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ASSOCIAÇÃO DE ARTE E CULTURA

PANORAMA DA
HISTÓRIA DA MÚSICA
NO BRASIL

Prof. Fernando Lewis de Mattos


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
PANORAMA HISTÓRICO................................................................................. 2
A MÚSICA NO PERÍODO COLONIAL (1500-1808).........................................................2
A CORTE PORTUGUESA NO BRASIL (1808-1822) ........................................................3
A MÚSICA NO PERÍODO DO IMPÉRIO (1822-1889) ......................................................4
A REPÚBLICA VELHA E O MODERNISMO MUSICAL (1889-1930) ........................................5
AS VANGUARDAS NO PERÍODO DAS DITADURAS (1930-1984) .........................................6
TENDÊNCIAS DA MÚSICA CONTEMPORÂNEA (1985 À ATUALIDADE) .....................................8
GÊNEROS DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA .............................................. 10
CATERETÊ ..................................................................................................... 11
LUNDU ......................................................................................................... 13
POLCA ......................................................................................................... 15
MAXIXE ........................................................................................................ 17
CHORO ........................................................................................................ 19
SAMBA ......................................................................................................... 21
BOSSA NOVA ................................................................................................. 23
FREVO ......................................................................................................... 25
MARACATU .................................................................................................... 27
XOTE ........................................................................................................... 29
TOADA ......................................................................................................... 30
JONGO ......................................................................................................... 33
VALSA ......................................................................................................... 35
BAIÃO ......................................................................................................... 37
ANEXOS....................................................................................................... 39
1. CRONOLOGIA HISTÓRICA ................................................................................ 39
2. COMPOSITORES ERUDITOS BRASILEIROS ............................................................... 42
3. COMPOSITORES ESTRANGEIROS COM ATUAÇÃO NO BRASIL ......................................... 46
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INTRODUÇÃO

O interesse deste texto é mostrar, de forma sucinta, uma linha


histórico-geográfica que percorre a música brasileira, desde suas
primeiras manifestações até a atualidade.

A música tem sua origem juntamente com a colonização humana


das diversas regiões. Os primeiros povos que colonizaram o Brasil não
deixaram registro. O que temos das culturas pré-colombianas são as
anotações de viajantes europeus, nos primeiros anos de colonização
portuguesa.

No período colonial, os primeiros centros econômicos foram Bahia


e Pernambuco, que concentraram a produção cultural durante os
primeiros séculos. Posteriormente, em fins do século XVII, iniciou
grande movimentação para a região das Minas Gerais, onde se
desenvolveu um dos maiores centros de produção musical da América,
naquele período.

Com a vinda da corte portuguesa, o Rio de Janeiro tornou-se o


centro político e econômico do Brasil. Nesta cidade, foram criadas
escolas, bibliotecas e outros recursos propícios ao desenvolvimento das
artes. O início da República marca uma era de intensa industrialização,
liderada por São Paulo, que permaneceu o centro dos movimentos
vanguardistas, ao longo do século XX.

Atualmente, têm-se vários pólos culturais, diversificados através


do país. Artistas de Norte a Sul, de Leste a Oeste, criam novas músicas
e interpretam obras de nossos antepassados, fazendo proliferar as
características multiculturais da produção artística brasileira.
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PANORAMA HISTÓRICO

A Música no Período Colonial (1500-1808)

Inicialmente, o centro político e econômico estava no Nordeste: na


Bahia e em Pernambuco. Neste período, têm início o Ciclo da Cana-de-
Açúcar (1535) e a Escravatura (1538). A música é predominantemente
doméstica e religiosa: os cantos europeus, na casa grande e na igreja,
não se misturam aos cânticos dos negros, restritos à senzala.

A primeira missão jesuítica chega ao Brasil em 1610. Com a


intenção de “catequizar os gentios”, os missionários adaptam textos
bíblicos aos cantos tradicionais indígenas. Daí nasce o cateretê, que
pode ser considerado como o primeiro gênero musical oriundo da
interinfluência cultural, no país. O mais antigo compositor brasileiro
conhecido é Inácio Ribeiro Nóia (PE, 1688-1773).

Posteriormente, com o Ciclo do Ouro (1690), o centro econômico


deslocou-se para Minas Gerais. A independência econômica com relação
à Metrópole gerou o movimento emancipacionista conhecido como
Inconfidência Mineira. O vigor econômico trouxe o florescimento
musical. Nesta época, inúmeros mulatos faziam música, na igreja. Havia
um grande contingente de músicos: instrumentistas, cantores e mestres
de capela. Surgem os primeiros gêneros populares: modinha e lundu.
O músico mais conhecido do período colonial mineiro é José Joaquim
Emerico Lobo de Mesquita (MG, 1746-1805).
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A Corte Portuguesa no Brasil (1808-1822)

No início do século XIX, fugindo das tropas napoleônicas, a corte


de Bragança instala-se no Rio de Janeiro (1808), criando o Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves. Com isso, o Brasil transforma-se no
centro do Império português, deixando definitivamente a condição de
colônia.

A instalação da corte no Rio de Janeiro, impulsionou o crescimento


cultural e econômico do país. Foram criadas bibliotecas, escolas e o
Jardim Botânico do Rio de Janeiro; foi permitida a abertura dos portos
brasileiros e surgiu a Academia Militar da Marinha; foi criado o Banco do
Brasil; foram permitidos o ensino de nível superior, a produção
industrial e a abertura da imprensa nacional.

Em 1816, vem ao país a Missão Francesa. Por sua influência, cria-


se a Academia de Belas Artes, que institui o sistema de ensino de artes
praticado ainda hoje.

O músico mais destacado desta época é o padre-mestre José


Maurício Nunes Garcia (RJ, 1767-1830), que pode ser considerado um
dos mais importantes músicos brasileiros de todos os tempos. Escreveu
motetos, missas, aberturas de ópera, sinfonias, música para teclado e
muitos outros gêneros. Foi, também, excelente compositor de
modinhas.
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A Música no Período do Império (1822-1889)

Com a Independência, em 1822, nasce o Brasil como nação, já


que anteriormente o país era colônia portuguesa. Nesta época, surgiram
movimentos de renovação das artes. Impulsionados pelo Romantismo
europeu, pintores, escritores, músicos e dramaturgos retratavam o
Brasil e suas origens. Deste movimento, surge o Indianismo, cuja obra
mais conhecida é O Guarani, de José de Alencar (CE, 1829-1877).

A figura de maior destaque, na ópera brasileira, é Carlos Gomes


(1836-1896). Nascido em Campinas, e patrocinado por Dom Pedro II,
obteve grande prestígio na Itália. Posteriormente, voltou ao Brasil e, por
ter sido apoiado pelo Imperador, sofreu represálias dos republicanos.
Sem espaço na capital, transferiu-se para Belém do Pará, onde dirigiu o
Conservatório de Música local.

