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Quando, no final da Idade Média, a partir dos séculos XV/XVI, os estados da Europa começaram
a descobrir a África, encontraram aí reinos ou estados, que eram de feição árabe e berbere ou
islamizados, no norte e ocidente daquele continente, e que eram habitados por populações negras
pertencentes a uma variedade de grupos, principalmente ao Sul do Saara, com a importante excepção do
império cristão da Etiópia. Os primeiros contactos com estes povos em geral não foram imediatamente
de dominação, mas de carácter comercial. No entanto, os conflitos originados pela competição entre as
várias potências européias levaram no século XIX à dominação, e geralmente à destruição de reinos,
processo este que culminou com a partilha do Continente Negro pelos estados europeus na Conferência
de Berlim, em 1885.
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História da descolonização de África
A seguir à Segunda Guerra Mundial a França, que já se encontrava a braços com insurreição na
Argélia e na Indochina e depois de já ter perdido Marrocos e a Tunísia, em 1956, como resultado de
movimentos independentistas aos quais foi obrigada a ceder, tentou em Setembro de 1958, através de
um referendo uma manobra de dar uma “autonomia” às suas colónias, que continuariam a fazer parte da
“Comunidade Francesa”. Com excepção da Guiné, que votou pela independência imediata, a Côte
d'Ivoire, o Níger, o Alto Volta e o Daomé decidiram formar a “União Sahel-Benin” e, mais tarde, o
“Conselho do Entendimento”, enquanto o Senegal se unia ao “Sudão Francês” para formar a “Federação
do Mali”. Estas uniões não duraram muito tempo e a França, em 1960, reconheceu a independência da
maioria das suas colónias africanas.
Com exceção da Guiné, que votou pela independência imediata, a Costa do Marfim, o Níger, o
Alto Volta e o Daomé decidiram formar a “União Sahel-Benin” e, mais tarde, o “Conselho do
Entendimento”, enquanto o Senegal se unia ao “Sudão Francês” para formar a “Federação do Mali”.
Estas uniões não duraram muito tempo e a França, em 1960, reconheceu a independência da maioria das
sua colónias africanas.
A Argélia, no entanto, só se tornou independente depois de 8 anos duma guerra que causou
milhares de mortos, não só na própria colónia, como também na França, após o que o governo francês,
dirigido pelo general Charles de Gaulle, decidiu entrar em conversações com o principal movimento
independentista (a Front de Libération Nationale ou FLN) e conceder-lhe a independência.
Djibouti foi uma das colónias francesas que decidiu, em 1958, manter-se na “Comunidade
Francesa” mas, devido a problemas de governação, a população local começou a manifestar-se a favor
da independência. Depois de um novo referendo, em 1977, o Djibouti tornou-se finalmente um país
independente. Nas Comores, a história foi semelhante, mas com uma declaração unilateral de
independência, em 1975, que foi reconhecida no mesmo ano, mas que não abrangeu a ilha Mayotte,
onde a população votou por manter-se como um território francês. A ilha da Reunião é igualmente um
departamento francês, governando, para além da ilha principal, várias outras ilhas que são reclamadas
por Madagáscar e Maurícia.
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Gabão (17 de Agosto 1960)
Mali (22 de Setembro de 1960)
Mauritânia (28 de Novembro de 1960)
Argélia (5 de Julho de 1962)
Comores (6 de Julho de 1975)
Djibouti (27 de Junho de 1977)
Entretanto, vários territórios africanos continuam sob administração francesa, depois de vários
referendos:
Descolonização Da África - Independência das colônias italianas (Processos, lutas e novos países)
A Itália veio a ser o último país da europa a chegar ao continente africano e também o primeiro a
se retirar. As únicas colônias italianas na África foram a Líbia, Eritreia e parte da Somália. A Líbia
tornou-se independente em 1951 e a Somália Italiana em 1960. No mesmo dia, a antiga Somália Italiana
uniu-se à Somália Britânica para dar origem ao que é hoje a República de Somália.
1.2 Política A Eritréia é um Estado uni partidário - enquanto sua constituição, adotada em 1997,
estipula que o Estado é uma república presidencialista com uma democracia parlamentar, isto ainda está
para ser implementado. De acordo com o governo, isto ocorre devido ao conflito fronteriço com a
Etiópia, que começou em maio de 1998.
