Você está na página 1de 15

Assessoria e Consultoria em Serviço Social

Autoria: Ana Lúcia A. Antonio

Tema 02
Breve Histórico das Práticas de Assessoria e
Consultoria no Serviço Social
Tema 02
Breve Histórico das Práticas de Assessoria e Consultoria no Serviço Social
Autoria: Ana Lúcia A. Antonio
Como citar esse documento:
ANTONIO, A. Ana Lúcia. Assessoria e Consultoria em Serviço Social: Breve Histórico das Práticas de Assessoria e Consultoria no Serviço Social.
Caderno de Atividades. Anhanguera Publicações: Valinhos, 2017.

Índice

conviteàleitura PORDENTRODOTEMA
Pág. 3 Pág. 4

ACOMPANHENAWEB agoraéasuavez
Pág. 6 Pág. 7

finalizando referências
Pág. 11 Pág. 11

glossário gabarito
Pág. 12 Pág. 13

© 2017 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua
portuguesa ou qualquer outro idioma.
CONvitEàlEiturA
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Assessoria, Consultoria & Serviço Social, dos
organizadores Maria Inês Souza Bravo e Maurílio Castro de Matos, Editora Cortez, 2010.

Conteúdo

Nesta aula você estudará:

• Considerações históricas sobre o período ditatorial no Brasil.

• A importância do desenvolvimento de comunidade e dos movimentos sociais para o Serviço Social.

• A relação dos movimentos sociais com a atividade de assessoria/consultoria.

Habilidades

Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:

• Qual a importância do desenvolvimento dos movimentos sociais para o Serviço Social?

• Qual a relação dos movimentos sociais com a atividade de assessoria/consultoria?

• No que consiste o conjunto de referências jurídico-legais por meio do qual o projeto ético-político profissional se
expressa?

3
POrDENTRODOTEMA
Breve Histórico das Práticas de Assessoria e Consultoria no Serviço Social

Cumpre observar que a formação profissional dos assistentes sociais deve ser um processo contínuo que se inicia
na graduação e prolonga-se durante a vida profissional.

No Serviço Social brasileiro, consubstanciou-se que a formação conferida pela graduação deve ser um alicerce, uma
sólida base oferecida por matrizes analíticas da vida social que norteiam o agir profissional.

A profissão do assistente social, por seu caráter extremamente interventivo, deve possibilitar, ainda que sob profunda
crítica, a atuação profissional em conjunturas que se transformam em componentes históricos e em locais com diferentes
particularidades e culturas singulares.

No período compreendido entre 1964 e 1985, esteve em movimento no país a ditadura militar do grande capital e, com
ela, uma política de “segurança e desenvolvimento” que denotou a prevalência da estratégia do capitalismo.

O slogan “segurança e desenvolvimento” foi muito bem utilizado pela ditadura em favor do capital. Neste período, o
Estado esteve presente em todas as esferas da vida da sociedade: sua vigilância estendeu-se do trabalho às escolas,
do partido à mídia, dos sindicatos à cultura, nada houve que o Estado não controlasse, até mesmo as igrejas e famílias.

A ditadura militar criminalizou a sociedade política, já que a própria questão social foi criminalizada, e todos eram vistos
como suspeitos: trabalhadores operários, homens pobres, camponeses, estudantes, pais de família, professores, padres
e médicos; todos eram suspeitos de subversão.

A ditadura militar estabeleceu proficuamente o período de favores e proteção estatal às empresas, principalmente às
grandes empresas; tal proteção fundamentou-se em uma elevadíssima taxa de exploração dos trabalhadores, revelando
a repressão como uma manifestação da economia política da ditadura militar.

De acordo com Ianni (1981), foi uma ditadura exercida contra as classes trabalhadoras do campo e das cidades.

As formas de organização da classe trabalhadora foram burocratizadas e colocadas sob excessiva vigilância e repressão
para desarticular as lutas que reinvidicavam limites à exploração. Os sindicatos perderam sua força.

4
POrDENTRODOTEMA
A ditadura militar do grande capital controlou com violência quase todas as esferas da sociedade, especialmente os
trabalhadores do campo e da cidade.

No campo, houve intensa proletarização dos trabalhadores rurais; como não podia fugir à lógica de acumulação
imperialista imposta pela ditadura, a agricultura serviu à acumulação do capital financeiro.

