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“Prova de Gênero”

Aluno: Francisco das Chagas Batista Barros


Professora: Dr. Olivia Candeia Lima Rocha
“Análises dos Estudos de Gênero”
Os estudos de gênero, enquanto categoria de análise, surge através de uma espécie
de discursões que se relacionam com os mais diversos seres humanos, discursos esses
relacionados não só a mulher, mas também ao homem e as outras categorias que são
adotadas pelos indivíduos. Entender esses discursos, devem ter como ponto de partida as
representações, os imaginários, a concepção do patriarcado, e de outros aspectos de
análise nos estudos de gênero. Que estabelecem o viés necessário para compreender como
se dialogam com o processo estruturante entre o lugar do homem e o lugar da mulher, que
é determinado ao longo da história pela sociedade.

Nesse texto será discutido as transformações no campo historiográfico e as


repercussões na escrita da história partindo de um viés feminista e de estudos de gênero.
Nessa perspectiva, as categorias de análise como a “mulher”, “mulheres”, “gênero” e
“sexo” estão atrelados aos movimentos sociais, que se dão através da luta frequente nas
manifestações sociais em busca de garantias dos direitos como cidadãos em uma
sociedade democrática. Então, o objetivo desse texto tem como panorama fazer uma
análise das ideias constituídas e questionadas pelos pesquisadores e leitores, e as teorias
que servem para embasamento em propor melhor a compreensão dos estudos aqui
apresentados.

Os conceitos de representação serão alvo principal dessa análise, na medida que


elas interferem diretamente na imagem que é produzida sobre o indivíduo, que se
relaciona com as concepções dos estudos de gênero. Uma autora que se destaca bem nessa
análise é a Teresa Lauretis na sua obra “Tecnologias de Gênero” ela remete que “o
conceito de gênero como diferença sexual encontrava-se no centro da crítica da
representação, da releitura de imagens e narrativas culturais” (LAURETIS, 1987, p.1), ou
seja, as representações são leituras ou escritos produzidos por algum ser, marcada,
principalmente pela subjetividade de quem a produziu.

Estudar gênero, vai além das perspectivas de análise das histórias das mulheres, é
entender como se determina as concepções dos mais diversos sexos, como elas se
estabelecem e se integram no contexto social. Logo, esses aspectos são determinantes e
influenciadores das mais diversas mazelas que afetam a sociedade. Exemplo disso, é a
violência contra a mulher que ao longo da história vem se atenuando proporcionalmente
no mundo todo. Atualmente, temos a ideia do patriarcado que é o homem sendo ser
superior a mulher, tanto no trabalho, quanto oportunidades de ascensão social. O homem
ao longo da história do ser humano, se ver como principal personagem, como ser atuante
e formulador das principais teorias e práticas que abrangem a existência humana.

Outra autora importante é Heleieth Iara Bongiovani Salffioti na obra “Gênero,


patriarcado, violência” ela relata que o conceito de gênero não é explicado apenas diante
da desigualdade entre homens e mulheres, mas em grande parte, a hierarquia é apenas
presumida. Mas existem feministas que veem essa hierarquia bem atuante,
independentemente, do período no qual lidam. Logo, esse viés reside uma problemática
teórica, impedindo uma interlocução adequada e esclarecedora entre os adeptos do
conceito de patriarcado. Que é considerado como categoria especifica que veio a surgir
mais recentemente na história, que em tempos passados não se tinha como mentalidade
essa categoria.

A autora remonta que o patriarcado está em permanente transformação, que na


Roma antiga, o patriarca era que detinha o poder de vida e morte sobre sua esposa e seus
filhos, e que hoje esse poder não mais existe, no plano jurídico. Mas os homens continuam
matando suas parceiras por atitudes de crueldade, atrelado a uma violência, observando
então uma resistência do pensamento de um patriarca que sente dolo e superior a mulher,
mas que não está sobre amparo jurídico, e que acaba por se tornar uma criminalidade a
ser combatida pela sociedade.

No que se refere ao imaginário, a autora Tania Navarro Swain, diz que o


imaginário seria uma faceta constituída do social e neste sentido tem uma realidade que
é sua, própria articulada ao material/concreto de nossa percepção imediata. Nesta visão,
o imaginário cria realidades vivenciadas e ao mesmo tempo, efetua leituras do social, que
passam a ser matéria prima da produção imagética. Esse imaginário proporciona a
formação de identidades, e de comportamentos implantados que identificam o ser.
Exemplo a imagem do homem viril sendo devastada pelo macho-gay, que exacerba os
traços exteriores de virilidade para melhor invertê-los.

Diante dessa questão, um fator importante do ponto de vista historiográfico são as


mobilizações femininas, que proporcionaram conquistas e visibilidade da sua importância
na sociedade. No brasil, esses movimentos após os anos oitenta, houve uma onda vinda
de outros países que tinham como discursões as decorrentes violências contra a mulher,
que foram reivindicadas por grupos organizados pelas mulheres, para garantias dos seus
direitos e na luta contra as discriminações que lhe afetam diretamente na sociedade
machista opressora.