Governado pela Frente Popular por Democracia e Justiça; eleições nacionais têm sido,
periodicamente, agendadas e, posteriormente, canceladas; sendo assim, nunca houve eleições no país
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Em 1936, após a Segunda Guerra Ítalo-abissínia, a Somália Italiana tornou-se parte da África Oriental
Italiana junto com a Etiópia, Eritréia e Líbia. Em 1941, o território foi ocupado por tropas britânicas e a
administração permaneceu nas mãos do Reino Unido até novembro de 1949, quando a Somália Italiana
foi convertida num Protetorado das Nações Unidas sob administração fiduciária de Roma. Em 1° de
julho de 1960, a Somália Italiana conquistou a independência, após a qual imediatamente se uniu à
vizinha Somalilândia, que se tornara independente em 26 de junho, para constituir a República da
Somália.
2.2 Politica A situação política da Somália é ainda confusa. O poder político encontra-se
dividido por vários senhores da guerra os quais dominam várias zonas do país. Com o transcorrer da
guerra civil, estes foram os estados autônomos que surgiram na Somália após 1990, apenas a
Somalilândia se auto-proclamou independente (18 de maio de 1991), os outros três reivindicam
autonomia dentro de uma Somália unificada: Maakhir, Puntlândia e Galmudug.
2.3 Economia Apesar da falta de um governo nacional, a Somália há mantido uma forte
economia informal, baseada principalmente na pecuária, na transferência e remessas de fundos, e nas
telecomunicaçãos. A agricultura é o mais forte setor, e a pecuária a representa 40% do PIB e mais de
50% das exportações
2.4 Estrutura Social A Somália tem uma das mais altas taxas de mortalidade infantil do mundo,
com cerca de 10% das crianças morrendo pouco depois de nascer e 25% das sobreviventes morrem
antes dos 5 anos de idade. A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras considera a situação do
país "catastrófica". Para piorar, diferentemente do que as maiorias das pessoas acham o país tem o maior
número de subnutridos do mundo (75%), e não a Etiópia, que possui 50% de seu povo. Isso coloca a
Somália entre os 8 países mais pobres do mundo.
3-Processo de Independência da Líbia Já no Século XX, mais concretamente nos anos depois
da Primeira Guerra Mundial em 1912, a Líbia foi invadida pela Itália, uma vez que outras potências
européias, como a Inglaterra ou a Alemanha tinha passado ao largo. Este domínio italiano durou até à
queda de Mussolini e o fim da II Guerra Mundial, mais concretamente em 1951. O 24 de Dezembro do
citado ano a Líbia conseguiu a sua independência da Itália depois de 39 anos de colonização. A II
Guerra Mundial na Líbia teve o auge com as batalhas entre alemães e ingleses.
3.2 Política Abolida a monarquia, criou-se a “República Árabe da Líbia”, governada por um
“Conselho de Comando Revolucionário” liderado pelo Coronel Khaddafi e integrado por doze oficiais
do Exército. Inspirado no populismo nasserista, o novo regime deu início à completa reorganização do
sistema político e econômico, com a nacionalização de todas as empresas e propriedades estrangeiras e a
criação, em 1971, do partido único “União Socialista Árabe”. Em 1977, criou-se o Congresso Geral do
Povo, com funções de parlamento, e adotou-se a denominação de “Grande Jamahiriya Árabe Popular
Socialista da Líbia” para o país (“Jamahiriya” significa Estado das massas).
3.3 Economia A economia do país é dirigida pelos princípios socialistas, ou seja, economia
planificada; e depende, basicamente, do sector petrolífero, preenchendo cerca de um quarto do Produto
Interno Bruto. Os rendimentos proporcionados pelo petróleo, e o facto de a população ser reduzida, faz
com que este país tenha um dos maiores rendimentos per capita da África. Contudo, há uma deficiente
distribuição desses rendimentos, vivendo as classes mais baixas que chegam a apresentar dificuldades na
obtenção de alimentos, devido, também, a restrições nas importações
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Independência das colónias portuguesas
Algumas pessoas, tanto em Portugal, como nas suas ex-colónias de África, consideram que o
processo de descolonização foi mal conduzido. Um dos argumentos é o fato de não terem sido incluídos
nos acordos que levaram à independência das colónias garantias sobre os direitos dos residentes (muito
preponderantemente portugueses e seus descendentes) que ali viviam e que viriam a escolher a
nacionalidade portuguesa. Esses críticos explicam por essa razão o êxodo da grande maioria dos
portugueses em 1974/1975. No entanto, os problemas que viveram, a seguir independências
principalmente de Angola e Moçambique, são geralmente atribuídos a questões de governação.
