Você está na página 1de 54

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

MICHELE CAROLINA LOPES BASTOS

ANÁLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL DE UMA EDIFICAÇÃO DE 16


PAVIMENTOS SOB DUAS CONDIÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO

FEIRA DE SANTANA – BA
2019
Michele Carolina Lopes Bastos

ANÁLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL DE UMA EDIFICAÇÃO DE 16


PAVIMENTOS SOB DUAS CONDIÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de


Engenharia Civil, do Departamento de Tecnologia da
Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Msc. Hélio Guimarães Aragão.

FEIRA DE SANTANA – BA
2019
Michele Carolina Lopes Bastos

ANÁLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL DE UMA EDIFICAÇÃO DE 16


PAVIMENTOS SOB DUAS CONDIÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil, do


Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Data de aprovação:

__________________________________________________
Hélio Guimarães Aragão
Mestre em Engenharia Civil
Professor do Departamento de Tecnologia da UEFS
Orientador da Pesquisa

__________________________________________________
Prof. Msc. Marcelo Pedreira da Silva
Mestre em Engenharia Civil
Professor do Departamento de Tecnologia da UEFS

__________________________________________________
Msc. Dimas Delgado Leite
Mestre em Engenharia Civil e Ambiental
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, à Deus, pelo dom da minha vida, pelo levantar de cada dia, por
cada aprendizado que consegui guardar e, o mais importante, pela força que me deste para
vencer em cada uma das etapas que passei, inclusive, nesta.
À minha mãe, Maria São Pedro, o amor da minha vida, que nunca hesitou em mover
esforços para me ajudar, que viveu cada fase da minha graduação firme ao meu lado, que
sonhou comigo com esta realização e que sabe o valor dessa vitória mais do que ninguém. Ao
meu pai, Mário Bastos, exemplo de caráter e ser humano, a quem tenho imensa admiração e
que, da forma mais humilde que pôde, me ensinou o modo mais correto, íntegro e honesto de
percorrer os caminhos da vida. À minha irmã, Mariellen Bastos, muito mais que irmã, quase
mãe, minha grande incentivadora, que sempre cuidou para que eu não fraquejasse e se assim
fosse, estava sempre a postos. À minha tia, Mailta Bastos, que com todo seu carinho, me
apoiou imensamente. Às minhas avós, Maria e Ernestina, rainhas do meu coração, a quem
tenho imensa saudade e amor que quase não cabem em meu coração.
Ao meu orientador, Hélio Aragão, pela dedicação à orientação deste trabalho, por
apresentar, de forma tão brilhante, as estruturas de concreto armado, por todo conhecimento
transmitido, pela paciência, pela confiança e pelos ensinamentos extraclasse. Ao professor
Marcelo Pedreira, pela disponibilidade em me conduzir com suas sugestões, a quem tive a
honra de ser aluna e poder consultar neste trabalho. Aos meus colegas e amigos da
universidade, que com certeza contribuíram de alguma forma para minha formação. Em
especial, à Emanuelle Rios e à Sávio Levi, a quem tenho imenso carinho e admiração e que
viveram essa jornada junto comigo. E à Natália Martins, minha grande amiga, pela sua
amizade, por toda força e incentivo e pelo significado de cada abraço que não foi preciso ser
dita nenhuma palavra.
Aos meus colegas de estágio, do Boulevard Shopping Feira de Santana e do Gardênia
Residence, com quem pude adquirir conhecimentos que levo para toda minha vida.
À Universidade Estadual de Feira de Santana, por todo conhecimento e pela
oportunidade de ser aluna de grandes mestres.
A todos mencionados e não mencionados, mas que contribuíram para realização deste
trabalho, muito obrigada!
RESUMO

BASTOS, Michele Carolina Lopes. Análise da estabilidade global de uma


edificação de 16 pavimentos sob duas condições de contraventamento. 2019. 62 f. TCC
(Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira
de Santana, 2019.

Em estruturas, em especial as esbeltas, faz-se necessária a verificação da estabilidade


global através de parâmetros como o parâmetro α e o coeficiente 𝛾𝑧 além do deslocamento
horizontal e, caso não esteja satisfeita essa condição, utiliza-se sistemas de contraventamento
a fim de aumentar a rigidez das estruturas e atender a esses critérios. Este trabalho avalia a
estabilidade global de uma edificação de 16 pavimentos sob duas condições de
contraventamento, estrutura aporticada e estrutura com núcleo rígido. A análise baseou-se no
seu deslocamento horizontal e no coeficiente 𝛾𝑧 , calculados pelo software AltoQi Eberick V8.
Além disso, compara-se os custos de execução de ambos sistemas levando em conta mão de
obra, material e equipamentos necessários. A partir disso, verificou-se que tanto a estrutura
aporticada como a estrutura com núcleo rígido atendem aos critérios estabelecidos pela
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014) e, inclusive, não houve
diferença expressiva nos custos de execução apesar da estrutura com núcleo rígido apresentar
melhores resultados em relação ao coeficiente 𝛾𝑧 e ao deslocamento horizontal em uma das
direções.
Palavras-chaves: Estabilidade Global. Sistemas de Contraventamento. Coeficiente 𝛾𝑧 .
Deslocamento Horizontal. Núcleo Rígido. Pórtico. AltoQi Eberick. (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014).
ABSTRACT
BASTOS, Michele Carolina Lopes. Analysis of the overall stability of a 16-story
building under two bracing conditions. 2019. 62 f. TCC (graduate) - Civil Engineering
Course, State University of Feira de Santana, Feira de Santana, 2019.

In slender structures, it is necessary to check the overall stability through parameters


such as the parameter α and the coefficient 𝛾𝑧 in addition to the horizontal displacement and,
if this condition is not met, bracing systems are used to increase the stiffness of the structures
and meet these criteria. This work evaluates the overall stability of a 16-story building under
two bracing conditions, a walled structure and a rigid core structure. The analysis was based
on its horizontal displacement and the coeficiente 𝛾𝑧 , calculated by the AltoQi Eberick V8
software. In addition, the running costs of both systems are compared taking into account the
labor, material and equipment required. From this, it was found that both the applied structure
and the rigid core structure meet the criteria established by NBR 6118 (ABNT, 2014) and,
even, there was no significant difference in the execution costs despite the rigid core structure.
better behaved.
Keywords: Global Stability. Bracing Systems. Coefficient 𝛾𝑧 . Horizontal
displacement. Hard Core. Portico. AltoQi Eberick. NBR 6118 (ABNT, 2014).
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Efeitos globais de 2ª ordem ....................................................................................... 16
Figura 2 Efeitos locais de 2ª ordem ......................................................................................... 17
Figura 3 Efeitos localizados de 2ª ordem ................................................................................ 17
Figura 4 Classificação dos efeitos de segunda ordem ............................................................. 17
Figura 5 Módulo de rigidez equivalente .................................................................................. 19
Figura 6 Forças horizontais suplementares ............................................................................. 22
Figura 7 Diagrama tensão-deformação do concreto: (a) linear; (b) não linear. ...................... 26
Figura 8 Diagrama Momento-Curvatura ................................................................................. 27
Figura 9 Reações na barra inderformada ................................................................................. 29
Figura 10 Reações na barra deformada ................................................................................... 29
Figura 11 Elemento de contraventamento e elemento contraventado ..................................... 31
Figura 12 Contraventamento de edifícios altos ....................................................................... 31
Figura 13 Efeito diafragma ...................................................................................................... 32
Figura 14 Pórtico ..................................................................................................................... 32
Figura 15 Pórtico indeslocável ................................................................................................ 33
Figura 16 Núcleo de Rigidez ................................................................................................... 34
Figura 17 Tubos de periferia ................................................................................................... 34
Figura 18 Deformação com sentido convexo: pilar-parede e pórtico contaventado ............... 36
Figura 19 Deformação com sentido côncavo: pórtico deslocável ........................................... 36
Figura 20 Deformação do sistema misto: pórtico deslocável com pilar-parede e pórtico
deslocável com pórtico contaventado ....................................................................................... 36
Figura 21 Comparação de sistemas de contraventamento ....................................................... 37
Figura 22 Isopletas da velocidade básica no Brasil Vo (m/s) .................................................. 44
Figura 23 Configuração do vento ............................................................................................ 44
Figura 24 Imagem 3D – Núcleo Rígido .................................................................................. 45
Figura 25 Imagem 3D – Pórtico .............................................................................................. 45
Figura 26 Deslocamento – Vista Frontal - Núcleo Rígido – Direção X ................................. 48
Figura 27 Deslocamentos – Vista Frontal – Pórtico – Direção X ........................................... 48
Figura 28 Deslocamento – Vista Traseira - Núcleo Rígido – Direção X ................................ 48
Figura 29 Deslocamento – Vista Traseira – Pórtico Direção X .............................................. 48
Figura 30 Deslocamento – Vista Esquerda - Núcleo Rígido – Direção Y .............................. 49
Figura 31 Deslocamento – Vista Direira - Núcleo Rígido – Direção Y .................................. 49
Figura 32 Deslocamento – Vista Esquerda - Pórtico – Direção Y .......................................... 49
Figura 33 Deslocamento – Vista Direita - Pórtico – Direção Y .............................................. 49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Limites para deslocamentos ...................................................................................... 23
Tabela 2 Combinações de serviço ........................................................................................... 40
Tabela 3 Ambientes ................................................................................................................. 42
Tabela 4 Deslocamentos horizontais – Núcleo rígido (cm)..................................................... 46
Tabela 5 Deslocamento horizontais – Pórtico (cm)................................................................. 46
Tabela 5 Continuação .............................................................................................................. 47
Tabela 6 Deslocamentos horizontais máximos........................................................................ 47
Tabela 7 Coeficiente γz e momentos ....................................................................................... 50
Tabela 8 Quantidade detalhada de materiais – Núcleo rígido ................................................. 51
Tabela 9 Quantidade detalhada de materiais – Pórtico............................................................ 51
Tabela 10 Resumo de materiais ............................................................................................... 51
Tabela 11 Custo de produção .................................................................................................. 52
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana
SINAPI - Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices para Construção Civil
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12
1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................. 13
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo geral............................................................................................................................. 14
1.2.2 Objetivos específicos.................................................................................................................. 14
2 ESTABILIDADE GLOBAL DAS ESTRUTURAS ........................................................ 15
2.1 EFEITOS GLOBAIS, LOCAIS E LOCALIZADOS DE 2ª ORDEM ............................................................ 15
2.2 PARÂMETROS DE INSTABILIDADE ................................................................................................. 17
2.2.1 Parâmetro de instabilidade α ..................................................................................................... 17
2.2.2 Coeficiente 𝛄𝐳 ............................................................................................................................ 19
2.2.3 Processo 𝐏 − 𝚫 .......................................................................................................................... 20
2.2.4 Deslocamentos-limites ............................................................................................................... 21
2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS QUANTO A MOBILIDADE DOS NÓS ........................................ 23
2.3.1 Estruturas de nós fixos ............................................................................................................... 23
2.3.2 Estruturas de nós móveis ........................................................................................................... 24
2.4 NÃO LINEARIDADE FÍSICA ............................................................................................................. 25
2.5 NÃO LINEARIDADE GEOMÉTRICA ................................................................................................. 27
3 ESTRUTURAS DE CONTRAVENTAMENTO ............................................................ 28
3.1 SISTEMAS DE CONTRAVENTAMENTO ........................................................................................... 30
3.1.1 Pilares e Pilares-Parede .............................................................................................................. 30
3.1.2 Pórticos ...................................................................................................................................... 31
3.1.3 Estrutura Reticulada Contraventada .......................................................................................... 31
3.1.4 Núcleos de Rigidez ..................................................................................................................... 32
3.1.5 Tubos de Periferia ...................................................................................................................... 33
3.1.6 Sistemas Mistos ......................................................................................................................... 34
4 AÇÕES................................................................................................................................ 37
4.1 ESTADOS LIMITES DE AÇÕES E SEGURANÇA ................................................................................. 37
4.1.1 Estado Limite Último (ELU) ........................................................................................................ 37
4.1.2 Estado Limite de Serviço (ELS).................................................................................................... 38
4.2 COMBINAÇÕES DE AÇÕES ............................................................................................................ 38
5 METODOLOGIA .............................................................................................................. 40
6 ARQUITETURA MODELO ............................................................................................ 41
7 CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ................................................................................ 41
7.1 MATERIAIS E DURABILIDADE ........................................................................................................ 41
7.2 CARGAS ........................................................................................................................................ 41
7.3 LANÇAMENTO ESTRUTURAL ......................................................................................................... 43
8 ANÁLISE E DISCURSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 45
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 51
10 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................................. 52
11 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 53
12

