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PRIMEIRA DISCUSSÃO DE TEXTO

Blaung (cap. 4) e Friedman

23 de Setembro de 2019

Friedman: The Methodology of Positive Economics

• Introdução:
Livro de John Neville Keynes: “Uma ciência positiva ... um corpo
de conhecimento sistematizado sobre o que é; uma ciência normativa
ou reguladora ... [,] um corpo de conhecimento sistematizado discutir
critérios sobre o que deveria ser. . . [,] uma arte. . . [,] um sistema de
regras para a obtenção de um determinado fim”.
Este artigo trata principalmente de certos problemas metodológicos
que surgem na construção a “ciência positiva distinta” que Keynes pe-
dia - em particular, o problema de como decidir se uma hipótese ou
teoria sugerida deve ser tentativamente aceita como parte do “corpo
de conhecimento sistematizado sobre o que é”. Mas a confusão que
Keynes lamenta ainda é tão abundante e um grande obstáculo ao re-
conhecimento de que a economia pode ser, e em parte é uma ciência
positiva que parece bem preceder o corpo principal do artigo com al-
gumas observações sobre a relação entre economia positiva e normativa.

• A Relação entre Positivo e Normativo:

Economia Positiva: independente de posições éticas ou julgamentos


normativos - o que é, não como deveria ser. Embora o próprio pesqui-
sador seja parte do objeto de pesquisa, o autor não acredita que seja
impossı́vel o tratamento positivo da economia.
Economia Normativa e Arte da Economia: Embora não possam
ser independentes da economia positiva, são norteadas pelos juı́zos dos
agentes sobre resultados desejáveis.

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

Exemplo do salário mı́nimo

• Economia Positiva:

Obtenção de hipóteses que produzam predições válidas e significa-


tivas sobre fenômenos não observados;

Teoria: junção de dois elementos - linguagem e hipóteses substan-


tivas; No que diz respeito à linguagem o autor chama a atenção para
o suporte à classificação de arquivamentos dos tópicos relacionados ao
campo de pesquisa. A eficiência da linguagem perpassa pela consi-
deração da lógica formal determinando se o código linguı́sticos empre-
gado é completo e consistente e pela evidência factual, a qual atrela-se
à aplicação em problemas concretos. Como exemplo cita-se a utilização
da categorias oferta e demanda, as quais preenchem os dois requisitos
em muitos casos, embora possam se cruzar em determinadas situação.

Sobre as hipóteses substantivas, o autor determina que a teoria deva


ser avaliada pelo poder de previsão dessa frente à classe de fenômenos
que pretende explicar.
Citação: ...o único teste relevante da validade de uma hipótese é a com-
paração de suas previsões com a experiência. A hipótese é rejeitada se
suas previsões são contraditórias (“frequentemente” ou mais frequen-
temente do que as previsões de uma alternativa hipótese); é aceito se
suas previsões não forem contraditórias; muita confiança está ligada se
tiver sobrevivido a muitas oportunidades de contradição.

Devido a esse motivo, existe forte ligação entre a caracterização da


hipótese e a observação de evidência factuais, o que nos permite de-
terminar a relevância da comparação entre previsões da teoria e ex-
periências. Cabe lembrar que nenhuma hipótese é “aceita”ou “confir-
mada”, porém, poderá ser não rejeitada A validação de uma hipótese
no sentido mencionado não assegura a capacidade de escolha entre
hipóteses alternativas, visto que existem fatos observados em número
finito e hipóteses possı́veis infinitas. Critérios de seleção repousam so-
bre critério subjetivos de “simplicidade”e “produtividade”.

Embora em ciências sociais não seja possı́vel o tratamentos de experi-


mentos em laboratório, de modo controlado, porém, Friedman chama a

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

atenção para a determinação do que seriam experimentos controlados


e descontrolados por meio de grau. Nesse sentido, a negação do expe-
rimento em economia dificulta o teste das hipóteses e a eliminação da-
quelas que forem mal sucedidas. A relação entre evidências e hipóteses
teóricas pode ser ilustrada pela constatação de relação entre quanti-
dade de moeda e inflação.

Exemplo da relação entre oferta monetária e inflação: evidências


convincentes para tal relação sofram descritas por estudiosos desde o
século XV, sendo essas evidências concatenadas pela Teoria Quantita-
tiva da Moeda por Hume, segundo Friedman.

Friedman, ao comentar a consequência da dificuldade de se testar hipóteses,


cita a retirada análises puramente formais ou tautológicas, aprofun-
dando a utilização de lógicas formais e instrumentos matemáticos. Mas
a teoria econômica deve ser mais do que uma estrutura de tautologias
para poder prever e não apenas descrever as consequências da ação; se
é para ser algo diferente da matemática disfarçada. E a utilidade das
próprias tautologias em última análise depende, como observado acima,
da aceitabilidade das hipóteses substantivas que sugerem as categorias
particulares nas quais organizam os fenômenos empı́ricos refratários.

As evidências empı́ricas são fundamentais na construção e no teste das


hipóteses. Na elaboração das hipóteses, é fundamental garantir que essa
explique o que se propõe a explicar. Uma vez essas sendo consistentes,
teste adicionais envolvem a dedução de novo fatos capazes de serem
observados, mas não previamente conhecidos, e comparar com outras
evidências empı́ricas. Os estágio, contudo, ocorrem em conjuntos, de-
vido a questões metodológicos, tal como os fatos a serem empregados
no teste serem também base para a construção da hipótese.

Em erro durante a fase de validação da hipótese é checar não as pre-


visões oferecidas, mas falseá-la a partir das suposições feitas. O autor
cita o caso concorrência monopolista e imperfeita. É interessante res-
saltar que boa teorias são aquelas baseadas na abstração da realidade
isolando somente os fatores reconhecidos como cruciais oferecendo bons
resultados em termos de predição de evento.

