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BELÉM
2016
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BELÉM
2016
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Profª. Drª. Rachel Sfair Ferreira Benzecry
Orientadora – Devry | Faci
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Prof. Ms. Raul Da Silva Ventura Neto
Examinador interno – Devry | Faci
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Prof. José Freire da Silva Ferreira
Examinador externo – Diretor Regional da ABDEH e Prof. Adjunto IV do Curso e
Arquitetura e Urbanismo da UFPA
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A Deus,
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, sentido maior de minha vida e responsável por todas as minhas
realizações.
A Maria, mãe de Deus e minha mãe que sempre aumenta minha fé.
Aos meus pais Fernando Amaral Guimarães e Rosangela C. F. de Gusmão Guimarães, meus grandes
exemplos em tudo, são minha fonte de inspiração para arquitetura e formadores de meu caráter, que eu
possa orgulha-los em cada passo de minha caminhada.
A minha querida irmã Fernanda que sempre alegra meus dias com seu jeito único e especial de ser.
A minha querida orientadora Drª. Rachel Sfair Ferreira Benzecry, extremamente dedicada e competente
em tudo o que faz e de quem tenho orgulho de ter sido orientando.
A todas as preciosas amizades que estiveram ao meu lado durante a vida acadêmica, parceiros para toda
a vida, os quais, de alguma forma cada um me ensinou um pouco e me fez evoluir.
Ao Prof. José Freire pela paciência e auxilio no método construtivo.
Agradeço a todos os professores que tive durante a vida, sem eles nada disso seria possível.
Por último e não menos importante minha cadelinha Milk por ser fonte incondicional de alegria e carinho
me motivando a seguir em frente.
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RESUMO
A Fazenda Jaguararí situada ás margens do Rio Moju, no Estado do Pará foi no século XVII
cede de um dos mais produtivos engenhos no poder dos Padres da Ordem dos Jesuítas na
Amazônia, este adquiriu enorme valor histórico através dos anos. Com as mudanças políticas,
os missionários foram expulsos do Brasil e suas terras tomadas durante a reforma pombalina,
logo, Jaguarari passou de mão em mão até os dias de hoje, suas terras também foram cortadas
pela construção da Ponte Moju-Alça inaugurada em 2002 que por sinal foi responsável por
grande perda de material arqueológico do local. Atualmente, no Sítio arqueológico Jaguararí é
possível ter contato com as ruínas de uma antiga Igreja ainda da época dos Jesuítas que está
condenada ao desaparecimento se uma atitude não for tomada. Este trabalho busca a
requalificação desta ruína, resgatando a memória do legado jesuíta e das diferentes culturas
envolvidas nessa fazenda, dentre elas as dos Africanos e Indígenas, trabalhadores na Amazônia.
Palavras-chave: Requalificação de ruínas. Engenho. Jesuítas. Igreja. Sítio arqueológico.
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ABSTRACT
The Jaguarari Farm locatede at the Moju’s River bank, State of Pará, was the main office for
one of the most productive mill under control of The Jesuit Priests at the XVII century at
Amazon, this mil got a big historic valuation throug the years. Together with all the politics
changes the missionary got removed by force from Brazil and all theys lands taken during the
Pombaline reform, so, Jaguarari was passing hand by hand until today. Its lands got divided by
the construction of the Moju-Alça bridge inalgurated at 2002, the cause of a big loss on the
historical and archaeological material at the place. Currently, at the Jaguarari Archaeological
site is possible to have contact with old ruins of an old church from the time of the Jesuitic
Priests, which is condemned to desapear if any action is taken. This academic work seeks to the
requalification of this ruins, rescuing the memory of the Jesuit legacy and from the diferente
cultures involved at this farm, amonsgst them, the Africans and indians, workers at Amazon.
Key words: Ruins requalification. Mill. Jesuits. Church. Archaeological site.
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LISTA DE FIGURAS
LISTA DE FOTOGRAFIAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11
REFERÊNCIAS.............................................................................................................54
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1 INTRODUÇÃO
Segundo Santos (1985, p.18), “[...] cada lugar não é mais do que cada uma fração do
espaço total.”. é por essa razão que cada fração do espaço total possui por um lado
características semelhantes a outros lugares e por outro lado possui singularidades.