1 INTRODUÇÃO

O intenso processo de verticalização das edificações surge da necessidade contínua de


maior urbanização das cidades aliada ao melhor aproveitamento dos espaços e, desta forma,
tem-se construído edifícios cada vez mais altos e mais esbeltos. Tudo isso, porém, é
impulsionado pelo aumento da densidade populacional e só é possível graças ao avanço da
tecnologia no desenvolvimento de softwares para projetos estruturais. (PAIXÃO; ALVES,
2016).
Barboza (2008) afirma que antes do surgimento dos microcomputadores, o cálculo
estrutural era feito subdividindo a estrutura em elementos mais simples (lajes, vigas e pilares)
e, muitas vezes, a ação das forças horizontais não era considerada. Com o avanço tecnológico
e o advento de programas computacionais especializados em cálculo estrutural, a
consideração da interação entre os vários elementos estruturais tornou-se possível e assim, a
estrutura passou a ser considerada em conjunto, formando um pórtico espacial.
Posteriormente, a estrutura passou a ser analisada pelo Método dos Elementos Finitos,
tornando os resultados mais próximos da realidade.
As construções do passado feitas em concreto armado, em geral, possuíam grande
rigidez aos esforços horizontais por apresentarem estruturas com seções maiores em relação
as que vemos atualmente. Por esse motivo, durante muito tempo, a verificação da estabilidade
global não era analisada na maioria dos casos. (PAIXÃO; ALVES, 2016).
As edificações mais recentes têm se tornando mais esbeltas pois, segundo Wordell
(2003), devido à escassez e o custo elevado de espaço, os projetos arquitetônicos estão
maximizando a altura das edificações. E, por isso, deve-se considerar que os pilares possam
resistir aos esforços horizontais e não apenas às cargas verticais e desta forma, satisfazer a
estabilidade global da estrutura.
A estabilidade global de uma edificação está diretamente relacionada com o seu
deslocamento horizontal. Nesse sentindo, Wordell (2003, p. 13) afirma que “a ação do vento é
a principal causa desses esforços horizontais nas edificações, mas também se deve ter atenção
à assimetria da geometria da estrutura, que poderá causar ou se combinar com as cargas de
vento, provocando importantes deslocamentos horizontais.”
É importante salientar que o equilíbrio dos elementos isolados de uma edificação
(efeitos locais) bem como o equilíbrio desses quando trabalhando em conjunto (efeitos
globais) devem ser levados em conta na análise da estabilidade das estruturas em geral.
(RIBEIRO, 2010).
13

Quando o estudo do equilíbrio da estrutura é efetuado considerando a


configuração deformada, ocorre a interação entre as forças existentes e os
deslocamentos, o que promove o aparecimento de esforços adicionais. Nessas
condições, surgem os denominados efeitos de segunda ordem. (OLIVEIRA, 2002, p.
2).
A consideração dos efeitos de segunda ordem é tão mais importante quanto maior for a
esbeltez da estrutura. Esses, podem ser determinados a partir de parâmetros de estabilidade
práticos, como parâmetro α (alfa) e o coeficiente γ𝑧 , que também auxiliam na decisão de
considerar ou não tais efeitos. (PAIXÃO; ALVES, 2016)
Além disso, a NBR 6118 (ABNT, 2014) destaca que os efeitos de segunda ordem
podem ser desprezados desde que estes não representem um acréscimo maior que 10 % nas
reações e nas solicitações de primeira ordem.
Tendo em vista os parâmetros citados anteriormente para estruturas, nas quais os
efeitos de segunda ordem devem ser considerados, Cavalcante, Bomfim e Melo (2018)
sugerem a utilização de estruturas de contraventamento, uma vez que estas são responsáveis
pela absorção das ações horizontais, assegurando assim, a deslocabilidade desejada para a
edificação.
Por esse motivo, Medeiros, Júnior e Brito (2016, p. 34) sugerem que para alcançar a
estabilidade de uma estrutura, os efeitos de segunda ordem precisam ser cuidadosamente
analisados bem como a escolha do sistema de contraventamento que possa resistir aos
esforços solicitados.

1.1 JUSTIFICATIVA

A análise da estabilidade global de uma estrutura de concreto armado é um ponto de


grande importância para a Engenharia Estrutural. Visto que, a construção civil tem vivido, nos
últimos tempos, um crescimento expressivo na altura das edificações, o pode representar
elevados índices de esbeltez.
Sendo assim, muitas vezes, no cálculo, é preciso considerar os efeitos de segunda
ordem aos quais essas estruturas estão submetidas. Além disso, o vento como principal agente
causador de instabilidade, tem o seu efeito intensificado à medida que se aumenta o número
de pavimentos das edificações.
Diante disso, o projetista precisa fazer uso de estruturas capazes de absorver os
esforços horizontais, os chamados sistemas ou estruturas de contraventamento. Entretanto, a
escolha de um desses sistemas deve atender aos critérios de estabilidades estabelecidos pela
NBR 6118 (ABNT, 2014) bem como ser viável do ponto de vista econômico e de execução.
14

Portanto, a escolha deste tema se justifica pela importância de avaliar a viabilidade de


sistemas de contraventamento usuais levando em conta a estabilidade global e a economia de
execução.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a estabilidade global de uma edificação de 16 pavimentos, concebida em


concreto armado sob duas condições de contraventamento em relação ao seu deslocamento
horizontal e parâmetros de instabilidade bem como comparar quantidade e o custo dos
materiais utilizados.

1.2.2 Objetivos específicos

A fim de atingir o objetivo geral deste trabalho, têm-se os seguintes objetivos


específicos:
▪ Avaliar o comportamento quanto estabilidade global de uma estrutura dita
contraventada por núcleo rígido e por pórtico comparando os resultados a fim de
determinar o quanto cada tipo de contraventamento contribui para estabilidade da
estrutura;
▪ Levantar, avaliar e comparar custos de execução dos dois modelos de
contraventamento.
15

2 ESTABILIDADE GLOBAL DAS ESTRUTURAS

“A verificação da estabilidade global é um requisito importante na elaboração de


projetos de edifícios de concreto armado, e visa garantir a segurança perante o estado limite
último de instabilidade, situação que representa a perda da capacidade resistente da estrutura,
causada pelo aumento das deformações.” (MONCAYO, 2011, p. 23).

2.1 EFEITOS GLOBAIS, LOCAIS E LOCALIZADOS DE 2ª ORDEM

A NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 102) afirma que “sob a ação de cargas verticais e
horizontais, os nós da estrutura deslocam-se horizontalmente. Os esforços de 2ª ordem
decorrentes desses deslocamentos são chamados de efeitos globais de 2ª ordem.”
Kimura (2007 citado por BARBOZA, 2008) completa que esses efeitos estão
relacionados ao deslocamento do conjunto completo formado por pilares, vigas e lajes. Como
é o caso de uma edificação sob ação do vento.

Figura 1 Efeitos globais de 2ª ordem

Fonte: Kimura (2007 citado por Barboza, 2008)

“Nas barras da estrutura, como um lance de pilar, os respectivos eixos não se mantêm
retilíneos, surgindo aí efeitos locais de 2ª ordem que, em princípio, afetam principalmente os
esforços solicitantes ao longo delas.” (NBR 6118, ABNT, 2014, p. 102).
16

Figura 2 Efeitos locais de 2ª ordem

Fonte: Kimura (2007 citado por Barboza, 2008)

“Em pilares-parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que apresenta não
retilineidade maior do que a do eixo do pilar como um todo. Nessas regiões surgem efeitos de
2ª ordem maiores, chamados de efeitos de 2ª ordem localizados.” (NBR 6118, ABNT, 2014,
p. 102).

Figura 3 Efeitos localizados de 2ª ordem

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)

A Figura 4 apresenta de forma ilustrativa os efeitos globais, locais e localizados de 2ª


ordem que podem surgir numa estrutura de concreto armado.

Figura 4 Classificação dos efeitos de segunda ordem

Fonte: Kimura (2007 citado por BARBORA, 2008)


17

2.2 PARÂMETROS DE INSTABILIDADE

Os chamados parâmetros de instabilidade são utilizados como forma de avaliação da


estabilidade global de edifícios e podem inclusive, estimar os efeitos de segunda ordem, a
exemplo do coeficiente 𝛾𝑧 . (MONCAYO, 2011).
A determinação do parâmetro de instabilidade α e do coeficiente de γz são processos
de classificação das estruturas como de nós fixos e, portanto, de verificação da possibilidade
de dispensa da consideração dos esforços globais de 2ª ordem. (NBR 6118, ABNT, 2014).

