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jX (ohms)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS


Subestação B
Outro nível kV
Transformador

Subestação C
SE B

SE D SE A SE B SE C
2
LT

230 kV

Subestação B

Atrás Frente
1

SE B
LT

Subestação A
Ponto de FRENTE 138 kV
Aplicação da
Proteção θ PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

R (ohms)
3
LT

Subestação D
(ATRÁS)

Direitos Reservados: Autor: Total de Páginas


Virtus Consultoria e Serviços Ltda. Paulo Koiti Maezono
195
SOBRE O AUTOR

Eng. Paulo Koiti Maezono

Formação

Graduado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1969. Mestre
em Engenharia em 1978, pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá, com os créditos obtidos em 1974
através do Power Technology Course do P.T.I – em Schenectady, USA. Estágio em Sistemas Digitais de
Supervisão, Controle e Proteção em 1997, na Toshiba Co. e EPDC – Electric Power Development Co. de
Tokyo – Japão.

Engenharia Elétrica

Foi empregado da CESP – Companhia Energética de São Paulo no período de 1970 a 1997, com
atividades de operação e manutenção nas áreas de Proteção de Sistemas Elétricos, Supervisão e
Automação de Subestações, Supervisão e Controle de Centros de Operação e Medição de Controle e
Faturamento. Participou de atividades de grupos de trabalho do ex GCOI, na área de proteção, com ênfase
em análise de perturbações e metodologias estatísticas de avaliação de desempenho.

Atualmente é consultor e sócio gerente da Virtus Consultoria e Serviços S/C Ltda. em São Paulo – SP. A
Virtus tem como clientes empresas concessionárias no Brasil e na Colômbia, empresas projetistas na área
de Transmissão de Energia, fabricantes e fornecedores de sistemas de proteção, controle e supervisão,
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, CEDIS – Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Área Acadêmica

Foi professor na Escola de Engenharia e na Faculdade de Tecnologia da Universidade Presbiteriana


Mackenzie no período de 1972 a 1987. É colaborador na área de educação continuada da mesma
universidade, de 1972 até a presente data.

Foi colaborador do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da EPUSP – Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo, desde 1999 até 2002 e, com participação no atendimento a
projetos especiais da Aneel, Eletrobrás e Concessionárias de Serviços de Eletricidade.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Introdução e Índice 2 de 195


INDICE

1. REQUISITOS E CONCEITOS DE PROTEÇÃO ................................................................................................6


1.1 FINALIDADE DE UMA PROTEÇÃO .............................................................................................................6
1.2 TERMINOLOGIA.............................................................................................................................................6
1.3 REQUISITOS BÁSICOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO .......................................................................7
1.4 COORDENAÇÃO ............................................................................................................................................8
1.5 ZONAS DE PROTEÇÃO..................................................................................................................................8
1.6 PROTEÇÃO PRINCIPAL E PROTEÇÃO DE RETAGUARDA....................................................................10
1.6.1 Proteção Principal ......................................................................................................................................10
1.6.2 Proteção de Retaguarda..............................................................................................................................11
1.7 PROTEÇÃO PRIMÁRIA E PROTEÇÃO ALTERNADA..............................................................................12
2. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO.................................................................................................................................13
2.1 FUNÇÃO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA ......................................................................................................13
2.1.1 Conceito ......................................................................................................................................................13
2.1.2 Utilização para Linhas de Transmissão......................................................................................................14
2.1.3 Diretrizes de Ajustes ...................................................................................................................................14
2.2 FUNÇÃO DIRECIONAL DE SOBRECORRENTE .......................................................................................15
2.2.1 Conceito ......................................................................................................................................................15
2.2.2 Conexão ......................................................................................................................................................15
2.2.3 Filosofia de Atuação e Aplicação ...............................................................................................................16
2.2.4 Polarização. Princípios de Determinação da Direção. ..............................................................................17
2.2.5 Diretrizes de Ajustes ...................................................................................................................................22
2.3 FUNÇÃO DE TENSÃO ..................................................................................................................................23
2.3.1 Finalidade e Conceitos................................................................................................................................23
2.3.2 Diretrizes de Ajustes ...................................................................................................................................24
2.4 FUNÇÃO DE DISTÂNCIA ............................................................................................................................25
2.4.1 Princípio......................................................................................................................................................25
2.4.2 Representação de Linha de Transmissão e de Ponto de Curto-Circuito em Diagrama de Impedâncias....26
2.4.3 Requisitos Desejados para uma Função de Distância................................................................................28
2.4.4 Características de impedância de uma proteção de distância....................................................................31
2.4.5 Zonas de Alcance ........................................................................................................................................34
2.4.6 Loops de Medição de Falta em Relés de Distância.....................................................................................36
2.4.6.1 Loops de Medição para Faltas entre Fases ..........................................................................................................36
2.4.6.2 Loop de Medição para Curto-circuito Fase Terra................................................................................................39
2.4.7 Circuitos de Detecção de Falta (Partida) ...................................................................................................41
2.4.7.1 Partida por Sobrecorrente (pura) .........................................................................................................................42
2.4.7.2 Partida por ( U< e I> ) ou ( U/I/ϕ ) .....................................................................................................................42
2.4.7.3 Partida por Impedância (ou Subimpedância) .......................................................................................................44
2.4.8 Considerações sobre a Resistência de Falta...............................................................................................46
2.4.8.1 Arco entre condutores ou através de isoladores...................................................................................................46
2.4.8.2 Resistência de Pé de Torre...................................................................................................................................49
2.4.9 Consideração sobre Circuitos Paralelos ....................................................................................................50
2.4.9.1 Influência do Acoplamento Mútuo de Sequência Zero Na Medida de Distância ................................................51
2.4.9.2 Influência da Configuração do Circuito Duplo na Influência da Mútua de Sequência Zero................................55
2.4.9.3 Compensação para Circuitos Paralelos nos Relés de Proteção ............................................................................56
2.4.10 Diretrizes de Ajustes para a Função de Distância .................................................................................58
2.4.10.1 Avaliação da Carga Através da Linha Protegida .................................................................................................59
2.4.10.2 Elementos ou Lógicas de Detecção de Faltas (Partida) .......................................................................................59
2.4.10.3 Memória de Tensão .............................................................................................................................................63
2.4.10.4 Fator de Compensação Residual..........................................................................................................................63
2.4.10.5 Alcances e Tempos (Zonas Independentes da Teleproteção) ..............................................................................64
2.4.10.6 Alcances Resistivos .............................................................................................................................................68
2.4.10.7 Alimentação dos relés de distância através de TP’s Capacitivos.........................................................................70

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Introdução e Índice 3 de 195


2.4.10.8 Acoplamento Mútuo de Seqüência Zero em Circuitos Paralelos.........................................................................71
2.5 FUNÇÕES EXTRAS PARA PROTEÇÃO DE LINHA ..................................................................................72
2.5.1 Oscilação de Potência.................................................................................................................................72
2.5.1.1 Conceito ..............................................................................................................................................................72
2.5.1.2 Diretriz de Ajuste ................................................................................................................................................72
2.5.2 Fechamento sobre Falta (“Switch on to fault protection”) – Função 50/27. .............................................73
2.5.2.1 Conceito ..............................................................................................................................................................73
2.5.2.2 Diretriz de Ajuste ................................................................................................................................................73
2.5.3 Proteção STUB Bus.....................................................................................................................................74
2.5.3.1 Conceito ..............................................................................................................................................................74
2.5.3.2 Diretriz de Ajuste ................................................................................................................................................74
2.6 FUNÇÃO COMPARAÇÃO DE FASE ...........................................................................................................75
2.6.1 Conceito e Princípios ..................................................................................................................................75
2.6.2 Diretrizes de Ajuste .....................................................................................................................................80
2.7 FUNÇÃO DIFERENCIAL..............................................................................................................................81
2.7.1 Conceito ......................................................................................................................................................81
2.7.2 Proteção de Linhas Aéreas ou Linha de Cabos (87L).................................................................................82
2.7.3 Segregação por Fase...................................................................................................................................83
2.7.4 Princípios de Funcionamento .....................................................................................................................84
2.7.4.1 Diferencial Percentual .........................................................................................................................................84
2.7.4.2 Diferencial com Percentual Fixo .........................................................................................................................86
2.7.4.3 Ângulo de Fase no Plano R-X .............................................................................................................................86
2.7.5 Vantagens e Desvantagens da função 87L..................................................................................................86
2.7.6 Modernas Proteções Digitais......................................................................................................................87
2.8 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA ....................................................................................................88
2.8.1 Conceito ......................................................................................................................................................88
2.8.2 Modernas Proteções Digitais......................................................................................................................88
2.8.3 Aplicação para Linhas ................................................................................................................................90
3. RELIGAMENTO AUTOMÁTICO......................................................................................................................91
3.1 FUNÇÃO RELIGAMENTO AUTOMÁTICO (79) ........................................................................................91
3.2 FUNÇÃO “CHECK DE SINCRONISMO” (25) .............................................................................................94
3.3 RELIGAMENTO AUTOMÁTICO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO ........................................................94
3.3.1 Aspectos Gerais...........................................................................................................................................94
3.3.2 Aspectos Relacionados ao Religamento Automático...................................................................................95
3.3.3 Tipos de Religamento Automático...............................................................................................................97
3.3.4 Requisitos e Implementação do Religamento Automático...........................................................................97
3.3.5 Implicações no sistema de proteção..........................................................................................................100
3.3.6 Tempo para Extinção e Desionização do Arco - Diretrizes de Ajuste ......................................................100
4. TELEPROTEÇÃO...............................................................................................................................................102
4.1 FINALIDADE DA TELEPROTEÇÃO .........................................................................................................102
4.1.1 Seletividade e Rapidez na Proteção ..........................................................................................................102
4.1.2 Confiabilidade...........................................................................................................................................103
4.1.3 Religamento Automático ...........................................................................................................................104
4.2 MEIOS DE COMUNICAÇÃO......................................................................................................................105
4.2.1 Fio Piloto ..................................................................................................................................................105
4.2.2 Carrier (OPLAT).......................................................................................................................................105
4.2.2.1 Faixa de Freqüências .........................................................................................................................................106
4.2.2.2 Modos de Operação...........................................................................................................................................106
4.2.2.3 Componentes Básicos do Sistema Carrier .........................................................................................................107
4.2.2.4 Tipos de Acoplamento.......................................................................................................................................109
4.2.3 Radio Micro-Ondas (e UHF) ....................................................................................................................111
4.2.4 Fibra Óptica..............................................................................................................................................112
4.3 ESQUEMAS DE TELEPROTEÇÃO ............................................................................................................113
4.3.1 Esquemas de Comparação de Fase...........................................................................................................113
4.3.2 Esquemas Diferenciais..............................................................................................................................114

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Introdução e Índice 4 de 195


4.3.2.1 Fio Piloto ...........................................................................................................................................................114
4.3.2.2 Outros Meios de Comunicação..........................................................................................................................115
4.3.3 Esquemas de Transferência de Sinal de Trip ("TRANSFERRED TRIPPING")........................................115
4.3.3.1 Esquema de Transferência Direta de Trip com Subalcance (DUTT).................................................................117
4.3.3.2 Esquema de Transferência de Trip Permissivo com Subalcance (PUTT)..........................................................118
4.3.3.3 Esquema de Transferência de Trip Permissivo com Sobrealcance (POTT) ......................................................118
4.3.3.4 Esquema de Transferência de Trip Direto (DTT)..............................................................................................119
4.3.4 Esquemas de Comparação Direcional ("DIRECTIONAL COMPARISON")............................................121
4.3.4.1 Esquema BLOCKING de Comparação Direcional............................................................................................121
4.3.4.2 Esquema UNBLOCKING de Comparação Direcional......................................................................................122
4.3.5 Esquemas de ACELERAÇÃO ou PROLONGAMENTO DE ZONA de proteção de distância ..................123
5. FILOSOFIA DE PROTEÇÃO............................................................................................................................125
5.1 BASEADOS NOS PROCEDIMENTOS DE REDE DO ONS.......................................................................125
5.1.1 Linhas de Extra Alta Tensão (nível de tensão igual ou superior a 345 kV) ..............................................126
5.1.2 Linhas de 230 kV e 138 kV da Rede Básica .............................................................................................128
5.2 LINHAS QUE NÃO INTEGRAM A REDE BÁSICA ..................................................................................130
6. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................131
7. EXEMPLO DE AJUSTES E SELETIVIDADE PARA LINHA DE TRANSMISSÃO .................................132
7.1 DADOS DAS INSTALAÇÕES PRINCIPAIS E LINHA DE TRANSMISSÃO ...........................................132
7.2 PROTEÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO............................................................................................133
7.2.1 Relés Utilizados.........................................................................................................................................133
7.2.2 Referência Técnica....................................................................................................................................133
7.2.3 Descrição ..................................................................................................................................................133
7.3 FILOSOFIA E ESQUEMA DE TELEPROTEÇÃO DA LINHA ..................................................................135
7.4 AJUSTES PARA A PROTEÇÃO PRIMÁRIA DO CIRCUITO 1 DA LT ALFA – BETA. ..........................138
7.4.1 CONFIGURAÇÃO ....................................................................................................................................138
7.4.2 ENTRADAS BINÁRIAS .............................................................................................................................141
7.4.3 SAÍDAS BINÁRIAS....................................................................................................................................142
7.4.4 LED’s ........................................................................................................................................................143
7.4.5 POWER SYSTEM DATA 1 (Secondary Values) ........................................................................................144
7.4.6 POWER SYSTEM DATA 2 (Secondary Values) ........................................................................................147
7.4.7 21 DISTANCE PROTECTION GENERAL SETTINGS (Secondary Values).............................................153
7.4.8 21 DISTANCE ZONES ((QUADRILATERAL) (Secondary Values)) ........................................................157
7.4.9 68 POWER SWING DETECTION (secondary values) .............................................................................165
7.4.10 85-21 PILOT PROT. FOR DISTANCE PROT. (Secondary Values).....................................................165
7.4.11 50N/51N GROUND OVERCURRENT (Secondary Values): ................................................................166
7.4.12 85 - 67N PILOT PROT. GND. OVERCURRENT (Secondary Values):................................................172
7.4.13 WEAK INFEED (TRIP AND / OR ECHO) (Secondary Values):..........................................................172
7.4.14 50(N)/51(N) BACKUP OVERCURRENT (Secondary Values):............................................................173
7.4.15 50HS INSTANTANEOUS HIGH SPEED SOTF (Secondary Values) ...................................................176
7.4.16 DEMAND MEASUREMENT SETUP (Secondary Values):..................................................................177
7.4.17 MIN / MAX MEASUREMENT SETUP (Secondary Values):................................................................177
7.4.18 MEASUREMENT SUPERVISION (Secondary Values):.......................................................................178
7.4.19 79 AUTO RECLOSING (Secondary Values): .......................................................................................179
7.4.20 25 SYNCHRONISM AND VOLTAGE CHECK (Secondary Values): ...................................................184
7.4.21 VOLTAGE PROTECTION (Secondary Values): ..................................................................................186
7.4.22 FAULT LOCATOR (Secondary Values): ..............................................................................................191
7.4.23 OSCILLOGRAPHIC FAULT RECORDS (Secondary Values):............................................................191
7.4.24 OUTROS AJUSTES ..............................................................................................................................192
7.4.25 ESQUEMA DE TRANSFERÊNCIA DIRETA DE DISPARO ................................................................195
7.5 AJUSTES PARA A PROTEÇÃO PRIMÁRIA DO CIRCUITO 1 DA LT ALFA – BETA. ..........................195

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Introdução e Índice 5 de 195


1. REQUISITOS E CONCEITOS DE PROTEÇÃO

1.1 FINALIDADE DE UMA PROTEÇÃO

Uma proteção é aplicada para detectar as anomalias que ocorrem na instalação protegida,
desligando-a e protegendo-a contra os efeitos da deterioração que poderiam decorrer da
permanência da falha ou defeito por tempo elevado.

Além dos efeitos da deterioração, podem ocorrer também instabilidades no Sistema de


Potência no caso de falhas sustentadas por tempos acima de determinados limites.

Assim, o Sistema de Proteção deve detectar a anomalia e remover o componente do Sistema


Elétrico sob falha, o mais rápido possível e de preferência, somente o componente sob falha.

1.2 TERMINOLOGIA

RELÉS OU DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

São equipamentos ou instrumentos especialmente projetados e devidamente aplicados para


detectar condições anormais, indesejáveis e intoleráveis no sistema elétrico e prover,
simultânea ou parcialmente, os seguintes eventos:

• Pronta remoção de serviço (desligamento) dos componentes sob falta, ou dos


componentes sujeitos a danos, ou ainda dos componentes que de alguma forma possam
interferir na efetiva operação do restante do sistema.
• Adequadas sinalizações, alarmes e registros para orientação dos procedimentos humanos
posteriores.
• Acionamentos e comandos complementares para se garantir confiabilidade, rapidez e
seletividade na sua função de proteção.

SISTEMAS DE PROTEÇÃO

Conjuntos de relés e dispositivos de proteção, outros dispositivos afins, equipamentos de


teleproteção, circuitos de corrente alternada e corrente contínua, circuitos de comando e
sinalização, disjuntores, etc. que associados, têm por finalidade proteger componentes ou
partes do sistema elétrico de potência quando de condições anormais, indesejáveis ou
intoleráveis.

Quando se fala em Sistema de Proteção, usualmente se entende tal sistema como “Relé de
Proteção”. Na realidade um Sistema de Proteção consiste, além dos relés de proteção,
também de outros subsistemas que participam do processo de remoção da falha. Tais
subsistemas são mostrados na figura a seguir:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Requisitos e Conceitos 6 de 195


TC's - Transformadores
Disjuntor
de Corrente
CIRCUITO PROTEGIDO

Circuito de
Comando TP's - Transformadores
de abertura de Potencial
do disjuntor

PROTEÇÃO
Relé(s) de Alimentação Auxiliar
Proteção Corrente Contínua da
Bateria da Subestação
(em geral 125 Vcc)

Figura 1.1 – Sistema de Proteção

FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

Entende-se como função de proteção um conjunto de atributos desempenhados por um


sistema de proteção, para fins previamente estabelecidos e definidos, dentro de uma
determinada categoria ou modalidade de atuação.

Um relé ou dispositivo de proteção pode ter uma ou mais funções de proteção incorporadas
(a chamada proteção “multifuncional”).

1.3 REQUISITOS BÁSICOS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

Seletividade

É a capacidade do Sistema de Proteção prover a máxima continuidade de serviço do Sistema


Protegido com um mínimo de desconexões para isolar uma falta no sistema.

Confiabilidade

É a habilidade do relé ou do Sistema de Proteção atuar corretamente quando necessário


(dependabilidade) e evitar operação desnecessária (segurança).

Velocidade

Característica que garante o mínimo tempo de falha, para um mínimo de danos ou


instabilidade no componente ou sistema protegido.

Economia

No sentido de se ter máxima proteção ao menor custo, considerando sempre o aspecto custo
x benefício, que é a essência da ENGENHARIA.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Requisitos e Conceitos 7 de 195


Simplicidade

Característica que considera a utilização mínima de equipamentos e circuitos na execução da


Proteção.

Mantenabilidade

É a capacidade da proteção permitir manutenção rápida e precisa, reduzindo-se ao mínimo o


tempo fora de serviço e os custos de manutenção.

PRECEITOS

Os seguintes preceitos são generalizados para qualquer Sistema de Proteção:

• A Proteção deve desligar o mínimo necessário de componentes para isolar a falha ou


anormalidade, no mínimo de tempo possível (seletividade e velocidade).
• A Proteção deve ter sensibilidade suficiente para cobrir a maior parte possível do universo
de possibilidade de falhas e anormalidades no componente ou sistema protegido
(dependabilidade).
• A Proteção não deve atuar desnecessariamente (segurança).
• Deve haver, sempre, uma segunda Proteção, local ou remota, para a detecção de uma
mesma anormalidade (dependabilidade).
• Um esquema mais simples de proteção, desde que cobertos os requisitos básicos,
apresenta uma menor probabilidade de atuação desnecessária (simplicidade
incrementando a segurança, com economia).
• Quanto mais caro o Sistema Protegido, mais se justifica o investimento na confiabilidade
(dependabilidade) do Sistema de Proteção (economia = custo x benefício).

1.4 COORDENAÇÃO

O estudo e a prática de aplicação de Proteção por Relés não constituem uma ciência exata.
Muito de arte e bom senso estarão sempre associados à técnica empregada. Assim, a
experiência assume um aspecto significativo para qualquer profissional que trate do assunto.

Entende-se como coordenação de relés e sistemas de proteção, o estudo e a aplicação de


ajustes e esquemas no sentido de se garantir os requisitos básicos de seletividade e
velocidade, e garantir também que haja sempre uma segunda ou terceira proteção que
detecte a mesma anormalidade como retaguarda (dependabilidade do sistema de proteção)
sem, no entanto, comprometer a seletividade.

1.5 ZONAS DE PROTEÇÃO

A filosofia geral de proteção de um sistema elétrico é dividi-lo em “zonas de proteção” de


modo que, quando da ocorrência de uma anormalidade, haja o mínimo de desligamentos
possível, preservando o máximo de continuidade dos serviços.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Requisitos e Conceitos 8 de 195


O sistema é dividido em zonas de proteção para:

• Geradores
• Transformadores
• Barras
• Linhas de Transmissão e Subtransmissão
• Dispositivos e Sistemas de Compensação Reativa
• Circuitos de Distribuição
• Transformadores de Distribuição
• Motores
• Outras cargas
Barra

Transformador

Barra

Barra Barra
Transformador
Elevador Barra
Linha Linha
Transformador

Linha

Grupo Gerador -
Transformador
Reator
Shunt

Figura 1.2 – Zonas de Proteção

A separação das zonas se dá através da localização de Disjuntores e Transformadores de


Corrente que alimentam os relés de proteção. As figuras a seguir mostram detalhes dessa
fronteira de zonas:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Requisitos e Conceitos 9 de 195


Zona 1 Zona 2
TC's Disjuntor TC's
(zona 2) (zona 1)

Figura 1.3 – Limites de Zona – Exemplo 1

Zona 1 Zona 2
Disjuntor TC's TC's
(zona 2) (zona 1)

Figura 1.4 – Limites de Zona – Exemplo 2

No exemplo 1 tem-se a utilização de TC’s de ambos os lados do disjuntor. No exemplo 2 os


TC’s de um lado apenas do disjuntor.

Nesse segundo caso, verifica-se que há uma “zona morta” entre o disjuntor e o equipamento
TC sem aparente cobertura. Há esquemas especiais para cobrir essa zona morta, para
instalações importantes (geralmente em Extra Alta Tensão ≥ 345 kV.

1.6 PROTEÇÃO PRINCIPAL E PROTEÇÃO DE RETAGUARDA

Para se garantir o requisito básico de confiabilidade (dependabilidade) para o Sistema de


Proteção, há necessidade para a maioria dos casos, da existência de uma segunda
proteção, pelo menos, para a detecção da mesma falha no componente protegido.

Resultam deste aspecto os conceitos de Proteção Principal e Proteção de Retaguarda:

1.6.1 Proteção Principal

É aquela que, por especificação e escolha de projeto, tem condição de detectar uma
anormalidade para a qual foi concebida, no componente protegido, contemplando os
requisitos de seletividade, confiabilidade e de velocidade.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Requisitos e Conceitos 10 de 195


Dependendo da importância do componente protegido, pode existir projeto com duas
proteções principais, que no caso de serem iguais são denominadas “duplicadas” ou
“primária + alternada”. O que caracteriza o fato de serem “principais” é o atendimento aos
requisitos básicos de velocidade, seletividade e confiabilidade.

1.6.2 Proteção de Retaguarda

É aquela que, também por especificação e escolha de projeto, tem a finalidade de ser a
segunda ou terceira proteção a detectar uma mesma anormalidade em um dado
componente do sistema de potência, atuando o respectivo disjuntor quando da falha da
proteção principal.

Para garantia da seletividade a proteção de retaguarda utiliza temporização intencional


para que se aguarde a atuação da proteção principal. Apenas no caso de falha da principal,
após uma temporização ajustada, é que atuaria a proteção de retaguarda.

Retaguarda Local

Uma proteção de retaguarda pode estar instalada no mesmo local da proteção principal.
Neste caso é denominada de “retaguarda local”.

Retaguarda Remota

Ou pode estar instalada em um outro componente adjacente àquele original. Neste caso é
denominada de “retaguarda remota”:

SE A Componente SE B Componente SE C
Protegido Protegido

Proteção Proteção Proteção Proteção


Principal de A-B. Principal de B-A. Principal de B-C. Principal de C-B.

Proteção de Proteção de Proteção de Proteção de


Retaguarda Retaguarda Retaguarda Retaguarda
Local de A-B. Local de B-A. Local de B-C. Local de C-B.

Proteção de Proteção de Proteção de Proteção de


Retaguarda Retaguarda Retaguarda Retaguarda
Remota de B-C. Remota de A-X. Remota de C-Y. Remota de B-A.

Figura 1.5 – Conceito de Proteção Principal e Proteção de Retaguarda

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Requisitos e Conceitos 11 de 195


1.7 PROTEÇÃO PRIMÁRIA E PROTEÇÃO ALTERNADA

Mais recentemente no Brasil optou-se por duplicar relés ou funções principais para proteção
de linhas de transmissão de Extra Alta Tensão (níveis de tensão iguais ou superiores a 345
kV) como exigência da Aneel para novas instalações. Neste caso, pode-se ter as seguintes
opções:

a) Utilização de relés de mesma fabricação, tecnologia e modelo (duplicação plena);


b) Utilização de relés de mesma fabricação, tecnologia e modelos diferentes (duplicação
parcial, eventualmente em algumas funções diferentes);
c) Utilização de relés de diferentes origens (fabricação), mesma tecnologia e com duplicação
de funções;
d) Utilização de relés de tecnologias diferentes e mesmas funções.

A tendência atual é o item a, com plena duplicação quanto ao modelo e funções de proteção.
Este aspecto ajuda na manutenção da proteção e a retirada de operação de uma delas sem
maiores preocupações.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Requisitos e Conceitos 12 de 195


2. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

2.1 FUNÇÃO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA

2.1.1 Conceito

Qualquer desbalanço num sistema trifásico, com ou sem terra, faz com que apareça
componentes simétricas de seqüência negativa. A componente de seqüência negativa
pode ser calculada através da expressão:

⎡Ia0 ⎤ ⎡1 1 1 ⎤ ⎡Ia ⎤
⎢ I ⎥ = 1 ⎢1 a a 2 ⎥⎥.⎢⎢ I b ⎥⎥
⎢ a1 ⎥ 3 ⎢ Donde, I a 2 =
1
( )
I a + a 2 .I b + a.I c onde
⎢⎣ I a 2 ⎥⎦ ⎢⎣1 a 2 a ⎥⎦ ⎢⎣ I c ⎥⎦ 3

a = 1∠120 o

Para tensão, vale a mesma expressão. Assim, uma proteção pode calcular a corrente de
seqüência negativa I2 através das correntes de fase. Em condições normais de operação,
com o sistema trifásico equilibrado, essa corrente é Zero.

Isto é, o surgimento da componente de seqüência negativa I2 significa que há desbalanço


de corrente através do circuito onde está aplicada a proteção e pode ser causada por:

• Uma fase aberta


• Duas fases abertas
• Carga desequilibrada (comum para circuitos primários de Distribuição)
• Curto-circuito fase-terra.
• Curto-circuito bifásico.
• Curto-circuito bifásico-terra.

Um critério de desbalanço poderia ser o valor percentual da corrente I2 (seqüência


negativa) com relação à corrente I1 (seqüência positiva).

O desbalanço de corrente é um fator grave para máquinas rotativas, uma vez que induz
correntes de frequência dupla no rotor (ferro), causando aquecimento.

Portanto a função de seqüência negativa é utilizada principalmente para proteção de


motores e geradores. Seu código ANSI é 46.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 13 de 195


Circuito
Protegido

50/
51

Função 46:
46 Desbalanço
de Corrente
(Sequência
50/ Negativa)
51N

Figura 2.1 – Função de Desbalanço de Corrente

2.1.2 Utilização para Linhas de Transmissão

Para Linhas de Transmissão, esta função é utilizada em casos especiais onde há


dificuldades de detecção de curtos-circuitos, como por exemplo uma linha longa em alta ou
média tensão, onde as faltas se confundem com as cargas e as funções de sobrecorrente
e de distância têm dificuldades. Lembrando que a seqüência negativa de corrente aparece
sempre que há desbalanço, com ou sem terra, ela pode ser uilizada para detectar curto-
circuito. A exigência é que a carga, em condições normais, deve ser equilibrada o
suficiente para não altingir limite de atuação da proteção.

2.1.3 Diretrizes de Ajustes

Uma boa diretriz é ajustar o valor da seqüência negativa entre 10 e 40% da corrente
nominal prevista na LT, se o objetivo é detectar fase aberta. Deve-se, entretanto,
estabelecer uma temporização entre 2,0 e 5,0 segundos, dependendo da filosofia da
empresa.

Principalmente para Linhas de Transmissão com religamento automático monopolar,


deve-se tormar cuidado com a função 46, se utilizada, pois durante o tempo de extinção de
arco, quando uma fase está aberta, há corrente de seqüência negativa. A ordem de
grandeza é de cerca de 40% da corrente de carga que havia na LT. Assim, o tempo de
atuação dessa função, para o desbalanço de uma fase aberta deve ser superior ao tempo
morto de religamento automático monopolar dessa linha, com margem de segurança. O
critério acima de 2,0 a 5,0 s (tempo definido) deve satisfazer esta condição.

Para o caso de linhas especiais com dificuldade de detecção de curto-circuito pelas


funções convencionais, deve-se fazer estudo específico, caso a caso.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 14 de 195


2.2 FUNÇÃO DIRECIONAL DE SOBRECORRENTE

2.2.1 Conceito

A diferença entre uma função de sobrecorrente e uma função direcional de sobrecorrente é


que esta última tem uma característica extra associada à direção da corrente medida, e
não apenas ao módulo da corrente medida.

Para que isto seja possível, deverá haver, para cada relé, uma referência de Tensão. Isto
é, os mesmos devem ser Polarizados.

Há duas funções direcionais de terra: aquela para corrente de fase e aquela para
corrente de terra. O código ANSI para a função direcional de sobrecorrente é (67). Pode
ter, também, elemento instantâneo, porém não há código específico para esse elemento
instantâneo.

2.2.2 Conexão

A figura a seguir mostra uma conexão trifásica para 02 relés direcionais de sobrecorrente
de fase e um relé direcional de sobrecorrente de terra.

Disjuntor(es) IA
Fase A

TC
IB
Fase B

TC
IC
Fase C

iA iB iC TC

TP's

67A 67C

TP's
AUXILIARES

67N

I Residual = IA + IB + IC

Figura 2.2 – Conexão para relés direcionais de sobrecorrente convencionais

No caso de proteção digital, esse mesmo conceito é executado, isto é, há necessidade de


informações de tensão através de TP’s de linha ou de barra. As correntes e tensões
residuais podem ser calculadas, ao invés de medidas, como mostra a figura a seguir.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 15 de 195


Disjuntor(es) IA
Fase A

TC
IB
Fase B

TC
IC
Fase C

iA iB iC TC

TP's

Proteção Digital

Funções 67 Fases e 67
Terra

I Residual = IA + IB + IC

V Residual = VA + VB + VC

Figura 2.3 – Conexão para proteção digital - direcional de sobrecorrente

2.2.3 Filosofia de Atuação e Aplicação

A função direcional de sobrecorrente deve atuar apenas se duas condições forem


satisfeitas:

a) Intensidade de corrente acima do limite mínimo de ajuste.


b) Corrente em um determinado sentido.

Sobrecorrente
+ Elemento
Direcional = Direcional de
Sobrecorrente

Figura 2.4 – Conceito da Função 67

Os relés são conectados para atuar, por exemplo, para correntes saindo da barra para a
linha. Caso haja corrente no sentido inverso, mesmo que de grande intensidade (condição
de curto circuito), essa função direcional de sobrecorrente não atua:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 16 de 195


SE A

Componente Protegido

67F Curto na Frente


Direção Correta para
a Proteção Atuar
67
N

Figura 2.5– Atuação direcional da Função 67

SE A

Componente Protegido

Curto na
Direção
67F Reversa -
Proteção
67 Não Atua
N

Figura 2.6– Falta na Direção Reversa da Função 67

Esta característica é muito importante para um esquema adotado de Proteção, uma vez
que, delimitando as condições com a imposição do fator direção, há maiores facilidades
para obter seletividade (isto é, desligar o mínimo de componentes do Sistema, para isolar
a falha) no menor tempo possível.

As funções direcionais de sobrecorrente de fase e de terra são utilizadas principalmente


para proteção de Linhas de Transmissão e Subtransmissão, geralmente como
proteção de retaguarda. Em alguns raros casos, também se utiliza para proteção de
Transformadores, quando o fator “direção” torna-se necessário para uma boa coordenação
da proteção em um sistema elétrico.

Em circuitos radiais não há necessidade de uso de função 67, a menos em casos


específicos com fontes de terra no circuito (nesse caso pode haver necessidade de 67N –
terra, mas depende das condições de curto-circuito do sistema).

Modernas proteções digitais de sobrecorrente de aplicação geral, já incluem (geralmente)


funções 67 para uso opcional. Deve-se sempre lembrar que há necessidade de TP’s para
informação de tensão de polarização.

2.2.4 Polarização. Princípios de Determinação da Direção.

A tensão de polarização deve ser tal que forneça uma firme referência de direção de
corrente (determinado pelo ângulo entre fasores medidos ou calculados). A figura a seguir
mostra os fasores de tensão de um sistema trifásico, com corrente de falta na fase A.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 17 de 195


ZF ICC RCC j XCC

UA

UCC

Relé

UA UAB

ICC
UCA
ϕ

UC UB

UBC

Figura 2.7 – Fasores num sistema trifásico.

A corrente de curto-circuito ICC deve ter uma tensão de referência para que a proteção
determine sua direção.

Uso da Tensão da Fase Correspondente (no caso, UA)

Neste caso, haveria uma boa referência de direção, pois ângulos indutivos significam falta
na frente do relé. Porém há as seguintes desvantagens:

• Quando de curto-circuito imediatamente à frente da proteção, essa tensão pode ir a


Zero e a proteção poderá perder a referência.
• Quando de linha com compensação série (capacitância em série na LT), a tensão de
referência pode inverter.
• Quando de curto-circuito imediatamente à frente da proteção, com resistência de arco,
o ângulo pode chegar a Zero graus entre a tensão de referência e a corrente de curto.

Uso de Referência Cruzada [1]

Uma boa solução para dirimir as dificuldades citadas é o uso de referência cruzada, como
utilizada nas Proteções Siemens. A tabela a seguir mostra as tensões de referência para
uma proteção (no caso digital) para que as correntes de falta tenham sempre uma
referência firme, com base nos fasores mostrados na Figura 2.8 a seguir.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 18 de 195


Falta Tensão de Referência Corrente
Fase A UB – UC = UBC IA
Fase B UC – UA = UCA IB
Fase C UA – UB = UAB IC
Loop AB UBC – UCA IA - IB
Loop BC UCA – UAB IB – IC
Loop CA UAB – UBC IC – IA

Na figura a seguir mostra-se a tensão de referência UBC para a corrente na fase A. Deve-
se notar que a tensão da fase em curto (denominada UCC) não é a tensão que havia antes
(UA), pois há a influência da impedância da fonte ZF (sistema) no ponto de instalação da
proteção.

ZF ICC RCC j XCC

UA

UCC

Relé

UA

ICC.ZF
UAB

β UCC
UCA ϕ ICC
ϕcc
β = α − 90

UC UB

UBC

Figura 2.8 – Fasores para Polarização Cruzada.

Por exemplo, se para uma falta na fase A, a tensão UCC for para zero, haverá referência
UBC.

Na concepção da função direcional faz-se com que haja direcionalidade para todo ICC
que esteja à direita da referência hachurada de direção, que tem um ângulo α com relação
à tensão UBC.

Essa solução é adotada também para as funções de distância, que têm necessidade de
discriminação direcional.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 19 de 195


Os “loops” AB, BC e CA indicados na tabela anterior servem para curtos-circuitos entre
fases (bifásicos ou trifásico). Para curto-circuito bifásico sempre haverá referência firme
relacionada com a fase não afetada.

Para curto trifásico rígido, bem à frente da proteção, todas as tensões podem ir a zero.
Neste caso não haveria referência. Entretanto, as proteções mais elaboradas (para linhas
de AT ou EAT) possuem memória de tensão (informações sobre a tensão antes do curto-
circuito).

Para proteções eletromecânicas essa memória era feita através de circuitos ressonantes.
Para proteções digitais, são utilizados dados de um “buffer” com as informações do
passado. Memórias com duração entre 0,4 e 0,5 s são comuns para proteções mais
elaboradas.

Uso de Componentes Simétricas

Dependendo do fabricante da proteção, pode haver concepção com base nas


componentes simétricas (seqüências positiva, negativa e zero). A referência [3] dá uma
boa idéia sobre este aspecto. Por exemplo, pode-se usar a tensão de seqüência zero (UA +
UB + UC) / 3 para servir de referência para corrente de seqüência zero (IA + IB + IC) / 3 na
execução da função direcional de sobrecorrente de terra.

A figura a seguir mostra a componente de seqüência zero no local de aplicação da


proteção:

If0
I0

ZF0 ZK0 ZM0

UA

Relé U0
= −ZF 0
U0 = - ZF0.I0 I0

Falta na Frente do Relé

If0
I0

ZK0 ZM0

ZF0
U0
Relé = +(Z K 0 + Z M 0 )
I0

U0 = + ( ZK0+ ZM0 ).I0

Falta na Direção Reversa

Figura 2.9 – Fasores de Seqüência Zero na Proteção

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 20 de 195


Com base nesse conceito, pode-se ter uma referência para a corrente de terra, como
mostrado a seguir:

Im
Falta na
Direção
Reversa
α = 15o Re

k.V0

Falta na Frente Iterra = 3.I0

Figura 2.10 – Polarização por tensão de seqüência zero

Polarização por Corrente de Terra

Para função direcional de sobrecorrente de terra, há também (para algumas proteções


digitais) opção de uso de corrente de terra que sobe pelo neutro do transformador da
subestação (fonte de terra para corrente de curto na linha protegida) como grandeza de
polarização.

