APRESENTAÇÃO
Você conhece alguém que não gosta de estudar, que não sente prazer
em ir à escola, e só faz isso por obrigação? E alguém que tem
“dificuldade de aprendizagem”, ou se sente “incapaz de aprender”?
QUEM SOU EU ?
Ainda estou refletindo e sentindo sobre essa pergunta ... mas o que
posso dizer é que meu nome é Antonio Dégas M.N. Storelli, e em
relação a minha formação acadêmica, estudei biologia e psicologia,
tenho pós-graduação em Fisiologia Humana e em Psicopedagogia, e
2
mestrado em Ciências pela USP, tendo atuado com pesquisas em
neurologia experimental, psicologia da saúde e educação.
INTRODUÇÃO
reflexivos tem sido pelo conhecimento da ‘realidade’ 1 que nos cerca, pelo
3
essas questões nos tocam e então buscamos ‘explicações’ para elas. E nossas
‘reflexões’ podem nos levar a questionar sobre nosso próprio refletir, ou num
sentido mais específico, sobre nosso próprio ‘eu’ e como ele se manifesta e se
compreensão do nosso viver e de como esse viver está presente no ensino (...)
Paulo Freire diz que não pode existir uma ‘teoria’ que norteie a aprendizagem e
concepções sobre o viver, sobre o mundo, sobre o ser humano que é o sujeito
4
Assumo que só podemos explicar nosso viver a partir de elementos
Conhecer.
suas pesquisas sobre as ‘percepções’. Ela é uma teoria cujas origens estão
busca das respostas a essas perguntas, ele chegou à conclusão que ambas
Francisco Varela) e a Deriva Natural (em coautoria com Jorge Mpodozis) [1].
percepção visual realizados por Maturana, que foram publicados entre os anos
de 1959 e 1970.
McCulloch e W.H. Pitts, que foram pioneiros na construção das bases dos
5
paradigmas Cibernético e Cognitivista para o estudo dos fenômenos cognitivos
qual há uma realidade objetiva, independente e externa aos animais, mas que
6
receptores, de “transformar” estímulos em impulsos nervosos, é referida como
nervosos). Cada via nervosa, por sua vez, tem um diferente trajeto anatômico
nervoso ou da via nervosa, mas que pode ser feito experimentalmente pela
2
Mais adiante no texto farei uma distinção entre os fenômenos da sensação e da percepção, que aqui
são tratados como sinônimos.
3
Apesar dessas associações serem bem definidas em muitos casos, as funções cognitivas consideradas
mais complexas envolvem muitas vias e estruturas nervosas, não permitindo uma concepção tão
“localizacionista” e genérica como estou apresentando aqui; funcionalmente a divisão entre vias
sensoriais e motoras é didática e simplista, pois na prática ambos fenômenos são reciprocamente
dependentes. Isso é discutido com mais profundidade em [5,6].
4
O sistema somatossensorial, também conhecido como sistema sensorial inespecífico, “conduz
informações” provenientes de receptores presentes em toda superfície corporal, em articulações,
músculos esqueléticos e tendões, e está envolvido na determinação das modalidades sensoriais de tato,
dor, temperatura e propriocepção (que diz respeito a posição do corpo no espaço e ao seu movimento).
5
O sistema vestibular está envolvido na determinação da posição da cabeça no espaço e na ‘percepção’
do seu movimento angular, e contribui para a modalidade sensorial do equilíbrio.
7
estimulação direta de qualquer um dos elementos do sistema sensorial em
8
Utilizando esse paradigma explicativo, os artigos de 1959 e 1960 de
Samy Frenk, agora utilizando pombos ao invés de rãs (que são animais
pela detecção de atributos específicos dos estímulos visuais (assim como nos
e cujos axônios7 dão origem ao nervo óptico, ou seja, são a via de saída das
6
Filogeneticamente pode ser compreendido como “em termos evolutivos”, considerando que há uma
evolução das espécies nas quais os mamíferos são organismos mais “recentes” do que as rãs (que são
anfíbios).
7
Axônios são os prolongamentos dos neurônios que fazem conexões sinápticas com outros neurônios
(ou também com células musculares e secretoras).