2.2.1 Parâmetro de instabilidade α

O parâmetro de instabilidade α foi desenvolvido, baseado na teoria Euler, por Hubert


Beck e Gert Koing em 1967 e desde então passou a ser amplamente utilizado por projetistas
apesar de não ser capaz de estimar os efeitos de segunda ordem. (MONCAYO, 2011).
Este parâmetro fornece apenas uma avaliação da sensibilidade da estrutura aos efeitos
de segunda ordem, não sendo capaz de quantificá-los. Portanto, caso o resultado deste
parâmetro represente instabilidade da edificação, o projetista deve fazer uso de outros
métodos e/ou processos a afim de quantificar o acréscimo destes esforços de segunda ordem.
Ou seja, o parâmetro apenas indica se o projetista pode, ou não, desprezar os efeitos de
segunda ordem. (WORDELL, 2003)
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), “uma estrutura reticulada simétrica pode ser
considerada como sendo de nós fixos se seu parâmetro de instabilidade α for menor que o
valor α1 ” calculados conforme as expressões abaixo:

Nk
α=Htot .√ (1)
ECS IC

Onde
α1 =0,2+0,1n, se n≤3
α1 =0,6, se n≥4
Para associações de pilares-parede e para pórticos associados a pilares-parede, adotar
α1 =0,6. No caso de contraventamento constituído exclusivamente por pilares-parede, adotar
α1 =0,7. Quando só houver pórticos, adotar α1 =0,5.
Onde
n é o número de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou de um
nível pouco deslocável;
18

Htot é a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível


pouco deslocável;
Nk é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível
considerado para o cálculo de Htot), com seu valor característico;
ECS IC representa o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção
considerada. O valor de IC deve ser calculado considerando a seção bruta dos pilares.
A rigidez do pilar equivalente deve ser determinada da seguinte forma:
- Calcular o deslocamento do topo da estrutura de contraventamento, sob a ação do
carregamento horizontal na direção considerada;
- Calcular a rigidez de um pilar equivalente de seção constante, engastado na base e
livre no topo, de mesma altura Htot, tal que, sob ação do mesmo carregamento, sofra o mesmo
deslocamento no topo.
4
q.Htot
EIeq = (2)
8.a

Onde
q é a ação horizontal uniformemente distribuída;
H é a altura total do eficício;
a é o deslocamento no topo do edifício submetido à ação horizontal q.

Figura 5 Módulo de rigidez equivalente

Fonte: Barboza (2008)

Nesse sentido, como sugere Moncayo (2011, p. 31):

No estudo do parâmetro α, embora não seja considerada a fissuração dos


elementos, a não-linearidade física do concreto é levada em conta na dedução do
limite α1 , pois o comportamento não-linear não surge apenas devido à fissuração,
19

pois o concreto submetido à compressão já possui um comportamento puramente


não-linear..
Vale salientar que, para estruturas significativamente assimétricas ou que apresentem
deslocamentos horizontais apreciáveis, o parâmetro α não se aplica, a exemplo de estruturas
com mais de quatro pavimentos.

2.2.2 Coeficiente 𝛄𝐳

“O coeficiente γz é um parâmetro que avalia, de forma simples e bastante eficiente, a


estabilidade global de um edifício com estrutura de concreto armado. Também é capaz de
estimar os esforços de segunda ordem por uma simples majoração dos esforços de 1ª ordem. “
(MONCAYO, 2011, p. 32).
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), o coeficiente γz é válido para estruturas
reticuladas de no mínimo quatro andares e é dado pela expressão:
1
γz =
∆M
1 − M tot,d (3)
1,tot,d

Onde:
∆Mtot,d é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na
combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de
seus respectivos pontos de aplicação, obtidos na análise de 1ª ordem.
ΔMtot,d =Σ(Pid.yi ) (4)

Onde
Pid é a força vertical do andar i;
yi é o deslocamento horizontal do andar i;
M1,tot,d é o tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as forças horizontais
da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura:
M1,tot,d=Σ(FHid .xi ) (5)

FHid é a força horizontal do andar i;


xi é a distância do andar i à base do edifício;
A NBR 6118 (ABNT, 2014) ainda afirma que a estrutura é considerada de nós fixos se
γz ≤ 1,1, caso contrário, a estrutura é de nós móveis e é considerada instável para valores
superiores a 1,3, ou seja, possui grau de instabilidade elevado.
20

Apesar da NBR 6118 (ABNT, 2014) limitar o valor de γz em 1,3, estruturas são
comumente projetadas com um limite de 1,2. Para valores superiores, costuma-se realizar uma
análise não-linear geométrica através do processo P-Δ. (MONCAYO, 2011).

Uma solução aproximada para determinação dos esforços globais de 2ª


ordem consiste na avaliação dos esforços finais (1ª ordem + 2ª ordem) a partir da
majoração adicional dos esforços horizontais da combinação de carregamento
considerada por 0,95.γz . Esse processo só é válido para γz ≤1,3.(NBR 6118, ABNT,
2014, p. 106)
Como o γz é válido apenas para estruturas reticuladas de no mínimo quatro
pavimentos, Moncayo (2011) sugere utilizar o parâmetro α para verificação de estabilidade do
edifício e o processo P-Δ para avaliação do efeito global de segunda ordem.

2.2.3 Processo 𝐏 − 𝚫

Diferentemente do parâmetro de instabilidade 𝛼 e do coeficiente 𝛾𝑧 , o processo 𝑃 − ∆


é utilizado quando se requer um valor mais preciso para os efeitos de segunda ordem. No
processo em questão, são realizadas diversas iterações nas quais os deslocamentos horizontais
provocados pelos carregamentos são substituídos por forças horizontais. Dessa forma, surgem
novos deslocamentos e um novo processo se inicia. As iterações param quando o valor dos
deslocamentos converge. (RIBEIRO, 2010).
Entretanto, Oliveira (2002) salientam que uma estrutura pode ser considerada
excessivamente flexível quando ocorrem mais que cinco ciclos de iterações sucessivas sem
que haja convergência entre os valores dos deslocamentos horizontais.
Mais detalhadamente o processo ocorre da seguinte maneira:

O processo se desenvolve por aproximação sucessivas. Na 1ª etapa é feita


uma análise linear de 1ª ordem, calculando-se os deslocamentos horizontais a dos
diferentes andares.
Na 2ª etapa vão ser considerados os efeitos dos deslocamentos horizontais
calculados na etapa anterior.
Todavia, em lugar de as barras serem consideradas com deformações
iniciais, [...] admite-se novamente a configuração inicial do pórtico, substituindo-se
o efeito de 2ª ordem por um efeito de 1ª ordem equivalente.
Para isso, na 2ª etapa, serão consideradas forças horizontais suplementares.
(FUSCO, 1981).
Segundo Oliveira (2002), as forças horizontais suplementares podem ser determinadas
por:
Σ𝑃𝑖 . ∆𝑖 Σ𝑃𝑖+1 . ∆𝑖+1
𝐻𝑖 = − (6)
ℎ𝑖 ℎ𝑖+1
21

Onde:
- Σ𝑃𝑖 e Σ𝑃𝑖+1 são os somatórios das forças verticais nos pavimentos i e i+1,
respectivamente;
- ℎ𝑖 e ℎ𝑖+1 são os pés diretos dos pavimentos i e i+1, respectivamente;
- é o deslocamento horizontal relativo do pavimento i em relação ao pavimento i+1
- é o deslocamento horizontal relativo do pavimento i+1 em relação ao pavimento i.
A Figura 6 ilustra a substituição dos deslocamentos horizontais por forças horizontais
suplementares. Essa substituição é possível pois as forças horizontais suplementares
produzem o mesmo efeito sobre a estrutura que a interação das forças verticais com os
deslocamentos horizontais provocados por elas. (OLIVEIRA, 2002).

Figura 6 Forças horizontais suplementares

Fonte: Oliveira (2002)

2.2.4 Deslocamentos-limites

A NBR 6118 (ABNT, 2014) define deslocamentos-limites para verificação em serviço


de edificações a fim de proporcionar um adequado comportamento da estrutura. Tais valores
são expressos na Tabela 1. Quando se trata de estabilidade global de uma edificação, deve-se
atentar ao item movimento lateral de edifícios no qual estabelece o limite de H⁄1700 para
deslocamento no topo da edificação e Hi⁄850 para o deslocamento relativo entre pavimentos,
onde H representa altura total do edifício e Hi, o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
22

Tabela 1 Limites para deslocamentos


Tipo de efeito Razão da Exemplo Deslocamento a Deslocamento-
limitação considerar limite
Aceitabilidade Visual Deslocamentos Total l⁄250
sensorial visíveis em
elementos
estruturais
Outro Vibrações Devido a cargas l⁄350
sentidas no piso acidentais
a
Efeitos Superfícies que Coberturas e Total l⁄250
estruturais em devem drenar varandas
serviço água
Pavimentos que Ginásios e pistas Total l⁄350 +
devem de boliche contraflexab
permanecer Ocorrido após a l⁄600
planos construção do
piso
Elementos que Laboratórios Ocorrido após De acordo com
suportam nivelamento do recomendação
equipamentos equipamento do fabricante do
sensíveis equipamento
Efeitos em Paredes Alvenaria, Após a b
l⁄500 e
elementos não caixilhos e construção da 10 mm e
estruturais revestimentos parede θ=
0,0017 radd
c
Divisórias leves Ocorrido após a l⁄250 e
e caixilhos instalação da 25 mm
telescópicos divisória
Movimento Provocado pela H⁄1700 e
e
lateral de ação do vendo H⁄850 entre
edifícios para pavimentos f
combinação
frequente
(ψ = 0,30)
g
Movimentos Provocados por l⁄400 e
térmicos diferença de 15 mm
verticais temperatura
Efeitos em Forros Movimentos Provocado por H⁄500
elementos não térmicos diferença de
estruturais horizontais temperatura
Revestimentos Ocorridos após l⁄350
colados a construção do
forro
Revestimentos Deslocamento l⁄175
pendurados ou ocorrido após a
com juntas construção do
forro
23

Tabela 1 Continuação - Limites para deslocamento


Tipo de efeito Razão da Exemplo Deslocamento a Deslocamento
limitação considerar limite
Efeitos em Pontes rolantes Desalinhamento Deslocamento H⁄400
elementos não de trilhos provocado pelas
estruturais ações
decorrentes da
frenação
Efeitos em Afastamento em Se os deslocamentos forem relevantes para o elemento
elementos relação às considerado, seus efeitos sobre as tensões ou sobre a
estruturais hipóteses de estabilidade da estrutura devem ser considerados,
cálculo adotadas incorporando-os ao modelo estrutural adotado.
a
As superfícies devem ser suficientemente inclinadas ou o deslocamento previsto
compensado por contraflechas, de modo a não se ter acúmulo de água.
b
Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela especificação de
contraflechas. Entretanto, a atuação isolada da contraflecha não pode ocasionar um desvio do
plano maior que 𝐥⁄𝟑𝟓𝟎
c
O vão 𝐥 deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve.
d
Rotação nos elementos que suportam paredes.
e
H é a altura total do edifício e Hi o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
f
Esse limite aplica-se ao deslocamento lateral entre dois pavimentos consecutivos, devido à
atuação de ações horizontais. Não podem ser incluídos os deslocamentos devidos as
deformações axiais nos pilares. O limite também se aplica ao deslocamento vertical relativo
nas extremidades de lintéis conectados a duas paredes de contraventamento, quando
𝐇𝐢 representa o comprimento do lintel.
g
O valor 𝐥 refere-se à distância entre o pilar externo e o primeiro pilar interno.
NOTAS
1 Todos os valores-limites de deslocamentos supõem elementos de vão l suportados em
ambas as extremidades por apoios que não se movem. Quando se tratar de balanços, o vão
equivalente a ser considerado deve ser o dobro do comprimento do balanço.
2 Para o caso de elementos de superfície, os limites prescritos consideram que o valor l é o
menor vão, exceto em casos de verificação de paredes e divisórias, onde interessa a direção
na qual a parede ou divisória se desenvolve, limitando-se esse valor a duas vezes o vão
menor.
3 O deslocamento total deve ser obtido a partir da combinação das ações características
ponderadas pelos coeficientes definidos na Seção 11.
4 Deslocamentos excessivos podem ser parcialmente compensados por contraflechas.
Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)

2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS QUANTO A MOBILIDADE DOS NÓS

As estruturas podem ser classificadas como estruturas de nós fixos ou de nós móveis.
Essa divisão é baseada nos parâmetros de instabilidade.