Como essa corrente tem mais ou menos a mesma direção da corrente de terra do circuito
protegido, serve como referência de direção:

Falta na Im Falta na Frente


Direção
Reversa Iterra = 3.I0

Re

Ipolariz. = IV
(corrente de neutro de
transformador)

Figura 2.11 – Polarização por corrente de neutro de transformador (3 x seqüência zero)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 21 de 195


2.2.5 Diretrizes de Ajustes

Têm a finalidade de promover desligamento do disjuntor quando da falha das demais


funções principais. Espera-se a atuação dessas funções quanto tudo falhou. As mesmas
têm, portanto, compromisso apenas com a segurança, sem maiores preocupações com a
rapidez.

a) Se possível, deve ter sensibilidade para detectar curtos a terra em pelo menos duas
barras a frente. Adotar a maior sensibilidade possível.

b) Deve ter temporização que satisfaça as condições seguintes:


* haja operação com tempo igual ou superior a 0,7 s para curto na barra da
subestação remota (sentido direcional).
* haja operação com tempo superior a 0,3 s para curto imediatamente à frente da
proteção, com caso de exceção mostrado no item (c) seguinte.
* haja operação com tempo superior ao do religamento automático monopolar (nas
linhas com religamento monopolar) para corrente de sequência zero (com corrente
de terra da ordem de 50% da corrente de carga que havia) esperada para máxima
carga na LT em situação de religamento. Em algumas proteções multifuncionais, há
também a possibildiade de bloqueio da função 67N durante o processo de
religamento monopolar (relé digital).

c) Bloquear os instantâneos como critério padrão. Esses elementos instantâneos só


podem ser ajustados, eventualmente, quando:
* não houver esquema de religamento automático na LT e para proteção de linhas
longas.
* houver uma diferença muito grande entre os curtos na saída da LT e na barra da
subestação remota.

Observa-se que não se deve tentar coordenar essa função de extrema retaguarda com as
funções principais. Usa-se temporização alta para que não haja influência nas funções
principais, porém com alta sensibilidade para garantir a segurança.

Nota: O caso de uso da função 67N com Teleproteção é mostrado em capítulo à parte.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 22 de 195


2.3 FUNÇÃO DE TENSÃO

2.3.1 Finalidade e Conceitos

Como o próprio nome menciona, é uma função para detectar condições de tensão
superiores ou inferiores aos valores normalmente aceitos para a Operação do Sistema ou
do Equipamento.

São realizados através de relés específicos conectados nos lados secundários dos
Transformadores de Potencial.

Proteção de Sobretensão – Código 59

Para detectar condição de tensão superior a um valor aceitável. Pode ser de dois tipos:
Função de Sobretensão Instantânea ou Função de Sobretensão Temporiza.

A função instantânea não possui temporização intencional, isto é, seu tempo de atuação
depende apenas de suas características construtivas e inerentes ou do seu algoritmo (no
caso de ser digital). Por outro lado, a função temporizada é construída para introduzir uma
temporização intencional e ajustável. Os relés de sobretensão temporizados são,
geralmente, de característica definida de tempo (não inversa):

Tempo (s)

Temporização
(Ajustável)

59 59
Tensão (V)
Valor de Valor de 59
Desatuação Atuação
(drop-out) (pick-up)

Figura 2.12 – Função 59, de tempo definido, para tensões de linha.

Dependendo do nível de sobretensão esperado, utiliza-se função instantânea ou


temporizada.

Uma característica muito importante numa função ou num relé de sobretensão é a


chamada “relação pick-up / drop-out”. Num relé de sobretensão, dependendo da sua
construção e da tecnologia utilizada, há sua atuação quando se atinge o nível de tensão
ajustado e há desatuação quando a tensão retorna às condições normais. A tensão em
que o relé deixa de atuar (“drop-out”) é sempre menor que a tensão de atuação. E a
relação “pick-up / drop-out” pode ser definida como:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 23 de 195


Relação “pick-up / drop-out” = (tensão de atuação / tensão de desatuação) * 100 %

Se esta relação é muito grande, significa que há necessidade de redução acentuada de


tensão para que a função retorne à condição de não atuação. Haverá sempre o perigo de
se ter uma proteção de sobretensão atuada após a tensão do sistema protegido ter
retornado ao normal.

Este valor é sempre superior a 100 %. Quanto menor esta relação, mais segura a
aplicação da função de sobretensão. Um modelo ideal de função de sobretensão seria
uma relação de 100 %, isto é, qualquer abaixamento de tensão aquém do valor ajustado
provocaria a desatuação da função. Relés modernos, com tecnologia digital, permitem
relação próxima a 100 %.

Utiliza-se a função de sobretensão na proteção de Transformadores, Reatores e Máquinas


Rotativas, isto é, na proteção de equipamentos que podem ter sua isolação deteriorada no
caso de exposição a condições de sobretensão.

Em EAT é aplicada em Linhas de Transmissão para que tenha uma função sistêmica,
isto é, para desligar trechos do sistema afetados por sobretensão (excesso de reativos na
região).

Proteção de Subtensão ou Relé de Subtensão – Código 27

A função atua quando a tensão cair abaixo de um valor ajustado. Esta função pode ser
utilizada como proteção para equipamentos que não podem operar com tensão abaixo de
um certo limite (geralmente máquinas rotativas), ou pode ser utilizada apenas como relé de
subtensão para desligamento automático de circuito quando de falta de tensão (relé de
manobra).

Para utilização da função 27 para manobra de circuitos (desligamento por falta de tensão),
a relação “drop-out / “pick-up”) não é muito significativa pois há uma grande diferença entre
“existir tensão” e “não existir”. Entretanto, para proteção, a relação é importante, como já
mencionado para a função 59.

2.3.2 Diretrizes de Ajustes

Para linhas de transmissão de EAT, costuma-se ajustar:

a) Função de sobretensão trifásica, temporizada, entre 1,16 a 1,20 pu da tensão nominal


de operação, com tempo (definido) de operação entre 2,0 e 3,0 s.

b) Função de sobretensão trifásica, instantânea, entre 1,20 e 1,25 pu da tensão nominal


de operação.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 24 de 195


2.4 FUNÇÃO DE DISTÂNCIA

2.4.1 Princípio

A função Distância mede, através da leitura das correntes e tensões do circuito protegido,
a impedância entre o ponto de aplicação da proteção e o ponto onde ocorreu o curto-
circuito.

A dimensão da grandeza calculada é Ohms: Impedância = Tensão / Corrente

Como a impedância da linha de transmissão protegida é proporcional ao seu comprimento,


(ohms / km), pode-se associar a impedância medida com a distância até o ponto de curto
circuito. Daí a denominação “distância” quando a função de impedância é utilizada para
proteção de linha de transmissão. O código ANSI para a função de impedância é 21.

Nota: Quando a função de impedância é aplicada para proteção de linha de


transmissão, ela é chamada de “distância”. Quando a função de impedância é
aplicada para proteção de máquina ou transformador, a mesma é chamada
“impedância”.

Considerando o princípio, torna-se evidente que uma função de distância deve ser
alimentada por TC’s (correntes) e TP’s (tensões):

SE A SE A

Linha Protegida Linha Protegida

21 Distância 21F Distância


Fase e Terra Fase e
Distância
67F 21N Terra

67 67F
N

67N

Figura 2.13 – A Proteção de Distância Necessita Dados dos TC’s e dos TP’s

Ajustes são realizados e aplicados de modo que os critérios de coordenação adotados


garantam os itens de seletividade e velocidade da proteção.

Como a impedância da linha protegida é conhecida, pode-se ajustar a proteção de modo


que para cada ponto de curto-circuito esperado se tenha um critério previamente inserido
na proteção, como parâmetro de desempenho esperado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 25 de 195


2.4.2 Representação de Linha de Transmissão e de Ponto de Curto-Circuito em Diagrama
de Impedâncias

Uma impedância de linha de transmissão pode ser representada graficamente num


diagrama R-X, Na figura a seguir observa-se que o ângulo θ do vetor impedância da linha
está relacionado com a relação R-X dos parâmetros da linha:
jX (ohms)

Subestação B
Transformador Outro nível kV

Subestação C
SE B

SE D SE A SE B SE C
2
LT

230 kV

Subestação B

Atrás Frente
1

SE B
LT

Subestação A
Ponto de FRENTE 138 kV
Aplicação da
Proteção θ

R (ohms)
3
LT

Subestação D
(ATRÁS)

Figura 2.14 – Linha de Transmissão representada em diagrama R-X

O ângulo, que pode variar de 65 a 89 graus dependendo do tipo e nível de tensão da LT,
mostra que uma linha de transmissão aérea tem característica predominantemente
indutiva. Quanto maior o nível de tensão da linha, maior seu ângulo com relação ao eixo
dos R. Um transformador de potência é considerado puramente indutivo em Alta Tensão.
Mas para transformadores de distribuição deve-se considerar também a resistência.

Deve-se observar, também, que uma linha de cabos pode ter ângulos menores que os das
linhas aéreas.

Quando ocorre um curto-circuito na linha, a queda de tensão provocada pela corrente de


através da mesma é limitada por essa impedância. As tensões e correntes no ponto de
aplicação da proteção dependem, portanto, do “loop” de impedâncias formado através do
curto-circuito, podendo incluir o retorno por terra quanto de faltas à terra.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 26 de 195


SE A ZLT 1 SE B

ICC

ZFONTE ZCC ZA

U UCC Relé ICC TOTAL


U CC
= Z CC
I cc

Falta na Frente do Relé

Figura 2.15 – Curto circuito trifásico na linha e o “loop” de impedâncias

Assim, nos quadrantes do diagrama R-X pode-se ter:

jX

Corrente Capacitiva, Corrente Indutiva,


chegando na Barra saindo da Barra

Corrente Indutiva, Corrente Capacitiva,


chegando na Barra saindo da Barra

Figura 2.16 – Diagrama R-X e os quadrantes.

Quando de curtos-circuitos na linha, as correntes são sempre atrasadas com relação à


tensão. Assim, podem-se considerar os seguintes casos:

SE A SE A

Linha Protegida Lina Protegida

21F Curto na Frente 21F


Curto na Direção Reversa
Corrente Indutiva
Corrente Indutiva
21 Saindo da Barra. 21 Chegando na Barra.
N IMPEDÂNCIA NO N
IMPEDÂNCIA NO
PRIMEIRO
QUARTO QUADRANTE
QUADRANTE

Figura 2.17– Direção da Corrente de Curto e os Quadrantes no Diagrama R-X

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 27 de 195


Verifica-se que a impedância medida é ZCC = UCC / ICC que é a impedância do ponto de
aplicação da proteção até o ponto de curto circuito, e que essa impedância pode ser
representada no diagrama R-X como mostra a figura a seguir:

jX (ohms)
Subestação C

2
LT
Subestação B

1
PONTO DE

LT
CURTO-
CIRCUITO
Subestação A
Ponto de
Aplicação da FRENTE
Proteção θ

R (ohms)

Figura 2.18 – Indicação do ponto de curto-circuito no diagrama R-X

2.4.3 Requisitos Desejados para uma Função de Distância

Condição de curto-circuito na LT

A impedância série de uma linha de transmissão Z Linha = R + jX tem um ângulo


característico entre 65 e quase 88 graus, isto é, bastante indutivo. Daí o fato de se ter os
relés de distância concebidos com característica mais sensível nesta faixa de ângulo
(primeiro quadrante).

Se o relé de impedância estiver ajustado com um valor Zajustado maior do que o Zcc, o valor
medido cairia dentro de sua característica e o relé atuaria. Essa idéia está ilustrada na
figura a seguir:
jX (ohms)

Subestação C
2

Ajuste
LT

(alcance) da
proteção de Subestação B
distância da
Subestação A

PONTO DE
Subestação A CURTO-
Ponto de CIRCUITO
Aplicação da
Proteção FRENTE
θ

R (ohms)

Figura 2.19 – Indicação do Ajuste do Relé no diagrama R-X

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 28 de 195


Condição de carga na LT

A carga através da linha, saindo da barra da subestação A é indicada na figura a seguir.


Essa carga pode ser calculada através de:

kV 2
Z CARGA = ohms / fase.
MVA
Onde kV é a tensão de linha (entre fases) e o MVA é a potência aparente no ponto de
aplicação da proteção.

jX (ohms)
Subestação C

2
FRENTE

LT
Ajuste
(alcance) da
proteção de Subestação B
distância da
Subestação A PONTO DE
CARGA

Subestação A
Ponto de
Aplicação da ZCARGA
Proteção
θ α
R (ohms)

Figura 2.20– Indicação do Ajuste do Relé no diagrama R-X

A figura anterior representa o ponto de carga (impedância da carga) com o seu ângulo α,
correspondente ao fator de potência. Não se deseja que a proteção de distância atue
para condição de carga e também que permita as sobrecargas esperadas em
condições de emergência.

Verifica-se então que a proteção deve ser sensível para ângulos indutivos acentuados
(condição de curto-circuito na direção para frente) e não seja sensível para ângulos
indutivos pequenos (carga indutiva saindo da barra).

Condição de Curto-Circuito com Resistência de Falta (RF)

Por outro lado, os curtos-circuitos em linhas de transmissão estão, quase sempre,


associados a Resistências de Falta, que podem decorrer de:

• Resistência de Arco (arco através da cadeia de isoladores ou entre fases).


• Resistência de Pé de Torre (do sistema de aterramento das torres e seus cabos
guarda).
• Resistência de Contato e Outras (árvore, água, rocha, etc.)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 29 de 195


Uma resistência de falta RF é representada no diagrama R-X através de uma grandeza na
direção do eixo dos R, como mostra a figura a seguir:

jX (ohms)
Subestação C

2
FRENTE

LT
Subestação B

PONTO DE CURTO-CIRCUITO

Subestação A RF
Ponto de IMPEDÂNCIA VISTA PELO
Aplicação da PONTO DE APLICAÇÃO DA
PROTEÇÃO
Proteção

R (ohms)

Figura 2.21 – Indicação do Ajuste do Relé no diagrama R-X

A proteção de distância deve detectar essa impedância de curto-circuito considerando a


resistência de falta RF.

Conclui-se que a proteção deve ser sensível não apenas através do ângulo da linha, mas
também para ângulos menores que consideram a resistência, tomando-se o cuidado de
não alcançar a impedância de carga.
jX (ohms)

Subestação C
2

FRENTE
LT

Subestação B

Subestação A
Ponto de
Aplicação da ZCARGA
Proteção
θ α
R (ohms)

Figura 2.22 – Requisitos de Sensibilidade de uma Proteção de Distância

A figura mostra a região da carga, onde não deve haver alcance da proteção de distância.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 30 de 195


2.4.4 Características de impedância de uma proteção de distância

Baseado nos requisitos mostrados apresenta-se neste item as características mais comuns
utilizados para relés ou funções de distância:

Tais características são as pré-estabelecidas de impedância da função de distancia,


como resultado da concepção da proteção e seus ajustes e parâmetros.

Análise de característica circular para a função de distância

Se um dispositivo de impedância (21) é construído apenas para medir o módulo, sem


considerar o ângulo entre a tensão e a corrente, sua característica seria a mostrada na
figura a seguir:
jX (ohms)

FRENTE

ZCARGA
θ α
R (ohms)

Figura 2.23 – Característica Circular para uma Proteção de Distância

Observa-se que esta característica apresenta a mesma sensibilidade (alcance em ohms)


para qualquer ângulo, seja de curto-circuito, seja de carga, o que não é conveniente para
uma proteção de distância.

E também detecta curtos-circuitos na direção reversa, isto é, não apresenta característica


direcional a menos que seja complementado por um elemento direcional semelhante ao
mostrado para a proteção 67.

Característica Mho

A figura a seguir mostra a chamada característica Mho para função de distância. Observa-
se que ela é inerentemente direcional, isto é, tem alcance apenas no sentido direcional. Ao
mesmo tempo, tem pouca sensibilidade para ângulos de carga (na direção do eixo dos X).
Essa característica Mho é muito utilizada, principalmente nos relés de distância
eletromecânicos e estáticos.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 31 de 195


Muitas proteções com tecnologia digital também apresentam opção de escolha de
característica deste tipo.

jX (ohms)
FRENTE

ZCARGA
θ
α
R (ohms)

Figura 2.24 – Característica MHO para uma Proteção de Distância

Característica Offset - Mho

A figura a seguir mostra a chamada característica Offset - Mho para função de distância.
Observa-se que ela é um Mho deslocado. Como tem parte de seu alcance na direção
reversa, exige um elemento direcional adicional.

Também é uma característica que era muito usada em algumas proteções de distância
eletromecânicas.
jX (ohms)

FRENTE

ZCARGA
θ
α
R (ohms)

Figura 2.25 – Característica OFFSET - MHO para uma Proteção de Distância

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 32 de 195


Esta característica permite que para R=0 e X=0 haja maior facilidade de discriminação de
direção do curto-circuito, o que poderia ser um problema para a característica Mho,
dependendo da concepção do elemento de medição da proteção (eletromecânica).

Outras Características

A figura a seguir mostra outros tipos de características, sempre com a preocupação de se


ter menos sensibilidade na região de carga, mas com sensibilidade suficiente para detectar
curtos com altas resistências de falta.
jX (ohms)

jX (ohms)
FRENTE FRENTE

ZCARGA ZCARGA

R (ohms) R (ohms)

Lenticular Paralelograma

Figura 2.26 – Outros tipos de características

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 33 de 195


Características Típicas das Modernas Proteções Digitais

A seguir é mostrada a característica dos relés da série 7SA da SIEMENS:

jX (ohms)
FRENTE

R (ohms)

7SA6 - SIEMENS

Figura 2.27– Exemplo Relé 7SA – Siemens

Observa-se que todos os requisitos desejados numa característica de alcance estão


satisfeitos.

2.4.5 Zonas de Alcance

Uma proteção de distância não possui apenas uma zona de alcance, como mostrado no
item anterior. Ela possui várias zonas, sendo que cada zona pode ser ajustada com seus
respectivos valores de alcance e tempo.

As figuras a seguir ilustram o caso de uma proteção com três zonas de alcance no sentido
direcional e uma zona de alcance não direcional.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 34 de 195


jX (ohms)
FRENTE

Zona 3
t = 1,5 s Zona 4
t=3s
Zona 2
t = 0,5 s

Zona 1
t=0s
θ

R (ohms)

ATRÁS

Figura 2.28 – Zonas de Alcance

Isto é, temporizando adequadamente cada zona de proteção, pode-se obter seletividade e


garantir uma proteção de retaguarda para faltas em outros componentes ou linhas
adjacentes.

Uma maneira simplificada de representar as zonas de alcance de uma proteção de


distância está mostrada na figura a seguir:

Zona 4
t=3s

Zona 3
t = 1,5 s

Zona 2
t = 0,5 s

ATRÁS Zona 1
t=0s

SE D SE A SE B SE C

Figura 2.29 – Representação Simplificada das Zonas de Alcance

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 35 de 195


Ajustes de zonas e tempos

Ajustar um relé de impedância para cobrir uma determinada distância de uma linha de
transmissão não apresenta dificuldade pelo fato de se ter impedância da linha pré-
calculada, com muita precisão.

Assim, é comum ter-se elementos de distância ajustados em 80 %, 85 %, 120 %, 150 % ,


etc. da impedância total da Linha protegida, sendo estas porcentagens dependentes da
finalidade de cada um desses elementos.

Esta facilidade para um relé de distância se torna mais evidente quando se tenta ajustar,
por exemplo, e por sua vez, um relé de sobrecorrente. No caso de elemento de
sobrecorrente, o valor a ser ajustado dependerá do valor de corrente de curto-circuito pré-
calculado. Na prática, a corrente de curto-circuito poderá, no máximo ser aproximadamente
igual ao calculado. Entretanto, é comum ter-se correntes menores ou muito menores que o
previsto, em vista das impedâncias envolvidas caso a caso. Assim, para o caso de função
de sobrecorrente, nunca se terá garantia de precisão.

Devido a este aspecto (precisão), a função impedância (relé de distância) é a mais


utilizada para Proteção de Linhas.

2.4.6 Loops de Medição de Falta em Relés de Distância

Um “loop” de medição falta é o circuito elétrico de onde a proteção de distância adquire


valores de corrente e tensão para medida de distância até a falta, comparando valores
medidos com os ajustes estabelecidos para a proteção. Uma proteção de distância mais
completa para linhas de EAT tem, geralmente, 6 “loops” de medição, conforme mostrado a
seguir.

2.4.6.1 Loops de Medição para Faltas entre Fases

São três loops de medição para faltas entre fases. Para que se meça corretamente a
distância para curtos trifásicos e bifásicos, sabendo-se que um curto bifásico no mesmo
ponto de um curto trifásico apresenta corrente 3 da corrente trifásica (86,67%), uma
2
proteção de distância (por exemplo, relé da série 7SA da Siemenws) utiliza medição de
tensão de linha ao invés de tensão de fase, para o loop de medição entre fases,
adotando as correntes:

(IA – IB) ao invés de IA e tensão (VA – VB)


ou (IB – IC) ao invés de IB e tensão (VB – VC)
ou (IC – IA) ao invés de IC e tensão (VC – VA)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 36 de 195


Curto-circuito Trifásico

CURTO
CIRCUITO
TRIFÁSICO

PROTEÇÃO

Modelo Matemático
ICC3F (Sequência Positiva)

ZFONTE ZCC

EB
VFASE = VLINHA / 1,732
EA

Figura 2.30 – Curto Trifásico e o Loop de Medição da Proteção

Do loop de falta para o diagrama anterior, tem-se em cada uma das fases:

VFASE = EA – ZFONTE.ICC3F

VFASE / ICC3F = ZCC ohms / fase

Mas como o relé utiliza corrente IA – IB ao invés de IA (uma fase), tem-se da mesma
expressão anterior:

VLINHA_AB / (1,732. ICC3F) = ZCC ohms / fase

VLINHA_AB =1,732. ICC3F. ZCC ohms / fase

VLINHA_AB = ICC3F_A – ICC3F_B . ZCC ohms / fase

V LINHA _ AB
= Z CC ohms / fase
I CC 3 F _ A − I CC 3 F _ B

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 37 de 195


A impedância vista pelo relé é aquele da fase, no loop da falta.

Curto-circuito Bifásico

I Fase

I Fase

CURTO
CIRCUITO
BIFÁSICO

PROTEÇÃO

ICC2F_A

VLINHA_AB ZCC
ICC2F_B

ZCC

Figura 2.31 – Curto Bifásico e o Loop de Medição da Proteção

A referência de corrente (+) é sempre saindo da barra.

VLINHA_AB = ICC2F_A. ZCC – ICC2F_B.ZCC

VLINHA_AB = ZCC ( ICC2F_A – ICC2F_B)

V LINHA _ AB
= Z CC
I CC 2 F _ A − I CC 2 F _ B

Observa-se que tomando a tensão de linha e a corrente (A-B) tem-se a impedância do


curto-circuito, como ocorre também no caso do curto trifásico. Percebe-se que:

Para Curto Trifásico se teria: Para Curto Trifásico se teria:

ICC3F_A
ICC3F_A - ICC3F_B = 1,732. ICC3F

ICC2F_A

ICC2F_A - ICC2F_B = 2. ICC2F

ICC2F_b

ICC3F_C ICC3F_B

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 38 de 195


Figura 2.32 – Lopp Fase-Fase para Curtos Bifásicos e Trifásicos

Para o relé, tem-se para as duas situações:

a) Para curto Trifásico: VLINHA e 3.I CC 3 F


b) Para curto Bifásico: VLINHA (o mesmo que no caso Trifásico) e
3
2.I CC 2 F = 2. I CC 3 F = 3.I CC 3 F
2

Confirma-se que há o mesmo valor medido de impedância, tanto para curto bifásico
como para curto trifásico.

2.4.6.2 Loop de Medição para Curto-circuito Fase Terra

São três loops de medição de faltas à terra, um para cada fase.

I Fase

I Terra
CURTO
CIRCUITO
FASE-TERRA

PROTEÇÃO

ZL
ICCFT

VFASE
ITERRA

ZTERRA

Figura 2.33 – Curto-circuito Fase-terra e o Loop de Medição da Proteção

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 39 de 195


A referência para a corrente (+) é sempre saindo da barra.

Para curto-circuito fase-terra rígido, como mostrado na figura, o loop envolve a fase
onde se localiza a falta.

VFASE = ICCFT . ZL - ITERRA . ZTERRA

Se a linha é radial e não há nenhuma contribuição para o curto circuito da outra


extremidade, ITERRA = ICCFT. Mas quando há contribuição do outro lado, na linha de
transmissão o ITERRA é diferente do ICCFT.

VFASE = ICCFT . ZL - ITERRA . ZL. (ZTERRA / ZL)

V FASE
ZL = É a impedância do loop fase terra vista pelo relé.
Z
I CCFT − TERRA I TERRA
ZL

O relé de proteção não faz diretamente a medida VFASE/ICCFT. Ele faz o cálculo:

ZFASE-NEUTRO = VFASE / (ICCFT – k0.ITERRA) , comparando essa impedância com o ZL ajustado


no relé.

O fator k0 é chamado de compensação residual ou compensação de terra e é ajustável


no relé.
Z TERRA
Z L ( I CCFT − .I TERRA )
ZL
O relé medirá então: Z FASE − NEUTRO =
I CCFT − k 0 .I TERRA

Haverá uma correta medição de distância quando o k0 ajustado no relé for igual a
ZTERRA / ZL, e portanto ZFASE-NEUTRO = ZL.

Lembrar que, para um curto-circuito fase terra, em termos de componentes simétricos se


tem:

ICCFT = I1 + I2 + I0 e ITERRA = 3.I0

ZTERRA = (Z0-Z1) / 3

Considerações sobre o Fator de Compensação Residual

Alguns fabricantes chamam esse fator de kG e outros de kN. Deve-se observar que, na
realidade, k0 é um numero complexo (módulo e ângulo):

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 40 de 195


Z TERRA Z 0 − Z1 Z TERRA j .(θTERRA −θ L )
k0 = = = .e
ZL 3.Z1 ZL

θ TERRA = Arctg ( X TERRA / RTERRA ) - Ângulo da impedância de terra

θ L = Arctg ( X L / RL ) - Ângulo da impedância da linha

VALORES TÍPICOS
Seq. (+) Seq. (0) Terra Ângulo
do k0
R + jX Ângulo R + jX Ângulo R + jX Ângulo
Ohms / km Graus Ohms / km Graus Ohms / km Graus Graus
440 kV (Aérea) 0,024 + j0,31 86 0,33 + j1,31 76 0,102 + j 0,334 73 -13
345 kV (Aérea) 0,016 + j0,29 87 0,23 + j0,92 76 0,070 + j0,209 72 -14
345 kV (Cabos) 0,014 + j0,25 87 0,07 + j0,07 45 0,019 – j 0,061 - 73 -160
230 kV (Aérea) 0,065 + j0,37 80 0,41 + j1,36 73 0,116 + j0,329 70 -10

Para relés eletromecânicos, somente o módulo do k0 é ajustado. Conseqüentemente há


desvios de medição. Somente com os relés estáticos tornou-se possível ajustar também
o ângulo do k0 . Entretanto, há relés estáticos que não apresentam esse recurso.

Os relés numéricos de tecnologia digital apresentam o recurso de se poder ajustar tanto


o módulo como o ângulo do k0. Dependendo do modelo / fabricante da proteção, pode
haver entrada de parâmetros separados para as partes resistivas e indutivas de Z1 = R1 +
jX1 e Z0 = R0 + jX0 com a proteção calculando o que for necessário, como RTERRA e
XTERRA .

2.4.7 Circuitos de Detecção de Falta (Partida)

A finalidade de um circuito de detecção de falta (que alguns fabricantes chamam de


“partida”) é detectar e classificar os curtos-circuitos que ocorrem no sistema.

Ele precisa ser seletivo para a fase afetada, isto é, deve detectar as fases afetadas, não
partindo nas fases não afetadas. Isso é importante onde se utiliza religamento automático
monopolar.

A seleção correta das fases afetadas é importante também para algumas proteções
eletromecânicas ou estáticas do tipo “chaveado” (origem européia), isto é que possuem 1
ou 3 elementos de medida para 6 loops possíveis de medição e elementos de partida que
selecionam as grandezas para esses elementos. `

Um exemplo típico de proteção eletromecânica comutada de origem européia, com 1


elemento de medição são os relés LZ32 e L3WyaS da BBC que possuem 3 elementos de
partida por subimpedância e um elemento de partida por corrente residual, cada relé com 3
zonas de alcance direcionais, sendo a partida caracterizada como 4ª Zona não direcional.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 41 de 195


Tradicionalmente os relés (eletromecânicos) de origem americana (GE e Westinghouse)
apresentam:

- ou um relé por zona de atuação, sendo cada relé com elementos para cada loop de
medição;
- ou um relé por fase, cada relé com 3 zonas de atuação.

Cada relé atua independente do outro. Tradicionalmente para curtos à terra utilizam relés
direcionais de sobrecorrente de terra com esquema de teleproteção. Relés de distância
para faltas à terra são menos utilizados. Assim, para relés tradicionais de origem
americana, o conceito de circuito de detecção de falta pode ser resumir à “corrente mínima
para atuação da proteção de distância”.

Para correta seleção de fases afetadas, deve-se evitar que o relé da fase afetada não
detecte incorretamente a falta na outra fase.

2.4.7.1 Partida por Sobrecorrente (pura)

É o modo mais simples e rápido de detecção de falta. Utilizado para sistemas onde a
corrente de curto-circuito é muito maior que a corrente de carga (menor corrente de curto
maior que o dobro da carga).

Um exemplo de ajuste, para esse caso seria Ipartida = 1,3 x Imáx_carga para fase e Ipartida_terra =
0,5 x In_TC . Mas trata-se de um ajuste relativamente complexo, uma vez que todas as
contingências de carga devem ser levadas em consideração, ao mesmo tempo em que
se deve procura manter a sensibilidade para curto-circuito. A flexibilidade de ajuste é
limitada.

A sensibilidade pode ser obtida para faltas à terra pelo ajuste sensível de relé de terra,
mas fica ainda pendente a necessidade de se selecionar a fase em falta, o que pode não
ser possível com elemento de sobrecorrente de fase (menos sensível).

E para fases, curtos bifásicos devem ser considerados (menor corrente de fase) ao invés
de curtos trifásicos.

2.4.7.2 Partida por ( U< e I> ) ou ( U/I/ϕ )

Deve-se salientar que para a Siemens o termo “partida por subimpedância” é utilizado
com significado diferente da “partida por subimpedância” de alguns outros fabricantes.
Aquele fabricante entende-se como partida por subimpedância um sistema onde se tem
“partida por subtensão supervisionado pela intensidade da corrente”, conforme mostrado
na figura a seguir:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 42 de 195


Característica de Partida
U< e I>
U/UN UN
1,0
Ajuste Típico:
0,8 UI>>
UI> I > = 0,25 IN
0,6
UI> = 70% de UN
0,4
I >> = 2,5 IN
0,2
UI>> = 90% de UN

1,0xIN 2,0xIN 3,0xIN


I> I>>

Figura 2.34 – Característica de Partida U< com I>

Para corrente inferior a I>, não há partida. Entre I> e I>>, quanto menor a corrente, menor
deve ser a tensão (subtensão) de partida.

Assim, não há partida para correntes pequenas em condições de carga (tensão entre
90% e 100%). A partir de I>>, há partida com tensão normal (partida por sobrecorrente).

Uma variação deste esquema de partida é mostrada na figura a seguir. Para ângulos de
curto-circuito, que são maiores que o ângulo de carga (ajustáveis), se tem sensibilidade
maior:

ϕ2 ϕ2
ϕ1 ϕ1

U /UN
Ajuste Típico:
100%

I > = 0,25 IN
UIϕ>> UI>> UI> = 70% de UN
UI> I >> = 2,5 IN
50% UI>> = 90% de UN
I ϕ>> = 1,0 IN
UIϕ>> = 90% de UN
ϕ1 > = 45 graus
ϕ2 < = 110 graus
I> Iϕ>> I>> I E> = 0,25 IN
1,0xIN 2,0xIN I /IN
UE> (3.V0>) = 20 V

Característica de Partida
U/I/ϕ

Figura 2.35 – Característica de Partida U / I / ϕ

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 43 de 195


Isto é, para ângulos de curto circuito (ϕ1 > 45 graus, no exemplo), tem-se partida para
corrente entre 0,5 e 1,0 IN. Enquanto que para ângulo de carga, tem-se partida com
tensão normal apenas para 2,5 IN.

A Alstom por exemplo, chama esse tipo de partida de “partida por subtensão e
sobrecorrente”, utilizando o termo “subimpedância” para a partida por característica de
impedância mostrado no parágrafo a seguir.

2.4.7.3 Partida por Impedância (ou Subimpedância)

Neste caso utiliza-se uma característica de impedância típica de proteção de distância


para distinguir entre condição de carga e condição de curto-circuito. Evidentemente deve-
se ter maior sensibilidade para ângulo de curto-circuito que para os ângulos de carga.

As figuras a seguir ilustram diversos tipos de característica de impedância de partida,


mostradas nos desenhos através de linhas cheias:

X X X

Carga Carga Carga

R R R

Característica Característica Característica


Off-set Mho “Amendoim” Lenticular

X X

Carga Carga

R R

Característica Característica
Off-set Mho com Quadrilateral
Blindagem

Figura 2.36 – Algumas Características de Partida por Subimpedância

O objetivo é ter alcance maior no sentido do eixo dos X para se ter sensibilidade para
detectar curtos remotos e ao mesmo tempo apresentar uma “banda” lateral para
acomodar resistências de falta como por exemplo à resistência de arco.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 44 de 195


Por outro lado, quanto maior a área de Partida, maior a possibilidade de ocorrer partida
também nas fases não afetadas, para curto-circuito fase-terra. Essa partida em “fase boa”
afeta a seleção de fases para desligamento e religamento monopolar. Também neste
caso, a maior dificuldade se observa para característica off-set mho.

Para proteções numéricas, deve-se observar que para um relé de 6 loops (3 fase-fase e 3
fase-terra) e num curto-circuito fase-terra, os 5 loops restantes continuam medindo as
impedâncias:

V A _ Neutro VB _ Neutro
Z A _ Terra = (Fase em Falta) Z B _ Terra = (Fase Sã)
I A − k 0 .I TERRA I B − k 0 .I TERRA

VC _ Neutro V A − VB
Z C _ Terra = (Fase Sã) Z A_ B = (Loop A-B)
I C − k 0 .I TERRA I A −I B

VB − VC VC − V A
ZB_C = (Loop B-C) ZC _ A = (Loop C-A)
I B −I C IC −I A

O mesmo ocorre para relés de terra (um por fase) do tipo americano tradicional.

Assim, alguns modelos de proteção (numérica ou estática) de distância apresentam


características otimizadas para ângulos de carga e para a região onde poderiam cair as
impedâncias medidas nas fases boas (loops), como mostrado na figura a seguir:
jX (ohms)

FRENTE

R (ohms)

7SA6 - SIEMENS

Figura 2.37 – Exemplo de Característica de Partida Otimizada

O objetivo, além de não detectar a carga, é permitir uma boa seleção de fases.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 45 de 195


2.4.8 Considerações sobre a Resistência de Falta

2.4.8.1 Arco entre condutores ou através de isoladores

Num arco, a corrente e a tensão estão em fase [1], como mostra a figura a seguir. Assim,
o arco pode ser considerado como uma resistência no loop de medição da falta:

Iarco

Uarco

Figura 2.38 – Corrente de Arco em fase com a Tensão de Arco

A tensão através do arco é trapezoidal e essa tensão é adicionada à queda de tensão


senoidal através da linha. A deformação da tensão é mais acentuada durante faltas com
arco próximas à proteção. Para relés digitais essa influência não apresenta preocupação
devido aos filtros digitais.

Resistência do Arco

Segundo Warrington [4], a resistência do arco pode ser estimada pela seguinte fórmula
empírica:

28700.l
R ARCO _ Sem _ Vento = 1, 4 ohms
I ARCO

Nota: a fórmula original está apresentada no sistema de medida Inglês. A fórmula acima é
resultado da conversão para o sistema métrico.

Por outro lado, segundo Ziegler [1], a resistência do arco pode ser estimada pela seguinte
fórmula empírica:

2500.l
R ARCO _ Sem _ Vento = ohms
I ARCO

Onde:

l = espaçamento (m) do isolador ou entre condutores


IARCO = corrente do arco em A

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 46 de 195


Influência do Vento

Com o vento, o arco se alonga. O comprimento do arco então, dependerá da velocidade


do vento e o tempo antes da interrupção.

Condutor Condutor

Vento

Arco Espaçamento Arco Espaçamento

Condutor Condutor

Vento

Figura 2.39 – Arco e a influência do vento

Segundo Ziegler [1], a influência da velocidade do vento, no tempo, pode ser estimada
por:

5.v.t
R ARCO = R ARCO _ Sem _ Vento .(1 + )
l ARCO
Onde:
v = velocidade do vento em m/s
t = tempo de duração do arco em s
IARCO = comprimento do arco em m

Trata-se do aproveitamento de uma fórmula de Warrington, adaptada por Ziegler. Note


que para uma primeira zona de atuação de uma proteção de distância, o tempo t na
fórmula acima pode ser considerado 0.

Exemplo de Cálculo

Vamos supor um arco de 6 m de extensão (com vento de 3 m/s, o que equivale a 10,8
km/h) no sistema 440 kV, com corrente de 4.000 A.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 47 de 195


Segundo Ziegler Segundo Warrington
Ohms primários Ohms primários
Para primeira zona (t = 0 s) 3,75 1,56
Para segunda zona (t = 0,5 s) 3,75 x 2,25 = 8,4 1,56 x 2,25 = 3,51
Para terceira zona (t = 1,0 s) 3,75 x 3,5 = 13,1 1,56 x 3,5 = 5,46

Avaliação da Resistência de Arco

A tensão através do arco, numa primeira aproximação, é sempre constante [1] ou decai
em função da corrente elevada a um fator [4]. A resistência do arco, portanto, não é
constante.

Na representação de um curto-circuito com arco, obtém-se melhor aproximação quando


se despreza a dependência da corrente num primeiro enfoque, considerando a tensão
de arco constante, ao invés de considerar uma resistência de arco fixa:

IRELÉ IB

ZFB
ZFA ZL Z’L

EA EB
URELÉ UARCO

Figura 2.40 – Avaliação da resistência de arco.

URELÉ = IRELÉ x ZL + UARCO

ZRELÉ = URELÉ / IRELÉ = ZL + UARCO / IRELÉ

Verifica-se que a resistência de arco aparente (UARCO / IRELÉ) independe da corrente da


outra extremidade da LT (o que não seria verdadeiro se fosse considerada uma
resistência fixa).

Assim, uma melhor aproximação se obtém quando se considera tensão do arco


constante por unidade de comprimento [1]. E resultado é mais conservador em
termos de ajustes da proteção.

Para verificação de ajuste de relé, recomenda-se adotar então a fórmula de Ziegler tanto
para a primeira zona como também para considerar a influência do vento no tempo

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 48 de 195


(segunda e terceira zonas) com valor ôhmico considerado como (UARCO / IRELÉ) com
tensão fixa e não uma resistência fixa

2.4.8.2 Resistência de Pé de Torre

Muitas das faltas em linhas aéreas de transmissão resultam de “flash-over” nos


isoladores. A corrente de curto-circuito, neste caso, flui do condutor para a estrutura da
torre e daí para a terra. Nessas condições a resistência de pé de torre está em série com
a resistência do arco.

