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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO À COMPENSAÇÃO REATIVA


1.1) Introdução

Os sistemas de transmissão e de distribuição de energia elétrica, bem como a


maioria das cargas das unidades consumidoras, como motores, lâmpadas de
descarga, fornos de indução, etc. consomem energia reativa. Como se sabe da teoria
de circuitos elétricos, a potência aparente, medida em [VA}, é constituída de dois
tipos de potência:
a) Potência ativa: medida em [W]. Esta é a potência que efetivamente realiza
trabalho, gerando calor, luz, movimento, etc.
b) Potência reativa: medida em [VAr]. Esta potência é usada para criar e
manter os campos eletromagnéticos.

Assim, enquanto a potência ativa é sempre consumida na execução de


trabalho, a potência reativa, além de não produzir trabalho, circula entre a carga e a
fonte de alimentação, ocupando um “espaço” no sistema elétrico, que poderia ser
utilizado para fornecer energia ativa.
O “triângulo das potências” ilustra a
relação entre as potências ativa (P), reativa (Q) e
aparente (S).
À razão entre as potências ativa e aparente de uma
determinada carga denomina-se de “fator de potência”
(FP):
kW kVAr
FP = = cos ϕ = cos(arctg )
kVA kW

O fator de potência indica qual porcentagem da potência total fornecida


(kVA) é efetivamente utilizada como potência ativa (kW). Assim, o fator de
potência indica o grau de eficiência do uso dos sistemas elétricos. Valores altos de
fator de potência (próximos de 1,0) indicam uso eficiente da energia elétrica,
enquanto valores baixos evidenciam seu mau aproveitamento, além de representar
uma sobrecarga para todo o sistema elétrico.
A título de ilustração:
Para alimentar uma carga de 100 kW, com FP
igual a 0,70, são necessários 143 kVA. Para a
mesma carga de 100 kW, mas com FP igual a
0,92, são necessários apenas 109 kVA. Isso
representa uma diferença de 24% no fornecimento de kVA.
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1.1 – COMO O EXCESSO DE REATIVO AFETA AS REDES E


INSTALAÇÕES
Baixos FP’s resultam em aumento na corrente total que circula nas redes de
distribuição de energia elétrica da concessionária e das unidades consumidoras. Isso
pode sobrecarregar as subestações bem as linhas de transmissão e distribuição,
prejudicando os níveis de tensão bem como a estabilidade e as condições de
aproveitamento dos sistemas elétricos, trazendo inconvenientes diversos, como os a
seguir ilustrados.

1.1.1 – Perdas joulicas na rede


As perdas de energia elétrica ocorrem em forma de calor e são
proporcionais ao quadrado da corrente total. Como essa corrente cresce com o
excesso de energia reativa, há uma relação direta
entre o incremento de perdas e o baixo fator de
potência, provocando o aumento do aquecimento de
condutores e equipamentos.

FPi 2
A equação: ∆P(%) = (1 − ).100 expressa a redução
FPf 2
das perdas (∆P), em [%], no transporte de energia
elétrica, desde a geração até a entrada do consumidor, em função dos fatores de
potência inicial (FPi) e final (FPf).
A tabela 1 ilustra uma aplicação direta da equação acima. Nesta tabela é
mostrada a redução das perdas anuais no transporte da energia elétrica (∆P) de uma
instalação com consumo anual da ordem de 100 MWh, quando se eleva o FP de 0,78
para 0,92.

Tabela 1 – Diminuição de perdas com o aumento do FP


Fator de Situação Situação final
potência inicial
O,78 0,92
Perdas 5% 3,59%
na rede 5 MWh/ano 3,59 MWh/ano
Redução das
perdas (∆P) 28,1%

1.1.2 – Quedas de tensão


O aumento da corrente devido ao excesso de reativo leva a quedas de tensão
acentuadas, podendo ocasionar a interrupção do fornecimento de energia elétrica e a
sobrecarga em certos elementos da rede. Esse risco é acentuado durante os períodos
nos quais a rede é fortemente solicitada (horário de pico). As quedas de tensão
podem provocar, ainda, diminuição da intensidade luminosa nas lâmpadas e
aumento da corrente nos motores.
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1.1.3 – Sub utilização da capacidade instalada


A energia reativa, ao sobrecarregar uma instalação elétrica, inviabiliza a sua
plena utilização, condicionando a instalação de novas cargas a investimentos que
seriam evitados se o fator de potência apresentasse valores mais altos. O
“espaço”ocupado pela energia reativa poderia ser então utilizado para o atendimento
a novas cargas.
A figura ao lado dá uma idéia da
consequência do aumento do fator de
potência de 0,85 para 0,92, no fornecimento
de potência ativa para cada 1.000 kVA
instalado. A redução da potência reativa, de
527 kVAr para 392 kVAr, permite ao sistema elétrico aumentar de 850 kW para 920
kW a sua capacidade de fornecer potência ativa, para cada 1.000 kVA instalado.
Os investimentos em ampliação das instalações estão relacionados
principalmente aos transformadores e condutores necessários. O transformador a ser
instalado deve atender à potência ativa total dos equipamentos utilizados. Porém,
devido à presença de potência reativa, a sua capacidade deve ser calculada com base
na potência aparente das instalações. A tabela 2 mostra a potência total que deve ter
o transformador, para atender uma carga útil de 800 kW para fatores de potência
crescentes.

Tabela 2 – Potência requerida de um transformador, em função do FP


Potência útil Fator de Potência do
absorvida potência transformador
(kW) (kVA)
0,50 1.600
800 0,80 1.000
1,00 800

1.2 – O CONTROLE DO REATIVO EM REDES ELÉTRICAS.

Nos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição, o controle de reativo,


em geral, é feito com a ajuda de dispositivos conectados em paralelo e que tenham a
característica de gerar e/ou absorver reativos.
O termo compensação de linha está relacionado à propriedade natural das
linhas de transmissão, que requerem energia reativa em maior ou menor quantidade,
para efetivarem o transporte da potência ativa. A condição ideal de transporte de
energia através de uma linha é aquela em que ela transporta uma potência ativa de
valor correspondente à sua Potência Natural, P0, a qual será detalhada ainda neste
capítulo. Mesmo sem entrar em maiores detalhes, por enquanto, sobre essa potência,
a figura 2.1 pode ser usada para uma breve introdução ao tema, particularmente no
que se refere à “compensação shunt de linhas”.
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A figura 1.1 ilustra a potência reativa adicional que deve ser gerada ou
absorvida, em derivação (shunt), a cada 100 km de linha, para linhas de diversas
classes de tensão. Assim, observa-se que, a única condição em que uma linha não
requer reativo adicional é quando a mesma está transportando a potência natural
“P0”.
Quando a linha transporta potências ativas inferiores a “P0”, a mesma
estará gerando mais reativo do que ela realmente necessita para efetuar o transporte
da potência ativa. Isso está representado, na figura 2.1, pela região de reativo
negativo (-Q).
Esse reativo adicional (que é gerado pela linha) cresce com o nível
de tensão e o comprimento da linha. Se esse reativo excedente não for absorvido por
algum banco de reatores em derivação, máquina síncrona ou mesmo pelo sistema,
então a tensão ao longo da linha irá aumentar, podendo até atingir níveis proibitivos.
Por outro lado, se a linha estiver transmitindo potência ativa superior
a “P0”, a figura 1.1 indica que a linha terá necessidade de receber reativo adicional
àquele que ela gera (o qual seria suficiente apenas para o transporte de “P0”). Se isso
não ocorrer, a tensão ao longo da linha irá decrescer. Esse reativo adicional, em
geral, é proporcionado por bancos de capacitores em derivação.

Figura 1.1 – Solicitação de potência reativa por linhas de transmissão, para vários níveis de tensão.

De uma maneira geral, diz-se que uma linha de transmissão recebeu uma
compensação em derivação quando algum banco de reatores ou de capacitores nela
foi instalado com a finalidade de absorver ou gerar reativo adicional àquele que as
capacitâncias shunt (entre condutores e entre condutores e o solo) da linha gera.
Existem problemas também relacionados com a reatância indutiva série de
uma linha. Seja, por exemplo, uma linha longa que esteja operando com ângulos de
potência grandes, que estejam comprometendo a estabilidade estática da
transmissão. Esse problema, via de regra, é uma consequência da alta reatância
indutiva série da linha. Para decrescê-la, uma boa alternativa é a inserção de bancos
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de capacitores em série. Assim, uma linha de transmissão que tiver um banco de


capacitores assim instalado, terá recebido uma compensação série.
De uma maneira geral, uma linha de comprimento entre 300 km e
500 km já requer compensação em derivação. Pode-se também afirmar que uma
linha de transmissão que requer compensação série, certamente necessitará de
compensação em derivação
Mesmo com o auxílio de controle automático, variações muito rápidas
da tensão, comumente denominadas de “flicker”, podem ainda ocorrer devido a
determinadas cargas industriais, tais como os fornos a arco.
Entre estes dois extremos de variações da tensão, existem incontroláveis
comportamentos de cargas elétricas que causarão diversos tipos de distúrbios na
tensão.
Os compensadores estáticos podem ser usados para se atingir um ou
mais dos seguintes requisitos, dependendo das necessidades do interessado:
a) Estabilização de tensão em regime permanente de operação;
b) Rápida estabilização de tensão quando da ocorrência de faltas,
visando a manutenção da capacidade de transmissão, do fluxo de
corrente e, consequentemente, de estabilidade do sistema;
c) Amortecimento das oscilações de carga;
d) Controle de fluxo de potência reativa, visando a otimização da
operação do sistema e a correção do fator de potência;
e) Compensação de cargas desbalanceadas;
f) Controle de reativo de um sistema conversor CC/CA.

1.2 – Flutuações de Tensão

As variações mais lentas e infreqüentes da tensão podem ser corrigidas,


na maioria dos casos, por mudanças nos taps dos transformadores que são,
ocasionalmente, auxiliados por capacitores e reatores lineares chaveados
mecanicamente via um controle supervisor ou por um controle automático local
baseado na tensão medida. Entretanto, quando as mudanças no nível de tensão
acontecem em períodos curtos, menores que 0,1 segundos, a variação de taps e o
chaveamento mecânico de reatores e capacitores não são suficientemente rápidos
para reduzir tais variações. Em situações onde um controle mais fino é desejado,
os condensadores síncronos têm sido usados desde longa data, particularmente perto
de centros de cargas remotos.
O termo “flutuação de tensão” em geral está associado às rápidas e
repetitivas variações de tensão. Fornos a arco, máquinas de solda e partida de
motores são exemplos de flutuações. Uma característica comum a estas cargas é a
rápida variação de corrente com baixo fator de potência.
Representando um sistema elétrico por seu equivalente de Thévenin,
como na figura 1.2, a variação de tensão no barramento da carga poderá ser
facilmente calculada. Este circuito possui duas condições de operação:
a) Quando a chave S está aberta, &I L = 0 e V&2 = V
&1
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b) Quando a chave S está fechada,

Figura 1.2 – Circuito equivalente de uma carga e um sistema de potência.

Para a condição em que a chave S está fechada, a tensão na barra da carga é dada
por:
V&2 = V
& 1 − &I L (R s + jX s ) (2.1)

Neste caso, a variação de tensão ∆V é dada por:


& &
∆V = V1 − V2 = I p R s + I q X s + j(I p X s − I q R s ) (2.2)

A equação (4.2) mostra que a variação de tensão depende das potências


ativa e reativa da carga.
O diagrama fasorial da figura 1.3 representa a variação de tensão do
circuito da figura 1.2. Esse diagrama mostra que a queda de tensão ∆V é função da
magnitude e da fase da corrente de carga.

Figura 1.3 – Diagrama fasorial para a figura 1.2.

As flutuações de tensão são potencialmente perturbadoras não somente


no local em que a carga-problema está instalada mas, também, para outros
consumidores conectados ao mesmo sistema. Isto dependerá da tolerância às
variações de tensão e do grau de interconexão dos consumidores em volta.
A carga ilustrada no diagrama da figura 1.2 possui característica
indutiva. Assim, a diferença entre os módulos das tensões V &1 e V& 2 poderá ser
diminuída pela instalação de capacitores em paralelo com a carga:
O diagrama fasorial da figura 1.4 mostra que a presença da corrente Ic
(do capacitor) faz com que a corrente através da impedância do sistema CA seja
agora IF. Logo, a nova composição fasorial das quedas de tensão faz com que a
diferença entre os módulos de V&1 e V& 2 seja menor que antes (na figura 1.3).
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Figura 1.4 – Diagrama fasorial para a figura 2.1 quando da presença de um capacitor em paralelo
com a carga.

Comparando os diagramas fasoriais das figura 1.3 e 1.4 notar-se-á que o


efeito da presença do capacitor foi o de gerar o fasor ∆V no sentido anti-horário.
Assim sendo, pode-se obter até V1 < V2. Por outro lado, deve-se notar que o fasor
∆V pode até aumentar de magnitude, com a instalação de capacitores. Isto,
entretanto, não influi na preferência pelos capacitores como elemento diminuidor de
flutuações de tensão em sistemas com cargas indutivas porque, neste caso, estamos
interessados apenas na magnitude das tensões V1 e V2.

1.3 – Estabilização de Sistemas de Transmissão

A transmissão de grandes blocos de energia somente será possível se as


tensões forem mantidas dentro de um determinado nível e se as máquinas síncronas
permanecerem estáveis e em sincronismo. Para se entender o problema da
manutenção do sincronismo, deve-se entender o conceito de “estabilidade”:

“Estabilidade” é a tendência do sistema de potência em operar firmemente durante


uma condição de transmissão de potência.

Os projetos de sistemas de transmissão de grandes blocos de energia,


em geral, prevêm o transporte da maior quantidade possível de energia, dentro de
limites de estabilidade, que permitam a saída de linhas, geradores, etc., sem que o
distúrbio causado no sistema o deixe instável. Para conseguir este objetivo, são
usados sistemas de excitação de alta performance e controles suplementares de
estabilização de potência nos modernos geradores síncronos.
A estabilidade de um sistema depende também da habilidade da rede de
transmissão de energia entre a geração e o consumo. Assim, dois métodos básicos
são usados para assegurar a capacidade de transporte de uma rede, sob condições de
regime permanente e transitória, após a ocorrência de faltas.
O primeiro método significa a manutenção de uma baixa impedância
entre o gerador e a carga. A figura 2.5 ilustra esta conhecida relação entre a
impedância de uma linha de transmissão e a sua capacidade de transporte. A
impedância pode ser reduzida pela inclusão de mais circuitos em paralelo ou pela
utilização de capacitores em série.
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Figura 1.5 – Transferência de potência.