2.3.1 Estruturas de nós fixos

De acordo com Oliveira (2002), todas as estruturas são deslocáveis. Mas em algumas
os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos. Essas são conhecidas por serem mais
24

rígidas e nesse caso, os efeitos globais de segunda ordem têm pouca influência sobre os
esforços totais. Por esse motivo, podem ser desprezados. Às estruturas que se comportam
desta maneira, dá-se o nome de nós fixos.
Moncayo (2011) afirma que, para efeito de cálculo, uma estrutura é considera de nós
fixos quando os efeitos globais de segunda ordem são inferiores a 10% dos respectivos
esforços de primeira ordem. E, como completa Wordell (2003), o dimensionamento dos
pilares de estruturas classificadas de nós fixos pode ser feito isoladamente, sendo necessário
apenas conhecer os esforços globais de primeira ordem.
A NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 105) afirma que:

Nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode ser realizado considerando cada
elemento comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremidades aos
demais elementos estruturais que ali concorrem, onde se aplicam os esforços obtidos
pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de 1ª ordem.

2.3.2 Estruturas de nós móveis

Estruturas de nós móveis são aquelas cujos deslocamentos horizontais são mais
significativos, ou seja, são estruturas mais flexíveis. Para essas, os efeitos globais de segunda
ordem não podem ser desprezados pois representam uma parcela muito importante dos
esforços finais. Para o dimensionamento de edificações classificadas como de nós móveis,
deve-se levar em conta os efeitos das não-linearidades física e geométrica. (OLIVEIRA,
2002).
Porém, a determinação da influência do efeito da não linearidade física, como sugere
Wordell (2003, p. 28) “necessita-se de um tipo de procedimento incremental e iterativo, no
qual, para cada nível de solicitação ou carregamento, a rigidez dos elementos precisa ser
determinada.” Por esse motivo, alguns estudos têm sido realizados a fim de simplificar este
processo.
Estruturas são consideradas de nós móveis quando os efeitos de segunda ordem são
importantes (superiores a 10% dos respectivos esforços de primeira ordem) e devem ser
considerados. NBR 6118 (ABNT, 2014).
Vale ressaltar que a desconsideração dos efeitos globais de segunda ordem não implica
na desconsideração dos efeitos locais e localizados, já que a estabilidade global não garante a
estabilidade local, e vice-versa. Sendo assim, tanto nas estruturas de nós fixos quanto nas
estruturas de nós móveis, é obrigatório levar em conta os efeitos locais e localizados de
segunda ordem. (MONCAYO, 2011).
25

Um exemplo disso é um pilar isolado que perde a sua estabilidade, em uma estrutura
de nós fixos, devido aos efeitos locais de segunda ordem.

2.4 NÃO LINEARIDADE FÍSICA

Segundo Oliveira (2002), o aparecimento de fissuras no concreto acarreta a perda da


proporcionalidade entre tensão e deformação antes do material atingir o limite de escoamento.
Desta forma, a linearidade física está relacionada com o comportamento do material expresso
pela Lei de Hooke.

Uma questão importante na análise de uma estrutura de concreto armado


diz respeito às propriedades do material concreto, que apresenta uma curva tensão-
deformação não linear. Esta situação é chamada de não-linearidade física (NLF) do
material. Devido à curva tensão-deformação não ser linear, o valor do módulo de
elasticidade (E) não permanece constante. Outro aspecto diz respeito ao problema da
fissuração do concreto, que ocorre com o aumento das solicitações, fazendo com que
o valor do momento de inércia das seções transversais se reduza significativamente.
Consequentemente, o valor da rigidez da seção não permanece constante.
(WORDELL, 2003, p. 28).
Tal comportamento pode ser entendido avaliando os gráficos da Figura 7 nos quais
pode-se observar na situação (a) que para qualquer intensidade de tensão o comportamento do
concreto é a mesma, ou seja, o módulo de elasticidade Ec é constante. O que não ocorre na
situação (b) na qual para tensões diferentes tem-se comportamentos diferentes do concreto,
representadas pelos diferentes módulos de elasticidade Ec1, Ec2, Ec3.

Figura 7 Diagrama tensão-deformação do concreto: (a) linear; (b) não linear.

Fonte: Moncayo (2011)

Como sugere Moncayo (2011) projetistas estruturais analisam a sua estrutura com
base em momentos fletores, e não em tensões. Por esse motivo, é possível utilizar o diagrama
apresentado na Figura 7 (a) para análise não-linear de pavimentos, no cálculo de flechas. Já o
diagrama apresentado na Figura 7 (b) pode ser empregado no cálculo de elementos
submetidos a esforço normal.
Entretanto, a partir do conhecimento da armadura e do valor da força normal atuante é
possível determinar a não-linearidade física de um elemento estrutural através do diagrama
26

momento-curvatura como o apresentado na Figura 8. Com isso, é possível calcular a rigidez


EI da barra para um determinado momento fletor aplicado. (OLIVEIRA, 2002).

Figura 8 Diagrama Momento-Curvatura

Fonte: Oliveira (2002)

De forma análoga ao que ocorre no diagrama tensão-deformação, no qual é possível


determinar o módulo de elasticidade Ec, do diagrama momento-curvatura pode-se obter
diretamente a rigidez EI.
Porém, aplicar esse procedimento em estruturas de grande porte em concreto armado
sem ajuda de um software computacional é muito trabalhoso, visto que a construção manual
desse diagrama é bastante dificultosa. Desta forma, a NBR 6118 (ABNT, 2014) permite que o
projetista faça uma análise linear da edificação desde que considere algumas ponderações nos
cálculos com utilização de coeficientes redutores. Tais coeficientes tem a função de simular a
variação de rigidez e estimar de forma aproximada os efeitos da não-linearidade física.
(MONCAYO, 2011).
Para estruturas reticuladas com, no mínimo, quatro pavimentos a NBR 6118 (ABNT,
2014) considera diferentes coeficientes redutores para lajes, vigas e pilares:
- Lajes: (EI)sec=0,3 Ec Ic
- Vigas: (EI)sec=0,4 Ec Ic para As '≠As e (EI)sec=0,5 Ec Ic para As '=As
- Pilares: (EI)sec =0,8 Ec Ic
Onde:
Ec é o valor representativo do módulo de deformação do concreto;
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo, quando for o caso, as
mesas colaborantes (seção T);
As ' é a armadura de compressão, no caso de vigas com armadura dupla;
As é a armadura de tração.
27

Pode-se utilizar um coeficiente redutor diferente para vigas e pilares caso sejam
consideradas duas condições: se a estrutura de contraventameto for composta exclusivamente
por vigas e pilares (sem consideração de núcleos de elevadores, pilares em U) e o valor do γz
g for menor que 1,3. Nesse caso, a rigidez das vigas e pilares é expresso por:
(EI)sec =0,7 Ec Ic
Por esse motivo,

Os valores de EI para uma análise em segunda ordem de uma estrutura


deveriam representar a rigidez dos membros imediatamente antes da ruptura. Neste
estágio, partes das vigas, lajes e paredes já estarão fissuradas. No entanto, seria
muito conservativo utilizar, para o cálculo de EI, o momento de inércia da seção
fissurada, uma vez que nem todas as seções apresentarão este comportamento.
(OLIVEIRA, 2002, p. 39).

2.5 NÃO LINEARIDADE GEOMÉTRICA

De acordo com Ribeiro (2010, p. 21):

A não linearidade geométrica está relacionada com o deslocamento


horizontal de nós da estrutura ao receber carregamentos, devendo ser analisado,
então, o arranjo estrutural na condição deformada, e não apenas na configuração
geométrica inicial. Essa análise é necessária em razão do surgimento dos chamados
efeitos de segunda ordem: o deslocamento horizontal da estrutura causa
excentricidade nas cargas verticais recebidas pelos pilares, sendo gerados,
consequentemente, solicitações (momentos) que não existiam na condição anterior
às deformações.
O que está descrito acima pode ser exemplificado na Figura 9 representada por uma
barra submetida a um carregamento e ainda não deformada. As reações definidas para essa
situação, em especial o momento fletor na base (M1 ), são chamados de efeitos de primeira
ordem. Já na Figura 10 observa-se um deslocamento horizontal devido à ação horizontal.
Desta forma, tem-se um acréscimo de ΔM=Fv .u no momento fletor da base resultando em um
momento fletor M2 . Este acréscimo no esforço de flexão é o chamado efeito de segunda
ordem. (MONCAYO, 2011).
28

Figura 9 Reações na barra inderformada Figura 10 Reações na barra deformada

Fonte: Moncayo (2011)

3 ESTRUTURAS DE CONTRAVENTAMENTO

Como sugere Barboza (2008), é importante que se conheça inicialmente o conceito de


rigidez pois a definição de sistemas de contraventamento está relacionada com esse
entendimento. Sendo assim, pode-se dizer que rigidez é uma propriedade intrínseca do
material e da sua geometria e representa a capacidade que este tem de se manter indeformado.
Pode-se dizer, portanto, que o deslocamento de uma estrutura é tanto menor quanto maior for
a sua rigidez. Além disso, a rigidez também está relacionada com o tipo de esforço sob o qual
a estrutura está submetida: rigidez à flexão, rigidez à torção, rigidez axial.
No que se refere aos deslocamentos horizontais provocados por ações horizontais num
edifício, a principal característica do elemento é a sua rigidez à flexão definida como o
produto entre o módulo de elasticidade e o momento de inércia à flexão. Isso significa que
quanto maior o momento de inércia à flexão, maior a sua rigidez e, portanto, menor o
deslocamento.
Como já mencionado anteriormente, edifícios altos e esbeltos sob ação do vento têm
deslocamentos horizontais significativos o que provoca o surgimento de momentos fletores de
segunda ordem. Por esse motivo, Barboza (2008) afirma que essas edificações devem ser
suficientemente rígidas tanto para resistir aos esforços atuantes como para garantir a
estabilidade global da estrutura.
29