• Pode uma hipótese ser testada pelo realismo de suas suposições?

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

Exemplo da queda dos corpos no vácuo, da densidade das folhas e


do especialista em bilhar.

Processo de maximização dos lucros (O que seria necessário para


ser realizado? Isso é de fato feito? Por que ainda é uma boa hipótese?)

Um conjunto de evidências ainda mais importante para a hipótese


maximização de retornos é a experiência de inúmeras aplicações da
hipótese para problemas especı́ficos e o repetido fracasso de suas im-
plicações em ser contradito. Essa evidência é extremamente difı́cil de
documentar; está espalhado em numerosos memorandos, artigos e mo-
nografias que preocupa-se principalmente com problemas concretos es-
pecı́ficos, em vez de enviar a hipótese a testar. No entanto, o uso
e aceitação contı́nuos da hipótese por um longo perı́odo, e o fracasso
de qualquer alternativa coerente e auto-consistente a ser desenvolvida
e amplamente aceito, é um forte testemunho indireto de seu valor.
A evidência para uma hipótese sempre consiste na repetida falha em
ser contradita, continua a acumular-se enquanto a hipótese é usada e,
por sua própria natureza, é difı́cil documentar de maneira abrangente.
Tende a se tornar parte da tradição e folclore de uma ciência revelada
na tenacidade de quais hipóteses existem e não em qualquer lista de
casos em que a tese falhou em ser contradito

• O significado e o papel das suposições da teoria

Expressões chave: três premissas;


As três premissas sobre o papel das suposições: 1) modo econômicos
de descrever ou apresentar teorias; 2) facilitar testes indiretos das
hipóteses e suas implicações; 3) explicar sobre quais condições a te-
oria vale.

O uso das suposições na apresentação de uma teoria

Expressões chave: confusão entre suposição e implicação; ambas se


relacionam intimante às caracterı́sticas dos eventos; verificação indireta
de uma hipótese por classes de fenômenos relacionadas; diferentes in-
terpretações de hipóteses entre pessoas distintas.

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

A falsificação, uma integral história do século XX

• A tese da irrelevância da hipótese

• Distinção entre economia normativa e positiva, concluindo que a uni-


dade metodológica a todas as ciências é sua parte positiva.

Positiva: A economia positiva é, em princı́pio, independente de qual-


quer posição ética especı́fica ou julgamentos normativos... Evidente-
mente, o fato de a economia lidar com as inter-relações de seres huma-
nos, e que o próprio pesquisador faz parte do objeto a ser investigado
em um sentido mais ı́ntimo do que nas ciências fı́sicas, levanta difi-
culdades especiais para alcançar objetividade ao mesmo tempo em que
fornece ao cientista social uma classe deda dos não disponı́veis para o
cientista fı́sico.

Normativa: A economia normativa e a arte da economia, por ou-


tro lado, não podem ser independente da economia positiva...Dois in-
divı́duos podem concordar com a consequências de uma parte especı́fica
da legislação. Pode-se considerá-los desejáveis ??em equilibrar e favo-
recer a legislação; o outro, como indesejável e se opõe à legislação.

• (texto do Fridman) Exemplo do salário mı́nimo

• Diferenças entre previsões acerca de polı́ticas econômicas e o progresso


da economia positiva

Declaração sobre a metodologia unificada (apenas a relação com Pop-


per, Friedman não se refere a ele):
Vista como um conjunto de hipóteses substantivas, a teoria deve ser jul-
gada por seu poder preditivo sobre a classe de fenômenos que se pretende
”explicar”. Apenas evidências factuais podem mostrar se é ”certo”ou
”errado”ou, melhor, experimentalmente considerados ”válidos ou”rejeitados
”. Como argumentarei mais detalhadamente abaixo, o único teste re-
levante da validade de uma hipótese [observe que ”somente”] é a com-
paração de suas previsões com experiência. A hipótese é rejeitada se
suas previsões forem contrariadas (”frequentemente”ou mais frequen-
temente do que as previsões de uma hipótese alternativa);é aceito se
suas previsões não forem contrariadas; muita confiança está ligada a
ele se sobreviveu a muitas oportunidades de contradições. Evidência

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

factual nunca pode ”provar”uma hipótese; só pode falhar em refutá-lo,


que é o que geralmente queremos dizer quando dizemos, de maneira um
tanto inexata, que a hipótese foi ”confirmada”por experiência [Fried-
man, 1953, pp. 8-9]

A partir de ponto Friedman se move em direção a seu objetivo princi-


pal: a noção de que o teste empı́rico dos pressupostos não fornece um
bom teste à relevância da teria:
Essa visão amplamente aceita é fundamentalmente errada e produtivo
de muito prejuı́zos... Hipóteses verdadeiramente importantes e sig-
nificativas serão suposições”serão representações descritivas extrema-
mente imprecisas da realidade, e, em geral, quanto mais significativa
a teoria, mais irrealistas são as premissas...Para ser importante, por-
tanto, uma hipótese deve ser descritivamente falsa em suas suposições.
Essas afirmações exageradas motivaram reações, tal com o a de Samu-
elson.
Pressupostos as-if : quando a maximização do lucro é admitida não há
qualquer preocupação em se garantir que tal ação seja de fato execu-
tada pelo empresário, nesse ponto Friedman até mesmo evoca a ideia
de sobrevivência darwiniana ressaltando que tal comportamento se ali-
nha ao necessário para sobreviver no mercado, embora não necessite
ser intencional. Nesse contexto que resumo a proposta de Friedman ao
comportamento limite dentro da economia.
No texto do Friedman há dois exemplo: lei da queda dos corpos no
vácuo e densidade de folhas.
Blaug: Assim, a formulação como se de hipóteses econômicas não ape-
nas se recusa a oferecer qualquer mecanismo causal que vincule o com-
portamento do negócio à maximização de retornos; exclui positivamente
a possibilidade de tal argumentação.