O início deste episódio da história militar portuguesa ocorreu em Angola, a 15 de Março de 1961, na
zona que viria a designar-se por Zona Sublevada do Norte, que corresponde aos distritos do Zaire, Uíje e
Quanza-Norte. A Revolução dos Cravos em Portugal, a 25 de Abril de 1974, determinou o seu fim. Com
a mudança do rumo político do país, o empenhamento militar das forças armadas portuguesas nos
teatros de operações deixou de fazer sentido. Os novos dirigentes anunciavam a democratização do país
e predispunham-se a aceitar as reivindicações de independência das colónias — pelo que se passaram a
negociar as fases de transição com os movimentos de libertação empenhados na luta armada.
Contexto político-social
Nas colónias europeias sempre existiram movimentos de oposição e resistência à presença das
potências coloniais. Porém, ao longo do século XX, o sentimento nacionalista — fortemente
impulsionado pelas primeira e segunda guerras mundiais — era patente em todas as movimentações
europeias, pelo que não será surpreendente notar o seu alastramento às colónias, já que também muitos
dos seus nativos nelas participaram, expondo o paradoxo da celebração da vitória na luta pela libertação,
em território colonial, ainda submetido e dependente.
Por outro lado, também as grandes potências emergentes da II Guerra Mundial, os Estados
Unidos e a União Soviética, alimentavam — quer ideologicamente, quer materialmente — a formação
de grupos de resistência nacionalistas, durante a sua disputa por zonas de influência. É neste contexto
que a Conferência de Bandung, em 1955, irá conceder voz própria às colónias, que enfrentavam os
mesmos problemas e procuravam uma alternativa ao simples alinhamento no conflito bipolar que
confrontava as duas grandes potências. Estas, eram, assim, chamadas a considerar com outra
legitimidade as reivindicações do chamado Terceiro Mundo, quer para manter o equilíbrio nas relações
internacionais da Guerra Fria, quer para canalizar os sentimentos autonomistas para seu benefício, como
zona de influência. A influência externa nas colónias perdia a orientação meramente separatista e
desestabilizadora, e caminhava para um efectivo apoio - ou entrave - nas relações com os países
colonizadores.
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No final da década de 1950, as Forças Armadas Portuguesas viam-se confrontadas com o
paradoxo da situação política gerada pelo Estado Novo, que haviam implantado e sustentado desde
1926: por um lado, a política de neutralidade portuguesa na II Guerra Mundial colocava as Forças
Armadas Portuguesas afastadas de um eventual confronto Leste-Oeste, por outro, aumentava, na
perspectiva do regime, a responsabilidade na manutenção da soberania sobre os vastos territórios
ultramarinos, onde a tensão do pós-guerra avizinhava lutas independentistas nas colónias da Europa
Imperial. Contudo, os mesmos dirigentes que afastaram Portugal da luta pela libertação europeia,
optaram por integrar o país na estrutura militar da NATO, num subtil desejo de se aliar aos vencedores,
em detrimento da preparação para as ameaças nos espaços coloniais, que o próprio regime considerava
imprescindíveis para a sobrevivência nacional.
O regime do Estado Novo nunca reconheceu a existência de uma guerra, considerando que os
movimentos independentistas eram apenas terroristas e que os territórios não eram colónias, mas
províncias e parte integrante de Portugal. Durante muito tempo, grande parte da população portuguesa,
iludida pela censura à imprensa, viveu sob a ilusão de que, em África, não havia uma guerra, mas apenas
alguns ataques de terroristas e de potências estrangeiras.