De acordo com Ribeiro (2010, p. 32),

Quando for constatado, após a análise dos efeitos de segunda ordem, que
uma determinada estrutura extrapolou os limites admitidos para sua instabilidade
global, deve-se adotar uma solução de forma a aumentar a rigidez do edifício,
reduzindo os efeitos de segunda ordem a valores aceitáveis e garantindo a
estabilidade do conjunto. Para tanto, são previstas as chamadas estruturas de
contraventamento.
Peças estruturais podem ser classificadas como de contraventamento e contraventadas.
Tal classificação depende da sua influência quanto aos efeitos globais. Nas estruturas de
contraventamento estão compreendidos os elementos que possuem resistência suficiente a
ponto de garantir a estabilidade global do edifício. Já no grupo das estruturas contraventadas
estão os elementos que são equilibrados, a nível global, pelas estruturas de contraventamento.
(RIBEIRO, 2010).
Essa classificação também é apresentada na NBR 6118 (ABNT, 2014): “Por
conveniência de análise, é possível identificar, dentro da estrutura, subestruturas que, devido à
sua grande rigidez às ações horizontais, resistem à maior parte dos esforços decorrentes
dessas ações. Essas subestruturas são chamadas subestruturas de contraventamento.”
Porém, Ribeiro (2010) salienta que essa distinção entre estruturas de contraventamento
e contraventadas pode ser arbitrária uma vez que as partes ditas não estruturais de uma
edificação muitas vezes possuem resistência não totalmente desprezível, como é o caso das
alvenarias em edifícios altos.
Desta forma, a concepção estrutural a ser considerada para estruturas de
contraventamento e contraventadas devem seguir as seguintes orientações:

Em virtude da rigidez dos pilares de contraventamento, os pilares


contraventados podem ser tratados como se tivessem apoios horizontais
indeslocáveis em todos os andares.
Pelo contrário, os pilares de contraventamento são engastados apenas na
fundação e devem ser tratados como peças em balanço, submetidos a todas as cargas
horizontais que se aplicam diretamente à construção, mais todas as forças
horizontais de contraventamento que equilibram os pilares contraventados. (FUSCO,
1995, p. 368).
Barboza (2008) confirma o que é mencionado acima ao afirmar que a deformação de
uma estrutura depende tanto da rigidez como da vinculação dos elementos, exemplificado na
Figura 11 na qual apresenta P1 como estrutura de contraventamento e P2 como elemento
contaventado.
30

Figura 11 Elemento de contraventamento e elemento contraventado

Fonte: Barboza (2008)

Vale salientar, como sugere Barboza (2008), que as ações horizontais, em especial a
do vento, são recebidas pelas paredes externas e transmitidas à estrutura de contraventamento,
que por sua vez transferem os esforços à fundação. O contraventamento de uma edificação é
formado, normalmente, por pórticos, pilares-paredes e núcleos de rigidez.

Figura 12 Contraventamento de edifícios altos

Fonte: Fusco (1995)

3.1 SISTEMAS DE CONTRAVENTAMENTO

3.1.1 Pilares e Pilares-Parede

Nesse sistema os elementos de contraventamento são os pilares e os pilares-paredes


que atuam como barras em balanço submetidas às ações horizontais. A transmissão dessas
ações acontece pelo efeito de diafragma das lajes as quais por possuírem grande rigidez,
comportam-se como um “diafragma rígido” que une todos os pilares. Desta forma, a ação do
vento é transmitida para os pilares e para os pilares-parede. Tal efeito é exemplificado na
Figura 13. (BARBOZA, 2008).
31

Figura 13 Efeito diafragma

Fonte: Barboza (2008)

3.1.2 Pórticos

“O que diferencia um pórtico de um sistema formado por vigas apoiadas sobre os


pilares é o tipo de ligação viga-pilar. No pórtico, o vínculo entre viga e pilar é rígido, o que
faz com que as ações sobre um elemento do pórtico sejam refletidas nos outros.”
(BARBOZA, 2008, p. 78).

Figura 14 Pórtico

Fonte: Fusco (1981)

3.1.3 Estrutura Reticulada Contraventada

Quando a ligação rígida entre vigas e pilares de um pórtico não é capaz de conferir a
estabilidade necessária para edificação, faz-se uso de elementos chamados diagonais de
contraventamento que têm a função de reduzir significativamente o deslocamento horizontal
32

da estrutura. Desta forma, o pórtico torna-se “indeslocável” conforme a Figura 15.


(BARBOZA, 2008).
As diagonais de contraventamento podem, assim como a estrutura global, ser de
concreto armado. Entretanto, Carneiro e Martins (2008) recomenta que seja utilizada estrutura
metálica para essa situação visto que estas podem estar submetidas tanto a compressão como
a tração.

Figura 15 Pórtico indeslocável

Fonte: Fusco (1981)

3.1.4 Núcleos de Rigidez

Segundo Martins e Carneiro (2008), núcleos de rigidez são “subsistemas estruturais


tridimensionais resultantes da associação de elementos verticais de parede, capazes de resistir
isoladamente a todos os esforços atuantes na estrutura”, em especial, o vento e que consegue
conferir à estrutura considerável acréscimo de rigidez nas duas direções principais da
estrutura pois as suas dimensões são, geralmente, maiores que as dos demais elementos.
33

Figura 16 Núcleo de Rigidez

Fonte: Barboza (2008)

3.1.5 Tubos de Periferia

Os tubos de periferia possuem o mesmo princípio do núcleo de rigidez: associação de


elementos de alta rigidez. Porém, os tubos de periferia são formados pela associação de
pórticos contraventados, que formam um tubo, distribuídos ao redor da edificação.
(BARBOZA, 2008).
Estes “são trazidos para as faces externas do edifício, ao longo de toda altura e todo
perímetro, obtendo-se na forma final um grande tubo reticulado altamente resistente aos
efeitos de flexão e torção.” (CARNEIRO; MARTINS, 2008).

Figura 17 Tubos de periferia

Fonte: Barboza (2008)


34

3.1.6 Sistemas Mistos

Com a elevação da altura dos edifícios, é cada vez mais difícil encontrar uma estrutura
de contraventamento rígida o suficiente que seja capaz de absorver sozinha às ações. Desta
forma, muitos engenheiros lançam mão da associação desses sistemas, as chamadas estruturas
mistas. Por isso é tão comum o uso de estruturas que combinam diversos elementos verticais
de acordo com as suas vantagens e desvantagens que juntos aumentam a rigidez do conjunto e
diminuem o deslocamento horizontal. Por esse motivo, não é difícil encontrar edificações
cujas estruturas de contraventamento são compostas por pilares-paredes associados à pórticos
indeslocávies ou tubos periféricos ligados à núcleos de rigidez, por exemplo. (BARBOZA,
2008).
Barboza (2008) a reitera que elementos estruturais verticais diferentes se deformam de
formas diferentes. E é por esse motivo que a utilização de elementos estruturais com
características diferentes é alternativa positiva, não só pelo aumento da rigidez da estrutura
associada, mas também porque a sobreposição dessas deformações pode conferir melhor
comportamento à estrutura em relação ao deslocamento horizontal.
Existem estruturas que se comportam como uma barra engastada com extremidade
livre. Essas têm maior deformação na sua parte livre, o chamado sentido convexo de
carregamento, exemplificado na Figura 18. Pilares-parede, núcleos de rigidez e pórticos
enrijecidos apresentam esse comportamento. Já estruturas de pórticos deslocáveis têm maior
deslocamento na sua base (sentido côncavo de carregamento), conforme apresentado na
Figura 19.
Ou seja, a combinação de dois sistemas de contraventamento que se deformam de
formas diferentes pode reduzir significativamente os deslocamentos horizontais e aumentar a
estabilidade da estrutura. Por exemplo, com a combinação de um pórtico deslocável com
pilares-paredes temos o deslocamento na base limitado pelos pilares-parede enquanto o
deslocamento no topo, é restringido pelo pórtico. A transmissão dos efeitos é feita através de
diafragmas rígidos. (BARBOZA, 2008).
35

Figura 18 Deformação com sentido convexo: pilar-parede e pórtico contaventado

Fonte: Barboza (2008)

Figura 19 Deformação com sentido côncavo: pórtico deslocável

Fonte: Barboza (2008)

Figura 20 Deformação do sistema misto: pórtico deslocável com pilar-parede e pórtico deslocável com
pórtico contaventado

Fonte: Barboza (2008)

A 1Figura 21 apresenta uma comparação entre os sistemas de contraventamento e o


número de pavimentos das edificações.
36

Figura 21 Comparação de sistemas de contraventamento

Fonte: Delgado, Costa e Delfim citados por Barboza (2008)


37

4 AÇÕES

4.1 ESTADOS LIMITES DE AÇÕES E SEGURANÇA

Segundo Carvalho e Figueredo Filho (2014), “o cálculo, ou dimensionamento, de uma


estrutura deve garantir que ela suporte, de forma segura, estável e sem deformações
excessivas, todas as solicitações durante sua execução e utilização.”
Desta forma, deve-se pensar no cálculo estrutural de modo a impedir a falha da
edificação não apenas no que se refere a impossibilitar o colapso, mas também permitir o
perfeito estado de utilização para os usuários, levando em consideração o conforto de uso,
funcionalidade, durabilidade e controle das deformações e fissuras. Os estados limites
considerados no cálculo das estruturas de concreto são os estados limites últimos e os estados
limites de serviço.

4.1.1 Estado Limite Último (ELU)

Carvalho e Filho (2014) afirmam que “o estado limite último é aquele relacionado ao
colapso ou a qualquer outra forma de ruína estrutural que determine a paralização, no todo ou
em parte, do uso da estrutura”. A NBR 6118 (ABNT, 2014) determina que a segurança das
estruturas de concreto deve sempre ser verificada em relação aos seguintes estados limites
últimos:
▪ Perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido;
▪ Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte, pelas
solicitações normais e tangenciais;
▪ Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte,
considerando os efeitos de segunda ordem;
▪ Provocado por solicitações dinâmicas;
▪ Colapso progressivo;
▪ Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte,
considerando exposição ao fogo, conforme a NBR 15200, citada por NBR 6118
(ABNT, 2014);
▪ Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, considerando ações sísmicas,
conforme a NBR 15421 citada por NBR 6118 (ABNT, 2014);
▪ Outros estados-limites últimos que eventualmente possam ocorrer em casos
especiais.
38

4.1.2 Estado Limite de Serviço (ELS)

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) estados-limites de serviço são aqueles


relacionados ao conforto do usuário e à durabilidade, aparência e boa utilização das estruturas,
seja em relação aos usuários, seja em relação às máquinas e aos equipamentos suportados
pelas estruturas. A segurança das estruturas de concreto pode exigir a verificação de alguns
estados limites de serviço, tais como:
▪ Formação de fissuras (ELS-F): estado em que se inicia a formação de fissuras;
▪ Abertura das fissuras (ELS-W): estado em que as fissuras se apresentam com
aberturas iguais aos valores máximos especificados no item 13.4.2 da norma citada;
▪ Deformação excessiva (ELS-DEF): estado em que as deformações atingem os
limites estabelecidos para utilização normal da estrutura, também definidos 13.3 da
norma citada;
▪ Vibrações excessivas (ELS-VE): estado em que as vibrações atingem os limites
estabelecidos para a utilização normal da construção (item 23.3 da norma citada).

4.2 COMBINAÇÕES DE AÇÕES

O carregamento imposto à estrutura de estudo foi definido pela combinação das ações
que têm probabilidades não desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura,
durante um período preestabelecido, levando em consideração a condição mais desfavorável
para a estrutura.