Segunda Blaung, há uma terceira forma de irrealismo empregada como


crı́tica a Friedman: improbabilidade de determinada hipótese ser obser-
vada no mundo real. No entanto, nega a necessidade de testas os pres-
supostos, Friedman permite o “Uso de ’Pressupostos como um Teste
Indireto da Teoria’”. Ou seja, as suposições de uma teoria consideradas
falsas em fundamentos do empirismo casual podem figurar como im-
plicações de uma teoria mais ampla cujas consequências podem ser ou
foram testadas; nesse caso, essas suposições pode-se mostrar ser falsas
em um domı́nio particular, mas não em outro.

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

Friedman: Ao apresentar qualquer hipótese, geralmente parece óbvio


qual das séries de declarações usadas para expô-lo referem-se a su-
posições e quais implicações; ainda assim a distinção não é fácil de
definir rigorosamente... Para dizer o ponto de maneira mais geral, o
que é chamado de suposições de uma hipótese pode ser usado para obter
alguma evidência indireta sobre a aceitabilidade da hipótese na medida
em que as próprias suposições podem ser consideradas implicações da
hipótese e, portanto,sua conformidade com a realidade como uma falha
de algumas implicações a serem contraditórias, ou até agora como as
suposições podem lembrar outras implicações da hipótese suscetı́vel a
observação empı́rica.
Friedman ressalta a possibilidade de um fato pode figurar como pres-
suposto em determinado caso e implicação (resultado) em outro. Além
disso, destaca que uma hipótese pode possuir premissas que salientam
as implicações esperadas, então, tais premissas podem ser comparadas
com as evidências. Uma hipótese particular ainda pode se equivalente
com um conjunto de pressupostos aceitos mais abrangentes, o que atri-
bui maior confiança na hipótese.

Blaung: Segundo Friedman o uso inteiramente válido das suposições


ao especificar as circunstâncias pelas quais uma teoria é sustenta fre-
quentemente, e erroneamente, é interpretado como significando que as
suposições podem ser usado para determinar as circunstâncias pelas
quais uma teoria se aplica. Exemplo da concorrência perfeita e da
indústria de cigarros.
Blaung: Mas, tendo introduzido esse importante esclarecimento meto-
dológico, Friedman estraga imediatamente o ponto, permitindo que a
teoria da concorrência perfeita se aplique a qualquer empresa, portanto,
dependendo das circunstâncias: ”não há inconsistência em relação aa
mesma empresa como se fosse um concorrente perfeito para um pro-
blema e um monopolista para outro ”(p. 36; também p. 42). Em
outras palavras, ele volta novamente a uma interpretação instrumenta-
lista extrema das teorias econômicas.

Blaung: Friedman não distingue entre os diversos tipos de pressupos-


tos. Segundo Melitz distingue entre pressupostos auxiliares e genera-
tiva. Blaung propõe que a irrelevância dos pressupostos advém do uso
indiscriminado do termo.

A conclusão de Machlup é a de que nenhuma teoria deve ser descar-

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

tada apenas pelo fato de seus pressupostos serem falsos sem que uma
teoria melhor seja obtida. A hipótese de maximização dos lucros, por
exemplo, poderá ser aceita, embora observações empı́ricas desviem das
consequências deduzidas, caso a repetição de testes empı́ricos provem
que as ações individual se mantêm próximas ao predito pela teoria.

Blaung: Será que testas hipóteses é tão ruim assim?

– Se testes das predições fosse os únicos a importar, não seria possı́vel


distinguir entre causalidade genuı́na e correlação espúria;
– Teste sobre hipóteses não são necessariamente mais difı́ceis de se-
rem formulados;
– Teste de hipóteses podem geram insights;
– se teste empı́ricos é tudo o que se espera de uma teoria, tais testes
deveriam ser severos

Friedman acredita que certos pressupostos não são passı́veis de teste


empı́ricos e que, além disso, tais teste podem ser irrelevantes em grande
parte dos casos. Blaung chama a atenção para o fato de que os teste
podem adotar abordagens que ofereçam um visão não detalhada dos
comportamentos, por exemplo, e que essas podem, então, orientar para
um teste da validade. Por fim, vale a pena ressaltar que Friedman, ao
colocar os testes como irrelevantes em grande parte, evita argumentos
extremos.

• F-twist

• Descritivismo

• F-twist básico e extremo: enquadra Friedman no primeiro Samuelson:


. . . é fundamentalmente errado pensar que o irrealismo no sentido de
imprecisão factual até um grau tolerável de aproximação é tudo, menos
um demérito para uma teoria ou hipótese... . . . o donut de correção
empı́rica em uma teoria constitui seu valor, enquanto seu buraco de
mentira constitui sua fraqueza. Eu considero isso uma perversão mons-
truosa da ciência alegar que uma teoria é melhor por suas deficiências;
e percebo que nas ciências exatas mais afortunadas, ninguém sonha em
fazer tal afirmação

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

Mas então uma teoria deve ser descartada por sua imprecisão no que
tange aos pressupostos.

