Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
na América Latina
Literatura e política no século 19
EDITORA UFMG
D iretor Wander Melo Miranda
V ice -D iretora Silvana Cóser
CONSELHO EDITORIAL
Wander Melo Miranda ( presidente )
Carlos Antônio Leite Brandão
Juarez Rocha Guimarães
Márcio Gomes Soares
Maria das Graças Santa Bárbara
Maria Helena Damasceno e Silva Megale
Paulo Sérgio Lacerda Beirão
Silvana Cóser
Desencontros da modernidade
na América Latina
Literatura e política no século 19
Tradução
Rômulo Monte Alto
Belo Horizonte
Editora UFMG
2008
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autori-
zação escrita do Editor.
________________________________________________________________________________________
a g u a r d a n d o f i c h a c a t a l o g r á f i c a
________________________________________________________________________________________
EDITORA UFMG
Av. Antônio Carlos, 6.627 - Ala direita da Biblioteca Central - Térreo
Campus Pampulha - 31270-901 - Belo Horizonte/MG
Tel.: 55 (31) 3409-4650 Fax: 55 (31) 3409-4768
www.editora.ufmg.br editora@ufmg.br
Prólogo 11
P rimeira P arte
1. Saber do outro: escrita e oralidade no Facundo
de Domingos Faustino Sarmiento 27
2. Saber dizer: língua e política em Andrés Bello 46
3. A fragmentação da República das Letras 62
4. Limites da autonomia: jornalismo e literatura 96
5. Decorar a cidade: crônica e experiência urbana 130
S egunda P arte
Introdução: Martí e a viagem aos Estados Unidos 168
Notas 299
Julio Ramos
Berkeley, 30 de junho de 2008
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
28
29
30
31
32
33
34
35
36
Direi que seu livro, que tantas e tão admiráveis coisas têm, parece
sofrer de um defeito geral – o da exageração: acredito que tem
muita poesia, se não nas idéias, pelo menos nos modos de
locução. Você não se propôs a escrever um romance, nem uma
epopéia, mas uma verdadeira história social (...).31
37
38
39
40
41
42
43
44
45
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
Posteriormente, acrescenta:
59
60
61
63
Literatura e educação
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
Martí e a política
Os que possuem inteligência, estéril entre nós por seu uso equi-
vocado, e necessitados de fazê-la fecundar para garantir seu sus-
tento, acabam se dedicando exclusivamente aos embates políticos
(...) produzindo, assim, um desequilíbrio entre o país escasso e
sua excessiva política, ou empurrados pelas urgências da vida,
servem ao governante forte que lhes paga e corrompe (...).65
85
86
87
Bem, eu respeito
de meu jeito brutal, um modo manso
para os infelizes e implacáveis
com os quais a fome e o destino desdenham,
e o sublime trabalho; eu respeito
a ruga, o calo, a corcova, a branda
e fraca palidez dos que sofrem.
Respeito a infeliz mulher da Itália,
pura como seu céu, que na esquina,
da casa sem sol onde devoro
minhas ânsias de beleza, vende humilde
doces abacaxis e pálidas maçãs.71
88
89
90
91
92
93
94
95
97
O problema do público
98
99
100
101
102
103
104
105
Jornalismo e nacionalidade
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
Darío:
118
119
120
Sua leitura nos leva a ter pena de Byron, Schiller e Hugo, que
os inspirou, que não imaginam como puderam ter semelhantes
netos (...).52
121
122
123
124
Uma coisa falta a dom José Martí para ser um jornalista, já que
vem mostrando o estilo mais desembaraçado de mordaças e
formas, exatamente porque faz uso de todo o arsenal de modis-
mos e vocábulos da língua, arcaicos e modernos, castelhanos e
americanizados, segundo exigem os movimentos mais bruscos
das idéias, no campo mais vasto, mais aberto, mais sujeito ao
embate e às novas correntes atmosféricas.
125
126
127
128
129
Retórica do consumo
131
132
133
E logo acrescenta:
134
135
136
Representar a cidade
137
138
139
140
141
142
143
144
145
O passeio e a privatização
do sujeito urbano
146
147
148
149
150
O passeio e a reinvenção
do espaço público
151
Um encontro
Costumo passear nas manhãs pelas calçadas das redondezas e pelo
Bosque de Chapultepec, o lugar preferido dos namorados.
Isto me proporcionou ser testemunho involuntário de mais um
encontro amoroso. Três dias atrás, vi chegar num carro elegante
uma bela dama desconhecida, morena, de olhos fogosos, de
corpo esbelto e elegante. Um jovem, um adolescente, quase um
garoto, esperava por ela na entrada do bosque. Ela desceu da
carruagem, que o cocheiro levou discretamente para um lugar
distante, e o jovem se acercou tremendo, respeitoso, encarnado
como uma amapola, demonstrando em todos os seus gestos que
se tratava do primeiro encontro, e foi necessário que a dama o
tomasse do braço, que ele se recusava a oferecer. Começaram
a andar como dois apaixonados por uma rua isolada e solitária.
Fiquei interessado no casal e passei a segui-los a certa distância.
A dama chorava e a emoção do garoto subia de tom à medida
que a conversa se tornava animada. Algumas frases chegavam a
meu ouvido; não eram dois apaixonados, eram mãe e filho. Sem
querer, soube de toda a história, um verdadeiro romance que me
interessou de maneira extraordinária, que me fez ser não apenas
indiscreto, mas desleal, porque minha curiosidade, vencendo os
escrúpulos, levou-me mais próximo do casal que, abstraído na
152
153
Passeio e representação do
“exterior” proletário
154
E se tivesse alguma dúvida, não teria mais que ver os lindos des-
files de mocinhas que caminham, ligeiras e ritmadas, à procura
de alguma próxima rue de Paix (...) São as mesmas de todos os
dias, são as de ontem, são as de sempre; são as que, com seus
gentis acenos, alegram as horas em que as damas ricas dormem;
são as humildes tentações encarnadas, que vão levando visões
de amor e alegria (...).55
155
156
Cronistas e prostitutas
157
158
Mas não são as meninas francesas, não, nem mesmo graças finas
e estilizadas o que vamos ver, mas as flores naturais do pântano
portenho, as ondulações portenhas.66 (grifo nosso)
159
160
161
162
163
164
165