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COMPOSIÇÃO - FUNDAMENTOS BÁSICOS

● As notas criam escalas;


● As escalas criam acordes;
● Os acordes criam progressões;
● As progressões criam a música;

Na música (na boa música) existe constantemente uma criação e uma libertação de tensão.
Este processo de criação e libertação de tensão é feito através das progressões de acordes.

Uma forma de conseguir criar este processo na sua própria música é seguir algumas “regras” já
utilizadas à centenas de anos. Como sabe não existem regras no sentido literal na música, no
entanto, com o passar de muitos e muitos anos na música, existe algum consenso entre os
grandes músicos quanto a progressões de acordes que de facto funcionam melhor que outras.

Com o passar do tempo este consenso pode ser utilizado como “regra”, não no sentido literal
mas é uma ótima ajuda.

TONS MUSICAIS - ESCALAS

A tonalidade de uma música caracteriza a hierarquia de uma nota, que é a nota principal, o
centro da música onde todas as outras vão girar em torno dela.

Cada tom pode passar um sentimento à canção:


A (lá) – melancólico
B (si) – penetrante
C (dó) – alegre
D (ré) – clássico
E (mi) – semelhante ao metal ou à música militar
F (fá) – romântico
G (sol) – trágico

A tabela abaixo mostra as escalas com respectivos tons e acidentes:


Uma pesquisa feita a nível mundial com as principais músicas da lista da bilboard, mostra
que existem tons mais usados nas composições, conforme figura abaixo:

Existem também uma preferência por uso de alguns acordes:


Também é possível, estatisticamente determinar sequência de acordes por exemplo, depois
do mi menor (Em ) temos:

Se pegarmos vários hits veremos que as seguintes sequências são várias vezes
encontradas: Experimente as seguintes progressões:

1) G D C
2) D G A
3) E A B
4) C G F C
5) Em D C
6) Am G F E
7) G Bm C D
8) C Am Dm G
9) C G F
10) F Am Bb Gm C

O que elas têm em comum? Para isso vamos entender a Harmonia funcional:

Harmonia funcional é o estudo das sensações (emoções) que determinados acordes


transmitem para o ouvinte. Esse conceito ficará mais claro quando mostrarmos os
exemplos. Primeiramente, saiba que as três principais funções harmônicas são as
seguintes:
● Função tônica: transmite uma sensação de repouso, estabilidade e finalização.
Promove a ideia de conclusão.
● Função dominante: transmite uma sensação de instabilidade e tensão. Promove a
ideia de preparação para a tônica.
● Função subdominante: é o meio termo entre as duas funções anteriores. Pode-se
dizer que gera uma sensação de preparação, mas com menor intensidade, podendo
migrar tanto para a função dominante (intensificando a tensão) quanto para a tônica
(repousando).

Cada acorde representa uma harmonia funcional na música, vamos resumir abaixo as
funções de cada grau do campo harmônico maior:
Regras para progressões de acordes em tons
Maiores
Acorde​: Destino:
I Vai para qualquer acorde
ii I, V ou viiº
iii I, ii, IV, ou vi
IV I, ii, iii, V, ou viiº
V I ou vi
vi I, ii, iii, IV, ou V
viiº I ou iii
Regras para progressões de acordes em tons
Menores

Acorde: Destino:
i Vai para qualquer acorde
iiº ​ou​ ii i, iii, V, v, viiº ou VII
III ​ou​ III+ i, iv, IV, VI, #viº, viiº ou VI
iv ​ou​ IV i, V, v, viiº ou VII
V ​ou​ v i, VI ou #viº
VI ​ou​ #viº i, III, III+, iv, IV, V, v, viiº ou VII
viiº ​ou​ VII i

Tabela práticas de progressão:

CRIANDO A MÚSICA

Música é feita de momentos de tensão e relaxamento. O ideal é alternar contrastes para


conseguir um efeito expressivo. Insistir demais numa única idéia (tensão ad eternum ou
relaxamento o tempo todo, tanto faz) só cansa.

Monotonia só serve para minar a energia da música e matá-la aos poucos. Nesse jogo de
tensão e relaxamanto, a ideia é jogar com a criação de expectativas enquanto se alterna o
clima da música, mandando uma frase leve quando todos esperavam uma frase pesada, e
vice-versa.

Tensione e relaxe. Inspire e expire. Varie, para criar interesse.


Quem não fica angustiado com aquelas músicas características de filmes de suspense?
Pois bem, elas nada mais são do que um abuso de acordes dominantes, que ficam
martelando sem nunca resolverem na tônica.

Por outro lado, propagandas de televisão procuram enfatizar sensações suaves e


agradáveis (função tônica) para que o cliente se sinta confortável e associe esse bem estar
ao seu produto.

Artistas como Djavan, por exemplo, procuram manipular as funções harmônicas de acordo
com a letra da música. Se a letra está falando algo ruim ou preocupante, a sensação é de
acorde dominante. Quando o tema da letra se resolve e a música fica mais “feliz”, a
harmonia acompanha essa evolução com a função tônica.

Mas não acabou por aqui! Obviamente há muito mais a saber sobre a composição de músicas.
Que tal criar um refrão com uma melodia diferente mas que, ainda assim, seja harmônico à sua
canção?

É fácil também. Para exemplificar, usaremos a nossa recém-criada canção Am-Dm-Em-Em. A


confecção do refrão é baseada na imagem a seguir, chamada “círculo de quintas”:
O círculo externo conta com os tons maiores, o interno, com os menores. Já que nossa canção
é baseada em um tom menor (Am), devemos focar no círculo interno e procurar pelo A. Tendo o
achado, podemos fazer duas coisas: usar o tom maior relativo àquela fatia (no caso, C), para um
refrão mais alegre que o restante da canção; ou usar um dos vizinhos do Am no círculo menor
(no caso, D e E), para um refrão numa levada diferente, mas ainda “triste”.

Agora, supondo que tenhamos escolhido um refrão mais alegre, baseado em C maior, basta
voltar à segunda tabela e procurar os acordes relativos à progressão de nossa canção
(I-IV-V-V). Desse modo, nosso refrão ficaria assim: C-F-G-G.

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