O instrumentalismo de Friedman implica em dar grande relevância à


predição, sem buscar oferecer grandes insights sobre a relação de causa-
lidade, porém ao criticar Friedman, Samuelson evoca a tese da simetria,
optando pela metodologia descritivista, sendo essa tão modesta quanto
o próprio instrumentalismo.
Blaung: Mas além da modéstia excessiva, o que há de errado com o ins-
trumentalismo? Sua fraqueza é quede toda a teorização da caixa preta
que faz previsões sem ser capaz declaro por que as previsões funcionam:
no momento em que as previsões falham, a teoria deve ser descartado
porque carece de uma estrutura subjacente de pressupostos, uma ex-
planans que pode ser ajustado e melhorado para uma melhor predição
no futuro. É por esse motivo que os cientistas geralmente se preocupam
quando as suposições de suas teorias são descaradamente irrealistas.
Ambos os escritores foram acusados ??de dizer a mesma coisa em dife-
rentes palavras. Eles também foram acusados ??de não praticar o que
pregam. Machlup (1978, pp. 482-3) refere-se ao preço-fator internaci-
onal de Samuelson teorema da equalização (veja o Capı́tulo 11 abaixo)
para mostrar que Samuelson é tãotanto um F- twister quanto Fried-
man, no sentido de que ele também deduz aparentemente consequências
significativas do mundo real a partir de suposições teóricas admitidas
ser claramente contrafactual. E Archibald (1961, 1963) argumentou
de forma convincente Stigler e Friedman atacam a teoria monopolista
de Chamberlin concorrência, não com base em seu histórico preditivo
ruim, mas com base em consistência, simplicidade, relevância, etc., isto
é, com base no suposições da teoria em vez de suas previsões. Mas re-
nunciar a tal debate pontos, o que é surpreendente é que Friedman,
Machlup e Samuelson, cada um à sua maneira, adote o que chamamos
anteriormente de metodologia defensiva cujo principal objetivo parece
ser o de proteger a economia contra as crı́ticas crı́ticas de suposições
irrealistas, por um lado, e a demanda estridente de previsões severa-
mente testadas, por outro (Koopmans, 1957, pp. 141-2;Latsis, 1976, p.
10; Diesing, 1985). Lidamos com a primeira metade deste defesa, mas
ainda não dissemos nada sobre o segundo tempo.

• O mecanismo de sobrevivência darwiniano

• Machlup: preferencia pela verificabilidade ao invés a falseabilidade, em-

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

bora entendesse o conceito de Popper.

• Ceticismo sobre testes empı́ricos: Machlup “ Onde a previsão do econo-


mista é condicional, isto é, com base nas condições especificadas, mas
não é possı́vel verificar o cumprimento de todas as condições estipula-
das a teoria subjacente não pode ser desconfirmada, seja qual for o re-
sultado observado.Também não é possı́vel desconfirmar uma teoria em
que a previsão é feita com um valor de probabilidade inferior a 100%;
pois se um evento é previsto com, digamos, 70 por cento de probabili-
dade, qualquer tipo de resultado é consistente com a previsão. Somente
se o mesmo ”caso”ocorresse centenas de vezes, poderı́amos verificar a
probabilidade declarada pela frequência de ”acertos”e ”erros”. Isso não
significa frustração completa de todas as tentativas de verificar nossa te-
oria econômica. Mas isso significa que os testes da maioria das nossas
teorias serão mais do caráter das ilustrações do que das verificações
do tipo possı́vel em relação a experimentos controlados repetı́veis ou
a recorrências das situações totalmente identificadas. E isso implica
que nossos testes não podem ser convincentes suficiente para obrigar a
aceitação, mesmo quando a maioria dos homens razoáveis ??no campo
deve estar preparado para aceitá-los como conclusivos e aprovar a teo-
ria testada como ”não confirmado”, ou seja, como ”OK

• Machlup ressalta o entendimento dos testes com ilustrações, de modo


que maior número possı́vel de ilustrações é desejável. Mas isso implica
que os economistas deveriam concentrar seus recursos intelectuais na
tarefa de produzindo previsões falsificáveis ??bem especificadas, ou seja,
atribuindo menos prioridade a critérios padrão de avaliação como sim-
plicidade, elegância e generalidade,e mais prioridade a critérios como
previsibilidade e fecundidade empı́rica.

• No final do seção IV-B Friedman concorda que nunca há certeza na


ciência (nunca há certeza na ciência, ea evidência a favor ou contra
uma hipótese nunca pode ser avaliada completamente ’objetivamente’ ),
porém argumenta que o arcabouço neoclássico já foi testado e sua não
rejeição confirmada. (Uso da ideia de sobrevivência darwiniana). A
ideia de sobrevivência da hipótese de maximização dos lucros é colo-
cada no final da seção III.

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

• Esta é sem dúvida a passagem mais frustrante de todo o ensaio de Fri-


edman. Sem dúvida, quando o preço dos morangos aumenta durante
um perı́odo seco do verão, quando uma crise do petróleo é acompa-
nhada por um forte aumento no preço dos petróleo, quando os preços
da bolsa caem após a ameaça de uma mudança polı́tica monetária, po-
demos nos consolar com o fato de que as implicações doa hipótese de
maximização dos retornos falhou mais uma vez em ser refutada. No
entanto, dada a multiplicidade de hipóteses que poderiam explicar o
mesmo fenômenos, nunca podemos ter certeza de que a falha repetida
em produzir tais refutações não é sinal da relutância dos economistas
em desenvolver e testar hipóteses heterodoxas. Seria muito mais con-
vincente saber que eventos econômicos são excluı́dos pela hipótese de
maximização de retornos, ou ainda assim, que eventos, se ocorressem,
nos levariam a abandonar a hipóteses.

• Tese alchiana: todo pressuposto motivacional em economia poderá ser


escrito como uma declaração as-if; essas não são verdadeiras nem falsas.

