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Acesso à Categoria de Secretário de Justiça

Espólio

DGAJ - 2016

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Direção-Geral da Administração da Justiça
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................. 3
2. Gestão do Espólio .................................................................................................................. 4
3. Apreensão ............................................................................................................................. 5
4. Da competência..................................................................................................................... 5
5. Registo, arquivo e anotação do objeto ................................................................................. 5
5.1 Considerando uma Comarca/Núcleo com Unidade de Espólio diferenciada: .............. 6
5.2 Considerando a Unidade Central como a gestora do Espólio: ...................................... 7
5.3 Os objetos apreendidos são juntos ao processo, quando possível. ............................. 7
5.4 Boas práticas ................................................................................................................. 7
6. Objetos não suscetíveis de serem rececionados .................................................................. 8
6.1 Armas ............................................................................................................................ 8
6.2 Objetos cuja natureza seja perecível ou inflamável...................................................... 9
6.3 Quantias em dinheiro .................................................................................................... 9
6.4 Substâncias Estupefacientes ......................................................................................... 9
7. Automóveis/viaturas ............................................................................................................. 9
8. Bens declarados perdido a favor do estado. ....................................................................... 11
9. Instalações ........................................................................................................................... 12

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1. Introdução

Denomina-se Espólio o local onde são armazenados e geridos os objetos


apreendidos à ordem de processos judiciais e de inquéritos.
De modo a garantir o correto funcionamento do Espólio de um Tribunal, é
fundamental a existência de regras que, com carácter imperativo, favoreçam o
bom andamento dos processos à ordem dos quais se encontram os bens
apreendidos.

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2. Gestão do Espólio

As competências dos secretários de justiça constam do Mapa I, anexo ao


Decreto-Lei nº 49/2014 de 26 de agosto, e até 31 de agosto de 2014 cada
secretaria era dirigida por um único secretário.
Através da Portaria n.º 161/2014 de 21 de agosto, foram fixados os números de
secretários de justiça para cada núcleo.
Aliás, a reforma do mapa judiciário, consagrada na Lei de nº 62/2013, de 26 de
Agosto (Lei da Organização do Sistema Judiciário – LOSJ) e à luz da
regulamentação prevista no Decreto-Lei nº 49/2014 de 27 de Março,
estabelece que os serviços judiciais e os serviços do Ministério Público,
integrem a mesma secretaria.
Por conseguinte, e nos termos das competências próprias do administrador
judiciário de direção dos serviços da secretaria, conforme estabelecido na
alínea a), do n.º 1, do art.º 106º da Lei n.º 62/2013 de 26 de agosto pode este
atribuir aos secretários competências preferencialmente de atividades
processuais e administrativas onde se inclui, a coordenação e organização do
espólio bem como os movimentos de entradas e saídas dos objetos
apreendidos à ordem de processos judiciais e de inquéritos, bem como os
procedimentos de venda de objetos declarados.
Importa in casu, como efetuar a coordenação e organização bem como os
movimentos dos objetos.
O Citius não possui um verdadeiro módulo de gestão de espólio mas apenas
uma ferramenta que permite registar os objetos em cada processo, transferir e
dar destino aos mesmos, não sendo por isso possível obter qualquer extração
global de objetos registados, destruídos ou transferidos e, tendo em conta o
número cada vez mais elevado de apreensões, impõem-se desde logo um
controle paralelo socorrendo-nos para isso de outras ferramentas informáticas
ao nosso dispor como as que constam do Office.

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3. Apreensão

(Direito) Forma de proteger uma prova; captura de algum bem.


(Etm. do latim: apprehensiōne)

Um dos grandes problemas com que se debatem nos dias de hoje os Tribunais
é a enorme quantidade de objetos apreendidos que ali chegam normalmente
pela via de apreensões efetuadas pelos Órgãos de Policia Criminal.
Apenas alguns objetos são suscetíveis de apreensão e para tal tem que estar
reunidos determinados pressupostos. 1

4. Da competência

Compete à Unidade Central guardar os objetos respeitantes a processos, bem


como quaisquer documentos que não possam ser apensos ou incorporados
junto dos mesmos, compete ainda a esta registar as armas e outros objetos
apreendidos mesmo que não fiquem nas instalações do espólio.2

5. Registo, arquivo e anotação do objeto

Desejavelmente os objetos devem ser rececionados, já com o correspondente


auto de exame e avaliação realizado. São registados no Citius gerando a
respetiva guia, a qual contém um número de registo, esse número tem
abrangência nacional.

1
Artigo 178º, da lei Lei n.º 1/2016, de 25 de fevereiro vigésima quinta alteração ao Código de
Processo Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 78/87, de 17 de fevereiro

2 Artigo 41º do Dec. Lei n.º 49/2014, de 27 de março.

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Dependendo da organização dos Tribunais e da sua dimensão o espólio pode
ser organizado em várias modalidades e ter diversos tratamentos, como por
exemplo:

5.1 Considerando uma Comarca/Núcleo com Unidade de Espólio


diferenciada:
Receção de objetos com NUIPC já registado

 Os objetos são entregues na Unidade Central.


