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2019
Um cachorro se perdeu uma vez. Não me pergunte por onde, mas foi
uma noite estranha. Estava frio, passou por um grande matagal, até se
esbarrar em um animal. Para a sua surpresa, era um grande lobo-cinzento.
– Não se preocupe, jovem. Venha comigo. Faz tempo que não vejo um
de vocês. Somos tão parecidos, porém tão diferentes.
– Sabe... não somos mesmo tão diferentes. Nós podemos até ser
parentes!
– Não diga besteiras. Você deve estar com muito frio. Fique mais perto
de nós para se aquecer.
– Não, é sério. Olha só. De onde eu vim, existe uma antiga tradição
canina que conta sobre nossa origem, de quando caímos e ficamos distantes
do divino. Dizem que sou de uma raça chamada Border Collie. Meus pais
também eram da mesma raça, assim como meus avós. Mas, em algum ponto
da minha ancestralidade, algum grande avô meu não era da minha raça. Esse
grande avô foi também avô de alguns primos que uma vez conheci. São os
Greyhounds. Chamamos isso na minha matilha de grande fissura.
– Você diz que é primo de vários graus de outros seres? E o que isso
tem a ver conosco?
– Uma vez conheci dois cães: uma bela Cocker Spaniel e um Doberman
valentão. Esses eram cachorros bem diferentes de mim, mas possuíam uma
velha tradição que dizia que possuíam um grande avô, pai de todos os cães.
Sabe quem era esse?
– Nós?
– Não peço para acreditar em mim, mas para acreditar nos cachorros.
Não inventei isso tudo sozinho, sabe?
– Entendo, pois também temos uma velha tradição aqui. Ela pode lhe
interessar bastante. Um velho lobo uma vez me contou que tínhamos um
grande avô, pai de todos os nossos pais. Esse era o grande avô dos lobos...