A segunda metade do século XIX também é o período de


florescimento de vários gêneros populares. Entre os mais importantes,
está o maxixe, considerado por muitos autores como o primeiro gênero
musical genuinamente brasileiro. Chiquinha Gonzaga (RJ, 1847-1935) é
uma das mais importantes compositoras populares da época. Escreveu
polcas, tangos, maxixes, marchas de carnaval e diversos gêneros de
salão. O maxixe, bem como o lundu, estão na origem do choro e do
samba.
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A República Velha e o Modernismo Musical (1889-1930)

Com a República, amplia-se o processo de industrialização,


centralizado em São Paulo. Nesta época, em todas as áreas, a
modernização é a palavra de ordem. A Primeira República impulsionou o
desenvolvimento da música popular urbana e o Nacionalismo musical
emergente. Músicos importantes desta época são Ernesto Nazareth (RJ,
1863-1934) e Alberto Nepomuceno (CE, 1864-1920), que foi um dos
primeiros músicos a incorporar o canto em português na música erudita
brasileira.

Em fevereiro de 1922, realiza-se a Semana de Arte Moderna, em


São Paulo. Os nacionalistas modernos incorporam elementos nacionais
às últimas descobertas da música internacional. Entre os nacionalistas,
estão Heitor Villa-Lobos (RJ, 1887-1959) e Mozart Camargo Guarnieri
(SP, 1907-1993).

O rádio trouxe um novo meio de divulgação para a música


brasileira. A primeira transmissão radiofônica, no país, foi em
comemoração ao centenário da Independência, no dia 7 de setembro
1922. Desde então, os nomes mais destacados do cenário nacional
passam pelo rádio. A primeira obra transmitida foi O Guarani, de Carlos
Gomes.

Os músicos mais destacado do rádio são: Sinhô (RJ, 1888-1930),


Ary Barroso (MG, 1903-1964), Dorival Caymmi (BA, 1914), Noel Rosa
(RJ, 1910-1937) e Lupicínio Rodrigues (RS, 1914-1974), entre tantos
outros.
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As Vanguardas no Período das Ditaduras (1930-1984)

A democracia, no Brasil, é frágil e recente. O século XX foi


dominado por ditaduras, sendo, as mais extensas, o Estado Novo (1937-
1945) e o Regime Militar (1964-1985). Nesse contexto, poucos
presidentes foram eleitos através do sufrágio universal e somente
quatro presidentes eleitos pelo voto direto cumpriram mandato integral.
É interessante notar como as artes brasileiras desenvolveram-se
independentemente desse processo político, através de tendências
experimentais na música popular e erudita. Freqüentemente, as artes
têm sido usadas como meio de dominação e estratificação social, mas
artistas também se insurgem contra o poder instituído, seja de forma
explícita ou através de linguagem cifrada e metafórica.

Na década de 1940, surgiu o Grupo Música Viva, em cujo


Manifesto (1946), está escrito: “O grupo Música Viva acompanha o
presente no seu caminho de descoberta e de conquista, lutando pelas
idéias novas de um mundo novo, crendo na força criadora do espírito
humano e na arte do futuro”. Outra renovação, na música erudita,
ocorre na década de 1960, com o Grupo Música Nova, que introduziu
experiências eletrônicas, organização rigorosa dos sons e improvisação
aleatória, na música brasileira. Em seu Manifesto (1963), o grupo
propõe que a “alienação está na contradição entre o estágio do homem
total e seu próprio conhecimento do mundo; música não pode
abandonar suas próprias conquistas para se colocar ao nível dessa
alienação, que [...] é um problema psico-sócio-político-cultural”.
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Na música popular brasileira, também houve vários movimentos


de renovação musical, nesse período. Alguns trouxeram elementos de
atualização estética, como a Bossa Nova e o Tropicalismo; outros
tiveram importante papel no contexto político de sua época, por seu
engajamento no processo de democratização do país.

A Bossa Nova surge em fins da década de 1950, invertendo


padrões convencionais da canção popular. Entre as inovações desse
movimento, podem-se destacar o canto espontâneo, o ritmo fluido e a
harmonia sofisticada. Sobre tudo isso, a melodia se estende de forma
assimétrica e irregular, com uma poesia que comenta o cotidiano.

O Tropicalismo aparece em meados da década de 1960,


incorporando a contra-cultura à música popular brasileira. Caetano
Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé seriam os principais criadores do grupo,
combinando instrumentos nacionais e cantos tradicionais a elementos de
vanguarda e instrumentos elétricos, sob a influência da cultura pop
internacional.

Nesta mesma época, um importante grupo de músicos preferia


permanecer nos moldes da canção tradicional para veicular seus ideais
políticos através da canção engajada. A canção Pra não dizer que não
falei de flores, de Geraldo Vandré, tornou-se um hino de resistência à
Ditadura Militar e foi censurada. Um compositor que uniu uma
criatividade refinada a poesias com forte teor político foi Chico Buarque
de Holanda, que figura entre os maiores cancionistas de todos os
tempos.
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Tendências da Música Contemporânea (1985 à atualidade)

Com o fim da Ditadura Militar e a redemocratização do país, a


partir de 1985, inicia-se um processo gradativo de incorporação das
diferenças, na cultura brasileira.

A realidade é formada por interesses contraditórios, em que a


diferença nem sempre é reconhecida como um valor humano. Pode-se
perceber isso em vários períodos da História, nas épocas em que ser
diferente significa estar condenado ao ostracismo. Em contrapartida, a
diversidade cultural é comum nas sociedades democráticas e pode
explicitar as contradições sócio-politico-econômicas, impulsionando
transformações em vários níveis da sociedade.

O processo de democratização também implica na capacidade de


reconhecer o valor da diferença. Isso tem ocorrido na música brasileira
dos últimos vinte anos, quando músicos de tendências diferentes se
reúnem para fazer música em conjunto ou quando um único músico
absorve tendências de diferentes origens (muitas vezes conflitantes
entre si) para produzir seu próprio trabalho.

Desde a década de 1980, há diversas tendências na música


erudita contemporânea, seja através de experimentalismos de
vanguarda, pelo retorno às tradições do passado local ou internacional,
ou por meio da combinação de elementos tradicionais e sonoridades
inusitadas. Da mesma forma, na música popular atual, convivem
diversos estilos, como o rock e a MPB, a música caipira (autêntica dos
meios rurais) e a música sertaneja (sua adaptação aos meios de
comunicação de massa), a canção tradicional (melodia acompanhada) e
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o canto-falado (em tendências internacionais, como o funk, o rap e o hip


hop). Isso, para citar apenas alguns dos inúmeros gêneros e estilos
atuais, que se somam a práticas anteriores.