O segundo meio de manutenção da estabilidade é aquele em que a


tensão é mantida dentro de rígido controle em pontos estratégicos do sistema. O uso
de condensadores síncronos juntos com reatores, capacitores fixos e chaveados
podem melhorar a estabilidade do fluxo de potência.
A figura 1.5 também ilustra a importância do suporte de tensão para a
transferência de potência. A máxima potência transferível é proporcional ao produto
das tensões terminais. Assim, se a tensão de um dos dois pontos for reduzida, então
a capacidade de transporte será reduzida.
Um dos limites de utilização de uma linha de transmissão é aquele dado
pelo seu “limite de estabilidade”: a “estabilidade” tende a se tornar menor à medida
que a potência transmitida aumenta. Se a potência puder ser gradualmente
aumentada, um nível será alcançado no qual o sistema tornar-se-á subitamente
instável. Isto é, as máquinas síncronas sairão de sincronismo. Este nível é
comumente conhecido como o “limite de estabilidade em regime permanente”. Este
limite de estabilidade poderá ser aumentado através de vários modos, tais como:
aumento da excitação das máquinas (o que aumentará o valor da tensão); aumento
do número de linhas de transmissão e/ou geradores; decréscimo da potência
transmissível; instalação de compensadores de reativo.
Em geral, não se opera um sistema de transmissão em condições nas
quais o limite de estabilidade em regime permanente esteja próximo. É
recomendável deixar uma margem de reserva para ocasiões em que ocorrer
distúrbios (faltas, chaveamentos, etc). Assim, diz-se que um sistema é
“dinamicamente estável” quando ele retorna a sua operação normal logo após a
ocorrência de um pequeno distúrbio. Associa-se a esta propriedade o “limite de
estabilidade dinâmica”.
Por outro lado, se o sistema retorna à sua operação normal após a
ocorrência de um distúrbio maior (abertura de um circuito pesado, falta em um
gerador, etc) então ele possuirá um “limite de estabilidade transitória”.
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1.4) Relações entre tensões e corrente em linhas transmissão

A figura 1.6 mostra a representação do equivalente monofásico de uma


linha de transmissão sem perdas.

Figura 1.6 – Representação de uma linha de transmissão ideal.

A figura 1.7 ilustra um elemento ∆x da linha de transmissão acima,


agora incluindo também as perdas.

Figura 1.7 – Circuitos equivalente de um elemento ∆x de uma linha de transmissão

O desenvolvimento generalizado das equações de tensão e corrente


ao longo de uma linha de transmissão, para cada elemento ∆x da mesma,
proporciona condições de expressar a tensão e a corrente em cada ponto da linha
por:
U&x =U & 2 cosh γ& x + &I 2 Z& c senh γ& x (2.3)
&
&I x = &I 2 cosh γ& x + U 2 senh γ& x (2.4)
Z& c
& x , &I x são fasores de tensão e corrente verificados à distância x do terminal
onde: U
receptor da linha;
U& 2 , &I 2 são fasores de tensão e corrente no terminal receptor da
linha;
Z& c : é o fasor impedância característica da linha,
γ& : é o fasor constante de propagação da linha [km-1].

Os parâmetros Z& c e γ& , são calculados como segue:


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z& r + j ωL
Z& c = = (2.5)
y& g + j ωC
γ& = z& y& = (r + jωL )(g + jωC) = α +jβ (2.6)

onde:
z& e y& são, respectivamente, impedância série e admitância derivação do
trecho elementar de linha (Ω/m); (mho/km)
r é a resistência série elementar da linha (Ω/km);
g é a condutância em derivação elementar da linha (mho/km);
L é a indutância série elementar da linha (H/km);
C é a capacitância em derivação do elemento de linha (F/km);
ω é a freqüência angular da fonte de alimentação da linha (rad);
α é constante de atenuação da linha (néper/km)
β é a constante de fase da linha (rad/km).

Considerando a distância “x” igual àquela do receptor ao transmissor da linha


(l[m]), as equações (2.3) e (2.4) tornam-se:
U&1=U & 2 cosh γ& l + &I 2 Z& c senh γ& l (2.7)
&
&I1 = &I 2 cosh γ& l + U 2 senh γ& l (2.8)
Z& c

Alternativamente, para determinar tensão e corrente no receptor em função de


quantidades do transmissor, vem:
U&2 =U & 1 cosh γ& l + &I1 Z& c senh γ& l (2.9)
&
&I 2 = &I1 cosh γ& l + U1 senh γ& l (2.10)
Z& c

1.4.1 – Interpretação física do parâmetro Z& c (impedância característica):


Nas linhas aéreas, a impedância característica assume valores típicos entre
450 Ω (circuito simples) e 250 Ω (linhas com múltiplos condutores). Dado que a
condutância em derivação das linhas é sempre desprezível, o ângulo de fase de Zc é
sempre pequeno e negativo.
Em cabos subterrâneos, a proximidade entre os condutores diminui a
indutância e aumenta a capacitância, de modo que, a magnitude de Zc diminui
bastante ficando na faixa de 30Ω a 60Ω.

1.4.2 – Operação das Linhas Sob Carga.


O comportamento da linha sob carga depende essencialmente da
relação existente entre a impedância terminal Z2 da linha e sua impedância
característica, destacando-se:
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a) Z2 = Zc
b) Z2 ≠ Zc.

1.4.2.1 – Linha Terminada em Z2 = Zc


A consideração de carga igual à potência característica no receptor da
linha, substituindo em (2.1) e (2.2), leva a verificação que, em todos os pontos ao
longo da linha, o fator de potência permanece invariável, no valor do fator de
potência da carga. Em outras palavras, a linha se comporta como um circuito série
cuja única impedância é sua própria resistência ôhmica. Isto significa que a linha
não necessita de energia reativa externa para a manutenção de seus campos elétricos
e magnéticos. Ela é auto-suficiente, a única energia que absorve é ativa e destina-se
a cobrir as perdas por efeito Joule e dispersão.
A potência complexa fornecida pela linha, neste caso, no receptor, será:
& 2 = P2 + j2 2 = U
N & 2 &I 2 * (2.11)
onde Z& 2 = Z& c = Z c e j δ

& j0

logo, &I 2 = U 2 = U 2 e = I 2 e − jδ
Z& c Z c e jδ

daí, & 2 = U 2 I 2 e jδ
N
e P2 = Re{N & 2 } = U 2 I 2 cos δ = Pc
[w ] (2.12)
A potência ativa assim definida é chamada “potência característica” da
linha, Pc. O ângulo δ é o ângulo de fase da impedância característica, sempre
pequeno, da ordem de 1o a 5o . Assim sendo, cosδ ≅ 1. Isto permite reescrever
(2.12) como:
U 22
P2 = Pc = U 2 I 2 = (2.13)
Zc
Uma constante também definida para linhas, válida para linhas ideais, sem
perdas, é sua “impedância natural”:
L
Z0 = [Ω ] (2.14)
C
que pode ser obtida de Zc, desprezando-se as perdas.

Em uma linha real, como a condutância é sempre desprezível e a


resistência série é sempre muito pequena, pode-se dizer então que:
Zc = Z0,

Logo, pode-se reescrever (2.14) como:


U 22
P2 ≅ P0 = (2.15)
Z0
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O valor de ‘Zo’, que depende da configuração física da linha, em geral


está entre 200 e 400 OHM.
Esta conceituação foi aqui introduzida para demonstrar a diferença
entre impedância característica, correspondente à potência característica, e
impedância natural, correspondente à potência natural, P0 . A boa distinção entre
esses parâmetros é importante, tendo em vista, principalmente, estudos de surto,
onde usa-se a impedância de surto” (ou surge impedance load (SIL)), que é a mesma
impedância natural.
Uma linha que esteja transmitindo a potência Po terá a magnitude da
tensão constante ao longo de toda a linha. Além desta vantagem, o fator de potência
será unitário. Isto significa que não haverá necessidade de se gerar ou de se
absorver energia reativa em nenhum ponto da linha: a potência reativa produzida
pela capacitância shunt da linha será totalmente absorvida pela indutância série. Isso
está ilustrado na figura 2.1.

1.4.2.2 – Linhas Terminadas por Z2 ≠ Zc


É fácil verificar que quando Z2 > Z0, então P2 < P0 e a linha opera
com excesso de reativos capacitivos. Esta é uma condição de operação perigosa,
pois, se o restante do sistema não tiver condições de absorver este excesso de
reativos, elevações de tensão além do normal poderão ocorrer.
Por outro lado, com Z2 < Z0, então P2 > P0 e a linha necessita
reativos. Caso a linha não receba esse reativo, ter-se-á, na linha, níveis de tensões
muito baixos, com conseqüentes elevações de correntes, enfim, uma operação
indesejável.
Duas condições limítrofes, específicas, a de receptor em vazio e em
curto-circuito, merecem certo destaque. Antes disso, porém, convém destacar a
importância da relação entre o comprimento da linha e o comprimento de onda (l /
λ). O comprimento de onda, é matematicamente obtido por:
2π v
λ= = , [Km] (2.16)
β f
Resultando em 6.000[Km] para linhas em 50[Hz] e 5.000[Km] para linhas em
60[Hz].
a) - Linha Aberta no Receptor
Substituindo em (2.1) e (2.2), I2 = 0, vem que:
Ux = U2 coshγx (2.17)
U
I x = 2 senh γx (2.18)
Zc
A aplicação de (2.17) e (2.18) para vários pontos ao longo da linha,
leva aos resultados expostos nos gráficos da figura 1.8 [1].
Conforme se verifica facilmente pelo exame desta figura, numa linha que opera em
vazio e cujo comprimento se aproxima de λ/4, haverá um sensível aumento da
tensão ao longo da linha, com relação à tensão aplicada no transmissor, Ux. À
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medida em que o comprimento da linha aumenta além de λ/4, a diferença de tensão


entre o transmissor da linha, Ux, e o receptor, U2, diminuirá progressivamente,
tornando-se negativa nas proximidades de X = λ/2.

Figura 1.8– Diagrama de perfil das tensões ao longo de uma linha operando em vazio.

Essas considerações mostram que linhas de comprimento equivalente a λ/4 de


forma indesejável quando em vazio ou com cargas pequenas. Ao aumento da tensão
no receptor com relação à do transmissor, recebe o nome de “efeito Ferranti”.
Por outro lado, a figura 1.9 mostra o perfil de tensão e corrente de uma linha
de 320 Km, os quais foram obtidos com as equações aqui já apresentadas. Com a
tensão no transmissor U1 = 1.0 pu, a tensão na carga é U2r = 1.088 pu, isto é,
ocorreu um aumento de 8,8. O aumento de tensão em 8,8% não causa sérios
problemas de sobretensões. Porém, se esta linha tivesse o dobro do comprimento,
a tensão no receptor seria 1,58 pu, que seria proibitiva.
A magnitude da corrente no gerador é I1 = 0,429 pu. Essa corrente é,
portanto, 42,9% da corrente correspondente à potência natural.

Figura 1.9 – Perfis de tensão e corrente para uma linha aberta.


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Considere a corrente de carga I2, correspondente à entrega da potência


P + jQ no receptor de uma linha:
N * P − jQ
I2 = = (2.19)
E2 E2

Levando esta corrente em U &1=U & 2 cosh γ& l + &I 2 Z& c senh γ& l as tensões não terminais
desta linha serão assim relacionadas:
P − jQ
U&1 = U& 2 cosh γ&l + IZ& c senh γ&l. (2.20)
U2

Admitindo-se o caso geral em que U1 é fixada, então esta função quadrática


pode ser resolvida para U2. A figura 1.10 ilustra um caso típico desta solução, onde
o comprimento d a linha é de 320 Km. A relação U2/U1 variando com P/Po é
mostrada, nesta figura, para cinco fatores de potência. Na figura observa-se que,
embora aparentemente existam dois valores de tensão possíveis de serem usados
para a transmissão de uma potência, apenas o valor maior é admissível, devido às
perdas. Para cada fator de potência existe um valor da potência transmissível
máxima. Nota-se também que para fp = 1,0 e P = Po as tensõesU2 e U1 serão iguais.
Outra observação: a tensão no receptor decresce com o aumento da potência
transmissível.

Figura 1.10 – Tensões em função da potência transmissível.

Nota-se, nesta análise, a importância do fator de potência na eficiência


da transmissão.
Além dos problemas relativos à manutenção do nível de tensão em um
valor aproximadamente constante e do fator de potência em um valor máximo de
1,0, as linhas de transmissão devem ser também observadas do ponto de vista da
estabilidade, conforme já comentado antes neste capítulo.
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1.4.3 – Efeito da Compensação Shunt Ideal no Meio da Linha

A equação (2.21) expressa a potência ativa transmissível pela linha da


figura 1.6 em função das tensões terminais da linha e da sua reatância indutiva (Xl):
E .E
P = s r sen θ (2.21)
Xl
onde:
θ = ângulo de afastamento entre Es e Er ou, mais comumente, ângulo de potência.

A equação (2.21) é ilustrada pela figura 1.11. Pode ser observado que,
com o aumento da carga, o ângulo de potência aumenta, havendo uma máxima
potência transmissível (denominada limite de estabilidade em regime permanente) a
qual ocorre quando o ângulo de potência é 90o. Caso se insista em operar com o
ângulo ligeiramente maior que 90o, a potência transmissível decrescerá e as
máquinas situadas nos dois terminais da linha irão sair de sincronismo entre si. O
sistema ficará então instável.

Figura 1.11 – Potência transmissível em função do ângulo de potência.

