativo). Esta menor concentração final de trealose e menor viabilidade
celular indicam o consumo do carboidrato para proteção da célula, aspecto característico do
comportamento e função da trealose.
Os parâmetros não significativos foram incorporados aos resíduos para o cálculo da análise
de variância (ANOVA), apresentada na Tabela 3.
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Tabela 3 - ANOVA para a resposta trealose.
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3.3. Rendimento e produtividade de etanol
YE/S = 0,48-0,042X1 -0,080X12 +0,069X2 -0,059X22 -0,043X3 +0,047X1X2 -0,040X1X3 +0,039X2 X3 (6)
Os parâmetros não significativos foram incorporados aos resíduos para o cálculo da análise
de variância (ANOVA), apresentada na Tabela 4 e 5.
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(a) (b) (c)
Figura 2 - Superfícies de resposta e curvas de contorno para a resposta produtividade de etanol
(g/L.h) em função da temperatura e do pH (a), da temperatura e da concentração de sulfito (b) e do
pH e concentração de sulfito (c).
4. CONCLUSÕES
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Percebeu-se que o estresse térmico (T>45ºC) foi o fator mais agressivo às células de
levedura e que os maiores valores da viabilidade celular foram verificados para situações de maior
teor de trealose intracelular.
Concluiu-se, com base nas análises em relação à viabilidade e à quantidade final de trealose, que
valores mais elevados de temperatura, mais baixos de pH e mais alta concentração de sulfito, na
região experimental adotada, são condições estressantes à levedura que faz uso de seu carboidrato
endógeno de proteção para se manter.
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TORIJA, M. J., ROZES, N., POBLET, M., GUILLAMON, J.M., MAS, A. (2003). Effects of
Fermentation Temperature on the Strain Population of Saccharomyces cerevisiae. International
Journal of Food Microbiology, 80, p. 47-53.
Abstract: The industrial production of ethanol is affected by factors that act simultaneously.
Situations such as the increase of the sulfite amount, low values of pH and high temperatures were
discussed in this article. The present article addressed the alcoholic fermentation process using
Saccharomyces cerevisiae Y-904 in situations involving stressing conditions to the cells. Media with
sulfite concentration until 345mg/L, pH from 1,5 to 5,5, temperatures from 21,5 to 48,5ºC were
used and the cell viability, the trehalose quantities in the end of the fermentative cycle, the yield and
the ethanol productivity were evaluated. The range of variables that maximize the cell viability
were: temperature from 21,5 to 31ºC, pH from 3,2 to 4,3, and sulfite concentration from 0 to
45mg/L. The temperature range which maximized the final amount of trehalose was from 23,5 to
38,5 ºC the pH range from 3,5 to 4,6, and sulfite concentration until 90mg/L. To achieve the biggest
ethanol production, the best temperature range was from 32,5 to 38,5ºC, pH from 3,5 to 4,3 and
sulfite concentration until 45 mg/L. The thermal stress ( T>45 ºC) was the most aggressive factor to
the yeast cell. It was proved the ruling effect of low pH values and high temperatures in the ethanol
production. It was also observed the relationship between bigger trehalose intracellular levels and
bigger cell viability levels.
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