A tudo isso, acrescenta-se o desenvolvimento tecnológico,


rapidamente incorporado através de novos meios de registro e
reprodução sonora. Atualmente, é relativamente fácil gravar uma
música, editá-la e disponibilizá-la na Internet. Logo, esta música estará
acessível a um número potencialmente extenso de ouvintes, que poderá
desfrutar dela, reeditá-la, modificando sua estrutura original e,
possivelmente, tornando-a uma obra em constante mutação. Sendo que
esta é apenas uma das infinitas possibilidades de desdobramento da
produção artística da atualidade.
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GÊNEROS DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Atualmente, a expressão “música popular” abrange qualquer estilo


musical acessível ao público em geral e disseminado pelos meios de
comunicação. Originalmente, a expressão referia-se à música de
tradição oral, em comunidades tradicionais, com autoria anônima.

As diversas formas de música popular da atualidade surgiram com


o crescimento das comunidades urbanas, resultante dos processos de
industrialização cultural destinados ao entretenimento de um grande
número de pessoas.

A música popular desenvolveu-se em várias direções,


incorporando elementos distintos e criando novas tendências. Com o
passar do tempo, aquela música popular transmitida oralmente, ao
longo de gerações, passou a ser chamada de folclórica. Por outro lado,
músicas folclóricas de determinada sociedade muitas vezes continuam a
existir em versões popularizadas, geralmente interpretadas por
profissionais e disseminadas nos meios de comunicação de massa.

A modinha e o lundu foram os primeiros gêneros populares,


ainda no Brasil colonial. A modinha derivou da moda portuguesa e o
lundu era originalmente uma dança africana que se tornou canção
popular, no final do século XVIII. O maxixe, que surgiu no séc. XIX e
deu origem ao choro e ao samba, é considerado o primeiro gênero
musical totalmente brasileiro.

Abaixo, estão alguns dos gêneros mais conhecidos em diversas


regiões do Brasil, com os esquemas rítmicos que lhe são característicos.
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Cateretê

Também chamado de catira, o cateretê é uma dança de origem ameríndia


presente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, em que os dançarinos
formam duas filas, uma formada por homens e outra por mulheres, sendo que
ambos batem palmas e sapateiam.
O cateretê é considerado como o mais antigo gênero musical brasileiro e
foi freqüentemente empregado pelos jesuítas na catequização dos indígenas, com
adaptação dos textos originais à temática cristã. Já o Padre Anchieta se referiu ao
cateretê.
A seguir, está exemplificado o padrão rítmico característico do cateretê, a
duas vozes, e, logo abaixo, aparece uma estilização do gênero em textura de
melodia acompanhada. O acompanhamento poderia ser realizado por dois
instrumentos, como contrabaixo e violão, ou por um instrumento de teclado.

Exemplo nº 1

Abaixo, está um trecho de Chorandinho, que é um cateretê estilizado de


Felipe Azevedo. O trecho citado contém apenas voz e violão.
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Exemplo nº 2
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Lundu

O lundu é uma dança de origem africana, trazida ao Brasil pelos escravos


bantos e derivada do batuque, que, na sua origem, significava o ritmo tocado por
instrumentos de percussão. Surgiu como designação de várias canções populares
inspiradas em ritmos africanos que foram introduzidas em Portugal e no Brasil a
partir do século XVI.
É uma dança de par separado, em compasso binário com o primeiro tempo
sincopado. Com meneios e requebros de forte apelo sensual, manteve esse
caráter jocoso e tornou-se dança de salão muito em voga no Brasil, do século
XVIII ao início do século XX. A partir do séc. XIX, o termo lundu passou a referir-se
a um tipo de canção para voz solista acompanhada por violão ou piano, derivada
da dança de mesmo nome. O lundu está na origem do samba e outros gêneros
afro-brasileiros.

Abaixo, está o padrão rítmico básico do lundu e uma estilização para piano.

Exemplo nº 3

Abaixo, o segmento final de um lundu do período imperial, de autor


anônimo, coletado por Mário de Andrade.
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Exemplo nº 4
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Polca

Dança rápida de origem boêmia (região atualmente pertencente à


República Tcheca), a polca tornou-se muito popular na Europa, na primeira
metade do séc. XIX. Consta que chegou ao Brasil em meados do mesmo século.
A primeira apresentação da polca no Rio de Janeiro foi tão bem sucedida
que se dizia que os cariocas andavam à moda da polca, vestiam-se à polca,
dançavam à polca.
Por sua ampla aceitação nos salões nacionais, a polca está na origem de
várias danças brasileiras do século XIX e início do séc. XX. Pixinguinha, em
entrevista, afirmou que “quando eu fiz o Carinhoso (por volta de 1916 ou 1917),
era uma polca. Polca lenta. Naquele tempo, tudo era polca, qualquer que fosse o
andamento”.
A seguir, o ritmo básico da polca e uma estilização para piano.

Exemplo nº 5

Abaixo, um trecho da polca Zinha, de Patápio Silva, para flauta e piano.


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Exemplo nº 6
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Maxixe

O maxixe é uma dança brasileira originada no Rio de Janeiro, na segunda


metade do séc. XIX. Segundo alguns autores, como Mario de Andrade, esta teria
sido a primeira dança autenticamente brasileira. De qualquer forma, o maxixe
surgiu da combinação de alguns ritmos latino-americanos, como a habanera e o
tango, que foram incorporados à polca européia e tocados ao estilo do choro para
dar origem ao maxixe.
A seguir, está o ritmo básico do maxixe e uma estilização para piano.

Exemplo nº 7

Abaixo, está o trecho final do Maxixe de Francisco Mignone, peça estilizada


para piano, de caráter ágil e virtuosístico.
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Exemplo nº 8
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Choro

Originado no Rio de Janeiro, inicialmente, o choro não era um gênero


musical, mas o estilo utilizado pelos músicos cariocas para tocar os ritmos
europeus através da incorporação da molície brasileira, isto é, aquilo a hoje
chamamos de ginga.
Posteriormente, esta forma sincopada de tocar foi se transformando em um
gênero instrumental que passou a ser denominado choro. Inicialmente, este
gênero era chamado de tango brasileiro, porém, com a grande divulgação
internacional do tango argentino e para não confundir com esse gênero, passou-
se a chamar de choro tanto o gênero brasileiro quanto a forma de tocar dos
músicos brasileiros, especialmente aqueles do Rio de Janeiro.
Abaixo, estão o ritmo básico do choro e uma estilização com textura de
melodia acompanhada, cujo acompanhamento poderia ser tocado por um conjunto
instrumental ou por um único instrumento polifônico, como o piano ou o violão.