Observando a equação (2.21) nota-se que a máxima potência


transmissível poderá ser aumentada com a redução da reatância Xl e/ou com o
acréscimo das tensões terminais da linha.
Considere-se agora que uma linha de transmissão seja seccionada no
meio. A potência a ser transmitida por uma metade será obtida pela equação (2.21)
substituindo-se δ por δ/2 e Xl por Xl/2:
2E .E
P = s m .sen δ / 2 (2.22)
Xl
onde Em é a tensão no meio da linha. Caso seja instalado um elemento
de compensação reativa que possa manter esta tensão e aquela do receptor iguais à
tensão do gerador, pode-se escrever que:
2.E 2 .sen δ / 2
P= (2.23)
Xl
A equação (2.23) indica que o efeito da compensação é o de dobrar a
potência transmissível. Isto é mostrado na figura 1.12. A máxima potência
transmissível é atingida, agora, quando δ/2 = σ/2, isto é, com um ângulo de potência
16

de 90o para cada metade da linha e um ângulo de potência total de 180o para a linha
completa.

Figura 1.12 – Efeito da compensação shunt na potência transmissível.


17

1.5) A potência ativa e seus efeitos sobre a freqüência do sistema

Existem diversas razões para se manter “f” dentro de limites rigorosos. Abaixo
estão listadas algumas razões para isso:
• Os acionamentos e os controles (CLP’s) são projetados para operarem
alimentados por uma onda senoidal em 60 Hz,
• os medidores de energia,
• os relés de proteção.

De uma maneira geral pode-se afirmar que os frequencímetros são os termômetros


clínicos de um SEE.

2.5.1. O Mecanismo Carga-Freqüência

Os valores de freqüências normalmente aceitos são:

Figura 1.13– Componentes básicos do mecanismo carga-freqüência.

a) Caso ideal
• Na figura acima, se G está sincronizado com a rede, ele girará na mesma
velocidade da rede. Logo, a geração de Potência Ativa será agora controlada
pelo conjugado da máquina primária (turbina hidráulica ou a vapor).
Em conseqüência disso, a velocidade não pode variar. O que de fato ocorre em
resposta às eventuais variações de potência ativa, é um avanço ou um atraso do
ângulo de rotação do rotor do gerador.

b) Caso real
No mesmo instante em que ocorre a variação da carga, dentro da máquina ocorre
que, ao aumento ou decréscimo de I, surgirá um conjugado de desaceleração,
oposto ao conjugado de aceleração.
Desta forma, a freqüência se alteraria, para se ajustar à nova situação. Na prática,
as variações de “f” serão menores do que o que se prevê porque as turbinas
18

recebem informação sobre a variação de carga, através do Regulador de


Velocidade.
Em um caso ideal, a freqüência não variará pois a turbina receberá exatamente a
quantidade de água (ou vapor) requerida pela demanda da carga.

Análogo mecânico

Figura 1.14 análogo mecânico do controle carga-freqüência.

1.6 A potência reativa e seus efeitos sobre a freqüência do sistema

Pelo exposto na seção anterior tem-se que o balanço da Potência Ativa estará
mantido desde que a freqüência seja mantida constante.
Na presente seção será mostrado que, se a tensão for mantida constante, então
haverá equilíbrio entre Reativo gerado e consumido. Verifiquemos isso no seguinte
exemplo:

Vejamos como V2 depende do reativo Q:

Figura 1.15- Sistema de energia elétrica simples com duas barras.

V2 = V1 – I . Z
N = V1 x I* ≅ P + jQ
P − jQ P − jQ
Explicitando I em V1 . I* = P + jQ: I = =
V1* V1
Substituindo o valor da corrente “I“ em V2 = V1 – I . Z (e relembrando que, nesta
análise, Z contém apenas a parte imaginária):
19

⎛ P − jQ ⎞ X X
V2 = V1 − ⎜⎜ ⎟⎟. jX = V1 − Q − j P
⎝ V1 ⎠ V1 V1

Representando esta equação no diagrama vetorial abaixo:

Figura 1.16 – Mudança no perfil de tensão como função do fluxo de potência reativa na linha.

Da figura acima pode ser observado que:


a) variações de potência ativa P afetam muito pouco a tensão V2,
b) variações da potência reativa Q afetam bastante a tensão V2.

Dobrando Q, V2 decresce muito. Observe ainda que, se Q fosse capacitivo na


figura 1.16, V2 ficaria maior que V1.
20

1.7 – Classificação das Linhas de Transmissão

Nas expressões
U&1=U & 2 cosh γ& l + &I 2 Z& c senh γ& l (2.7)
&
&I1 = &I 2 cosh γ& l + U 2 senh γ& l (2.8)
Z& c
os efeitos da distribuição dos parâmetros da linha foram levados em conta de modo
que elas representam o cálculo exato das tensões e correntes. A forma hiperbólica
das expressões, combinada com a forma complexa da constante de propagação,
tornam o uso destas expressões bastante trabalhoso e algumas vezes desnecessário,
como será visto. Para desenvolver o cálculo exato, leva-se em conta as identidades
seguintes, decorrentes da forma complexa da constante γ:

cosh γ& l = cosh(α + jβ)l = cosh αl cos β l + j senhαlsenβ l (2.24)

senh γ& l = senh(α + jβ)l = senh αl cos β l + j coshαlsenβ l (2.25)

Simplificações podem ser obtidas nestes cálculos levando-se em conta


que as funções hiperbólicas podem ser expandidas em série:

cosh γ& l = 1 +
(Z& Y& ) + (Z& Y& ) + (Z& Y& ) L
2 4 6

(2.26)
2! 4! 6!

& + (ZY ) + (ZY ) L


&& &&
3 5

senh γ& l = Z& Y (2.27)


3! 5!

Estas séries são rapidamente convergentes, de modo que muitas vezes


apenas o primeiro ou, no máximo, os dois primeiros termos das séries são
suficientes para assegurar boa precisão. Isso varia com a configuração da linha e
seu comprimento, (principalmente este). Quanto menor o comprimento da linha,
mais rápida a convergência e mais simples se tornará o cálculo. Assim sendo,
classificam-se as linhas em três grupos, conforme a exigência que a precisão
matemática faça da complexidade destas expressões:

- Linhas Curtas
- Linhas Médias
- Linhas Longas
21

1.7.1 – Relações em Linhas Curtas

As equações básicas para estas linhas são as equações (2.29) e (2.30),


onde as séries representativas dos senos e cossenos hiperbólicos [Equações (2.26) e
(2.27)] são introduzidas em (2.7) e (2.8) apenas com os primeiros termos.

U&1=U & 2 cosh γ& l + &I 2 Z& c senh γ& l (2.7)


&
&I1 = &I 2 cosh γ& l + U 2 senh γ& l (2.8)
Z& c

&1=U
U & 2 + &I 2 Z& c Z& Y
& =U
& 2 + &I 2 Z& (2.29)

&
&I1 = &I 2 + U 2 Z& Y
& = &I 2 + U
& 2Y
& ≈ &I 2 (2.30)
Z& c

Uma inspeção nestas duas equações permite montar o equivalente das


linhas curtas conforme a figura 1.17a. Na figura 1.17b vê-se o diagrama fasorial
correspondente.

Figura 1.17 – (a) Circuito equivalente de uma linha curta e (b) Diagrama fasorial correspondente.

O ângulo “δ” é o “ângulo de potência” entre as tensões no transmissor e


receptor e φ1 e φ2 são, respectivamente, os ângulos de fator de potência do
transmissor e receptor.
22

É fácil verificar que, se a linha está carregada além da potência


característica (Pc), então δ > φc. Por outro lado, se a linha está carregada abaixo da
potência característica (Pc), então δ < φc. Se P2 = Pc, então, como já foi visto, δ = φc
(φc é o ângulo de fator de potência Zc e, neste caso (δ = φc), U1 = U2).
Uma linha pode ser considerada como curta nas seguintes condições:
• Para linhas de até 150 KV, comprimento máximo de 60 a 80 Km;
• Para linhas em tensões maiores ou iguais a 150 KV, porém abaixo de 400 KV,
com comprimento de até 40 Km;
• Para linhas em tensões iguais ou maiores de 400 KV, com o máximo 20 Km.

1.7.2 – Relações em Linhas Médias

Quando os comprimentos ou as tensões das linhas ultrapassam os


limites acima recomendados, pelo menos dois termos das séries de (2.26) e (2.27)
serão necessários em (2.7) e (2.8) para uma boa precisão de cálculos, resultando:

&& &&
U & 2 ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟ + &I 2 Z& ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟
&1=U (2.31)
⎜ 2 ⎟⎠ ⎜ 6 ⎟⎠
⎝ ⎝

&& &&
&I1 = &I 2 ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟ + U & ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟
& 2Y (2.32)
⎜ 2 ⎟⎠ ⎜ 6 ⎟⎠
⎝ ⎝

O circuito equivalente adequado deverá ser o mais simples possível.


Dois circuitos bastante conhecidos dos estudos de circuitos elétricos oferecem
resultados muito próximos dos obtidos por (2.31) e (2.32). São os circuitos em ‘T’
e ‘π’. Aqui será adotado diretamente este último pois permite maiores versatilidade
de cálculos nos estudos de linhas de transmissão e sistemas elétricos mais
complexos. É o circuito mostrado na figura 1.18.

Figura 1.18 – Circuito ‘π’ de uma linha de transmissão.

As equações deste circuito são:


23
&&
U & 2 ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟ + &I 2 Z&
&1=U (2.33)
⎜ 2 ⎟⎠

&& &&
&I1 = &I 2 ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟ + U & ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟
& 2Y (2.34)
⎜ 2 ⎟⎠ ⎜ 4 ⎟⎠
⎝ ⎝

Uma comparação das equações (2.31) e (2.32) com (2.33) e (2.34)


leva à conclusão de que as diferenças entre as mesmas são pequenas sob o ponto de
vista numérico, desde que se leve em conta que o produto ZY é bastante pequeno.

1.7.3 – Relações em Linhas Longas

Quando mesmo as simplificações utilizadas para linhas médias são


insuficientes para dar boa precisão aos cálculos, a forma exata das equações, como
em (2.7) e (2.8), deve ser utilizada, para se levar em conta os efeitos dos parâmetros
distribuídos.
De qualquer maneira, para inclusão em modelos matemáticos, um
circuito equivalente é necessário. Para melhor adequação aos modelos utilizados
nas análises de linhas e sistemas, novamente um circuito “π” é adotado, semelhante
ao da figura 1.18 como mostra a figura 1.19.

Figura 1.19– Circuito ‘π’ equivalente da linha longa.

Este é o chamado circuito ‘π’ equivalente, idêntico ao da figura 1.18,


mas onde os parâmetros “impedância Z” e “admitância Y” devem ser corrigidos,
conforme abaixo:
senh γ& l
Z& ′ = Z& [Ω] (2.32)
γ& l

tgh
(γ&l )
&′=Y
Y & 2 [mho] (2.33)
γ& l
2
24

1.8 – Representação de Linhas por Quadripolos

Observando-se as características dos circuitos das linhas de


transmissão, nota-se que eles são bilaterais, passivos, lineares e constituídos por
dois pares de terminais quando observados de seu exterior. Isso permite que as LT’s
possam ser representadas por modelos matemáticos de quadripolos.. Modelos
destes tipos permitem grandes vantagens nos estudos envolvendo linhas de
transmissão, pela relativa simplicidade na incorporação de parâmetros de outros
dispositivos (também representados por quadripolos) como, transformadores,
compensadores, outras linhas, etc.
Vários modelos de quadripolos são possíveis de definir para linhas de
transmissão. Todavia, o modelo ABCD, ou “constantes generalizadas” das linhas
de transmissão, é praticamente o único utilizado, pelas características de
simplicidade de cálculo e versatilidade que oferecem.
O modelo ABCD, ilustrado na figura 1.24, é definido a partir das
equações de tensão e corrente como se segue:

U &U
&1 =A &2 +B
& &I 2 (2.34)

&I1 = C& U
&2 +D
& &I 2 (2.35)

Figura 1.24 – Quadripolo típico de linha de transmissão.

As constantes de quadripolo têm as seguintes dimensões:


A – Adimensional A& = A/βA
B – De impedância [Ω] B& = B/βB
C – De admitância [mho] C& = C/βC
D – Admensional D& = D/βD

De acordo com o caso, isto é, se a linha é longa, média ou curta, estas


constantes são calculadas de maneiras diferentes. Basta comparar as equações
(2.34) e (2.35) com (2.29) e (2.30) (para linhas curtas), ou (2.31) e (2.32) (para
linhas médias) ou (2.33) e (2.34) (para linhas longas). A título de exemplo, esta
comparação será feita para o caso das linhas médias, que resulta:
25
&&
& = ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟
A (2.36)
⎜ 2 ⎟⎠

& = Z&
B (2.37)

&&
& ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟
C& = Y (2.38)
⎜ 4 ⎟⎠

&&
& = ⎛⎜1 + ZY ⎞⎟ = A
D & (2.39)
⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠

& por Z& ′ e Y


Para o caso de linhas longas basta substituir Z& e Y & ′.

Para o caso de linhas curtas:


A& =1 (2.40)
B& = Z& (2.41)
C& = Y& ≅0 (2.42)
D& =A & =1 (2.43)

Outra grande vantagem do uso de quadripolos é que eles permitem o


tratamento matricial, de extrema potencialidade matemática. Colocadas desta
forma, as equações (2.34) e (2.35), resultam:

⎡U& 1 ⎤ ⎡A
& B
& ⎤ ⎡U& 2⎤
=
⎢& ⎥ ⎢& &⎥ ⎢& ⎥ (2.44)
⎣ I1 ⎦ ⎣ C D ⎦ ⎣ I 2 ⎦

1.10– Exemplo Numérico

Considere-se uma linha de transmissão radial trifásica, alimentada a


partir de um barramento de 450 KV. Suas constantes generalizadas são:

A& = 0,7363 e j1,7 o

B& = 160,76 e j 86,7 o


ohm
C& = 0,002861 e j 90,4
o
mho
Z& 0 = 236,8 ohm

Considerando-se a necessidade de manter uma tensão de 450 KV no terminal


receptor, calcule, para as condições de carga abaixo, as tensões e correntes que
deverão se verificar no transmissor:
26

a) Carga de 446,79 MVA, fator de potência 0,8 indutivo;


b) Carga de 446,79 MVA, fator de potência 0,8 capacitivo;
c) Carga de 893,58 MVA, fator de potência unitário;
d) Carga de 1.340,37 MVA, fator de potência 0,8 indutivo;
e) Carga de 1.340,37 MVA, fator de potência 0,8 capacitivo.