Estas singularidades que cada porção urbana possui devem ser valorizadas pela
sociedade, visto que, nestes lugares existem uma única combinação de estruturas, processos,
formas e função que ao se relacionarem produzem uma forma física única (SANTOS, Milton,
1985).
Neste sentido, o Sítio Arqueológico na Fazenda Jaguarari é uma fração urbana do
espaço total. E com isso, possui uma singularidade arquitetônica, social e paisagística que
combinadas entre si, torna essa Fazenda uma porção urbana singular.
A Fazenda Jaguarari, é de notável importância no tear da história do Pará,
principalmente a partir das missões Jesuítas. Situada às margens do Rio Moju, ao lado direito
da Ponte Moju-Alça da Alça Viária, possui rico material arqueológico e arquitetônico,
importantíssimos para a compreensão do passado e consequentemente uma análise mais clara
e segura do presente, dentre eles destacam-se as ruínas de uma Igreja secular, foco desta
monografia.
A Fazenda Jaguarari foi uma das mais importantes e produtivas fazendas na época dos
Jesuítas, que chegou nas mãos destes após um Casal doar as terras para que os missionários
pudessem trabalhar em prol das missões e tirar o próprio sustento. Esse tempo durou até a
reforma Pombalina (1750), quando a ordem Jesuíta fora expulsa do Brasil. (MARQUES, 2004)
Tendo como objetivo geral a requalificação de uma ruína localizada nesse sítio
histórico, serão consideradas as categorias de forma, função, estrutura e processo de Milton
Santos (1985; 2001), uma vez que com a existência de forma e função, estas surgem à partir de
estruturas e processos constituídos ao longo do tempo.
Para o método de interpretação e de análise faz-se necessário a análise da história de
longo prazo do Sítio arqueológico, em que seus elementos duram e perduram ao longo das
décadas, trazendo consigo os vestígios para contar a história de cada momento, os quais se
moldam principalmente conforme as ações sociais.
A História de longo prazo (longue durée) de Fernand Braudel (LECHTE, 2002)
contempla uma base ampla, em que existem várias perspectivas diferentes, não sendo nenhuma
delas baseada em uma única ótica. A história de longo prazo será a trajetória dos engenhos,
sobre seu papel durante os anos e a importância do sítio para as diversas culturas relacionadas
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a este durante a história até os dias de hoje, ou seja, este trabalho contempla uma análise
histórica do século XVII aos dias de hoje.
A dinâmica social através do tempo será o foco de análise de um complexo que se
encontra atualmente abandonado. A longa história da Fazenda Jaguarari contempla desde sua
construção pela ordem dos padres Jesuítas (século XVII), até a tomada do mesmo pelo Marques
de Pombal (século XVIII), perpassando por alterações sociais e físicas que no decorrer do
tempo resultaram, nas severas ações da natureza que exerceram maior desgaste nas edificações
principalmente pela falta de manutenção ocasionada pelo esquecimento atual além de uma
grande “ferida” causada pela ponte que corta sua área ao meio. Além disso, a analise tomará
como referência outros exemplos de engenhos, principalmente situados na região amazônica.
A base principal para a requalificação da ruína da Igreja dos Jesuítas será conforme as
ideias de Cesare Brandi (1963), um dos mais importantes teóricos do restauro. A proposta de
requalificação busca, principalmente manter viva a história do legado jesuíta na Amazônia,
inclusive as ações do tempo e a falta de preservação que culminaram na descaracterização da
arquitetura original e lhe deram a forma atual de ruína, já que os motivos de se estar como está
contribuem para as conclusões tiradas a respeito de sua história. Portanto, os meios utilizados
para alcançar a proposta de requalificação de uma ruína jesuíta foram escolhidos de forma a
respeitar sua originalidade e sua história de vida desde a construção até o momento da
intervenção. Harmonizando com o todo ao mesmo tempo que se mostra nova e auxiliadora para
que o original possa ser valorizado e preservado, servindo novamente as pessoas, perdurando
de forma não apenas para que a estrutura física se mantenha, mas também todo o valor
sociocultural permeado em sua existência.