9
Figura 2. Estrutura da retina. Observe que as células ganglionares recebem conexões de
células bipolares e amácrimas, as quais, por sua vez, recebem conexões dos fotorreceptores
(cones e bastonetes). A seta em vermelho indica a direção do “fluxo de informações”. Os
axônios das células ganglionares que formam o nervo óptico. Fonte: adaptado a partir de [7]
visuais (um atributo dos estímulos visuais) e a atividade elétrica das células
10
percepção de cores; e então eles encontraram essa correlação [8–10]. Dito de
atividade elétrica do sistema nervoso, e que não faz referência a algo externo.
Essa observação levou à explicação que o sistema nervoso opera como uma
8
Explicarei a seguir que as percepções pertencem a um outro domínio fenomenológico, que não aquele
no qual opera o sistema nervoso.
11
(...) os estados de atividade neural que são desencadeados
pelas diferentes perturbações em cada pessoa são
determinados por sua estrutura individual, e não pelas
características do agente perturbador. (MATURANA; VARELA,
1995, p.127)
nervoso como determinada por ele mesmo, e não por um mundo externo; os
estado da rede neural no momento de sua ocorrência, e não por estímulos que
possam atuar sobre ela; e opera de modo auto referido, e não fazendo
9
Explicarei a seguir que a distinção entre ilusões e percepções também ocorre num domínio diferente
daquele onde opera o sistema nervoso.
12
de um mundo exterior, tampouco são determinados por “estímulos ambientais”,
elétrica cortical” [5]11. Sem fazer referência aos estudos de Maturana e a todas
sobre o que são os seres vivos, quando no livro “De Máquinas y Seres Vivos:
13
própria rede como unidade discreta no espaço. Nas palavras de Maturana e
Varela:
biológicos, por sua vez, são aqueles que ocorrem através da realização da
autopoiese de pelo menos um ser vivo, e tudo o que se passa com eles (seja
ocasiões, como é possível observar pela leitura de textos que tratam sobre o
por exemplo, em mais de uma ocasião critica o uso do termo autopoiese por
14
dessa crítica e destaca que há uma utilização abusiva do termo, uma
[16]. Herbert Gomes dos Santos comenta outros exemplos, e aborda essa
e editadas no livro “El Arbol del Conocimiento: Las Bases Biologicas del
1995, p.28). Ocorre que, mesmo a percepção do mundo que nos cerca, com
15
certeza, movimento sem o qual não será possível compreender sua proposta
1968 citado anteriormente. Uma delas demostra que apesar de haver um ponto
pessoa. A pessoa deve ficar de frente para você e observar os seus olhos
enquanto você olha alternadamente para eles através do espelho, sem mexer a
cabeça, da forma mais rápida que conseguir (o espelho estará entre você e
essa pessoa, mas voltado para você). Durante o procedimento você vai
‘perceber’, olhando seus próprios olhos no espelho, que eles não se mexem.
Como é possível que você não veja seus olhos se mexendo e a outra pessoa
12
esse ponto cego é o disco óptico, localizado numa região onde emergem os feixes nervosos que
formam o nervo óptico e vasos sanguíneos que irrigam o globo ocular e onde não existem
fotorreceptores.
16
visual: a supressão sacádica e a integração transacádica, e permite concluir
que: (1) “não vemos que não vemos”, e (2) que dois observadores observando
Essa hipótese explicativa propõe que todo comando motor também é enviado
que já está previsto a partir dessa “cópia eferente” não fosse sentido/percebido,
[6,18]13.
13
Pretendo aprofundar minhas reflexões a respeito dessa abordagem teórica em trabalhos futuros, e
suas relações com a Biologia do Conhecer, a Biologia-Cultural e a Biologia-Cultural do Conhecer.
17
mundo, logo, uma ação do sujeito que conhece/percebe, a partir de sua própria
diz que “tudo que é dito, é dito por alguém” [12], ou seja, é uma ação específica
fazer e o conhecer. Recentemente Maturana propõe que “tudo que é dito é dito
por um observador a outro observador, que pode ser ele mesmo” [13]
“Origem das espécies por meio da deriva natural, ou a diversificação das linhagens
diz respeito a uma nova abordagem para a evolução dos seres vivos através
18
manutenção da autopoiese e da adaptação, no qual não há um propósito ou
“vir a ser” determinado a cada momento pela estrutura daqueles que interagem
uma espécie é seu modo de vida (ou fenótipo ontogenético), e não uma
que tudo aquilo que acontece conosco é determinado por nossa estrutura
fenômenos nos organismos sobre os quais atuam. Eles agem como agentes
14
O conceito de fitness é um refinamento da ideia de sucesso reprodutivo, e será explicado com mais
detalhes a seguir.