SOLUÇÃO:
A tensão e corrente do transmissor, podem ser calculadas por
&1 =A
U &U
&2 +B & &I 2 (2.34)

&I1 = C& U
&2 +D
& &I 2 (2.35)

A tensão do receptor é conhecida (450 KV) e é a referência do sistema, ou seja, tem


fase zero.
A corrente I2 pode ser determinada a partir da seguinte equação:

& 2 = 3 .U
N & 2 .&I *2 (2.45)

&I 2 = N *2
Logo:
3 .U&2

Com &I 2 calculada em magnitude e fase e U& 2 conhecida, basta substituí-las nas
& 1 e &I1 .
equações (2.44) para obter U
Para as condições de carga proposta, os resultados finais serão:

& 1 = 398,79 /11,609o


a) U KV
&I1 = 1,097/72,163o KA
& 1 = 293,31/17,175o
b) U KV
&I1 = 1,583/78,304o KA
& 1 = 392,93/29,557o
c) U KV
&I1 = 1,555/57,542o KA
& 1 = 555,42/23,456o
d) U KV
&I1 = 1,168/28,542o KA
& 1 = 299,14/53,408o
e) U KV
&I1 = 2,297/64,716o KA
27

1.10.1 – Comentários sobre os Resultados Obtidos

O efeito mais claramente presente nos resultados obtidos é o efeito


Ferranti. Note-se que apenas no caso (d), quando a carga é 50% superior à nominal
e com fator de potência indutivo, é que tal efeito não se verifica. É possível
verificar que o fator de potência também influencia o ângulo de potência: quanto
mais capacitiva a carga, maior o ângulo e, portanto, maior o risco de instabilidade
transitória.
A tensão do transmissor mais próxima da nominal verificou-se
exatamente quando a carga foi a potência natural em termos aparentes. Esta
situação poderia ser aperfeiçoada se fosse adotado um fator de potência igual ao da
impedância característica para a carga.
Com a potência natural como carga, o ângulo de potência atingiu o
o
limite de 30 , aproximadamente, normalmente adotado nas transmissões, para que
não hajam problemas de estabilidade. Cargas superiores, como a do caso e, por
exemplo, exigirão algum tipo de compensação para serem transmitidas com
segurança.

1.11 – Fluxos de Potências nas Linhas, Expressos em Termos das Constantes


Generalizadas

Considere-se uma linha de transmissão representada pelo quadripolo da


figura abaixo. Será importante, para efeito dos estudos envolvendo a estabilidade
da linha, deduzir expressões para o fluxo de potência em termos de suas constantes
generalizadas. Este desenvolvimento será aqui efetuado para a potência no
terminal receptor.
Da equação U &1 =A&U&2 +B& &I 2 tira-se o valor da corrente &I 2 :
& &
&I = U1 − A U&
2
&B B & 2

Ou, numa outra forma:


&I 2 = U1 e j( θ−β ) − A U 2 e j(β −β )
B A B
(2.46)
B B
onde se considerou U2 a referência, e o ângulo de potência foi designado θ.

Figura 1.25 – Linha de transmissão representada por quadripolo para cálculo do fluxo de potência.
28

A potência que chega ao receptor pode ser expressa por:

S& 2 = U
& 2 &I *2 (2.47)

onde:
&I *2 = U1 e j( β B −θ )

A
U 2 e j( β B −β A )
(2.48)
B B

logo, substituindo (2.48) em (2.47), vem:


2
&S = U1 U 2 e j( β −θ ) − AU 2 e j(β −β )
B B A
(2.49)
2
B B

Separando as componentes ativa e reativa, vem:


U1 U 2 AU 22
P2 = cos(β B − θ) − cos(β B − β A ) (2.50)
B B

U1 U 2 AU 22
Q2 = sen(β B − θ) − sen(β B − β A ) (2.51)
B B

O limite estático de estabilidade da linha, é fácil verificar, ocorrerá quando θ = β,


resultando na potência ativa máxima transmissível:
U1 U 2 AU 22
P2 max = − cos(β B − β A ) (2.52)
B B
a qual é acompanhada da seguinte potência reativa:
AU 22
Q 2 acomp = − sen(β B − β A ) (2.53)
B
Convém notar nas expressões (2.50) e (2.52) que, quanto menor a
constante B & em magnitude e fase, maior ser capacidade da linha de transmissão.
De (2.37) e (2.41), vê-se que a constante B & está relacionada diretamente com a
impedância série da linha. Logo, qualquer alteração nesta impedância, que venha a
acarretar diminuição em sua magnitude e fase, significará ampliação da capacidade
de transmissão desta linha.
29

CAPÍTULO 2
COMPENSAÇÃO REATIVA EM DERIVAÇÃO E EM
SÉRIE

2.1 – Compensação Tipo Derivação


A compensação tipo derivação ou “shunt”, visa o aperfeiçoamento de
linhas de transmissão cujo efeito capacitivo excede as necessidades operacionais.
Tratam-se, basicamente de linhas longas carregadas abaixo da potência
característica, com conseqüente elevação da tensão do barramento receptor,
implicando em riscos de ocorrência de efeito Ferranti e auto-excitação, sem falar na
queda de rendimento devido às perdas adicionais provocadas pela corrente
capacitiva.
Na forma ideal, a melhor maneira de efetuar esta compensação seria
distribuindo reatores shunt ao longo da linha. Esta solução entretanto, é
impraticável sob o ponto de vista econômico, já que exigiria a construção de
inúmeras subestações intermediárias, inviabilizando a solução. Resta, então, a
alternativa de concentrar toda a compensação nas subestações terminais e, na
hipótese de já existir alguma subestação intermediária, utilizá-la também.
Como já foi comentado, linhas de grandes comprimentos situam-se
numa região de operação insatisfatória quando consideradas em termos do
comprimento de onda da tensão transmitida. Para melhorar sua operação, duas
opções se destacam: alterar eletricamente o comprimento da linha, encurtando-a, ou,
alongando-a. No primeiro caso, trata-se de reduzir seus parâmetros indutivos e
capacitivos para que ela se caracterize como uma linha curta. No segundo caso, o
critério é inverso: busca-se aumentar esses parâmetros para que assumam
características de linhas com comprimento da ordem de meio comprimento de onda.
Convém lembrar que quanto mais exata a compensação da linha, mais dispendiosa
ela será. Portanto, o grau da compensação não deverá atingir 100% mas um
patamar que satisfaça as condições de operação da linha o mais economicamente
possível.
Um fato importante a ser também considerado é a variação do
comportamento da linha com a carga, o que pode até implicar na necessidade de se
fazerem reajustes no compensador para aperfeiçoar ainda mais a operação. Neste
sentido, tornam-se aplicáveis à compensação derivação não apenas os reatores fixos,
mas também reatores variáveis, tais como, reatores controlados por tiristores ou
reatores saturados.
Quanto ao aspecto matemático, a compensação derivação pode ser
estabelecida a partir das constantes generalizadas das linhas de transmissão. A
figura 2.1 pode ajudar no entendimento. Alí, as constantes específicas da linha, com
subíndices “1” , são compostas com os quadripolos “Y”, do compensador,
resultando o quadripolo equivalente da linha compensada, visto na figura 3.1b. Pela
aplicação das expressões de associação de quadripolos [ver na próxima página],
tem-se, para o quadripolo resultante:
30

A& =A & +B & 1Y& (3.1)


1

B& =B &1 (3.2)


C& = C& 1 + A
& Y
1
& +D
& 1Y
& +B
& 1Y
&2 (3.3)
& =D
D &1 +B
& 1Y
& (3.4)
31
32
33
34

Figura 2.1 – (a) Quadripolos representativos da linha de transmissão original e


compensador associado; (b) Quadripolo equivalente.

Como foi lembrado, os principais problemas a serem corrigidos, na


compensação derivação, são o efeito Ferranti e a auto-excitação. Estes problemas
são tão mais significativos quanto menor for a carga no receptor da linha.
Raciocinando em termos extremos, na linha em vazio, tem-se:

U &U
&1 =A &2 (3.5)

Numa linha longa, a constante A é menor que 1, diminuindo com o aumento do


comprimento da linha. Conseqüentemente, é fácil, neste caso, a partir de (3.5),
sentir a razão principal para a ocorrência do efeito Ferranti:

&2 =U
U &
& 1 /A (3.6)

& for igual a


Daí, a neutralização total do efeito Ferranti se dará quando a constante A
1. Portanto, aí está o critério para o dimensionamento do compensador. De (3.5):

&
& = 1 − A1
Y (3.7)
B&1

Considerando-se o ponto de vista econômico pelo qual não se deveria compensar


& não para 1, mas para um
totalmente a linha, isto significa corrigir a constante A
valor próximo, aqui denotando k, resultando:

&
& = k − A1
Y (3.8)
&1
B

De (3.8), considerando-se as componentes real e imaginária do compensador, tem-


se:
k − (A R + jA I )
YR + jYI =
B e jβ
B
35

Onde a parte real, correspondente às perdas, pode ser desprezada. Logo, operando e
igualando imaginários:

k A A
YI = sen(−β B ) − R sen(−β B ) − I cos β B
B B B
ou
YF =
(A R− k) A
sen β B − I cos β B (3.9)
B B

onde: YI é a susceptância do compensador;


& da linha original;
AR é a parte real da constante A 1

AI é a parte imaginária da constante A & da linha original;


1

k valor desejado para a constante A ;&


B magnitude da constante B & da linha, que permanece constante;
βB ângulo de fase da constante B&.

2.1.1 – Exercício Resolvido


Considere-se a linha de transmissão utilizada no exercício Do
capítulo 2. Considerando uma condição de receptor em vazio com tensão nominal
no transmissor, a tensão do receptor elevar-se-á, segundo (3.6):

&
& 2 = U1 = 450∠θ1
U
&
A 0,7363 e j1,7
o

& 2 = 611/θ1 – 1,7o


U [KV]

Tomando a fase do receptor como referência, tem-se:


U& 2 = U2 /θ2 = U2/0o

Logo, θ2 = 0 = θ1 – 1,7o θ1 = 1,7o

Assim,
U& 1 = 450/1,7o [KV]
U& 2 = 611/0
o
[KV]

Vê-se que a tensão do receptor encontra-se 35,7% superior à tensão nominal,


caracterizando a ocorrência do efeito Ferranti.
Supondo que o isolamento dos equipamentos da subestação
transmissora suporte uma elevação de tensão máxima de 5%, é possível dimensionar
um compensador em derivação para aprimorá-la. Seja:
36

U2max = 1,05 U1

1
A= = 0,95
1,05

Daí, utilizando (3.9), vem:


0,7363 − 0,95 9,64 x 10 -3
YI = sen(86,7 ) −
o
cos 86,7 o = YI = - 0,001337 [mhos]
160,76 160,76
É interessante notar, deste cálculo, como o segundo termo de (3.9)
teve efeito praticamente desprezível, como já seria de esperar. Afinal, ele combina a
divisão de AiI (sempre muito pequena) por B (sempre grande), multiplicada pelo
cosβ que sempre é muito pequeno já que β é tipicamente um ângulo próximo a 90o.
Esta observação, portanto, sugere uma forma alternativa para o cálculo do
compensador em derivação:
A −k
YI = R (3.10)
B

É interessante sentir o efeito do compensador no comportamento da


linha sob condições diversas. Para isso, vamos calcular as novas constantes de
quadripolos, da linha assim compensada.
Os resultados são:

CONSTANTES DA LINHA COMPENSADA


YI: -0.001337 XC: 0.0000
TIPO DE COMPENSAÇÃO: 1

A : 0.95060 0.5708 P.U./GRAUS


B : 160.7600 86.7000 OHMS/GRAUS
C : 0.00061 87.9311 MHOS/GRAUS
D : 0.95060 0.5708 P.U./GRAUS

Utilizando as novas constantes generalizadas, foram repetidos os


cálculos do exemplo do capitulo 2, que resultam:

CASO: N2 = 446.79 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 492,88 KV
Fase da tensão no transmissor: 8.715 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 0.452 KA
Fase da corrente no transmissor: 173.662 Graus

CASO: N2 = 446.79 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 385.41 KV
Fase da tensão no transmissor: 12.139 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 0.749 KA
37

Fase da corrente no transmissor: 53.772 Graus

CASO: N2 = 893.58 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. 1.000 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 477.08 KV
Fase da tensão no transmissor: 23.242 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 1.136 KA
Fase da corrente no transmissor: 14.460 Graus

CASO: N2 = 1340.37 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 361.39 KV
Fase da tensão no transmissor: 40.481 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 1.821 KA
Fase da corrente no transmissor: 44.082 Graus

CASO: N2 = 1340.37 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 643.26 KV
Fase da tensão no transmissor: 19.575 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 1.498 KA
Fase da corrente no transmissor: 152.362 Graus

Em seguida, os resultados acima serão comparados àqueles do


capitulo 2 e conclusões serão apresentadas.

2.1.1.1. Comentários Sobre os Resultados Obtidos

O principal problema envolvido, foi o do efeito Ferranti. Pode-se ver


que, na condição de potência natural na carga e fator de potência unitário, este efeito
ficou praticamente solucionado. Para cargas capacitivas de qualquer valor, a
compensação não foi suficiente para neutralizar totalmente o efeito. Por outro
lado, para cargas indutivas, a compensação se tornou excessiva. Isto demonstra a
importância que tem a carga no comportamento da linha e dos componentes da
compensação, fazendo lembrar a utilidade que podem ter, nesta aplicação, os
compensadores estáticos variáveis.
Pode-se registrar ainda a influência exercida pela compensação shunt
no ângulo de potência que, embora não muito acentuada, foi perceptível e favorável,
o que demonstra uma capacidade de melhorar a estabilidade da linha. Finalmente, a
corrente do transmissor manifestou-se menor na linha compensada, o que indica
uma melhoria de rendimento da linha.
38

2.2 – Compensação Série

O critério fundamental para a adoção da compensação série é o da


melhoria das condições de estabilidade desta solução. Além do aspecto estabilidade
(capacidade de transmissão), outras vantagens podem ser tiradas da compensação
série, tais como:
- Melhoria na regulação de tensão;
- Melhoria da distribuição de carga e das perdas;
- Melhoria no equilíbrio da potência reativa.