Exemplo nº 9

Abaixo, está o início de Nosso Choro de Garoto, que foi um dos mais
importantes músicos brasileiros da primeira metade do século XX, tanto para a
sedimentação dos gêneros tradicionais quanto para a criação de novas maneiras
de tocar e de estruturar elementos musicais, como a melodia, a harmonia e o
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ritmo. Foi um dos primeiros músicos populares do Brasil a empregar acordes


estendidos e escalas não-tonais, como a escala de tons inteiros e movimentos
cromáticos sem tonalidade definida. Considera-se que suas experiências foram
assimiladas na origem da bossa nova.

Exemplo nº 10
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Samba

Há algumas interpretações sobre a origem etimológica do termo samba.


Segundo Nei Lopes, teria sido originado do vocábulo africano ‘samba’, que
significa ‘cabriolar’, isto é, divertir-se como um cabrito. Essa acepção do termo
pode ter dado origem a um tipo de dança em que os dançarinos batem contra o
peito, um do outro, como fazem os cabritos montanheses. Daí teria surgido a
prática da umbigada. Em outra interpretação, defendida por A. Ramos, a origem
do vocábulo samba estaria na palavra africana ‘semba’, que significa ‘separação’,
por isso, seria a introdução de dança em pares separados.
O samba surgiu no Rio de Janeiro como dança de roda semelhante ao
batuque, com dançarinos solistas e eventual presença da umbigada, sendo
posteriormente difundida em todo o Brasil, com variantes coreográficas e
diferentes tipos de acompanhamento instrumental.
O samba urbano carioca foi, inicialmente, dança de roda que nasceu nas
imediações do Morro da Conceição junto à população de negros e mestiços que
chegavam no Rio de Janeiro desde várias regiões do Brasil, principalmente da
Bahia, após Guerra de Canudos.
Com o tempo, o termo ‘samba’ passou a designar qualquer baile popular,
urbano ou rural, onde geralmente predomina o samba como música.
Musicalmente, o samba se firmou como um gênero de canção popular com metro
binário simples e andamento variado (que pode ser lento, médio ou rápido). O
samba tornou-se tão popular que se desdobrou em várias ramificações a partir do
início do século XX.
O primeiro samba a ser gravado foi Pelo Telefone, canção similar a um
maxixe composta por Mauro de Almeida e Donga, que foi o primeiro músico
popular brasileiro a ser amplamente divulgado pelos meios de comunicação.
Abaixo, está um dos padrões rítmicos mais conhecidos de samba e uma
estilização para piano.
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Exemplo nº 11

Abaixo, está um trecho do Samba Paulista, de Itiberê Zwarg, com harmonia


amplamente estendida e uma organização rítmica característica do samba, na
melodia superior, que combina diatonismo e notas alteradas, conforme a estrutura
harmônica.

Exemplo nº 12
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Bossa Nova

A bossa nova surgiu como uma nova maneira de cantar e tocar samba e
outros gêneros populares. Trata-se de um movimento da música popular brasileira
nascido na Zona Sul do Rio de Janeiro, com influências do samba, elementos do
jazz e da música erudita (com referência manifesta a Debussy e Villa-Lobos).
A divulgação de um concerto de 1957 já anunciava Carlos Lyra, Ronaldo
Bôscoli, Roberto Menescal e Sylvia Telles, entre outros músicos, como “um grupo
bossa nova apresentando sambas modernos”. Estilisticamente, a bossa nova
incorporou uma nova técnica em que se evita a impostação vocal e se busca
novas maneiras de tocar o violão, com ritmos sincopados e recitação da poesia.
Entre outras, as mais importantes caracteríriticas da bossa nova são
simplificação dos meios instrumentais, com emprego somente de violão e voz em
muitas canções, em comparação com as grandes orquestras das rádios das
décadas anteriores, a linha é melódica composta por várias notas repetidas, em
estilo quase recitativo; a harmonia é expandida com acordes dissonantes e a
rítmica se torna mais fluida, com o acompanhamento instrumental mais sincopado
do que a maior parte dos gêneros e estilos da época.
Abaixo, estão o padrão rítmico básico, em duas linhas, e uma estilização do
acompanhamento para piano. Assim como o samba, a bossa nova pode ser
realizada em vários andamentos, sendo os mais comuns estes apresentados
abaixo.

Exemplo nº 13
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Exemplo nº 14
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Frevo

Considera-se que o termo ‘frevo’ nasceu como uma corruptela de ‘fervo’


(confusão, desordem ruidosa), sendo sua primeira aparição com sentido musical
datada de 1909.
Trata-se de uma dança nordestina, surgida em Pernambuco e Alagoas, em
que os dançarinos realizam movimentos rápidos com as pernas e seguram
guarda-chuvas coloridos como parte do figurino. A música é normalmente em
andamento rápido e compasso binário simples.
Edson Carneiro diferencia as origens do frevo como música e como passo
de dança, considerando que esta teria origem folclórica, sendo que aquela é um
gênero urbano. O autor considera que, como música, "o frevo deriva de formas
musicais do começo do século [XX], tais como a habanera e o maxixe, músicas
semi-eruditas, ou que pelo menos fogem à técnica do povo. A própria textura do
frevo-música não é popular, por ser complexa. E o fato de ser necessária a
presença de banda, com instrumentos caros – trombone, tuba, saxofone – anula o
caráter de manifestação folclórica: o povo não tem dinheiro para comprar
instrumentos caros".

A seguir, está o padrão rítmico básico do frevo e uma estilização para


piano.

Exemplo nº 15
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Abaixo, tem-se o início do Frevinho Doce de Paulinho Nogueira:

Exemplo nº 16
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Maracatu

Maracatu é uma palavra de provável origem banta, sendo um cortejo de


caráter religioso com coreografia realizada ao som de instrumentos de percussão,
geralmente apresentado em frente às igrejas de Pernambuco. Alguns autores
afirmam terem presenciado o maracatu também nos estados da Paraíba e do
Ceará, porém isso não é confirmado por todos os pesquisadores, pois alguns
consideram que, nestes estados, se trataria de congos, congadas ou folguedos
diferentes do maracatu. O maracatu era originalmente apresentado em
festividades cívicas ou religiosas, porém, atualmente, aparece somente no período
do carnaval, em Recife.
Um dos mais antigos grupos é o Maracatu do Elefante, que foi criado pelo
escravo Manoel Santiago, datando referências à Nação do Elefante desde 1800.
Há personagens femininas, chamadas damas-do-paço, que carregam bonecas
pretas feitas de pano com vestimenta branca e azul, chamadas calungas ou
catitas.
Originalmente, as calungas eram símbolos religiosos que representavam os
orixás Iansã, Xangô e Oxum. O termo calunga pode ser explicado com o sentido
de ‘grande mestre’, em banto; o vocábulo também pode ser entendido como
derivado do deus Calunga, que representa o mar, no congo angolano.
O grupo instrumental que participa do Maracatu é formado por Saxofone,
trompete, trombone e instrumentos de percussão, como a caixa-clara, a cuíca, o
surdo, a zabumba, o ganzá e um agogô de uma só campânula (chamado gonguê).
Abaixo, está o padrão rítmico típico do maracatu e uma estilização para
teclado.
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Exemplo nº 17
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Xote