19
guiam o curso das mudanças estruturais, sem o determinar. Isso constitui o que
de que tudo aquilo que um observador distingue, e que surge no ato de sua
distinguimos como externo ao sistema (perturbação), e que atua sobre ele, não
determina nem especifica o que acontece com o ente ou unidade durante essa
comunicacional, cada um é responsável pelo que diz, mas não pode especificar
Chile), como “um laboratório transdisciplinar para o estudo do humano” [13]. Ali
20
do livro “Habitar Humano em Seis Ensaios de Biologia-Cultural”, de 2008 (uma
importância do ‘amar’ como emoção básica que permite aos seres humanos
autor até o momento da escrita deste livro: o livro “El Arbol del Vivir” cujo
15
No decorrer dos anos Maturana opta por usar verbos ao invés de substantivos, por motivos que
ficarão mais compreensíveis a seguir. Durante o texto será comum que os seguintes termos sejam
substituídos: “amar” ao invés de “amor”, “linguajear” ao invés de “linguagem”, “emocionar” ao invés de
“emoções”, dentre outros. Daí minha escolha por utilizar “aprender” ao invés de “aprendizagem”, cuja
distinção será explicada a seguir.
21
biologia-cultural como condição do fundamento do viver humano, em nosso
22
reestruturando novos ‘conceitos’ e ‘reflexões’, como uma deriva histórica das
qual farei minhas reflexões e a partir deste ponto será referida como Biologia-
Figura 3. Esquema representando os domínios lógicos que constituem aquilo que distingo
como Biologia-Cultural do Conhecer. O símbolo que Maturana e Varela propõem para
representar os sistemas autopoieticos é utilizado, pois considero que, como redes de
conversações, estas distintas teorias correspondem a diferentes “culturas”, e neste sentido,
sistemas autopoieticos não moleculares, que existem num espaço de comunicações e
fazem surgir um mundo em seu operar como propostas explicativas [16]. Adaptação feita
por Antonio Dégas Jr. a partir de [1].
23
Conhecer não há ‘entes’ ou uma ‘realidade’ (aos quais fazemos referência com
observador16 [14].
por mudar nosso emocionar, e com isso, mudamos nosso domínio de ações.
e nosso viver como seres humanos, são nossos emocionares, mas como seres
para justificar nossas ações, sem necessariamente nos darmos conta disso.
16
O ‘observador’ é uma concepção muito específica para a Biologia-Cultural do Conhecer, como será
explicado a seguir
24
um domínio de coerências do nosso viver que passa a constituir um domínio
lógico [13,14]. Na grande maioria das ocasiões não temos clareza dos
relevância deles para nosso viver nas redes de conversações que elas
17
Minha tradução a partir do original: “(...) si queremos cambiar o transformar el mundo que vivimos,
debemos cambiar las redes de conversaciones que generamos em nuestro vivir-convivier cotidiano (...). Y
debemos hacerlo desde um acto reflexivo que nos permita ver y compreender el mundo que generamos
em nuestro vivir (...).”
18
Explicarei a seguir com mais detalhes a distinção entre emoções (emocionar) e ‘sentires íntimos’
25
Entretanto, quando alguma circunstância inesperada, como por
somos levados a refletir sobre elas. Esta reflexão, por sua vez, nos leva a
época, e suas notas eram abaixo da média. Ele já havia sido reprovado mais
diploma que ele tanto desejava (em várias de nossas conversas ele deixava
claro como queria ser Fisioterapeuta). Como seria possível esse aluno exercer
sua prática clínica sem saber, dentre outras coisas, a respeito das bases do
havia sido educado a partir de uma abordagem teórica (implícita na fala e nas
26
como exige a atuação de um profissional da saúde. Eis que um dia eu vi o
aluno com uma paciente na clínica escola, durante uma atividade de estágio.
paciente (uma senhora com cerca de 60 anos) com tanta atenção e cuidado
que fiquei impressionado ao perceber que aquele era o “mau aluno” sobre o
orientavam o aluno durante este estágio descobri que ele estava alcançando
tornar um bom profissional da saúde, pois aquele aluno, que para a paciente já
Afinal de contas, é preciso conhecer e saber explicar para saber fazer? Isso é
aprender?