Em linhas com cabo guarda aterrado em todas as torres, a corrente flui através de vários
aterramentos em paralelo (resistências de pé de torre em paralelo). Isso significa na
prática que, para essas linhas, o valor efetivo da resistência de falta é pequeno.

A [bibliografia (1)] mostra uma fórmula de cálculo (aproximada) dessa resistência de pé de


torre que leva em consideração vários aterramentos em paralelo:

ϕ CG
1 j.
Z EFETIVO = . RPT . Z CG .l T .e 2
2
Z CG = RCG + X CG
2 2
ϕCG = Arctg ( X CG / RCG )

Onde:

RPT = Resistência de Pé de Torre médio da LT (ohms)


RCG = Resistência do Cabo Guarda (ohms/km)
XCG = Reatância do Cabo Guarda (ohms/km)

l T = distância média do vão da LT (km)

Exemplo de Cálculo

Para RPT = 20 ohms, RCG = 0,234 ohms/km, XCG = 0,748 ohms/km e lT = 230 m (0,23 km),
tem-se:

1
Z EFETIVO = 20 x0,784 x0,230 xe j .72, 6 = 0,95.e j .36,3 = 0,76 + j.0,56 ohms
o o

É aparente então que a resistência efetiva do pé de torre é muito pequena (desprezível)


para cabo guarda em boas condições e aterrado em todas as torres.

Observa-se também que não é pura resistência, tendo parcela indutiva devido aos cabos
guarda que conduzem corrente de terra.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 49 de 195


Isso introduz uma reatância adicional. Para se ter uma ordem de grandeza, deve-se
mencionar que j.0,56 ohms correspondem à cerca de 2,0 km em linha de transmissão de
345 kV. Isso significa 20% em 10 km, 3,33% em 60 km ou 2% em 100 km de linha.

Considerações Quanto à Resistência de Pé de Torre

A resistência de pé de torre, geralmente estimada no seu valor médio em 20 ohms em


cada pé de torre (valor conservador) só deve ser considerada diretamente como
resistência de falta para linhas sem cabo guarda aterrado em todas as torres.

Para linhas com cabo guarda aterrado em todas as torres (o que é o caso das linhas
500, 440, 345 e 230 kV da rede básica), o valor resistivo torna-se pequeno porém
aparece uma reatância indutiva devido às características R + jX do cabo guarda. Essa
reatância indutiva adicional pode ter influência no desempenho do relé (alcance) para
linhas curtas e para contribuições proporcionalmente elevada de corrente da outra
extremidade da linha, para o curto circuito medido pelo relé. Deve-se observar,
entretanto, que essa dificuldade é superada com o adequado uso de esquema de
teleproteção.

2.4.9 Consideração sobre Circuitos Paralelos

Quando circuitos de linhas de transmissão percorrem trechos paralelos, existirá um


acoplamento indutivo mútuo entre os circuitos.

Para linhas transpostas ou geometricamente equilibradas, os efeitos nas sequências


positiva e negativa podem ser desprezados (reatâncias mútuas inferiores a 5%).

O efeito torna-se significativo apenas quando de correntes para terra, quando há


acoplamento mútuo para correntes de sequência zero (que não apresentam defasamento
entre as fases).

Para efeitos práticos, todos os acoplamentos mútuos de sequência zero para circuitos de
linhas que estejam na mesma estrutura, para linhas médias e longas, devem ser
considerados. Lembrar que ITERRA = 3. I0.

A impedância mútua de sequencia zero depende das características geométricas da linha


de transmissão e da existência ou não de cabos guarda. Programas de cálculo de
parâmetros de linha de transmissão calculam essas impedâncias.

A corrente de sequência zero de um circuito induz tensão no outro circuito e vice-versa. A


figura a seguir ilustra o conceito:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 50 de 195


A B

I0_L1 Z0_L1
C Z0M D

Z0_L2
I0_L2

Figura 2.41 – Acoplamento Mútuo de Seqüência Zero em circuitos paralelos de LT’s

U0_AB = I0_L1.Z0_L1 + I0_L2.Z0M

U0_CD = I0_L2.Z0_L2 + I0_L1.Z0M

2.4.9.1 Influência do Acoplamento Mútuo de Sequência Zero Na Medida de Distância

A influência depende da configuração do sistema elétrico. Os seguintes aspectos gerais


podem ser colocados:

• erro de medição é positivo (a impedância medida é maior do que a impedância


de fato, sem considerar a mútua) caracterizando um caso de subalcance,
quando a corrente de terra nos dois circuitos têm a mesma direção.

• erro de medição é negativo (a impedância medida é menor do que a impedância


de fato, sem considerar a mútua) caracterizando um caso de sobrealcance,
quando a corrente de terra nos dois circuitos são opostos.

A tensão fase-neutro na proteção, para um curto-circuito fase-terra e considerando a


existência do acoplamento mútuo pode ser expressa [1] por:

Z TERRA Z
U A = Z1L .( I FASE + .I TERRA + 0 M .I TERRA _ Circ _ Paralelo )
Z1L 3.Z1L

E a impedância medida pelo relé será:

Z TERRA Z
Z1L .( I FASE + .I TERRA + 0 M .I TERRA _ Circ _ Paralelo )
UA Z 1L 3.Z1L
ZA = =
I FASE + k 0 .I TERRA I FASE + k 0 .I TERRA

Ajustando-se o k0 no relé de tal modo que k0 = ZTERRA/ZL, tem-se:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 51 de 195


Z 0M
.I TERRA _ Circ _ Paralelo
3.Z1L
Z A = Z 1L .(1 + )
Z TERRA
I FASE + .I TERRA
Z1L

A segunda parcela dentro do parêntesis é o erro de medição devido à mútua de


sequência zero.

Para linha radial

Para um curto no fim da linha e radial, ITERRA_Circ_Paralelo = ITERRA e IFASE = ITERRA. Nessas
condições:

k0 M Z0M Z TERRA
Z A = Z 1L .(1 + ) onde k0M = e k0 =
1 + k0 3.Z1L ZL

k0M
E o erro de impedância ∆Z pode ser expresso por: ∆Z = Z L .( )
1 + k0

Caso de circuito duplo alimentado por uma extremidade (radial)

A figura a seguir mostra um circuito duplo alimentado por uma extremidade, com curto
fase-terra ocorrendo a uma distância x da barra A:

A IFASE2+ITERRA2 IFASE2+ITERRA2 B

Z2
x L-x

Z1 IFASE1+ITERRA1 IFASE2+ITERRA2

Figura 2.42 – Curto-circuito fase-terra em linha radial de circuito duplo

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 52 de 195


x
Como a linha é radial, IFASE1 = ITERRA1 , IFASE2 = ITERRA2 e I TERRA 2 = I TERRA1 .
2.l − x
Nessas condições, os relés Z1 e Z2 medirão:

Z 0M x
.
x x 3.Z L 2l − x
Z RELE 1 = .Z L + .Z L
l l Z
1+ E
ZL

Z 0M
x.
3.Z L
Z RELE 2 = ( 2.l − x ).Z L +
Z
1+ E
ZL

onde as segundas parcelas são os erros de medição devido à mútua. O maior erro de
medição ocorre para os dois relés, com a falta se localizando na Barra B, quando x = l.
Para efeito de ilustração, a [bibliografia (3)] mostra um exemplo de linha de 400 kV, com
valores típicos de impedâncias de sequência positiva, negativa e zero, com:
ZE e Z0M
= 0,86 = 0,65
ZL ZL

O erro, no exemplo, chega a um máximo de 35% da impedância da LT para curto na


barra B (a impedância medida é maior que a impedância da LT). A figura a seguir ilustra
o caso mencionado.
200%

Relé Z2 Z/ZL

150%
∆Z2

100%
85% ∆Z1

Relé Z1
50%

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0


x, l

Figura 2.43 – Influência do acoplamento mútuo de seqüência zero para curto-circuito fase-terra em
linha radial de circuito duplo

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 53 de 195


Para um curto circuito a 70% do primeiro circuito, a impedância vista equivale a 85%.
Para um curto a 100%, a impedância vista equivaleria a 135% (para o exemplo numérico
mostrado na bibliografia), o que impediria a atuação em segunda zona, se ajustado para
120%.

Caso de circuito duplo alimentado por duas extremidades

A figura a seguir mostra um circuito duplo alimentado pelas duas extremidades, com curto
fase-terra ocorrendo próximo à barra B (ponto ). Para fins de ilustração, é considerado o
mesmo sistema exemplo anterior de sistema 400 kV mostrada na [bibliografia (3)]:

A B
Fase-Terra

IA IB

Erro de Medição

40 %

30
∆X
(subalcance)
20

10 1
0,5 α β

2 1,0
10
3
20
α = localização real da falta
30
∆X β = localização aparente da falta
40 (sobrealcance)

Caso 1 = Circuito Duplo Radial

Caso 2 = Circuito Duplo Não Radial com IA = IB

Caso 3 = Circuito Duplo Não Radial com IB = 5.IA

Figura 2.44 – Influência do acoplamento mútuo de seqüência zero para curto-circuito fase-terra em
circuito duplo alimentado por duas exptremidades

O caso 1 é o anterior (linha radial). Para o relé em A, há erro de cerca de 35% (para o
exemplo dado, não significando que ocorra sempre) na impedância devido ao acoplamento
mútuo, para curto em B (a impedância medida é maior que realmente é, configurando sub-
alcance da proteção).

Os casos 2 e 3 mostram a influência da corrente do sistema elétrico do lado da Barra B.


Verifica-se que o relé em A pode medir uma impedância maior do que realmente é (sub-
alcance), ou menor do que realmente é (sobre-alcance), também nesse caso chegando a
35% pelo exemplo dado, para curto na barra B.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 54 de 195


Analisando, como exemplo, o caso específico de uma LT real de EAT, de circuito duplo,
com 384 km de extensão, tem-se:

Z 0M
k0 = Z E = 1,022e −15, 4 , 1 + k 0 = 2,003e
−7 , 77
e = 0,88e −18, 7 .
ZL 3.Z L

0,88e −18, 7
∆Z = Z L .( − 7 , 77
) = Z L .0,439 e −10 ,9
2,003e

Neste caso o erro pode chegar a 44%. Isto é, para que o relé da extremidade A dessa LT
detecte um curto na barra da extremidade B, seu ajuste deverá cobrir pelo menos 143,9%
da LT.

2.4.9.2 Influência da Configuração do Circuito Duplo na Influência da Mútua de Sequência


Zero

Também devem ser verificados os casos em que o segundo circuito encontra-se fora ou
aberto:
A 3.I0_Circ2 B

ICCFT

Proteção
Subalcance (erro pode
chegar a mais de 20%)

A 3.I0_Circ2 B

ICCFT
Proteção
Sobrealcance (erro
pode chegar a mais de
Proteção
20%)
Sobrealcance (erro em
torno de 10%)
ICCFT

A B
3.I0_Circ2

Figura 2.45 – Influência da configuração do circuito duplo no acoplamento mútuo de seq. Zero

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 55 de 195


O segundo caso acima (sobrealcance) não prejudica a proteção. Aumenta a sensibilidade
quando desejável.

O terceiro caso acima (sobrealcance) pode influir no alcance da primeira zona, mas a
margem de 15% (ajuste de 85%) pode resolver parte dos casos.

2.4.9.3 Compensação para Circuitos Paralelos nos Relés de Proteção

Dada a equação (mostrada anteriormente):

Z TERRA Z
Z1L .( I FASE + .I TERRA + 0 M .I TERRA _ Circ _ Paralelo )
UA Z 1L 3.Z1L
ZA = =
I FASE + k 0 .I TERRA I FASE + k 0 .I TERRA

Do ponto de vista construtivo do relé de proteção, verifica-se que se o termo:

k 0 M .I TERRA _ Circ _ Paralelo

for adicionado ao denominador, ter-se-ia:

Z TERRA Z
Z 1L .( I FASE + .I TERRA + 0 M .I TERRA _ Circ _ Paralelo )
Z 1L 3.Z 1L
ZA =
I FASE + k 0 .I TERRA + k 0 M .I TERRA _ Circ _ Paralelo

E ajustando-se no relé:

Z TERRA Z 0M
k0 = e k0M = .I TERRA _ Circ _ Paralelo
ZL 3.Z 1L

Ter-se-ia: Z A = Z 1L e a proteção mediria corretamente a distância, com a mútua.

O fator k0M chama-se Fator de Compensação de Mútua de Sequencia Zero. O relé do


circuito teria que medir a corrente de terra (3.I0) do outro circuito e vice versa. O
procedimento mostrado chama-se “Compensação de linha paralela”.

UA
Para esse relé, a equação seria: Z A =
I FASE + k 0 .I TERRA + k 0 M .I TERRA _ Circ _ Paralelo

Para relés eletromecânicos, a influência da corrente de terra do circuito paralelo era


implementada utilizando-se transformadores auxiliares nos circuitos de corrente residual.

As modernas proteções numéricas de tecnologia digital microprocessada possuem


entradas específicas para a corrente residual do circuito paralelo.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 56 de 195


Balanço de Corrente de Terra

Com a compensação de linha paralela, ocorre que:

A proteção do circuito (1) em falta mede corretamente a distância devido à compensação.

Entretanto, a proteção do outro circuito (2) que não está em falta enxergará uma
impedância muito pequena, como se o curto-circuito tivesse ocorrido no próprio
circuito.

Isso porque, a elevada corrente no circuito (1) entra pelo circuito de compensação de
mútua na proteção do circuito (2) que apresenta erro acentuado de medição.

A figura a seguir ilustra o caso, para linha de circuito duplo radial (exemplo anterior):

200% 200%

Z
Relé Z2

150% 150%
∆Z2

100% 100%
85% ∆Z1 Relé Z2
85%
Z
Relé Z1
I TERRA1 2.l − x
= Relé Z1
50% I TERRA2 x 50%

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
x, l x, l

Sem compensação de Com compensação de


linha paralela linha paralela

Figura 2.46 – Influência da configuração do circuito duplo no acoplamento mútuo de seq. zero

Isto é, no exemplo (apenas ilustrativo), para um curto circuito a 55% do circuito (1), o relé
Z2 do circuito (2) enxergará o mesmo como se fosse a 85% do seu circuito. Qualquer
outro curto circuito entre 0 e 55% do circuito (2), o relé do circuito (2) enxergaria como se
fosse na sua primeira zona. E isso é um problema de fato para a proteção.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 57 de 195


Apenas a partir de um determinado valor ITERRA1 / ITERRA2, quando a corrente de curto no
circuito 1 tornar-se proporcionalmente menor, é que o relé Z2 do circuito (2) deixaria de
ver o curto no outro circuito na sua zona 1.

Assim, os circuitos de compensação de linha paralela nos relés numéricos têm um


ajuste que permite bloquear a compensação quando a corrente no circuito em falta
excede, em determinada relação, a corrente do circuito paralelo (circuito não
afetado). Isso se chama “balanço de corrente de terra” (ajustável no relé).

No exemplo acima, o ajuste (típico) seria bloquear a compensação para x/l < 0,85 (85%),
o que corresponderia a ITERRA1 / ITERRA2 > 1,35.

Circuitos de Compensação para a Proteção

Segundo o autor Gerhard Ziegler [1], os seguintes aspectos podem ser destacados
quanto à aplicação da compensação de mútua:

• A compensação pode ser usada apenas quando o circuito duplo está entre duas
subestações.

• A compensação, de qualquer modo, é recomendada para localizadores de defeitos


em circuitos paralelos.

Para proteções de distância, a compensação é usualmente implementada apenas em


casos difíceis, onde os ajustes em si e a teleproteção não puderem resolver o problema
do erro devido à mútua. Seriam casos de proteção de retaguarda remota por essas
proteções de distância (por exemplo, proteção remota de linha curta que se segue a um
circuito duplo).

2.4.10 Diretrizes de Ajustes para a Função de Distância

Este item tem a finalidade de apresentar diretrizes básicas, comum às proteções de


distância de linhas de transmissão de AT e EAT. Vários tipos de proteção de distância são
utilizados nos sistemas de transmissão:

• Proteções Eletromecânicas
• Proteções Estáticas
• Proteções Digitais

A proteções eletromecânicas e estáticas podem ser classificadas quanto à configuração


utilizada:

• Proteções de distância com um relé por fase e por zona de atuação e temporizadores
respectivos. Proteções de distância específicas para faltas entre fases (21F) e para
faltas à terra (21N). Trata-se, geralmente, de filosofia americana de proteção de linhas.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 58 de 195


• Proteções de distância com um relé por várias zonas de atuação para todos os tipos de
falta (21F+21N), ou eventualmente proteções específicas para faltas entre fases (21F)
e faltas à terra (21N). Esses relés podem ter medição específica para cada zona de
atuação ou ter uma medição apenas (comutada) para todas as zonas. Trata-se,
geralmente, de filosofia européia de proteção de linhas.

As recentes proteções numéricas de tecnologia digital microprocessada já apresentam


característica multifuncional, isto é, apresentam várias funções de proteção,
monitoramento e supervisão em um único conjunto de hardware. E para funções de
proteção, apresentam muitas outras, além da função de distância propriamente dita.

As diretrizes aqui apresentadas procuram ser, na medida do possível, independentes da


tecnologia e configuração. Casos específicos são citados em cada item.

2.4.10.1 Avaliação da Carga Através da Linha Protegida

A proteção não pode detectar condição de carga, sem falta na linha de transmissão, com
o sistema mantendo a estabilidade, mesmo em caso de sobrecarga ou contingência
admissível.

Diretriz

De um modo geral, inicia-se adotando o enfoque mais conservador que é o limite de


transporte da linha de transmissão, para a impedância de carga ou corrente máxima de
fase vista pelo relé.

Com este valor, verifica-se se a proteção mantém a sensibilidade desejada para as zonas
de alcance, com bastatne margem, segundo critérios mostrados nos parágrafos
subsequentes. No caso da sensibilidade ser menor que a desejada, adotar o critério da
carga máxima prevista por estudos operacionais.

2.4.10.2 Elementos ou Lógicas de Detecção de Faltas (Partida)

Todas as funções ou proteções de distância possuem elementos ou lógicas que


detectam faltas e permitem tanto o início da medição da falta como a seleção da(s)
fase(s) defeituosa(s).

Alguns fabricantes chamam esse elemento ou lógica de “partida”. Vários tipos de


elementos ou lógicas podem ser utilizadas, dependendo do tipo do relé empregado.

a) Detecção por sobrecorrente

A proteção deve detectar todo tipo de curto-circuito entre fases que sejam superiores
à corrente de carga, não apenas na linha protegida, como também em todas as suas
zonas de proteção, na medida do possível.

Diretrizes

Corrente Mínima para Proteções de Distância de Fase (21F)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 59 de 195


Ajustar em torno do dobro do valor de carga máxima prevista pelos estudos
operacionais, ou alternativamente, cerca de 10% superior à capacidade de transporte
da linha.

Verificar se o ajuste permite detectar curtos-circuitos em todas as zonas previstas de


atuação da proteção. Caso isso não ocorra, adotar critério menos conservador ou se
ainda não satisfatório, buscar solução de compromisso com riscos calculados e
assumidos.

Lembrar que, dependendo do tipo de proteção empregada, esse elemento ou lógica


serve também para seleção das fases em falta, importante para correta medição, se
houver.

No caso de haver escolha do valor dentro de uma solução de compromisso com os


riscos calculados e assumidos, considerar também a existência de outros elementos
ou lógicas de detecção de falta para a mesma proteção ou ainda, a existência de
outras proteções para o mesmo terminal de LT.

Corrente Mínima para Proteções de Distância de Terra (21N)

A proteção deve detectar todo tipo de curto-circuito à terra, não apenas na linha
protegida como também em todas as suas zonas de proteção, inclusive parte das
faltas esperadas de alta impedância, na medida do possível.

A sensibilidade é limitada pela relação de transformação do TC do terminal de LT e


do tap mínimo de ajuste da Proteção.

Diretriz

Ajustar para o valor (corrente de terra) mais sensível possível, dentro das
características do terminal de linha e da proteção empregada e desbalanço esperado
em condição normal de operação.

Em sistemas de AT ou EAT da rede básica, os desbalanços esperados de sequência


zero são mínimos ou até inexistentes, em condições normais de operação, o que
permite a máxima sensibilidade. É conveniente, entretanto, observar as
recomendações que existem na documentação técnica de cada fabricante de
proteção, que podem apresentar outros enfoques da proteção empregada.
Considerar também a existência de outros elementos ou lógicas de detecção de falta
para a mesma proteção, bem como a existência de outros tipos de proteção para
faltas à terra no mesmo terminal de LT.

b) Detecção por subtensão com supervisão por corrente (U< e I>) ou (U/I/ϕ)

Trata-se de lógica de detecção por subtensão utilizada para casos onde a corrente de
não é muito superior à corrente de carga. Nem todas as proteções possuem esse tipo
de detecção de falta mas é cada vez mais utilizado nas proteções numéricas.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 60 de 195


Diretriz

Seguir as orientações constantes na documentação técnica da proteção. Trata-se de


uma função de detecção de falta muito interessante para sistema onde o
carregamento da LT passa influir na sensibilidade de detecção do curto, devido à
característica de impedância não muito favorável para seletividade quanto às fases
afetadas.

c) Detecção por subimpedância

A partida por subimpedância deve ocorrer para toda falta, não apenas na linha
protegida, como também em todas as suas zonas de proteção, seja no sentido
direcional como na direção reversa, na medida do possível. Inclusive parte das faltas
com alta impedância.

Trata-se de elemento ou lógica utilizados principalmente em proteções de


procedência européia. Apresenta característica de impedância que abrange todas as
zonas de proteção desejadas para a proteção. Em alguns tipos de relés essa
característica de proteção pode ser como “ultima zona de proteção” com a
temporização respectiva.

DIRETRIZES PARA PROTEÇÕES ELETROMECÂNCIAS E ESTÁTICAS

Geralmente, para proteções eletromecânicas, a característica de medição é do tipo


off-set mho, sem blindagem lateral. Para proteções estáticas, a característica é em
geral quadrangular (apesar de que muitos oferecem também a característica off-set
mho). De qualquer modo, essa característica deve englobar todas as zonas de
proteção.

Proteções de Distância de Fase

É importante que essa função que não detecte condição de carga ou até sobrecarga
normal esperada para a linha, na faixa de ângulo de carga.

Para se avaliar a sensibilidade desse elemento, deve-se considerar também os


efeitos de “infeed” na barra da subestação remota.

No caso de a impedância limitada pela carga não ser suficiente para atingir todas as
zonas de proteção (pelo fato de não existir, nas proteções eletromecânicas, as
chamadas características otimizadas), buscar solução de compromisso com riscos
calculados e assumidos.

Proteções de Distância de Terra

Para se determinar o alcance resistivo deve-se observar que ele deve abranger os
alcances resistivos de todas as zonas de proteção de distância.

No caso de relés de distância de fase e terra, com elemento de detecção comum para
todos os tipos de faltas, prevalece o mencionado no item anterior para distância de
fase.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 61 de 195


Para se avaliar a sensibilidade desse elemento, deve-se considerar também os
efeitos de “infeed” na barra da subestação remota.

No caso de a impedância limitada pela carga não ser suficiente para atingir todas as
zonas de proteção (pelo fato de não existir, nas proteções eletromecânicas, as
chamadas características otimizadas), buscar solução de compromisso com riscos
calculados e assumidos.

Ainda para avaliar a sensibilidade desse elemento para faltas à terra, para proteção
instalada em terminal de linha de circuito duplo, deve-se considerar os erros
introduzidos (impedância adicional vista pelo relé) para faltas à terra na subestação
remota ou além, devido ao acoplamento mútuo de sequência zero do circuito
paralelo. Ver item correspondente, posteriormente neste documento.

Em algumas proteções, esse elemento de subimpedância serve para selecionar a


fase defeituosa para efeitos de medição e religamento automático. Assim, em linhas
com religamento automático monopolar, verificações devem ser feitas para casos de
curtos-circuitos fase-terra com possibilidade de partida numa “fase boa”, devido à
soma das condições de pré falta. Há situações onde será necessário diminuir o
alcance da característica de partida por subimpedância, sendo que nesse caso uma
solução de compromisso deve ser buscada.

DIRETRIZES PARA PROTEÇÕES NUMÉRICAS DIGITAIS

A grande diferença dos relés de distância numéricos aplicados a linhas de


transmissão de Alta e Extra Alta Tensão é que as mesmas possuem 6 loops de
medição (3 para loops entre fases e 3 para loops fase-terra) que trabalham quase
independentemente, com base em lógicas introduzidas na concepção da proteção.

Se por um lado há maior flexibilidade e recursos para acomodar a característica de


partida, visando o objetivo desejado, por outro lado há maior dificuldade para casos
onde a influência da corrente de carga (pré falta) apresenta ordem de grandeza
significativa em relação à corrente de falta.

Deve haver maior cuidado na verificação da possibilidade de partida da proteção na


fase não afetada (fase boa) para um curto circuito fase-terra, podendo introduzir
problema de seleção de fase defeituosa para esquemas de religamento automático
monopolar.

A proteção efetua partida e medição de impedância em qualquer um dos 6 loops, em


qualquer uma de suas zonas, bastando que o valor da impedância caia dentro dos
valores ajustados.

Isso traz maiores dificuldades para os ajustes das bandas laterais dos loops de
terra, bem como para os ajustes dos alcances da zona reversa em alguns casos.

Loop de Fase

É importante que esse loop de medição não detecte condição de carga ou até
sobrecarga normal esperada para a linha, na faixa de ângulo de carga, com margem

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 62 de 195


de segurança. Os relés digitais, em geral, permitem maior sensibilidade para a faixa
fora dos ângulos de carga através dos ajustes de “blindagem da carga”.

Loop de Terra

Para loop de terra o alcance lateral pode ser maior e depende da resistência
estimada de curto-circuito à terra na linha de transmissão, incluindo os efeitos de
infeed

Deve-se observar que, na prática, tem-se observadas resistências medidas de até 60


ohms primários, na primeira zona, em linha de EAT. Evidentemente a característica
de partida deve ter valor superior a esse. A experiência mostra, entretanto, que, como
regra geral, não se ultrapasse o valor de 100 ohms primários de banda lateral de
partida para linha de EAT.

Lembrar que em relés digitais pode haver função específica para seleção de fase
para religamento, com alcance menor que o alcance de partida da proteção.
Entretanto essa funcionalidade seria anulada caso o desligamento seja tripolar em
função de partida em fase boa.

2.4.10.3 Memória de Tensão

A determinação de direção da corrente medida necessita de memória de tensão pelas


seguintes razões:

• Baixos níveis de tensão para curtos trifásicos próximos a localização dos relés;
• Transitórios resultantes da utilização de TPC’s;
• Proteção de linhas com compensação série.

Em proteções eletromecânicas, essa memória é limitada a alguns ciclos. Em proteções


estáticas e algumas numéricas, essa memória pode ser utilizada até 0,5 s (30 ciclos)
após o aparecimento de uma falta, sendo comum o valor de 0,1 s (6 ciclos). Algumas
proteções digitais podem permitir que a memória de tensão seja utilizada por até 2
segundos após o aparecimento de uma falta.

Geralmente não há item ajustável para memória de tensão. Apenas em algumas


modernas proteções numéricas de tecnologia digital pode haver ajuste do valor de
tensão (mínimo) abaixo do qual a memória deve ser acessada. Neste caso, deve-se
adotar procedimento estabelecido na documentação técnica do fabricante da proteção.

2.4.10.4 Fator de Compensação Residual

Ele mostra a relação que existe entre a impedância da linha (sequência positiva) e a
impedância do caminho de retorno para a corrente de terra, para curtos-circuitos a terra:

Z TERRA Z 0 − Z +
k 0= =
Z LINHA 3.Z +

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 63 de 195


Diretrizes

Ajustar o valor de k0 na proteção de distância de modo que o mesmo tenha condição de


medir, com maior precisão, a impedância do loop de medição fase-neutro. Neste aspecto,
os parâmetros elétricos da LT devem ter valores confiáveis.

Os relés eletromecânicos em geral permitiam ou permitem o ajuste do módulo do k0.


Apenas com os relés estáticos, passou-se a ajustar também o ângulo do k0, e mesmo
assim, para alguns modelos de relés. Os relés numéricos permitem sempre o ajuste do
módulo e do ângulo, sendo que alguns fabricantes podem apresentar maiores detalhes,
como já mencionado, permitindo ajustes separados para as partes resistiva e indutiva
das impedâncias sequenciais.

2.4.10.5 Alcances e Tempos (Zonas Independentes da Teleproteção)

Este parágrafo apresenta as diretrizes básicas para os ajustes da proteção de distância


quanto às suas zonas de alcance.

Elas valem tanto para as proteções específicas para faltas entre fases como também
para as proteções de distância para faltas à terra. Considera-se a linha protegida sem os
recursos de teleproteção, o que é bastante válido, pois a teleproteção apenas
complementa a proteção.

PRIMEIRA ZONA

Deve detectar curtos-circuitos internos à linha de transmissão, com margem de segurança


para evitar atuação para faltas na barra ou próximas à barra (trechos subsequentes) da
subestação remota.

O ajuste, portanto, deve ser inferior a 100% da impedância da linha. A margem de


segurança tem a finalidade de cobrir:

• erros nos TC’s;


• erros esperados nos parâmetros elétricos de linhas e equipamentos;
• influência da corrente da outra extremidade da linha sobre a resistência de falta
medida (diferente da resistência de arco);
• influência da diferença de ângulo das tensões devido à transferência de potência ativa
através da linha.

Diretrizes

a) Ajuste Básico

Alcance: 85% da linha protegida.

Tempo: instantâneo (sem temporização intencional)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 64 de 195


b) Para linhas conectadas a usina com forte geração e com grande transferência de
potência ATIVA através da linha, há introdução de reatância adicional devido à
diferença das contribuições (para o curto) das duas extremidades sobre uma
resistência de falta possível na LT (diferente da resistência de arco).

Alcance para o Terminal Emissor de MW: 80% da linha protegida.

Tempo: instantâneo (sem temporização intencional)

c) Para linhas muito curtas (onde há influência maior, dos erros dos TC’s e dos
parâmetros elétricos utilizados para os cálculos), ou para aquelas onde a influência
do acoplamento mútuo de sequência zero (com correntes de terra em sentidos
contrários nos dois circuitos) faz com que haja sobrealcance da proteção de distância.

Alcance: 70% da linha protegida.

Tempo: instantâneo (sem temporização intencional)

SEGUNDA ZONA

Deve detectar, com certeza, faltas na barra remota, inclusive as faltas nas buchas dos
transformadores conectados (no nível de tensão) nessa subestação remota.

Diretrizes

a) Ajuste Básico

Alcance: 120% da impedância da linha protegida ou 100% da linha protegida + 50%


da linha subsequente mais curta (ou do transformador conectado à barra da
subestação da outra extremidade), o que for maior.

Tempo: 0,5 s.

b) Para linhas de circuito duplo e funções de distância de terra.

Alcance: 100% da linha protegida + Erro percentual devido à mútua de sequência


zero (para funções 21N) + 50% da linha adjacente mais curta.

Tempo: 0,5 s.

c) Para linhas de circuito duplo e funções de distância de fase.

Alcance: 120% da impedância da linha protegida ou 100% da linha protegida + 50%


da linha subsequente mais curta (ou do transformador conectado à barra da
subestação da outra extremidade), o que for maior.

Tempo: 0,5 s.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 65 de 195


Nota: Mesmo que haja proteção de barra na subestação remota, é conveniente
esperar que a proteção em questão atue com o tempo de segunda zona quando da
falha daquela proteção.

TERCEIRA ZONA

Deve detectar faltas em toda a extensão de linha de transmissão subsequente, mais


curta, conectada à subestação remota, podendo ou não englobar a totalidade de circuito
paralelo da própria LT (caso exista), como retaguarda remota para curtos próximos à
subestação remota.

Deve detectar faltas, até onde possível, nos enrolamentos dos transformadores
conectados (no nível de tensão da LT protegida) na subestação remota.

Para uma função 21N de linha de circuito duplo, deve ser considerado um adicional de
erro devido à mutua de sequência zero.

Para as funções 21F e 21N, deve-se considerar sempre o efeito do infeed na barra da
subestação remota.

Diretrizes

a) Para linhas de circuito simples

Alcance: 100% da linha protegida + 120% da linha subsequente mais curta + efeito
do Infeed de outros circuitos conectados à subestação remota para falta no fim dessa
linha adjacente mais curta.

Tempo: 1,0 s ou superior.

b) Para linhas de circuito duplo (faltas à terra)

Alcance: 100% da linha protegida + erro percentual devido à mútua de sequência


zero (para funções 21N) + 50% da linha adjacente mais curta + efeito do Infeed de
outros circuitos conectados à subestação remota para falta no fim dessa linha
adjacente mais curta.

Tempo: 1,0 s ou superior.

Nota 1: Deve-se observar que dificilmente se obtém seletividade em terceira zona.


Quando uma terceira zona chega a atuar significa que o sistema já atingiu situação onde
a seletividade tem pouca importância.

Nota 2: O fato de existir proteção de falha de disjuntor para os disjuntores das linhas
subsequentes ou transformadores da subestação remota deve ser levado em
consideração quando se utiliza a terceira zona como retaguarda remota para faltas
nesses trechos. A existência de proteção de falha de disjuntor minimiza a importância da
retaguarda remota para eventos de falhas de disjuntores, mas não para falhas de
proteções dessas linhas ou transformadores adjacentes.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 66 de 195


OUTRA ZONA DIRECIONAL (superior à Terceira Zona)

Deve detectar falta em toda a extensão da linha de transmissão (mais longa) conectada à
subestação remota.

Se possível, é desejável que se detecte faltas no lado secundário dos transformadores


conectados (no nível de tensão da LT protegida) na subestação remota.

Nem todas as proteções de distância possuem uma 4ª ou 5a Zona de alcance direcional.


Este item é apresentado para aquelas proteções que possuem essa alternativa.

Diretriz

Alcance: Superior àquele da terceira zona, alcançando a barra mais distante das
linhas que saem da subestação remota e o lado secundário de transformador
conectado na barra remota, o que for maior.

Tempo: 2,0 s ou superior.

ZONA REVERSA

A zona reversa de uma proteção de distância ou parte de uma característica de alcance


que atinge parte da zona reversa tem o objetivo de detectarem faltas na barra da própria
subestação ou nos equipamentos conectados na barra, para fins de retaguarda.

Existem zonas reversas com características direcionais ou não, utilizadas no esquema de


comparação direcional – bloqueio, que serão tratadas no capítulo da Teleproteção. O
presente item refere-se àquelas zonas reversas básicas.

Diretriz

Essa zona deve; necessariamente, ser temporizada, sendo que não deve interferir na
seletividade das proteções das demais linhas ou equipamentos conectados na barra.

Alcance: o suficiente para detectar todas as faltas na barra, com margem de


segurança. Iniciar com o critério básico de 50% da LT mais curta conectada na
barra (direção reversa).

Tempo: 2,0 s ou superior. Sugere-se 3,0 s.

Nota: A experiência mostra que, em terminal de linha com fluxo de potência (carga)
entrando na barra, o alcance da zona reversa (geralmente partida) deve ser inferior
a 50% do alcance da partida na zona direcional. Isso para evitar partida da proteção
em fase boa, para curto-circuito fase-terra, o que atrapalharia o esquema de
religamento automático monopolar.

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2.4.10.6 Alcances Resistivos

Proteções ou Funções para Faltas entre Fases

Têm a finalidade de detectar, nas várias zonas de atuação, os curtos-circuitos entre fases
com Resistência de Falta (RF).

Nas proteções eletromecânicas (sem blindagem lateral) e em algumas proteções


estáticas, os alcances resistivos estão amarrados aos alcances indutivos (características
Mho em geral, ou impedância modificada). Neste caso não há ajuste independente para
o alcance resistivo para cada zona.

Em algumas proteções estáticas e nas proteções numéricas de tecnologia digital há


recursos para o ajuste do alcance resistivo, independente do alcance no eixo dos X.

Quanto à resistência de falta (RF) a considerar, deve-se observar que a maior parte dos
curtos-circuitos entre fases envolve a Resistência do Arco que se forma entre as fases
em curto. Neste caso, para curtos entre fases, não há necessidade de se estimar uma
resistência diferente daquela de arco.

Diretrizes

a) Inicialmente estimar o valor da resistência de falta.

Para curto-circuito bifásico: R = RARCO_ENTRE_FASES / 2 (ohms primários)

Para curto-circuito trifásico: R = RARCO_ISOLADOR (ohms primários)

Devem-se calcular RARCO_ENTRE_FASES / 2 ou RARCO_ISOLADOR para condições de Zona 1


(t=0) e Zona 2 (t=0,5 s).

b) Calcular a resistência equivalente de carga nas condições especificadas no capítulo


anterior através de: (kV2 / MW) ohms primários.

c) Comparar o valor da resistência de falta com a resistência equivalente de carga. Em


geral a diferença é grande, com a Resistência de Carga >> Resistência de Falta.

d) Ajustar a banda lateral com um valor superior à Resistência de Falta estimada no item
(a) acima, com elevada margem de segurança, e inferior à Resistência de Carga caso
a proteção permita esse ajuste independente.

Caso a proteção não permita esse ajuste independente, verificar se a característica


de Impedância cobre a resistência estimada, com margem de segurança. Caso
necessário, ajustar o ângulo da impedância no relé menor que o ângulo da
impedância da LT protegida, o que dá maior sensibilidade na direção do eixo dos R.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 68 de 195


Proteções ou Funções para Faltas a Terra

Do ponto de vista prático, quando se ajusta o relé para curto-circuito fase-terra, o critério
já engloba outros tipos de curto-circuito a terra. Em geral não há necessidade específica
de verificação para curto bifásico-terra.

Nas proteções eletromecânicas (sem blindagem lateral) e em algumas proteções


estáticas, os alcances resistivos estão amarrados aos alcances indutivos (características
Mho em geral, ou impedância modificada). Neste caso não há ajuste independente para
o alcance resistivo.

Em muitas proteções estáticas e nas proteções numéricas de tecnologia digital há


recursos para o ajuste do alcance resistivo, independente do alcance no eixo dos X.

Quanto à resistência de falta (RF) a considerar, deve-se observar que:

• Se o curto-circuito decorre de descarga atmosférica, há arco através da cadeia de


isoladores e a corrente de curto passa através da estrutura da LT. Neste caso as
resistências de pé de torre da estrutura e das torres próximas estão no caminho da
corrente.

• Se o curto-circuito decorre de queimada, pode haver arco entre fase e terra sem
envolver a estrutura, consequentemente sem envolver resistências de pé de torre.

• Se o curto-circuito decorre de outras causas, como por exemplo uma falta através de
árvore ou outro objeto estranho, ou mesmo queda de condutor no solo ou água, pode
haver uma resistência de falta diferente das características de uma resistência de
arco.