Conflito armado
Angola
Em Angola, uma sublevação no noroeste foi efectuada pela União das Populações de Angola
(UPA) — que passou a designar-se como Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) em 1962. A
4 de Fevereiro de 1961, ocorrera um ataque à cadeia de Luanda, onde foram mortos sete polícias, ataque
mais tarde reivindicado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola. A 15 de Março de 1961, a
UPA, num ataque tribal, deu origem a um massacre de populações brancas e trabalhadores negros
naturais de outras regiões de Angola. Esta região seria reocupada mediante operações militares de
grande envergadura que, porém, não conseguiram conter o alastramento das acções de guerrilha a outras
regiões de Angola, como Cabinda, o Leste, o Sudeste e planalto central. Ao MPLA, que desempenhou
um papel fundamental, deve-se acrescentar, a partir de 1966, a acção da União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA).
Com motivações essencialmente tribais, e dirigidos de forma autocrática por Holden Roberto, a
actividade da UPA caracterizou-se pela guerrilha rural, realizada por pequenos grupos armados, e pelo
massacre de populações, como já se previa na sua primeira acção. Com catanas e algumas espingardas,
os canhangulos, procuravam apoderar-se das armas das fazendas e postos administrativos atacados. Não
manifestaram interesse em consolidar o domínio territorial, conseguido nos primeiros dias, nem foi
apresentado qualquer programa político.
Em Angola, os efectivos militares contavam, no início de 1961, com 5000 militares africanos e
1500 metropolitanos, organizados em dois regimentos de infantaria — um em Luanda e outro em Nova
Lisboa (actual Huambo) — cada um com dois batalhões de instrução e outro de atiradores) e um grupo
de cavalaria, sediado em Silva Porto. A densidade média era, portanto, de um soldado para cada 30 km².
Imediatamente disponíveis para acorrer à zona afectada estavam apenas mil soldados europeus e 1200
africanos.
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Guiné-Bissau
A guerra na Guiné colocou frente a frente dois homens de forte personalidade: Amílcar Cabral e
António de Spínola, responsáveis pela modelação do teatro de operações na Guiné. Em 1965 dá-se o
alastramento da guerra ao Leste (Pirada, Canquelifá, Beli). Nesse mesmo ano, o PAIGC realizou
missões no Norte, na região de São Domingos, onde, até ao momento, apenas actuava a FLING, que se
via a braços na luta, depois da OUA ter canalizado o seu apoio para o PAIGC. Este, em sequência da
sua crescente afirmação internacional, viria a receber apoio militar cubano, que duraria até ao final da
guerra.
Pode-se dizer que as forças portuguesas desempenharam, na Guiné, uma força defensiva, mais
de manutenção das posições que propriamente de conquista das populações, limitando-se, de uma forma
geral, a conter as acções do PAIGC. Por isso, esta época infligiu um grande desgaste para os
portugueses, constantemente surpreendidos pelos guerrilheiros e pela influência destes junto da
população que, entretanto, era recrutada para o movimento.
Em Março, o aparecimento dos mísseis antiaéreos Strela-2 (russo: 9К32 "Cтрела-2"; código
NATO: SA-7 Grail), de fabrico soviético, obrigaria as tropas portuguesas a reavaliarem o esforço de
guerra. Durante algum tempo, o suporte aéreo ficou, assim, indisponível, o que teve graves repercussões
nas tropas, mesmo a nível psicológico.
Marcelo Caetano, em conflito com Spínola, dispensou o general do cargo de governador, que
seria ocupado por Bettencourt Rodrigues a 21 de Setembro de 1973. Três dias depois, o PAIGC
declarava a independência do novo estado, em Madina do Boé. Curiosamente, nem Spínola nem
Bettencourt estavam no terreno durante esta ocorrência.
Moçambique
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A 16 de Novembro do mesmo ano, as tropas portuguesas sofriam as primeiras baixas no Norte
de Moçambique, região de Xilama. A organização e armamento dos guerrilheiros evoluía rapidamente.
Também o acidentado terreno, a baixa densidade das forças portuguesas e a fraca presença de colonos
facilitaram a acção da Frelimo, que alargava a sua acção para Sul, na direcção de Meponda e Mandimba,
mostrando intenção de ligar-se a Tete, atravessando o Malawi, que apoiou, nos primeiros anos, o
trânsito e refúgio de guerrilheiros.