Uma autora que aborda esses movimentos é Flávia Candido da Silva, em seu
artigo como título “A mobilização feminista no brasil e suas conquistas para a
visibilidade da violência em razão do gênero” ela aborda que as reivindicações
mobilizam uma sociedade dando visibilidade que coloca em pauta discursões no âmbitos
legislativos, jurídicos, jornalísticos, e assim por diante. Assuntos como violência contra
a mulher, em razão do gênero, devem ser discutidos e amparado pela sociedade para que
possamos produzir uma consciência a combater e evitar as atrocidades que vêm sendo
praticadas diante de uma consciência preconceituosa e discriminadora de sociedade
extremamente machista.

O feminismo como movimento social, tem vivido com algumas ondas, e no texto
de Joana Maria Pedro é um artigo que tem como título “Traduzindo o debate: o uso da
categoria gênero na pesquisa histórica” ela divide essas ondas em perspectivas
diferentes, “uma primeira onda” se desenvolve no final do século XIX e centrado na
reivindicação nos direitos políticos, entre votar e ser eleita, e nos direitos sociais e
econômicos – como o de trabalho remunerado, estudo, propriedade, herança.

Uma segunda onda, surge depois da segunda Guerra Mundial, tendo como luta os
direitos ao corpo, ao prazer e contra o patriarcado – que coloca mulher em ponto de
subordinação ao homem – no ponto de vista historiográfico esses movimentos surgiram
em diferentes períodos na história, e são de suma importância para a formação do plano
jurídico atualmente. A Constituição Federal é um exemplo disso, muitos dos direitos que
ali constam, só foram possíveis devido a reivindicação, a mobilização social, diante do
inconformismo de algumas classes, que nesse argumento o enfoque é a mulher, pois seus
direitos só surgem na base da luta.

A Joana Maria, demonstra que a palavra “gênero”, tem uma história atribuída de
forma tributária de movimentos sociais de mulheres, feministas, gays e lésbicas. Diante
de uma trajetória que acompanha a luta dos direitos civis, direitos humanos, igualdade e
respeito. Para o feminismo, a palavra “gênero” passa a ser usada nos debates internos que
se travaram dentro de movimentos que buscavam a explicação para a subordinação das
mulheres. Embora ela foi usada no interesse de narrar um pouco da trajetória dos
movimentos feministas e das mulheres.

No que diz respeito ao conceito de representação os autores Eduardo Ramalho


Robenhorst e Raquel Peixoto do Amaral Camargo dialogam em um artigo que usam como
título: “Representar: contribuições das teorias feministas à noção da representação”, que
propõem problematizar a categoria da representação, em suas esferas política, social e
estética, a partir das contribuições trazidas por algumas teorias feministas.

A palavra representação indica efeito de expor, exibir, figurar, produzir ou simular


uma imagem de algo. Logo, o ato de representar, deve sempre existir uma distância entre
o elemento que representa ou substitui é aquilo que é representado ou substituído. Os
autores afirmam que a fusão entre o representante e o representado tornaria a
representação inútil, devido principalmente, ela ser um objeto marcado de subjetividades
e sua produção depende concepção na qual é produzida, então, a representação surge
como elemento interpretativo de uma realidade.

A Teresa Lauretis, demonstra que o gênero é um efeito da representação, que


representa não um indivíduo mais uma relação social. Sendo um conjunto de efeitos
produzidos no corpo e sobre os comportamentos sociais. As tecnologias gênero, passam
a serem representadas nos mais diversos meios, exemplo o cinema, que tem o poder de
controlar o campo do significado social e assim produzir, promover e implantar
representações de gênero. Outro exemplo é a música é uma tecnologia que tem grande
potencial de implantação de representações, contribuindo para construção do gênero para
que seus efeitos ocorram em nível “local” de resistências, na subjetividade e na auto-
representação.

Sendo assim, o texto aqui proposto tinha como objetivo discutir alguns pontos
principais, dos textos aqui mencionados, destacando como se estabelecem os estudos de
gênero, citando algumas perspectivas que influenciam na compreensão dessa análise. O
gênero enquanto disciplina nos proporciona a ampliar nos horizontes sobre as
diversidades de estudos que ela nos proporciona e que as teorias em questão ajudam a
compreender não só a mulher, mas todos sexos de forma como eles se interagem e se
interagem na sociedade.
Referências:

SAFFIOTI, Heleieth I. B.; “Gênero, patriarcado, violência”. São Paulo: Editora


Fundação Perseu Abramo, janeiro de 2011.
RABENHORST, Eduardo Ramalho. CAMARGO, Raquel Peixoto do Amaral.
“(Re)presentar: contribuições das teorias feministas à noção da representação”.
Estudos Feministas, Florianópolis, (3), p. 981-1000, setembro-dezembro/2013.
SILVA, Flávia Candido da. “A mobilização feminista no brasil e suas conquistas para a
visibilidade da violência em razão do gênero”.
SWAIN, Tania Navarro. “O imaginário e a história... em quadrinhos” Revista
Universa. Disponível em:
http://www.tanianavarroswain.com.br/brasil/imaginario%20quadrinhos.htm
PEDRO, Joana Maria. “Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa
histórica” História, São Paulo, v.24, n.1, p.77-98, 2005.

LAURETIS, Teresa de; “A tecnologia do Gênero”. Indiana University Press, 1987, pp


1-30.

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