Durante 21 anos de ditadura militar a serviço do grande capital, os problemas nacionais se agravaram: a inflação
“galopou” e a população empobreceu. A dívida externa cresceu assustadoramente. Os direitos conquistados foram
suprimidos a partir de 1964, e, com eles, a politização da sociedade foi brutalmente paralisada. O temor passou a fazer
parte da vida das pessoas que concebiam o Estado estranho, estranhado, estrangeiro (IANNI, 1981), e uma verdadeira
contrarrevolução foi realizada.

A trajetória das práticas de assessoria/consultoria no Serviço Social teve suas raízes no final dos anos 1970 e início
dos anos 1980 (período de ditadura militar) e acompanhou os movimentos sociais e, consequentemente, o processo de
renovação da profissão.

Na época, os movimentos sociais lutavam por melhoria das condições de vida da classe trabalhadora e mobilizavam
grandes contingentes de trabalhadores na luta por direitos sociais, tais como: saúde, habitação, educação, saneamento,
cultura e outros.

Neste mesmo período, na América Latina, o Serviço Social experimentava o processo de renovação da profissão,
também conhecido como Movimento de Reconceituação.

No Brasil, o processo de renovação profissional foi marcado por três vertentes de pensamento: perspectiva moderniza-
dora, perspectiva de reatualização do conservadorismo e perspectiva de intenção de ruptura.

A vertente de intenção de ruptura, marcada pelo pensamento crítico, é a aba que se aproximou dos movimentos sociais
na busca por trabalho fora das instituições (Althusser) e que acreditava no protagonismo dos intelectuais (Gramsci) no
processo de transformação da sociedade.

O trabalho dos assistentes sociais junto aos movimentos sociais se deu, na sua maioria, por meio da criação de
campos próprios de estágio para graduandos em serviço social. Esta ação é vista, na época, como estratégia, na
medida em que esse período também é marcado pela revisão curricular do curso de serviço social, aprovado pela
categoria em 1979. Na análise da época, para se efetivar esse projeto de formação profissional, era necessário
possibilitar ao aluno a vivência de um exercício profissional comprometido com a classe trabalhadora, e tal vivência
só poderia ocorrer em campos alternativos aos que os assistentes sociais trabalhavam. (MATOS, 2010)

5
POrDENTRODOTEMA
Ao aproximarem-se dos movimentos sociais, vinculando-se a uma ação muito mais política, os profissionais que
corroboravam a vertente de intenção de ruptura passaram a negar o trabalho de desenvolvimento de comunidade.

Apesar da negação do desenvolvimento de comunidade por parte dos profissionais que compartilhavam da perspectiva
de intenção de ruptura com o conservadorismo no Serviço Social e com a criação do novo currículo, em 1979, a disciplina
Desenvolvimento de Comunidade passou a ser ministrada com conteúdos de movimentos sociais.

Matos (2010) afirma que, com o novo currículo, a visão tripartite do Serviço Social (serviço social de caso, serviço social
de grupo e serviço social de comunidade) foi rompida, o que levou, a partir de então, a uma compreensão da formação
profissional com base na teoria, na história e no método.

Matos (2010) afirma ainda:

Acreditamos que foram as experiências de campos próprias de estágio em movimentos sociais as precursoras dos
trabalhos de assessoria do serviço social a outros segmentos que não sejam os da mesma profissão. Mesmo que
poucos dos seus sujeitos profissionais (as equipes do serviço social) trabalhassem com a categoria “assessoria”
e, na maioria das vezes, se referissem à categoria “investigação-ação”. E, mesmo que não houvesse na época
uma clara distinção entre o trabalho e a militância política, foram essas experiências que deram bases para o
trabalho que atualmente os profissionais de assessoria fazem junto aos diferentes segmentos comprometidos
com a construção de políticas sociais públicas. Aqui estão as origens deste tipo de assessoria que, na atualidade,
passam por outras estratégias de ação, afinal, somos sabedores de que, desde os anos 1990, assistimos,
infelizmente, a um desse tipo de assessoria que, na atualidade, passa por brutal refluxo dos movimentos sociais.