Até 1967, a FRELIMO mostrou-se menos interessada pela região de Tete, exercendo o seu
esforço nos dois distritos do Norte, onde a utilização de minas terrestres se destacou de forma particular.
No Niassa, a intenção da FRELIMO era simultaneamente criar uma zona livre, e uma zona de passagem
para Sul, em direcção à Zambézia
Até 1973/74, as atenções viravam-se para Cabora Bassa. Os últimos tempos de guerra
caracterizaram-se pelo avanço da FRELIMO para Sul, registando acções na zona de Chimoio e agitação
das populações de origem europeia. O general Kaúlza de Arriaga disponibilizava-se para continuar o
comando, mas impunha condições que o Governo de Lisboa não aceitou. Terminada a sua comissão em
Agosto de 1973, foi substituído pelo general Basto Machado. A situação continuaria a deteriorar-se até
aos designados "acontecimentos da Beira", em Janeiro de 1974, quando as populações brancas de Vila
Pery e da Beira se manifestaram contra a incapacidade das forças portuguesas de suster a situação, já
esgotada de efectivos e sem possibilidade do reforço dos meios de combate.
Durante o conflito em África, uma das estratégias das forças portuguesas foi a designada Acção
Psicológica (baseada na doutrina militar norte-americana e francesa), cujo objectivo era obter o apoio da
população; desmoralizar o inimigo, procurando mesmo que este passasse a cooperar com o seu
adversário; e manter elevado o moral das próprias tropas. Este tipo de acção manteve-se durante todo o
conflito, e terá sido crucial para a manutenção das Forças Armadas em África durante o período da
guerra.
No início da década de 1970, cerca de um milhão de pessoas tinham sido realojadas em Angola,
e outro tanto em Moçambique, no âmbito do programa.
Já no que concerne ao inimigo, a táctica era criar um fosso entre os guerrilheiros e a população,
tentando criar uma má imagem daqueles junto desta; tentava-se, ainda, apelar à sua rendição garantindo-
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lhes toda a ajuda. Por seu lado, as forças independentistas dirigiam-se às populações com ideais de
justiça, paz, independência e auto-determinação.
A OUA estabeleceu um Comité de Ajuda aos Movimentos de Libertação, com sede em Dar-es-
Salam, onde integrava representantes da Etiópia, Argélia, Uganda, Egipto, Tanzânia, Zaire, Guiné-
Conacri, Senegal e Nigéria. Esta ajuda distribuía-se pela criação de infraestruturas, treino militar e na
compra de armamento.
Afora a questão portuguesa, a OUA ainda se esforçou por afastar a intervenção das potências
externas durante a guerra da secessão do Catanga (1960-65), a Declaração Unilateral da Independência
da Rodésia (1966-1979) e o conflito de Biafra (1967-1970).
O fim da guerra
O 25 de Abril de 1974, planeado e executado por militares dos três ramos das Forças Armadas
Portuguesas, uma nova geração de oficiais de baixa e média patente, formada e criada na guerra, que
aprendera a agir com autonomia, levantaria, sob a direcção do Movimento das Forças Armadas (MFA),
um período revolucionário que transformaria radicalmente o Estado e a sociedade. Embora inúmeros
factores tenham contribuído para a revolução, a Guerra Colonial foi, desde sempre, apontada como a
principal justificação para a queda irrevogável do Estado Novo em Portugal.
Porém, a ambiguidade das primeiras posições relativas à nova política colonial gerou situações
duvidosas que não puderam ser ultrapassadas sem graves desentendimentos. Cada redefinição do
processo representava uma dura luta entre António de Spínola e a Comissão Coordenadora do Programa
do MFA. Os dois projectos apresentados para essa nova política diferiam, sobretudo, nas questões
ligadas com as futuras relações de Portugal com as colónias; mesmo os pontos concordantes seriam
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rapidamente submetidos perante a prova prática da realidade, o que exigiu, na maioria das vezes, a sua
revisão. Assim, com o esclarecimento pela Lei 7/74, e posterior comunicado conjunto Portugal-ONU,
publicado a 4 de Agosto, eram levantadas as últimas dúvidas, dando início à fase definitiva da
descolonização.