Em todas as combinações, as ações permanentes devem ser tomadas em sua


totalidade; das ações variáveis devem ser tomadas apenas as parcelas que produzem
efeitos desfavoráveis para a segurança.
As ações incluídas em cada uma das combinações devem ser consideradas
com seus valores representativos, multiplicado pelos respectivos coeficientes de
ponderação. (CARVALHO; FIGUEREDO FILHO, 2014)
As combinações últimas podem ser normais, especiais ou excepcionais. No presente
trabalho foi considerado apenas a combinação última normal referente ao esgotamento da
capacidade resistente para elementos estruturais de concreto armado, conforme formulação
abaixo, presente na NBR 6118 (ABNT, 2014):
𝐹𝑑 = 𝛾𝑔 𝐹𝑔𝑘 + 𝛾𝜀𝑔 𝐹𝜀𝑔𝑘 + 𝛾𝑞 (𝐹𝑞1𝑘 + ΣΨ0𝑗 𝐹𝑞𝑗𝑘 ) + 𝛾𝜀𝑞 Ψ0𝜀 𝐹𝜀𝑞𝑘 (7)

Onde:
Fd é o valor de cálculo das ações para combinação última;
Fgk. representa as ações permanentes diretas;
39

Fεk representa as ações indiretas permanentes como a retração Fεgk e variáveis como a
temperatura Fεqk;
Fqk representa as ações variáveis diretas das quais Fq1k é escolhida principal;
γg, γεg, γq, γεq são coeficiente de ponderação e seus valores estão expressos na Tabela
11.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014);
Ψ0j, Ψ0ε são fatores de redução e seus valores estão expressos na Tabela 11.2 da NBR
6118 (ABNT, 2014);
As combinações de serviço são classificadas de acordo com a sua permanência na
estrutura como sendo quase permanentes, frequentes ou raras.

Nas combinações quase permanentes podem atuar durante grande parte do


período de vida da estrutura, e sua consideração pode ser necessária na verificação
do estado-limite de deformações excessivas. As combinações frequentes repetem-se
muitas vezes durante o período de vida da estrutura, e sua consideração pode ser
necessária na verificação dos estados-limites de formação de fissuras, de abertura de
fissuras e de vibrações excessivas. Podem também ser consideradas para
verificações de estados-limites de deformações excessivas decorrentes de vento ou
temperatura que podem comprometer as vedações. As combinações raras ocorrem
algumas vezes durante o período de vida da estrutura, e sua consideração pode ser
necessária na verificação do estado-limite de formação de fissuras. NBR 6118
(ABNT, 2014)
As formulações para as combinações citadas acima estão expressas na Tabela 3.

Tabela 2 Combinações de serviço


Combinações Descrição Cálculo das solicitações
de serviço
(ELS)
Combinações Nas combinações quase 𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = Σ𝐹𝑔𝑖,𝑘 + ΣΨ2𝑗 𝐹𝑞𝑗,𝑘
quase permanentes de serviço, todas as
permanentes ações variáveis são consideradas
de serviço com seus valores quase
(CQP) permanentes Ψ2Fqk
Combinações Nas combinações frequentes de 𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = Σ𝐹𝑔𝑖,𝑘 + Ψ1 𝐹𝑞1𝑘 + ΣΨ2𝑗 𝐹𝑞𝑗,𝑘
frequentes de serviço, a ação variável Fq1 é
serviço (CF) tomada com seu valor frequente
Ψ1Fq1k e todas as demais ações
variáveis são tomadas com seus
valores quase permanentes Ψ2Fqk
Combinações Nas combinações raras de serviço, 𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = Σ𝐹𝑔𝑖,𝑘 + 𝐹𝑞1𝑘 + ΣΨ1𝑗 𝐹𝑞𝑗,𝑘
raras de a ação variável principal Fq1 é
serviço (CR) tomada com seu valor característico
Fq1k e todas as demais ações são
tomadas com seus valores
frequentes Ψ1Fqk
40

Onde
Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
Fq1k é o valor característico das ações variáveis principais diretas;
Ψ1 é o fator de redução de combinação frequente para ELS;
Ψ2 é o fator de redução de combinação quase permanente para ELS.
Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)

5 METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se estudo de caso de abordagem quantitativa e qualitativa


quanto à estabilidade global de uma edificação. Para o exercício do desenvolvimento
primeiramente foi realizada uma revisão bibliográfica através de monografias, artigos, teses e
dissertações.
A partir de então foi escolhida edificação cuja ação do vento fosse significativa e que a
arquitetura fosse o mais simétrica possível a fim de evitar dúvidas nos resultados devido
assimetria e facilitar a concepção do projeto estrutural. Nesse sentido, a arquitetura do
empreendimento foi adaptada de modo a resultar numa torre completamente uniforme na qual
todos os pavimentos tivessem a mesma tipologia.
Finalizado o processo de escolha e adaptação da estrutura, deu-se início ao lançamento
e dimensionamento estrutural da edificação. Para disposição dos pilares foram consideradas a
arquitetura e a posição que melhor favorecia à rigidez global da estrutura, ou seja, foram
definidas posições que contribuíam positivamente para a estabilidade global, mas que
atendesse aos limites da arquitetura.
O processo de cálculo foi realizado no software Eberick versão V8 da empresa AltoQi.
Foram realizadas duas concepções: a primeira com a utilização de dois núcleos rígidos
compostos por um pilar em U e outro em L e a segunda substituindo os núcleos por pilares-
paredes e vigas de ligação entre eles formando estrutura aporticada. Vale ressaltar que não
houve nenhuma alteração de rotação dos pilares de uma configuração para outra. Ambas as
estruturas foram processadas como pórticos espaciais e os resultados obtidos foram
analisados.
Na etapa de processamentos dos resultados foram analisados os seguintes itens:
coeficiente γz, processo P-Δ, deslocamento horizontal nas duas direções e os custos de
concreto, aço e fôrma. O parâmetro de instabilidade 𝛼 é comumente utilizado em estruturas de
até quatro pavimentos e por isso, não foi considerado na análise deste trabalho. As
comparações e as conclusões foram realizadas por meios de tabelas de gráficos comparativos
expressos no item seguinte.
41

6 ARQUITETURA MODELO

O projeto utilizado para realização deste trabalho foi de uma edificação já executada
na cidade de Vitória da Conquista – BA. A arquitetura original utilizada consiste em cinco
pavimentos de tipologias diferentes (garagem 01, garagem 02, playground e térreo) seguida
de 12 pavimentos tipos. Porém, para efeito de estudo os quatro pavimentos iniciais foram
substituídos por pavimentos tipos resultando num empreendimento de 16 pavimentos com
3,24m cada um resultando em uma edificação de 51,84 metros de altura. A arquitetura
apresenta dois apartamentos por andar conforme Figura 30. A área dos ambientes de cada
apartamento é apresentada na Tabela 2.

Tabela 3 Ambientes
Ambiente Área (m²)
Suíte 01 12,43
Sanitário – Suíte 01 3,52
Suíte 02 11,61
Sanitário – Suíte 02 7,07
Closet – Suíte 02 5,41
Suíte 03 12,31
Sanitário – Suíte 03 3,56
Sala de Estar/Jantar 46,82
Despensa 2,02
Cozinha 13,01
Varanda Gourmet 7,00
Área de Serviço 5,63
Dependência 5,07
Sanitário - Dependência 1,98
Fonte: Elaborada pela autora

7 CONSIDERAÇÕES DE PROJETO

7.1 MATERIAIS E DURABILIDADE

Para o presente trabalho foi considerado os seguintes materiais:


▪ Concreto C30 (fck=30 Mpa);
▪ Aço CA-50 para armaduras longitudinais e CA-60 para armaduras transversais;
▪ Dimensão máxima do agregado graúdo de 19 mm;

7.2 CARGAS

A NBR 6118 (ABNT, 2014) afirma que devem ser consideradas, para o cálculo
estrutural, todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança da
42

estrutura. Dentre estas, a NBR 6120 (ABNT, 1980) classificam-nas como cargas permanentes
(g) e cargas acidentais (q).
As ações permanentes, como sugere a NBR 6118 (ABNT, 2014), “são as que ocorrem
com valores praticamente constantes durante toda a vida da construção.” No presente
trabalho, foram consideradas como cargas permanentes o peso próprio da estrutura, o peso de
revestimento e as alvenarias sobre lajes e vigas, assim como propõe a NBR 6120 (ABNT,
1980).
Ainda com base na NBR 6120 (ABNT, 1980), que também traz o peso específico dos
materiais de construção mais frequentes, tem-se o valor de peso específico do concreto
armado e tijolo furado de 2500 kgf/m³ e 1300 kgf/m³, respectivamente. De posse desses
valores, é possível definir o peso próprio da estrutura (lajes, vigas e pilares) bem como das
alvenarias sobre as vigas e sobre as lajes. Além disso, para o peso próprio de revestimento foi
considerado o valor mínimo estabelecido por norma de 100 kgf/m².
Já as ações variáveis (diretas), “são constituídas pelas cargas acidentais previstas para
uso da construção, pela ação do vento e da água”, como afirma a NBR 6118 (ABNT, 2014).
Foi utilizada valor igual a 150 kgf/m² para carga acidental sobre as lajes dos dormitórios,
salas, copas, cozinhas e banheiros e 200 kgf/m² sobre as lajes das despensas, áreas de serviço
e lavanderias, conforme recomendação da NBR 6120 (ABNT, 1980).
Em relação a carga de vento, considerou-se as recomendações propostas pela NBR
6123 (ABNT, 1988) a qual estabelece três fatores S1, S2 e S3 para definição da carga do vento
e que leva em consideração a velocidade básica do vento no Brasil, conforme Figura 22.
Desta forma, foi considerada a velocidade básica do vento de 30 m/s visto que se trata de um
empreendimento localizado na cidade de Vitória da Conquista – BA.
O fator S1 leva em consideração as variações do relevo do terreno e foi considerado
igual a 1,00 visto que a localidade em questão é fracamente acidentada. Já o fator S2 refere-se
à rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno. Dentre as categorias
estabelecidas pela NBR 6123 (ABNT, 1988), a edificação em questão enquadra-se na
Categoria IV por se tratar de uma zona urbanizada com obstáculos numerosos e pouco
espaçados. Em relação a dimensão da edificação a mesma pertence a Classe C uma vez que
apresenta a maior dimensão vertical de 51,84 m (maior que 50 m).
O fator S3 é baseado em conceitos estatísticos, e considera o grau de segurança
requerido e a vida útil da edificação. Dentre os valores estabelecidos pela NBR 6123 (ABNT,
1988), foi adotado valor igual a 1,00 por se tratar de uma edificação residencial.
43

De posse de todas as informações relativas aos fatores do vento, as mesmas foram


inseridas no software para que fosse considerada a ação do vento sobre a edificação conforme
apresentado na Figura 23.
Vale ressaltar que todas as considerações sobre carregamento expostas acima foram
impostas para as duas concepções estruturais apresentadas.