Com as transformações políticas através dos anos, este marco histórico foi condenado
ao esquecimento e logo a sua total destruição caso ninguém intervenha, então o trabalho
desenvolvido busca propor um anteprojeto de intervenção para que a ruína dos Jesuítas volte a
vida, através de uma proposta de requalificação, resultando em um novo espaço para a
população local e visitantes, assim como preservar a edificação de valor histórico e o que ela
representa na história do Pará. Foram consideradas três questões da problemática para a
construção deste trabalho:
- Qual o estado de preservação e conservação da ruína da Igreja dos Jesuítas?
- Qual a importância histórica do complexo?
- Como o projeto de requalificação da ruína da Igreja dos Jesuítas contribuirá para a
valorização social, econômica e política desta área?
A partir das questões da problemática foram desenvolvidas três hipóteses:
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- O complexo possui uma das primeiras Igrejas da ordem dos Padres Jesuítas na região,
a qual possui arquitetura característica da época colonial.
- O estado de conservação da ruína da Igreja dos Jesuítas encontra-se em total
destruição sem a possibilidade de qualquer recuperação.
- O projeto trará vida ao local, abrindo espaço para o uso dos habitantes locais e
estimulando a visitação.
O objetivo geral é propor um anteprojeto de requalificação da ruína da Igreja da
Fazenda Jaguarari, resgatando a história do legado jesuíta na Amazônia desta ruína surgida no
período colonial, possibilitando assim aos visitantes apreciarem a história no local, bem como
trazer vida com o resgate do uso religioso.
A pesquisa tem natureza qualitativa-quantitativa. Qualitativa, pois será feita uma
análise espacial, com base nas ações da sociedade no tempo e quantitativa, pois será feita uma
proposta de intervenção arquitetônica para a requalificação do complexo existente.
arqueológica feita no local e seu atual estado de preservação e conservação, estes contribuindo
para o conhecimento sobre a importância dos vestígios ali presentes em escala física.
O projeto de requalificação é a quarta parte deste trabalho, onde iremos abordar as
soluções escolhidas para tingir os objetivos da maneira mais respeitosa possível do ponto de
vista tanto dos teóricos do restauro quanto através da visão das pessoas relacionadas com a
história do lugar, possibilitando a preservação e conservação do patrimônio.
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a confortos vindos da corte que os apoiara na época. Este comportamento era visto por muitos
como ridículo segundo D’Azevedo (1999), as pessoas não davam o mesmo respeito e crédito
aos homens de vida modesta da mesma maneira que o faziam com os clérigos que ostentavam
influencia, confortos e poder na Europa. (D’AZEVEDO, 1999).
A mesquinhez da existência, a compostura modesta que os novos apóstolos
adoptavam, não podiam dar-lhes prestigio entre um povo costumado a ver no
clero ostentações de opulência e domínio. Começaram a ser designados no
vulgo idiotas. O favor que Don João III lhes dispensava causou surpresa; a
Universidade admirava-se que um rei prudente fizesse tanto caso de gente
idiota; e o conde de Sortelha, para desculpar o monarca, dizia que ele por
idiotas os considerava, e só ao mandára vir ao reino para converterem os
negros de Africa e os gentios da India. (D`AZEVEDO, 1999. p. 36)
Fonte: http://jesuiticaheranca.blogspot.com.br/2012/07/levar-luz-de-nossa-santa-fe-aos-
sertoes_18.html#more acessado em 10 de Ago. de 2016.
Situação que levava a um ato desesperado pela sobrevivência, o pedido pela importação de
escravos africanos. (AZEVEDO, 1999)
O governo tentava impor o uso da moeda, e assim ter mais controle e imposição na
arrecadação dos impostos, estes usavam de rigidez e violência contra os que recusassem a
aceitar a moeda. Os negociantes com sofrimento e muito contrariados aceitavam as moedas,
porém não com o mesmo valor inserido na espécie, diferentemente se a negociação fosse
realizada através da troca. A principal moeda de troca eram as próprias mercadorias, os novelos
de algodão e panos em rolos eram os gêneros mais usados, e em seguida e principalmente para
negociações maiores, foram o cacau e o cravo.