Termo que vem de “schottisch”, derivado de “Scottish dance” (inglês), que


era uma espécie de polca escocesa. O vocábulo schottisch está na origem do
vocábulo “xote”, através de “xótis”. Há várias grafias, empregadas em diferentes
regiões do Brasil, tais como: chote, xote, chótis ou xótis.
O xote surgiu na Alemanha como dança de salão e, chegando ao Brasil, foi
adaptado aos bailes populares, sendo atualmente tocado por acordeonistas, com
compasso binário simples em movimento rápido, porém mais lento do que a polca.
A primeira apresentação brasileira da dança, com o nome original em
inglês, se realizou no Rio de Janeiro, em 1851, pelo professor José Maria
Toussaint. Logo se tornou muito difundida, sendo incorporada ao meio urbano e
ao meio rural, em diversos estados brasileiros.
Os primeiros músicos de choro compuseram xotes em forma de canção
acompanhada ao violão. Isso significa que houve desde cedo a combinação do
xote com a modinha, que era o gênero de canção mais popular do Segundo
Império.
É interessante notar como a retomada do xote, em meados do século XX,
está ligada à difusão do acordeom, tanto no Rio Grande do Sul, onde uma variante
do instrumento é chamada de gaita, quanto no Nordeste, onde se chama sanfona.
Abaixo, estão o padrão rítmico típico do xote nordestino e uma estilização
para piano.

Exemplo nº 18
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Toada

A origem do vocábulo toada está ligada ao verbo ‘toar’, que pode significar
‘produzir estrondo’, ‘ressoar’, ‘agradar’ ou ‘estar em harmonia com alguma coisa’.
A toada é um gênero de canção lírica de caráter melancólico e sentimental,
que trata principalmente da temática do amor, geralmente em forma estrófica com
refrão. São encontradas toadas em todo o território brasileiro, com o caráter e o
estilo próprio de cada região.
Muitas vezes, o termo ‘toada’ é simplesmente empregado para designar
uma canção sentimental, sem que isso esteja ligado a elementos definidores de
gênero ou estilo. Oneyda Alvarenga considera que “o que se poderá dizer para
defini-la é apenas o seguinte: com raras exceções, seus textos são curtos –
amorosos, líricos, cômicos – e fogem à forma romanceada”.
Além da forma estrófica com refrão, é comum a melodia ser cantada em
graus conjuntos por duas vozes em terças paralelas.
Abaixo, está o ritmo básico da toada e uma estilização para piano.

Exemplo nº 19

A toada gaúcha é um pouco mais movida, com baixos pontuados e acentos


deslocados na última colcheia do compasso:
31

Exemplo nº 20

Abaixo, está o trecho inicial da Toada de Nilson Lombardi para quarteto de


cordas. Trata-se do emprego do termo ‘toada’ no sentido usual de música com
caráter lírico e melancólico, sem referência aos elementos mais característicos do
gênero. O padrão de colcheias do segundo violino é que traz alguma referência à
toada paulista, região onde nasceu e vive o compositor.
32

Exemplo nº 21
33

Jongo

Palavra que pode derivar tanto de ‘jihungu’, nome dado a um instrumento


musical africano, quanto de ‘onjongo’, que era o nome de uma dança angolana do
povo banto.
Trata-se de uma dança de roda de origem africana, com presença
principalmente na região Sudeste do Brasil. A dança se realiza com
acompanhamento de instrumentos de percussão, em que um ou dois dançarinos
se colocam no centro da roda e dão umbigadas nos outros participantes, sendo
que o movimento da roda se dá em sentido anti-horário.
Musicalmente, o jongo se caracteriza por ritmos complementares
executados pelos diferentes instrumentos, com síncopes e figuras pontuadas, com
o canto em forma estrófica com refrão.
A seguir, está o padrão rítmico característico do jongo e uma estilização
para piano.

Exemplo nº 22

Abaixo, tem-se o jongo Interrogando, de João Pernambuco, que inicia com


uma introdução que tem o padrão de arpejo binário vai-vem, mencionado
anteriormente. O ritmo característico do jongo aparece no compasso 6, com a
figura sincopada, no registro agudo, e o baixo que preenche os espaços vazios
dos acordes, produzindo um ritmo complementar entre as duas partes.
34

Posteriormente, a partir do compasso 10, é introduzida outra figura característica


do jongo: a pontuação do baixo.

Exemplo nº 23
35

Valsa

A valsa é uma dança de salão de origem austríaca que se derivou do


ländler e começou a aparecer em meados do século XVIII. A forma típica original
era um rondó com introdução e coda. A característica principal da valsa vienense
é a métrica ternária em andamento rápido, o que foi alterado na sua chegada a
Paris, onde o andamento se tornou mais lento.
No Brasil, a valsa foi trazida pelo músico austríaco Sigismund Neukomm,
que serviu na corte portuguesa, no início do século XIX, sendo que o próprio Dom
Pedro I compôs valsas por sua influência. Desde então, vários músicos brasileiros
se dedicaram à valsa, entre eles estão Carlos Gomes, Villa-Lobos, Radamés
Gnattali, Camargo Guarnieri, Tom Jobim e Chico Buarque.
Por influência da modinha, a valsa brasileira se tornaria mais lenta e
malemolente do que a européia. Por sua vez, a valsa interfere na modinha, que
passa a ser composta em compasso ternário a partir de meados do século XIX.
Na época dos chorões, no final do século XIX, surge a valsa seresteira, que
assume a forma de canção sentimental, em compasso ternário, e se confunde
muitas vezes com a modinha. A Valsinha, de Chico Buarque, por exemplo, pode
ser interpretada como um híbrido entre a valsa seresteira e a modinha. Alguns
autores a consideram como uma autêntica modinha.
A seguir, estão o padrão típico da valsa e uma estilização para piano.

Exemplo nº 24
36

Abaixo, a primeira parte da Valsa nº 1 de Baden Powell.