Figura 22 Isopletas da velocidade básica no Brasil Vo (m/s)

Fonte: AltoQi Eberick V8 Gold

Figura 23 Configuração do vento

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold

7.3 LANÇAMENTO ESTRUTURAL

Para edificações altas, o posicionamento dos pilares é de suma importância pois


quando mal posicionados impedem a formação dos pórticos nas direções de atuação do vento.
Além disso, é imprescindível que as inércias à flexão dos pilares estejam orientadas segundo
44

as direções do vento a fim de aumentar a rigidez global da edificação. O ideal é que as


inercias principais estejam distribuídas nas duas direções para atender ao enrijecimento da
estrutura de maneira global. Porém, muitas vezes, a arquitetura não permite essa distribuição
devido à locação de esquadrias e à espessura das paredes. Desta forma, é interessante que o
projeto arquitetônico apresente quais locais e quais dimensões os pilares poderão atingir.
No presente trabalho, o projeto arquitetônico já informava as posições os pilares
poderiam assumir e quais as possíveis dimensões. Com base nessas informações, o
lançamento estrutural da estrutura com núcleo rígido e da estrutura aporticada foram
realizados conforme planta de forma presente no APÊNDICE B – PLANTA DE FÔRMA –
NÚCLEO RÍGIDO e APÊNDICE C – PLANTA DE FÔRMA - PÓRTICO, respectivamente.
Após o lançamento e cálculo, as estruturas são apresentadas conforme Figura 24 e Figura 25.

Figura 24 Imagem 3D – Núcleo Rígido Figura 25 Imagem 3D – Pórtico

Fonte: Elaborada pela autora Fonte: Elaborada pela autora


45

8 ANÁLISE E DISCURSÃO DOS RESULTADOS

De acordo com a Tabela 1 do presente trabalho, o deslocamento limite para


movimento lateral de edifícios corresponde a H/1700 no topo e Hi/850 entre pavimentos onde
H corresponde a altura total do edifício e Hi, o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
Desta forma, considerando a altura total da edificação como sendo 53,34 m (incluindo
a fundação) e a altura de cada pavimento como sendo 3,24 m, tem-se os seguintes limites de
deslocamento: 3,14 cm no topo da edificação e 0,38 cm entre pavimentos.
Ao processar as duas estruturas no software Eberick AltoQi, obtém-se relatórios
referentes aos deslocamentos horizontais ao longo da edificação e entre os pavimentos tanto
para o sistema de núcleo rígido como para a estrutura aporticada, conforme Tabela 4 e Tabela
5, respectivamente:

Tabela 4 Deslocamentos horizontais – Núcleo rígido (cm)


Pavimento Altura Deslocamento Limite Diferença entre Limite
acumulado no topo pavimentos
Direção X Direção Y Direção X Direção Y
Pav. Tipo 16 324.00 0,74 1,24 3,14 0,03 0,05 0,38
Pav. Tipo 15 324.00 0,71 1,19 3,14 0,03 0,06 0,38
Pav. Tipo 14 324.00 0,68 1,13 3,14 0,04 0,06 0,38
Pav. Tipo 13 324.00 0,65 1,07 3,14 0,04 0,07 0,38
Pav. Tipo 12 324.00 0,61 1,00 3,14 0,04 0,07 0,38
Pav. Tipo 11 324.00 0,56 0,93 3,14 0,05 0,08 0,38
Pav. Tipo 10 324.00 0,52 0,85 3,14 0,05 0,09 0,38
Pav. Tipo 9 324.00 0,46 0,76 3,14 0,06 0,09 0,38
Pav. Tipo 8 324.00 0,41 0,67 3,14 0,06 0,10 0,38
Pav. Tipo 7 324.00 0,35 0,56 3,14 0,06 0,10 0,38
Pav. Tipo 6 324.00 0,29 0,47 3,14 0,06 0,10 0,38
Pav. Tipo 5 324.00 0,23 0,37 3,14 0,06 0,10 0,38
Pav. Tipo 4 324.00 0,17 0,27 3,14 0,06 0,09 0,38
Pav. Tipo 3 324.00 0,11 0,18 3,14 0,05 0,08 0,38
Pav. Tipo 2 324.00 0,06 0,10 3,14 0,04 0,06 0,38
Pav. Tipo 1 324.00 0,02 0,04 3,14 0,02 0,03 0,38
Fundação 150.00 0,00 0,00 3,14 0,00 0,00 0,18
Fonte: Elaborada pela autora.

Tabela 5 Deslocamento horizontais – Pórtico (cm)


Pavimento Altura Deslocamento Limite Diferença entre Limite
acumulado no topo pavimentos
Direção X Direção Y Direção X Direção Y
Pav. Tipo 16 324.00 1,44 1,00 3,14 0,01 0,04 0,38
Pav. Tipo 15 324.00 1,43 0,96 3,14 0,02 0,05 0,38
Pav. Tipo 14 324.00 1,41 0,91 3,14 0,03 0,05 0,38
Pav. Tipo 13 324.00 1,39 0,86 3,14 0,04 0,06 0,38
46

Tabela 5 Continuação
Pavimento Altura Deslocamento Limite Diferença entre Limite
acumulado no topo pavimentos
Direção X Direção Y Direção X Direção Y
Pav. Tipo 12 324.00 1,34 0,81 3,14 0,05 0,06 0,38
Pav. Tipo 11 324.00 1,29 0,75 3,14 0,06 0,07 0,38
Pav. Tipo 10 324.00 1,23 0,68 3,14 0,07 0,07 0,38
Pav. Tipo 9 324.00 1,16 0,61 3,14 0,09 0,08 0,38
Pav. Tipo 8 324.00 1,07 0,53 3,14 0,10 0,08 0,38
Pav. Tipo 7 324.00 0,97 0,45 3,14 0,11 0,08 0,38
Pav. Tipo 6 324.00 0,86 0,37 3,14 0,12 0,08 0,38
Pav. Tipo 5 324.00 0,74 0,29 3,14 0,14 0,08 0,38
Pav. Tipo 4 324.00 0,60 0,21 3,14 0,15 0,07 0,38
Pav. Tipo 3 324.00 0,46 0,14 3,14 0,16 0,06 0,38
Pav. Tipo 2 324.00 0,30 0,08 3,14 0,16 0,05 0,38
Pav. Tipo 1 324.00 0,14 0,03 3,14 0,13 0,03 0,38
Fundação 150.00 0,02 0,00 3,14 0,02 0,00 0,18
Fonte: Elaborada pela autora.

A Tabela 6 apresenta, resumidamente, os deslocamentos horizontais máximos, no topo


e entre pavimentos, obtidos para os dois sistemas de contraventamento.

Tabela 6 Deslocamentos horizontais máximos


Núcleo Rígido Pórtico
Limites Direção X Direção Y Direção X Direção Y
No topo 3,14 0,74 1,24 1,44 1,00
Entre pavimentos 0,38 0,06 0,10 0,16 0,08
Fonte: Elaborada pela autora.

Com os dados apresentados, inicialmente, é possível perceber que ambas estruturas


atendem aos limites estabelecidos pela NBR 6118 (ABNT, 2014), conforme mencionado
anteriormente. Entretanto, com a utilização do núcleo rígido houve uma redução de 48,61 %
do deslocamento horizontal do topo da edificação na direção X, em relação à estrutura
aporticada. Em contrapartida, na direção Y, houve um aumento de 24 %.
No que se refere ao deslocamento horizontal relativo entre pavimentos, houve uma
redução de 62,5 % na direção X e um aumento de 25 % na direção Y quando comparado a
utilização do núcleo rígido em relação a estrutura aporticada.
Além disso, o software AltoQi Eberick também apresenta imagens 3D dos
deslocamentos em escala de cores nas quais o azul representa os elementos com menores
deslocamentos e o vermelho, os maiores, passando pelo verde e amarelo, conforme
apresentadas nas Figura 26, Figura 27, Figura 28 e Figura 29. Desta forma, é possível
perceber que a estrutura com núcleo rígido possui os deslocamentos mais atenuados na
direção X quando comprada com a estrutura aporticada.
47

Figura 26 Deslocamento – Vista Frontal - Núcleo Figura 27 Deslocamentos – Vista Frontal –


Rígido – Direção X Pórtico – Direção X

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold

Figura 28 Deslocamento – Vista Traseira - Figura 29 Deslocamento – Vista Traseira –


Núcleo Rígido – Direção X Pórtico Direção X

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold


48

Figura 30 Deslocamento – Vista Esquerda - Figura 31 Deslocamento – Vista Direira - Núcleo


Núcleo Rígido – Direção Y Rígido – Direção Y

Fonte: Elaborada pela autora Fonte: Elaborada pela autora

Figura 32 Deslocamento – Vista Esquerda - Figura 33 Deslocamento – Vista Direita - Pórtico


Pórtico – Direção Y – Direção Y

Fonte: Elaborada pela autora Fonte: Elaborada pela autora


49

Na Tabela 7, estão apresentados os respectivos valores dos coeficientes γz para os dois


sistemas de contraventamento. Vale ressaltar que, a NBR 6118 (ABNT, 2014) afirma que
uma estrutura é de nós fixos se γz ≥1,1, porém esse valor deve estar limitado a γz ≤1,3 para que
a estrutura seja, de forma global, considerada estável.

Tabela 7 Coeficiente γz e momentos


Núcleo Rígido Pórtico
Limite Direção X Direção Y Direção X Direção Y
Coeficiente γz 1,30 1,13 1,14 1,26 1,10
Fonte: Elaborada pela autora.