O algodão, em novelos e rolos de panno, foi a moeda mais em uso; depois
delle, e para quantias maiores, o cacau e o cravo. Por vezes se tentou pôr em
circulação as especies de cobre, mas o costume inveterado, e o próprio bom
senso dos habitantes, levavam-nos a preferirem os productos, com valor real,
que representavam, a immediata utilidade nos usos da vida. Nem logravam
desvanecer essa justificada repugnancia as asperezas da lei. Cominava esta as
penas de degredo e açoutes, contra quem rejeitasse a moeda, a que o Provedor
da Fazenda baldadamente intentava dar curso no Estado. Muito violentados,
os negociantes acceitavam por fim desapreciado metal, mas só pela metade do
valor inscripto no cunho e, não obstando as diligencias do governo, o algodão
e o cacau continuaram a ser por muitos annos o principal e quasi exclusivo
instrumento das permutas. (AZEVEDO, 1999. p. 194)
Era costume também que estes estivessem livres dos dízimos no Estado assim como
das tarifas alfandegárias da metrópole. Isso se dava, pois os lucros advindos seriam aplicados
no sustento das missões, o que nem por isso deixava de arruinar os homens comuns.
Portugal estava considerando, que estivessem agindo com insubmissão, pois os
missionários não estavam dando “satisfação” à coroa, suas obras estavam vindo antes dos
planos reais. Alegavam que a entidade religiosa deveria pagar impostos referentes as terras
adquiridas por compras e doações, no caso, as outras além das concedidas pelo governo no
início das missões. Outro ponto de atrito é de que eram totalmente contra a escravização dos
índios e por outro lado o Estado precisava da mão de obra para o crescimento da colônia e não
mais se intimidariam com a resistência.
Acerca dos religiosos, prescreve que, se fizerem dificuldades sobre as
escravidões, e recusarem pagar os salários, o governador os persuada a que se
sujeitem, e sejam os primeiros na obediência, sob pena de serem esbulhados
das terras, que só por abuso senhoreiam”. (AZEVEDO, 1999 p.238)
Outro fator importante foi em relação a prepotência da ordem, que outrora se via nas
graças dos poderosos monarcas além de contarem com a força conquistada nos seus seguidores,
fazendo com que estes se sentissem a vontade para enfrentar e impor seus interesses, por vezes
se recusando a pagar o dízimo do que arrecadavam, o que enfureceu ainda mais os que haviam
lhes fortalecido anteriormente.
Cada vez mais encoleiravam-se os defensores dos interesses da coroa contra a potência
que os Jesuítas haviam se tornado, buscando lhes desarticular de todas as formas já que iriam
contra os planos Portugueses. Com menção especial ao capítulo primeiro do Regimento das
Missões em que os missionários possuíam poder espiritual, político e temporal das aldeias e
todos os mais com esses relacionados, seria restituída a lei de 1663 em que os próprios índios,
denominados principais. A medida provem das propostas de Paulo da Silva Nunes, cujas ideias
serviram como base para a reforma pombalina, separando de uma vez por todas a administração
política da instrução espiritual, já que era vedado aos religiosos dominarem os assuntos do
governo já que estes são ministros de Deus e de sua igreja. Sendo em 1759 que o Marques de
Pombal realiza a expulsão definitiva da ordem dos Jesuítas da Colônia Portuguesa, enviando
navios com os ordenados de volta para a Europa.
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Depois da expulsão dos Jesuítas ao final da década de 1750, muitas propriedades foram
entregues ao comando da Fazenda Real, aos cuidados do Governador João Pereira Caldas,
dentre eles estariam as terras do Jaguarari. (MARQUES, 2004. p. 170).
Figura Cartografica 01 – Localização das terras de Jaguarari
naquele estado; tem dentro uma famosa olaria, e muitos oficiais nela;
uma oficina de ferreiros, com bons mestres; fábrica de canoas, tecelões,
carpinteiros etc. Tem léguas de terras, cultivo da farinha-de-pau, searas
de milho, e arroz, fazenda de cacauais, e cafezais; um famosos curral
de gado e todo o preciso para todos os ofícios. (DANIEL, 2004, vol. 2,
p. 203 )
Nos anos de 1820 houveram dois cientistas da Alemanha, Spix e Martius que se
hospedaram na fazenda e se empenharam a estudar sua área, equipamentos, construções e
abordar o cotidiano nos domínios.
