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A casa da avó Florinda

Era uma vez uma casa muito especial com um lindo jardim com rosas e jasmins.
Ela tinha tudo que qualquer outra casa tem: sala, quartos, banheiro, cozinha. Nela moram duas
velhinhas e um velhinho.
Uma é bem velhinha mesmo, a Vóbisa, como todos a chamam, pois já é duas vezes avó. Seus
filhos e filhas já têm netos e netas, que são os bisnetos e as bisnetas da nossa Vóbisa. A nossa doce
avozinha é magrinha, com os cabelos branquinhos com um coquinho como se fosse de algodão. Ela é
muito tranquila e paciente, como alguém quem tem todo o tempo do mundo.
Com ela moram a sua filha, a Vóflor, que também já é avó, uma senhora gordinha, com os
cabelos brancos bem curtinhos e os olhos de um verde da cor do mar; uma avozinha que tem muita
energia para fazer de tudo e uma mão de fada para plantar, costurar e cozinhar. E o seu genro, o
marido da Vóflor, o Vô Lourenço, um velhinho Português, bem gorducho e bonachão, pois para ele
tudo está sempre muito bom.
De segunda-feira até sexta-feira, a nossa Vóflor tem que cozinhar a mais para o almoço, pois
os seus netos e netas vem ficar com ela depois da escola, pois os seus pais tinham que trabalhar. Já
são meio-dia, a campainha toca:
- Quem será? - pergunta Vóbisa.
Vô Lourenço abre a porta e entra uma menina. A Quequel é a mais velha das netas. Ela é alta, magra,
de cor bem clara e de cabelos encaracolados castanhos. Séria e compenetrada, uma verdadeira
senhorita com os seus 10 anos, por isso vinha sozinha da escola.
- Oi! Vô Lourenço, Vóbisa e Vóflor. Dá beijos coloca a pasta no chão.
Neste momente chega o ônibus da escola com seus primos e prima. Ao parar em frente da casa, o
motorista buzina e dele desce a criançada. Aí começa a barulheira e a confusão.
O primeiro a entrar correndo na casa é Felipe e vem logo perguntando:
- O que tem para o almoço? Estou com uma fome danada!
Ele é o mais velho dos netos e tinha 9 anos, um menino lourinho, magrinho e elétrico que nem uma
pilha. Todos o conhecem como o "Senhor sabe tudo", porque de tudo ele sabe.
- Hoje é peixe não está sentindo o cheiro? - diz o Alex o segundo a chegar.
O Alex é um ano mais novo do que o Felipe. Ele é muito parecido com o Vô Lourenço, bem gordinho
e de cabelos lisos. Inventor de estrepulhias e também um grande comilão.
- Eu adoro as sardinhas que a Vóflor faz, elas são as melhores que já comi em toda a minha
vida - fala Gabi, a neta mais nova da Vóflor.
Ela é uma linda garotinha moreninha, de grandes olhos castanhos com seus 7anos, uma verdadeira
molequinha.
- Eu quero farofa de ovo - pede o Leo, do irmão Felipe, mais novo do que ele 3 anos. Ele é
bem diferente do seu irmão, pequeninho, moreninho e muito bricalhão.
- Eu quero farofa sem ovo - diz Gugu, o irmão caçula do Leo e do Felipe. Ele é clarinho de olhos e
cabelos castanhos, espertinho mas quietinho, um verdadeiro bom menino.
E a nossa Vóflor diz:
- Eu agrado a gregos e a troíanos.
- Quem são os gregos e os troíanos? - pergunta o Leo.
Vóbisa explica:
- Foram dois povos que viveram há muito e muito tempo, que sempre brigavam entre eles.
- Igual eu com o Leo? - fala o Gugu.
- Sim, eles eram igualzinhos a vocês dois. Agora eu preciso ir para a cozinha terminar o
almoço.
- Vóflor faz para mim salada de tomates? - pede o Juruna, como todos o chamam, pois parecia
um verdadeiro indiozinho. Ele é o mais novo dos netos e o irmão do Alex.
E Vóflor responde:
- É claro meu amor, faço especialmente só para você.
Quem aparecia sempre é o Marcelão, o vizinho da Vóbisa um grande amigão de todos. Um
menino grandão com dentões de coelhão. É claro, para filar a bóia (para comer a apetitosa comida).
Depois da comida eles descansam um pouco, fazem os seus deveres de casa. Assim que
Vóflor verifica que está tudo bem feito e correto, podiam ir para fora brincar.
Aí começa o que realmente é bom no tempo de criança, as brincadeiras.
Um dia poderia ter sido um dia igual a todos os outros dias, mas este dia foi um dia bem