• Essa análise de comportamento limite é forte na apresentação de re-


sultados de equilı́brio, sendo fraca na apresentação do processo que
permite tal equilı́brio. Além disso, nada garante que uma vez adotado
tal comportamento, esse será mantido em todos os perı́odos.

• Para justificar a tese alcuiana, precisamos ser capazes de prever o com-


portamento em situações de desequilı́brio, ou seja, precisamos suple-
mentar a teoria padrão de empresa por uma teoria até agora ausente
de entrada e saı́da relacionada ao surgimento e desaparecimento de em-
presas no ambiente econômico. Suponha que haja retornos crescentes
de escala na produção, ou qualquer outra vantagens de custo; se uma
empresa não maximizadora obtiver uma vantagem inicial diante de um
maximizador, digamos, entrando no setor mais cedo, a vantagem pode
permitir que o não-maximizador cresça mais rápido que o maximiza-
dor e fazê-lo irreversivelmente; em consequência, as únicas empresas
que observamos são empresas que não conseguem maximizar os lucros
e que de fato têm ”folga”(Winter,1962, p. 243) Até a mera presença
de produtos diferenciados e associações à publicidade realizada em um
setor pode produzir um resultado semelhante. Agora, é claro, podemos
definir um conjunto de suposições - retornos constantes à escala, pro-
dutos idênticos, mercados de capitais perfeitos, reinvestimento de todos
os lucros, etc. - apoiar a tese alchiana, mas esse procedimento só nos

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

trará de volta à questão do ”realismo”das suposições (pp. 242-5). Em


suma, o problema com a tese alquiana é o mesmo que o problema de
lendo o progresso em ”a sobrevivência do mais apto”na teoria darwini-
ana: para sobreviver, é necessário apenas ser melhor adaptado ao meio
ambiente do que os rivais, e não podemos mais estabelecer a partir da
seleção natural que espécies sobreviventes são perfeitas do que pode-
mos estabelecer a partir da seleção econômica que sobrevivem firmas
maximizadores de lucro.

• Resumindo o trabalho do Friedman: (1) premissas são ’amplamente’ ir-


relevante para a validação de teorias, que devem ser julgadas ”quase”apenas
em termos de seu valor instrumental na geração de previsões preci-
sas;(2) a teoria padrão possui um excelente registro preditivo, julgado
por ”inúmeras aplicações. . . problemas especı́ficos ”; e (3) a dinâmica
da competição ao longo do tempo é responsável por esse excelente
histórico, sejam quais forem os fatos de comportamento aberto ou a
motivação para o comportamento por parte dos indivı́duos.

• Falta de sofisticação metodológica de Friedman e crı́ticas exageradas


(comparação com Newton).
Ingenuidade Vs. sofisticação falsificada
Estamos quase no final de nossa história da controvérsia em meto-
dológicos na econômica moderna e o restante pode ser rapidamente
contado. No final da década de 1950, foram publicados dois livros so-
bre metodologia econômica, ambos nos quais negou que a economia
é uma ciência. Estudo de Sidney Schoeffler A Failures of Economics
(1955) lembra um livro de Barbara anterior à guerra Wootton, La-
ment for Economics (1938), embora vá muito além em negar as reivin-
dicações cientı́ficas da economia. O argumento central de Schoeffler é
simples em si: toda a tradição hipotético-dedutiva da teoria econômica
é um beco sem saı́da e os economistas devem investigar todo o conjunto
abandonando a pretensão de que exista algo autônomo na disciplina de
economia; previsões cientı́ficas só são possı́veis quando existem leis uni-
versais irrestritas quanto às circunstâncias, e uma vez que a economia
é um sistema que está sempre aberto a forças não-econômicas e ao jogo
do acaso, existe não pode haver leis econômicas e, portanto, nenhuma
previsão econômica como tal (Schoef-fler, 1955, pp. 46, 162). Tudo
isso em cinquenta e quatro páginas, após as quais o restante do livro
consiste em uma série de estudos de caso das falhas de determinados

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

modelos econômicos. Esta acusação totalmente negativa é limitada


por uma proposta positiva de um novo tipo de economia, que surpre-
endentemente acaba sendo uma teoria geral de ação racional baseada
em estudos indutivos de tomada de decisão (pp.221). Há pouco sen-
tido em separar o sentido do absurdo em Schoefeld, argumento de Fler
(mas veja Klappholz e Agassi, 1967, pp. 35-8), porque qualquer pres-
crição metodológica que equivale a limpar toda a ardósia da economia
recebida e começar tudo de novo do zero pode ser perder de imedi-
ato como autodestrutivo: os economistas sempre ignoraram e sempre
continuarão a ignorar o conselho daqueles que afirmam que, porque
um não pode correr, é inútil tentar andar. A Economia como Ciência
de Andreas Papandreou (1958) emprega um pouco do argumento dife-
rente, mas igualmente extremo, que distingue entre modelos e teorias:
para Papandreou, os modelos, diferentemente das teorias, não podem
ser refutados porque seu ”espaço social”relevante não está adequada-
mente caracterizado; mas mesmo as ”teorias básicas”da economia pre-
cisam ser complementadas por auxiliares pressupostos ou ”regras de
correspondência”que relacionam as variáveis ??teóricas da teoria para
o mundo real para se tornar as ”teorias aumentadas”que são genuina-
mente refutáveis. Sua acusação da prática atual em economia é simples-
mente que os economistas raramente formulam ”teorias aumentadas”e,
em vez disso, estão satisfeitos com ”modelos”ou ”teorias básicas”, que
são esquemas virtualmente irrefutável irrefutáveis (Papandreou, 1958,
pp. 9-11,136, 139, 144-5; também 1963).