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Figura Cartografica 02 – Vista superior com identificação da Igreja, área do cemitério, portão e
estradas próximas.
Não foi possível verificar o local das ruínas da Casa Grande no sítio Jaguarari, porém,
em outros sítios, como o Murutucu, a Capela e a Casa Grande foram assentadas na parte mais
elevada do terreno, em partido aberto, ou seja separados das demais edificações, sem muita
proximidade e em um ponto estratégico que permitia controle visual mais amplo do espaço,
normalmente no ponto mais alto do terreno, que permitia aos senhores observarem a redondezas
e manterem mais sua privacidade, o posicionamento geralmente permitia uma bela vista da
propriedade, de acordo com o livro Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI de Chico
Mendes, Chico Veríssimo e William Bittar é uma tendência fortemente notada em engenhos
coloniais brasileiros. Estas eram construções monumentais, com paredes de até um metro de
espessura, diferentemente das modestas construções da Senzala. (MARQUES, 2004. p170.)
Figura 07 – Iconografia do Casarão do Engenho por Alexandre Rodrigues Ferreira.
A topografia possui perfil de ondulações suaves, com ocorrência de sulcos que servem
de drenagem, como o Igarapé Jaguarari também conhecido como Matiçari. A respeito da
vegetação, é predominantemente uma capoeira, bastante alterada através dos anos e que possui
ocorrência de gramíneas, atualmente uma área desmatada que vem servindo para criação de
gado. É possível verificar destaque em lateritas 1 argilosas e amareladas no local.
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Solo após intensa lixiviação adquire aspecto duro, com menor permeabilidade, encontra-se mais notavelmente
na margem dos rios e notadamente se parecem com paredões.
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Fotografia 01 – Vista frontal da Calha usada para geração de energia soterrada e do novo
galpão.
por destruir irreversivelmente grande parte do sítio arqueológico em Jaguarari. A própria área
frontal da igreja fora perdida junto a um grande volume em camadas com componentes de
interesse arqueológico, tudo isso causou uma descaracterização extremamente agressiva à
paisagem da região. Não obstante, em 2004 houve o adicional de uma torre de linha de
transmissão de energia. (MOREIRA, 2010. p.9).
Capella Mor
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Huma capella mor com seu forro bem pintado com a entalha bem pintada digo
dourada tudo quazi novo com suas grades de pao torneado.
Huma Imagem de Nossa Senhora da Asumpsão orago da mesma capella com
sua coroa de prata e dous anjos ao lado pegando cada hum em seu castisal.
Huma Imagem do Senhor Crucificado pequena.
Hum presépio debaixo do acento da dita Senhora com as figuras pertencentes
a elle.
Hum menino Jesus Croa de prata.
Huma Custodia de pao pequena dourada com seu agnus dei.
Hum sacrário com duas ambollas de prata hûa dellas dourada com sua cuberta
Tisso.
Huma imagem e Sancto Antonio de Loyolla com seu resplandor de prata.
Huma Imagem de São Francisco Xavier com seu resplandor de prata e seu
cruxificio de latão.
Huma Imagem de Nosa Senhora do Rozário com coroa de prata e su menino,
com outra com seu manto de veludo azul já velho e com veronica de prata no
rozario.
Huma imagem de Sancta Quitéria com seu resplandor de prata
Huma imagem de São Jerônimo e outra de São Benedicto com seu resplandor
de prata todas de pao huas maiores e outras mais pequenas.
Duas laminas de cobre boas sem vidros húa de São Jerônimo e outra de Sancta
Maria Madalena.
Quatro painéis pequenos com suas molduras e mais hû caixilho de relicário
com sua folheta de prata
Huma crus encima da entalha cheya de relíquias.
Seis castisais de bronze de dois palmos cada hû, treze de estanho pequeno de
latão também pequenos com duas campainhas.
Huma sacra com dous Evangelhos e huma pedra Dutra.
Huma estante de misal e hum par de galhetos de vidro com seu pratinho.