A prática mostra, entretanto, que não há necessidade de cálculos teóricos detalhados,


uma vez que a resistência de falta pode chegar a valores relativamente elevados, que
sobrepõem os valores teóricos calculados.

Diretrizes

• Considerar RF no mínimo em torno 40 ohms primários e ajustar a banda lateral da


primeira zona considerarando a influência da corrente da outra extremidade da LT,
para o terminal em análise (o valor ajustado será maior que 40 ohms).

Rajuste = RF + RF. (I outra extremidade / I da extremidade em análise)

Assim, o Rajuste calculado para curto no fim da LT pode chegar a valores bem
maiores que o RF .

A prática mostra, entretanto, que em linhas de EAT, para valores superiores a 100
ohms primários para o Rajuste, deve se tomar o cuidado de evitar partidas das fases
não afetadas para cuto-circuito fase-terra, inviabilizando o religamento automático
monopolar. Assim, há um limite superior para o Rajuste.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 69 de 195


• Ajustar a banda lateral da segunda zona cerca de 20% superior ao ajuste da banda
lateral da primeira zona. As demais zonas direcionais podem ter o mesmo ajuste da
segunda zona. A banda lateral do elemento de partida pode ter valor igual ou superior
a esse valor.

• Garantir que a banda lateral do elemento de partida esteja longe (bem menor) da
resistência de carga, medida no loop fase-terra.

• Mesmo no caso da proteção permitir acomodar alcances resistivos conforme


estimativa mostrada, considerar o problema de eventual partida ou atuação da
proteção nas fases boas, que pode ocorrer por influência da corrente de carga,
sobreposta à corrente de falta. Assim, o alcance resistivo para função de distância de
terra não pode ser “ilimitado”.

Caso a proteção não permita esse ajuste independente, verificar se a característica de


Impedância cobre a resistência estimada, com margem de segurança. Caso necessário,
ajustar o ângulo da impedância no relé menor que o ângulo da impedância da LT
protegida, o que dá maior sensibilidade na direção do eixo dos R.

Como regra geral deve-se considerar o aspecto da existência de proteção direcional de


sobrecorrente de terra associado a um esquema de teleproteção (permissivo ou
comparação direcional) na mesma LT. Com essa proteção direcional de terra, o alcance
resistivo da proteção de distância de terra torna-se menos crítico, permitindo folga para
evitar interferências indesejáveis da corrente de carga no loop de corrente fase-neutro.

2.4.10.7 Alimentação dos relés de distância através de TP’s Capacitivos

Os TPC’s têm respostas transitórias que podem resultar na operação das unidades de
distância (com impacto maior sobre as unidades de 1a zona, por darem trip instantâneo),
com sobrealcance. Esta possibilidade está associada às relações das impedâncias das
fontes e das linhas, e aos percentuais adotados para ajuste.

A figura a seguir fornece uma estimativa do máximo percentual de ajuste que deve ser
adotado, de modo a eliminar este inconveniente (Ref.: ALPS - GE Power Management).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 70 de 195


Alcance Possível da Primeira Zona quando
Utilizado com TP's Capacitivos
100

Máximo Ajuste de Alcance


80

Sequência Positiva da Linha)


(% da Impedância de
60

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30

Relação ZFonte / ZLinha para a Sequência Positiva

Figura 2.47 - Influência de TP’s Capacitivos no Alcance

Verificar se as condições do Sistema Elétrico de Potência, mais especificamente a


relação (ZFONTE/ ZLINHA) no ponto de aplicação da proteção, introduzem erro de medição
de modo a limitar o ajuste máximo (%) da primeira zona do relé de distância.

Em geral, para as condições do sistema de transmissão interligado, a relação (ZFONTE/


ZLINHA) tem valor pequeno (muito inferior a 5).

Apesar do enfoque, é sempre conveniente verificar a situação no terminal de LT em


análise, caso o mesmo se encontre longe da geração. O gráfico mostra o valor máximo
permitido de ajuste da primeira zona por erro introduzido por TP Capacitivo.

2.4.10.8 Acoplamento Mútuo de Seqüência Zero em Circuitos Paralelos

Os esperados erros de medição de Distância para faltas à terra, devido ao acoplamento


mútuo de seqüência zero, podem ser superados através de um dos seguintes
procedimentos:

Para erro de 30 a 40% possível de ocorrer, para curto na barra da outra extremidade,
poder-se-ia:

• Usar compensação de circuito paralelo na proteção de linha, com ajuste de balanço


de terra para curtos até 85% da LT (caso a proteção permita);
• Ou aplicar proteção de barra na subestação da outra extremidade, o que tiraria da
proteção a função de primeira proteção (remota) para curto na barra da outra
extremidade;
• Ou finalmente, ajustar o relé com sua segunda zona alcançando cerca de 150% da
LT para que seja possível alcançar a barra da outra extremidade, mesmo com erro
devido ao acoplamento mútuo de seqüência zero.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 71 de 195


2.5 FUNÇÕES EXTRAS PARA PROTEÇÃO DE LINHA

2.5.1 Oscilação de Potência

2.5.1.1 Conceito

A oscilação de potência entre dois centros geradores em decorrência de severas


variações de carga ou condição de operação ou de curto-circuito, pode fazer com que a
impedância medida pela proteção de distância entre na zona de atuação da mesma.

Para evitar atuações não desejadas da proteção, a função de oscilação de potência


(código 78) mede o tempo que o vetor impedância medido pela proteção leva para cruzar
duas características, como mostrado na figura a seguir:

∆X Caminho do
Vetor Carga

∆Z

Caminho do
∆R Vetor Carga

Característica Característica
Quadrangular Off-set Mho

Figura 2.48 – Função “Out of Step”

Se o tempo medido for superior a um valor pré-determinado (ordem de ms), a função


pode bloquear o “trip” da proteção. Deve-se observar que é relativamente grande o
tempo que o vetor carga leva para cruzar a característica tracejada até atingir a
característica de proteção (linha cheia), ao contrário do caso de um curto-circuito quando
esse tempo é quase instantâneo.

Pode-se ajustar ∆R, ∆X ou ∆Z para um tempo fixo, pré estabelecido.

2.5.1.2 Diretriz de Ajuste

Trata-se de uma função sistêmica, isto é, não é exatamente uma função de proteção da
linha de transmissão. Quando não se deseja que haja desligamento da linha pela função
de distância de fase, em condição de oscilação de potência, se ativa essa função.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 72 de 195


Muito difícil estabelecer contingências claras para uma determinada linha, que permitam
definir se deve haver bloqueio por oscilação. Não se habitua fazer estudos sistêmicos
específicos para tanto. Assim, como critério geral, se ativa essa função para as linhas de
EAT.

Diretriz

Seguir os procedimentos estabelecidos na documentação técnica da proteção.

2.5.2 Fechamento sobre Falta (“Switch on to fault protection”) – Função 50/27.

2.5.2.1 Conceito

O fechamento de um disjuntor pode inadvertidamente a um curto circuito trifásico pleno,


por exemplo, quando um aterramento de linha feito quando de manutenção da mesma
não é removido.

A função de “Fechamento sobre Falta” proporciona uma atuação instantânea da proteção


(sem temporização intencional) durante um intervalo de tempo ajustável após um
fechamento manual do respectivo disjuntor. Não deve haver tensão na LT, antes do
fechamento manual (supervisionado pela função 27).

Há diferentes tipos de lógica para a execução dessa função, dependendo do tipo da


proteção ou do fabricante. Por exemplo, durante um período de tempo após um
fechamento manual de disjuntor, a proteção poderia dar trip instantâneo apenas com a
partida da mesma.

Há proteção que aplica essa lógica também para o religamento automático.

2.5.2.2 Diretriz de Ajuste

Seguir os procedimentos estabelecidos na documentação técnica da proteção.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 73 de 195


2.5.3 Proteção STUB Bus

2.5.3.1 Conceito

Quando, numa configuração disjuntor e meio, a seccionadora de linha está aberta com
pelo menos um disjuntor do terminal fechado, há possibilidade de ocorrer curto-circuito
entre o(s) disjuntor(es) e a seccionadora de linha. A figura a seguir ilustra o mencionado.

Curto-circuito com
a Seccionadora de
Linha aberta

Proteção Proteção

Figura 2.49 – Função STUB

A proteção de linha, para este esquema de barras, deve ter uma função denominada
“STUB Bus” que detecta esta condição. A proteção de linha deve ter a informação de
seccionadora aberta (deve haver cablagem para tanto, para uma entrada digital da
proteção).

A proteção STUB é proporcionada por uma função de Sobrecorrente (50-STUB) que atua
instantaneamente para o curto e desliga o(s) disjuntor(es) quando a seccionadora está
aberta.

2.5.3.2 Diretriz de Ajuste

Seguir os procedimentos estabelecidos na documentação técnica da proteção.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 74 de 195


2.6 FUNÇÃO COMPARAÇÃO DE FASE

2.6.1 Conceito e Princípios

A função de proteção conhecida genericamente como "comparação de fase" funciona


comparando os ângulos de fase (polaridades) das correntes dos 2 terminais de uma linha
de transmissão. Para um curto-circuito interno à LT, as correntes nas duas extremidades
são aproximadamente opostas, como mostra a figura a seguir:

A Curto Interno à LT B

Proteção do Proteção do
Terminal A Terminal B

Canal de
Telecomunicações

-B

1
0 A

1
0 -B

1
0 A ou B

Figura 2.50 – Comparação de Fase para Curto Interno à LT

Em cada extremidade, se faz a comparação das polaridades das correntes das duas
extremidades e se efetua uma verificação lógica a cada meio ciclo. Na figura acima se
observa sinal constante A ou B, o que dá uma condição de “trip”.

Quando o curto-circuito for externo à LT, tem-se o mostrado na figura a seguir:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 75 de 195


B Curto Externo
A
à LT

Proteção do Proteção do
Terminal A Terminal B

Canal de
Telecomunicações

-B

1
0 A

1
0 -B

1
0 A ou B

Figura 2.51 – Comparação de Fase para Curto Externo à LT

Nestas condições, há intermitência de A ou B, o que configura uma condição de “não trip”.

Devido à capacitância da LT, os ângulos de fase não são coincidentes nas duas
extremidades, portanto não há exata coincidência das polaridades comparadas. Assim, o
esquema possui temporizadores para adaptar essa situação, sendo que o tempo de
compensação depende do defasamento que a capacitância da linha introduz nas correntes
em condição normal de operação.

Este esquema apresenta, teoricamente, a vantagem de ser imune a oscilações de potência


(não usa tensão) e não apresenta dificuldades para proteção de linhas com compensação
(capacitor) série.

Por outro lado, o princípio mostrado, se diretamente aplicado, não funciona para condição
de saturação de TC de linha ou para deslocamento acentuado do eixo (componente DC
com variação exponencial), pois é baseado no princípio de detecção de cruzamento da
senóide com o eixo.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 76 de 195


Para superar essa dificuldade, se desenvolveram, no passado, proteções com este
princípio, mas que operavam com componentes simétricas, para linhas sem possibilidade
de saturação de TC’s (exemplo, tipo SPCU da Westinghouse). A tecnologia era estática e
a comparação era feita com a utilização de conversores, temporizadores, amplificadores e
circuitos de comparação.

Em virtude de dificuldades tecnológicas na época, se fazia a comparação apenas das


polaridades, como mostram as ondas quadradas dos semiciclos positivos, com as
desvantagens citadas.

Havia necessidade de sistema de telecomunicações rápido e preciso, o que nem sempre


era possível com os sistemas “Carrier” (Onda Portadora sobre Linhas de Alta Tensão –
OPLAT). O esquema apresentava uma confiabilidade apenas razoável.

Modernas Proteções de Comparação de Fase

Com o advento da fibra óptica para telecomunicações e proteção com tecnologia digital
microprocessada, foi possível uma melhor implementação da idéia de comparar fases nas
duas extremidades, com cálculos e comparações adicionais, melhorando
conseqüentemente a confiabilidade dessa proteção.

Para fins de ilustração do que é possível com a tecnologia digital microprocessada


implementando uma proteção de comparação de fase, apresenta-se neste item um
exemplo que é a proteção 7SD511 da Siemens.

Deve-se salientar que outros fabricantes também possuem proteções de comparação de


fase, com a sofisticação requerida mesmo que seja com processos ou algoritmos
diferentes deste exemplo. Todas essas modernas proteções dos diversos fabricantes
efetuam comparação das correntes de fase das duas extremidades (através de um
sistema de telecomunicações de alta velocidade como sistema óptico, ou mesmo conexão
direta por cabos de cobre para linhas muito curtas) envolvendo mais variáveis, além de
uma simples comparação de polaridades das correntes.

A proteção da Siemens, basicamente, efetua a cada instante:

Comparação Dinâmica

Após filtragem, a corrente num instante i(t) é comparada localmente com a amostra de 2
ciclos antes i(t-2T). Se o nível dinâmico (ajustado) é excedido, a polaridade da diferença
de corrente é transmitida para a outra extremidade para comparação de polaridades.

Comparação em Regime

Se a corrente ultrapassa o valor de regime, sua polaridade é transmitida para a outra


extremidade para comparação de polaridades.

Com este princípio, mostra-se uma condição de carga normal na figura a seguir:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 77 de 195


A B

Proteção do Proteção do
Terminal A Terminal B

Comparação Dinâmica:

i1(t-2T) i1(t)

∆i1 = i1(t) -i1(t-2T)

i2(t-2T) i2(t)

∆i2 = i2(t) -i2(t-2T)

Figura 2.52 – Comparação de Fase em Condição Normal. Proteção Digital.

Isto é, em condição de regime, não há diferença de corrente nos comparadores dinâmicos


e nada é transmitido.

Quando de um curto circuito interno à Linha de Transmissão, durante 02 ciclos haverá a


diferença de corrente no módulo de comparação dinâmica em cada terminal. E nesse
período a polaridade é transmitida para outra extremidade, para comparação de
polaridades, como mostra a figura seguinte:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 78 de 195


Curto
A Interno B

Proteção do Proteção do
Terminal A Terminal B

Comparação Dinâmica:
i1(t-2T) i1(t)

i1(t) A

Trip Permitido
∆i1 = i1(t) -i1(t-2T) A

Sinal de ∆i1 + + + A
- -

i2(t-2T) i2(t)

i2(t) B

Trip Permitido
+ IDinamico
∆i2 = i2(t) -i2(t-2T) B

- IDinamico

Sinal de ∆i2 + + + B
- -

Figura 2.53 – Comparação de Fase para Curto Interno à LT. Proteção Digital.

Em cada extremidade haverá trip se duas condições forem satisfeitas:

• Polaridades coincidentes, como mostrado na figura.


• Nível dinâmico de diferença de corrente maior do que o valor ajustado.

Condições essas que são satisfeitas nesta figura.

Quando de um curto circuito externo à Linha de Transmissão, durante 02 ciclos haverá a


diferença de corrente no módulo de comparação dinâmica em cada terminal. Também

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 79 de 195


nesse período a polaridade é transmitida para outra extremidade, para comparação de
polaridades, como mostra a figura seguinte:

Curto
A B
Externo

Proteção do Proteção do
Terminal A Terminal B

Comparação Dinâmica:
i1(t-2T) i1(t)

i1(t) A

Trip Permitido

∆i1 = i1(t) -i1(t-2T) A

Sinal de ∆i1 + + + A
- -

i2(t-2T) i2(t)

i2(t) B

Trip Permitido
+ IDinamico
∆i2 = i2(t) -i2(t-2T) B

- IDinamico

Sinal de ∆i2 + + B
- - -

Figura 2.54 – Comparação de Fase para Curto Externo à LT. Proteção Digital.

O nível dinâmico da diferença de corrente pode ser atingido, mas as polaridades dessa
diferença de corrente não são coincidentes, e assim não haverá trip.

Deve-se observar que, pelo fato de haver filtragem anterior, a componente DC é eliminada
antes dessa comparação dinâmica.

Todo esse processo de se comparar polaridades das diferenças de corrente é feito para
que a proteção continue a operar corretamente, tanto para curtos internos como para
curtos externos, mesmo com saturação de TC’s em ambas as extremidades da LT.

Esse tipo de sofisticação só foi possível com o advento da proteção digital, como mostrou
o exemplo.

2.6.2 Diretrizes de Ajuste

Seguir as orientações da documentação técnica.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 80 de 195


2.7 FUNÇÃO DIFERENCIAL

2.7.1 Conceito

Na proteção de sistemas elétricos de potência, uma das funções mais utilizadas na


proteção de equipamentos, máquinas, barras ou na proteção de linhas é a função
DIFERENCIAL. Como o próprio nome indica, seu princípio de funcionamento baseia-se na
comparação entre grandezas (ou composição de grandezas) que entram no circuito
protegido e grandezas de mesma natureza que saem do circuito protegido.

Equipamento, Máquina, Barra


ou Circuito Protegido
Grandezas ou Grandezas ou
composição de composição de
grandezas que grandezas que SAEM
ENTRAM

Função
DIFERENCIAL

Comparação das Grandezas segundo


critério estabelecido pelo princípio de
medição

Dentro de uma mesma SE: Entre Subestações:

- Cabos de cobre - OPLAT


- Fibra óptica - Microondas (rádio)
- Fibra óptica / dielétrico
- Fio Piloto
- OPGW

Figura 2.55 – Princípio da Proteção Diferencial

A função DIFERENCIAL é utilizada na proteção de transformadores, equipamentos de


compensação reativa, máquinas rotativas, sistemas de barramentos, cabos e linhas de
transmissão.

Requisitos de uma Proteção de LInha

Os seguintes são os requisitos básicos de qualquer proteção diferencial de uma Linha de


Transmissão:

• Deve considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s utilizados para conexão da
proteção.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 81 de 195


• Deve manter a estabilidade (não atuar) para curto-circuito externo à área protegida,
mesmo com saturação de TC.
• Deve ter recursos para compensar a diferença de tempo na transmissão de sinal de
uma extremidade para a outra, da LT.
• Deve ter recursos para manter a sensibilidade da proteção, não atuando para
energização de linhas longas ou de cabos, devido a capacitância da LT.
• Deve ter rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de baixa
corrente.

2.7.2 Proteção de Linhas Aéreas ou Linha de Cabos (87L)

As correntes das duas extremidades da linha de transmissão são comparadas através do


uso de um meio de comunicação que une as duas subestações. Parece evidente que esse
meio de comunicação deve ser de alta confiabilidade quanto ao desempenho, de alta
velocidade. Também a segurança desse meio de comunicação é um aspecto importante
considerando que esse meio de comunicação pode passar por ambientes não controlados
e relativamente expostos.

Esse é o aspecto que faz com que a proteção diferencial de linha de transmissão seja
tratada de modo diferenciado do caso de equipamentos ou barras que estão confinados
em ambientes de subestações.

Os seguintes meios podem ser utilizados:

a) Par de fios telefônicos. Neste caso, a proteção é chamda de “Fio Piloto”.

Neste caso, a extensão máxima está limitada a cerca ce 12 km, e mesmo assim, em
rota de alta confiabilidade (contra vandalismos e meio ambiente).

b) Equipamento OPLAT (Carrier).

Apesar de utilizado em algumas poucas linhas, não se trata de um meio adequado


para a proteção diferencial.

c) Radio microondas.

d) Rede de comunicações, pública ou privada. Geralmente digital.

Tanto uma rede privada de microondas como uma rede alugada de comunicações
poderia servir, mas também não são indicadas para proteção diferencial.

e) Dielétrico – fibra óptica.

Dielétrico específico para comunicação direta entre os relés das duas extremidades.
Trata-se do meio adequado para a proteção diferencial de LT. Há, entretanto, limitação
na distância (varia de 1,5 a 35 km), dependendo do tipo de fibra e do tipo de tecnologia
de comunicação.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 82 de 195


f) Fibra óptica em OPGW.

Meio bastante adequado para proteção diferencial de LT, com a vantagem de não
haver limitação da extensão da LT, uma vez que há repetidoras para a comunicação
OPGW.

Com o advento da tecnologia de comunicação através de fibra óptica, geralmente


associada a cabo pára-raio (OPGW), tem havido grande impulso na aplicação da função
diferencial para linhas. Há países onde a função diferencial é utilizada, como regra geral,
como a principal proteção da linha, sendo a proteção de distância apenas retaguarda.

LT

87L TELECOM OU CABO OU DIELÉTRICO 87L

Figura 2.56 – Proteção Diferencial de Linha

2.7.3 Segregação por Fase

Há proteções segregadas e não segregadas por fase.

Segregadas por Fase com Medições Independentes por Fase

Efetuam medições em cada fase. Adicionalmente, dependendo do fabricante, podem fazer


medições para seqüência zero (corrente de terra) e para seqüência negativa (curtos-
circuitos desbalanceados). Exemplos: relés 7SD610 da Siemens e SEL311L da
Schweitzer.

Segregadas por Fase com Composição de Correntes

Efetuam a comparação diferencial de uma única grandeza composta e não de três ou


quatro ou cinco, como os anteriores. Entretanto, através de software, conseguem
determinar o tipo de curto-circuito e as fases envolvidas. Exemplo: Relé REL356 da ABB

Neste exemplo, a composição de correntes é feita com o uso de componentes simétricas


que são associadas a constantes para cada seqüência, como mostra a figura a seguir.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 83 de 195


IA

IB Filtro de
IT = C0I0 - C1I1 + C2I2
Componentes
IC Simétricas

C0
C1
C2

Figura 2.57 – Proteção Diferencial de Linha. Composição de 3 correntes para comparação diferencial de
uma única grandeza

Não Segregadas

Há proteção diferencial de linha (geralmente fio piloto, para linhas curtíssimas e de média
tensão) que não faz segregação por fase. É feita uma composição de correntes e
comparação diferencial de uma única grandeza, sem discriminação da fase afetada.

Há indicação de fase, por elementos auxiliare (por ex. sobrecorrente de fase e de terra).

Nota

Quando se deseja religamento automático monopolar na LT, a proteção deve ser,


obrigatoriamente, segregada.

2.7.4 Princípios de Funcionamento

Dependendo do fabricante e da tecnologia utilizada, há tipos diferentes de princípios de


funcionametno, para a função 87L.

2.7.4.1 Diferencial Percentual

O chamado princípio “diferencial percentual” tem a finalidade de permitir uma proteção


sensível para curtos-circuitos internos à área protegida, apresentando, ao mesmo tempo,
uma boa estabilidade para curtos-circuitos externos, mesmo com erros de transformação
nos TC’s (em condição de curto pode chegar a 10% cada TC).

Para curtos-circuitos internos, o percentual da corrente de operação com relação à


corrente de restrição é relativamente elevado e a proteção deve atuar, uma vez que o
ajuste percentual é relativamente pequeno, compensando erros de TC’s e outros.

Em geral a corrente de restrição é a soma dos módulos das correntes local e remota, e a
corrente de operação é o módulo da soma vetorial das duas correntes. A figura a seguir
mostra a característica de operação desse princípio utilizada na proteção 7SD610 da
Siemens:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 84 de 195


Operação

I Dif >>

I Dif >

Restrição

Figura 2.58 – Característica da Proteção Diferencial Percentual (Siemens 7SD610)

Há sempre o ajuste de uma corrente diferencial mínima, abaixo da qual não deve haver
atuação da proteção (erros esperados). Há também, geralmente, um ajuste de corrente
(elevada), acima da qual a proteção atua com maior rapidez, uma vez que não depende
da curva característica de restrição, mas apenas da intensidade da corrente diferencial.

Nas modernas proteções digitais há diversos recursos para melhoria da confiabilidade e


da sensibilidade da proteção. Entre outros, pode-se citar como por exemplo:

• Filtros específicos para componentes DC, que permitem sensibilidade maior para
corretnes de baixa intensidade.
• Recurso adaptivo, ajustável, para diminuir temporariamente a sensibilidade diferencial
quando da energização de uma LT longa ou linha de cabos, com alta capacitância.
• Recursos para uso de TC’s de características diferentes nas duas extremidades da
linha (compensações).
• Recursos de estabilização, quando de saturação de TC para falta externa. Em
algumas proteções, a discriminação é feita antes que o TC sature (em torno de 5 ms).
• Recursos para evitar atuação para corrente de magnetização transitória de
transformador, quando a LT possui subestações em derivação com transformadores
conectados quando da energização.
• Recursos para evitar erros de transmissão / recepção de dados digitais.
• Recursos de “intertripping” para linhas com terminal de fraca alimentação.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 85 de 195


2.7.4.2 Diferencial com Percentual Fixo

Há relés onde, através de uma regra, se fixa uma determinada percentagem da restrição,
sendo que uma corrente de operação superior a esse valor permite a atuação da
proteção (inclinação fixa). A proteção7SD61 da Siemens apresenta esse valor fixo.

2.7.4.3 Ângulo de Fase no Plano R-X

Há fabricantes que utilizam o ângulo entre a corrente do terminal remoto e a corrente do


terminal local. Isto é, efetua a divisão entre as duas grandezas complexas, plotando-a um
plano R-X. Caso o vetor esteja localizado na área de operação, como mostrado na figura
a seguir, a proteção atua.

⎛I ⎞
Im⎜⎜ R ⎟⎟
⎝ IL ⎠
Restrição

Operação

⎛I ⎞
Re⎜⎜ R ⎟⎟
⎝ IL ⎠

Figura 2.59 – Ângulo de Fase do Vetor (IR / IL)

No diagrama acima, a corrente IR é a corrente do terminal remoto e a corrente IL é a


corrente do terminal local.

Essa comparação é feita para cada fase, para a corrente de seqüência zero e também
para a corrente de seqüência negativa. Este princípio é um misto de comparação de fase
com o princípio diferencial.

2.7.5 Vantagens e Desvantagens da função 87L

Vantagens:

• Proteção inerentemente seletiva.


• Alta sensibilidade para faltas de alta impedância.
• Ideal para linhas de transmissão curtas, onde a proteção de distância exigiria
providências que encareceriam a aplicação e dificultariam os ajustes.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 86 de 195


• Não necessita de TP’s para proteção. TP’s são geralmente conectados ao relé para
fins de medição, oscilografia e verficação de tensão para o religamento automático.
• Imune a oscilações de potência.
• Facilita a proteção de linhas com compensação série.
• Poucos ajustes e alta confiabilidade.

Desvantagens

• Exige comunicação de alta velocidade e confiabilidade entre as subestações.


• Exige proteção de retaguarda pois quando da falha de comunicação, a proteção deixa
de estar operacional.

2.7.6 Modernas Proteções Digitais

Devido à multifuncionalidade que quase sempre está presente nos modernos relés de
proteção de tecnologia digital microprocessada, a função 87L nunca vem sozinha na
proteção adquirida.

Combinação de parte das seguintes funções adicionais pode existir, juntamente com a
função diferencial. Depende de cada modelo, cada opção e cada fabricante.

50/51F – Sobrecorrente de Fase


50/51N – Sobrecorrente de Terra
50HS – Fechamento sobre falta.
50BF – Falha deDisjuntor
67 – Direcional de Sobrecorrente de Fase
67N – Direcional de Sobrecorrente de Terra
49 – Sobrecarga térmica
81 - Frequência
79 – Religamento Automático
25 – Verificação de Sincronismo
21/21N – Distância de Fase e de Terra

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 87 de 195


2.8 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA

2.8.1 Conceito

Uma proteção de sobrecarga, seja de equipamento, máquina rotativa ou de cabos ou


linhas tem a ver, sempre, com a temperatura que pode chegar o componente protegido em
função de carga excessiva.

Qualquer equipamento ou instalação não se aquece instantaneamente em função de carga


excessiva. Para um determinado degrau de corrente, para mais, a temperatura desse
componente variará exponencialmente em função da sua constante de tempo de
aquecimento.

A figura a seguir mostra o conceito de constante de tempo para o aquecimento de um


corpo homogêneo, para uma variação exponencial:

Temperatura

θ2

Variação
63% da
total
variação total

θ1

tempo

τ = Constante de Tempo
Figura 2.60– Definição de Constante de Tempo de Aquecimento

Uma proteção de sobrecarga (proteção térmica – Código 49) deve, portanto, emular as
condições de aquecimento do componente protegido em função da corrente através
desse componente.

2.8.2 Modernas Proteções Digitais

A tecnologia digital tornou possível, através de algoritmos específicos, a emulação de


constantes de tempo de aquecimento e demais parâmetros associados ao aquecimento de
transformadores, máquinas girantes, cabos e linhas.

Assim, modernos relés possuem a função 49 de “Sobrecarga Térmica” para ser


devidamente aplicada na detecção de aquecimentos provocados por sobrecarga, o que

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 88 de 195


passa a ser uma opção de utilização não existente num passado recente. Baseiam-se na
modelagem de uma réplica térmica com base na corrente de carga. O calor gerado, por
exemplo, em cabo ou transformador é função do tipo I2.R.t, isto é, proporcional à corrente
ao quadrado. O quadrado da corrente é integrado no tempo, para modelagem.

Assim, por exemplo, muitas proteções digitais da Siemens apresentam possibilidade de


modelagem térmica do equipamento ou instalação a proteger contra temperaturas
elevadas causadas por sobrecarga.

A dificuldade no uso dessa função estaria na determinação da constante de tempo e


demais parâmetros (relacionados a normas) do componente protegido.

Exemplo da Proteção de Distância da série 7SA6 da Siemens

A função 49 provê trip ou alarme baseado no cálculo do modelo térmico a partir da


medição da corrente de fase.

A função efetua o cálculo da sobretemperatura baseado no modelo de corpo simples,


usando “réplica térmica”, de acordo com a Norma IEC 60255-8.

Para o modelo de “corpo simples” (com uma única constante de tempo de aquecimento),
usa-se a seguinte equação diferencial:

2
dθ 1 1 ⎛ 1 ⎞
+ .θ = .⎜ ⎟
dt τ th τ th ⎜ k .I ⎟
⎝ Nobj ⎠
Θ = Elevação de temperatura válida referida à elevação final de temperatura para a
corrente máxima de fase permitida k.INobj.

τth = Constante de tempo térmica (AJUSTÁVEL).


k = Fator k a qual estabelece a máxima corrente continuamente permitida para o objeto
protegido (AJUSTÁVEL).

I = Valor eficaz da corrente de fase.

INobj. = IN = Corrente Nominal de fase (CONSIDERA-SE IN DO RELÉ, com demais valores


calculados proporcionalmente).

Imax = k.INobj. = Corrente Máxima continuamente permitida para o objeto protegido.

A solução dessa equação sob condições de regime é uma função exponencial cuja
assíntota mostra a temperatura final que será atingida Θend.

A característica de atuação da função é:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 89 de 195


2 2
⎛ I ⎞ ⎛ I pre ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜⎜ ⎟⎟
t = τ th . ln ⎝ ⎠ ⎝ k .I n ⎠ minutos. Válido para
k . I n
2
I / (k.IN) ≤ 8
⎛ I ⎞
⎜⎜ ⎟⎟ − 1
⎝ k .I n ⎠

Ipre = corrente de pré-sobrecarga. I = corrente atual.

Pode ser ajustado uma temperatura de alarme (Θalarm AJUSTÁVEL EM % COM RELAÇÃO
A Θend) menor do que o limite de temperatura de desligamento (caso seja essa a filosofia
do usuário). No caso da filosofia estabelecer “somente alarme”, esse alarme será emitido
quando da temperatura final ajustada.

A proteção também inclui um alarme de corrente excessiva Ialarm (AJUSTÁVEL) que pode
ser considerado como um pré-alarme para uma sobrecarga térmica em potencial.

Enfim, o exemplo mostra que se procura modelar termicamente o equipamento protegido,


o que implica em conhecer a constante de tempo de aquecimento e os limites térmicos
definidos pela norma que norteou a fabricação desse equipamento. Para linha tem-se a
seguinte ordem de grandeza para a constante de tempo:

2.8.3 Aplicação para Linhas

Para linhas aéreas pode-se dizer que não se usa a função de sobrecarga térmica, uma vez
que as cargas são controladas de modo sistêmico pelos centros de operação.
Eventualmente, apenas em casos muito específicos a função pode-se tornar necessária.

Por outro lado, uma linha de cabos pode eventualmente necessitar da função 49, a critério
do usuário. Seu uso porém se torna difícil se a linha possui sistema externo de
resfriamento, como circulação forçada de óleo. Neste caso, a determinação da constante,
com e sem resfriamento forçado, torna-se problemática.

A tabela a seguir apenas ilustra a ordem de grandeza da constante de aquecimento de


cabos:

Instalação Constante de tempo em


minutos
Linhas Aéreas 10
2
Cabo blindado ou isolado a Polipropileno (150 mm 66 kV) 60
2
Cabo blindado ou isolado a Polipropileno (150 mm 33 kV) 40

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Funções de Proteção 90 de 195


3. RELIGAMENTO AUTOMÁTICO

3.1 FUNÇÃO RELIGAMENTO AUTOMÁTICO (79)

Trata-se de uma função que tem a finalidade de acionar, automaticamente, o fechamento do


disjuntor desligado pela proteção, após temporização ajustável.

O esquema de religamento automático é implementado segundo esquema mostrado a seguir:

Disjuntor de
Linha
Circuito
Protegido

TP de
Linha
21

79
67N

25

TP de Verificação de
Barra Sincronismo

Figura 3.01 – Religamento Automático com Check de Sincronismo. Diagrama Unifilar

O processo de religamento automático é iniciado pela atuação da proteção de linha, conforme


ilustrado na figura a seguir:

25
Check de
Outros
Sincro
Dispositiovs

Permissão
de Religar
Bloqueio do 79

Proteção de Fechamento do
Linha Partida do 79 Disjuntor (52)
79
Fase a religar
Seleção de
Fase

Figura 3.02 – Religamento Automático. Sinais de Controle.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 91 de 195


O religamento deve ocorrer para:

• Faltas internas na linha de transmissão protegida.


• Atuação da proteção principal (ou alternada) na primeira zona ou pela Teleproteção.
• Todos os tipos de falta na linha (ou para alguns tipos, a escolher – ajustável).

O religamento não deve ocorrer para:

• Faltas externas à linha, com atuação da proteção de retaguarda.


• Para atuação de outras proteções como falha de disjuntor e diferencial de barra.
• Para atuações temporizadas da proteção principal.

O esquema a seguir mostra um exemplo das temporizações envolvidas:


Instante do curto-
circuito na LT

Trip Relé

Sinal de Religar
Extremidade
A
Disjuntor Aberto Fechado

Trip Relé

Sinal de Religar
Extremidade
B

Disjuntor Aberto Fechado

t0
TEMPO DE EXTINÇÃO DO ARCO

TEMPO MORTO

TEMPO DO 79 DA EXTREMIDADE A

TEMPO DO 79 DA EXTREMIDADE B

Figura 3.03 – Temporizações envolvidas no Religamento Automático

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 92 de 195


TERMINOLOGIA

Tempo Morto

Tempo em que a linha de transmissão ou alimentador de distribuição fica sem transportar


energia.

Tempo de Extinção de Arco

Tempo em que al linha de transmissão ou alimentador de distribuição fica sem tensão.

Tempo de Religamento Automático

Tempo da função 79, desde o instante do acionamento (pela atuação) da proteção até o
instante do comando de fechamento do respectivo disjuntor.

Tempo de Guarda

Tempo ajustado no esquema de religamento automático de modo que, caso haja nova
atuação da proteção dentro desse tempo (tentativa de religamento sobre falta permanente),
haverá bloqueio do religamento.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 93 de 195


3.2 FUNÇÃO “CHECK DE SINCRONISMO” (25)

A função (25), de verificação de sincronismo, é utilizado quando de religamento automático


tripolar e executa um dos seguintes itens, dependendo de uma chave seletora:

• Permite religamento com tensão na linha e sem tensão na barra (linha viva / barra morta).
• Permite religamento com tensão na barra e sem tensão na linha (linha morta / barra viva).
• Permite religamento com tensão em ambos os lados, com:
− Verificação da diferença de módulos das tensões comparadas (ajustável).
− Verificação do ângulo de fase entre as tensões comparadas (ajustável).
− Verificação do escorregamento (diferença de frequência) entre as tensões
comparadas (ajustável).
Como mostradas na figura 3.01, as informações de tensão da linha e da barra (ambos os
lados do disjuntor a religar) devem chegar à função.

3.3 RELIGAMENTO AUTOMÁTICO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

3.3.1 Aspectos Gerais

Linhas aéreas em alta tensão são um dos componentes do sistema elétrico que
apresentam maior vulnerabilidade a ocorrências que provocam curtos-circuitos, com
conseqüentes desligamentos forçados de circuitos de LT através da atuação das
proteções.

A maior parte desses desligamentos forçados está associada a faltas de natureza fugitiva,
isto é, faltas que se extinguem ao se desligar a LT, permitindo que a mesma seja religada
sem problemas imediatamente após o desligamento inicial, restabelecendo a continuidade
do sistema elétrico. Esse restabelecimento pode ser feito:

• Através de comando manual de fechamento executado pelo operador, ou

• Através de relés ou funções de religamento automático (79).

A maior diferença entre o restabelecimento manual e o automático é o tempo de


indisponibilidade do circuito da LT. Enquanto no religamento manual o tempo mínimo
envolvido é de cerca de 1 minuto, o religamento automático permite intervalos de tempo
inferiores a 1 segundo.

Curtos-circuitos internos à LT e de natureza fugitiva têm uma frequência de ocorrência


suficientemente elevada para justificar a implantação de esquemas de religamento
automático. Para as linhas de transmissão de Alta e Extra Alta Tensão essa frequência
pode estar em torno de 85% dos desligamentos forçados.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 94 de 195


O exemplo mais típico e representativo de ocorrência causadora de curto-circuito de
natureza fugitiva é a descarga atmosférica. Este fenômeno natural é considerado como
parâmetro de projeto de linhas de transmissão.

3.3.2 Aspectos Relacionados ao Religamento Automático

Para linhas de alta e extra alta tensão é sempre desejável a implantação do religamento
automático, uma vez que garante a continuidade da transmissão de energia elétrica
através da linha, com resultados favoráveis visando à minimização dos efeitos de
contingências que poderiam colocar o sistema em risco e, consequentemente, melhoria
das condições de estabilidade transitória do sistema elétrico.

Do ponto de vista da Operação Elétrica do Sistema, o religamento automático de uma linha


é sempre desejável, mesmo que a linha esteja inserida em rede onde o problema de
estabilidade do sistema não é significativo para a contingência de saída forçada de uma
LT.

Com o alto investimento requerido para a construção e operação dos sistemas de


transmissão, o religamento automático, através da redução do tempo de indisponibilidade
do componente, é reconhecido como sendo um dos métodos mais econômicos de:

• Aumentar a qualidade do serviço no suprimento de energia e, para a empresa


proprietária da LT, minimizar os custos decorrentes de eventuais penalizações devido a
indisponibilidades.

• Reduzir a possibilidade de perda de estabilidade do Sistema Elétrico, contribuindo para


melhorar a confiabilidade.