Em essência, Papandreou está argumentando generalizando a tese de


Duhem-Quinetese, que ele de alguma forma interpreta como uma di-
ficuldade peculiar da teoria econômica (ver pp. 134-5). Embora ele
enfatize a importância do ”significado empı́rico”, ele parece confinar
as ”teorias básicas”a estáticas comparativa quantitativas e negar que a
economia possa se vangloriar de pelo menos alguns previsões qualitati-
vas. Mas nunca é fácil decidir exatamente o que ele quer dizer porque
todo o argumento está enterrado sob montanhas formais de um novo
conjunto de linguagem em teórica economia (ver Klappholz e Agassi,
1967, pp. 33-5; Rosenberg, 1976, pp. 172-7). O positivismo estridente
de Papandreou parece ter gerado um discı́pulo que aplicou o essencial
do argumento à teoria do comportamento do consumidor (Clarkson,
1963), mas disso há mais.

O próximo item em nossa cronologia é a Filosofia Econômica de Joan

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

Robinson(1962), um livrinho intrigante que descreve a economia como


parcialmente um estudo da sociedade e em parte um veı́culo de pro-
pagação da ideologia, isto é, de um tipo politicamente apologético, mas
cujo impacto cumulativo é sugerir que a economia recebida é muito mais
a última do que a primeira. Popper é mencionado como demarcando
uma proposição metafı́sica de uma cientı́fico, e as dificuldades ineren-
tes às ciências sociais de produzir a evidência de teorias é dada como
a razão pela qual a ideologia com tanta frequência insinua-se no argu-
mento: ”a economia manca junto com um pé nas hipóteses testadas e
outra em slogans não testáveis ??”(Robinson, 1962, p. 25; tambémpp.
3, 22-3). O livro termina com um apelo por não abandonar ”a es-
perança de que a economia pode avançar na ciência ”(p. 146), mas
nenhuma orientação é oferecido sobre como isso deve ser alcançado.

Isso nos leva à primeira edição do popular livro de Richard Lipsey,


AnIntrodução à Economia Positiva (1963), cujo capı́tulo inicial sobre
método cientı́fico representou uma franca defesa do falsificacionismo
popperiano em sua versão ”ingênua”, ou seja, a crença de que as teorias
cientı́ficas podem ser criticadas por um único teste decisivo. ”O falsifi-
cacionismo ingênuo”na primeira edição deu lugar ao ”falsificacionismo
sofisticado”na segunda edição: ”Eu abandonei a noção popperiana de
refutação e passaram a uma visão estatı́stica de teste que aceita que
nem refutação nem confirmação podem ser definitivas, e que tudo o que
podemos esperar é descobrir com base em quantidades finitas de conhe-
cimento imperfeito qual é o equilı́brio de probabilidades entre hipóteses
concorrentes ”(Lipsey, 1966, p. xx; ver também p. 52n). O ponto de
vista de que esse passagem exemplifica aparece em todas as edições
subsequentes do livro e hoje em dia, o livro de Lipsey continua sendo
a excelente introdução inspirada em Popper economia elementar, que
enfatiza continuamente ao longo de todo as suas páginas a necessidade
de avaliar evidências empı́ricas em favor de uma teoria particular em
relação às evidências que sustentam as teorias rivais.

• Voltar ao essencialismo Nesse ponto, podemos ficar tentados a repe-


tir a recente experiência de Hutchison expressou de que agora ”Talvez
a maioria dos economistas - mas nem todos- concorda que melhores
previsões de comportamento ou eventos econômicos são a principal
ou tarefa primária do economista ”(Hutchison, 1977, p. 8). Nunca
é fácil avaliar o equilı́brio de opiniões sobre um assunto como esse,
mas é suficiente dizer que há muitas indicações de que a maioria, se

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

é maioria, representa não mais que 51% dos economistas modernos.


Economistas radical-marxistas e neo-marxistas, pós-keynesianos e neo-
keynesianos, institucionalistas e economistas heterodoxos de todos os
tipos, que juntos constituem uma parcela considerável da geração mais
jovem, certamente não concordaria que as teorias econômicas devem,
em última análise, permanecer ou cair com base em seu testes empı́ricos
de hipóteses constituem, por assim dizer, a Meca do economista mo-
derno (ver Blaug, 1990, pp. 60-2). Mesmo Benjamin Ward catalogo
agressivamente de What’s Wrong With Economics? (1972), um dos
melhores esforços até o momento para reavaliar a economia através dos
óculos kuhnianos, nega queo fracasso em enfatizar as consequências
empiricamente falsificáveis ??das teorias é uma das principais falhas da
economia moderna(Ward, 1972, p. 173).

Para mostrar até que ponto uma metodologia anti-Popperiana real-


mente prevalece em alguns quartos da profissão, precisamos apenas
examinar uma abordagem metodológica contribuição radical de Mar-
tin Hollis e Edward Nell, Rational Economic Man,subtitulado Uma
crı́tica filosófica da economia neoclássica (1975).

Este livro examina a aliança profana entre economia neoclássica e po-


sitivismo lógico, sem mencionar, no entanto, Popper, Lakatos, ou qual-
quer outro positivista posterior ao jovem Ayer (algumas das obras de
Popper são citado na bibliografia, mas nenhuma referência explı́cita ou
implı́cita a suas idéias aparece no texto). O positivismo, eles argumen-
tam, é uma filosofia falsa e a economia neoclássica deve se encaixar
nela: a tese positivista da separabilidade de fatos e valores, por um
lado, e fatos e teorias, por outro, é insustentável porque todos os fa-
tos são carregados de teoria e todas as teorias são carregadas de valor.
Uma epistemologia mais satisfatória pode ser construı́da sobre o ra-
cionalismo pelo qual eles significam a demonstração de que existem
verdades kantianas ”sintéticas”a priori :”Nossa estratégia depende de
poder escolher o que é essencial e depois insistem em que o essencial é,
portanto, encontrado na prática ”(Hollis eNell, 1975, p. 254; também
p. 178). Os sistemas econômicos devem se reproduzir e esse fato de
reprodução é, portanto, a ”essência”dos sistemas econômicos que por
si só podem fornecer uma base sólida para a teoria econômica. O pro-
blema com a economia neoclássica, dizem eles, é que não há nada na
estrutura de trabalho que garanta que empresas e famı́lias se reconsti-
tuam periodicamente.