lousa, sem a menor cerimônia. Outro exemplo de “mau aluno”. Suas notas
27
e pela grande maioria dos professores. Várias reprovações, a “cara emburrada”
dois anos depois, feliz e sorridente, vestida de branco. Veio em minha direção
saiu do curso de Biologia “quase em depressão”, pois achava que havia algo
errado com ela, já que era “incapaz de aprender”. Seu pais ficaram
terapia ela entendeu, dentre outras coisas, que deveria ir atrás do seu sonho
de cursar Medicina Veterinária, que havia sido adiado, pois juntamente com
seus pais ela julgou que não seria capaz de lidar com o sofrimento dos
animais, tampouco de dar conta dos estudos, já que não gostava muito de
estudar (segundo ela, foi por isso que decidiu fazer Biologia ao invés de
em questão, e fiquei sabendo que era uma das “melhores” e “mais motivadas”.
Agora parecia outra pessoa e dava para ver que estava feliz, e que o curso de
Biologia tinha sido uma “escolha ruim”, com ela mesmo dissera. Nem parecia a
classificação pode causar, sem nos darmos conta disso. ‘Percebi’ também que
grande maioria dos casos, (1) com certa “insatisfação” e “falta de motivação”
por parte dos alunos para estudar e aprender o que está especificado nos
28
projetos pedagógicos, mas também (2) com nossa insatisfação como
relação com os critérios utilizados para escolha da carreira (que dizem respeito
estudar (e dão a impressão de serem “maus alunos”). Ou pode ter sua origem
sentem falta de poder exercitar e expressar [20]. Então sempre que os alunos
são colocados numa situação onde há carteiras voltadas para uma lousa, isso
os remete aos anos de vivências escolares nos quais foram tratados como
Meu filho mais velho, sempre rebelde e dando problemas nos estudos.
Não conseguia ensiná-lo sem que a coisa acabasse em discussão, na qual ele
sempre fazia questão de usar o argumento de que não era como eu e que não
19
A grande maioria das abordagens considera que o principal aspecto da linguagem é seu caráter
simbólico, como portadora de informações e significados. Diferentemente, a Biologia-Cultural do
Conhecer propõe uma outra concepção.
29
gostava de estudar (como diz o ditado: “santo de casa não faz milagre”). Não
dava a mínima atenção aos estudos e às lições de casa, chegava a ser bem
arrogante com os professores, muitos dos quais haviam sido meus alunos (e
com seus amigos e à música, que felizmente era valorizada na escola onde
que não suportava ter que “decorar” física, química e biologia, para passar no
aprofundar nos assuntos do seu interesse, que tinham a ver com as ciências
humanas. Hoje ele faz o curso de Psicologia e estuda “tudo aquilo que o
por pouco que o vestibular quase inviabilizou sua realização. Agora suas
com a coordenadora da escola onde ele estudava quando tinha dez anos, ela
30
disse que “ele só queria saber de brincar e conversar com os amigos”, e que
seu olhar, como ele era ávido pelo convívio com os amigos, pela conversa e
que negavam a ele esses momentos. Ele, que era tão criativo em outras
Enquanto escrevo este texto ele está sofrendo e bem preocupado se vai
conseguir concluir o ensino fundamental. Tudo isso faz ele se julgar “burro e
para superar suas dificuldades com a leitura e a escrita, mas pouco motivado
para isso (a leitura de “O Morros dos Ventos Uivantes”, de Emily Bronte, escrito
em 1847, que foi sugerida pela escola, não tem contribuído muito nesse
situações cotidianas, como ele é capaz de criar piadas com um grau elaborado
eu, leitor fluente, nem sempre consigo entender o que muitos deles querem
várias histórias que me levaram a refletir sobre minha prática docente, o papel
31
refletir profundamente sobre minhas teorias, meus domínios lógicos, meus
felicidade e prazer pelas descobertas com tudo que eu aprendia, traz tanto
sofrimento às pessoas que ali estão como alunos, mas também aos
ser a profissão para a qual me dedicarei por toda a vida, me vi frustrado, sem
Educação e sofrimento
32
profunda entre a vida cotidiana e a educação escolar’. Isso tem trazido
tem a ver justamente com a ‘cisão entre vida e educação’ que comentei
escolar, mas também com uma concepção equivocada sobre o que é aprender
e consequentemente, ensinar.
exemplo, 5,6% dos professores foram identificados com alto nível de exaustão
20
Aguiar e Almeida utilizam o termo “mal-estar na educação” como uma analogia às concepções de
Sigmund Freud apresentadas em sua famosa obra “O Mal-Estar da Civilização” (ou “O Mal-Estar da
Cultura”).