Estabilidade e sincronismo

Problemas de estabilidade e sincronismo não são encontrados em sistemas radiais,


contudo existem casos particulares onde os mesmos devem ser considerados. Exemplo
típico é a alimentação de consumidores industriais que possuem geração própria em
paralelo com o sistema da concessionária.

Nesse caso, para que haja religamento automático após uma falta no circuito de
interligação, é essencial o uso de proteções e disjuntores com reduzido tempo de
operação. Além disso deverão ser feitos estudos para avaliação dos esforços mecânicos
causados a essas fontes geradoras quando do religamento automático, em alguns casos
pode ser necessário o uso de relés de check de sincronismo de forma a evitar o
religamento em uma condição indesejável.

Tempo morto

Um ponto a ser considerado com relação ao tempo morto é o seu efeito nos diferentes
tipos de carga, como é o caso de grandes motores síncronos ou de indução em
consumidores industriais. O tempo de interrupção de energia que um motor pode suportar
é geralmente pequeno, e depende da inércia do motor e da carga conectada ao seu eixo.
Na prática é desejável que o motor seja desconectado da fonte de alimentação na

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 95 de 195


ocorrência de um defeito, sendo que o tempo morto do religamento deve ser suficiente
para operação da proteção de subtensão ou sub-frequência associados ao motor.

Um tempo morto entre 0,3 a 0,5 s pode ser utilizado nesses casos, entretanto, para maior
segurança é conveniente o conhecimento dos mecanismos de controle e condições de
carga dos motores, levando-se em conta inclusive, no caso de motores síncronos, que
uma tensão é induzida em seus terminais durante um curto espaço de tempo após a perda
da fonte de alimentação. Se a fonte de alimentação for religada nesse período, existe o
perigo da ocorrência de diferenças angulares que podem resultar em danos mecânicos ao
mesmo.

Tempo de guarda

O tempo de guarda deve ser longo o suficiente para permitir a operação das proteções
quando o disjuntor é religado sobre um defeito permanente. Um tempo de guarda entre 10
e 30 s é usualmente adotado nos esquemas de religamento, dependendo do tipo de
circuito.

Quantidade de tentativas de religamento

Não existem regras fixas que definam o número de tentativas para uma aplicação
particular, porém alguns fatores devem ser observados:

• Limitações do disjuntor. Um item importante é o ciclo de operação do disjuntor de


modo que o mesmo possa realizar diversas operações de abertura e fechamento em
um curto espaço de tempo, e o efeito dessas operações na periodicidade da
manutenção do mesmo, visto que esta é função do número de operações e da corrente
de defeito interrompida.

• Condições do sistema. O atendimento a condições ambientais é um fator importante


na escolha do número de tentativas. Por exemplo em circuitos que atravessam zonas
rurais, sujeitas a constantes queimadas e descargas atmosféricas, é justificável a
utilização de mais de uma tentativa, sendo a 1ª rápida e as demais temporizadas.
Entretanto, circuitos que atravessam zonas urbanas devem ter apenas uma tentativa
de religamento face aos evidentes riscos decorrentes de tentativas de religamento
sobre defeitos permanentes.

Nos esquemas de religamento de linhas de AT e EAT, é prática usual a adoção de uma


única tentativa de religamento rápido, após o qual é iniciado o tempo de guarda, dentro do
qual qualquer nova atuação das proteções provocará o bloqueio do religamento.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 96 de 195


3.3.3 Tipos de Religamento Automático

São dois os tipos de religamento automático de linha de transmissão: o religamento


Tripolar e o religamento Monopolar.

RELIGAMENTO TRIPOLAR RÁPIDO

O religamento tripolar rápido consiste em religar automaticamente a linha após


desligamento tripolar (para curto-circuito interno à LT), com um tempo de espera apenas o
suficiente para extinção e desionização do arco de curto-circuito fugitivo na linha.
Geralmente é feita apenas uma tentativa de religamento e é utilizado em linhas de alta e
extra-alta tensão.

RELIGAMENTO TRIPOLAR TEMPORIZADO

Consiste em religar automaticamente a linha após desligamento tripolar, com um tempo de


espera maior que aquele suficiente para extinção e desionização do arco de curto-circuito
fugitivo na linha. Neste caso pode haver mais de uma tentativa de religamento. Utilizado
em sistemas de Distribuição e em linhas de subtransmissão, geralmente radiais.

RELIGAMENTO MONOPOLAR

O religamento monopolar consiste em religar automaticamente a linha após desligamento


monopolar, quando de ocorrência de curto-circuito monofásico e fugitivo na linha, com um
tempo de espera o suficiente para extinção e desionização do arco de curto-circuito e do
arco secundário que é mantido pelo acoplamento capacitivo das fases não desligadas.

Utilizado em linhas de alta e extra-alta tensão, quando as condições de transferência de


potência através da linha ou através do sistema ao qual pertence a linha for crítica em
termos de estabilidade transitória.

O impacto de um desligamento monopolar seguido de religamento monopolar sobre a


estabilidade do sistema é menor que aquele do desligamento tripolar com religamento
tripolar. Mas essa diferença só se faz notar ou se faz necessária em sistemas de
transmissão muito específicos quanto às condições de transferência de potência e
estabilidade transitória.

3.3.4 Requisitos e Implementação do Religamento Automático

Religamento Tripolar

Os esquemas de religamento rápido devem ser feitos com o mínimo possível de


verificações, sendo que, usualmente, é verificada apenas a existência de tensão na linha e
de estado do disjuntor.

Para religamento tripolar pode-se adotar um dos dois critérios seguintes:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 97 de 195


Critério 1

• Uma tentativa de religamento tripolar para curto-circuito fase-terra.


• Bloqueio para os demais tipos de curto-circuito.

Este critério pressupõe que a probabilidade da falta ser do tipo permanente e não
fugitivo aumenta para curtos bifásicos e trifásicos. Consequentemente não se tenta
religar para esses tipos de curto.

Critério 2

• Uma tentativa de religamento para qualquer tipo de curto.

Este critério pressupõe que a maior parte das faltas nas linhas de extra-alta tensão é
do tipo fugitivo. Quando ocorrer curto circuito do tipo permanente (baixa
probabilidade), haveria uma tentativa de religar e abertura tripolar definitivo. Apesar
do impacto, é aceitável.

Trata-se de esquema sugerido pela Aneel para linhas EAT conforme últimos Editais
de Leilão.

Também na AEP (EUA) não há preocupações quanto ao tipo de curto-circuito para


tentativa de religamento automático tripolar.

A vantagem de se adotar este esquema é que facilitaria o esquema de Proteção, com


grandes vantagens para a confiabilidade da proteção.

Em algumas linhas de AT e em todas de EAT, deve ser prevista a verificação de


sincronismo no segundo terminal da LT a ser religado. Os esquemas podem ser dotados
de facilidades para várias condições de operação em ambos terminais da linha conforme
segue:

• Barra viva / linha morta: a linha é energizada sem verificação de sincronismo (primeiro
terminal a ser religado).
• Barra viva / linha viva: o religamento depende da verificação de sincronismo (segundo
terminal a ser religado).

A operação do relé de check de sincronismo é dependente das tensões da barra e da


linha, e do escorregamento de frequência entre elas. Além disso, o relé executa a medida
da defasagem angular entre as partes do sistema. Somente após o atendimento desses
critérios é permitido o fechamento do disjuntor.

Religamento Monopolar

Evidentemente trata-se de um esquema que pode ser utilizado apenas para curtos-
circuitos do tipo fase-terra, diferentemente do tripolar que pode ser utilizado para todos os
tipos de faltas fugitivas na LT.

Neste caso, não há necessidade de verificação de sincronismo.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 98 de 195


Religamento mono ou tripolar

Quando o religamento tripolar é aplicado em circuito simples interligando duas fontes


geradoras, a abertura das três fases causa um imediato deslocamento do ângulo de
potência entre as duas fontes, e nenhum intercâmbio de potência ocorre durante o tempo
morto. Se por outro lado, somente a fase em falta é aberta durante defeitos monofásicos, a
potência ainda pode ser transferida pelas fases não afetadas.

Para o religamento monopolar, cada fase do disjuntor deve ser independente e provida de
seus próprios mecanismos de abertura e fechamento. Esses circuitos são portanto mais
complexos e, exceto em esquemas que usam relés de distância seria necessário
incorporar ao esquema de proteção funções de seleção de fase, de tal forma que na
ocorrência de faltas bifásicas ou trifásicas haja abertura tripolar do disjuntor com bloqueio
do religamento.

A vantagem do religamento monopolar, é a manutenção da transmissão de potência


através das fases boas com conseqüente manutenção do sincronismo, e a principal
desvantagem é o maior tempo de desionização de arco resultante do acoplamento
capacitivo entre as fases boas e a fase em falta, podendo também causar interferência em
circuitos de comunicação.

Bloqueio do religamento

O religamento automático não deve ser permitido para algumas condições falta nas linhas
e equipamentos e outros componentes a elas associados. Além disso, devem ser previstas
as operações incorretas de disjuntores e sistemas de proteção, que poderiam levar o
esquema de religamento a uma atuação sem sucesso.

Para as condições a seguir, o esquema de religamento deve ser bloqueado:

• Atuação da proteção de distância em tempo de 2ª ou 3ª zonas ou de proteção de


retaguarda.
• Após comando manual de fechamento do disjuntor, seguido de atuação das proteções.
• Baixa pressão ou mola descarregada no disjuntor.
• Atuação das proteções de reatores shunt.
• Atuação da proteção diferencial de barra ou da proteção de falha de disjuntor.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 99 de 195


3.3.5 Implicações no sistema de proteção

É importante observar que há implicações bastante complexas na proteção de linhas de


transmissão quando se utiliza religamento automático monopolar, o que não ocorre
quando do esquema de religamento automático tripolar.

Em suma, quando se utiliza religamento automático monopolar na linha:

• Há sempre a necessidade de identificação da fase em falta, para curto-circuito fase-


terra. E o problema da detecção e seleção da fase torna-se extremamente complexo,
quando de faltas à terra com alta impedância.
• O esquema de proteção da linha é afetado, uma vez que um esquema de teleproteção
com proteção direcional de sobrecorrente de terra (que tem alta sensibilidade para
curtos de alta impedância) deve, obrigatoriamente, operar em conjunto com a proteção
de distância, para que esta última efetue a seleção da fase em falta.
• Os ajustes da proteção devem levar em consideração o esquema de religamento
monopolar.

Para implementação do religamento automático, os sistemas utilizados para a proteção de


linhas de transmissão devem proporcionar rápido desligamento para faltas localizadas em
toda a extensão da LT, isto é, cobrindo 100% do comprimento da mesma.
Conseqüentemente torna-se obrigatória a utilização da Teleproteção, qualquer que seja o
esquema.

Alternativamente pode-se utilizar em linhas de AT (até 138 KV) esquemas de proteção por
relés de distância sem teleproteção. Neste caso o religamento automático deve ser
permitido para operação da proteção em tempo de 2ª zona, o que implica em um aumento
do tempo morto.

3.3.6 Tempo para Extinção e Desionização do Arco - Diretrizes de Ajuste

Quando se utiliza o religamento rápido, é importante conhecer o tempo durante o qual a


linha deve permanecer desenergizada, de modo a permitir a completa desionização do
arco, evitando assim o reaparecimento da falta quando do religamento.

Religamento Tripolar

O tempo de desionização de um arco não controlado ao ar livre, relacionado ao tempo em


que a linha fica sem tensão, depende do nível de tensão do circuito, do espaçamento entre
condutores, do valor de corrente, da duração da falta, da velocidade do vento, etc. Entre
esses fatores, o de maior influência é o nível de tensão do circuito.

Ele pode ser estimado através das fórmulas empíricas:

tTripolar = 210 + 0,6 . kV [ms] [Referência 1]

tTripolar = 10,5 + (kV / 34,5) [ciclos] [Referência 2]

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 100 de 195


Por exemplo, para 500 kV ter-se-ia 0,510 [s] pela primeira fórmula e 23,83 [ciclos] = 0,4 [s]
pela segunda fórmula.

Para 345 kV ter-se-ia 0,417 [s] pela primeira fórmula e 25 [ciclos] = 0,42 [s] pela segunda
fórmula.

A primeira fórmula é mais conservadora (européia). Mas a segunda fórmula decorre da


grande experiência em religamento tripolar nos EUA. De qualquer modo, ambas servem de
referencia.

Os números acima são os limites inferiores. Na prática se adotam tempos superiores a


esses valores nos ajustes dos relés de religamento.

Religamento Monopolar

Caso se utilize o religamento automático monopolar, especialmente em linhas longas, a


fase em falta deve permanecer aberta por um intervalo de tempo bem maior, de forma a se
obter igual probabilidade de sucesso do religamento, dado que o acoplamento capacitivo
entre as fases boas e a em defeito tende a manter o arco por um tempo maior.

O tempo de extinção adotado (tempo que a linha fica sem tensão na fase em falta) é
estimado empiricamente:

KV Tempo de Extinção e Desionização


Linhas curtas e médias Obs.
500 1,2 [s] Não indicado, sem reatância de compensação
440 1,0 [s] para linhas longas (acima de 250 km)

345 0,8 [s]


Dificuldade de seleção de fases com proteção
230 0,5 [s]
eletromecânica para linhas acima de 100 km

Dependendo da empresa, podem ser adotados valores superiores a esses, em função das
características ambientais (inclusive) da região.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Religamento Automático 101 de 195


4. TELEPROTEÇÃO

4.1 FINALIDADE DA TELEPROTEÇÃO

A teleproteção é aplicada em linha de transmissão com a finalidade de atender os seguintes


requisitos desejáveis e necessários para a Operação do Sistema de Potência:

4.1.1 Seletividade e Rapidez na Proteção

Muito se fala ou se publica a respeito da palavra SELETIVIDADE. Porém tudo pode ser
resumido na seguinte regra básica:

"Quando de uma falha ou defeito ("fault") de um componente de um Sistema Elétrico de


Potência, o mesmo deve ser desligado o mais rapidamente possível, e somente este
componente".

Entende-se como componente, todo trecho do Sistema delimitado por disjuntores ou


religadores automáticos ou elos fusíveis.

O grande problema na Proteção de Sistemas Elétricos é a determinação, pelos relés de


proteção, do local do defeito ou do curto-circuito, para que se possa desligar o componente
defeituoso e somente ele. Esta seletividade é alcançada, na maioria das vezes, em
detrimento do tempo de atuação da proteção.

Alguns esquemas de proteção são inerentemente seletivos, isto é, a própria concepção da


proteção permite, quando da atuação da mesma, estabelecer a localização do defeito. É o
caso, por exemplo, das proteções diferenciais.

Para o caso de uma linha de transmissão, a localização de defeitos pelos relés de proteção
torna-se problemática devido a:

• Comprimento das linhas;


• Curtos-circuitos com elevadas resistências de arco ou de contato;
• Imprecisões nas medidas efetuadas pelos relés, introduzidas por TP´s, TC´s e
transitórios;
• Imprecisões nos cálculos teóricos de curtos-circuitos e conseqüentes ajustes nos relés.

Lembrando que o objetivo a atingir é a seletividade com rapidez, torna-se claro que o ideal
para uma linha de transmissão seria a proteção diferencial. Pode-se dizer que:

"A TELEPROTEÇÃO é um método de proteção de linha, através de relés de proteção e


meios de comunicação, no qual um defeito interno é detectado e determinado
comparando-se as condições do Sistema nos terminais do circuito protegido, utilizando-se
canal ou canais de comunicação".

Existem variações quanto à definição acima, quando de soluções específicas, como por
exemplo:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 102 de 195


• Proteção de Reatores "Shunt" de linhas

Um ou mais canais de comunicação são utilizados para o rápido desligamento da linha


em todas as extremidades, quando de defeitos no reator, defeitos estes geralmente
detectados somente pela proteção própria do reator.

• Desligamentos Automáticos para evitar condições operacionais anormais

Um ou mais canais de comunicação são utilizados para o desligamento de linhas e


equipamentos quando determinadas condições no Sistema são atingidas (por exemplo,
sobrecargas).

• Proteção de Transformadores conectados em linhas, sem disjuntores.

Idem ao caso dos Reatores "Shunt".

• Proteção de Retaguarda quando de falha de disjuntores.

Um ou mais canais de comunicação são utilizados para se desligar linhas ou


equipamentos conectados ao disjuntor defeituoso.

4.1.2 Confiabilidade

O simples fato de utilizar algum esquema de teleproteção em uma linha de transmissão


não implica em se ter maior confiabilidade na proteção. A confiabilidade está estreitamente
relacionada ao tipo do esquema escolhido para cada linha, verificando-se as
características particulares da linha em questão. A escolha adequada do esquema de
teleproteção depende:

• do comprimento da linha;
• do tipo de proteção utilizada;
• das características do Sistema de Potência, nas regiões adjacentes à linha;
• do tempo de desligamento exigido para a linha, quando de curto-circuito (estudos de
Sistema);
• do tipo do canal de comunicação;
• da filosofia de cada Empresa concessionária.

A confiabilidade é a habilidade do Sistema de Proteção para atuar corretamente quando


necessário, e para evitar atuações desnecessárias. A total confiabilidade nunca é
conseguida. Os necessários compromissos devem ser avaliados com base em riscos
comparados.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 103 de 195


4.1.3 Religamento Automático

Para se efetivar um religamento automático quando da abertura de um terminal de linha,


várias condições devem ser observadas:

• A atuação da Proteção deve ter ocorrido em condições de defeito na linha protegida,


isto é, o religamento automático não deve ser permitido para atuações de retaguarda;

• Natureza do defeito. Às vezes exige-se que o religamento ocorra apenas para defeitos
fase-terra, evitando-se religamentos para defeitos fase-fase ou trifásicos. A
probabilidade de que defeitos fase-terra sejam fugitivos (e não permanentes) é maior.

• Condições do Disjuntor. Evidentemente, o disjuntor deve ser adequado para permitir o


religamento automático, sem atingir o limite de potência de interrupção. E também as
condições de pressão do ar comprimido (ou carregamento da mola) devem ser
supervisionadas.

• Tentativas de Religamento. Geralmente para linhas de alta e extra-alta tensão utiliza-se


apenas uma (1) tentativa de religamento automático, bloqueando-se o mesmo após a
segunda abertura do disjuntor.

• Tempo de extinção do arco. O tempo necessário para extinção do arco após a abertura
da linha de transmissão depende do comprimento, do nível de tensão e demais
características da linha. O tempo de extinção conta-se desde o instante da abertura do
último disjuntor da linha até o instante do fechamento automático do primeiro disjuntor.

• Tempo "morto". É o intervalo de tempo em que a linha fica sem transportar energia
elétrica. O tempo "morto" conta-se desde o instante da abertura do primeiro disjuntor
da linha até o instante do fechamento do último disjuntor. Este tempo influi na
estabilidade do Sistema de Potência.

Para que muitas das condições acima mencionadas sejam cumpridas, há a necessidade
de utilização de esquema de TELEPROTEÇÃO. A teleproteção permite rápido
desligamento em todas as extremidades da linha, qualquer que seja a localização do
defeito dentro da linha, dando assim uma condição básica para a efetivação posterior do
religamento automático.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 104 de 195


4.2 MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Os meios de comunicação utilizados para esquemas de teleproteção são:

• Fio Piloto (Conexão por cabos de cobre, entre os terminais da linha de transmissão).
• Carrier (OPLAT - Onda Portadora sobre Linhas de Alta Tensão).
• Rádio Micro-Ondas.
• Rádio UHF.
• Fibra óptica em cabo OPGW.
• Fibra óptica em cabo dielétrico.
• Rede de comunicações, pública ou privada. Geralmente digital.

Tanto uma rede privada como uma rede alugada de comunicações poderia servir, mas
também não são indicadas para teleproteção.

4.2.1 Fio Piloto

É realizada através da conexão física através de par de cabos trançados e blindados, entre
as duas extremidades da linha de transmissão protegida. Através desta comunicação, um
de vários tipos de esquemas pode ser escolhido, utilizando sinais DC, sinais AC (60 Hz)
dos TC´s de linha, ou sinais de áudio frequência.

Basicamente é uma proteção diferencial aplicada à linha. Portanto é inerentemente


seletiva.

Utilizada para proteção de linhas curtas ou curtíssimas, até no máximo 10 a 12 km e é


limitada pela atenuação (elevada) do sinal de comunicação. O esquema presenta,
também, índice relativamente alto de manutenção, média confiabilidade (interferências
eletromagnéticas) e é sujeito a fatores externos (vandalismos e meio ambiente).

Desde que parte das desvantagens acima seja contornada, trata-se de uma proteção ainda
em uso para distâncias curtíssimas em ambientes controlados.

4.2.2 Carrier (OPLAT)

No nosso país, é ainda o meio de comunicação mais utilizado para esquemas de


teleproteção, em vista do baixo custo. Há o aproveitamento dos próprios cabos de energia
da Linha de Transmissão como meio físico de propagação do sinal, interligando
subestações e usinas.

Vantagens: Econômico, para pequeno número de canais e longas distâncias. Baixo custo
de manutenção, com facilidades de acesso. Não necessita de estações repetidoras para
transmissão a longa distância. A Linha de Transmissão é um suporte físico confiável.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 105 de 195


Desvantagens: Baixa capacidade de canalização. Faixa limitada do espectro de
freqüências. Susceptível a ruídos do Sistema Elétrico de Potência (gerados por curtos-
circuitos, manobras de disjuntores e seccionadoras).

4.2.2.1 Faixa de Freqüências

radio navegação radiodifusão


16 kHz 30 kHz 200 kHz 405 kHz 535 kHz

300 kHz
faixa Carrier

Figura 4.01 – Faixa de Freqüências de Sinais de Onda Portadora em Linhas de Alta Tensão

O OPLAT geralmente opera sobre uma faixa de freqüências entre 30 e 300 kHz. Abaixo
de 30 kHz o acoplamento na linha torna-se impraticável e acima dos 300 kHz as perdas
são maiores e pode haver interferências com serviços de rádio, devido à irradiação de
sinais no espaço.

4.2.2.2 Modos de Operação

a) "on off"

O sinal é transmitido somente quando de operação da proteção ("on"), permanecendo


normalmente sem sinal ("off"). Opera-se uma única frequência para transmitir
informação de um ponto para outro. Uso limitado a alguns esquemas de teleproteção.

b) "frequency - shift"

Opera enviando duas (2) freqüências não simultâneas pelo canal. Normalmente
transmite a frequência de guarda. No caso da atuação da proteção, suprime a
frequência de guarda e passa a transmitir a frequência de comando. A frequência de
guarda geralmente é 100 Hz acima da frequência nominal do canal, e a frequência de
comando é 100 Hz abaixo da frequência nominal.

Há portanto um deslocamento de frequência de 200 Hz ("shift"). O receptor possui


toda a lógica para detectar este "shift".

O modo frequency shift (FSK) apresenta maior confiabilidade de sinal, no sentido de


prevenir eventuais atuações incorretas do esquema quando de ruídos no Sistema de
Potência, que poderiam simular falsa recepção.

Um modo de se garantir esta confiabilidade seria estabelecer uma lógica de recepção de


sinal como o que se segue:

• O sinal de guarda deve ter existido imediatamente antes do shift de frequência;

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 106 de 195


• Não deve existir ruído sustentado de alto nível no canal;
• O shift (frequência de guarda para frequência de comando) deve ocorrer sem
temporização intencional;
• A frequência de comando deve ter duração suficientemente longo ( 2 a 20 ms
ajustável).

Outros tipos de lógica de recepção existem, para vários tipos de esquemas de


teleproteção.

4.2.2.3 Componentes Básicos do Sistema Carrier

Subestação Subestação
Bobina de Bloqueio Bobina de Bloqueio

Disjuntor Disjuntor

C C

GA GA

Tx/Rx Tx/Rx

GA - Grupo de Acoplamento
C - Capacitor de Acoplamento
Tx / Rx - Terminal de Onda Portadora

Figura 4.02 – Componentes Básicos de um Sistema Carrier

Bobina de Bloqueio

A Bobina de Bloqueio é uma indutância em série com a linha de transmissão, possuindo


uma unidade de sintonia (C, R) em paralelo. É um circuito ressonante que se apresenta
com alta impedância para frequência operativa do Carrier, porém com impedância
desprezível à frequência do Sistema ( 60 Hz ou 50 Hz).

As Bobinas evitam que a energia do sinal Carrier flua para as subestações, delimitando o
trecho que deve percorrer (através da linha de transmissão). Elas evitam, também, que
curtos circuitos ou manobras ocorridos fora do trecho influenciem no sinal do trecho.

Uma bobina de bloqueio, pelo fato de estar em série com a linha, deve suportar
continuamente a corrente de carga da linha, além de apresentar limites térmicos e
dinâmicos compatíveis com as correntes de curto-circuito previstas.

A indutância pode variar de 0,1 mH a 2,0 mH, dependendo da faixa de freqüências a


bloquear.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 107 de 195


Capacitor de Acoplamento
o Terminal de Alta Tensão

Coluna Capacitiva

Terminal de Conexão do GA
o
Espinte-
rômetro Chave de Aterramento

o Terminal Terra

Figura 4.03 – Capacitor de Acoplametno

Isola, junto com o GA - Grupo de Acoplamento, o equipamento Tx / Rx da linha de Alta


Tensão. É o caminho de injeção do sinal Carrier à linha de Alta Tensão. A alternativa
para o capacitor de acoplamento é o TP capacitivo.

Grupo de Acoplamento - GA

O conjunto normalmente chamado de Grupo de Acoplamento possui não apenas os


dispositivos de sintonia, como também bobina de drenagem, dispositivos de proteção e
transformador de acoplamento e tem a finalidade de efetuar o casamento de
impedâncias, com baixas perdas, entre a linha de transmissão e o cabo coaxial ligado ao
Transmissor / Receptor Carrier (Tx / Rx).

A figura a seguir mostra os principais componentes do Grupo de Acoplamento:

*
TR
DP

LD S
DS
CH

LD - Indutor de Drenagem S - Dispositivo de Sintonia


DP - Descarregador Principal DS - Descarregador Secundário
CH - Chave de Aterramento * - Conexão com Tx / Rx
TR - Transformador para Casamento de Impedânacias e Isolamento

Figura 4.04 – Grupo de Acoplamento

LD = Baixa impedância a 60 Hz. Alta impedância para freqüências Carrier. Correntes de


carga do Capacitor escoam pela LD. É chamada de Bobina de Drenagem.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 108 de 195


DP, DS = Descarregadores para proteção dos Tx / Rx contra surtos originados no
Sistema de Potência ou descargas atmosféricas.

CH = Chave de aterramento para proteção de pessoal de manutenção.

S, TR = Unidade de Sintonia. Obtenção da largura da faixa de frequências desejada.


Casamento de impedâncias. Isolação galvânica.

Cabo coaxial

Cabo concêntrico de baixas perdas, utilizado para conectar o Grupo de Acoplamento ao


Tx / Rx. As perdas (atenuação) no cabo coaxial aumentam com o comprimento do
mesmo, dependendo também da frequência do sinal (30 a 300 kHz).

Transmissor / Receptor (Tx/Rx)

É o equipamento terminal de Onda Portadora (Carrier). O transmissor deve ter potência


suficiente para assegurar um mínimo de relação sinal / ruído no receptor correspondente,
mesmo em condições adversas do meio de transmissão.

O receptor deve ter alta seletividade para minimização dos efeitos de fontes externas de
ruídos indesejáveis ou sinais interferentes de outros enlaces que utilizam frequências
adjacentes.

Os Rx / Tx para Teleproteção devem ser de uso exclusivo para a Proteção. São


associados aos MODEM´s de teleproteção, ou aos equipamentos de TONS DE AUDIO
para teleproteção. Transformam sinais DC (on / off) em sinal HF na faixa de serviço, e
vice-versa.

Também existem Rx / Tx para Telefonia, que efetuam a translação de canais de


frequência de áudio para a faixa de frequências de transmissão e vice versa.

4.2.2.4 Tipos de Acoplamento

Existem 4 (quatro) tipos de arranjos básicos para o acoplamento do OPLAT com a linha
de transmissão:

• Acoplamento fase-terra
• Acoplamento fase-fase
• Acoplamento para 2 fases de circuitos paralelos
• Acoplamento trifásico

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 109 de 195


Acoplamento Fase-Terra

unidade
de
sintonia
cabo coaxial

ACOPLAMENTO FASE-TERRA

Figura 4.05 – Acoplamento Fase Terra

É o arranjo mais simples e econômico. Um defeito fase-terra na fase acoplada provoca


perda do sinal transmitido (atenuação).

Acoplamento Fase-Fase

unidade
de
cabo coaxial sintonia

ACOPLAMENTO FASE-FASE

Figura 4.06 – Acoplamento Fase Fase

Arranjo mais complexo e mais caro. Mais confiável, uma vez que, quando de defeito em
uma das fases acopladas, o sistema reverte para o acoplamento fase-terra, evitando
perda de comunicação.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 110 de 195


Acoplamento entre duas fases de circuitos diferentes

TR
unidade unidade
ISOLAMENTO
de de
sintonia sintonia

cabo coaxial
cabo coaxial

cabo coaxial

ACOPLAMENTO ENTRE DUAS FASES DE CIRCUITOS DIFERENTES

Figura 4.07 – Acoplamento Fase Fase de Circuitos Diferentes

Arranjo também caro, porém confiável. Quando de um curto circuito em uma das fases
acopladas, o sistema utiliza a fase do outro circuito. E ainda, pode-se efetuar
manutenção em um dos circuitos sem perda de comunicação.

Acoplamento Trifásico

O acoplamento trifásico é realizado com três conjuntos de acoplamento em cada terminal


de linha. O transmissor / receptor é ligado em uma das fases com as outras duas
servindo de retorno de sinal. Consegue-se assim, baixa atenuação e alta confiabilidade.
É raramente utilizado.

4.2.3 Radio Micro-Ondas (e UHF)

Tanto no Micro-Ondas como no UHF, utiliza-se o espaço aéreo como meio de


comunicação. O alcance é limitado pelos enlaces (da ordem de 50 km por enlace). Exigem
espaço livre de obstáculos.

Apresentam a vantagem de serem independentes do Sistema Elétrico de Potência.


Entretanto são sistemas que exigem infra-estrutura onerosa e são afetados pelas
condições atmosféricas (sujeito a "fading").

Faixas de freqüência para estes sistemas:

• Micro-Ondas: 3000 MHz a 30 GHz


• UHF: 300 MHz a 3000 MHz

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 111 de 195


O Sistema é composto basicamente de:

• Equipamento de rádio
• Antena
• Multiplex
• Modem de Teleproteção

Proteção Multiplex Antena Antena Multiplex Proteção

R R

Modem Radio M.O Radio M.O Modem


Teleproteção ou UHF ou UHF Teleproteção

Figura 4.08 – Componentes de Teleproteção por Rádio

4.2.4 Fibra Óptica

Na atualidade, para teleproteção, é o meio de comunicação mais adequado. Pode-se


utilizar fibras ópticas de:

• Cabos Dielétricos
• Cabos OPGW (Optical Ground Wire).

E a comunicação pode ser:

• Direta, de relé para relé (Fibras dedicadas de cabo dielétrico ou OPGW). Solução
tecnicamente mais desejável.
• Com modem de teleproteção, multiplex e transceptor de dados e cabos OPGW.
• Com modem de teleproteção, multiplex e Rede Digital.
• Eventualmente através de Rede de Comunicações, privada ou pública, sobre tons de
áudio (não recomendável).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 112 de 195


4.3 ESQUEMAS DE TELEPROTEÇÃO

A escolha de um esquema de teleproteção depende de vários aspectos, como o comprimento


da linha a ser protegida, tipo de proteção da linha, tempo de desligamento requerido para a
linha, tipo do canal de comunicação e características do Sistema de Potência.

Geralmente o esquema de teleproteção é escolhido quando da escolha da proteção da linha.


Há relés que são mais adequados para um esquema e menos para outro.

O próprio meio de comunicação depende do tipo de proteção, do comprimento da linha, do


grau de confiabilidade desejado e do limite de investimento para a LT.

Podem-se classificar os esquemas de teleproteção em 5 (cinco) grandes grupos:

• Esquemas de comparação de fase


• Esquemas diferenciais
• Esquemas de transferência de sinal de "trip"
• Esquemas de comparação direcional
• Esquemas de aceleração ou prolongamento de zona

4.3.1 Esquemas de Comparação de Fase

Verifica-se, pelos princípios já mostrados, que esta proteção é imune a oscilações de


potência e a variações de níveis de tensão no Sistema. Deve-se notar que a seletividade
para a proteção de comparação de fase é inerente.

Necessidade de funções de retaguarda

Considerando que a proteção só opera para faltas internas à linha de transmissão, há


necessidade de outros tipos de função de proteção para a mesma linha (como de
distância, por exemplo) para servirem de retaguarda.

A necessidade de retaguarda local é reforçada quando se observa que a proteção de


comparação de fase ficará inoperante sem o canal de comunicação.

Aplicação da Proteção de Comparação de Fase

Ela pode ser utilizada principalmente quando há dificuldades na aplicação de proteção de


distância:

• Linhas curtas, com baixa impedância série;


• Linhas onde há alta possibilidade de curtos-circuitos com alta impadância;
• Linhas de extra-alta tensão, com insuficiência ou inexistência de TP's;
• Linhas com compensação série, inclusive as com capacitores nas extremidades
(apenas algumas categorias de comparação de fase);

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 113 de 195


• Linhas onde se exige maior rapidez na proteção para defeitos internos à linha, desde
que haja meio de comunicação rápido e confiável.

4.3.2 Esquemas Diferenciais

Verifica-se, pelos princípios já mostrados, que também esta proteção é imune a oscilações
de potência e a variações de níveis de tensão no Sistema. Como já mencionado, é uma
proteção inerentemente seletiva.

Necessidade de funções de retaguarda

Considerando que a proteção opera apenas para faltas internas, há necessidade de outros
tipos de função de proteção para a mesma linha (como de distância, por exemplo) para
servirem de retaguarda, e também como uma segunda proteção para melhor
confiabilidade.

A necessidade de retaguarda local é reforçada quando se observa que a proteção


diferencial ficará inoperante sem o canal de comunicação.

Aplicação da Proteção Diferencial

Ela pode ser utilizada principalmente quando há dificuldades na aplicação de proteção de


distância. Entretanto, há filosofias de utilização (outros países) onde esta função é sempre
considerada principal para a LT de Alta ou Extra-Alta Tensão, sendo a função de distância
apenas uma retaguarda.

No Brasil usa-se ess função diferencial para:

• Linhas curtas, com baixa impedância série e dificuldades de ajustes para a função de
distância;
• Linhas onde há alta possibilidade de curtos-circuitos com alta impadância;
• Linhas de EAT, com insuficiência ou inexistência de TP's;
• Linhas com compensação série, inclusive as com capacitores nas extremidades (com
recursos adequados para essa finalidade);
• Linhas onde se exige maior rapidez na proteção para defeitos internos à linha, desde
que haja meio de comunicação rápido e confiável.

4.3.2.1 Fio Piloto

Quando o ambiente é controlado (para evitar aspectos de vandalismo e meio ambiente


hostil), como por exemplo dentro das instalações de uma usina hidroelétrica, e quando há
rotas que não sejam afetadas pela interferência eletromagnética, ainda pode haver uso
de esquema de fio piloto com cabos telefônicos, principalmente quando o fator
econômico tem influência.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 114 de 195


Deve-se, entretanto, observar que a comunicação por fibra óptica está cada vez mais
disponível e viável do ponto de vista econômico, principalmente para curtas distâncias.

4.3.2.2 Outros Meios de Comunicação

O meio ideal para a proteção diferencial de linha de transmissão é a fibra óptica,


preferencialmente por fibras dedicadas e comunicação de relé a relé (rapidez e
cnfiabilidade).

Entretanto, mesmo que a fibra não seja dedicada, com uso de multiplex e outras
interfaces de telecomunicações, os sistemas digitais com fibra óptica constituem-se em
excelente opção.

A duplicação do meio de comunucação é um fator preponderante, para linhas de


importância (por exemplo a Rede Básica no sistema interligado brasileiro). Essa
duplicação não necessita ser, obrigatoriamente, feita com meios idênticos de
comunicação.

Deve-se evitar meios de comunicação com enlaces diversos entre e origem e destino do
sinal transmitido.

O OPLAT pode ser usado, mas é altamente desejável que se tenha meio alternativo de
comunicação.

4.3.3 Esquemas de Transferência de Sinal de Trip ("TRANSFERRED TRIPPING")

Tipos de esquemas

Nestes esquemas, a informação da existência de sinal de "trip" pela proteção, em uma das
extremidades da linha de transmissão, é transmitida através de canal de comunicação a
outra (s) extremidade (s). Dependendo do aproveitamento que se faz do sinal recebido, um
dos seguintes esquemas pode ser utilizado:

• "Transferência Direto de Trip com Subalcance" (Direct Underreaching Transferred


Tripping)

• "Transferência de Trip Permissivo com Subalcance" (Permissive Underreaching


Transferred Tripping)

• "Transferência de Trip Permissivo com Sobrealcance" (Permissive Overreaching


Transferred Tripping)

• "Transferência de Trip Direto" (Direct Transferred Tripping)

O presente documento técnico mostra as filosofias desses esquemas através de


esquemas analógicos, apenas para facilitar a compreensão. Deve-se atentar para o fato
que que, com base nas idéias básicas descritas, estão disponíveis proteções digitais que

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 115 de 195


incorporam muitos recursos (aqui não descritos) que melhoram tanto a rapidez como
também a confiabilidade de cada esquema descrito neste capítulo.

Consideração sobre canais de comunicação

Nos esquemas de transferência de trip, pode-se utilizar, teoricamente, qualquer tipo de


canal de comunicação. A escolha, porém, depende não só de considerações técnicas mas
também de econômicas, e até de tradições e costumes de cada região ou País.

Passado

Nos E.U.A., para estes esquemas, costumava-se não utilizar Carrier (onda portadora) em
linhas de transmissão. A argumentos a favor do Micro-Ondas eram os seguintes:

• Como o sinal transferido de um terminal para outro utiliza a própria linha de


transmissão sob defeito, este sinal pode sofrer grande ou total atenuação, diminuindo
consideravelmente a confiabilidade no caso do OPLAT.
• A utilização de eventual linha adjacente para a transferência de sinal não é prática.

Por outro lado, na Europa, de uma maneira geral, sugeriam a utilização do Carrier sobre
linhas de transmissão, argumentado que:

• Os equipamentos Carrier podem ser feitos mais potentes, diminuindo


consideravelmente os efeitos da atenuação.
• Os acoplamentos podem ser feitos fase-fase e, a probabilidade de ocorrência de curto-
circuito bifásico envolvendo estas duas fases é pequena.
• Para linhas duplas, o acoplamento pode ser feito envolvendo fases dos dois circuitos.
• Sistemas de Micro-Ondas são bem mais caros, se já não existem quanto à infra-
estrutura de comunicações da Empresa.