 A unidade central dá entrada do papel e/ou da guia de entrega que faz
referência ao objeto.
 As guias de entrega e o respetivo auto de avaliação, juntas com o objeto
são enviados à Unidade de Espólio.

Receção de objetos com NUIPC não registado

 Os objetos são entregues na Unidade Central.


 A unidade central dá entrada do expediente e/ou da guia de entrega que
faz referência ao objeto.
 Caso o objeto seja pequeno e possa ser agrafado ao expediente,
acompanhará o expediente até ao seu registo.
 Após o registo do NUIPC, será entregue cópia da guia de entrega do
objeto junto com este, e respetivo auto de avaliação, à Unidade de
Espólio.
 Caso o objeto não possa acompanhar fisicamente o expediente, será
entregue à Unidade de Espólio junto com cópia da guia de entrega e
respetivo auto de avaliação.
 A Unidade Central colocará no expediente, menção visível que o mesmo
“Contém objetos”.
 Após o seu registo, a Unidade que regista os processos comunica à
Unidade de Espólio, para que esta proceda de acordo com o ponto
“Registo, arquivo e anotação do objeto”.

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Registo, arquivo e anotação do objeto

 Os objetos são registados no Citius e emitida a respetiva guia, arquivada


em pasta própria para o efeito, sendo enviado uma cópia á respetiva
Unidade de Processos.
 A Unidade de Espólio arquiva os objetos seguindo a organização e regras
implementadas na respetiva sala de espólio, fazendo menção da
localização na guia de registo.
 Os objetos suscetíveis de caberem num envelope A4, são armazenados
dentro do mesmo, sendo que o exterior do envelope deve fazer menção
ao NUIPC e N. de registo.

5.2 Considerando a Unidade Central como a gestora do Espólio:


 Os objetos são rececionados pela Unidade Central, registados e emitida
a respetiva guia que é arquivada em pasta própria para o efeito, sendo
enviado uma cópia à respetiva Unidade de Processos.

5.3 Os objetos apreendidos são juntos ao processo, quando


possível.
Neste caso, o funcionário deverá registar o objeto e emitir uma guia que
fornecerá à Unidade de Espólio ou ao seu responsável, caso exista..

5.4 Boas práticas


Como boa prática, a Unidade de Espólio ou o seu responsável deve elaborar
um registo paralelo, em formato digital, com a finalidade de monitorizar e
organizar os objetos, de modo que possa pesquisar e extrair listagens que
auxiliam no controle e gestão diária. Os campos a utilizar para extração de
dados devem conter, pelo menos, as seguintes opções:
NUIPCs, Unidade Orgânica, Data de entrada, Observações, Número de
registo, Finalidade, Natureza, Destino, Referência de origem, Localização.
Também como boa prática, a guarda e arrumação do espólio devem respeitar
as regras em vigor e recomendadas pela Divisão de Apoio à Gestão

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Documental desta Direção-Geral, não esquecendo as condições de segurança
e arejamento das salas de espólio.
A tramitação interna dos objetos deve ser adaptada a estrutura organizacional
do Tribunal.

Se nuns Tribunais será mais prático e eficiente requisitar e entregar objetos


através de requisições (constantes do Citius), noutros poder-se-á adotar uma
metodologia de requisição e entrega de objetos por oficio. Este último processo
permite que o documento (oficio/requisição) que requisita e que entrega o
objeto às diversas Unidades fique registado no Citius.

6. Objetos não suscetíveis de serem rececionados

Existem objetos que, pela sua dimensão, composição ou natureza, têm de ter
tratamento diferenciado ao nível da receção, armazenamento e gestão.

6.1 Armas
Conforme decorre da Lei n.º 50/2013, “regime jurídico das armas e suas
munições”, armas “brancas” não são rececionáveis pelo Espólio de um tribunal.
Assim, quando são apreendidas armas:
 Todas as armas apreendidas à ordem de processos criminais ficam na
disponibilidade da autoridade judiciária até decisão definitiva que sobre a
mesma recair.
 As armas são depositadas nas instalações da PSP, da Guarda Nacional
Republicana, da Polícia Judiciária, ou unidade militar que melhor garanta
a sua segurança e disponibilidade em todas as fases do processo, sem
prejuízo do disposto em legislação especial aplicável aos órgãos de
polícia criminal.

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Somente serão depositadas armas em instalações da Guarda Nacional
Republicana se na área do tribunal que ordenou a apreensão não operar a
PSP.3

6.2 Objetos cuja natureza seja perecível ou inflamável


A não ser que as instalações disponham de condições específicas para o
efeito, não devem ser rececionados nos tribunais objetos cuja natureza seja
perecível ou inflamável.4

6.3 Quantias em dinheiro


As quantias em dinheiro apreendidas em processos criminais serão
depositadas na Caixa Geral de Depósitos à ordem do respetivo processo a fim
de serem entregues a final e gratuitamente a quem elas tiver direito. 5

6.4 Substâncias Estupefacientes


As substâncias Estupefacientes não são suscetíveis de serem guardadas nos
Espólios do Tribunais, mas sim no cofre de serviço do OPC que tem a seu
cargo a investigação, até existir decisão final.6

7. Automóveis/viaturas

Devido à sua dimensão os Tribunais nem sempre dispõem de espaço nem de


locais próprios necessários para armazenar este tipo de objetos. Assim,

3Artº. 80º da Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro, Regime Jurídico das Armas e Munições,
contém as alterações constantes da Lei n.º 50/2013, de 24/07, Lei n.º 12/2011, de 27/04, Lei n.º
26/2010, de 30/08, Lei n.º 17/2009, de 06/05 e Lei n.º 59/2007, de 04/09.