Uma outra vantagem que pode ser mencionada, diz respeito,


simultaneamente ao aspecto econômico e meio ambiente, já que, com compensação
série, em certos casos, pode-se evitar a construção de novas linhas de transmissão.
Apesar de todas essas vantagens, a compensação série não foi muito
utilizada até aqui, em função das inúmeras desvantagens que se lhe envolvem,
paradoxalmente. Para começar, em diversas situações o capacitor poderá estar
sujeito a sobretensões em seus terminais, tornando necessária a conexão de um
“gap” em paralelo consigo para protegê-lo dessas sobretensões. A presença de
capacitor, por outro lado, imediatamente após a ocorrência do distúrbio, pode ser
fundamental à estabilidade do sistema. Assim sendo, torna-se imperativa a presença
de um religador que o capacitor ao sistema, e que, as sobretensões não provoquem
nova operação do “gap”. Vê-se, portanto, que a principal dificuldade à difusão dos
capacitores série foi tecnológica, pela necessidade de desenvolvimento de “gaps”
com baixo tempo de desionização e de disjuntores capazes de manobrar altas
correntes capacitivas.
Outros problemas ainda podem causar preocupação quando da
instalação de capacitores série. Exemplo deles são a ferroressonância, associada à
energização de um transformador (correntes de “inrush”) ou a uma rejeição de carga
no mesmo e a ressonância subsíncrona que pode decorrer de efeitos de
ferroressonância ou de oscilações inerentes a alterações na topologia do sistema.
Uma perturbação oriunda do sistema, poderá originar oscilações geradas a uma
freqüência de oscilação subsíncrona. Isto provocará uma troca de energia entre os
sistemas elétricos e mecânico da turbina-gerador, pois a combinação dessas
oscilações subsíncronas com as características da máquina síncrona resultará num
movimento oscilante do rotor do gerador em relação à velocidade síncrona.
A componente da corrente em fase com a tensão produz um torque em
fase com a oscilação do rotor, gerando vibrações torcionais, e, se a freqüência da
oscilação coincidir com a freqüência natural do eixo, os torques pulsantes serão
amplificados, ocorrendo ressonância na máquina, com grave risco de perda do
conjunto turbo-gerador.
As grandes e modernas máquinas síncronas são fornecidas com
enrolamentos amortecedores adequados e sua freqüência de ressonância é bem
menor do que a freqüência de ressonância elétrica, fatores que diminuem o risco.
39

A probabilidade de ocorrência do fenômeno nas máquinas térmicas é


maior que nas hidráulicas. Isto se deve ao fato de que as turbinas térmicas têm
vários estágios de transformação termo-mecânica, e, em conseqüência, existirá um
número maior de freqüência de oscilações naturais no rotor do conjunto turbo-
gerador das usinas térmicas que nos de usinas hidráulicas.

2.2.1 – Determinação Matemática do Compensador

Como no caso da compensação derivação, o efeito da compensação


pode ser “sentido” nas constantes generalizadas da linha de transmissão, o que
permite o seu dimensionamento. Esta “sensibilidade”, contudo, poderá variar
conforme a localização do capacitor com relação aos terminais da linha.
Basicamente, três localizações são mais comumente utilizadas: próximo ao terminal
transmissor, ao receptor, ou no centro da linha. A figura 3.2 ilustra estas
possibilidades. Note-se que outras localizações podem se originar da combinação
desta. Por exemplo, (b) e (c) combinadas, originarão uma compensação em ambos
os terminais da linha.
Seguindo a seqüência da figura 3.2, as seguintes expressões
matemáticas resultam para as constantes generalizadas das linhas compensadas.

& =A
&2 +C & B& & & ′
a) A 1 1 1 − j C1 A 1 X c (3.11)
& =A& B& & & &2 ′
B 1 1 + B1 D1 − jA 1 X c (3.12)
C& = A
& C& + C& D& − jC & 2 X′ (3.13)
1 1 1 1 1 c

D & 1C& 1 + D
& =B & 1C& 1X′c
& 12 − jD (3.14)

b) A & − jC& X′′


& =A (3.15)
1 1 c

B& =B & 1 − jD& 1X′c′ (3.16)


C& = C& 1 (3.17)
& =D
D &1 (3.18)

& =A
c) A & (3.19)
1

B& =B & X′′


& 1 − jA (3.20)
1 c
&
C=C & (3.21)
1

D & 1 − jC& 1X′c′


& =D (3.22)
40

Figura 2.2 – Localizações básicas do capacitor série.

Como já foi discutido, a compensação série está intrinsecamente


relacionada com a constante B. Além disso, sua parte real não pode ser
compensada. Logo, o critério matemático para determinação do compensador série
partirá da consideração de se obter uma diminuição da parte imaginária de B.

Levando essas considerações às equações (3.12), (3.16) e (3.20) para


capacitor no meio da linha, no transmissor e no receptor, respectivamente, em (a),
(b) e (c), vem:

a) Capacitor no meio da linha:


& = 2A & B & &2
B 1 1 − jA 1 X c

BR + jBI = 2(AIR + jA1I) (B1R jB1I) – j(A1R + jA1I) (A1R + jA1I) Xc


BR + jBI = 2{(A1RB1R – A1IB1I) + j(A1RB1I + A1IB1R)} –
jX′c {(A 2IR − A12I ) + (A IR A1I + A1I A1R )}

Operando e igualando imaginários:


B I = 2(A1R B1I + A1I B1R ) + X c (A12I − A12R )
Para uma compensação total (100%) da parte imaginária de B & (BI = 0)
− 2(A1R B1I + A1I B1R )
Xc = para uma compensação parcial (K%): (3.23)
A12I − A12R

X′c = K . X c (3.24)

b) Capacitor no lado transmissor:


B& =B& 1 − jD
& 1X c
BR + jBI = (B1R + jB1I) – jXc(D1R + jD1I)
Logo:
BI = B1I – XcD1R; para uma compensação total (BI = 0):
41

B1I
Xc = ; para uma compensação parcial: X′c′ = K . X c (3.25)
D 1R

c) Capacitor no lado receptor:


& = B1 − jA 1X c
B
BR + jBI = (B1R + jB1I) – j(A1R + jA1I) Xc
BI = B1I – Xc A1R
Novamente, para uma compensação total (BI = 0):

B1I
Xc = ; para uma compensação parcial: X′c′ = K.X c (3.26)
A 1R

& =D
É interessante notar que, como na linha original A & 1 , as soluções
1

obtidas em “b” e “c” são iguais.


42

2.2.2 – Exercício Resolvido

Considere-se a linha de transmissão do exemplo anterior. Supondo


que se deseja compensar em 40% sua constante B1I através de um compensador série
instalado no terminal receptor, dimensione o capacitor X′c′ necessário. Em seguida,
considerando a linha compensada, repetir os cálculos dos ítens “a”, até “e” do
mesmo exemplo. Compare e comente os resultados.

Solução:

a) Dimensionamento do capacitor:
De (3.17) tem-se que:
B 160,76(0,4)
X′c′ = K.X c = K. 1I = = 87,2275 [ohms]
A 1R 0,7363

b) Cálculo das constantes da linha compensada:


Com isso, as novas constantes generalizadas da linha serão, de (3.19) a
(3.22):
A : 0.73630 1.7 P.U./GRAUS
B : 96.9405 83.3897 OHMS/GRAUS
C : 0.00286 90.4000 MHOS/GRAUS
D : 0.98581 1.3709 P.U./GRAUS

c) Cálculos de operação da linha com as cargas do exemplo anterior.


Utilizando os mesmos dados do exemplo anterior, os cálculos foram
repetidos, com a linha compensada, tendo sido obtidos os seguintes resultados:

CASO: N2 = 446.79 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Ind


Magnitude da tensão no transmissor: 372.82 KV
Fase da tensão no transmissor: 7.731 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 1.060 KA
Fase da corrente no transmissor: 64.816 Graus

CASO: N2 = 446.79 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 308.65 KV
Fase da tensão no transmissor: 10.798 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 1.694 KA
Fase da corrente no transmissor: 75.125 Graus

CASO: N2 = 893.58 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 1.000 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 364.39 KV
Fase da tensão no transmissor: 19.266 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 1.727 KA
Fase da corrente no transmissor: 49.545 Graus
43

CASO: N2 = 1340.37 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 291.14 KV
Fase da tensão no transmissor: 31.894 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 2.685 KA
Fase da corrente no transmissor: 60.492 Graus

CASO: N2 = 1340.37 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 464.69 KV
Fase da tensão no transmissor: 16.348 Graus
Magnitude da corrente no transmissor: 1.404 KA
Fase da corrente no transmissor: 12.460 Graus

Em seguida, estes resultados serão comparados com aqueles dos


exemplos já realizados.

2.2.2.1 – Comentários e Comparações com os Resultados Obtidos

Sem dúvida, a grande influência desta compensação concentrou-se


no seu efeito sobre a estabilidade transitória. Todos os ângulos de potência da linha
compensada são menores que seus correspondentes na linha não compensada.
Como a compensação concentrou-se no receptor, a constante A & não
foi afetada e, conseqüentemente, o efeito Ferranti, além de não ter sido melhorado,
ainda piorou. Apenas nos casos (b) e (c) houve melhora da tensão no transmissor
que, de qualquer maneira, só permaneceu satisfatória no caso (c). Convém ressaltar
que este resultado não desabona “a priori” o modelo. Na verdade, resultados
melhores poderiam ser obtidos se um outro percentual de compensação fosse
utilizado.
Observe-se que, com a compensação no receptor, os parâmetros
&B e D
& são afetados. A constante D & aumenta, mas a constante B & diminui. Daí
porque o efeito Ferranti acentuou-se. Note-se que, caso a compensação fosse no
transmissor, as constantes A & eB
& seriam alteradas, logo, o efeito Ferranti assim seria
substancialmente melhorado, pelo menos no que tange à auto-excitação do gerador.
É possível verificar, ainda, que o efeito de aumento da constante D &
levou a correntes mais elevadas na linha compensada. Caso a compensação se
desse no transmissor, D & não seria afetada e as correntes no lado do transmissor não
se alterariam.

2.3) EXERCÍCIOS

1 – Uma linha de transmissão de 230 [KV] possui as seguintes constantes


generalizadas:
A& =D
& = 0,6068/6,79o = 0,6025 + j0,0771
44
& = 325,5115/79,98o [ohm]
B
C& = 1,991 x 10-3/92,98o [mho]

Ela alimenta uma carga passiva de 35 + j5 [MVA], com tensão de 220 [KV] no
receptor.
a) Qual o valor da tensão que deve ser mantida no transmissor, com carga e a vazio?
b) Admitindo que seja feita uma compensação integral por reatores indutivos, qual o
novo valor da tensão no transmissor, com carga e a vazio ?
c) Admitindo ainda uma compensação integral por reatores no transmissor e
receptor, qual o valor da tensão no meio da linha, com carga e a vazio ? Sem
compensação, as constantes da metade da linha são:
A& =D & 1 = 0,895/1,38o
1

& 1 = 181,85/78,6o [ohm]


B
& = 1,991 x 10-3/92,98o [mho]
C 1

Solução

N& 2 = 35 + j5 = 35,355/8,13o [MVA]


N&2= 3 U & 2 &I *2
&*
&I 2 = N 2 = 35,355 x 10 ∠ − 8,13 = 92,78∠ − 8,13o [A]
6 o

3.U &* 3 . 220 x 10 3 ∠0 0


2

a- U &U
&1 =A &2 +B
& &I 2

i. a vazio &I 2 = 0 &1 =A


U &U&2
& 1 = 0,6068/6,79o . 220 x 103/0o
U
& 1 = 133,50/6,79o [KV]
U ∆

ii. Com carga


3
& =A
U &U
& +B& &I = 0,6068/6,79o x 220 x 10 /0o + 325,515/79,98o x 92,78/-8,13o
1 2 2
3
& 1 = 77.073,95/6,79o + 30.200,96/71,85o = 93,891,08/23,75o [V]
U
& 1 = 162,624/23,75o [KV]
U ∆

b) Para uma compensação integral K = 1


(A − K ) .sen β − A i cos β
yI = R B B
B B

(0,6025 − 1) 0,0717
yI = .sen(79,98o ) − . cos(79,98o ) = −0,0012409
325,5115 325,5115
45

Os reatores, um para cada terminal da linha, deverão ter a potência de:


Qc = yI . U2 = 0,0012409 x (220 x 103)2 = 60,06 [MVAr]

A linha compensada terá as seguintes constantes (tabela anexa)


A& =A& +B& .Y
& = 0,6068/6,79o + 325,5115/79,98o x 0,0012409/-90o = 1,00031/0,084o
c

B&c =B
& = 325,5115/79,98o

i. A vazio
U&1 =A& .U& 2 = 1,00031/0,084o . 220 x 103/0o
c

U& 1 =220,068/0,084o [KV]


ii. Com carga


3
& =A
U & .U
& +B& .&I = 1,00031/0,084o x 220 x 10 /0o + 325,5115/79,98o x 92,78/-8,13o
1 c 2 c 2
3
& 1 = 127.056,44/0,084o + 30.200,96/71,85o = 139.487,50/11,95o
U
& 1 = 241,60/11,95o
U ∆

c) De acordo com a tabela anexa, teremos, considerando a compensação junto ao


receptor e o trecho da linha que vai de seu centro ao receptor:
A& =A & B & & o o o o
1c 1 1 Y = 0,895/1,38 + 181,85/78,6 . 0,0012409/-90 = 1,1162/-1,18

B& 1c = B
& 1 = 181,85/78,6o

i. A vazio
& & .U
U1 / 2 = A & 2 = 1,1162/1,18o . 220 x 103/0o
1c

& 1 / 2 = 245,56/-1,18o [KV]


U ∆

ii. Com carga


3
& & & & & o 220 x 10
U 1 / 2 = A 1c U 2 + B1c I 2 = 1,1162/-1,18 . /0o + 181,85/78,6o x 92,78/-8,13o
3
& 1 / 2 = 141.776,44/1,18o + 16.872,043/70,47o = 147.957,31/5,03o [V]
U
& 1 / 2 = 256,27/5,03o [KV]
U ∆

2 – Uma linha de interligação de dois sistemas tem as seguintes características:


& =D
A & = 0,7363/1,7o = 0,7363 + j0,0218
& = 160,76/86,7o = 9,2540 + j160,493
B
& = 0,002861/90,4o = - 0,00002 + j0,00286
C
Z0 = 236,8 [ohm]
46

Se no transmissor e no receptor forem mantidas as tensões U1 = U2 =


460 [KV], qual será o valor do ângulo de potência da linha quando ela entregar no
receptor:

a) - P2′ = 0,5P0 ; P0′′ = P0 ; P2′′′= 1,5P0 ?

b) – Admitindo que a linha seja compensada em 50% por meio de capacitores-série


nas extremidades, calcular novamente o valor do ângulo de potência para as mesma
condições anteriores de carga.