No Brasil e em geral na América do Sul, utilizava-se qualquer dos dois conceitos,


dependendo da empresa concessionária. Qualquer que seja o meio de comunicação,
porém, o modo de operação "Frequency Shift Key" (FSK) é utilizado. Este modo de
operação permite maior segurança contra sinais falsos que comprometeriam a
confiabilidade da proteção.

Presente

Com o advento da fibra óptica e a popularização do seu uso, bem como devido à evolução
da tecnologia digital microprocessada, aquelas duas vertentes estão convergindo para o
uso generalizado de fibra óptica.

No nosso país, devido a dificuldades de investimento, nem sempre há ou haverá


disponibilidade de OPGW na Linha de Transmissão média ou longa. Neste caso, o OPLAT
continua sendo uma alternativa.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 116 de 195


Para linhas curtíssimas ou curtas, o custo do cabo dielétrico ou do OPGW entre
subestações não é alto. Neste caso, deseja-se que os projetistas considerem, sempre, a
fibra óptica entre as extremidades da LT em questão.

4.3.3.1 Esquema de Transferência Direta de Trip com Subalcance (DUTT)

A figura a seguir mostra o princípio de funcionamento deste esquema. Há necessidade


de transceptor para cada terminal de linha. Para cada terminal de linha o trip local não
depende da recepção do sinal e a recepção do sinal desliga diretamente o disjuntor. Por
isso mesmo, a proteção deve ser ajustada com subalcance (proteção de distância) para
se ter seletividade.

A B
F2 F3
F1

21 21

+ A + B

Recep 21 21 21 21 Recep

Transm Transm

Bobina de Trip do Disjuntor Bobina de Trip do Disjuntor

52/a 52/a
- -

TRANSFERÊNCIA DE TRIP DIRETO COM SUBALCANCE

Figura 4.09 – Transferência Direta de Trip com Subalcance

Para um curto-circuito em F1, há desligamento das duas extremidades da linha pelos


respectivos relés de distância (21) em primeira zona, sem necessidade da teleproteção.
Ocorrerá recepção em cada extremidade, mas o sinal de trip será redundante.

Para um curto-circuito em F2, o disjuntor da extremidade B será desligado pela própria


proteção de distância. O disjuntor da extremidade A será desligado pela recepção do
sinal de transferência de trip. No caso eventual de falha do Canal de Comunicação, o
disjuntor em A será desligado pela sua proteção de distância com o tempo de 2a. zona.

Para um curto-cirucito em F3, o relé em B não atuará pois a falta está na sua direção
reversa. O relé em A atuará na sua 2a. zona apenas se houver falha da proteção da
outra linha adjacente.

Considerando que neste esquema a recepção do sinal desliga diretamente o disjuntor, há


riscos de desligamento intempestivo devido a sinal espúrio no canal de comunicação,

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 117 de 195


apesar de lógicas de segurança. Mas isso depende do meio de comunicação utilizado. O
risco maior seria para o caso do OPLAT. Portanto este esquema é pouco utilizado (há
alternativa como mostrado a seguir).

4.3.3.2 Esquema de Transferência de Trip Permissivo com Subalcance (PUTT)

Este esquema é uma variação do anterior, para evitar falsos desligamentos quando de
recepções espúrias. No circuito de desligamento pela recepção é colocada uma
supervisão (“permissão”), de tal maneira que o trip é efetuado apenas quando de curto-
circuito com direção e alcance detetados por um elemento de partida direcional.

Com isto a confiabilidade é aumentada, diminuindo a probabilidade de falsos


desligamentos. Este esquema é bastante sugerido por fabricantes europeus, para linhas
de transmissão de comprimentos médios e longos. Uma falha do canal de comunicação
não compromete a proteção da linha, a menos do tempo de desligamento:

A B
F2 F3
F1

21 21

+ A B +

Partida Partida
Local Local

Recep 21 21 21 21 Recep

Transm Transm

Bobina de Trip do Disjuntor Bobina de Trip do Disjuntor

52/a 52/a
- -

TRANSFERÊNCIA DE TRIP PERMISSIVO COM SUBALCANCE

Figura 4.10 – Filosofia do Esquema PUTT

4.3.3.3 Esquema de Transferência de Trip Permissivo com Sobrealcance (POTT)

Principalmente para linhas de transmissão CURTAS, não é possível o ajuste preciso da


proteção de distância para 80 ou 85 % da linha de transmissão. Neste caso, ao se utilizar
um esquema com subalcance, haveria grande probabilidade de atuação incorreta da
própria proteção de distância devido aos erros de medição.

O esquema de transferência de trip permissivo com SOBREALCANCE mostrado a seguir


é feito de tal modo a resolver este problema.

Todo trip local (instantâneo) só será possível com a permissão recebida da outra
extremidade da linha. Nestas condições, pode-se ajustar a proteção com sensibilidade

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 118 de 195


suficiente para ultrapassar os limites (em alcance) da própria linha, isto é, com
sobrealcance.

Esse sobrealcance, para relé de tecnologia convencional, era geralmente feito para a
primeira zona, ficando a segunda zona (temporizada) como retaguarda no caso de falha
de comunicação. Com relés digitais modernos, há um componente adicional para ser
ajustado com sobrealcance, apenas para uso com o esquema POTT – neste caso, as
zonas 1 e 2 da proteção de distância, ajustados convencionalmente, operam
independente da teleproteção.

O defeito F1 (ou F2) será detetado de imediato pelas proteções das duas extremidades,
que irão transmitir permissões. Em cada extremidade, a própria atuação e a recepção
irão possibilitar o desligamento do disjuntor.

Um defeito F3 será detectado pelo relé em A, mas não pelo relé em B. Não haverá
desligamento em A pelo fato de não existir recepção (permissão de B):

A B
F2 F3
F1

21 21

+ +

21 21 21
21

Recep Transm Transm Recep

Bobina de Trip do Disjuntor Bobina de Trip do Disjuntor

52/a 52/a
- -

TRANSFERÊNCIA DE TRIP PERMISSIVO COM SOBREALCANCE

Figura 4.11 – Filosofia do Esquema POTT

Deve-se observar que neste tipo de esquema, uma falha no canal de comunicação
compromete a proteção rápida da linha.

Um outro aspecto muito importante a observar é que este esquema pode ser utilizado
com RELÉS DE SOBRECORRENTE DIRECIONAIS (fase e terra) ao invés de relés de
distância. Isto decorre do fato de que o ajuste do alcance não é criterioso para o
esquema. Apenas a direção é crítica.

4.3.3.4 Esquema de Transferência de Trip Direto (DTT)

Neste esquema, o sinal de trip de uma extremidade é utilizado para desligamento direto
na outra extremidade, sem supervisão.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 119 de 195


Às vezes é inevitável a necessidade de uso do esquema de transferência direta de
disparo, apesar do risco de desligamentos indevidos, para determinados casos.

Por exemplo, a proteção de Reator Shunt diretamente conectado na linha, sem disjuntor
local exige esquema DTT. Também no caso da proteção de falha de disjuntor é
necessária a transferência direta de trip para a outra extremidade da linha.

Na figura a seguir mostra-se um exemplo do esquema:


A B

Reator Shunt

+ +
demais proteções em A
Prot. Falha
Recep Outras
Reator Disjuntor
Transm

Bobina de Trip do Disjuntor Bobina de Trip do Disjuntor

52/a 52/a
- -

TRANSFERÊNCIA DE TRIP DIRETO

Figura 4.11 – Filosofia do Esquema DTT

Neste esquema, uma falha do canal de comunicação compromete totalmente a proteção


do Reator Shunt. Assim sendo, a duplicação de canais de comunicação é obrigatória.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 120 de 195


4.3.4 Esquemas de Comparação Direcional ("DIRECTIONAL COMPARISON")

Tipos de esquemas

Nestes esquemas, a informação da direção é transmitida de um terminal para o outro


através do canal de comunicação. Dependendo do aproveitamento que se faz do sinal
recebido e dependendo também de como e qual a direção que é detetada por cada
terminal, um dos esquemas seguintes pode ser utilizado:

• Esquema de comparação direcional com bloqueio ("Directional Comparison Blocking


System")
• Esquema de comparação direcional com desbloqueio ("Directional Comparison
Unblocking System")

Considerações sobre o canal de comunicação

Para estes esquemas pode-se utilizar, também, qualquer canal de comunicação.

Nos E.U.A., recomendava-se a utilização de canais Carrier em linhas de transmissão, pelo


fato de que, no esquema "blocking", o sinal Carrier não trafega pela linha protegida quando
de defeitos internos à mesma, não havendo problemas quando de atenuação de sinal.

Os esquemas de comparação direcional não são comumente sugeridos pelos europeus.

4.3.4.1 Esquema BLOCKING de Comparação Direcional

A figura a seguir mostra como funciona o esquema:

A B
F2 F3
F1

P P
S + S

P
BLOQUEIO
DA TRANSMISSÃO
CS

Recepção
ON-OFF S
CS PARTIDA
Bobina de Trip do Disjuntor TRANSMISSÃO CARRIER
13 ~ 16 ms

52/a
-

COMPARAÇÃO DIRECIONAL TIPO BLOCKING

Figura 4.12 – Filosofia do Esquema Blocking

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 121 de 195


O aspecto principal deste esquema é evitar que uma informação crucial para a proteção
seja transmitida sobre uma linha em defeito. Assim, a transmissão é efetuada sobre a
linha apenas para "informar" a outra extremidade que o defeito é externo à linha.

Os relés de proteção S são conectados de tal maneira a detetar defeitos "para trás" .
Quando de defeito em F3, a proteção S da extremidade B ativará o Carrier e transmitirá
sinal para bloqueio da outra extremidade. A proteção P na extremidade A detectará
também o defeito F3. Porém, seu trip é retardado de 13 a 16 ms para que haja tempo
para chegada do sinal de bloqueio.

Para curtos-circuitos em F1 e F2, nenhuma proteção S atuará. Mesmo que haja uma
eventual atuação de um relé S, a atuação da proteção P bloqueará a transmissão. Após
as temporizações CS, os disjuntores serão desligados. O Carrier, neste caso, não tem
influência na proteção.

Evidentemente, as proteções P e S devem ser direcionais. Podem ser utilizados relés de


distância ou relés direcionais de sobrecorrente.

Observa-se, finalmente, que os relés de proteção P deverão ser ajustados com


sobrealcance.

4.3.4.2 Esquema UNBLOCKING de Comparação Direcional

O esquema mostrado a seguir é bastante semelhante ao esquema de transferência de


disparo permissivo com sobrealcance.

A B
F2 F3
F1

P P
+

P
TRANSMISSÃO CARRIER
DO SINAL DE DESBLOQUEIO
RECEPÇÃO

Bobina de Trip do Disjuntor

52/a
-

COMPARAÇÃO DIRECIONAL TIPO UNBLOCKING

Figura 4.13 – Filosofia do Esquema Unblocking

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 122 de 195


É evidente que o esquema de transferência de trip permissivo com sobrealcance se
confunde com o esquema de comparação direcional tipo unblocking. Para diferenciá-los,
pode-se estabelecer o seguinte:

• Se uma informação de trip da proteção é utilizada para a transmissão e se a lógica é


a mostrada na Figura 4.11, o esquema é de transferência de trip.

• Se uma informação de direção ou elemento de partida da proteção é utilizado, e se a


lógica é a mostrada na Figura 4.13, o esquema é de comparação direcional.

Porém, é melhor compreender que tudo é uma questão de terminologia e o que importa é
o entendimento do princípio de funcionamento e as limitações de cada esquema.

4.3.5 Esquemas de ACELERAÇÃO ou PROLONGAMENTO DE ZONA de proteção de


distância

Estes tipos de esquemas eram muito utilizados por fabricantes europeus para relés de
tecnologia convencional. O seu grau de confiabilidade é semelhante ao do esquema de
transferência de trip com subalcance. Isto é, no caso de falha de comunicação, as
proteções de linha irão atuar normalmente, apenas com atraso no tempo de atuação para
defeitos em alguns trechos da linha protegida (2a. zona).

A figura a seguir mostra o funcionamento do esquema:

A B
F2
F1

21 21

+ A + B

21 21- Trip ou Elemento Direcional Recepção

Transmissão

Bobina de Trip do Disjuntor ( 1 ) - Corte da Temporização da 2a. Zona (ACELERAÇÃO)


OU
52/a ( 2 ) - Aumento do Alcance da 1a. Zona (PROLONGAMENTO)
-

ESQUEMA DE PROLONGAMENTO OU ACELARAÇÃO DE ZONA

Figura 4.14 – Filosofia de Aceleração ou Prolongamento de Zona

Para um defeito na linha, pelo menos um dos relés detecta o mesmo na sua 1a. zona. Este
relé desliga o respectivo disjuntor e envia sinal para a outra extremidade da linha. Na
extremidade receptora, o sinal é utilizado no relé de distância para uma das duas
alternativas:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 123 de 195


• Para cancelar a temporização de 2a. zona. A seguir o relé irá atuar (trip). Este
esquema é o chamado Aceleração de Zona.
• Para prolongar o alcance da 1a. zona. A seguir o relé irá atuar (trip). Este esquema é o
chamado de Prolongamento de Zona.

O sinal transmitido pela primeira extremidade e recebido na segunda pode ser o sinal de
“trip” ou o sinal de “direção”.

Nas modernas proteções digitais, as lógicas de alcance e loops de medição são feitos por
software, e não por dispositivos eletromecânicos ou eletrônicos convencionais. Assim
sendo, há esquemas semelhantes, porém adptados à evolução tecnológica e recursos
adicionais.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Teleproteção 124 de 195


5. FILOSOFIA DE PROTEÇÃO

Entende-se como filosofia de proteção a composição de funções específicas de Proteção, de


Telecomunicação e dos demais recursos, para a proteção de uma linha de transmissão,
visando aspectos de seletividade, rapidez e confiabilidade.

Com a mudança no Setor Elétrico brasileiro iniciada nos anos 90, estabeleceu-se pela
primeira vez no país, requisitos mínimos dos Sistemas de Proteção, através dos chamados
Procedimentos de Rede do ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Apresenta-se aqui, tanto as filosofias que expressam os requisitos mínimos dos


Procedimentos de Rede como também aquelas outras que já existiam no país ou que são
aplicadas em linhas não definidas pelos procedimentos.

5.1 BASEADOS NOS PROCEDIMENTOS DE REDE DO ONS

O submódulo 2.5 dos Procedimentos de Rede do ONS estabelece os “Requisitos Mínimos


dos Sistemas de Proteção, Supervisão / Controle e de Telecomunicações”. O seu capítulo 5
trata dos requisitos técnicos dos sistemas de proteção válidos para linhas que integram ou
irão integrar a Rede Básica do sistema interligado brasileiro.

Deve-se observar que são as funcionalidades mínimas exigidas. Geralmente, em função da


grande flexibilidade e disponibilidade de funções de proteção adicionais oferrecidas nos
modernos relés de proteção de tecnologia digital, sempre se terá mais funções que essas
mostradas nas filosofias a seguir.

Entre as funções adicionais não exigidas pelos Procedimentos de Rede estão as funções de
Seqüência Negativa (46) e de Sobrecarga Térmica (49).

Requisitos Gerais Estabelecidos

Entre outros requisitos, destacam-se os seguintes:

• O posicionamento e quantidade de TC’s deverão permitir a superposição de zonas de


proteção.

Vide figuras 1.3 e 1.4. Prefere-se o disposto na figura 1.3, pois evita-se a zona morta
mostrada na figura 1.4. Deve-se observar entretanto que, até o presente momento, na
aprovação dos projetos básicos, a Aneel não tem sido rigorosa neste aspecto.

• A proteção deve ser concebida de modo a não depender da retaguarda remota. No caso
de proteção de barrametno, é admitida excepcionalmente proteção de retaguarda remota
quando da indisponibilidade da sua única proteção.

• Cada equipamento primário, exceção feita aos barramentos, deve ser protegido por, no
mínimo, dois conjuntos de proteção completamente independentes. Acrescenta-se,
quando aplicável, a proteção intrínseca dos equipamentos.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Filosofia de Proteção 125 de 195


Está subentendido que a linha de transmissão está incluída nesse requisito. Os dois
conjuntos não devem, necessariamente, ter idênticas funcionalidades ou serem iguais. O
que importa é que sejam independentes entre si, na proteção da LT.

• As informações de tensão e de corrente para cada conjunto independente de proteção


devem ser obtidas de núcleos de TC’s e secundários de TP’s diferentes.

• Os conjuntos de proteção deverão ser alimentados por bancos de baterias, retificadores e


circuitos CC independentes.

• Os sistemas de proteção deverão possuir saídas para acionar disjuntores com dois
circuitos de disparo independentes e para acionamento mono e tripolar.

Está subentendido que circuitos independentes de CC devem ser utilizados para cada
bobina de disparo do(s) disjuntor(es).

• Para linhas de transmissão, os conjuntos de equipamentos instalados em todos os


terminais da LT devem ser idênticos (mesmo fabricante, marca e modelo), não sendo
admissível a utilização de equipamentos diferentes.

5.1.1 Linhas de Extra Alta Tensão (nível de tensão igual ou superior a 345 kV)

Todas as linhas de transmissão de Extra Alta Tensão pertencem à Rede Básica do sistema
interligado brasileiro, conforme definição do ONS.

Para essas linhas de transmissão, além dos requisitos gerais estabelecidos no item
anterior, são exigidos entre outros aspectos, os seguintes:

− Proteção primária e Proteção alternada (dois conjuntos) totalmente redundantes,


provendo cada um deles proteção unitária e de retaguarda.

Geralmente se recomenda a duplicação da proteção, isto é, usar conjuntos idênticos ou


quase idênticos para a proteção primária e alternada, o que reduz necessidades
adicionais de treinamento e peças de reserva.

− Teleproteção duplicada, preferncialmente por meios diferentes de comunicação.

− A função 67N deve estar incorporada ao esquema de teleproteção utilizado.

Com base nos requisitos descritos, pode-se elaborar um exemplo de esquema básico
como o mostrado na figura a seguir, que mostram as funções mínimas exigidas.

Observe a solução para linhas curtas ou muito curtas, com o uso da função diferencial ou
de comparação de fases.

Observa-se na prática que existem muitas variações de projeto e concepção da filosofia de


proteção, o que depende do tipo de proteção utilizada e as funcionalidades disponíveis.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Filosofia de Proteção 126 de 195


PROTEÇÕES DO MESMO MODELO E TIPO EM AMBOS OS
TERMINAIS DA LT

Em cada terminal, duplicação total do Sistema de Proteção,


incluindo: Alimentação DC, núcleos de TC's, secundários de
TP's, bobinas de abrir dos dijuntores e Relés.

21 21 21 21
F 59 F 59
79 F F 79
21 59 21 21 59 21
N T N 59 N T N
59
78
ou 68 78
ou 68 59 68
ou 78 68
ou 78
ost osb ost osb 59 osb ost osb ost
T
T
67 67 67 67
N N N N
25 25
50 50 50 50
stub stub stub stub

50 50 50 50
fsf fsf fsf fsf

50 Opções 50
BF BF
PUTT, POTT, Blocking, Unblocking, DUTT

Teleproteção Duplicada com meios de transmissão distintos,


para funções 21F/21N e 67N

Stub = para esquema “disjuntor e meio”


fsf = fechamento sobre falta

OU (Linha Curta)

87 59 87 87 59 87
L L L L 79
79
59 59
67 67 59 59 67 T 67
T

67 67 59 59 67 67
N N T T N N

50 50 50 50
stub stub stub stub

50 50 50 50
fsf fsf fsf fsf
25 Diferencial 25
50 50
BF BF

Teleproteção Duplicada com meios de transmissão distintos

67/67N poderia ser subistituído por 21/21N + 67N de modelo mais simples, mas
para LT não tão curta

Poderia ser Proteção de COMPARAÇÃO DE FASES ao invés do DIFERENCIAL

Figura 5.01 – Filosofia de Proteção de Linha de EAT segundo Requisitos Mínimos dos
Procedimentos de Rede do ONS

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Filosofia de Proteção 127 de 195


5.1.2 Linhas de 230 kV e 138 kV da Rede Básica

Nem todas as linhas de transmissão de 230 kV pertencem à Rede Básica. Por exemplo.
uma linha radial que alimenta indústria ou uma linha que conecta uma Geração à rede
interligada, não pertence à Rede Básica. São pouquíssimas as linhas de 138 kV que
pertencem à Rede Básica.

O mostrado a seguir vale para aquelas linhas que integram ou que irão integrar a Rede
Básica.

Para essas linhas de transmissão, as seguintes diferenças podem ser destacadas com
relação às linhas de EAT:

− Não se exige total redundãncia.

A duplicação da proteção, neste caso, é opcional

− A teleproteção não necessita ser duplicada.

− A teleproteção não é obrigatória para linhas de 138 kV. Apenas se as exigências


técnicas de proteção da linha assim o exigirem, a mesma é considerada.

Com base nos requisitos descritos, pode-se elaborar um exemplo de esquema básico
como o mostrado na figura a seguir, que mostram as funções mínimas exigidas.

Observe a solução para linhas curtas ou muito curtas, com o uso da função diferencial ou
de comparação de fases.

Observa-se na prática que existem muitas variações de projeto e concepção da filosofia de


proteção, o que depende do tipo de proteção utilizada e as funcionalidades disponíveis.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Filosofia de Proteção 128 de 195


PROTEÇÕES DO MESMO MODELO E TIPO EM AMBOS OS
TERMINAIS DA LT

Em cada terminal, proteção Principal e proteção de


Retaguarda, independentes entre si, incluindo: Alimentação
DC, núcleos de TC's, secundários de TP's, bobinas de abrir
dos dijuntores e Relés.

21 21
F 59 59
BF F BF
21 59 59 21
79 50 50
N T T N 79
BF BF
68 68
osb 67 67 osb

50 50
stub 67N 67N stub
25 25
Opções
PUTT, POTT, Blocking, Unblocking, DUTT

Teleproteção para funções 21F/21N e 67N

Stub = para esquema “disjuntor e meio”

OU (Linha Curta)

87 67 87
BF 67 BF
L L
59 59
79 50 50 79
67N 67N
BF 59 BF
59
T T
50 50
stub stub

Diferencial

25 Apesar de não obrigatória, 25


comunicação uplicada

67/67N poderia ser subistituído por 21/21N mais simples, mas para LT não tão curta
Poderia ser Proteção de COMPARAÇÃO DE FASES ao invés do DIFERENCIAL

Figura 5.02 – Filosofia de Proteção de Linhas 230 kV e 138 kV, que pertencem à Rede Básica,
segundo Requisitos Mínimos dos Procedimentos de Rede do ONS

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Filosofia de Proteção 129 de 195


5.2 LINHAS QUE NÃO INTEGRAM A REDE BÁSICA

Incluem-se neste grupo, milhares de quilômetros de linhas de 138 kV, 88 kV e 69 kV que


pertencem a redes de transmissão e de subtransmissão, de empresas de transmissão e de
distribuição de energia.

Os seguintes aspectos podem ser destacados para essas linhas:

• Como regra geral, não é adotada e nem é necessária a duplicação da proteção ou


conjuntos independentes como nas linhas da Rede Básica.

• A proteção de distância não precisa, obrigatoriamente, ser utilizada para linhas radiais.

• O esquema básico adotado, de um modo geral, para linha não radial é constituído de
funções de distância de fase e terra (21/21N) e direcionais de fase e de terra (67/67N).

• A teleproteção nem sempre é utilizada. Ela é utilizada apenas quando estritamente


necessária.

• Para linhas curtas ou curtíssimas, as funções fio-piloto ou diferencial são amplamente


utilizadas, com funções de sobrecorrente direcionais ou não, de fase e de terra, para
retaguarda local.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Filosofia de Proteção 130 de 195


6. BIBLIOGRAFIA

[1] Ziegler, G. – “Numerical Distance Protection – Principles and Applications” – Siemens AG,
Berlin and Munich, 1999.

[2] Elmore, W. A. – “Protective Relaying Theory and Applications”, ABB – Marcel Dekker, Inc.,
1994.

[3] Calero F.. – “Componentes Simétricas y Unidades Direccionales de Protección de


Sistemas Eléctricos de Potencia.” – Schweitzer Engineering Laboratorios – IEEE T&D Latin
America, 2002 – São Paulo.

[4] Warrington, A. R. Van C. – “Protective Relays – Their Theory and Practice” Volume One –
Second Edition, 1968.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – LINHAS DE TRANSMISSÃO Bibliografia 131 de 195


7. EXEMPLO DE AJUSTES E SELETIVIDADE PARA LINHA DE TRANSMISSÃO

O exemplo apresenta um resumo dos estudos de seletividade e ajustes de uma proteção


Siemens 7SA612 de uma Subestação denominada Alfa, da saída de linha de transmissão
em 230 kV para a US Beta.

As proteções referentes ao estudo estão indicadas no diagrama unifilar a seguir.

7.1 DADOS DAS INSTALAÇÕES PRINCIPAIS E LINHA DE TRANSMISSÃO

TRANSFORMADORES DE CORRENTE DE PROTEÇÃO

Relações disponíveis: 1000 / 2000 – 5 A

02 enrolamentos de classe 10B400

TRANSFORMADORES DE POTENCIAL CAPACITIVOS

230000 / 3 - 110,66 – 115 / 3 - 110,66 - 115 / 3

Classe 0,3P75

IMPEDÂNCIAS SEQUENCIAIS DA LINHA (Circuito Duplo)

LT ALFA - BETA 230 kV

Z(+) = Z(-) = 0,26 + j1,84 % = 1,858 /_82o % (9,83 ohms primários)

Z(0) = 1,98 + j7,96 %

Z(0m) = 1,72 + j5,60 %

Comprimento: 28 km

TRANSFORMADORES ELEVADORES TR-01 e TR-02 DE BETA

210 MVA

18/235 kV (tap intermediário)

Reatância: 0,065 pu (base 100 MVA e 230 kV)

TRANSFORMADOR ELEVADOR TR-03 DE BETA

290 MVA

18/235 kV

Reatância: 0,047 (base 100 MVA e 230 kV)

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 132 de 195


7.2 PROTEÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO

7.2.1 Relés Utilizados

Proteção Primária: 7SA6125 - Siemens

Proteção Alternada: 7SA6125 - Siemens

Documentos:

SIPROTEC - Distance Protection 7SA6 - V4.2

Manual Siemens C53000-G1176-C156-1

7.2.2 Referência Técnica

“Numerical Distance Protection –Principles and Applications”

Gerhard Ziegler, Siemens – Erlangen: Publicis-MCD-Verl., 1999.

7.2.3 Descrição

O relé de proteção de distância tipo 7SA6 é um dispositivo universal para proteção,


controle e automação baseado no sistema Siprotec 4.

Possui sistema de medição não chaveado e incorpora todas as funções adicionais para
proteção de linhas aéreas e cabos, para tensões desde 5 a 765 kV.

Funções de Proteção

O diagrama de funções a seguir mostra as funções disponíveis no relé 7SA6:

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 133 de 195


onde:

• 21/21N Proteção de Distância


• FL Localizador de Faltas
• 50N/51N Proteção de Sobrecorrente de Terra
• 67N Proteção de Direcional de Falta à Terra
• 50/51 Proteção de Sobrecorrente de Retaguarda
• 50STUB Proteção de Sobrecorrente STUB
• 68/68T Detecção de Oscilação de Potência / Trip
• 85/21 Teleproteção para a Proteção de Distância
• 27WI Proteção “Weak Infeed”
• 85/67N Teleproteção para Proteção Direcional de Faltas à Terra
• 50HS Proteção de Fechamento sobre Falta (“Switch-onto-Fault”)
• 50BF Proteção de Falha de Disjuntor
• 59/27 Proteção de Sobretensão / Subtensão
• 25 Função Verificação de Sincronismo
• 79 Função Religamento Automático
• 74TC Função Supervisão do Circuito de Trip
• 86 Função Bloqueio de Fechamento
• 49 Proteção Térmica para Sobrecarga
• IEE Função Detecção de Faltas a Terra com Alta Impedância

Funções de Controle:

• Comandos para Controle de Disjuntores e Seccionadoras.

Funções de Monitoramento:

• Supervisão do Circuito de Trip


• Automonitoramento
• Supervisão dos Valores Medidos
• Sequenciamento de Eventos/Faltas
• Registrador de Perturbações
• Estatística de Manobras

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 134 de 195


7.3 FILOSOFIA E ESQUEMA DE TELEPROTEÇÃO DA LINHA

Para a teleproteção da LT Alfa - Beta 230 kV, serão utilizados 2 (dois) equipamentos ópticos
distintos, sendo que para cada um deles serão configurados com:

• Um canal (Tx / Rx – Transmissão / Recepção) para a Proteção Primária;


• Um canal (Tx / Rx – Transmissão / Recepção) para a Proteção Alternada;
• Dois canais (2 Tx / Rx – 2 Transmissão / Recepção) para Transferência Direta de Trip.

Na figura a seguir é apresentado de maneira esquemática, o esquema de teleproteção.

Equipamento Óptico 1
Proteção Primária - Transmissão
Proteção Alternada - Transmissão Tx
Canal 1
Proteção Primária - Recepção Rx
Proteção Alternada - Recepção

Tx
Transferência Direta de Trip - Transmissão Canal 2
Sobretensão Inst e Temp Primária Rx
Sobretensão Inst e Temp Alternada
Out of Step Tripping Primária
Out of Step Tripping Alternada
Falha do Disjuntor Equipamento Óptico 2

Transferência Direta de Trip - Recepção Tx


Trip Disjuntor Linha Canal 3
Trip Disjuntor Transf. Rx
Bloqueio Relig. Autom.

Tx
Canal 4
Rx

Trip Funções Temporizadas da Proteção Primária


Trip 21N - Primeira Zona - Proteção Primária
Trip 21P - Primeira Zona - Proteção Primária

Trip Disjuntor Linha


Transmissão - Prot. Primária - Canais 1 e 3
Trip Disjuntor Transf

Partida 67N - Proteção Primária


Partida Direcional 21N (Z1B) - Proteção Primária
Partida Direcional 21P (Z1B) - Proteção Primária

Recepção - Prot. Primária - Canais 1 e 3

Trip Funções Temporizadas da Proteção Alternada


Trip 21N - Primeira Zona - Proteção Alternada
Trip 21P - Primeira Zona - Proteção Alternada

Trip Disjuntor Linha


Transmissão - Prot. Alternada - Canais 1 e 3
Trip Disjuntor Transf

Partida 67N - Proteção Alternada


Partida Direcional 21P (Z1B) - Proteção Alternada
Partida Direcional 21P (Z1B) - Proteção Alternada

Recepção - Prot. Primária - Canais 1 e 3

Esquema de Teleproteçãp da LT Alfa - Beta

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 135 de 195


O esquema de teleproteção a ser utilizado para a função distância será o de Transferência de
Trip Permissivo com Sobrealcance (POTT - Permissive Overreach Transfer Trip).

O esquema de transferência permissivo por sobrealcance utiliza o princípio do desbloqueio


permissivo. O ajuste da zona sobrealcançada Z1B para alcançar além da subestação remota
é determinante. Este esquema deve ser usado em linhas extremamente curtas, onde o ajuste
de 85% do comprimento da linha para a primeira zona Z1 não é possível de ser feito para
garantir um desligamento seletivo e instantaneo. Neste caso, a zona Z1 deve ser temporizada
de T1, para evitar desligamentos não seletivos pela zona Z1.

A figura a seguir apresenta o funcionamento deste esquema.

Esquema Permissivo com Sobrealcance

A proteção de distância, ao identificar uma falta dentro da zona sobrealcançada Z1B,


transmite um sinal de desbloqueio para a extremidade oposta da linha. Ao receber um sinal
de desbloqueio da outra extremidade da linha, um sinal de desligamento é dado através do
relé de trip. O pré-requisito para um trip instantâneo é portanto, que a falta seja identificada
como dentro da zona Z1B na direção “para frente” de ambas as extremidades da linha. A
proteção de distância é ajustada de tal forma que a zona sobrealcançada Z1B alcance além
de subestação remota (aproximadamente 120% de comprimento da linha).

Todas as zonas de proteção, com exceção da zona Z1B, operarão independente do


recebimento do sinal de desbloqueio da extremidade oposta da linha. Isso permite que a
proteção opere com as características normais de temporização para trip, independente do
sinal de teleproteção.

Para a função 67N, será utilizado o Esquema de Comparação Direcional (Unblocking – ou


Permissivo), cujo funcionamento é mostrado na figura a seguir.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 136 de 195


Esquema de Conparação Direcional

O esquema de teleproteção para a função distância bem como o esquema de teleproteção


para a função de sobrecorrente direcional de terra pode utilizar os mesmos canais, em
paralelo, tanto para transmissão como para recepção, pois são funcionalmente compatíveis.

Assim, tem-se pelos dois canais permissivos (canais 1 e 3), tanto para a Proteção Primária
como para a Alternada:

• Esquema de transferência de trip permissivo com sobrealcance para função distância.


O trip com atuação em primeira zona, bem como das outras zonas temporizadas não
requerem a recepção de permissão para desligar o disjuntor.

• Esquema de Comparação Direcional com Desbloqueio para a função de


sobrecorrente direcional de terra.

Transmissão pelos canais 2 e 4 (Transferência Direta de Trip) ocorrerá quando da ocorrência


de um dos seguintes eventos:

• Atuação da proteção BF do disjuntor da linha.


• Atuação da proteção 78 (“Out of Step Tripping”) das proteções primária ou alternada,
se configurada na proteção.
• Atuação das proteções 59I e 59T (sobretensão instantânea e temporizada) das
proteções primária e alternada.

Recepção simultânea pelos canais 2 e 4:

• Desligamento tripolar direto do disjuntor da linha de transmissão (disjuntor próprio da


LT ou de transferência), com bloqueio do religamento automático.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 137 de 195


7.4 AJUSTES PARA A PROTEÇÃO PRIMÁRIA DO CIRCUITO 1 DA LT ALFA – BETA.

Tipo 7SA612 / Siemens


MLFB 7SA6125-5BB61-7PR5
Name 7SA612
Versão 4.21.02
Número de Série
RTC 2000 - 5 A
RTP 230: 1,732 - 0,115: 1,732 kV
Disjuntor 52X
Painel de Instalação

7.4.1 CONFIGURAÇÃO

Device Configuration

No. Name Value

00103 Setting Group Change Option Disabled


00110 Trip mode 1-/3pole
00114 21 Distance protection pickup program Z< (quadrilateral)
00120 68 Power Swing detection Enabled
00121 85-21 Pilot Protection for Distance prot POTT
00122 DTT Direct Transfer Trip Disabled
00124 50HS Instantaneous High Speed SOTF Enabled
00125 Weak Infeed (Trip and/or Echo) Enabled
00126 50(N)/51(N) Backup OverCurrent Time Overcurrent Curve IEC
00131 50N/51N Ground OverCurrent Time Overcurrent Curve IEC
00132 85-67N Pilot Protection Gnd. OverCurrent Directional Comparisson Pickup
00133 79 Auto-Reclose Function 1 AR-cycles
00134 Auto-Reclose control mode with Trip and Action time
00135 25 Synchronism and Voltage Check Enabled
00137 27 59 Under/Overvoltage Protection Enabled
00138 Fault Locator Enabled

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 138 de 195


00139 50BF Breaker Failure Protection Disabled
00140 74TC Trip Circuit Supervision Disabled
00142 49 Thermal Overload Protection Disabled

Comentários

00103 Setting Group Change Option: Disabled

Será ativado apenas um grupo de ajuste. (Possíveis 4 grupos de ajustes).

00110 Trip mode: 1-/3pole

Selecionado o modo mono ou tripolar para desligamento. Admitido que os disjuntores


aceitam comandos tanto mono como tripolares de abertura.

00114 21 Distance protection pickup program: Z< (quadrilateral)

Selecionada a característica de partida para a função distancia. A partida será por


subimpedância, com característica quadrilateral. Uma falta que se localizar em qualquer
zona de atuação configurada provoca o “pickup” da função de distância.

00120 68 Power Swing detection: Enabled

Habilitada a função de detecção de oscilação de potência.

00121 85-21 Pilot Protection for Distance prot: POTT

Selecionado o esquema de transferência de trip permissivo por sobrealcance, como o


esquema de teleproteção a ser utilizada com a função distância. Esquema adequado
para linha curta.

00122 DTT Direct Transfer Trip: Disabled

Não habilitada a função de transferência direta de trip.

00124 50HS Instanteneous High Speed SOTF: Enabled

Habilitada a fução de sobrecorrente instantaneo para a função “switch onto fault”.

00125 Weak Infeed (Trip and/or Echo): Enabled

Habilitada a função weak infeed.

00126 50(N)/51(N) Backup OverCurrent: Time Overcurrent Curve IEC

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 139 de 195


Selecionada a curva IEC.

00131 50N/51N Ground OverCurrent: Time Overcurrent Curve IEC

Selecionada a curva IEC

00132 85-67N Pilot Protection Gnd. OverCurrent: Enabled

Selecionado o esquema de partida por comparação direcional como esquema de


teleproteção a ser utilizado com a função sobrecorrente direcional de terra.

00133 79 Auto-Reclosure Function: 1 AR-cycles

Selecionada uma tentativa de religamento automático.

00134 Auto-Reclosure control mode: with Trip and Action Time

Selecionado “with Trip and Action Time”.

00135 25 Synchronism and Voltage Check: Enabled

Habilitada função de verificação de sincronismo e de tensão.

00137 27 59 Under/Overvoltage Protection: Enabled

Habilitada a função de sobretensão.

00138 Fault Locator: Enabled

Habilitada a função de localização de faltas.

00139 50BF Breaker Failure Protection: Disabled

Não habilitada a função de proteção para falha de disjuntor.

00140 74TC Trip Circuit Supervision: Disabled

Função não habilitada.