ACOMPANHENAWEB
Bancas Jurídicas – Planejar ou Sobreviver?
• Leia o artigo: “Bancas Jurídicas – Planejar ou Sobreviver?”.
Link para acesso: <http://www.dynamikac.com.br/page6.html>. Acesso em: 2 jun 2014.

6
ACOMPANHENAWEB
Artigos sobre consultoria
• Acesse o link e leia artigos sobre consultoria:
Link para acesso: <http://www.consultores.com.br/>. Acesso em: 2 Jun 2014.

Tv Consultoria

• Assista ao vídeo: Tv Consultoria - Os Quatro Tipos de Profissional. Neste vídeo, o consultor


empresarial Wellington Moreira fala sobre os quatro tipos de profissional.
Link: <http://caputconsultoria.com.br/tv-consultoria-os-quatro-tipos-de-profissional/>. Acesso em: 2 Jun 2017.

AgOrAéAsuAvEz
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1

No campo das atribuições privativas, o assistente social desenvolve assessoria na matéria “Serviço Social”. Assim, essa asses-
soria é toda aquela que se referencia à profissão. Portanto, só pode ser prestada por quem?

7
AgOrAéAsuAvEz
Questão 2

Para Wanderley (1993), o Serviço Social, aprovado em 1979 e implementado a partir de 1982, reintroduziu a disciplina Desenvol-
vimento de Comunidade, mas com o conteúdo de movimentos sociais. Esse currículo possibilitou:

a) Um importante avanço.

b) Rompimento com uma antiga visão tripartite do Serviço Social.

c) A existência de um Serviço Social de Comunidade.

d) Compreensão da formação profissional sustentada no tripé: teoria, história e método.

e) Todas as alternativas estão corretas.

Questão 3

O trabalho dos assistentes sociais junto aos movimentos sociais ocorreu, na sua maioria, por meio da:
a) Crise da categoria.
b) Criação de campos próprios de estágio para graduandos em Serviço Social.
c) Ruptura com o tecnicismo.
d) Crítica às técnicas adotadas na época.
e) NDA.

8
AgOrAéAsuAvEz
Questão 4
De acordo com os autores do Livro-Texto, a reedição da disciplina Desenvolvimento de Comunidade com conteúdo de movimen-
tos sociais foi problemática, pois poderia:

a) Sugerir a redução do trabalho em comunidade.

b) Produzir uma ruptura na categoria.

c) Produzir uma crise no currículo acadêmico.

d) Causar mudança nos instrumentais.

e) NDA.

Questão 5
Mesmo que não houvesse na época uma clara distinção entre o trabalho e a militância política, foram essas experiências que de-
ram base para o trabalho que atualmente os profissionais de assessoria realizam junto aos diferentes segmentos comprometidos
com:
a) Militância política.
b) Movimentos sociais.
c) Construção de políticas públicas.
d) Desenvolvimento de comunidade.

e) NDA.

9
AgOrAéAsuAvEz
Questão 6

Ammann (1997) identifica quatro fases do desenvolvimento de comunidade no Brasil. Explicite quais são estas quatro fases.

Questão 7

De acordo com o Livro-Texto, a reedição da disciplina Desenvolvimento de Comunidade com conteúdo de movimentos sociais
foi problemática. Por quê?

Questão 8

Tomando como referência a Lei de regulamentação da profissão de Serviço Social no Brasil (8.662/1993), como é possível iden-
tificar o exercício de assessoria e consultoria?

Questão 9

De acordo com o Livro-Texto, assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as afirmações falsas:

I. No Brasil, o desenvolvimento de comunidade é introduzido por organismos latino-americanos de cooperação nos anos 1940.
II. O desenvolvimento de comunidade é uma estratégia de controle ideológico da população contra a possibilidade do comunismo.
III. Nos anos 1950, a ONU passou a investir no Serviço Social, realizando pesquisas no plano internacional sobre a profissão.
IV. Na década de 1970, emergiram no Brasil as primeiras produções relativas a desenvolvimento de comunidade.

Está correto o que se afirma em:

a) I, III e IV.

b) II, III e IV.

c) I, II, III e IV.

d) II e III.

e) I e III.