Exemplo nº 25

O trecho acima se destaca pelo uso sistemático de harmonia quartal, pois


quase todos os acordes têm predomínio de intervalos de quarta justa. As frases
são construídas em grupos de dois em dois compassos, em que a parte superior
desdobra o ritmo típico da valsa, no primeiro compasso do grupo, e a voz
intermediária aparece como um conseqüente que responde ao compasso anterior.
Tem-se, assim um padrão semicontrapontístico, com relação de pergunta e
resposta entre essas duas partes. Entre os compassos 5 e 9, a linha superior se
desdobra individualmente, gerando acúmulo de tensão que culmina com a
retomada dos elementos do início, a partir do compasso 11.
37

Baião

Termo derivado de ‘baiano’. Acredita-se que, originalmente, era um modo


caracteristicamente baiano de tocar ou dançar o lundu ou de sambar.
Trata-se de um gênero musical apreciado no interior do Nordeste desde
finais do século XIX. Nessa época, Sílvio Romero descreveu o gênero desta
maneira: “o baiano [isto é, o baião] é dança e música ao mesmo tempo. Os
figurantes, em uma toada certa, têm a faculdade do improviso, em que fazem
maravilhas, e os tocadores de viola vão fazendo o mesmo, variando os tons”.
Nas várias regiões nordestinas, o baião é executado de maneiras
diferentes. Na Paraíba, aparece, já em 1938, como música instrumental para
acompanhar a dança; em Sergipe, os instrumentos mais importantes deste gênero
são a viola e o pandeiro; no Maranhão, é bastante tocado na rabeca; em
Pernambuco, a sanfona se tornou o instrumento mais característico desde Luiz
Gonzaga, que popularizou o gênero em todo o país.
O baião tem métrica binária, com um padrão característico de baixo
pontuado e sincopação do primeiro ao segundo tempo do compasso; as linhas
melódicas são bastante repetitivas, com predomínio de graus conjuntos e
síncopes internas. São também comuns curtos refrões instrumentais arpejados.
Abaixo, está o padrão rítmico do baião e uma estilização para teclado.

Exemplo nº 26
38

O segmento musical a seguir é o início do Baião Cansado, de Marco


Pereira.

Exemplo nº 27

Nesse trecho, há vários níveis de sincopação, desde o baixo característico


do baião, ate a linha superior, formada por figuras derivadas da aumentação
rítmica do padrão do baixo. Há, também, uma linha intermediária com a função de
preencher os espaços vazios deixados pelas outras duas vozes. Assim, a relação
entre as partes é de complementaridade rítmica, realizada a partir do padrão
básico do baião que é distribuído entre as vozes externas da textura.
39

ANEXOS
1. Cronologia Histórica

1500 – Descobrimento do Brasil


1535 – Ciclo da cana-de-açúcar (Bahia e Pernambuco); inicio da
escravidão (1538)
Primeiros Compositores: Inácio Ribeiro Nóia (PE, 1688-1773),
Antônio José da Silva (RJ, 1705-1739), Luís Álvares Pinto (PE, 1719-
1789)
1549 – Governo-Geral do Brasil (primeiro governador: Tomé de
Souza, Bahia)
1580 – União Ibérica (entre 1580-1640 o Brasil faz parte do Reino
Espanhol)
1610 – Primeira Missão Jesuítica no Brasil, Guaíra (PR); Entradas
e Bandeiras (séc. XVI-XVIII)
1640 – Vice-Reinado do Brasil (1640-1808); oficialização do Vice-
Reino: 1714
1690 – Ciclo do Ouro (Minas Gerais)
Compositores: Marcos Coelho Neto (MG, 1740-1806), José
Joaqum Emerico Lobo de Mesquita (MG, 1746-1805), André da Silva
Gomes (SP, 1752-1844), João de Deus Castro Lobo (MG, 1794-1832)
1808 – Reino Unido Portugal e Algarves: Corte de Bragança no
Rio de Janeiro (D. João VI)
Compositores: José Maurício Nunes Garcia (RJ, 1767-1830),
Marcos Portugal (Portugal, 1762-1830), Sigismund Neukomm (Áustria,
1778-1858)
Modinha, Lundu: Domingos Caldas Barbosa (RJ, 1740-1800),
Cândido Inácio da Silva (RJ, 1800-1838), Xisto Bahia (BA, 1841-1893),
Joaquim Antônio da Silva Calado (RJ, 1848-1880)
1822 – Independência do Brasil (Primeiro Império: 1822-1831;
Segundo Império: 1840-1889)
Compositores: Francisco Manuel da Silva (RJ, 1759-1865), Antônio
Carlos Gomes (SP, 1836-1896)
1830 – Ciclo do Café (São Paulo); Abolição da Escravatura,
Princesa Isabel (1888)
40

1889 – Proclamação da República; Governo Provisório (1889-


1891); Republica Velha (1891-1930)
Compositores: Brasílio Itiberê da Cunha (PR, 1846-1913),
Henrique Oswald (RJ, 1852-1931), Alexandre Levy (SP, 1864-1892),
Alberto Nepomuceno (CE, 1864-1920)
Polca, Maxixe, Tango: Chiquinha Gonzaga (RJ, 1847-1935),
Ernesto Nazareth (RJ, 1863-1934)
1922 – Modernismo no Brasil: Semana de Arte Moderna (São
Paulo)
Compositores: Glauco Velásquez (Itália, 1884-1914), Heitor Villa-
Lobos (RJ, 1887-1959), Luciano Gallet (RJ, 1893-1931), Oscar Lorenzo
Fernandes (RJ, 1897-1948)
Choro, Samba, folclores regionais: João Pernambuco (PE, 1883-
1947), Sinhô (RJ, 1888-1930), Pixinguinha (RJ, 1897-1973), Dorival
Caymmi (BA, 1914), Garoto (SP, 1915-1955)
1930 – Estado Novo (Getúlio Vargas)
Compositores Nacionalistas: Francisco Mignone (SP, 1897-1986),
Radamés Gnattali (RS, 1906-1988), Mozart Camargo Guarnieri (SP,
1907-1993), José Siqueira (PB, 1907)
Grupo Música Viva: Luiz Cosme (1908-1965), César Guerra-Peixe
(RJ, 1914-1993), Hans Joachim Koellreutter (Alemanha, 1915), Eunice
Katunda (RJ, 1915-1989), Cláudio Santoro (AM, 1919-1989), Esther
Scliar (RS, 1926-1978), Edino Krieger (SC, 1928)
Música popular urbana (rádio): Ary Barroso (MG, 1903-1964),
Cartola (RJ, 1908-1980), Ataulfo Alves (MG, 1909-1969), Noel Rosa (RJ,
1910-1937), Lupicínio Rodrigues (RS, 1914-1974)
1956 – Período JK (Presidente Jucelino Kubitschek)
Vanguarda e Grupo Música Nova: Gilberto Mendes (SP, 1922),
Rogério Duprat (RJ, 1932), Jocy de Oliveira (PR, 1936), Willy Correia de
Oliveira (PE, 1938), Jorge Antunes (RJ, 1942)
Bossa-nova: Vinícius de Moraes (RJ, 1913-1980), Antônio Carlos
Jobim (RJ, 1927-1994), Dolores Duran (RJ, 1930-1959), João Gilberto
(BA, 1934), Baden Powell (RJ, 1937-2000), Roberto Menescal (ES,
1937), Francisco Buarque de Holanda (RJ, 1944)
1964 – Golpe de Estado (Ditadura Militar: 1964-1985)
Compositores independentes: Armando Albuquerque (RS, 1901-
1986), Bruno Kiefer (Alemanha, 1923-1987), Henrique de Curitiba (PR,
41