Solução

P0 =
U 2

=
(460 x 10 )
3 2

= 893,58 [MW]
Z0 236,8

a) – os ângulos de potência poderão ser calculadas pela expressão abaixo, obtida da


equação de P2, eq. (2.50):
B ⎡ AU 22 ⎤
θ = β B − arc cos ⎢ P2 + cos(β B − β A )⎥
U1 U 2 ⎣ B ⎦

160,76 ⎡ 0,7363(460x10 3 ) 2 ⎤
θ = 86,7 − arc cos P +
3 ⎢ 2
cos(86,7 o − 1,7 o )⎥
(460x10 ) ⎣ 160,76 ⎦

θ = 86,7 – arc cos 0,00076[P2 + 84,46727]


P2′ = 0,5P0 = 446,79 [MW] θ’ = 20,513o
P2′′ = P0 = 893,58 [MW] θ” = 44,715o
P2′′′ = 1,5P0 = 1340,37 [MW] θ′′′ = indeterminado

Para a condição de P2′′′= 1,5P0 , P2′′′ está além do limite máximo


transmissível para as condições impostas de tensões terminais. O limite ocorrerá
para θ = βB . Logo, da equação (2.52):

U1 U 2 AU 22
P2 máx = − cos(β B − β A )
B B
(460x10 3 ) 0,7363x (460x10 3 ) 2
P2 máx = − cos(86,7 o − 1,7 o ) = 1231,78 [MW]
160,76 160,76

b) – Admitindo uma compensação-série de 50%, nas extremidades da linha:


A associação de quadripolo no 8 da tabela anexa fornece, para a constante de
quadripolo B& 1 resultante (de uma linha com dois capacitores em série, nas suas
extremidades:
47
& +A
B1 = B & .X& c + D . Xc + C . X
& c2
que pode ser posta da seguinte forma:
B1R + jB1I = (BR + jBI) + 2(AR + jáI) (XcR + jCcI) + (CR + jCI) (XcR + jXcI)2

Desenvolvendo e igualando reais e imaginários, tem-se:


B1I = BI + 2 . AR . XcI – CI . (XcI)2 = 0

para uma compensação total, tem-se B1I = 0 . Logo:


2A R ± (2A R ) 2 + 4C I .B I
X c1 =
2C I

2.0,7360 + (2.0,7360) 2 + 4.0,00286.160,493


X c1 =
2.0,00286

X′c1 = 303,558 [ohm]

X′c′1 = - 92,432 [ohm] ⇒ reatância capacitiva escolhida (pois é a raiz negativa)

Para uma compensação de 50%: X′c′ = K série* X′cI′ = 0,50 . - 92,432 = - 46,216Ω

A linha assim compensada terá suas constantes generalizadas


alteradas para (ver novamente a associação de quadripolo no 8 da tabela anexa):

& =A
A & +C
& .X
& c = 0,7363/1,7o + 0,002861/90,4o . 46216/-90o = 0,8685/1,50o
c

&c =B
B & + 2A& .X
& c + C.X
& c2
& c = 160,76/86,7o + 2.0,7363/1,7o . 46,216/-90o + 0,002861/90,4o . (46,216)2/-180o
B
& c = 87,093/82,53o
B

A linha assim compensada operará com o seguinte ângulo de potência:

87,093 ⎡ 0,8685.(460) 2 ⎤
θ c = 82,53 − arc cos
o
P +
2 ⎢ 2
cos(82,53 − 1,50)⎥
(460) ⎣ 87,093 ⎦

θc = 82,53o – arc cos 0,00041 [P2 + 329,001]

P2′ = 0,5P0 → θ′c = 11,077 o

P2′′ = P0 → θ′c′ = 22,613o

P2′′′= 1,5P0 → θ′c′′ = 35,722 o


48

Para o caso, P2′′′= 1,5P0 , a inserção dos capacitores-série tornou a


transmissão possível sob o ponto de vista de regime permanente.
49

2.3 Compensação Total

A compensação total constitui-se, pode-se dizer, na combinação da


compensação série com a compensação derivação. Algumas vezes já é incluída, no
seu todo, no planejamento da linha de transmissão. Outras vezes, contudo, é
providenciada pela necessidade de aumentar a capacidade de transmissão de linhas
já incluindo compensação em derivação, através da instalação de capacitores série.
Basicamente, os reatores em derivação corrigem o efeito Ferranti, enquanto os
capacitores série aumentam a capacidade da transmissão da linha. Na verdade,
porém, quando da combinação de ambos, há uma interdependência intrínseca entre
as duas compensações, de forma que uma chega a influir sobre o efeito da outra.
Trocando em miúdos, isto significa dizer que o efeito dos reatores derivação antes e
após a instalação de capacitores série é diferente, podendo ser no sentido de
aumentar ou diminuir a eficiência, conforme as circunstâncias envolvidas entre os
parâmetros da linha e dos compensadores. A recíproca desta influência, também é
verdadeira.
Os mesmos problemas envolvidos na compensação série, apenas,
novamente se encontram presentes na compensação total, dispensado repetição do
assunto.
Novamente, como nos outros casos, quanto mais distribuída a
compensação ao longo da linha, mais efetivo será seu efeito. Os aspectos
econômicos, outra vez, limitam este perfeccionismo técnico.
A referência [2] desenvolve um exaustivo trabalho na análise da
compensação total, abrangendo vários graus de compensação e estudando condições
diversas de operação. São testadas compensações dividindo a linha em dois e
cinco trechos. A análise demonstra a inviabilidade da última opção em benefício da
primeira, dada a dificuldade e custo de instalação e manutenção de subestações
intermediárias.
Partindo dessas considerações, os modelos aqui adotados para
estudos se restringirão a três, conforme mostra a figura 2.3. Cabe ressaltar que, para
uma melhor distribuição de efeitos, convém sempre manter uma simetria entre os
dois lados da linha, partindo do seu ponto médio até os extremos. Portanto, as
configurações vistas na figura 2.3 serão úteis para efeito de cálculos, mas são
básicas, isto é, só serão realmente utilizadas quando combinadas respeitando-se a
simetria.
50

Figura 2.3 – Configurações básicas para obtenção de linhas com compensação total
através da teoria dos quadripolos.
Combinando-se eficientemente os modelos básicos da figura 2.3,
obtém-se os modelos principais, e que aqui serão analisados, da compensação total,
mostrados nas figuras 2.4 a, b e c, dos quais precisa-se deduzir os quadripolos
resultantes, correspondentes, respectivamente, aos das figuras 2.4 d, e e f.
Sob o ponto de vista técnico, é possível ainda apontar uma vantagem
do modelo da figura 2.4 c, sobre os demais. A figura 2.5 pode auxiliar a
compreensão do problema. Trata-se da “corrente de arco secundário”. É a
corrente que continuará fluindo através do ponto de falta, após a abertura de ambos
os disjuntores nos terminais da linha. Em condições normais, estas correntes não
devem causar grandes preocupações, porém, na eventualidade de não ocorrência de
disparo dos “gaps” de proteção, a energia armazenada nos capacitores irá originar
correntes circulando conforme ilustra a figura 2.5, seja para faltas entre fases ou
fase-terra, as quais, poderão ser extremamente danosas pelo seu caráter oscilatório.
Já no modelo da figura 2.4c, a corrente de arco secundário que permanecerá será
pequena e não deverá causar preocupações extraordinárias. Por outro lado, quando
do religamento, o modelo da figura 3.4c poderá permitir sobretensões elevadas,
tornando necessária a instalação de pára-raios.
51

Figura 2.4 – Modelos de linhas de transmissão divididas em dois trechos, utilizando


compensação total.

Figura 2.5 – Ilustração do efeito da corrente de arco secundário.

Nota-se, portanto, o quanto é difícil adotar uma configuração como


sendo a mais adequada para a compensação. A verdade é que, cada caso deve ser
analisado individualmente, em função de possíveis peculiaridades outras que
venham a ocorrer.
2.3.1 – Modelagem Matemática das Configurações

Em analogia com as constantes A, B, C, D, um reator derivação e um


capacitor série podem ser representados matematicamente, na forma matricial,
respectivamente, por:

⎡ 1 0⎤ ⎡ 1 - jX c ⎤
⎢Y 1⎥ e ⎢0 1 ⎥⎦
⎣ ⎦ ⎣

Como nas constantes generalizadas das linhas de transmissão, essas


matrizes podem representar tensões e correntes de entrada como função de tensões e
correntes de saída dos referidos equipamentos, da seguinte forma, respectivamente,
correspondendo às figuras 2.6.a e b:
52

Figura 2.6 – Quadripolos representativos do reator derivação e capacitor série.

⎡U& e ⎤ ⎡ 1 0⎤ ⎡ U
& s⎤
⎢& ⎥ ⎢ = ⎥ ⎢ ⎥ (3.27)
⎣ I e ⎦ ⎣Y 1⎦ ⎣ &I s ⎦

⎡U& e ⎤ ⎡1 − jX c ⎤ ⎡ U
& s⎤
⎢& ⎥ ⎢ = ⎢ ⎥
1 ⎥⎦ ⎣ &I s ⎦
(3.28)
⎣ I e ⎦ ⎣0

onde os sub-índices e indicam entrada e s, saída.

A aplicação destas expressões aos modelos básicos da figura 2.3,


resulta nas seguintes expressões:

⎡U& 1⎤ 1 0 &
A &1
B &i
U
⎢& ⎥=
1
(3.29.a)
⎣ I1 ⎦ Y 1 &
C1 &1
D &I
i

⎡U& i ⎤ 1 − jX c &
A &1
B 1 0 &2
U
⎢& ⎥=
1
(3.29.b)
⎣ Ii ⎦ 0 1 &
C &1
D Y 1 &I
1 2

⎡U& 1⎤ 1 0 1 - jX c &
A &1
B &i
U
⎢& ⎥=
1
(3.29.c)
⎣ I1 ⎦ Y 1 0 1 &
C1 &1
D &I
i

⎡U& i⎤ &
A &1
B 1 - jX c 1 0 &2
U
⎢& ⎥=
1
(3.29.d)
⎣ Ii ⎦ &
C1 &1
D 0 1 Y 1 &I
2
53

⎡U& 1⎤ 1 - jX c &
1 0 A &1
B &i
U
⎢& ⎥=
1
(3.29.e)
⎣ I1 ⎦ 0 1 &
Y 1 C1 &1
D &I
i

⎡U& i⎤ &
A &1
B 1 0 1 - jX c &2
U
⎢& ⎥=
1
(3.29.f)
⎣ Ii ⎦ &
C1 &1
D Y 1 0 1 &I
2

onde o sub-índice i indica o ponto intermediário entre cada dois modelos que serão
combinados.
Estas expressões deverão ser combinadas duas a duas a fim de
fornecer a expressão geral:

⎡U& 1⎤ A& B
& &2
U
⎢& ⎥= (3.30)
⎣ I1 ⎦ C& D
& &I 2
Assim, para cada combinação das expressões (3.29), duas a duas, que
resultem em um dos modelos da figura 3.4, será necessário calcular suas constantes
&,B
generalizadas A &,C &,D
&.
Combinando (3.29) (a) e (b), vem:

&1 1 0 A
U & &1
B 1 - jX c &
A &1
B &2
1 0 U
= 1 1
(3.31)
&I1 &
Y 1 C &1
D 0 1 &
C &1
D Y 1 &I 2
1 1

Efetuando-se as multiplicações matriciais para obter a expressão da


& , resulta:
&1 =A
forma dada em (3.30), levando em conta que D 1

& =A
A & 2 (1 − jX Y) + A
& (2YB & )+C
& 1 − jX c C & B& (3.32)
1 c 1 1 1 1

& = 2B
B & − jX A
& 1A &2 (3.33)
1 c 1

& =C
& (2A
& + 2YB & − jX C
& − 2 jX YA & & 2 & & 2&
C 1 1 1 c 1 c 1 ) + A 1 ( − jX c Y A 1 + 2YA 1 + 2Y B1 ) (3.34)

& =D
D & 12 (1 − jX c Y ) + D
& 1 (2YB & )+B
& 1 − jX c C & =A
& 1C & (3.35)
1 1

A combinação de (3.29) (c ) e (d), leva a:

& 1 1 0 1 - jX c
U &
A &1
B &
A &1
B 1 - jX c &2
1 0 U
= 1 1
(3.36)
&I Y 1 0 1 &
C &1
D &
C &1
D 0 1 Y 1 &I 2
1 1 1

Efetuando-se as operações matriciais para obter a expressão na mesma forma que


&1 =A
em (3.30), lembrando que D & , obtém-se:
1
54
& =A
& 2 (1 − 2 jX Y ) + A
& (−2X 2 YC
& − 2 jX C
& & & &
A 1 c 1 c 1 c 1 + 2 YB1 ) + B1 C1 (1 − 2 jX c Y ) (3.37)

& =B & − 2 jX C
& ( 2A & &2 2 & &
B 1 1 c 1 ) − 2 jX c A 1 − 2 X 1 A 1 C1 (3.38)

& =C
& ( 2A
& + 2YB
& − 2 jX Y 2 B & − 2X 2 Y 2 A
& − 4 jX YA & ) + 2Y 2 A
& B&
C 1 1 1 c 1 c 1 c 1 1 1 −

(3.39)
& 2 + 2YA
- 2 jX c Y 2 A &2
1 1

& =D
& 2 (1 − 2 jX Y) + D & − 2 jX C
& (−2X 2 YC & & & &
D 1 c 1 c 1 c 1 + 2 YB1 ) + B1 C1 (1 − 2 jX c Y ) (3.40)

onde: D& = A& .