10
AgOrAéAsuAvEz
Questão 10
A assessoria do Serviço Social, no campo da competência profissional, refere-se àquelas ações desenvolvidas pelo assistente
social a partir do quê?

fiNAlizANDO
As discussões em torno dessas práticas nos dias atuais estão diretamente relacionadas à maturidade intelectual da
profissão demonstrada a partir da década de 1980 e, consequentemente, vinculadas ao projeto ético-político profissional
dos assistentes sociais.

O projeto ético-político profissional se expressa por um conjunto de referências jurídico-legais, tais como a Lei de
Regulamentação da Profissão (8.662/1993), o Código de Ética (1993) e as diretrizes gerais para o curso de Serviço
Social (1996), somados ao acúmulo teórico-organizativo e político sustentado na tradição marxista.

Discutiu-se que as práticas de assessoria/consultoria não são neutras, livres de intencionalidades; ao contrário, elas
devem expressar uma concepção de profissão e de mundo e ainda possibilitar a interlocução entre profissionais, a fim
de garantirem de forma democrática o acesso dos usuários aos direitos sociais.

rEfErêNCiAs
CARVALHO, Alba Maria Pinho. O projeto da formação do Assistente Social na conjuntura brasileira. Cadernos ABESS, São
Paulo: Cortez, n. 1, 1993.
IANNI, Otávio. A Ditadura do Grande Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.

11
rEfErêNCiAs
FERREIRA, Christiane L. et al. Educação Sem Fronteiras. Valinhos: Anhanguera Publicações, 2012.
NETTO, José Paulo. A construção do projeto ético-político do Serviço Social frente à crise contemporânea. In: CAPACITAÇÃO
EM SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA SOCIAL. Módulo 1: Crise contemporânea, questão social e serviço social. Brasília: CEAD,
1999. p. 93-108.

glOssáriO
Alicerce: Aquilo que fundamenta e sustenta, base, apoio, sustentáculo: o bom êxito se fundamenta nos alicerces do
trabalho. O processo de escavação pelo qual são assentados os alicerces.

Althusser: Filósofo francês que influenciou o Serviço Social com ideias marxistas, conhecido como filósofo das
ideologias.

Gramsci: Filósofo italiano que teorizou sobre a necessidade de educar os trabalhadores e de formar intelectuais prove-
nientes da classe trabalhadora, a qual ele chamou de intelectuais orgânicos. Tem forte influência sobre o Serviço Social
ainda nos dias atuais.

Proletário: Classe antagônica à classe capitalista; aquele que vende sua força de trabalho (único meio de vida que pos-
sui) como meio de sobrevivência.

Ruptura: Ato ou efeito de romper; interrupção. Quebra, fratura. Quebra de relações sociais; violação de contrato: ruptura
diplomática.

12
gABAritO
Questão 1

Resposta: Por um profissional graduado na área.

Questão 2

Resposta: Alternativa E.
Questão 3
Resposta: Alternativa B.
Questão 4
Resposta: Alternativa A.
Questão 5
Resposta: Alternativa C.
Questão 6

Resposta: A primeira, 1950-1959, quando o trabalho ocorre com base em supostos acríticos e aclassistas. Segunda
fase, quando é marcada pela interlocução dos profissionais de desenvolvimento de comunidade com as mobilizações
sociais que aconteciam no país, no período de 1960 até o golpe militar de 1964. Terceira fase, de 1964 a 1977, em que
a interlocução é cassada e o desenvolvimento de comunidade é utilizado como recurso para legitimar a ditadura militar.
E a quarta fase, em que a autora analisa o desenvolvimento de comunidade no período da transição democrática, de
1978 a 1989, expresso no trabalho realizado por prefeituras de oposição e por profissionais inseridos nos movimentos
populares.

13
Questão 7

Resposta: Porque poderia sugerir a redução do trabalho em comunidade, concebendo-o apenas como uma ação
dirigida para a população organizada.

Questão 8

Resposta: Pode-se identificar o exercício da assessoria e consultoria como atribuição privativa deste profissional, bem
como uma competência que este profissional dispõe.

Questão 9

Resposta: Alternativa D.

Questão 10

Resposta: Sua competência no campo do conhecimento coletivo, pois os assistentes sociais vêm sendo requeridos a
prestar assessoria à gestão/formulação de políticas sociais, públicas e privadas e aos movimentos sociais.

14

Você também pode gostar