1934), Lindemberg Cardoso (BA, 1939), Ricardo Tacuchian (RJ, 1939),


Marlos Nobre (PE, 1939), José Antônio de Almeida Prado (SP, 1943)
Tropicalismo: Tom Zé (BA, 1936), Caetano Veloso (BA, 1942),
Gilberto Gil (BA, 1942), Torquato Neto (PI, 1944), Rita Lee (SP, 1947),
Os Mutantes
1980 – Anistia aos exilados (1979); Abertura Política (1982);
Movimento ‘Diretas Já’ (1983)
Novas tendências: Antônio Carlos Borges Cunha (RS, 1952),
Rodolfo Coelho de Souza (SP, 1952), Denise Garcia (SP, 1955), José
Augusto Mannis (SP, 1958), Harry Crowl (MG, 1958), Roberto Victorio
(RJ, 1959), Eduardo Seicman (SP, 1958), Sílvio Ferraz (SP, 1959)
Vanguarda na MPB: Hermeto Paschoal (AL, 1936), Egberto
Gismonti (RJ, 1947), Itamar Assumpção (SP, 1949-2003), Arrigo
Barnabé (PR, 1951), Luiz Tatit (SP, 1951), Chico Science (PE, 1966-
1997)
1985 – Nova República (fim do Regime Militar); Eleições Diretas
para Presidente (1989)
2003 – Metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva: presidente do Brasil
Nova Música Brasileira – multiplicidade de gêneros e estilos
Música erudita: Eduardo Álvares (MG, 1959), Flo Menezes (SP,
1962), Lívio Tragtemberg (SP, 1963), James Corrêa (RS, 1968), Antônio
Tavares Ribeiro (MG, 1971), Marcus Siqueira (SP, 1974)
Música popular: Lenine (PE, 1959), Arnaldo Antunes (SP, 1960),
Ná Ozzeti (SP), Zélia Duncan (RJ, 1964), Adriana Calcanhoto (RS,
1965), Zeca Baleiro (BA, 1966), Marisa Monte (RJ, 1967), Badi Assad
(SP, 1967), Pato Fú (MG)
42

2. Compositores eruditos brasileiros

• Francisco Vaccas (atuação por volta de 1560, Salvador/BA)


• Inácio Ribeiro Nóia (Recife/PE, 1688-1773)
• Antônio José da Silva (dito: o Judeu) (Rio de Janeiro/RJ, 1705-
1739)
• Luís Álvares Pinto (Recife/PE, 1719-1789)
• Joaquim Bernardo Mendonça Ribeiro Pinto (CE, meados do séc.
XVIII-1834)
• Caetano de Mello Jesus (atuação por volta de 1760, Salvador/BA)
• José Joaqum Emerico Lobo de Mesquita (Arraial do Tejuco/MG,
1746-1805)
• João de Deus Castro Lobo (MG, 1767-1830)
• José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro/RJ, 1767-1830)
• José Joaquim de Paula Miranda (Prados/MG, 1780-1842)
• Damião Barboza (BA, 1788-1856)
• José Joaquim de Sousa Negrão (MG, ?-1832)
• Gabriel Fernandes Trindade (Rio de Janeiro/RJ)
• João de Deus Castro Lobo (Vila Rica/MG, 1794-1832)
• Francisco Manuel da Silva (Rio de Janeiro/RJ, 1795-1865)
• Henrique Eulálio Gurjão (Belém/PA, 1834-1887)
• Antônio Carlos Gomes (Campinas/SP, 1836-1896)
• João Teodoro Aguiar (atuação por volta de 1860, Rio de
Janeiro/RJ)
• Brasílio Itiberê da Cunha (Curitiba/PR, 1846-1913)
• João Gomes de Araújo (1846-1943)
• Chiquinha Gonzaga (RJ, 1847-1935)
• Leopoldo Miguez (Niterói/RJ, 1850-1902)
• Henrique Oswald (Rio de Janeiro/RJ, 1852-1931)
• Francisco Braga (RJ, 1858-1945)
• Luiz Levy (São Paulo/SP, 1861-1935)
• Ernesto Nazareth (Rio de Janeiro/RJ, 1863-1934)
• Alexandre Levy (São Paulo/SP, 1864-1892)
• Alberto Nepomuceno (Fortaleza/CE, 1864-1920)
• Sílvio Fróes (MG, 1865-1948)
• Francisco Braga (Rio de Janeiro/RJ, 1868-1945)
• José de Araújo Vianna (RS, 1871-1916)
• Murillo Furtado (1873-1958)
• Barroso Netto (Rio de Janeiro/RJ, 1881-1941)
• Paulino Chaves (RN, 1883-1948)
• Heitor Villa-Lobos (RJ, 1887-1959)
• Luciano Gallet (Rio de Janeiro/RJ, 1893-1931)
• Jaime Ovalle (Belém/PA, 1894-1955)
43

• Dinorah de Carvalho (Uberaba/MG, 1895-1980)


• Hekel Tavares (Satuba/AL, 1896-1969)
• Fructuoso Vianna (Itajubgá/MG, 1896-1976)
• Brasílio da Cunha Luz (dito: Brasílio Itiberê) (Curitiba/PR, 1896)
• Oscar Lorenzo Fernandes (Rio de Janeiro/RJ, 1897-1948)
• Francisco Mignone (SP, 1897-1986)
• Ernani Braga (Rio de Janeiro/RJ, 1898-1948)
• João de Souza Lima (São Paulo/SP, 1898)
• Osvaldo Cabral (Itaperoá/BA, 1900)
• Armando Albuquerque (1901-86)
• Walter Burle-Marx (São Paulo/SP, 1902)
• Osvaldo de Souza (Natal/RN, 1904)
• Waldemar Henrique (Belém/PA, 1905-1995)
• Radamés Gnattali (Porto Alegre/RS, 1906-1988)
• Mozart Camargo Guarnieri (Tietê/SP, 1907-1993)
• José Siqueira (Conceição/PB, 1907)
• Luiz Cosme (RS, 1908-65)
• José Vieira Brandão (Cambuquira/MG, 1911)
• Aloisio Alencar Pinto (Fortaleza, CE, 1912)
• Ascendino Teodoro Nogueira (Sata Tita de Passa Quatro/SP, 1913)
• César Guerra-Peixe (RJ, 1914-1993)
• Babi de Oliveira (Salvador/BA, 1915)
• Eunice Katunda (RJ, 1915-89)
• Alceu Bocchino (Curitiba/PR, 1918)
• Cláudio Santoro (Manaus/AM, 1919-1989)
• Gilberto Mendes (Santos/SP, 1922)
• Bruno Kiefer (Al, 1923-87)
• José Penalva (Campinas/SP, 1924)
• Nilson Lombardi (Sorocaba/SP, 1926)
• Esther Scliar (Porto Alegre/RS, 1926)
• Olwaldo Lacerda (SP, 1927)
• Mário Tavares (Natal/RN, 1928)
• Edino Krieger (Brusque/SC, 1928)
• Edmundo Villani Côrtes (Juiz de Fora/MG, 1930)
• Murilo Santos (RJ, 1931)
• Nelson de Macedo (Rui Barbosa/BA, 1931)
• Brenno Blauth (RS, 1931-1993)
• Frederico Richter (Novo Hamburgo/RS, 1932)
• Kilza Setti (SP, 1932)
• Luís Carlos Vinholes (Pelotas/RS, 1933)
• Maria Helena Rosas Fernandes (Brazópolis/MG, 1933)
• Yves Rubner Schmidt (Taubaté/SP, 1933)
• Henrique Morozowicz (dito: Henrique de Curitiba) (Curitiba/PR,
1934-2008)
44