33
Segundo Pinto e Silva, em um estudo com professores universitários,
sua ‘subjetividade’ julgam gerar sentido para suas vidas e que, na minha
relações que não são ‘realmente sociais’, na medida em que negam o outro
seres humanos em nossa deriva evolutiva [14]. Este amar é uma dinâmica
sente o outro (ou ele mesmo) como legítimo outro no conviver, sem exigências,
34
viver-conviver cego ao fato de que nós, os seres humanos, geramos os
torno dos quais surgem e se transformam esses mundos [14]. Dito de outra
quais nos sentimos forçados a fazer o que não queremos fazer, e onde a
oposição entre desejos e deveres que nos leva a atuar sem respeito por nós
meus filhos, vários estudos mostram que há um apelo dos estudantes pela
necessidades que tem sido negadas pela escola [25]. Indo ao encontro dessa
35
espontânea, com o outro no conviver (MATURANA; VERDEN-ZOLLER, 2011,
palavras do meu filho mais novo: “a escola consegue estragar até o que é
legal”).
com 140 alunos da UFRJ dentre os quais 58,6% apresentam níveis médios e
outros casos de suicídio entre os anos de 2015 e 2017 que não foram
[28].
36
histórica (ou como dito anteriormente, uma forma histórica de sociabilidade)
ajuda tem origem cultural [13,14]. Essa dor surge quando negamos o outro
emocionar que dá as bases para nosso viver e conviver como seres humanos,
emocional ou psíquico.
uma “variação” quando é diferente do que é normal, mas não traz prejuízo à
[34]. Nesse sentido, quando algo não é o mais frequente e causa prejuízo,
21
É dessa forma que Carl Ratner, um dos proponentes da Psicologia Macrocultural, se refere à tendência
de buscar à explicação para as variações comportamentais observadas como se fossem patologias à
serem tratadas.
37
não esquecer o aspecto social da normalidade e das normas, considerando
é uma “instituição doente”, dentro da qual os alunos que seguem o status quo
alunos” estão buscando na verdade manter sua saúde mental às custas de não
conversações que vivemos. Isso porque o ser humano integral, visto como
biológico-culturais [14].
38
biológico-cultural devido à relações que não são realmente sociais, por
versa); e (2) por não conceber os fenômenos cognitivos e suas relações com o
fundamental).
39
deve estimular uma competição saudável e indispensável 23, tendo em vista a
23
A “indispensável competição e o respeito pela igualdade de oportunidades” é uma das tensões a
serem superadas pelas políticas na área da educação, segundo o “Relatório Delors” publicado pela
UNESCO em 2010 [37].
40
interessa explicar nosso ser-viver-fazer-conhecer como seres biológico-
de estratégias para ensinar de forma cada vez mais adequada aos nossos
tempo que isso pode ser um aprimoramento da prática escolar (na medida
conhecer.
41
Considero que aquilo a que nos referimos ao falar sobre o aprender diz
explicativas entre eles que, ao meu ver, refletem e ao mesmo tempo estão na
que dizem respeito ao modo como concebemos o mundo, e para que sejam
e os dados experimentais podem não ser suficientes [38]. Dito de outra forma,
(como as ciências cognitivas), pode não ter respostas. Elas incluem a reflexão
ciências se baseiam [38] e que nem sempre estão explicitados. Elas remetem à
42
aceitas como válidas, bem como a respeito da concepção do ser humano que é
civilização ocidental, que considera que há um mundo real fora do sujeito e que
43
pressuposições: (1) que existe um mundo real "lá fora", objetivo, cujo acesso é
determina aquilo que ocorre ao sujeito em suas interações com esse mundo. O
proposto inicialmente pelo filósofo George Berkeley, que considera que não há
impacto sobre nossas concepções sobre o ser e o viver dos seres humanos, o
apenas a mente dos sujeitos cognoscentes, mas afirma que aquilo que
fazer e o conhecer. Ou seja, não nega ou afirma que há uma realidade, mas
determinismo estrutural, e que não podemos fazer referência ao “em si” (ou
44
essência) do que quer que seja, mas apenas ao fazer que dá origem ao que
afirmar que: (1) nosso sistema sensorial capta informações do ambiente; (2) as
ele.