Em relação a estabilidade global, percebe-se uma redução de 10,32 % do valor do


coeficiente 𝛾𝑧 na direção X e um aumento de 3,64 % na direção Y quando comparado o uso
do núcleo rígido em relação à estrutura aporticada, apesar de ambas configurações atenderem
ao limite estabelecido pela NBR 6118 (ABNT, 2014).
Como já mensionado no item 5 deste trabalho, os sistemas de contraventamento
estudados são apresentados com as seguintes particularidades: a estrutura com núcleo rígido
apresenta dois pilares com elevada rigidez, tanto na direção X como na direção Y, são eles P1,
em forma de U e P12, em forma de L, conforme Figura 31 do APÊNDICE B – PLANTA DE
FÔRMA – NÚCLEO RÍGIDO. Na estrutura aporticada, o pilar P1 é substituído por dois
pilares, P1 e P2, perdendo a sua parte horizontal, enquanto o pilar P12 também tem seu trecho
horizontal removido e passa a ser chamado de P13, de acordo com a Figura 32 no
APÊNDICE C – PLANTA DE FÔRMA - PÓRTICO. Além disso, para que a estabilidade
global da estrutura fosse atendida, a seção dos demais pilares precisaram ser aumentadas,
principalmente na direção Y pois aumentar a seção dos pilares na direção X estava limitado
pela arquitetura. Essa substituição de pilares e consequente aumento das seções reduz
consideravelmente a rigidez global da estrutura aporticada na direção X e aumenta na direção
Y. Por esse motivo, há um aumento, na direção X, tanto do deslocamento horizontal como do
coeficiente 𝛾𝑧 enquanto, na direção Y, há uma redução desses.
Nas Tabela 8 e Tabela 9 estão apresentadas as quantidades detalhada dos materiais
utilizados na estrutura contraventada com núcleo rígido e na estrutura aporticada,
respectivamente. A Tabela 10 apresenta esses materiais de forma resumida.
50

Tabela 8 Quantidade detalhada de materiais – Núcleo rígido


Vigas Pilares Lajes Fundações Total
Peso total CA50 6.3 4.733,6 485,6 2.452,5 - 7.671,7
+ 10% (kg) CA50 8.0 2.154,9 53,6 4.612,1 - 6.820,6
CA50 10.0 3.714,1 11.323,2 11.997,6 - 27.034,9
CA50 12.5 5.742,6 2.879,0 61.343,7 556,1 70.521,4
CA50 16.0 5.708,0 8.122,8 - 2.098,9 15.929,6
CA50 20.0 8.428,2 - - 3.061,2 11.489,3
CA50 25.0 - - - 2.456,0 2.456,0
CA60 5.0 5.416,9 11.782,8 8.812,2 - 26.011,9
Total 35.898,2 34.647,0 89.218,1 8.172,1 167.935,5
Volume concreto C-30 308,5 479,0 708,0 73,0 1.568,4
(m³)
Área de forma (m²) 4.733,7 4.506,2 5.607,8 54,9 14.902,6
Consumo de aço (kgf/m³) 116,4 72,3 126,0 111,9 107,1
Fonte: Elaborada pela autora.

Tabela 9 Quantidade detalhada de materiais – Pórtico


Vigas Pilares Lajes Fundações Total
Peso total CA50 6.3 4.437,7 27,9 2.009,8 - 6.475,4
+ 10% (kg) CA50 8.0 2.064,2 - 6.816,8 - 8.881,0
CA50 10.0 3.211,0 14.898,8 14.946,3 - 33.056,1
CA50 12.5 6.750,6 5.699,5 49.996,9 69,3 62.516,3
CA50 16.0 7.383,4 - - 3.543,4 10.926,7
CA50 20.0 6.198,2 87,7 - 2.165,3 8.451,2
CA50 25.0 - - - 3.175,0 3.175,0
CA60 5.0 6.241,8 13.441,4 8.629,8 - 28.313,0
Total 36.287,0 34.155,4 82.399,5 8.953,0 161.794,9
Volume concreto C-30 318,9 506,8 706,6 75,9 1.608,2
(m³)
Área de forma (m²) 4.875,5 4.530,7 5.586,3 58,9 15.051,4
Consumo de aço (kgf/m³) 113,8 67,4 116,6 118,0 100,6
Fonte: Elaborada pela autora.

Tabela 10 Resumo de materiais


Núcleo Rígido Pórtico
Peso total + 10% (kg) 167.935,5 161.794,9
Volume concreto (m³) 1.568,4 1.608,2
Área de forma (m²) 14.902,6 15.051,1
Consumo de aço (kgf/m³) 107,1 100,6
Fonte: Elaborada pela autora.

Com base nos dados apresentados nas tabelas acima, foi produzida Tabela 11 que
apresenta o resumo dos custos de produção incluindo materiais, mãos de obra e equipamentos,
dos dois sistemas estruturais. Os valores unitários de cada composição de custos foram
retirados do SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices para Construção
Civil) e orçamento detalhados encontram-se no APÊNDICE D - ORÇAMENTO
51

DETALHADO – NÚCLEO RÍGIDO e APÊNDICE E – ORÇAMENTO DETALHADO –


PÓRTICO.

Tabela 11 Custo de produção


Núcleo Rígido Pórtico
Quantidade Custo Total Quantidade Custo Total
Total (R$) Total (R$)
Armação CA50 6.3 6.974,27 60.123,31 5.886,73 50.804,31
- 10% CA50 8.0 6.200,55 50.386,17 8.073,64 65.046,43
(kg) CA50 10.0 24.577,18 166.314,88 30.051,00 203.213,12
CA50 12.5 64.110,36 376,710,94 56.833,00 335.380,52
CA50 16.0 14.481,55 85.713,66 9.933,45 60.228,66
CA50 20.0 10444,91 57.501,22 7.682,91 42.247,18
CA50 25.0 2.232,73 14.133,16 2.886,36 18270,68
CA60 5.0 23.647,18 162.458,98 25.739,09 185.916,77
Total 152.668,73 973.342,33 147.086,18 961.107,67
Concretagem (m³) 1.568,5 592.263,64 1.608,1 607.255,79
Fabricação de fôrma (m²) 14.902,00 1.298.520,80 15.051,4 1.315.489,03
TOTAL 2.864.126,76 TOTAL 2.883.891,45
Fonte: Elaborada pela autora.

Observa-se então, que comparando a estrutura com núcleo rígido em relação à


estrutura aporticada, há redução de 0,68 % do custo global para execução da superestrutura
dos dois sistemas de contraventamento é extremamente próximo. Entretanto, pode-se perceber
um aumento de 1,27 % do custo de armação e uma redução de 1,30 % do custo de fabricação
de forma e de 2,47 % do custo com concretagem.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como ocorre na grande maioria dos projetos, o lançamento estrutural do presente


trabalho estava muito limitado pela arquitetura. Ou seja, não era possível fazer importantes
manipulações, principalmente no que se refere às mudanças de posição e de rotação dos
pilares.
Devido ao posicionamento de esquadrias e à espessura das paredes, era factível,
apenas aumentar a dimensão dos pilares. Sendo que, na direção X esse aumento foi limitado a
2 cm, na maioria dos pilares, enquanto, na direção Y, foi de 20 cm. Isso quer dizer que, só era
possível ter um aumento expressivo na rigidez na direção Y.
Por isso, quando comparada a estrutura com núcleo rígido com a aporticada, tem-se
uma melhoria nos resultados dos deslocamentos horizontais e coeficiente 𝛾𝑧 na direção Y.
Isso se deve à limitação da arquitetura pois, para aumentar a rigidez da estrutura e atender a
52

estabilidade global da edificação, foi necessário aumentar a seção dos pilares, em especial na
direção Y.
Entretanto, na direção X a estrutura com núcleo rígido se apresentou melhor
comportamento. Visto que, a rigidez na direção X foi significativamente reduzida devido a
substituição dos núcleos rígidos por pilares-paredes.
Vale ressaltar que, ambos sistemas de contraventamento estudados atendem aos
limites estabelecidos pela NBR 6118 (ABNT, 2014) e por isso, a estrutura com núcleo rígido
não se mostrou tão atrativa no que se refere à estabilidade global e ao custo total. Além disso,
o presente trabalho estuda uma edificação de 16 pavimentos e, como sugere a Figura 21, para
estruturas com até 15 pavimentos, a estrutura aporticada atende a estabilidade global. Porém,
a utilização de estruturas de contraventamento com núcleo rígido em edificações com mais
pavimentos pode ser determinante tanto para estabilidade global de uma edificação.
Para engenheiros estruturais, é de grande importância definir, dentre os sistemas de
contraventamento possíveis, qual atenderá aos critérios de estabilidade e, entre esses, o mais
econômico. Pode-se dizer, então que, para em edificação de 16 pavimentos, a utilização de
núcleo rígido, apesar de possuir melhor comportamento em relação a estabilidade global, não
se mostrou economicamente tão vantajosa. Além disso, a execução das fôrmas para a
estrutura aporticada, geralmente, é mais simples se ser executada por apresentar apenas
pilares retangulares.

10 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Avaliar a estabilidade global de uma edificação também contraventada por núcleo


rígido e por pórtico com a mesma arquitetura tipo do presente trabalho, porém com 20, 30 e
40 pavimentos.
53

11 REFERÊNCIAS

ALTOQI. Eberick V8: software para projeto estrutural em concreto armado e pré-
moldados. AltoQi Tecnologia em Informática, 2015.

ARAÚJO, José Milton de. Curso de Concreto Armado. 2. ed. Rio Grande: Dunas,
2003.244 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o


Cálculo de Estruturas de Edificações. Rio de Janeiro, 1980. 6 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças


Devidas ao Vento em Edificações. Rio de Janeiro, 1988. 66 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. 256p.

BARBOZA, Marcos Robiati. Concepção e Análise de Estruturas de Edifícios em


Concreto Armado. Bauru: Universidade Estadual Paulista - FAPESP, 2008. 166 p.

CARNEIRO, Francisco; MARTINS, João Guerra. Análise de Estruturas:


Contraventamento de Eficícios. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Civil,
Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, 2008. 87 p.

CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEREDO FILHO, Jasson Rodrigues de. Cálculo e


Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado: Segundo NBR 6118:2014. 4.
ed. São Carlos: EdUFSCar, 2014. 415 p.

CAVALCANTE, Ricardo Nikollas de Andrade; BOMFIM, Ícaro Eufrásio; MELO,


Antônio Macário Cartaxo de. Aplicação da otimização ao projeto de estruturas de
contraventamento formadas por pórticos planos de concreto armado. Simpósio de Mecânica
Computacial, Vitória, 1 Novembro 2018. 15.
54

FUSCO, Péricles Brasiliense. Estruturas de Concreto: Solicitações Normais,


Estados Limites Últimos – Teoria e Aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981. 464 p.

FUSCO, Péricles Brasiliense. Técnicas de Armar Estruturas de Concreto. São


Paulo: PINI, v. Único, 1995. 382 p.

MEDEIROS, Luana Dantas de; SOBRINHO JÚNIOR, Antônio da Silva; BRITO,


Valkisfran Lira de. Ação do Vento na Estabilidade Global de Estruturas de Concreto Armado:
Análise Comparativa de Partidos Estruturais de uma Edificação. Interscientia, João Pessoa,
v. 4, n. 2, p. 34-39, dez. 2016. Anual.

MONCAYO, Winston Junior Zumaeta. Análise de Segunda Ordem Global em


Edifícios com Estruturas de Concreto Armado. 2011. 221 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Engenharia Civil, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2011.

OLIVEIRA, Danielle Meireles de. Parâmetros de Instabilidade Global das


Estruturas de Concreto Armado Segundo a Nova NBR 6118. 2002. 153 f. Dissetação
(Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2002.

PAIXÃO, João Fernando Martins; ALVES, Elcio Cassimiro. Análise de Estabilidade


Global em Edifícios Altos. Revista Eletrônica de Engenharia Civil, Vitória, Es, v. 13, n. 1,
p. 48-63, ago. 2016. Semestral.

RIBEIRO, Jairo Fonseca. Estabilidade Global em Edifícios: Análise dos Efeitos de


Segunda Ordem nas Estruturas de Concreto. 2019. 82 f. TCC (Graduação) - Curso de
Engenharia Civil, Universidade Federa do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

WORDELL, Fernando. Avaliação da Instabilidade Global de Edifícios Altos. 2003.


93 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Univerdidade Federal do Rio
Grande do Sul. Porto Alegre, 2003.

Você também pode gostar