Huma imagem do Senhor morto debaixo do altar com seo veo de seda e
culsam de pao pintado de roxo com três imagens de senhora e das duas Marias
e com dois anjos no mesmo tumullo tudo de pao.
Dous arquibancos pintados de amarello.
Dous pares de cortina de chamalote em duas janellas da capella mor
Dous anjos de entalha grandes co dous castisais de tocha.
Seis retabolos e entalha dos mistérios Gloriozos da Senhora próximos do forro
da capella mor que lhe tomão toda a extensão.
Seis painéis pequenos pintura de fumo emais dois grandes pintura de cor nobre
com seis ramalhetes.
Huma lampeda de latam.
Dous cortinados de tafetá encarnado já velho nas duas portas da capella mor
com janellas de frente.
Duas banquetas junto ao Altar com seus frontais de pao tudo pintado.
(MARQUES, 2004).
De acordo com o manuscrito descrito acima, percebe-se que a Igreja de pedra e cal,
coberta de telha de barro era de porte médio possuía uma capela-mor com forro de madeira
pintada a mão, contendo diversas imagens de santos, elementos atualmente perdidos.
Seu piso original é em tijoleira de formato predominantemente triangular de acordo
com dados obtidos na escavação.
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Uma interessante observação é quanto as partes que outrora fizeram parte da obra de
arte, como a composição de uma edificação em ruínas, onde os elementos restantes fazem
ligação com os que faltam, da mesma maneira quando vemos partes de carros em uma loja de
peças e ainda assim é possível ter a noção do inteiro, pelo conhecimento prévio.
Um dos princípios práticos na restauração é que a integração deverá ser sempre
facilmente reconhecível mas sem que isso distorça a unidade da obra. Brandi diz que deverá ser
invisível a distância porem com um olhar mais atencioso as integrações sejam logo
reconhecidas.
Outro princípio é que as estruturas, sendo neste caso, o que dá suporte à manifestação
da obra de arte tem maior dispõe de maior liberdade ao interagir com as integrações, desde que,
é claro, não interferindo na instância histórica inerente ao elemento base onde se manifesta a
obra de arte.
Brandi também usa como princípio o que as soluções do restauro possam manter as
possibilidades de intervenção futura de maneira até mesmo a favorecer as intervenções
posteriores.
As lacunas são casos em aberto, pois algo muito pior na vida de uma obra de arte do
que a subtração de si, é a introdução de um elemento estranho que crie um falso histórico. É de
bom tom que a lacuna seja perceptível, uma vez que pode fazer parte do histórico da obra de
arte através do tempo e os diversos elementos que possam ser influentes na forma em que se
apresenta a obra de arte. O restauro deve respeitar o lapso de tempo entre a conclusão da obra
e do seu presente estado.
Ruína é algo que testemunha o tempo humano, de história humana. O teórico Cesare
Brandi deixa claro que a restauração para ruínas tem intuito de consolidar e conservar o “status
quo”. A obra de arte impõe a necessidade de seu restabelecimento em virtude de seu potencial
histórico.
Não é necessário forçar que uma ruína volte a ter o potencial histórico a ponto da
mesma se tornar portadora de um falso histórico sobreo original.
Tomando como exemplo o Templo de Castor e Polux na Itália, seu estado de ruína já
consolida uma imagem, uma composição que não mais deve ser tocada para que seja apreciada
na maneira que se encontra, nesse caso devemos conserva-la. A ruína deve ser respeitada e
preservada com tal forma no momento em que sua atual forma desperta o mesmo significado
de ruína na consciência do observador da paisagem e não mais é capaz de despertar o
significado da obra de arte teria sido.
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para fora da Igreja criando um patamar de acesso parcialmente coberto e ligado a uma rampa
que faz o acesso da Igreja ser acessível.