00142 49 Thermal Overload Protection: Disabled

Função não habilitada.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 140 de 195


7.4.2 ENTRADAS BINÁRIAS

Configuradas conforme projeto elétrico funcional. Não faz parte deste exemplo

MASKING I/O (CONFIGURATION MATRIX)


Binary inputs
BI 1
BI 2
BI 3
BI 4
BI 5
BI 6
BI 7
BI 8
BI 9
BI 10
BI 11
BI 12
BI 13
BI 14
BI 15
BI 16
BI 17
BI 18
BI 19
BI 20
BI 21
BI 22
BI 23
BI 24
BI 25
BI 26
BI 27
BI 28
BI 29

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 141 de 195


7.4.3 SAÍDAS BINÁRIAS

Configuradas conforme projeto elétrico funcional. Não faz parte deste exemplo

Masking I/O (Configuration Matrix)

Binary outputs
BO 1
BO 2
BO 3
BO 4
BO 5
BO 6
BO 7
BO 8
BO9
BO10
BO11
BO12
BO13
BO14
BO15
BO16
BO17
BO18
BO19

Etc......até

BO 32

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 142 de 195


7.4.4 LED’s

Configuração com itens principais de interesse:

MASKING I/O (CONFIGURATION MATRIX)


LED
LED 1 00511 Relay GENERAL TRIP command L
00512 Relay TRIP command – Only Phase A L
LED 2
00515 Relay TRIP command Phases ABC L
00513 Relay TRIP command – Only Phase B L
LED 3
00515 Relay TRIP command Phases ABC L
00514 Relay TRIP command – Only Phase C L
LED 4
00515 Relay TRIP command Phases ABC L
LED 5 00506 Relay PICKUP Earth L
03811 21 Trip Single - phase Z1 L
LED 6 03823 21 TRIP 3phase in Z1 with single-ph Flt. L
03824 21 TRIP 3phase in Z1 with multi-ph Flt. L
03813 21 Trip Single - phase Z1B L
LED 7 03825 21 TRIP 3phase in Z1B with single-ph Flt L
03826 21 TRIP 3phase in Z1B with multi-ph Flt. L
03816 21 TRIP single-phase Z2 L
LED 8
03817 21 TRIP 3phase in Z2 L
03818 21 TRIP 3phase in Z3 L
LED 9 03821 21 TRIP 3phase in Z4 L
03822 21 TRIP 3phase in Z5 L
04006 >85-21 Carrier RECEPTION Channel 1 L
LED 10
01318 >85-67N Carrier RECEPTION Channel 1 L
04056 85-21 Carrier SEND signal L
LED 11
01384 85-67N Carrier SEND signal L
LED 12 02851 79 – Close command L
02781 79 Auto recloser is switched OFF U
LED 13
02783 79: Auto recloser is blocked U
LED 14 00361 >Failure: Feeder VT (MCB tripped) L

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 143 de 195


7.4.5 POWER SYSTEM DATA 1 (Secondary Values)

Caracterização geral para a proteção:

Power System Data 1 (Secondary Values)


0201 CT Starpoint towards Line
0203 Rated Primary Voltage 230,0 kV
0204 Rated Secondary Voltage (L-L) 115 V
0205 CT Rated Primary Current 2000 A
0206 CT Rated Secondary Current 5A
0210 V4 voltage transformer is Vsync transformer
0211 Matching ratio Phase-VT To Open-Delta-VT 1,73
0212 VT connection for sync. voltage B-G
0214A Angle adjustment Vsync-Vline 0°
0215 Matching ratio U-line / Usync 1,0
0220 I4 current transformer is Neutral Current of the parallel line
0221 Matching ratio I4/Iph for CT’s 1,000
0207 System Starpoint is Solid Grounded
0230 Rated Frequency 60 Hz
0235 Phase Sequence ABC
0236 Distance measurement unit km
Zero seq. comp. factors RG/RL
0237 Setting format for zero seq.comp. format
and XG/XL
0239 Closing (operating) time of 52 (CB) 0,05 sec (Confirmar no campo)
0240A Minimum TRIP Command Duration 0,10 sec
0241A Maximum Close Command Duration 0,10 sec
0242 Dead Time for CB test-autoreclosure 0,10 sec

Comentários

0201 CT Starpoint: towards Line

Aterramento dos TC´s do lado da linha.

0203 Rated Primary Voltage: 230,0 kV

Tensão primária nominal de 230 kV

0204 Rated Secondary Voltage (L-L): 115 V

Tensão Secundária nominal de 115 V (entre fases)

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 144 de 195


0205 CT Rated Primary Current: 2000 A

Corrente primária nominal do TC: 2000 A


A relação de TC de 200/5 é adotada considerando o documento “Estudos Elétricos para
Inserção da UTE Beta à Rede Básica”, CELPE, dezembro de 2000 – que preconiza que
um único circuito deve ter capacidade de escoar toda a carga da UTE Beta, em torno de
540 MVA, o que equivale a 1.356 A em 230 kV.

0206 CT Rated Secondary Current: 5 A

Corrente secundária nominal do TC: 5 A

0210 V4 voltage transformer is: Vsync transformer

Enrolamento V4 utilizado para tensão de sincronização.

0211 Matching ratio Phase-VT to Open-Delta-VT: 1,73

Relação entre fase do TP e o seu delta aberto: 1,732

0212 VT connection for sync. voltage: B-G

Ligação do TP para tensão de sincronização: B-N

(Admitido TP da Barra idêntico ao TP da linha)

0214A Angle adjustment Vsync-Vline: 0o

Defasagem entre Vsync e Vline: 0o

0215 Matching ratio U-line/Usync: 1,0

Relação entre tensão da linha e de sincronização: 1,0

0220 I4 current transformer is: Neutral current of the parallel line

Enrolamento I4 alimentado pela corrente de terra (circuito residual) do circuito paralelo.

0221 Matching ratio I4/Iph for CT´s: 1,0

Relação entre TC´s que fornecem a corrente para I4 e as correntes de fases: 1,0.

2000 System Starpoint is: Solid Grounded

Sistema solidamente aterrado.

0230 Rated Frequency: 60 Hz

Frequência nominal: 60 Hz.

0235 Phase Sequence: A B C

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 145 de 195


Sequencia de fases: A B C

0236 Distance measurement unit: km

Unidade de medida de distância: km

0237 Setting format for zero seq. comp. format: Zero seq. comp. factors RG/RL and
XG/XL

Formato do ajuste de retorno por terra, para medição do “loop” Fase – Terra. Adota-se
essas relações para cálculo do loop e não o fator k0.

0239 Closing (operating) time of 52 (CB): 0,04 sec

Tempo de fechamento do disjuntor (verificar por ensaio).

0240A Minimum TRIP Command Duration: 0,10 sec

Duração mínima do comando de trip.

0241A Maximum Close Command Duration: 0,10 sec

Duração máxima do comando de fechamento do disjuntor

0242 Dead Time for CB test-autoreclosure: 0,10 sec

Tempo morto para teste de religamento automático do disjuntor.

Resumo das Funções Habilitadas no Grupo de Ajustes A:

Setting Group A
0011 Power System Data 2
0012 21 Distance protection general settings
0013 21 Distance zones (quadrilateral)
0020 68 Power Swing detection
0021 85-21 Pilot Prot. for Distance prot.
0024 50HS Instantaneous High Speed SOTF
0025 Weak Infeed (Trip and/or Echo)
0026 50(N)/51(N) Backup OverCurrent
0027 Demand Measurement Setup
0028 Min/Max Measurement Setup
0029 Measurement Supervision
0031 50N/51N Ground OverCurrent
0032 85-67N Pilot Prot. Gnd. OverCurrent
0034 79 Auto Reclosing
0035 25 Synchronism and Voltage Check
0037 Voltage Protection
0038 Fault Locator

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 146 de 195


7.4.6 POWER SYSTEM DATA 2 (Secondary Values)

Caracterização específica para a proteção:

Setting Group A
Power System Data 2 (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
1103 Measurement: Full Scale Voltage (100%) 230,0 kV
1104 Measurement: Full Scale Current (100%) 2000 A
1105 Line Angle 82 °
1110 x’ - Line Reactance per length unit 0,0695 Ohm / km
1111 Line Length 28,0 km
1116 Zero seq. comp. factor RG/RL for Z1 2,19
1117 Zero seq. comp. factor XG/XL for Z1 1,11
1118 Zero seq. comp.factor RG/RL for Z1B...Z5 2,19
1119 Zero seq. comp.factor XG/XL for Z1B...Z5 1,11
1126 Mutual Parallel Line Comp. ratio RM/RL 2,20
1127 Mutual Parallel Line Comp. ratio XM/XL 1,01
1128 Neutral Current RATIO Parallel Line comp. 85%
1130A Pole Open Current Threshold 0,50 A
1131A Pole Open Voltage Threshold 30 V
1132A Seal-in Time after ALL closures 0,05 sec
1134 Recognition of Line Closures with Manual Close BI only
with Pole Open Current
1135 RESET of Trip Command
Threshold only
1140A CT Saturation Threshold 27 A
1150A Seal-in Time after MANUAL closures 0,30 sec
without Synchronism-
1151 Manual CLOSE COMMAND generation
check
1155 3 pole coupling with Trip
1156A Trip type with 2phase faults 3pole

Memória de Cálculo e Comentários

1103 Measurement: Full Scale Voltage (100%): 230 kV

Fundo de Escala para Tensão (100%)

1104 Measurement: Full Scale Current (100%): 2000 A

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 147 de 195


Fundo de Escala para Corrente (100%)

1105 Line Angle: 82o

Ângulo da linha

1110 x´- Line Reactance per length unit:

Reatância da linha por km (valor secundário)

A linha de transmissão Alfa - Beta tem os seguintes valores primários:

Z1 = 1,38 + j9,73 Ωp = 9,83 /81,90 Ωp

Z0 = 10,47 + j42,11 Ωp = 43,39 /76,00 Ωp

Z0M = 9,10 + j29,62 Ωp = 30,99 /72,90 Ωp


Relação de TP = 230000 / 115 = 2000

Relação de TC = 400

Relação TP/TC = 5

E as impedâncias em valores secudários são:

Z1 = 0,2760 + j 1,946 Ωs = 1,9655 /81,90 Ωs

Z0 = 2,094 + j 8,422 Ωs = 8,6784 /76,00 Ωs

Z0M = 1,820 + j 5,924 Ωs = 6,1973 /72,90 Ωs

E a reatância por km, em valores secundários será: 1,946 / 28 = j 0,0695 ohm/km

1111 Line Length: 28 km

Comprimento da linha.

1116 Zero seq. comp. factor RG/RL for Z1: 2,19

Fator de compensação de seq. zero resistivo para primeira zona.

1117 Zero seq. comp. factor XG/XL for Z1: 1,11

Fator de compensação de seq. zero reativo para primeira zona

O fator de compensação tem a ver com a impedância de terra (ZG ou ZE) de retorno de
corrente de terra para cálculo da impedância do Loop Fase – Terra.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 148 de 195


Z1 = 0,2760 + j 1,946 Ωs = 1,9655 /81,90 Ωs

Z0 = 2,094 + j 8,422 Ωs = 8,6784 /76,00 Ωs

Pela documentação técnica do relé:

R E 1 ⎛ R0 ⎞ 1 ⎛ 2,094 ⎞
= ⎜⎜ − 1⎟⎟ = ⎜ − 1⎟ = 2,1955
RL 3 ⎝ R1 ⎠ 3 ⎝ 0,2760 ⎠

XE 1⎛ X0 ⎞ 1 ⎛ 8,422 ⎞
= ⎜⎜ − 1⎟⎟ = ⎜ − 1⎟ = 1,1093
X L 3 ⎝ X1 ⎠ 3 ⎝ 1,946 ⎠

1118 Zero seq. comp. factor RG/RL for Z1B...Z5: 2,19

Fator de compensação de seq. zero resistivo para Z1B...a Z5.

1119 Zero seq. comp. factor XG/XL for Z1B...Z5: 1,11

Fator de compensação de seq. zero reativo para Z1B ...a Z5.

Trata-se dos fatores de compensação para as demais zonas de proteção, inclusive a


zona para utlização da teleproteção. Adotam-se os mesmos valores adotados para
a primeira zona.

1126 Mutual Parallel Line Comp. ratio RM/RL: 2,20

Fator de compensação de acoplamento mútuo de seqüência zero do circuito paralelo, parte


resistiva.

Usado para correção da distância medida no localizador de defeitos, para faltas à


terra. O projeto elétrico está preparado para isso.

1127 Mutual Parallel Line Comp. ratio XM/XL: 1,01

Fator de compensação de acoplamento mútuo de seqüência zero do circuito paralelo, parte


reativa.

Usado para correção da distância medida no localizador de defeitos, para faltas à


terra. O projeto elétrico está preparado para isso.

O fator de compensação tem a ver com a impedância de terra (ZG ou ZE) de retorno de
corrente de terra para cálculo da impedância do Loop Fase – Terra.

Z1 = 0,2760 + j 1,946 Ωs = 1,9655 /81,90 Ωs

Z0M = 1,820 + j 5,924 Ωs = 6,1973 /72,90 Ωs

Pela documentação técnica do relé:

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 149 de 195


RM 1 R0 M 1 1,820
= = = 2,1980
RL 3 R1 3 0,2760

X M 1 X 0 M 1 5,924
= . = . = 1,0147
X L 3 X1 3 1,946

1128 Neutral Current RATIO Parallel Line comp.: 85%

Alcance a partir do qual, a proteção do próprio circuito leva em consideração a


compensação de mútua de seqüência zero.

Este valor é geralmente recomendado pelo fabricante. O cálculo desse valor,


adotando a fórmula, geralmente é impreciso. A prática mostra que o valor deve estar
em torno de 85% ou mais.

Isto significa que a compensação é feita para o cálculo no relé, só para curtos entre 85
e 100% da linha. Para a linha toda, a compensação é feita apenas para o Localizador
de Faltas.

1130A Pole Open Current Threshold:

Corrente mínima para caracterização de circuito aberto.

Adota-se o valor defaul de 10% da corrente nominal (0,5 A)

1131A Pole Open Voltage Threshold:

Tensão mínima para caracterização de circuito aberto.

Adota-se o valor default de 30 Volts.

1132A Seal-in Time after ALL closures:

Tempo de Selo após todos os fechamentos.

Adota-se o valor default de 0,05 s.

1134 Recognition of Line Closures with:

Detecção de fechamento de linha através de.

“Manual Close Bl only”. – idenfificação de fechamento de linha. Valor default.

1135 RESET of Trip Command:

Rearme do comando de trip

Adota-se valor default “with Pole Open Current Threshold only”.

1140A CT Saturation Threshold:

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 150 de 195


Limite para saturação do TC:

Tipo de TC utilizado: não linearizado.

Classe de precisão de proteção: 10B400 isto é, erro máximo de 10% para 20 vezes
a corrente nominal (100 A secundários).

Burden: 100 VA, isto é, 4 ohms secundários para corrente nominal. Tensão de
saturação de 400 volts para 20 x In.

Fator de sobrecorrente: Estimado em 1,1 (sem informação)

Burden Intrínseco (resistência do enrolamento secundário do TC): estimado em 1


ohm.

Resistência do cabo de controle para corrente: estimado em 3,3 ohms / km para


cabo de 6 mm2.

Burden da unidade 7SA: 0,3 VA (ou 0,012 ohm).

Segundo a documentação técnica:

n'
I − CTsat .Thres. = .I nom
1 + ωτ N

Onde:

ω =2.π.f = frequência do sistema em radianos / s.


τN = Constante de tempo do sistema
ω = 2 x 3,141593 x 60 = 377
τN = L/R = X / (2.π.f).R = 0.01912 / (377 x 0.001707) = 0,030
ω. τN = 377 x 0,030 = 11,31

Os valores de X e R foram obtidos do curto circuito trifásico total na barra 230 kV de


Alfa II (valores em p.u.).

Segundo a documentação técnica:

( Pn + Pi ).n
n' =
( Pb + Pi )
n = fator de sobrecorrente do TC (limite de precisão) = 20

Pn = Burden nominal do TC (100 VA).

Pb = Burden conectado no lado secundário (cabo de controle + relé)

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 151 de 195


Foi adotado o valor de 80 m para a máxima distância de TC até o relé e
considerando o “loop”, estima-se uma resistência do cabo de 2 x 80 x 0,0033 =
0,53 ohm (25 x 0,53 = 13,2 VA). Para o relé haverá 0,2 VA, dando um total de
13,4 VA para o burdem conectado.

Pi = Burden intrínseco (resistência do secundário)

Valor estimado de 1 ohm, o que equivale a 25 VA.

(100 + 25)x20
Donde: n' = = 65,10
(13,4 + 25)

65.10
Assim, I − CTsat.Thres = x5 = 26,44
1 + 11,31

Será ajustado em: 27 A

1150A Seal-in Time after MANUAL closures:

Tempo de selo após comando manual de fechamento.

Adotado valor default de 0,3 s.

1151 Manual CLOSE COMMAND generation:

Comando manual de fechamento.

Fechamento manual sem check de sincronismo: “without Synchronism-check”.

1155 3 pole coupling:

Acoplamento tripolar com:

Adota-se o default: “with Trip”

1156A Trip type with 2 phase faults: 3pole

Tipo de trip para faltas bifásicas.

Para faltas bifásicas o trip será tripolar: “3pole”

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 152 de 195


7.4.7 21 DISTANCE PROTECTION GENERAL SETTINGS (Secondary Values)

Ajustes gerais da função de distância, válidos para todas as zonas.

Setting Group A

21 Distance protection general settings (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
1201 21 Distance protection is ON
1202 Phase Current threshold for dist. meas. 0,50 A
1215 Mutual coupling parall. line compensation YES
1232 SOFT zone Inactive
1241 R load minimum Load Impedance (ph-g) 13,5 ohms
1242 PHI load maximum Load Angle (ph-g) 25 graus
1243 R load minimum Load Impedance (ph-ph) 7,5 ohms
1244 PHI load maximum Load Angle (ph-ph) 25 graus
1317A Single pole trip for faults in Z2 NO
1357 Z1B enabled before 1st AR (int. or ext.) YES
1203 3Io threshold for neutral current pickup 0,50 A
1204 3Vo threshold zero seq. voltage pickup 5V
1207A 3I0>-pickup-stabilisation (3I0>/ Iphmax) 0,30 A
1221A Loop selection with 2Ph-G faults block leading ph-g loop
1305 T1-1phase delay for single phase faults 0,00 sec
1306 T1multi-ph delay for multi phase faults 0,00 sec
1315 T2-1phase delay for single phase faults 0,50 sec
1316 T2multi-ph delay for multi phase faults 0,50 sec
1325 T3 delay 2,50 sec
1335 T4 delay 3,0 sec
1345 T5 delay Sem efeito
1355 T1B-1phase delay for single ph. faults 0,00 sec
1356 T1B-multi-ph delay for multi ph. faults 0,00 sec

Memória de Cálculo e Comentários

1201 21 Distance protection is: ON

Proteção de distância 21 está ON (ativada).

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 153 de 195


1202 Phase Current threshold for dist. meas.:

Corrente mínima de fase para medição da distância.

A corrente de fase mínima de curto-circuito para falta na Barra 230 kV de Beta é de


2241 A (5,6 A secundários) e ocorre para um curto-circuito fase-terra sem
transformador ou gerador na Usina, com dois circuitos ligados.

Entretanto adota-se 0,5 A (com boa margem de segurança), que é o valor sugerido no
documento técnico (default).

1215 Mutual coupling parall. line compensation: YES

A compensação de mútua está ativada.

1232 SOFT zone

“Instantaneous trip after Switch OnTo Fault” (Trip instantâneo para Switch onto Fault).

Adotado default: “inactive”.

1241 R load minimum Load Impedance (ph-g):

Impedância mínima de carga para o loop fase-terra.

Adota-se um valor de 13,5 ohms secundários, o que equivale a 65 ohms primários.


Ver justificativa, posteriormente no item 7.4.8.

1242 PHI load maximum Load Angle (ph-g):

Ângulo máximo de carga.

Adota-se valor de 25 graus.

1243 R load minimum Load Impedance (ph-ph):

Impedância mínima de carga para loop fase-fase.

Adota-se 7,5 ohms para ângulos próximos ao eixo dos R (região da carga). Para as
demais regiões, será adotado um valor maior. Ver justificativa, posteriormente no item
7.4.8.

1244 PHI load maximum Load Angle (ph-ph):

Ângulo máximo de carga.

Adota-se 25 graus.

1317A Single pole trip for faults in Z2:

Trip monopolar para faltas em Z2.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 154 de 195


O ajuste é “NO”, isto é, para atuação com tempo de segunda zona, o trip será
tripolar.

1357 Z1B enabled before 1st AR (int. ou ext.):

Z1B habilitado antes do primeiro religamento automático.

O ajuste é “YES”, isto é, a teleproteção (POTT) é habilitada antes do religamento, para


desligamento rápido para faltas em qualquer ponto da LT.

1203 3I0 threshold for neutral current pickup:

Corrente de pickup para corrente de terra.

A mínima corrente de terra para Alfa – saída Beta (1145 A) ocorre para um curto-
circuito a terra na barra 230 kV de BetaI, quando os dois circuitos de linha estiverem
em operação e a Usina operando completa.

1145 / 400 = 2,86 A secundários.

Adota-se o sugerido (default) que é de 0,5 A.

1204 3V0 threshold zero seq. voltage pickup:

Tensão 3V0 de pickup.

Adota-se default de 5 V.

1207A 3I0 >-pickup-stabilisation (3I0 >/Iphmax):

Adota-se default de 0,30 A

1221A Loop selection with 2PH-G faults:

Seleção de loop para medição de faltas do tipo bifásico-terra.

Adota-se o default sugerido: “block leading ph-g loop”.

1305 T1 - 1 phase delay for single phase faults: 0,00 s

Temporização primeira zona: sem

1306 T1 multi-ph delay for multi phase faults: 0,00

Temporização primeira zona: sem

1315 T2 - 1phase delay for single phase faults: 0,50

Temporização para segunda zona.

1316 T2multi-ph delay for multi phase fauts: 0,50

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 155 de 195


Temporização para segunda zona.

1325 T3 delay: 2,50

Temporização para terceira zona (direcional).

1335 T4 delay: 3,0

Temporização para quarta zona (reversa).

1345 T5 delay:

Zona não direcional, DESATIVADA

1355 T1B - 1phase delay for single ph. faults: 0,00

Temporização para POTT (Zona extendida Carrier): sem

1356 T1B - multi-ph delay for multi ph. faults: 0,00

Temporização para POTT (Zona extendida Carrier): sem

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 156 de 195


7.4.8 21 DISTANCE ZONES ((QUADRILATERAL) (Secondary Values))

Ajustes das zonas de proteção, tendo sido escolhida a característica quadrilateral.

Setting Group A
21 Distance zones (quadrilateral) (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
1301 Operating mode Z1 Forward
1302 R(Z1) Resistance for ph-ph-faults 7 ohms
1303 X(Z1) Reactance 1,460 ohms
1304 RG(Z1) Resistance for ph-gnd faults 13 ohms
1305 T1-1phase delay for single phase faults 0,00 sec
1306 T1multi-ph delay for multi phase faults 0,00 sec
1307 Zone Reduction Angle (load compensation) 0°
1351 Operating mode Z1B (overrreach zone) Forward
1352 R(Z1B) Resistance for ph-ph-faults 7 ohms
1353 X(Z1B) Reactance 3,11 ohms
1354 RG(Z1B) Resistance for ph-gnd faults 13 ohms
1355 T1B-1phase delay for single ph. faults 0,00 sec
1356 T1B-multi-ph delay for multi ph. faults 0,00 sec
1357 Z1B enabled before 1st AR (int. or ext.) YES
1311 Operating mode Z2 Forward
1312 R(Z2) Resistance for ph-ph-faults 7 ohms
1313 X(Z2) Reactance 3,11 ohms
1314 RG(Z2) Resistance for ph-gnd faults 13 ohms
1315 T2-1phase delay for single phase faults 0,50 sec
1316 T2multi-ph delay for multi phase faults 0,50 sec
1317A Single pole trip for faults in Z2 NO
1321 Operating mode Z3 Forward
1322 R(Z3) Resistance for ph-ph-faults 3,5 ohms
1323 X(Z3) Reactance 9,00 ohms
1324 RG(Z3) Resistance for ph-gnd faults 6 ohms
1325 T3 delay 2,50 sec

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 157 de 195


1331 Operating mode Z4 Reverse
1332 R(Z4) Resistance for ph-ph-faults 7 ohms
1333 X(Z4) Reactance 4 ohms
1334 RG(Z4) Resistance for ph-gnd faults 7 ohms
1335 T4 delay 3,00 s
1341 Operating mode Z5 Inactive
1342 R(Z5) Resistance for ph-ph-faults Sem efeito
1343 X(Z5)+ Reactance for Forward direction Sem efeito
1344 RG(Z5) Resistance for ph-gnd faults Sem efeito
1345 T5 delay Sem efeito
1346 X(Z5)- Reactance for Reverse direction Sem efeito

Memória de Cálculo e Comentários

Alcances RESISTIVOS para faltas ENTRE FASES

Para faltas entre fases, predominam as resistências de arco. Segundo Ziegler (citado na
referência técnica no inicio do presente capítulo), a resistência do arco pode ser estimada
pela seguinte fórmula empírica:

2500.l
R ARCO _ Sem _ Vento = ohms
I ARCO

Onde:

l = espaçamento (m) do isolador ou entre condutores


IARCO = corrente do arco em A

Com o vento, o arco se alonga. O comprimento do arco então, dependerá da velocidade do


vento e o tempo antes da interrupção. A influência da velocidade do vento, no tempo, pode
ser estimada por:

5.v.t
R ARCO = R ARCO _ Sem _ Vento .(1 + )
l ARCO
Onde:
v = velocidade do vento em m/s
t = tempo de duração do arco em s
IARCO = comprimento do arco em m

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 158 de 195


Trata-se do aproveitamento de uma fórmula de Warrington, adaptada por Ziegler. Note que
para uma primeira zona de atuação de uma proteção de distância, o tempo t na fórmula
acima pode ser considerado 0.

Cálculo. Considerando arco de 8 metros (entre duas fases), para condição sem vento, tem-
se para um curto bifásico próximo a Alfa (corrente mínima):

2500.l
R ARCO _ Sem _ Vento = = 2500 x 8 / 683 = 29 ohms primários Æ 5,8 ohms secundários.
I ARCO

Para loop bifásico, considera-se metade dessa resistência de arco, ou seja Æ 2,9 ohms
secundários.

Considerando agora a influência de vento de 3 m/s, durante 0,5 segundo (segunda zona):

5.v.t = 29 [1+(5x3x0,5) / 8] = 56 ohms primários Æ 11,2 ohm sec.


R ARCO = R ARCO _ Sem _ Vento .(1 + )
l ARCO

Para loop bifásico, considera-se a metade dessa resistência de arco, ou seja Æ 5,6 ohms
secundários.

Por outro lado, existe a carga (máxima) com 97,96 ohms primários (no sentido reverso). O
que equivale a 19,5 ohms secundários. Com fator de segurança de 70%, seria: Zsec = 0,7 x
19,6 = 13,72 ohms. Isto é, terá que ser menor que 13,72 ohms.

De qualquer modo, os cálculos acima são apenas referenciais, onde se buscam


extremos.

Assim, a resistência de falta para curtos entre fases será estabelecida em 7 ohms (35
ohms primários).tanto para a primeira como para a segunda zona. Para a terceira zona,
considerando que se trata de uma subestação com usina geradora, e não mais trecho de
linha de transmissão, ajusta-se o alcance resistivo para faltas entre fases num valor menor,
de 3,5 ohms.

Para a zona reversa, adota-se o mesmo valor da primeira zona que é de 7 ohms.

R(Z1) (ph-ph faults) = 7 ohms

R(Z1B) (ph-ph faults) = 7 ohms

R(Z2) (ph-ph faults) = 7 ohms

R(Z3) (ph-ph faults) = 3,5 ohms

R(Z4) (ph-ph faults) = 7 ohms

Para limite de carga, no eixo dos R, foi adotado um limite de 6,7 ohms para faltas entre
fases, conforme já visto no item 7.4.7 deste documento, até um ângulo de carga de 25
graus. Deve-se lembrar que esse limite vale tanto para o sentido direcional como na zona

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 159 de 195


reversa. Esse valor está bem distante da carga máxima prevista e ainda com margem de
segurança.

Alcances RESISTIVOS para FALTAS A TERRA

O ajuste do R para o loop fase-terra terá que ter maior sensibilidade maior para ângulos de
curto-circuito que para ângulos em torno do ângulo de. Esse ajuste deverá ser:

• Maior que o valor ajustado para o loop fase-fase.


• Grande o suficiente para detectar curtos-circuitos a terra com alta resistência, tanto na
primeira como na segunda zona.
• Não tão grande a ponto de provocar partida nas fases boas (não afetadas pelo curto),
pela influência da corrente de carga.

Estes ajustes são críticos, pois as resistências de faltas a terra podem ter valores diversos,
nunca exatamente previstos e com chance de serem muito maiores que as resistências de
arco em isoladores (“flash overs”).

Não se consideram neste estudo as resistências de pé de torre, pois a LT é aterrada em


todas as torres. Mesmo com resistência alta em um pé de torre, a corrente se divide entre
torres através dos cabos guarda e a resistência equivalente é pequena.

Em geral, as resistências de falta maiores podem ser causadas por árvores, queda de
condutores, etc. Valores de 40 a 60 ohms primários podem ser bem possíveis. Isso porque
a corrente da outra extremidade da LT contribui para que a resistência vista pelo relé seja
maior (efeito infeed).

Nota: o efeito “infeed” não se manifesta para resistências do tipo “arco” que são
consideradas de tensão constante.

Estimando 60 ohms primários máximos para fins do presente estudo, a resistência


secundária estaria em torno de 12 ohms. Portanto, se ajusta:

Para Faltas Fase Terra


Zona R secundário R primário Obs
1 13 ohms 65 ohms Para alcançar altas resistências para falta
2 13 ohms 65 ohms na LT.

3 6 ohms 30 ohms Zona de atuação dentro da UTE.


4 7 ohms 35 ohms ZONA REVERSA
5 INATIVA (Bloqueada por Ajuste)

Isto é:

RG(Z1) (ph-ph faults) = 13 ohms

RG(Z1B) (ph-ph faults) = 13 ohms

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 160 de 195


RG(Z2) (ph-ph faults) = 13 ohms

RG(Z3) (ph-ph faults) = 6 ohms

RG(Z4) (ph-ph faults) = 7 ohms

NOTA:

Lembrar que para ângulos de carga (eixo dos R, até 25 graus) o valor de R para faltas a
terra foi ajustado para 13 ohms secundários (65 ohms primários), conforme mostrado no
item 7.4.7 deste documento, que vale também para a zona reversa. Como o valor RG(Z4)
está ajustado em 7 ohms, prevalece esse último valor para a zona reversa, ao invés dos 13
ohms.

Primeira Zona – Alcance Reativo

Z1 = 0,2760 + j 1,946 Ωs = 1,9655 /81,90 Ωs


A primeira zona será ajustada em 75% da LT, considerando que a mesma é curta e
pode não haver precisão de alcance para um ajuste clássico de 85%. Isto é, deve
haver certeza que a proteção não detecte curto-circuito em Alfa, na primeira zona –
dando portanto uma margem de 25% de segurança.

X1 = 0,75 * 1,946 = 1,460 ohms

Como já visto, sem temporização intencional (t1 = 0,00 s).

Segunda Zona – Alcance Reativo

A segunda zona deve ser ajustada de tal modo que se tenha absoluta certeza que se
detecte curto circuito na barra de Alfa.

Assim sendo, ajusta-se com uma margem de 60% da impedância da LT Beta-Alfa,


considerando que a linha é curta e pode não haver precisão nos parâmetros elétricos
da linha.

X2 = 1,6 * 1,946 = 3,11 ohms

Como já visto, com temporização de t2 = 0,5 s.

Primeira Zona B – Sobrealcance para uso com Teleproteção

Esta zona extendida para o esquema POTT (Esquema de Transferência de Disparo


Permissivo com Sobrealcance) deverá ter o mesmo alcance da segunda zona, tanto
resisitivo como reativo. Seu tempo de atuação é instantâneo, dependendo apenas do
Carrier e ajustes específicos.

Terceira Zona

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 161 de 195


Preferencialmente, deseja-se que a terceira zona atinja as barras 18 kV da UTE Beta,
porém com um a temporização bastante alta. Os transformadores TR1 e TR2 têm,
cada um, 6,88 ohms secundários. O TR3 tem 4,8 ohms secundários. O valor de 6,88,
somado a 1,946 da LT resulta em 8,8 ohms. Assim, o alcance da terceira zona será
ajustado para:

Ajuste X3 = 9 ohms

Mesmo assim, só alcançará o lado da BT para faltas entre fases e quando o


transformador estiver operando como unido na UTE (sem infeed). Lembrar que,
devido ao neutro do gerador ser aterrado através de transformador com resistência no
lado secundário, a corrente de terra nos terminais do gerador será mínima (da ordem
de 8 A).

Para evitar qualquer problema de seletividade com a proteção própria do


transformador e outras do grupo gerador, a terceira zona é temporizada em 2,5 s.

Quarta Zona Reversa

A zona reversa será ajustada apenas para, eventualmente, detectar curtos na barra 230
kV da SE Gama e 69 kV da SE Alfa, quando os 3 transformadores de Alfa estiverem
operando em paralelo. Para curtos entre fases isso será possível. Mas para curtos a
terra, há o “infeed” dos aterramentos em Alfa e a quarta zona pode não alcançar a barra
de Gama. Isso entretanto não deve preocupar pois:

• Há proteção suficiente de barras e de transformadores elevadores.


• A função de retaguarda para faltas em Gama não é, primordialmente, desta
proteção.
O aspecto mais importante a observar é que não deve haver chance de partida nas
fases boas (fases não afetadas) da proteção de distância para cutos fase-terra na
primeira zona, pela influência da carga na linha que está entrando na barra.

Um eventual ajuste da zona reversa com alcance maior, poderia provocar isso e
inviabilizar o esquema de religamento automático monopolar na LT.

O alcance indutivo, será, então, ajustado para 4 ohms secundários e o resistivo para 7
ohms (tanto para faltas entre fases como para faltas a terra), com tempo de 3 s para
evitar qualquer problema de seletividade com as proteções da Outra Concessionária.

Quinta Zona não Direcional

Esta zona não direcional abrangeria todos os quadrantes, independente da direção.


Mesmo com temporização bastante elevada poderia causar problema para o
religamento automático monopolar, pois:

• A LT protegida é extremamente curta.


• A Geração da US Beta, com o fluxo de potência entrando na barra de Alfa, influi na
medição da distância.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 162 de 195


• Pode haver chance de partida da função de distãncia nas fases não afetadas,
inviabilizando o religamento monopolar.

Assim sendo, essa zona será desativada.

A figura a seguir mostra o resumo dos ajustes referentes aos alcances:

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 163 de 195


Áreas DIRECIONAIS
jX de Alcance INDUTIVO E RESISTIVO
9

TR1 e TR2
8

Zona de Carga
7
TR3
Áreas DIRECIONAIS

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV


6 de Alcance RESISTIVO
Zona de Carga
5
3a. ZONA 2,5 s
4

3
2a. ZONA 0,5 s
SE Beta e Zona Sobrealcance
2 230 Carrier

1a. ZONA

-8 -6 2 4 6 7 13
-4 -2
R
4a. ZONA
3,0 s -2

Exemplo de Ajustes e Seletividade


Outra
Concessionária
SE Alfa 69
3 trafos em paralelo

ZONA REVERSA

164 de 195
7.4.9 68 POWER SWING DETECTION (secondary values)

Setting Group A

68 Power Swing detection (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
2002 Power Swing Operating mode Z1, Z1B blocked
2006 68T Power swing trip NO

2002 Power Swing Operating mode:

Haverá bloqueio por oscilação de potência para a primeira zona e para a zona de
sobrealcance do esquema POTT.

2006 68T Power swing trip:

Por este ajuste, não haverá trip por oscilação de potência. O projeto elétrico está
configurado para “TRIP” mas, com este ajuste, não haverá comando da proteção para o
disjuntor.

Caso se deseje alterar para “TRIP”, em condição de oscilação de potência, basta


alterar o “Addr. 2006” para “YES”

7.4.10 85-21 PILOT PROT. FOR DISTANCE PROT. (Secondary Values)

Setting Group A

85-21 Pilot Prot. for Distance prot. (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
2101 FCT Telep. Dis. (Teleprotection for Distance Prot.) ON
2102 Type of Line Two Terminals
2103A Send Prolong. (Time for send signal prolongation) 0,05 sec
2109A TrBlk Wait Time (Transient Block: Duration external flt.) 0,04 sec
2110A TrBlk Time (Transient Block: Blk T. after ext. flt.) 0,05 sec

É adotado o esquema permissivo com sobrealcance (usando zona Z1B que será ajustado
igual à segunda Zona).

Os ajustes indicados são default para esse tipo de esquema.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 165 de 195


7.4.11 50N/51N GROUND OVERCURRENT (Secondary Values):

Tratam-se de funções de sobrecorrente de terra, disponíveis na proteção, que podem ser


configurados conforme as necessidades.

Está se parametrizanco essas funções para serem bloqueadas quando da atuação


simultãnea da proteção de distância (em uma fase apenas) e quando de desligamento
monopolar quando de religamento automático.

Setting Group A
50N/51N Ground OverCurrent (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
ASPECTOS GERAIS
3101 50N/51N Ground Overcurrent is ON
3102 Block 50N/51N for Distance protection with single-phase Pickup
3103 Block 50N/51N for 1pole Dead time YES
3104A Stabilisation Slope with Iphase 10 %
3105 3I0 - Min threshold for Pilot Prot Schemes 0,35 A
3170 2nd harmonic ratio for inrush restraint 45 %
3171 Max.Current overriding inrush restraint 37,5 A
3172 SOTF Op.Mode with Pickup and direction
3173 Trip time delay after SOTF 0,00 sec
50N-1 NÃO UTILIZADO
3110 Operating mode 3I0>>> Inactive
3111 3I0>>> (pickup)
3112 T 3I0>>>
3113 3I0>>>Telep/BI Sem Efeito
3114 3I0>>>SOTF-TRIP
3115 3I0>>>InrushBlk
50N-2 NÃO UTILIZADO
3120 Operating mode 3I0>> Inactive
3121 3I0>> (pickup)
3122 T 3I0>>
3123 3I0>>Telep/BI Sem Efeito
3124 3I0>>SOTF-TRIP
3125 3I0>>InrushBlk

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 166 de 195


50N-3 USADO PARA TELEPROTEÇÃO
3130 Operating mode 3I0> Forward
3131 3I0> (pickup) 0,4 A
3132 T 3I0> 2,50 s
3133 3I0>Telep/BI YES
3134 3I0>SOTF-TRIP NO
3135 3I0>InrushBlk NO
51N- Inverse Time USADO COMO RETAGUARDA
3140 Operating mode Forward
3141 Pickup 0,4 A
3143 Time Dial 0,37 sec
3147 Additional Time Delay 0,00 sec
3148 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI NO
3149 Instantaneous trip after SwitchOnToFault NO
3150 Inrush Blocking NO
3151 IEC Curve Normal Inverse
DIRECTION MODO DE POLARIZAÇÃO
3160 Polarization with V2 and I2 (neg. sequence)
3162A ALPHA lower angle for forward direction 338 °
3163A BETA upper angle for forward direction 120 °
3164 Min. zero seq.voltage 3Vo for polarizing 0,5 V
3166 Min. neg. seq. polarizing voltage 3V2 0,5 V
3167 Min. neg. seq. polarizing current 3I2 0,25 A

3101 50N/51N Ground Overcurrent is:

ON - Proteção ativa.

