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44 | PÚBLICO, QUI 5 ABR 2012

ESPAÇOPÚBLICO
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

EDITORIAL

A angústia do aluno Vítor Gaspar dissera, numa entrevista à


RTP, em Outubro de 2011, que não podia Ainda o desacordo
na hora da má notícia garantir o regresso dos subsídios em 2014
— ou seja, a perspectiva de um corte para
ortográfico

S
O Governo devia ter dito dois anos existia. E é um facto que só agora erão poucas, “cerca de uma dezena”,
foi dito explicitamente que esse corte será segundo o Ministério da Educação,
explicitamente desde o início que por três anos. O primeiro a afirmá-lo, aliás, mas há cartas e reclamações contra
os cortes durariam até 2014 foi o novo coordenador do PSD, Moreira o Acordo Ortográfico (AO). A de
da Silva, que na terça-feira à noite declarou uma médica, que chegou há dias

O
primeiro-ministro disse ontem, que os cortes não continuariam “para lá” ao gabinete de Nuno Crato (ver pág. 12),
explicitamente, que os subsídios de de 2014. E mais coisas foram sugeridas é extensa e bastante documentada. Há
férias e de Natal à função pública agora, quanto ao alargamento dos cortes aos também protestos no sentido inverso: ao
só regressarão, de forma gradual, privados ou à respectiva diluição pelos 12 provedor de Justiça chegou uma queixa
em 2015. A expectativa que muitos meses do ano. O que na prática significaria contra Vasco Graça Moura por ter decidido
portugueses interiorizaram era a de o fim definitivo destes subsídios, aquilo que suspender a aplicação do AO no CCB.
que esses subsídios estariam suspensos um funcionário de Bruxelas sugeriu ontem Enquanto isto sucede, o secretário de
em 2012 e 2013, ano em que Portugal e o Governo negou... Uma coisa é certa: em Estado da Cultura admite ajustamentos ao
deverá poder voltar a financiar-se nos matéria desta relevância, os subentendidos AO até 2015; e os ministros da Educação
mercados, de acordo com o previsto no e as palavras ambíguas não são uma boa da CPLP reconhecem “a existência de
entendimento com a troika. Na verdade, prática. Se o objectivo foi sempre prolongar constrangimentos que podem, no futuro,
o Governo tinha outro entendimento. os cortes até 2014, o Governo devia tê-lo dificultar a boa aplicação do Acordo”
É um facto que, desde o princípio, a dito expressamente desde o início, em vez e decidem mandar proceder a “um
expressão usada pelo executivo foi a de de deixar instalar-se outra percepção. Não diagnóstico” para agir em conformidade.
que os cortes nos subsídios que, por lei, é má ideia lembrar Maquiavel ao bom aluno Um pormenor: a ortografia da acta dessa
só podem ser temporários, foi a de que europeu, agora angustiado com as más reunião, que Nuno Crato também assinou,
estes permaneceriam durante a vigência notícias. O mal, dizia o florentino, deve ser não respeita o acordo. Mas é a CPLP que é
do programa de ajustamento, que termina feito de uma vez só e o bem aos pedacinhos. invocada quando insistem em querer vê-lo
efectivamente em 2014. O próprio ministro A clareza é sempre a melhor conselheira. aplicado. Extraordinário, no mínimo!

CARTAS À DIRECTORA COMENTÁRIOS ONLINE


Resposta de Rui Tavares relativamente a este tema podia PÚBLICO de 30/3/2012, referia Presidente do BCE
a António Pires de Lima manifestar-se em declarações de que o presidente da Junta de S. diz que modelo social
voto ou na discussão e votação Torcato, Bruno Fernandes, seria europeu “está morto”
António Pires de Lima alega, em na especialidade ou em outras nomeado para o cargo de director
carta a este jornal, que eu distorci iniciativas pessoais, como aliás executivo do Centro Hospitalar A morte do Estado social é, a
“muito razoavelmente” o sentido o próprio tem vindo a fazer.” do Alto Ave (CHAA). Esse cargo prazo, a morte da democracia.
das suas intervenções sobre o António Pires de Lima tem, não existe no organograma do É pena que, depois de provada
voto livre de Ribeiro e Castro pelos vistos, tanta dificuldade hospital, pelo que a informação a superioridade do modelo
contra a extinção do feriado do em interpretar as suas próprias estava errada. O novo presidente social europeu, se permita a sua
1.º de Dezembro. No entanto, palavras como em entender da administração do CHAA, Delfim destruição por parte de alguns
reconfirma que as suas palavras o Artigo 155 da Constituição Rodrigues, era gestor do Centro homens de pouca decência.
correspondem àquilo que eu da República Portuguesa (“Os de Responsabilidade Médica do Filipe
escrevi: que considerou o voto de deputados exercem livremente CHAA. A notícia sugeria, por erro,
As cartas destinadas a esta secção Ribeiro e Castro “inexplicável” o seu mandato”), o que para um que integrara a administração Nenhum modelo social é
devem indicar o nome e a morada e uma decisão “errada e grave” presidente da mesa do conselho anterior sem funções atribuídas. sustentável sem que por trás
do autor, bem como um número numa altura em que o CDS- nacional de um partido português Delfim Rodrigues não é militante exista um Estado organizado, com
telefónico de contacto. O PÚBLICO PP não precisa de “clivagens”. pode ainda ser deplorável, mas já do PSD, mas sim deputado produção de riqueza. Estados
reserva-se o direito de seleccionar Não só António Pires de Lima se tornou infelizmente banal. à Assembleia Municipal de permanentemente endividados,
e eventualmente reduzir os textos fracassou em provar qualquer Rui Tavares Guimarães eleito por este partido. sociedades onde o desemprego
não solicitados e não prestará distorção da minha parte, como O mandato da nova administração ganha terreno e envelhecidas não
informação postal sobre eles. conseguiu refutar-se com absoluta do CHAA começou a 27 e não a 29 permitem manter o modelo social
Email: cartasdirector@publico.pt eficácia. Para cúmulo, António O PÚBLICO ERROU de Março. A anterior administração europeu nos moldes actuais.
Pires de Lima decide nesta foi nomeada em 2010 e não em Agostinho Pinto
Contactos do provedor do Leitor carta dar instruções a Ribeiro A notícia “Históricos do PSD vão 2007. Por estes erros e imprecisões
Email: provedor@publico.pt e Castro por interposta pessoa: gerir hospital de Guimarães”, o PÚBLICO pede desculpas aos Veja mais em
Telefone: 210 111 000 “O inconformismo do deputado publicada na edição Porto do nomeados e aos leitores. www.publico.pt

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