• Sérgio Vasconcellos Corrêa (SP, 1934)


• José Alberto Kaplan (1935)
• Ruffo Herrera (1935)
• Jocy de Oliveira (1936)
• Raul do Vale (Leme/SP, 1936)
• Mário Ficarelli (SP, 1937)
• Willy Corrêa de Oliveira (PE, 1938)
• Lindembergue Cardoso (Livramento/BA, 1939-1980)
• Ricardo Tacuchian (RJ, 1939)
• Marlos Nobre (Recife/PE, 1939)
• Guilherme Bauer (RJ, 1940)
• Conrado Silva (1940)
• Fernando Cerqueira (Ilhéus/BA, 1941)
• Jorge Antunes (RJ, 1942)
• José Antônio de Almeida Prado (Santos/SP, 1943)
• Aylton Escobar (SP, 1943)
• Agnaldo Ribeiro (Jequié/BA, 1943)
• Flávio Oliveira (Santa Maria/RS, 1944)
• Marisa Rezende (RJ, 1944)
• Jamary Oliveira (BA, 1944)
• Egberto Gismonti (Carmo/RJ, 1944)
• Calimério Soares (São Sebastião/MG, 1944)
• Vânia Dantas Leite (RJ, 1945)
• Luiz Carlos Csekö (Salvador/BA, 1945)
• Alda Oliveira (1946?)
• Ronaldo Miranda (RJ, 1948)
• David Korenschendler (RJ, 1948)
• Cirley de Hollanda (1948)
• Nestor de Hollanda Cavalcanti (RJ, 1949)
• Mario Tavares ()
• Rodolfo Caesar (1950) –
• Ernani Aguiar (Petrópolis/RJ, 1950)
• Arrigo Barnabé (Londrina/PR, 1951)
• Carlos Alberto Vieira (SC, ?)
• Amaral Vieira (SP, 1952)
• Rodolfo Coelho de Souza (SP, 1952)
• Paulo Chagas (1953)
• Paulo Costa Lima (Salvador/BA, 1954)
• Hélio Ziskind (SP, 1955)
• Denise Garcia (SP, 1955)
• José Augusto Mannis (SP, 1958)
• Harry Crowl (Belo Horizonte/MG, 1958)
• Eduardo Seicman (SP, 1958)
• Caio Senna (1959)
45

• Eduardo Alvarez (Uberlândia/MG, 1959)


• Fernando Ariani (SP, 1959)
• Sílvio Ferraz (SP, 1959)
• João Guilherme Ripper (RJ, 1959)
• Roberto Victorio (RJ, 1959)
• Carlos Alberto Vieira (SC, ?)
• Lina Pires de Campos ()
• Wellington Gomes (Feira de Santana/BA, 1960)
• Artur Kampela (1960)
• Celso Mojola (SP, 1960)
• Tato Taborda (Curitiba/PR, 1960)
• Lívio Tragtemberg (1961)
• Tim Rescala (RJ, 1961)
• Florivaldo Menezes Filho (SP, 1962)
• Fernando Lewis de Mattos (Porto Alegre/RS, 1963)
• Rubens Ricciardi (Ribeirão Preto/SP, 1964)
• Ricardo Mitidieri (Porto Alegre/RS, 1965)
• Lourdes Saraiva (Porto Alegre/RS, 1966)
• Fernando Iazzetta (1966)
• Rodrigo Ciccheli Veloso (RJ, 1966)
• Alfredo Barros (Teresinha/PE, 1967)
• Vera Terra (?)
• Luciano Guimarães (SP, 1967)
• Dimitri Cervo (Santa Maria/RS, 1968)
• James Corrêa (Porto Alegre/RS, 1968)
• Antônio Tavares Ribeiro (Cataguases/MG, 1971)
• Edson Tobinaga (?)
• Marcus Siqueira (SP, 1974)
• Jorge Meletti (Porto Alegre, 1974)
• Felipe Kirst Adami (Porto Alegre/RS, 1977)
• Martin Dahlström Heuser (Tenente Portela/RS, 1979)
• Rafael Oliveira (General Câmara/RS, 1981)
46

3. Compositores Estrangeiros com Atuação no Brasil

• André da Silva Gomes (Lisboa/ Portugal, 1752-1844)


• Marcos Portugal (Lisboa/Portugal, 1762-1830)
• Sigismund Neukomm (Salzburg/Áustria, 1778-1858)
• Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de
Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano
Serafim de Bragança e Bourbon (dito: Dom Pedro I) (Lisboa/
Portugal, 1792-1834)
• José Amat (Espanha)
• L. M. Gottschalk (Nova Orleans/EUA, 1829-1869)
• Glauco Velásquez (Nápoles/Itália, 1884-1914)
• Furio Franceschini (Roma/Itália, 1880-1976)
• Darius Milhaud (Aix-en-Provence/França, 1892-1974)
• Walter Smetack (Zürich/Suíça, 1913-1984)
• Hans Joachim Koellreutter (Freiburg/Alemanha, 1915)
• Bruno Kiefer (Baden-Baden/Alemanha, 1923-1987)
• Ernst Widmer (Aarau/Suíça, 1927-1990)
• Ernst Mahle (Stuttgart/Alemanha, 1952)
• Emílio Terraza (Bahia Blanca/Argentina, 1929)
• José Alberto Kaplan (Rosário de Santa Fé/Argentina, 1935)
• Ruffo Herrera (Córdoba/Argentina, 1935)
• Eduardo Escalante (Buenos Aires/Argentina, 1937)
• Conrado Silva (Uruguai, 1940)

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