3102 Block 50N/51N for Distance protection:

“with single phase Pickup” – A função direcional de terra será bloqueada quando houver
partida monofásica da proteção de distância. Isto é, a preferência é da proteção de distância
para seleção de fases para o religamento automático monopolar.

3103 Block 50N/51N for 1pole Dead time:

YES – Garantida de bloqueio da função quando um pólo está aberto para religamento
monopolar.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 167 de 195


3104A Stabilisation Slope with Iphase:

10 % - Adotar valor default. Trata-se de um fator de estabilização para quando houver


desbalabalanço de corrente por erro de TC’s. Este valor considera a faixa de precisão
de TC’s que é de 10%.

3105 3I0 - Min threshold for Pilot Prot schemes:

Corrente mínima para esquema de teleproteção.

A corrente máxima prevista para a LT é de 1356 A (3,39 A secundários), que é


limitada pela Geração da Usina. Admitindo um grau de assimetria na linha em torno
de 10%, teremos 0,34 A.

Considerando que a mínima corrente de terra, pelos cálculos de curto-circuito (curto


em Beta), é de 1145 A (2,86 A secundários), a primeira referência é que o valor de
ajuste deve ser menor que essa corrente. Considerando, entretanto, que a função
existe para cutos de alta impedância, esse valor deve ser o menor possível.

Adota-se valor de 0,35 A (140 A de terra, primários) que é bem menor que os 2,86 A.

3170 2nd harmonic ratio for inrush restraint: 45 %

3171 Max.Current overriding inrush restraint: 37,5 A

Esses ajustes aplicam-se a linha ou circuito com transformador de potência, o que não
é o cado da Linha em análise. Ajunstam-se valores default.

3172 SOFT Op.Mode

(Instantaneous mode after SwitchOnToFault: with Pickup and direction)

“with Pickup and direction” – Estabelece-se caracterísica direcional para a função de


fechamento sobre falta. Mas como a função não será usada para techamento sobre
falta, este ajuste não terá efeito/

3173 Trip time delay after SOTF: 0,00 sec

Sem temporização intencional para fechamento sobre falta. Mas como a função não
será usada para techamento sobre falta, este ajuste não terá efeito.

FUNÇÃO 50N-1 será DESATIVADA

3110 Operating mode : Inactive

3111 Pickup:

3112 Time Delay:

3113 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI:

3114 Instantaneous trip after SwitchOnToFault:

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 168 de 195


3115 Inrush Blocking:

FUNÇÃO 50N-2 será DESATIVADA

3120 Operating mode: Inactive

3121 Pickup

3122 Time Delay

3123 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI:

3124 Instantaneous trip after SwitchOnToFault:

3125 Inrush Blocking:

FUNÇÃO 50N-3 PARA USO COM TELEPROTEÇÃO - SOBRECORRENTE DIRECIONAL


DE TERRA (COMPARAÇÃO DIRECIONAL)

3130 Operating mode: Forward

3131 Pickup : 0,4 A

3132 Time Delay: 2,5 sec

3133 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI: YES

3134 Instantaneous trip after SwitchOnToFault: NO

3135 Inrush Blocking: NO

Adotou-se baixa sensibilidade para corrente de terra (alta impedância).

A temporização introduzida de 2,5 s é para o caso de não ocorrer recepção de sinal,


com a função direcional de terra atuando. Trata-se de uma simples retaguarda.

FUNÇÃO 51N – Temporizada, será usada como retaguarda, com característica de tempo
inverso (normalmente inverso IEC)

3140 Operating mode: Forward

3141 Pickup: 0,4 A

3143 Time Dial: 0,37 sec

3147 Additional Time Delay: 0 sec

3148 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI: NO

3149 Instantaneous trip after SwitchOnToFault: NO

3150 Inrush Blocking: NO

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 169 de 195


3151 IEC Curve: Normal Inverse

Memória de Cálculo

Vamos adotar o valor de pickup adotado tanto para teleproteção (67N)

IPickup = 0,40 A

A característica normalmente inversa definida pela norma IEC 255-3 é:

0,14
t= *K onde:
( I / I Re f )0,02 − 1

t= tempo de operação em s

I/Iref = múltiplo da corrente de tap (pickup)

K= multiplicador de tempo

Critério

Durante o tempo morto de um ciclo de religamento automático monopolar, haverá


corrente de de terra na Linha, portanto com corrente residual no 67N. Como esse
desequilíbrio é função do carregamento da LT no momento, adota-se o valor estimado
1300 A, uma vez que não existe, no momento, estudo de sistema para religamento
monopolar. Para essa condição a função deverá operar com um tempo superior ao
tempo morto do religamento automático que será de 0,7 s, com uma margem de
coordenação de 0,5 s, dando um tempo total de 1,2 s.

Condições de corrente de terra:

LOCAL E CONDIÇÃO 3.I0 (A) Obs


UTE completa e Dois Circuitos em
Curto na boca - Alfa 12410
Operação
UTE sem transformadores nem
Curto em Beta–Máxima 3797
geradores
Abertura monopolar, com carga na LT 1300 Estimado

A partir da equação da característica, observa-se que :

Para t = 1,2 seg e I = 1300 A (3,25 A secundários)

0,14
1,2 = *K O que resulta em K = 0,37
(3,25 / 0,4) 0, 02 − 1

Faixa de ajustes do K = 0,05 a 3

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 170 de 195


Time Dial = 0,37

Verificação do Ajuste de Tempo Inverso

Adotando-se K = 0,37 teremos os seguintes tempos de operação para as diversas


condições:

Defeito próximo ao terminal de Alfa em condição máxima

I = 12410 A ( 31,02 A )

0,14
t= x0,37 = 0,57 t = 0,57 s
(31,02 / 0,40) 0,02 − 1

Defeito na barra de Alfa em condição de máxima corrente

I = 3797 A (9,49 A sec)

0,14
t= * 0,37 = 0,8 t = 0,8 s
(9,49 / 0,4) 0,02 − 1

Verifica-se que para defeitos próximos ao terminal de Alfa, o tempo de operação é


superior a 0,3 s, evitando assim que a função 67N (retaguarda) opere antes das
proteções de distância da linha, o que comprometeria o religamento automático.

Considerando que a função 67N é uma proteção de retaguarda para faltas com
elevada resistência de contato e considerando ainda as várias situações do sistema
para o qual o mesmo não deve operar, conclui-se que os ajustes estão satisfatórios.

NOTA: Apesar de haver bloqueio da função pela partida fase-terra da proteção de


distância e durante a abertura monopolar do disjuntor quando do religamento,
recomenda-se manter este ajuste, que não leva em consideração o funcionamento
desse bloqueio (segurança para seletividade).

DIRECTION - POLARIZAÇÃO

3160 Polarization: with v2 and I2 (negative sequence)

3162A ALPHA lower angle for forward direction: 338 °

3163A BETA upper angle for forward direction: 120 °

3164 Min. zero seq.voltage 3Vo for polarizing: 0,5 V

3166 Min. neg. seq. polarizing voltage 3V2: 0,5 V

3167 Min. neg. seq. polarizing current 3I2: 0,25 A

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 171 de 195


Adota-se a polarização por seqüência negativa. Os ângulos alpha e beta foram
adotados iguais aos mostrado no diagrama R-X para a proteção de distância. Para o
Beta adotou-se 120 graus ao invés de 122 graus (default).

7.4.12 85 - 67N PILOT PROT. GND. OVERCURRENT (Secondary Values):

Setting Group A
85-67N Pilot Prot. Gnd. OverCurrent (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
3201 85-67N Pilot Prot. for Dir. Ground O/C ON
3202 Line Configuration Two Terminals
3203A Time for send signal prolongation 0,05 sec
3208 Time delay for release after pickup 0,080 sec
3209A Transient Block: Duration external flt. 0,04 sec
3210A Transient Block: Blk T. after ext. flt. 0,05 sec

Adotam-se os valores sugeridos na documentação técnica. Apenas se temporiza em 80


ms para garantir a prioridade para a função de teleproteção de distância e evitar qualquer
eventual interferência na seleção de fases.

7.4.13 WEAK INFEED (TRIP AND / OR ECHO) (Secondary Values):

Setting Group A

Weak Infeed (Trip and/or Echo) (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
2501 Weak Infeed option is Echo and Trip
2502A Trip / Echo Delay after carrier receipt 0,04 sec
2503A Trip Extension / Echo Impulse time 0,05 sec
2505 Undervoltage (ph-g) 25 V

Adota-se “Echo and Trip” com tensão baixa (25 V secundários).

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 172 de 195


7.4.14 50(N)/51(N) BACKUP OVERCURRENT (Secondary Values):

Trata-se de função de retaguarda de sobrecorrente que pode ser configurada para


implementação de outras funções. Será utilizada apenas para o caso de problema no
circuito secundário de TP de linha. Não será utilizada função STUB em função do arranjo
de barras em Alfa.

Setting Group A

50(N)/51(N) Backup OverCurrent (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
2601 Operating mode Only Active with Loss of VT sec. circuit
2680 Trip time delay after SOTF 0,00 sec
BACK UP PARA PERDA DE TP
2610 50-B1 Pickup 4,5 A
2611 50-B1 Delay 0,30 sec
2612 50N-B1 Pickup 1,0 A
2613 50N-B1 Delay 0,3 sec
2614 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI NO
2615 Instantaneous trip after SwitchOnToFault NO
SEGUNDO ELEMENTO NÃO UTILIZADO

2620 50-B2 Pickup ∞


2621 50-B2 Delay ∞
2622 50N-B2 Pickup ∞
2623 50N-B2 Delay ∞
2624 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI NO
2625 Instantaneous trip after SwitchOnToFault NO
TEMPORIZADO NÃO UTILIZADO

2640 51-B Pickup ∞


2642 51-B Time Dial ∞
2646 51-B Additional Time Delay Sem efeito

2650 51N-B Pickup ∞


2652 51N-B Time Dial ∞
2656 51N-B Additional Time Delay Sem efeito

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 173 de 195


2660 IEC Curve Sem efeito
2670 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI NO
2671 Instantaneous trip after SwitchOnToFault NO
FUNÇÃO STUB

2630 50-STUB Pickup ∞


2631 50-STUB Delay ∞
2632 50N-STUB Pickup ∞
2633 50N-STUB Delay ∞
2634 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI NO
2635 Instantaneous trip after SwitchOnToFault NO

2601 Operating mode: Only Active with Loss of VT sec. circuit

2680 Trip time delay after SOTF: 0,00 sec

Ativado com perda de circuito de TP.

FUNÇÃO DE RETAGUARDA PARA FALHA DE CIRC. SECUNDÁRIO DE TP

2610 50-B1 Pickup: 4,5 A

2611 50-B1 Delay: 0,30 sec

2612 50N-B1 Pickup: 1,0 A

2613 50N-B1 Delay: 0,3 sec

2614 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI: NO

2615 Instantaneous trip after SwitchOnToFault: NO

Esta função, desde que habilitada, é ativada quando de faltas no circuito de medição
de tensão (ficando a função de distância bloqueada por isso). Sendo ativada ela
serve de proteção de retaguarda por sobrecorrente.

Ajuste da Corrente de Partida / Operação - Fases

o Corrente de carga máxima : I = 1356 A (Com a usina completa, para um circuito


em operação).
o Corrente de carga mínima : I = 502 A (com apenas Grupo 1 em Beta, com um
circuito da LT em operação).

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 174 de 195


o Curto bifásico mínimo pelo circuito, para falta na barra de Beta : I = 2800 A
o Curto bifásico mínimo na boca de Alfa: I = 2799 A (Com G1 e G2 em Beta, com
um circuito da LT em operação).

Verifica-se que se deve ajustar para uma corrente de cerca de 1800 A.

I = 1800 x 5 /2000 = 4,5 A secundários

50B1-Pickup (Iph>>) = 4,5 A

T Iph>> = 0,3 s

Dessa forma essa função dará cubertura a 100 % da LT.

Ajuste da Corrente de Partida / Operação - Terra

ƒ Curto-circuito fase-terra na barra de Beta: I = 1145 A (Com Usina completa e 2


circuitos da LT).
ƒ Curto-circuito fase-terra na boca de Alfa: I = 9788 A (Com um circuito e apenas o
Grupo 1 em Beta).

Ajusta-se a corrente com uma sensibilidade de 400 A primários.

I = 400 x 5 / 2000 = 1,0 A secundário

3I0>> Pickup = 1,0 A

T 3I0>> = 0,3 s

Tempo de operação da função = 300 ms

SEGUNDA FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE DISPONÍVEL

Desativar:

2620 50-B2 Pickup

2621 50-B2 Delay

2622 50N-B2 Pickup

2623 50N-B2 Delay

2624 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI

2625 Instantaneous trip after SwitchOnToFault

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 175 de 195


FUNÇÃO TEMPORIZADA DE BACKUP

Desativar.

2640 51-B Pickup

2642 51-B Time Dial

2646 51-B Additional Time Delay

2650 51N-B Pickup

2652 51N-B Time Dial

2656 51N-B Additional Time Delay

2660 IEC Curve

2670 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI

2671 Instantaneous trip after SwitchOnToFault

FUNÇÃO STUB

Desativar.

2630 50-STUB Pickup

2631 50-STUB Delay

2632 50N-STUB Pickup

2633 50N-STUB Delay

2634 Instantaneous trip via Pilot Prot./BI

2635 Instantaneous trip after SwitchOnToFault

7.4.15 50HS INSTANTANEOUS HIGH SPEED SOTF (Secondary Values)

Setting Group A

50HS Instantaneous High Speed SOTF (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
2401 50HS Inst. High Speed SOTF-O/C is ON
2404 50HS High Speed SOTF-O/C PICKUP 8,5 A

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 176 de 195


2401 50HS Inst. High Speed SOTF-O/C is: ON

Função Switcth onto Fault ativada.

2404 50HS High Speed SOTF-O/C PICKUP: 8,50 A

Corrente de carga: 1356 A (3,39 A). A documentação técnica recomenda ajustar num valor
cerca de 2,5 x essa corrente. O ajuste será, então, 8,5 A.

7.4.16 DEMAND MEASUREMENT SETUP (Secondary Values):

Setting Group A
Demand Measurement Setup (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
2801 Demand Calculation Intervals 60 Min per., 1 Sub.
2802 Demand Synchronization Time On the Hour

2801 Demand Calculation Intervals: 60 Min per., 1 Sub.

Adotado 60 Min per., 1 Sub.

2802 Demand Synchronization Time: One the Hour

Adotado On the Hour.

7.4.17 MIN / MAX MEASUREMENT SETUP (Secondary Values):

Setting Group A
Min/Max Measurement Setup (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
2811 Automatic Cyclic Reset Function NO
2812 MinMax Reset Timer 0 min
2813 MinMax Reset Cycle Period 7 day(s)
2814 MinMax Start Reset Cycle in 1 Days

2811 Automatic Cyclic Reset Function: NO

Função de Reset Cíclico Automático não ativada.

2812 MinMax Reset Timer: 0 min

2813 MinMax Reset Cycle Period: 7 day(s)

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 177 de 195


2814 MinMax Start Reset Cycle in: 1 Days

7.4.18 MEASUREMENT SUPERVISION (Secondary Values):

Setting Group A
Measurement Supervision (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
2901 Measurement Supervision ON
2902A Voltage Threshold for Balance Monitoring 50 V
2903A Balance Factor for Voltage Monitor 0,75
2904A Current Threshold for Balance Monitoring 2,50 A
2905A Balance Factor for Current Monitor 0,50
2906A Summated Current Monitoring Threshold 0,50 A
2907A Summated Current Monitoring Factor 0,10
2910 Fuse Failure Monitor ON
2911A Minimum Voltage Threshold V> 30 V
2912A Maximum Current Threshold I< 0,50 A
2913A Maximum Voltage Threshold V< (3phase) 5V
2914A Differential Current Threshold (3phase) 0,50 A
2915 Voltage Failure Supervision with current supervision
2916A Delay Voltage Failure Supervision 3,00 sec
2921 VT mcb operating time 0 ms

2901 Measurement Supervision: ON

Função supervisão de medições ativada.

2902A Voltage Threshold for Balance Monitoring: 50 V

Adotado valor default.

2903A Balance Factor for Voltage Monitor: 0,75

Adotado valor default.

2904A Current Threshold for Balance Monitoring: 2,50 A

Adotado valor default.

2905A Balance Factor for Current Monitor: 0,50

Adotado valor default.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 178 de 195


2906A Summated Current Monitoring Threshold: 0,50 A

Adotado valor default.

2907A Summated Current Monitoring Factor: 0,10

Adotado valor default.

2910 Fuse Failure Monitor: ON

Ativada função de monitoração de falha fusível.

2911A Minimum Voltage Threshold V>: 30 V

Adotado valor default.

2912A Maximum Current Threshold I<: 0,50 A

Adotado valor default.

2913A Maximum Voltage Threshold V< (3phase): 5 V

Adotado valor default.

2914A Differential Current Threshold (3phase): 0,50 A

Adotado valor default.

2915 Voltage Failure Supervision: with current supervision

Adotado valor default.

2916A Delay Voltage Failure Supervision: 3,00 sec

Adotado valor default.

2921 VT mcb operating time: 0 ms

Adotado valor default. A temporização ajustada aqui retarda a atuação da proteção em Z1.

7.4.19 79 AUTO RECLOSING (Secondary Values):

Esquema e Filosofia

O religamento automático tem por objetivo, restabelecer a linha de transmissão à


operação, após detecção e eliminação correta de um defeito.

Nas saídas de linha para Beta serão utilizadas as funções de religamento automático
incorporadas nas próprias proteções multifuncionais 7SA6125.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 179 de 195


Nestes terminais, o projeto elétrico só preve o controle de colocação ou não da função
religamento automático em operação. Assim, temos:

• Religamento automático desligado


• Religamento automático ligado

Não é prevista a seleção do tipo de religamento automático, qual seja, se monopolar ou


tripolar somente, ou ambos.

Assim sendo, será ajustado e parametrizado para permissão de uma tentativa de


religamento automático monopolar ou tripolar.

Caso se opte somente pelo religamento automático monopolar, deverá ser reajustado o
endereço “3457 Dead time after 3pole trip = oo” e o “3460 Request for synchro-check after
3 pole AR = NO”.

Para a opção somente pelo religamento automático tripolar, reajustar o endereço “3456
Dead time after 1pole trip = oo”.

Ajustes para Religamento Automático Tripolar

Para o religamento automático tripolar será ajustado em 0,5 segundo.

Ajustes para Religamento Automático Monopolar

Para o religamento automático monopolar (para faltas monofásicas), será ajustado um


tempo morto de 0,7 segundo, tempo esse suficiente para garantir a correta extinção de
arco secundário.

Setting Group A
79 Auto Reclosing (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
3401 79 Auto-Reclose Function ON
3402 52-ready interrogation at 1st trip YES
3403 Reclaim time after successful AR cycle 180,00 sec
3404 AR blocking duration after manual close 60,00 sec
3406 Evolving fault recognition with Trip
3407 Evolving fault (during the dead time) stop 79
3408 AR start-signal monitoring time 0,20 sec
3409 Circuit Breaker (CB) Supervision Time 3,00 sec
3410 Send delay for remote close command oo sec
3411A Maximum dead time extension 2,00 sec
3450 Start of AR allowed in this cycle YES

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 180 de 195


3451 Action time 0,20 sec
3456 Dead time after 1pole trip 0,7 sec
3457 Dead time after 3pole trip 0,5 sec
3458 Dead time after evolving fault 2,00 sec
3459 52-ready interrogation before reclosing YES
3460 Request for synchro-check after 3pole AR YES
3430 3pole TRIP by AR YES
3431 Dead Line Check or Reduced Dead Time With
3438 Supervision time for dead/ live voltage 0,20 sec
3440 Voltage threshold for live line or bus 48 V
3441 Voltage threshold for dead line or bus 30 V
3420 AR with 21 (distance protection) YES
3421 AR with 50HS-SOTF (switch-onto-flt.o/c ) NO
3422 AR with weak infeed tripping YES
3423 AR with 50N/51N (ground fault o/c) NO
3425 AR with 50(N)-B (back-up overcurrent) NO

3401 79 Auto-Reclose Function: ON

Função religamento automático ativada.

3402 52-ready interrogation at 1st trip: YES

Prevista pelo projeto, a supervisão do disjuntor, apesar de ser apenas pelos seus contatos.

3403 Reclaim time after successful AR cycle: 180,00 sec

Ajuste do tempo de guarda.

3404 AR blocking duration after manual close: 60,00 sec

Ajuste de tempo após o comando manual de fechamento em que o religamento automático


permanece bloqueado.

3406 Evolving fault recognition: with Trip

Detecção de falta evolutiva (durante o tempo morto) com o trip.

3407 Evolving fault (during the dead time): stop 79

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 181 de 195


Se detectada uma falta evolutiva durante o tempo morto, o religamento automático será
bloqueado.

3408 AR start-signal monitoring time: 0,20 sec

Tempo durante o qual é permitida a partida do religamento automático. É iniciado com o


sinal de partida de uma proteção, até a chegada do respectivo sinal de trip. Deve ser
ajustado menor que o tempo do 50BF.

3409 Circuit Breaker (CB) Supervision Time: 3,00 sec

Deixado ajuste default.

3410 Send delay for remote close command: oo sec

Deixado ajuste default. Não é relevante pois o religamento não está ajustado com o tempo
morto adaptivo no terminal remoto.

3411A Maximum dead time extension: 2,00 sec

Máximo tempo de extensão do tempo morto.

3450 Start of AR allowed in this cycle: YES

Permissão da partida do religamento.

3451 Action time: 0,20 sec

Tempo dentro do qual deve ocorrer trip da proteção para iniciar o ciclo de religamento.

3456 Dead time after 1pole trip: 0,70 sec

Tempo morto para religamento monopolar.

3457 Dead time after 3pole trip: 0,5 sec

Tempo morto para religamento tripolar.

3458 Dead time after evolving fault: 2,00 sec

Tempo morto caso detectada falta evolutiv a.

3459 52-ready interrogation before reclosing: YES

Prevista pelo projeto, a supervisão do disjuntor, apesar de ser apenas pelos seus contatos.

3460 Request for synchro-check after 3pole AR: NO

Religamento automático tripolar bloqueado.

3430 3pole TRIP by AR: YES

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 182 de 195


Se durante um religamento monopolar, ocorrer bloqueio do religamento, será gerado trip
tripolar para o disjuntor.

3431 Dead Line Check or Reduced Dead Time: With

Com verificação da condição de linha morta.

3438 Supervision time for dead/ live voltage: 0,20 sec

Tempo para detecção da condição de linha morta.

3440 Voltage threshold for live line or bus: 48 V

Tensão secundária que considera linha ou barra viva.

3441 Voltage threshold for dead line or bus: 30 V

Tensão secundária que considera linha ou barra morta.

3420 AR with 21 (distance protection): YES

Partida do religamento automático pela função distância.

3421 AR with 50HS-SOTF (switch-onto-flt.o/c ): NO

Esta função não parte o religamento automático.

3422 AR with weak infeed tripping: YES

Partida do religamento automático pela função Weak Infeed.

3423 AR with 50N/51N (ground fault o/c): NO

Esta função não parte o religamento automático.

3425 AR with 50(N)-B (back-up overcurrent): NO

Esta função não parte o religamento automático.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 183 de 195


7.4.20 25 SYNCHRONISM AND VOLTAGE CHECK (Secondary Values):

Setting Group A
25 Synchronism and Voltage Check (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
3501 25 Synchronism and Voltage Check ON
3502 Voltage threshold dead line / bus 14 V
3503 Voltage threshold live line / bus 59 V
3504 Maximum permissible voltage 73 V
3507 Maximum duration of synchronism-check 1,00 sec
3508 Synchronous condition stability timer 0,00 sec
3510 Operating mode with AR with consideration of 52 closing time
3511 Maximum voltage difference 13,3 V
3512 Maximum frequency difference 0,15 Hz
3513 Maximum angle difference 20 °
3515A Live bus / live line and Sync before 79 YES
3516 Live bus / dead line check before 79 YES
3517 Dead bus / live line check before 79 YES
3518 Dead bus / dead line check before 79 NO
3519 Override of any check before 79 NO
3530 Operating mode with Man.Cl with consideration of 52 closing time
3531 Maximum voltage difference 13,3 V
3532 Maximum frequency difference 0,15 Hz
3533 Maximum angle difference 20 °
3535A Live bus / live line and Sync before MC NO
3536 Live bus / dead line check before Man.Cl NO
3537 Dead bus / live line check before Man.Cl NO
3538 Dead bus / dead line check before Man.Cl NO
3539 Override of any check before Man.Cl NO

3501 25 Synchronism and Voltage Check: ON

Função de verificação de sincronismo e de tensão ativada.

3502 Voltage threshold dead line / bus: 14 V

Adotado por volta de 20% da tensão secundária nominal fase-terra.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 184 de 195


3503 Voltage threshold live line / bus: 59 V

Adotado por volta de 90% da tensão secundária nominal fase-terra.

3504 Maximum permissible voltage: 73 V

Adotada uma sobretensão de 10% da tensão secundária nominal fase-terra.

3507 Maximum duration of synchronism-check: 1,00 sec

Adotado valor default.

3508 Synchronous condition stability timer: 0,00 sec

Adotado valor default.

3510 Operating mode with AR: with consideration of 52 closing time

Com consideração do tempo de fechamento do disjuntor (50 ms).

3511 Maximum voltage difference: 13,3V

Adotado 20 % da tensão secundária nominal fase-terra.

3512 Maximum frequency difference: 0,15 Hz

Adotado 150 mHz.

3513 Maximum angle difference: 20 °

Adotado 30o.

3515A Live bus / live line and Sync before 79: YES

Verificação de sincronismo para barra viva / linha viva.

3516 Live bus / dead line check before 79: YES

Verificação de barra viva / linha morta.

3517 Dead bus / live line check before 79: YES

Verificação de barra morta / linha viva.

3518 Dead bus / dead line check before 79: NO

3519 Override of any check before 79: NO

3530 Operating mode with Man.Cl: with consideration of 52 closing time

Com consideração do tempo de fechamento do disjuntor (50 ms).

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 185 de 195


3531 Maximum voltage difference: 13,3 V

Adotado 20 % da tensão secundária nominal fase-terra.

3532 Maximum frequency difference: 0,15 Hz

Adotado 150 mHZ.

3533 Maximum angle difference: 20 °

Adotado 20o.

3535A Live bus / live line and Sync before MC: NO

Verificação de sincronismo para barra viva / linha viva.

3536 Live bus / dead line check before Man.Cl: NO

Verificação de barra viva / linha morta.

3537 Dead bus / live line check before Man.Cl: NO

Verificação de barra morta / linha viva.

3538 Dead bus / dead line check before Man.Cl: NO

Verificação de barra morta / linha morta.

3539 Override of any check before Man.Cl: NO

7.4.21 VOLTAGE PROTECTION (Secondary Values):

Setting Group A
Voltage Protection (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
3701 Operating mode Vph-g overvoltage prot. ON
3702 59-1 Pickup Overvoltage (phase-ground) 79,7 V
3703 59-1 Time Delay 5,00 sec
3704 59-2 Pickup Overvoltage (phase-ground) 100,0 V
3705 59-2 Time Delay oo sec
3709A Reset ratio 0,98
3711 Operating mode Vph-ph overvoltage prot. ON
3712 59-1 Pickup Overvoltage (phase-phase) 149,5 V
3713 59-1 Time Delay 0,04 sec
3714 59-2 Pickup Overvoltage (phase-phase) 175,0 V

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 186 de 195


3715 59-2 Time Delay oo sec
3719A Reset ratio 0,98
3721 Operating mode 3Vo (or Vx) overvoltage OFF
3722 59G-1 Pickup 3Vo (or Vx) (zero seq.) 30,0 V
3723 59G-1 Time Delay 2,00 sec
3724 59G-2 Pickup 3Vo (or Vx) (zero seq.) 50,0 V
3725 59G-2 Time Delay 1,00 sec
3729A Reset ratio 0,95
3731 Operating mode V1 overvoltage prot. OFF
3732 59-1 Pickup Overvoltage (pos. seq.) 150,0 V
3733 59-1 Time Delay 2,00 sec
3734 59-2 Pickup Overvoltage (pos. seq.) 175,0 V
3735 59-2 Time Delay 1,00 sec
3739A Reset ratio 0,98
3741 Operating mode V2 overvoltage prot. OFF
3742 59-1 Pickup Overvoltage (neg. seq.) 30,0 V
3743 59-1 Time Delay 2,00 sec
3744 59-2 Pickup Overvoltage (neg. seq.) 50,0 V
3745 59-2 Time Delay 1,00 sec
3749A Reset ratio 0,98
3751 Operating mode Vph-g undervoltage prot. OFF
3752 27-1 Pickup Undervoltage (phase-neutral) 30,0 V
3753 27-1 Time Delay 2,00 sec
3754 27-2 Pickup Undervoltage (phase-neutral) 10,0 V
3755 27-2 Time Delay 1,00 sec
3758 Current supervision (Vph-g) OFF
3761 Operating mode Vph-ph undervoltage prot. OFF
3762 27-1 Pickup Undervoltage (phase-phase) 50,0 V
3763 27-1 Time Delay 2,00 sec
3764 27-2 Pickup Undervoltage (phase-phase) 17,0 V
3765 27-2 Time Delay 1,00 sec
3768 Current supervision (Vph-ph) OFF
3771 Operating mode V1 Undervoltage prot. OFF

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 187 de 195


3772 27-1 Pickup Undervoltage (pos. seq.) 30,0 V
3773 27-1 Time Delay 2,00 sec
3774 27-2 Pickup Undervoltage (pos. seq.) 10,0 V
3775 27-2 Time Delay 1,00 sec
3778 Current supervision (V1) OFF

3701 Operating mode Vph-g overvoltage prot.: ON

Proteção de sobretensão fase-terra ativada.

3702 59-1 Pickup Overvoltage (phase-ground): 79,7 V

Adotado 20 % de sobretensão fase-terra.

3703 59-1 Time Delay: 5,00 sec

Adotado 5,00 segundos de retardo.

3704 59-2 Pickup Overvoltage (phase-ground): 100,0 V

Adotado valor default. Está bloqueado - temporizador infinito.

3705 59-2 Time Delay: oo sec

Bloqueado.

3709A Reset ratio: 0,98

Adotado valor default.

3711 Operating mode Vph-ph overvoltage prot.: ON

Proteção de sobretensão fase-fase ativada.

3712 59-1 Pickup Overvoltage (phase-phase): 149,5 V

Adotado 30% de sobretensão fase-fase.

3713 59-1 Time Delay: 0,04 sec

Adotado 40 ms de temporização.

3714 59-2 Pickup Overvoltage (phase-phase): 175,0 V

Deixado valor default. Temporizador bloqueado.

3715 59-2 Time Delay: oo sec

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 188 de 195


Bloqueado.

3719A Reset ratio: 0,98

Adotado valor default.

3721 Operating mode 3Vo (or Vx) overvoltage: OFF

Função não habilitada.

3722 59G-1 Pickup 3Vo (or Vx) (zero seq.): 30,0 V

3723 59G-1 Time Delay: 2,00 sec

3724 59G-2 Pickup 3Vo (or Vx) (zero seq.): 50,0 V

3725 59G-2 Time Delay: 1,00 sec

3729A Reset ratio: 0,95

3731 Operating mode V1 overvoltage prot.: OFF

Função não habilitada.

3732 59-1 Pickup Overvoltage (pos. seq.): 150,0 V

3733 59-1 Time Delay: 2,00 sec

3734 59-2 Pickup Overvoltage (pos. seq.): 175,0 V

3735 59-2 Time Delay: 1,00 sec

3739A Reset ratio: 0,98

3741 Operating mode V2 overvoltage prot.: OFF

Função não habilitada.

3742 59-1 Pickup Overvoltage (neg. seq.): 30,0 V

3743 59-1 Time Delay: 2,00 sec

3744 59-2 Pickup Overvoltage (neg. seq.): 50,0 V

3745 59-2 Time Delay: 1,00 sec

3749A Reset ratio: 0,98

3751 Operating mode Vph-g undervoltage prot.: OFF

Função não habilitada.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 189 de 195


3752 27-1 Pickup Undervoltage (phase-neutral): 30,0 V

3753 27-1 Time Delay: 2,00 sec

3754 27-2 Pickup Undervoltage (phase-neutral): 10,0 V

3755 27-2 Time Delay: 1,00 sec

3758 Current supervision (Vph-g): OFF

Função não habilitada.

3761 Operating mode Vph-ph undervoltage prot.: OFF

Função não habilitada.

3762 27-1 Pickup Undervoltage (phase-phase): 50,0 V

3763 27-1 Time Delay: 2,00 sec

3764 27-2 Pickup Undervoltage (phase-phase): 17,0 V

3765 27-2 Time Delay: 1,00 sec

3768 Current supervision (Vph-ph): OFF

Função não habilitada.

3771 Operating mode V1 Undervoltage prot.: OFF

Função não ativada.

3772 27-1 Pickup Undervoltage (pos. seq.): 30,0 V

3773 27-1 Time Delay: 2,00 sec

3774 27-2 Pickup Undervoltage (pos. seq.): 10,0 V

3775 27-2 Time Delay: 1,00 sec

3778 Current supervision (V1): OFF

Função não habilitada.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 190 de 195


7.4.22 FAULT LOCATOR (Secondary Values):

Setting Group A
Fault Locator (Secondary Values)
Addr. Setting Title Setting
3802 Start fault locator with Trip
3805 Mutual coupling parall. line compensation YES
3806 Load Compensation YES

3802 Start fault locator with: Trip

Partida do localizador de faltas com o trip.

3805 Mutual coupling parall. line compensation: YES

Compensação do acoplamento mútuo devido circuitos paralelos.

3806 Load Compensation: YES

Compensação da carga no cálculo da localização da falta.

7.4.23 OSCILLOGRAPHIC FAULT RECORDS (Secondary Values):

Oscillographic Fault Records (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
0402A Waveform Capture Save with Trip
0403A Scope of Waveform Data Fault Event
0410 Max. length of a Waveform Capture Record 1,20 sec
0411 Captured Waveform Prior to Trigger 0,10 sec
0412 Captured Waveform after Event 0,10 sec
0415 Capture Time via Binary Input 0,50 sec

0402A Waveform Capture: Save with Trip

Parte com a detecção da falta e guarda o registro se tiver trip.

0403A Scope of Waveform Data: Fault Event

Default

0410 Max. length of a Waveform Capture Record: 1,20 sec

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 191 de 195


Máximo tamanho do registro.

0411 Captured Waveform Prior to Trigger: 0,10 sec

Registro pré falta.

0412 Captured Waveform after Event: 0,10 sec

Registro pós falta.

0415 Capture Time via Binary Input: 0,50 sec

7.4.24 OUTROS AJUSTES

DEVICE GENERAL SETTINGS (Secondary Values)

Device General Settings (Secondary Values)


Addr. Setting Title Setting
0610 Fault Display on LED / LCD Display Targets on every Pickup

TIME SYNCHRONIZATION

Time Synchronization
Addr. Setting Title Setting
Source of time synchronization IRIG B
Pulse via binary input: Not configured
Fault indication after: 2 Min. Configurar / Adequar
no campo conforme
Time format for display dd.mm.yy necessidade real
Offset to time signal 00:00

SERIAL PORTS

Serial Ports
Serial interface on PC:
Setting Title Setting
Address (operator interface device): 1
Frame: 8 E(vem) 1
Configurar /
Baud rate: 38400
Adequar no campo
COM interface: 1 conforme
-> Apply from necessidade real
Frame Baud Rate and Address settings: “Operator Interface”
tab

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 192 de 195


Serial Ports
PC PROFIBUS:
Access point: S7ONLINE
VFD name: VFD <1>
Com. reference (CR): 0
Write index 100
Variable 1 Read index 101 Configurar / Adequar no
Lengh 44 campo conforme
necessidade real
Write index 102
Variable 2 Read index 103
Length 232
Master
Write index 104
ready

Serial Ports
VD addresses
VD address: 3
SIPROTEC SYS VD
1059 Configurar / Adequar no
address:
campo conforme
Proxy VD address: 1060 necessidade real
SIPROTEC T103 VD
0
address:

Serial Ports
Operator Interface
DIGSI link address: 1
Frame: 8 E(vem) 1
Baud rate: 38400 Configurar / Adequar no
Max. Max Gap: 0...50: 0 campo conforme
necessidade real
-> parameter settings
Access authorization at
interface for -> and test and
diagnostics

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 193 de 195


Serial Ports
Service interface
DIGSI link address: 1
Frame: 8 E(ven) 1
Baud rate: 38400 Configurar / Adequar no
campo conforme
Max. Max Gap: 0...50: 0 necessidade real
Access authorization at -> parameter settings
interface for -> and test and diagnostics

Serial Ports
Device PROFIBUS
Module Number: 1
Module ID: 1
Station Number: 12
Type: 1
Configurar / Adequar no
Length variable 1: 44 campo conforme
necessidade real
Length variable 2: 232
Control word 0

Access authorization at -> parameter settings


interface for -> and test and diagnostics

Device properties
MLFB 7SA61255BB617PR5-----------
VD address: 3
Device PROFIBUS 12
Configurar / Adequar no
Com. reference (CR): 0 campo conforme
necessidade real
VFD name: VFD <1>
Access point: S7ONLINE

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 194 de 195


7.4.25 ESQUEMA DE TRANSFERÊNCIA DIRETA DE DISPARO

As atuações das seguintes funções provocam a transmissão direta de sinal de disparo


para a outra extremidade da linha:

• Sobretensão instantânea.
• Sobretensão temporizada.
• Falha de disjuntor
• Trip por oscilação de potência, caso configurado no relé

A transmissão desse sinal é limitada no tempo por relés auxiliares indicados no projeto
elétrico, denominados 62TX1 (proteção principal) e 62TX2 (proteção alternada).

Ajustar esses temporizadores em 1,5 s.

No circuito de recepção desse esquema, existe um temporizador denominado 62RX, que


serve para temporizar a atuação de relé de bloqueio local.

Ajustar esse temorizador em 1,0 s.

7.5 AJUSTES PARA A PROTEÇÃO PRIMÁRIA DO CIRCUITO 1 DA LT ALFA – BETA.

Tipo 7SA612 / Siemens


MLFB 7SA6125-5BB61-7PR5
Name 7SA612
Versão 4.21.02
Número de Série F. Nr.
RTC 2000 - 5 A
RTP 230: 1,732 - 0,115: 1,732 kV
Disjuntor 52Y
Painel de Instalação

ADOTAR OS MESMOS AJUSTES ESTABELECIDOS PARA A


PROTEÇÃO PRIMÁRIA.

NOTA FINAL: A melhor fonte de referência para ajustes de uma


Proteção é a documentação técnica dessa proteção.

PROTEÇÃO LINHAS DE TRANSMISSÃO DE 230 kV Exemplo de Ajustes e Seletividade 195 de 195

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