Repetindo o procedimento com (3.29) (e) e (f), vem:

&
U 1 - jX c &
1 0 A &
B A& &
B 1 0 1 - jX c &
U
1
= 1 1 1 1 2
(3.41)
&I 0 1 &
Y 1 C &
D &C &
D Y 1 0 1 &I
1 1 1 1 1 2

Finalmente, realizando estas operações matriciais e considerando que


& =A
D & , resulta:
1 1

& =A
& 2 (1 − 2 jX Y) + A
& (−2 jX Y 2 B
& + 2YB &
& − 2 jX C & &
A 1 c 1 c 1 1 c 1 ) + B1 C1 (1 − 2 jX c Y ) (3.42)

& =B & − 2X 2 YC
& ( 2A & − 4 jX YA
& − 2X 2 Y 2 A
& − 2 jX C
& &2
c 1 ) − A 1 ( 2X c Y + 2 jX c ) −
2
B 1 1 c 1 c 1 c 1

(3.43)
& C
- 2X c2 A &
1 1

& =C
C & ( 2A
& + 2YB & 2 + 2Y 2 A
& ) + 2YA & B& (3.44)
1 1 1 1 1 1

& =D
& 2 (1 − 2 jX Y) + D
& (−2 jX Y 2 B &
& − 2 jX C & & &
D 1 c 1 c 1 c 1 + 2YB1 ) + C1 B1 (1 − 2 jX c Y ) (3.45)

&.
& =A
onde D

Dispondo dos conjuntos de equações da linha compensada, para cada


modelo, é possível agora estabelecer as expressões para o dimensionamento dos
compensadores. Isto será feito em função dos critérios da compensação, que são os
mesmos adotados para os casos da compensação derivação e compensação série,
agora combinados:

A = Kd (3.46)

& ) − B I = K S B1I
I m (B (3.47)
55

onde a indicação “Im” indica “parte imaginária” do argumento e os sub-índices d e s


sugerem “derivação” e “série”, respectivamente.

Como as expressões de A e B diferem conforme o modelo, as soluções


buscadas (valores de Y e Xc), deverão ser deduzidas para cada um deles. Isto agora
será feito, para os modelos a, b e c, em alusão à figura 3.4.

2.3.1.1 – A Compensação para o Modelo a

Para este modelo, a solução deverá partir das expressões (3.32) e


(3.33), logo, combinando-as com (3.46) e (3.47):

& 2 (1 − jX Y) − A
& (2YB & )+C
& 1 − jX c C & B&
A 1 c 1 1 1 1 − Kd (3.48)

I m {2B & − jX A
& 1A 1 c
& 2 } = 0 (para compensação série total)
1 (3.49)

Desenvolvendo, inicialmente, a expressão (3.49), obtém-se para o


capacitor série:

− 2(B1R A1I + A1R B1I )


Xc = (3.50)
(A12I − A12R )
Levando o valor de Xc (ou de X’c = Ks . Xc) na expressão (3.48), tem-se Y:

& 2 + jX A
Kd − A & C
& −B &
& 1C
&
Y= 1 c 1 1 1
& & &
2A1B1 − jX c A12

Nesta expressão, efetuando os produtos, separando as partes real e


imaginária e considerando que a parte real de Y é desprezível, resultará, para a parte
imaginária:

K 1K 4 − K 2 K 3
YI = (3.51)
K 12 − K 22
onde:

K1 = 2(A1RB1R – A1IB1I + XcA1IA1R) (3.52)

K 2 = 2(A 1R B1I + A 1I B1R ) + X c (A12I − A 12R ) (3.53)

K 3 = K d − A12R + A12I − X c (A1C1I + A1I C1R ) − B1R C1R + B1I C1I (3.54)

K4 = Xc(A1RC1R – A1IC1I) –2A1RA1I –B1IC1R – C1IB1R (3.55)


56
57

2.3.1.2 – Compensação para o Modelo b

A solução agora deve partir de (3.37) e (3.38), combinadas com


(3.46) e (3.47). Assim:

& 2 (1 − 2 jX Y) + A
A & (2YB & )+B
& 1 − 2X c2 YC & (1 − 2 jX Y) = K
& 1C (3.56)
1 c 1 1 1 c d

I m {B & − 2 jX C
& 1 ( 2A 1
& &2 2 & &
}
c 1 ) − 2 jX c A 1 − 2X c A 1C1 = 0 (para compensação

série de 100%) (3.57)

A expressão de “B1”, após desenvolvimento, poderá ser dada por

K 1X c2 + K 2 X c + K 3 = 0
logo,
− K 2 ± K 22 − 4K 1K 3
Xc = (3.58)
2K 1
onde

K1 = C1RA1I + C1IA1R (3.59)

K 2 = A12R − A12I + C1R B1R − C1I B1I (3.60)

K3 = - A1IB1R – A1RB1I (3.61)

Observa-se que (3.58) resulta em uma raiz positiva e outra negativa.


Toma-se como resultado a raiz positiva, já que, como o sinal negativo da reatância
capacitiva já está incluído no modelo matemático (ver figura 3.6), esta é que terá
sentido prático.
Conhecido Xc, é possível calcular Y, através de expressão a ser
deduzida a partir de (3.56). Seguindo o mesmo procedimento do caso anterior,
obtém-se:

K d + 2 jX c A& C
& −B & −A
& 1C &2
& =
Y 1 1 1 1
(3.62)
& & & 2 & & &
& 1C
2A1 B1 − 2 jX c A1 − 2X c A1C1 − 2 jX c B
2
1

Continuando o desenvolvimento, separando as partes real e


imaginária da expressão, resulta:

K 1K 3 + K 2 K 4 + jK 2 K 3 − jK 1K 4
YR + jYI =
K 32 ± K 24

onde a parte real é desprezível, logo, para a parte imaginária que se deseja projetar:
58

K 2 K 3 − K 1K 4
YI = (3.63)
K 32 + K 24
onde:

K 1 = K d + B1I C1I − B1R C1R − 2X c A1I C1R + A1R C1I ) + A12I − A12R (3.64)

K2 = 2Xc(A1RC1R – A1IC1I) – B1RC1I – C1RB1I – 2A1RA1I (3.65)

K 3 = 2A1R B1R − 2A1I B1I + 4X c A1R A1I − 2X c2 A1R C1R + 2X c2 A1I C1I +
(3.66)
+ 2X c B1I C1R + 2X c B1R C1I

K 4 = 2A1I B1R + 2A1R B1I − 2X c A12R + 2X c A12I − 2X c2 A1I C1R −


(3.67)
- 2X c2 C1I A1R − 2X c B1R + 2X c B1I C1I

2.3.1.3 – Compensação para o Modelo c

A princípio seguindo-se o mesmo procedimento dos casos anteriores,


dever-se-ia trabalhar com as expressões (3.42) e (3.43), combinadas com (3.46) e
(3.47). Contudo, este procedimento torna a solução bastante complexa pois, em
ambas as expressões, Xc e Y aparecem de forma quadrática. Isto levaria à
necessidade de se resolver o sistema de equações quadráticas, simultaneamente,
para obtenção de Xc e Y. Há, todavia, uma forma alternativa de evitar este
problema, talvez sem diminuir o trabalho, mas diminuindo a complexidade.
A solução aqui adotada, será a de se calcular primeiro Y, com apenas
os reatores derivação inseridos na rede, isto é, utilizando-se um quadripolo de
expressão matemática bem mais simples, para, em seguida, através de (3.43) e
(3.47), determinar Xc. É claro que a inclusão de Xc irá alterar a compensação
derivação já pré-estabelecida para a constante A & . Esta, portanto, após o cálculo de
Xc, deverá ser calculada por (3.42) e, se exceder o valor desejado de Kd inicial,
menor, com ele recalcular Y e, conseqüentemente, outra vez Xc. Novamente deve-
se calcular A resultante para verificar se está compatível com o Kd final desejado e,
se ainda não estiver, deve-se continuar “iterativamente” neste processo até que A
resulte satisfatória.
Partindo da figura 2.4c, a constante A do quadripolo envolvendo
apenas os trechos de linhas e a compensação derivação é dada por:

&1 1 0
U &
A &1
B &
A &1
B &2
1 0 U
= 1 1
(3.68)
&I1 Y 1 &
C1 &1
D &
C1 &1
D Y 1 &I 2

cujo desenvolvimento leva a:


59
&1
U A&′ B&′ &2
U
= (3.69)
&I1 C& ′ D
&′ &I 2
onde:

&′=A
A &2 +B & + 2A
& 1C & B&
1 1 1 1Y (3.70)

Assim, combinando (133) com (109), calcula-se o valor inicial de Y


& = K di − A′′ , onde Kdi
a partir de Y
B′′

& = K di − A′′
Y
B′′

da qual, tirando-se apenas a parte imaginária resulta:

K 2 K 3 − K 1K 4
YI = (3.71)
K 32 − K 24
onde:

K 1 = K id1 − A12R + A12I − B1R C1R + B1I C1I (3.72)

K2 = -(2A1RA1I + B1RC1I + B1IC1R) (3.73)

K3 = 2(A1RB1R – A1IB1I) (3.74)

K4 = 2(A1IB1R+ B1IA1R) (3.75)

Como (3.71) será utilizada dentro do processo “iterativo”, não será


necessário, na maioria das vezes, utilizá-la com todos os termos que dela fazem
parte. Na maioria dos casos, K2 e K3, são desprezíveis diante do K1 e K4,
podendo-se então adotar uma simplificação:
K
YI = − 1 (3.76)
K4

De posse do valor calculado de YI, pode-se agora calcular Xc:

& − 2X 2 YC
& ( 2A & − 4 jX YA
& − 2X 2 Y 2 A
& − 2 jX C
& &2
c 1 ) − A 1 ( 2X c Y + 2 jX c ) −
2
I m {B1 1 c 1 c 1 c 1

& C&
- 2X c2 A 1 1 } = 0 (para uma compensação série total)

cujo desenvolvimento resulta em:


60

K 1X c2 + K 2 X c + K 3 = 0 (3.77)

onde:

K 1 = 2YI B1I C1I − 2YI B1R C1R + 2YI2 A1R B1I + 2YI2 A1I B1R − 2YI A12R +
(3.78)
+ 2YI A12I − 2A1I C1R − 2A1R C1I

K 2 = 2B1I C1I − 2B1R C1R + 2YI A1R B1I + 2YI A1I B1R − 2A12R + 2A12I (3.79)

K3 = 2(A1RB1I + A1IB1R) (3.80)


A solução de (3.77) é obtida por:

− K 2 ± K 22 − 4K 1K 3
Xc = (3.81)
2K 1

de onde resultarão duas raízes, das quais a positiva deverá ser a considerada, já que
no modelo matemático (ver figura 3.6) o sinal negativo já está incluído.
A figura 2.7 ilustra o procedimento para atingir o valor desejado de Kd.

Figura 2.7 – Diagrama de fluxo ilustrando o cálculo dos compensadores pelo


modelo c.

2.3.2 – Exercício Resolvido


61

Ainda utilizando a linha do exemplo 1.5, faz-se um exercício, para o


cálculo de compensação total e seus efeitos, utilizando o modelo A de compensação
total.
Utilizando (3.50) e (3.51) com Ks = 0,6 e Kd = 0,95, foram obtidos,
para o capacitor e os reatores, os seguintes valores.:

Xc = 259,333 Ohm
YI = 0,003386 Mho
As constantes calculadas para a linha compensada foram:

A : 0.95415 1.4909 P.U./GRAUS


B : 97.4494 81.1763 OHMS/GRAUS
C : 0.00099 80.9624 MHOS/GRAUS
D : 0.95415 1.4909 P.U./GRAUS

O uso destas constantes para o cálculo de tensões e corrente no


transmissor, como função da carga, nas mesmas condições dos casos anteriores,
levou aos seguintes resultados:

CASO (a): N2 = 446.79 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 471.87 KV
Fase da tensão no transmissor: 6.106 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 0.530 KA
Fase da Corrente no Transmissor: 13.431 GRAUS

CASO (b): N2 = 446.79 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 407.47 KV
Fase da tensão no transmissor: 8.535 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 0.925 KA
Fase da Corrente no Transmissor: 57.377 GRAUS

CASO (c): N2 = 893.58 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 1.000 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 462.62 KV
Fase da tensão no transmissor: 15.236 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.254 KA
Fase da Corrente no Transmissor: 21.926 GRAUS

CASO (d): N2 = 1340.37 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 384.84 KV
Fase da tensão no transmissor: 24.415 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.992 KA
Fase da Corrente no Transmissor: 47.068 GRAUS

CASO (e): N2 = 1340.37 MVA U2 = 450.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


62

Magnitude da tensão no transmissor: 563.92 KV


Fase da tensão no transmissor: 13.143 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.497 KA
Fase da Corrente no Transmissor: 160.081 GRAUS

2.3.2.1 – Comentários sobre os Resultados Obtidos

Pode-se perceber que todas as constantes da linha foram afetadas.


Em particular, o aumento de A e a diminuição de B já fazem esperar melhorias a
respeito de efeito Ferranti e de estabilidade transitória. De fato, ambos os efeitos se
verificam. Nos casos (a) a (d), as melhorias em termos de efeito Ferranti,
estabilidade transitória (ângulo de potência) e diminuição da corrente no
transmissor, estão sempre presentes. Além disso, ressalta-se que são as melhores
condições já obtidas para estes três importantes problemas. Apenas no caso (e), a
regulação de tensão sofreu pequena piora e também a corrente do transmissor. O
ângulo de potência, contudo, foi beneficiado. Este comportamento pode ser
explicado pela carga excessiva e pelo fator de potência indutivo que torna a
compensação derivação excessiva.
De qualquer forma, pode-se ver que, a compensação, sendo fixa,
apesar de Ter melhorado o comportamento da linha, em geral, não a ajustou
perfeitamente. Poderiam ter sido obtidos resultados ainda melhores, combinando
valores mais adequados de Ks e Kd mas, mesmo assim, uma operação plenamente
satisfatória só ocorreria com o uso de compensadores ajustáveis de acordo com a
carga e levando em conta as restrições impostas, principalmente, pelo isolamento da
linha, limite de estabilidade, efeito Ferranti e rendimento.