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

Depois disso, poderı́amos esperar aprender que a teoria econômica


”sólida”é a teoria moderna do crescimento, que obviamente se preocupa
fundamentalmente com as propriedades infinitamente reproduzı́veis e
em estado estacionário dos caminhos do crescimento econômico. Mas
não, a única alternativa à economia neoclássica que incorpora om as-
pecto essencial da ”reprodução”é a economia marxista-clássica, que
significa atualmente economia neo-ricardiana, apoiando-se fortemente
no trabalho de Sraffa ao invés de Marx (Hollis e Nell, 1975, pp. 188,
195). O capı́tulo final do livro, apresentando um breve esboço de ”Eco-
nomia Clássica-Marxista em Racionalidades Fundamentais ”, parece
retrair muito do que foi antes: de repente lembrando que o capitalismo
está sujeito a ciclos comerciais periódicos e talvez mesmo até o colapso
final, os autores admitem que ”os sistemas de fato frequentemente fa-
lham em reproduzir-se ”, e nesse caso é difı́cil ver por que tanto feita
de ”reprodução”como a essência dos problemas econômicos.

Hollis e Nell tentam selar ”economistas positivos”com o problema de


indução; demolindo a indução, eles acreditam que conseguiram noção
de um frutı́fero programa de pesquisa neoclássica. Eles investiram con-
tra a suposições tı́picas da economia neoclássica, particularmente o
pressuposto de informações perfeitas, na aparente ignorância de Hut-
chison que, desde 1938, fizeram muitos de seus argumentos e enfatizam
várias dificuldades genuı́nas na tentativa de testar teorias econômicas
como se ninguém antes delas jamais suspeitassem de tais problemas.
Em algum sentido misterioso, a economia marxista-clássica deve esca-
par de todas essas dificuldades, mas é claro que isso acontece apenas
fugindo do critério empı́rico para validar teorias. De fato, é claro que
sua abordagem racionalista e essencialista do conhecimento econômico
deixa nenhum papel para a pesquisa empı́rica quantitativa. O livro de-
les simplesmente apaga todos os avanços no pensamento metodológico
da economia do pós-guerra popperianismo ignorou. Quase poderı́amos
dizer que, se tivessem lido o livro de Popper, muitos comentários devas-
tadores sobre a filosofia do essencialismo (Popper, 1957,26-34; também
Popper, 1976, pp. 18-21, 197-8; Popper e Eccles, 1977,172-94), seu li-
vro teria sido privado de sua raison d’être.

Talvez seja um lugar tão bom quanto qualquer outro para dizer mais
algumas palavras sobre a filosofia do essencialismo, que elevará sua
cabeça feia uma ou duas vezes mais no decorrer de nossa discussão. O

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

essencialismo remonta a Platão e Aristóteles para quem o conhecimento


ou ”ciência”começa com observações de eventos individuais e prosse-
gue por enumeração indutiva simples, até compreender por intuição o
que é universal nos eventos - sua ”essência- que é então consagrado em
uma definição do fenômeno em questão. A doutrina que é o objetivo
da ciência descobrir a verdadeira natureza ou essência das coisas e des-
crevê-los por meio de definições teve uma enorme influência sobre os
paı́ses ocidentais pensamento até o século XIX. Popper contrasta essa
marca de essencialismo metodológico com o nominalismo metodológico
que veio em debates cientı́ficos com Newton, segundo os quais o ob-
jetivo da ciência é descrever como as coisas se comportam em várias
circunstâncias com a ajuda de leis versais e não para determinar o que
realmente são.

Popper argumenta há muito tempo que o essencialismo tem efeitos pre-
judiciais sobre as teorias sociais, porque incentiva uma tendência anti-
empı́rica para resolver problemas pelo uso de definições. Hollis e Nell
nunca nos dizem como proceder para selecionar a ”essência”dos siste-
mas econômicos; eles implicam que equivale abstrair ”corretamente”,
mas eles não fornecem nenhum critério para avaliar abstração ”cor-
reta”que não seja realismo bruto. Os adeptos do essencialismo estão
inclinados a resolver questões substantivas buscando um dicionário fei-
tos por eles próprios, e Hollis e Nell exemplificam essa tendência à
perfeição: a reprodução é a ”essência”do sistema econômico, porque
nós dizer-lhe isso!

• Institucionalismo e modelagem de padrões


Abordei todo o menu de possı́veis metodologias econômicas? Alguns
diriam que não. Eles discernem nos escritos do americano instituciona-
listas, um modo de explicação que não é apriorismo, o operacionalismo,
o instrumentalismo, o descritivismo, nem o falsificacionismo: é o que
foi chamado de modelagem de padrões porque procura explicar eventos
ou ações, identificando seu lugar em um padrão de relacionamento que
se diz caracterizar o sistema econômico como um todo (Wilber e Har-
rison, 1978). Os modeladores de padrões, nos dizem, rejeitam todas
as formas de ”atomismo”e se recusam a resumo de qualquer parte de
todo o sistema; suas hipóteses de trabalho são relativamente concreto
e próximo ao sistema descrito, e se eles gerarem universalmente, eles
fazem isso desenvolvendo tipologias; suas explicações enfatizam tama-

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

nho ”entendimento”em vez de ”previsões”, e eles veem uma explicação


contribuindo para entender se novos dados se encaixam de acordo com
os padrões declarados.