A fachada original não se faz mais presente na ruína (Fotografia 03), portanto a nova
é feita também em estrutura metálica e vidro compondo formas geométricas, tendo algumas
esquadrias com fechamento em vidro incolor temperado para manter a permeabilidade visual
para o interior alcançado com o desmoronamento da fachada, evento que já faz parte da história
de vida do prédio e é interessante que seja conservado para que não seja apagada essa parte de
sua história, servindo até mesmo como um alerta para a importância da preservação de
elementos históricos para que não sejam perdidos, parecido com as edificações em que optou-
se por manter aparentes as marcas da II Guerra situadas em Budapeste no Ministério do Interior
para manter viva a lembrança das consequências da guerra. Desta maneira é uma forma de
lembrar da necessidade de preservar o patrimônio.
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A nova fachada (Figura 11) é composta por uma porta de folha dupla pivotante e
janelas pivotantes para manter a ventilação quando abertas, e quando fechados criam uma
barreira protetora contra chuva, poeira e até mesmo alguns animais, a parte logo acima desta na
fachada também teriam fechamento em vidro, que compõe desenho geométrico e a parte
superior da fachada segue na mesma estrutura metálica, toda na cor fendi porem sem
fechamento em vidro, com intuito de favorecer a ventilação.
As janelas remanescentes receberam esquadrias em metal pintado na cor fendi e vidro
tipo veneziana para manter a luminosidade e ventilação constantemente.
Outras janelas pivotantes compostas pelos mesmos materiais das outras esquadrias
foram introduzidas na lateral oeste do Altar Mor (Figura 23) onde houve uma perda mais
significativa da parede original, uma vez em que se entende que essa modificação causada pelo
tempo faz parte da história da Igreja e alterou significativamente o formato da mesma e
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Alguns nichos nas paredes da igreja perderam parte de seu fechamento e estes
receberam lamina de vidro fixo de maneira a retomar sua característica original preservando
sua forma atual e retomando a função de nicho.
A via de acesso através da Rodovia da Alça Viária seria pavimentada com tijolos
maciços, uma estrada de mão dupla ligaria a Rodovia a um estacionamento com vagas para 20
carros, sendo duas de tipo PCD, mais um caminho também em tijolos, é responsável por guiar
os pedestres até a uma pequena praça em frente Igreja, com espaço suficiente para a passagem
de um carro quando se fizer necessário.
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Todo o caminho seria cercado por arvores trazendo um efeito de fechamento lateral e
direcionamento criando um pequeno suspense para quem chega e posteriormente permitindo
que a obra seja contemplada além de diminuir o contato entre aquém passa na ponte e a área da
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Igreja, trazendo maior privacidade e criando barreira sonora, já que a proximidade com a ponte
Moju-Alça traz sensação de vulnerabilidade para quem está no nível da Igreja.
Figura 26 – Vista a partir da ponte.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, João Lucio. Os Jesuítas no Grão Pará: suas missões e a colonização. Belém: SECULT
1901 a 1999
JESUITICAHERANÇA http://jesuiticaheranca.blogspot.com.br/2012/07/levar-luz-de-nossa-santa-fe-
aos-sertoes_18.html#more Acessada em 17 de Set. de 2016
LECHTE, John. 50 pensadores contemporâneos essenciais: do estruturalismo à pósmodernidade. Rio
de Janeiro: Difel, 2002.
MARQUES, Fernando Luiz Tavares. Um Modelo da Agroindústria Canavieira Colonial no Estuário
Amazônico: Estudo Arqueológico de Engenhos dos Séculos XVIII e XIX. Porto Alegre: PUCRS,
2004.
MENDES, VERÍSSIMO, BITTAR, Chico, Francisco, William. Arquitetura no Brasil: de Cabral a D.
JoãoVI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007
MOREIRA, Gisele. Análise Potencial Arqueoturístico na Comunidade de Moju-PA. Belém: UFPA,
2010.
RUSKIN, John. A Lâmpada da Memória. Artes & Ofícios, São Paulo, Ateliê Editorial, 2008.
SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985. (Coleção Espaços).
SCIELO <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-53202010000200009&script=sci_arttext>
acessado em: 25 de Ago. de 2016.
FERREIRA, Rachel Sfair da Costa. Para Além das Formas e das Funções: Preservação e gestão
dapaisagem do Centro Histórico de Belém (CHB) na perspectiva do espaço como instância e produção
social. Belém: 2014.
NEUFERT, Ernst. A arte de projetar em arquitetura. 18. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.