diferente. Eles jogaram: futebol, basquetebol, voleibol e por fim queimado, o jogo predileto da
turma.Um time era Marcelão, Alex, Gabi e Gugu contra Felipe, Quequel, Leo e Juruna.
O jogo estava empolgante, Gabi e Felipe eram os dois que ainda não tinham sido queimados,
pois os dois pulavam fugindo da bola igual a duas pererecas.
Num arremesso mal dado, cadê a bola? Ela foi parar lá em cima do telhado. E agora? Como
continuar o jogo?
- Tenho uma idéia - lá vinha o "Senhor sabe tudo" com mais uma das suas magníficas idéias.
- Alex e eu apanhamos a escada, Gabi pega a vassoura e Quequel a vara de pescar do tio
Sérgio. Chegam com a escada, mas quem subiria?
- Vocês seguram a escada e eu subo- falou Marcelão, pois ele era o maior do grupo. Ele
subiu, mas só alcançou a parede.
- Já sei - disse Felipe - Marcelão você sobe na escada, no seu ombro a Quequel e ela com a
vassoura puxa a bola. Assim fizeram, mas o Marcelão começou a gritar:
- Desce, desce, você pesa demais, assim a gente vai cair.
- Então vou eu que sou mais leve - disse Felipe. Tentaram mas em vão, pois só alcançaram o
grande paredão. Nem com a vara de pescar conseguiram chegar até a bola.
- Faremos uma "torre humana", diz Alex. Marcelão sobe na escada, Felipe no seu ombro e eu
subo no ombro do Felipe.
Mais não foi fácil: os dois meninos não aguentaram o gorducho do Alex.
Depois foi a vez do Leo: o colocaram mais faltava um pedaço para chegar ao telhado.
- Eu vou - falou Gabi.
Assim fizeram, Marcelão subiu na escada, no seu ombro Felipe e no dele Gabi.
- Consegui, - diz a menina lá de cima do telhado.
Vóflor que estava na janela costurando, escuta o barulho nas telhas. Olha para cima e vê a
menina e grita para ela:
- Senta Gabi, senta, fica quieta que eu vou chamar os bombeiros - a avozinha corre à sala e
fala para o Vô Lourenço:
- Lourenço chame os bombeiros para tirarem a Gabi lá de cima do telhado.
O velhinho apanha o telefone e liga:
- Alô! Corpo de Bombeiros - fala do outro lado da linha.
- Pronto, aqui fala o Lourenço, não é fogo não. É a minha neta Gabi que está lá em cima do
telhado.
- E como foi que ela subiu lá em cima ? - pergunta o Bombeiro.
- Não sabemos não. Não temos uma escada tão grande.
- Vamos logo, qual é o seu endereço? - indaga o Bombeiro.
- Rua Mesquita número 100, responde oVô Lourenço.
- Até logo.
- Obrigado e até logo.
Vóbisa que estava na sala pergunta:
- Gato encima do telhado? - pois a velhinha já não escutava tão bem.
- Não, Vóbisa é a Gabi que está lá em cima nas telhas, fala o Vô Lourenço.
- Meu Deus! - diz a Vóbisa aterrorizada. E saiem os dois para ver.
Vóflor que já tinha saído de casa e estava enfrente de onde a Gabi se encontrava. Fala para a
menina:
- Gabi, não desce, os Bombeiros já devem estar chegando e eles já vão tirá-la daí.
A menina com a bola nas mãos se senta, mas quebra algumas telhas "track...track..."
O carro dos Bombeiros vêm com a sirene "lari... lara... lari...lara... à toda velozidade "
Na rua é aquele pavoroso, um corre corre geral, junta gente, um pergunta para o outro:
- É fogo?
- Não sei!.
- Onde?
- Na casa da Vóbisa!
Tia Mundica, a mãe da Quequel, vinha chegando para apanhar a filha. Vendo a confusão,
pergunta a um dos vizinhos:
- O que está acontecendo?
Um dos vizinhos informa:
- É uma menina, que subiu no telhado da casa da Vóbisa.
A nossa tia sai correndo, assustada com o coração na mão e chega quase sem fôlego em frente
da casa. Quando vê os Bombeiros colocarem uma grande escada, um deles subir, pegar Gabi no colo
e descer com a menina.Todos aplaudem o Bombeiro que salva a molequinha. Vóbisa,Vóflor, Vô
Lourenço e Tia Mundica respiram aliviados .
O Bombeiro reune todos os meninos e meninas e pede:
- Crianças se alguma coisa cair em cima do telhado, por favor não subam, pois é perigoso.
Pode se cair lá de cima, peçam a um adulto para apanhar para vocês.
A criançada dá um "hip... hip... hurra..." aos Bombeiros. O carro dos Bombeiros vai embora.

A turma continua o jogo... e o time da Gabi ganha o jogo.

Texto:Dora Bonacelli

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