se faz a pergunta pelo ser e pelo operar do observador, cujas ações (dentre
determinadas por sua estrutura presente e pela sua organização. Isso implica
45
O ser humano é visto aqui não como alguém que descobre o mundo,
mas como um agente ativo que o constrói [16]. A esse respeito, Maturana
explica que:
46
“reconstrução” desta. Nesse sentido, diferem em relação à Biologia-Cultural do
da relatividade fundamental.
conjunto uma deriva que constitui o ‘domínio lógico’ que aqui denomino
Cultural do Conhecer, não como princípios em si, mas como pontos de partida
conhecer;
47
o ser humano em seu viver é a referência para todo seu fazer e
aprender e o ensinar;
organismo;
48
fenomenológico, e que constituem um domínio específico de
determinismo estrutural;
linguajear e o emocionar;
mal-estar e sofrimento, e;
da qual opera em seu viver, e que deve ser aceita por outro
49
observador (que pode ser ele mesmo), para efetivamente constituir
uma explicação.
Biologia-Cultural do Conhecer.
principal das ciências não diz respeito a realização de previsões, mas é uma
busca por explicações cada vez mais satisfatórias a respeito da realidade [43],
enquanto para Maturana, não há uma busca pela verdade ou pela realidade (já
que no viver não podemos distinguir entre ilusões e percepções), mas uma
50
um domínio fenomenológico onde vive aquele que explica e que é
que um “observador padrão” deve realizar para fazer surgir aquilo que se
propõe explicar [46]. Isso implica (1) que as explicações não têm a ver com a
natureza das coisas e dos fatos e (2) que o explicar não depende daquele que
àquelas que realizamos em nosso explicar do viver cotidiano, mas prezam por
forma, que não é possível apontar para o em si das coisas (entes), pois não
51
criar explicações utilizando para isso elementos de nosso próprio viver [14], ou
observador deve fazer para ter a experiência que vai ser tratada como o
nosso viver com elementos do próprio viver. O fenômeno a ser explicado não
da hipótese explicativa) não pode participar dos processos que lhe dão origem
52
Em “Biology of Language”, Maturana distingue dois tipos de explicações:
dos seres vivos citados anteriormente, nos quais (1) o ser vivo opera como um
eles (onde o sistema opera como unidade composta, e não como um todo
e pode estabelecer relações entre eles sem, mas não pode explicar o que
24
Poderia utilizar o termo “mecanicista”, mas opto por “mecanísticas” tendo em vista as conotações
pejorativas atribuídas ao primeiro termo. Da mesma forma pensei em encontrar outro termo para me
referir ao “amar”, palavra que é utilizada com outra conotação e que muitas vezes desperta preconceito
em relação às ideias de Maturana, mas nesse caso não o fiz por não encontrar outra que permitisse a
distinção que o “amar” implica.
53
ocorre num domínio fazendo referências causais, lógicas ou estabelecendo
domínio de interações dos seres vivos (onde eles atuam como unidades
54
dependência, causalidade, coordenação, emergência, ou logicidade 25 entre
entre os domínios em nosso observar e explicar, desde que tudo isso seja
levado em conta.
aprender, que pertencem à distintos domínios nos quais os seres vivos atuam
25
Em referência à “relações lógicas”
55
buscar estabelecer relações gerativas ou históricas. Esse é o aspecto central
livro “A Árvore do Conhecer”, inicio esse livro com o convite para que
AGORA UM CONVITE
56
E então, está gostando do livro? Espero que sim.
A Evolução da Inteligência
A importância do Amar
Emocionear e Cultura
57
Aprendizagem Socialmente Mediada, Leitura, Imitação e Super Imitação
Observar e o Observador
Cibernética e Epistemologias
Enação e Neurofenomenologia
58
entrelaçamento entre as emoções e a linguagem, que constituem
o conversar.
Por isso eu quero conversar com você, que tem interesse a respeito
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