2.4 – Compensação para Meio Comprimento de Onda

Como foi visto ao longo deste trabalho, a operação de linhas de


transmissão com comprimentos próximos de um quarto de comprimento de onda
torna-se problemática. Algum tipo de compensação fatalmente deve ser utilizado
em tais linhas. Nos casos mais completos, a compensação exerce o papel de,
artificialmente, alterar o “comprimento elétrico” das linhas. Um bom exemplo disto
é a compensação total, já estudada, que, tornando a constante A próxima da unidade
e diminuindo a parte imaginária da constante B , pode tornar seus valores tais quais
os encontrados apenas em linhas muito curtas. Por isso, costuma-se associar a
compensação total ao “encurtamento artificial” da linha de transmissão.
É evidente que, quanto mais longa for a linha, maiores deverão ser as
potências dos compensadores utilizados para seu encurtamento e, portanto, mais
dispendiosos. Os engenheiros de telegrafia, há muito preocupados com os
problemas da transmissão nas proximidades de ¼ de comprimento de ainda, já
utilizavam um outro processo de compensação, alternativo ao “encurtamento” da
63

linha e, porque não dizer, dual deste processo. Trata-se do “alongamento artificial
elétrico” da linha de transmissão. Ao contrário do “alongamento artificial” torna as
constantes da linha com valores típicos de linhas muito longas, com comprimentos
próximos à metade do comprimento de onda. Como também já foi visto neste
trabalho, linhas com comprimentos da ordem de metade do comprimento de onda,
têm uma operação com características muito boas, livres do efeito Ferranti e demais
complicações operacionais presentes na linha a ¼ de comprimento de onda.
É evidente que, quanto maior for a linha de transmissão original,
menor será a capacidade total dos compensadores necessários para fazê-la atingir
meio comprimento de onda. Portanto, menor será o custo desta compensação.
Deste raciocínio, fica claro que deve haver um “ponto de equilíbrio” que limite a
viabilidade do encurtamento ou alongamento de uma linha. É lógico que, em cada
linha, conforme suas características físicas próprias, este ponto se encontra numa
distância limite diferente entre os terminais. De uma maneira geral, o ponto de
transição, no qual o alongamento artificial se torna mais econômico que o
encurtamento, encontra-se em torno de 1.450 Km para linhas de 60 Hz, cujo
comprimento de onda está em torno de 5.000 Km.
Um outro aspecto importante, embutido na própria relação de
distância acima descrita, diz respeito ao custo da compensação, que é elevado. A
quantidade de energia a ser transferida após a instalação da compensação deve,
portanto, justificar o investimento. Uma idéia pode ser tirada, para efeito de
comparação, da referência [3], que constatou, para compensar totalmente uma linha
de 1.600 Km, um custo quase equivalente ao custo da própria linha.
Além do efeito Ferranti, um dos maiores problemas das linhas muito
longas, é a estabilidade. De uma forma conservadora, pode-se afirmar que o ângulo
de potência de uma linha não deve ultrapassar 30o. Para isto, quando as linhas se
estendem por mais de 400 Km, há necessidade de compensação. Se a linha é
alongada eletricamente, tal que seu comprimento efetivo fique entre ½ e ¾ do
comprimento de onda (180o e 270o), um fenômeno interessante ocorre: a linha de
transmissão é tão estável como na operação no 1o quadrante (entre 0o e 90o). Por
exemplo, o limite de estabilidade para a transmissão a 190o é igual ao limite para
transmissão a 10o. Além disso, a linha alongada não tem problemas tais como
excesso de VAr durante as baixas cargas, efeito Ferranti e auto-excitação de
geradores.
Teoricamente, bastaria alongar a linha tal que seu ângulo de potência
atingisse os 180o. Contudo, por dois motivos excede-se a compensação para 190o ou
mais:
1o) Porque assim procedendo, reduz-se a sensitividade do controle de saída de VAr
do gerador;
o
2 ) Assim se assegura a permanência da linha na condição de meio comprimento de
onda durante operação temporária em velocidade reduzida do sistema.
Explicando melhor: o comprimento de onda é inversamente proporcional à
freqüência. Portanto, se “f” cai 5%, por exemplo, o comprimento de onda
aumenta 5%, encurtando eletricamente a linha (a relação l/λ diminui, sendo l o
comprimento da linha e λ o comprimento de onda, em Km). Se uma margem
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suficiente não for providenciada, pode ocorrer de o ângulo de potência cair a


180o, o que equivale, a 0o, impedindo qualquer fluxo de potência na linha.
Como já sugere a designação “dual” antes utilizada, a associação de
compensadores utilizada para alongar a linha é, por assim dizer, oposta àquela
utilizada para encurtar. No alongamento, reatores são associados em série e
capacitores em paralelo. Normalmente estes equipamentos são instalados nos
terminais da linha, constituindo duas seções PI de cada lado ou duas seções T.
Como a seção T tem sido a mais difundida, esta será a aqui analisada.
A seguir será procedida à análise da compensação conforme aqui
descrita. Um processo alternativo também é muitas vezes sugerido e será,
posteriormente, também discutido.

2.4.1 – Equacionamento Matemático para Cálculo dos Compensadores [1,7]

A figura 2.8 ilustra a configuração normalmente utilizada para o


alongamento de linhas, composta por duas seções T, em cada extremo da mesma.
Observe-se que as reatâncias dos transformadores que dão acesso à linha são
incluídas na composição de seções T.

Figura 2.8 – Configuração da compensação para meio comprimento de onda pela


associação de seções T.

O cálculo dos componentes da compensação, XL e YC é relativamente


simples e se baseia em uma aproximação envolvendo a constante de propagação da
linha ou, mais precisamente, a constante de fase “B”:
Para alimentação da potência natural pela linha, o ângulo de potência
poderá ser aproximadamente dado por:

θ ≅ βl (3.81)

Para uma transmissão a meio comprimento de onda a 190o ou,


genericamente, θ’; θ deve ser acrescido de um deslocamento de fase artificial, θc:

θc = θ’ - θ = θ’ - βl (3.82)

Pode-se ainda dizer que:


65

θc = βlartificial (3.83)
logo,

θ′ − β l
l artificial = (3.84)
β

A reatância indutiva série total a ser inserida na linha, deverá ser tal
que:

x(l + lartifical) = X [ohm]

onde x . lartificial = XL . 8

Assim, as reatâncias individuais, componentes das quatro seções T da figura 3.8,


num total de 8, serão dadas por:

X − xl
XL = [ohm] (3.85)
8

A susceptância capacitiva pode agora ser dimensionada como função


da condição de impedância natural de cada seção T igual à da linha de transmissão,
cuja expressão foi obtida na referência [4]:

Z& 2
Z 0 = Z& 1 Z& 2 + 1
4

onde: Z0 é a impedância característica da linha;


Z& 1 = 2 jX L , reatância série total de cada seção T;
1
Z& 2 = , impedância capacitiva em derivação de cada seção T.
jYc
O desenvolvimento desta expressão permite obter uma expressão
para o cálculo de Yc:

2 jX L (2 jX L ) 2
Z0 = +
jYc 4
2X L
Z 02 = − X 2L
Yc
logo,
2X L
Yc = (3.86)
Z + X 2L
2
0
66

2.4.2 – Equacionamento Matemático do Processo Alternativo

Por este processo alternativo, a capacidade de transmissão de linha é


ampliada pela diminuição de sua impedância natural, ou seja, aumento de potência
natural da linha. Este resultado é obtido pela inserção de capacitores derivação ao
longo da linha de transmissão.
A potência natural da linha é dada por:

U2
P0 = (3.87)
Z0

onde U é a tensão nominal da linha, em valores por unidade (normalmente igual a


1,0). Logo:

1
P0 = (3.88)
Z0

Supondo que serão distribuídos n capacitores derivação a distâncias


iguais dadas por l/n do comprimento da linha, vem que, em cada trecho,

L Xl / n
Z0 = = (3.89)
C bl / n

De (3.88) e (3.89) tem-se que

C
P0 = (3.90)
L

Para aumentar a potência natural de P0 para P01 = KP0 (K > 1,0), tem-
se que:

1 1
P01 = KP0 → =
Z 01 Z 0 / K
Logo,

Z0 Xl / n
Z 01 = =
K K 2 bl / n
Daí,

Ll / n Ll / n
Z 01 = =
K Cl / n
2
C1 l / n
67

onde C1 é a nova capacitância derivação que a linha deverá assumir.

C1 = K2C = C + ∆C
Portanto,
∆C = C(K2 – 1) [µF] (3.91)

e será a capacitância a ser inserida a cada trecho da linha.


Este processo tem a vantagem de aumentar a capacidade de
transmissão da linha, o que não ocorre com o anterior (seção 3.4.1). Contudo, a
capacidade solicitada em VAr é maior além de que as perdas também aumentam.

2.4.3 – Exemplo Resolvido

Considere-se a linha de transmissão longa, com 1.000 Km de


extensão, 500 KV, cujos parâmetros e constantes são:

r = 0,021 ohm/km
x = 0,32629 ohm/km
y = 3,46 x 10-6 mho/km
Z0 = 307,1 ohm
P0 = 814 MW
0,5P0 = 407 MW
1,5P0 = 1221 MW
A& = 0,437/4,768o p.u.
B& = 326,97/86,32o ohm
C& = 0,00248/91,45o mho
D& =A &
β = 1,0625 x 10-3 rad/km

Verificar a operação da linha, no transmissor, para as diversas


condições de carga normalmente analisadas. Compensar a linha, alongando-a,
visando um ângulo de potência de 190o, e verificar o comportamento do transmissor
nas mesmas condições de carga.

a) Operação da Linha Não Compensada:

Com os parâmetros da linha, juntamente com as diversas condições


de carga, obtém-se:

CASO (a): N2 = 407.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 345.11 KV
Fase da tensão no transmissor: 23.014 GRAUS
68

Magnitude da corrente no transmissor: 1.139 KA


Fase da corrente no transmissor: 82.811 GRAUS

CASO (b): N2 = 407.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 198.48 KV
Fase da tensão no transmissor: 47.681 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.381 KA
Fase da corrente no transmissor: 84.929 GRAUS

CASO (c): N2 = 814.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 1.000 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 402.40 KV
Fase da tensão no transmissor: 53.833 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.329 KA
Fase da corrente no transmissor: 73473 GRAUS

CASO (d): N2 = 1221.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 405.43 KV
Fase da tensão no transmissor: -85.103 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.704 KA
Fase da corrente no transmissor: 75.414 GRAUS

CASO (e): N2 = 1221.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 635.21 KV
Fase da tensão no transmissor: 35.453 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.036 KA
Fase da corrente no transmissor: 61.730 GRAUS

Para compensar a linha, os valores dos compensadores foram


calculados. De (3.84),

190 x π
− β x 1000
l artificial = 180 = 2121 Km .
β

De (3.85), então, determina-se XL:

x l′ 0,32629 x2121
XL = = = 86,51 ohm .
8 8

Daí, por (3.86):

2X L 2(86,51)
Yc = =
Z + X L (307,1) 2 + (86,51) 2
2
0
2
69

Yc = 0,0017 mho

O quadripolo resultante da linha compensada é, dado por:

A : 0.99417 180.0810 P.U./GRAUS


B : 9.4659 269.9900 OHMS/GRAUS
C : 0,00112 255.2220 MHOS/GRAUS
D : 0.99417 180.0810 P.U./GRAUS
Em seguida, as mesmas condições de carga foram novamente
consideradas e as condições de transmissor calculadas, tendo sido obtidos os
seguintes resultados:

CASO (a): N2 = 407.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 499.77 KV
Fase da tensão no transmissor: 180.488 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 0.579 KA
Fase da corrente no transmissor: 206.795 GRAUS

CASO (b): N2 = 407.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 494,43 KV
Fase da tensão no transmissor: 180.494 GRAUS

Magnitude da corrente no transmissor: 0.970 KA


Fase da corrente no transmissor: 237.870 GRAUS

CASO (c): N2 = 814.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 1.000 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 497.18 KV
Fase da tensão no transmissor: 181.106 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.206 KA
Fase da corrente no transmissor: 206.717 GRAUS

CASO (d): N2 = 1221.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Cap.


Magnitude da tensão no transmissor: 489.21 KV
Fase da tensão no transmissor: 181.333 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.873 KA
Fase da corrente no transmissor: 227.609 GRAUS

CASO (e): N2 = 1221.00 MVA U2 = 500.0 KV F.POT. = 0.800 Ind.


Magnitude da tensão no transmissor: 505.22 KV
Fase da tensão no transmissor: 181.290 GRAUS
Magnitude da corrente no transmissor: 1.300 KA
Fase da corrente no transmissor: -13.279 GRAUS
70

2.4.3.1 – Comentários Sobre o Exemplo Resolvido

A análise dos resultados obtidos no exemplo demonstra que com a


linha não compensada, há uma grande variação da tensão do transmissor com a
carga e alguns ângulos de potência elevados. O efeito Ferranti é quase sempre
presente.
As constantes da linha após a compensação demonstram grande
melhoria em comparação com as constantes da linha original. A constante B, muito
pequena, garante uma grande capacidade de transmissão, enquanto as constantes A e
D, elevadas, dão a expectativa de controle do efeito Ferranti.
No cálculo do comportamento do transmissor da linha compensada,
para as mesmas condições de carga anteriores, as expectativas são realmente
confirmadas. A tensão do transmissor restringiu-se à variação em uma faixa
bastante estreita, tendo desaparecido o efeito Ferranti. A estabilidade foi bastante
beneficiada, dados os baixos ângulos de potência encontrados. As correntes, na
maioria dos casos, diminuíram, proporcionando maior rendimento.
Tudo isto, confirma aquilo que já era esperado da análise teórica e
demonstra a eficiência técnica deste processo de compensação.
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