Não tenho dúvida de que essa é uma descrição mais ou menos pre-
cisa dos métodos de alguns institucionalistas como Thorstein Veblen,
Clarence Ayers etalvez Gunnar Myrdal. Mas é difı́cil encontrar algo pa-
recido com o modelo padrão nos escritos de John R. Commons, Wesley
Clair Mitchell e JohnKenneth Galbraith, a quem alguns considerariam
os principais institucionalistas. Isto é claro que todos esses escritores
estão unidos em alguns aspectos: nenhum deles qualquer caminhão
com conceitos de equilı́brio, comportamento racional, ajustamento ins-
tantâneo e conhecimento perfeito, e todos eles favorecem a ideia de
grupo de comportamento sob a influência de costumes e hábitos, pre-
ferindo ver o sistema econômico mais como organismo biológico do que
como máquina. Mas isso é um longe de dizer que compartilham uma
metodologia comum, ou seja, um método comum de validar suas ex-
plicações (ver Blaug, 1978, pp. 710-13, 726-7). Pode haver algo como
uma escola de institucionalismo, mas claramente não possui uma me-
todologia única negada aos economistas ortodoxos.

Uma descrição muito melhor da metodologia de trabalho dos institu-


cionalistas é o que Ward (1972, cap. 12) chama de narrativa, que
ele argumenta também escreve muita economia ortodoxa, particular-
mente do tipo aplicado. Contar histórias utiliza o método do que os
historiadores chamam de coligação, a vinculação conjunto de fatos, ge-
neralizações de baixo nı́vel, teorias de alto nı́vel e valor julgamento
em uma narrativa coerente, mantidos juntos por uma cola de um con-
junto implı́cito de crenças e atitudes que o autor compartilha com seus
leitores. Em mãos capazes, pode ser extremamente persuasivo e, no
entanto, nunca é fácil explicar depois por que isso persuadiu. Como
validar uma parte especı́fica da narrativa? Alguém pergunta, é claro,
se os fatos forem corretamente declarados; se outros fatos forem omiti-
dos; se o nı́vel inferior generalizações estão sujeitas a contra-exemplos; e
se pudermos encontrar concorrentes histórias que se encaixam nos fatos.
Em resumo, passamos por um processo idêntico ao que empregamos re-
gularmente para validar a hipótese hipotético-dedutiva explicações da
economia ortodoxa. No entanto, como contar histórias carece de rigor,
carece de uma estrutura lógica definida, é fácil demais verificar e pra-
ticamente impossı́vel falsificar. É ou pode ser persuasivo precisamente

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HPE CLAUDIA PERDIGÃO

porque nunca é executado o risco de estar errado. Talvez os problemas


econômicos sejam tão intratáveis ??que a narrativa seja o melhor que
nós podemos fazer. Mas se for esse o caso, é estranho que deverı́amos
realmente recomendar a metodologia segura de contar histórias e de-
plorar o risco metodológico de falsificacionismo. Certamente, quanto
mais falsificacionismo, melhor?
O mainstream atual
Nada como um consenso esmagador emergiu de nossa revisão da me-
todologia econômica do pós-guerra. Mas, apesar de alguns tremores
ao redor das arestas, é possı́vel discernir algo como uma visão geral.
Apesar do embaraço do F-twist, Friedman e Machlup parecem ter per-
suadido a maioria de seus colegas que a verificação direta dos postulados
ou suposições da teoria econômica são desnecessárias e enganosas; teo-
rias econômicas devem ser julgadas na análise final por suas implicações
para os fenômenos que eles são projetados para explicar. Ao mesmo
tempo, a economia é considerado apenas uma ”caixa de ferramentas”, e
os testes empı́ricos podem mostrar, não tanto se determinados modelos
são verdadeiros ou falsos, mas se eles são ou não são aplicáveis ??em
uma determinada situação. O clima metodológico predominante não
é apenas altamente protetora da teoria econômica recebida, também é
ultra permissivo dentro dos limites das ”regras do jogo”: quase qual-
quer modelo fornecido é rigorosamente formulado, elegantemente cons-
truı́do e promissor de relevância potencial de situações do mundo real.
Alguns economistas famosos, como o falecido John Hicks, por exem-
plo, até consegue ao mesmo tempo empı́ricos e enfatizar as implicações
polı́ticas da teorias econômicas, uma posição claramente esquizofrênica
(ver Blaug, 1990, cap. 5). Os economistas modernos frequentemente
pregam o falsificacionismo, como vimos, mas eles raramente praticam:
sua filosofia de trabalho da ciência é adequadamente descrita como ”fal-
sificacionismo inócuo”.

Para fundamentar essa acusação, examinaremos o status empı́rico de


uma amostra de teorias econômicas dominantes. Antes de fazê-lo,
no entanto, nós precisamos discordar para considerar a questão pro-
blemática da economia do bem-estar. Uma das caracterı́sticas que dis-
tingue economia de fı́sica, quı́mica e biologia é que proposições em
economia frequentemente servem ao mesmo tempo como explicações
do comportamento e como normas estipuladas para o comportamento.
Lá é pouco ou nada na filosofia moderna da ciência que nos ajuda a
julgar teorias que deduzem a natureza de um ótimo social de certos as-

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pectos fundamentais julgamentos de valor. É talvez por isso que tantos


economistas modernos não conseguem falsificação séria?

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