4
Artº. 185º do Código de Processo Penal.

5
Art.º. 124º, n.º 3, Decreto-Lei 324/2003 de 27 de dezembro.

6
Art.º. 62º, Decreto-Lei 15/93 de 22 de janeiro.

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frequentemente recorre-se a espaços geridos pelas Câmaras Municipais, pelo
IGFEJ ou outras entidades com propriedade para tal.
Como boas práticas para armazenamento de automóveis ou outras viaturas em
locais que não são de gestão do próprio tribunal, recomenda-se que seja
solicitada à entidade gestora do espaço, a sua competente autorização.
A solicitação deve ser acompanhada com os seguintes documentos:

- Cópia dos documentos da viatura;


- Cópia e/ou fotos da viatura;
- Cópia do auto de exame;
- Cópia do despacho que ordena o seu depósito.

Do mesmo modo, para o levantamento de viaturas recomenda-se como boa


prática o seguinte procedimento:
Deve ser enviada comunicação por escrito fax/correio eletrónico à entidade
gestora, solicitando o levantamento da viatura em questão. A solicitação deve
ser acompanhada com os seguintes documentos:

- Cópia do despacho que determina o levantamento da viatura;


- Identificação do individuo que vai proceder ao levantamento da viatura com
indicação do dia do levantamento.

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8. Bens declarados perdido a favor do estado.

É sobejamente reconhecido que a regulamentação quanto ao procedimento


dos processos de vendas judiciais sofreu alterações substanciais no atual
panorama legal.
De referir, a esse propósito que o decreto 12487, de 14 de outubro de 1926 e a
portaria 10725, de 12 de agosto regulavam o regime de venda de objetos
declarados perdidos a favor do Estado no âmbito dos processos judiciais.
Sucede, no entanto, que o art.º 5º, al. a), da Lei nº 48/2007, de 29 de agosto,
que procedeu à alteração do Código de Processo Penal, foi expressamente
revogado o supra mencionado decreto 12487, afastando assim o pressuposto
legal que conferia caráter judicial à venda.
Assim, a venda de objetos declarados perdidos a favor do estado, por decisão
transitada em julgado, no âmbito de processos judiciais, passou a assumir
carácter administrativo, pressupondo-se que estes sejam Processos
Administrativos com a sua tramitação a ser realizada na Unidade Central,
normalmente sobre a responsabilidade delegada de um Secretário.
De salientar a necessidade de organizar 1 Processo Administrativo para o
efeito pelo menos 1 vez por ano.
No âmbito deste procedimento o Ministério Publico deverá ter uma intervenção
exclusiva no sentido de garantir a legalidade e a transparência da venda, a sua
fiscalização da modalidade da mesma, bem como da obtenção da receita da
venda e entrega ao estado, a intervenção do Magistrado Judicial deve ser
realizada caso seja necessário para questões de natureza jurisdicional.

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9. Instalações

São variadas as instalações existentes ao longo do país, desde pequenas


salas entre os locais de trabalho habituais dos funcionários, espaços junto a
garagens dos edifícios dos tribunais ou armazéns cuja gestão não pertence aos
tribunais.
Independentemente do espaço físico onde se guardam os objetos, há que ter
sempre presente o objetivo de assegurar boas condições de higiene e
segurança e a melhor qualidade de ambiente de trabalho aplicáveis em todos
os locais onde se desenvolvam atividades de comércio, escritório e serviços.
Os funcionários que trabalham com o espólio bem como os seus superiores
que têm de zelar pela sua boa gestão devem estar devidamente informados
das regras e regulamentos específicos de cada um destes locais, como devem
ser manuseados os vários tipos de objetos e como devem estar
acondicionados para que se garanta as condições de segurança
indispensáveis.7

7
Por sua vez o Decreto-Lei n.º 347/93, de 01 de Outubro transpõe para a ordem jurídica
interna a Diretiva n. 89/654/CEE, do Conselho, de 30 de novembro, relativa às prescrições
mínimas de segurança e de saúde nos locais de trabalho bem como a Portaria 987/93 de 6 de
outubro que regula as normas técnicas.

Decreto-Lei n.º 243/86 de 20 de Agosto Aprova o Regulamento Geral de Higiene e Segurança


do Trabalho nos Estabelecimentos Comerciais, de Escritório e Serviços
Ver também Manual de procedimentos para os arquivos Centrais das Comarcas, DAGD,
agosto 2015

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