Relativamente a São Tomé e Príncipe e Guiné Portuguesa, foi assinado o Acordo de Argel em 25
de agosto de 1974.
Quanto a Cabo Verde, o acordo entre Portugal e o PAIGC já estabelecia o princípio do acesso
deste arquipélago à autodeterminação e independência. Em 17 de Dezembro seria publicado o Estatuto
Constitucional de Cabo Verde, prevendo eleições por sufrágio directo e universal, a 30 de Junho de
1975. A assembleia instituída a partir daí proclamou a independência do território a 5 de Julho de 1975.
Quanto a Angola, a aproximação dos três movimentos de libertação constituía uma dificuldade
para o governo português. Com efeito, pairava a possibilidade do alargamento de um confronto entre os
países ocidentais, a África do Sul e a União Soviética. Spínola reunir-se-ia ainda com Mobutu, com
alguma continuidade, mas viria a demitir-se do cargo a 30 de Setembro. Com Costa Gomes na
Presidência da República Portuguesa, desenvolveram-se conversações dirigidas especificamente a cada
um dos movimentos. Inicialmente, com a FNLA, posteriormente com o MPLA. Porém, as várias
tentativas de restabelecer a paz em Angola e minimizar o impacto da descolonização seriam deitadas por
terra rapidamente. A guerra civil arruinou a serenidade deste processo, agravando a situação interna,
com milhares de vítimas e a fuga dos portugueses.
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Independência das colónias espanholas
A Espanha colonizou o que corresponde hoje ao atual norte do Marrocos, a Guiné Equatorial e a
Saara Ocidental.
As independências em África
No entanto, as duas grandes guerras que fustigaram a Europa durante a primeira metade do
século XX deixaram aqueles países sem condições para manterem um domínio económico e militar nas
suas colónias. Estes problemas, associados a um movimento independentista que tomou uma forma mais
organizada na Conferência de Bandung, levou as antigas potências coloniais a negociarem a
independência das colónias. Apesar da união entre os territórios africanos, firmada na Conferência dos
Povos da África, realizada na cidade de Acra (capital do Gana, primeira colónia que se tornou
independente), a independência de alguns países, como a Argélia, a República Democrática do Congo e
as então colónias portuguesas Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, somente foi alcançada após
desgastantes conflitos que se estenderam por até anos de guerra.
Muitos países africanos estão a comemorar este ano os 50 anos das suas independências do
colonialismo. Há 50 anos, mais de uma dezena de países africanos libertaram-se do jugo colonial, num
período que ficou marcado pelo início de uma nova era para o continente africano.
A União Africana tem empreendido esforços para que acabem os conflitos internos e se
consolidem os processos de democratização, na perspectiva da África se concentrar exclusivamente na
criação de condições que promovam o crescimento e o desenvolvimento.
É uma tarefa difícil, até porque alguns conflitos que ainda persistem em África são complexos e
requerem um trabalho aturado, para que os remédios surtam de facto efeitos.
Meio século de independência de muitos países africanos não é pouco tempo.
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CONCLUSÃO
É hora dos políticos analisarem profundamente o que foi feito ao longo destes anos, aprenderem
com os erros cometidos e traçarem novos caminhos, se for caso disso, para se erguer uma África sem
fome, sem analfabetismo sem doenças e da qual os seus filhos se possam orgulhar.
Há 50 anos África começou a trilhar os caminhos da liberdade. Nos anos 60 assistimos a uma
degeneração dos poderes nacionais e à instauração do neo-colonialismo. Mas ao mesmo tempo nasceu
nas antigas colónias portuguesas um nacionalismo revolucionário que resgatou a esperança e a
dignidade de milhões de africanos. Em Angola foi dado o primeiro sinal de luta armada contra o
colonialismo e esse exemplo contagiou de uma forma imparável os nossos irmãos da Guiné-Bissau e
Cabo Verde e de Moçambique. Essa onda avassaladora de liberdade fez com que meio século depois do
início das independências dos países africanos, África esteja mais livre e mais justa. Ainda temos muito
caminho para percorrer. Mas vamos triunfar.
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