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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE CONVECTIVO EM


REGIME PERMANENTE E TRANSIENTE EM UM
ESCOAMENTO EXTERNO CRUZANDO UM CILINDRO

BIANCA OLIVEIRA MEDEIROS

FERNANDA CARVALHO SANTOS

JOÃO VÍCTOR MAIA LEITE GARRIDO

RAQUEL ESTEVEZ ROCHA

SÃO CRISTÓVÃO

2019
BIANCA OLIVEIRA MEDEIROS

FERNANDA CARVALHO SANTOS

JOÃO VÍCTOR MAIA LEITE GARRIDO

RAQUEL ESTEVEZ ROCHA

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE CONVECTIVO


EM REGIME PERMANENTE E TRANSIENTE EM UM
ESCOAMENTO EXTERNO CRUZANDO UM
CILINDRO

Relatório para a disciplina de Laboratório


de Fenômenos de Transporte da turma 01
do curso de Engenharia Química no
período 2018.2.

PROFª. DR. MANOEL PRADO.

SÃO CRISTÓVÃO

2019

2
Resumo:
A transferência de calor tem como sua força motriz o gradiente de temperatura e
se dá por três mecanismos: condução, convecção e radiação. A transferência de calor por
convecção pode ser classificada segundo a natureza do escoamento do fluido, é chamado
de convecção forçada quando o escoamento do fluido é causado por um meio externo, tal
como bombas e sopradores. Diversas são as aplicações da transferência de calor por
convecção forçada, entre elas pode-se citar o uso de fluídos refrigerantes em
equipamentos eletrônicos visando sua segurança e manutenção através da remoção de
calor e na indústria de alimentos durante a fritura de muitos alimentos e a necessidade do
conhecimento do coeficiente de convecção forçada para que seja preservada a qualidade
dos alimentos durante o processo. Dessa forma foi objetivo desse estudo a determinação
dos coeficientes de transferência de calor do escoamento cruzado de ar em um cilindro
assim como o valor desses coeficientes com correlações encontradas na literatura, a fim
de comparar os dois resultados obtidos. Para a análise no regime permanente os
coeficientes médios obtidos para as velocidades nominais de 1,3 m/s; 3,2 m/s e 4,7 m/s
foram respectivamente: 42,25 W/m2.K ; 61,29 W/m2.K e 71,84 W/m2.K. Em Comparação
com os coeficientes calculados através de correlações obteve-se um erro relativo de 44%
a 63%. Através de um ajuste não-linear pode-se obter os valores dos coeficientes
convectivos para o regime transiente, estes são: 21,59 W/m2.K; 33,51 W/m2.K e 37,51,
para as respectivas velocidades nominais: 1,3 m/s; 3,2 m/s e 4,7 m/s.

Palavras-chaves: Coeficiente convectivo, transferência de calor, escoamento


cruzado, cilindro, regime permanente, regime transiente.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Constantes C e m para cada faixa de Re para a correlação de Zhukauskas.......16


Tabela 2 – Velocidade Nominal média obtida nos quatro quadrantes............................ 20
Tabela 3 - Dados da temperatura do cilindro em diferentes posições, da temperatura da
corrente de ar no regime permanente, da média das temperaturas e da temperatura do
filme, para velocidade nominal média de 1,3 m/s...........................................................21

Tabela 4 -Dados da temperatura do cilindro em diferentes posições, da temperatura da


corrente de ar no regime permanente, da média das temperaturas e da temperatura do
filme, para velocidade nominal média de 3,2 m/s........................................................... 22

Tabela 5 - Dados da temperatura do cilindro em diferentes posições, da temperatura da


corrente de ar no regime permanente, da média das temperaturas e da temperatura do
filme, para velocidade nominal média de 4,7 m/s............................................................22

Tabela 6 – Dados de voltagem e amperagem do sistema, com os valores de potência


fornecido para cada velocidade média..............................................................................23
Tabela 7 – Dados para o cálculo do coeficiente médio convectivo, para cada velocidade
média............................................................................................................................... 24

Tabela 8 -.Dados de Temperatura do filme média, a densidade (ρ), condutividade térmica


(k), difusividade térmica (α), viscosidade dinâmica (μ), viscosidade cinemática (ν) e
número de Prandtl (Pr), para cada velocidade média. Propriedades do ar a 1 atm............26
Tabela 9- Dados dos adimensionais Re e Nu, cada para velocidade média......................27
Tabela 10- Dados para cálculo do coeficiente convectivo pela correlação de Churchill-
Bernstein e validade........................................................................................................ 28
Tabela 11- Dados para cálculo do coeficiente convectivo pela correlação de Whitaker e
validade............................................................................................................................28
Tabela 12- Dados obtidos no cálculo do coeficiente convectivo pela correlação de
Whitaker e critério de validade.........................................................................................29
Tabela 13- Resultados para Nu e coeficiente convectivo para cada velocidade nominal,
encontrados pela correlação Zhukauskas.........................................................................30
Tabela 14- Erros relativos porcentuais entre os valores de coeficiente convectivos, obtidos
nas correlações e no comparando com o experimento......................................................30
Tabela 15 – Propriedades físicas do alumínio a 300 K (Çengel & Ghajar, 2012)............31
Tabela 16 – Diâmetro, comprimento, volume e área específica do corpo cilíndrico.........32

4
Tabela 17 – Dados experimentais de temperatura colhidos em regime transiente para cada
velocidade média nominal do soprador axial....................................................................32

Tabela 18 – Dados experimentais utilizados para plotagem dos gráficos para cada
velocidade média nominal do soprador axial....................................................................35
Tabela 19 – Parâmetro “a”, coeficiente de correlação e de convecção encontrados para
cada velocidade nominal do ar.........................................................................................38
Tabela 20 – Valores de capacidade calorífica para o alumínio. (Çengel & Ghajar,
2012)................................................................................................................................40
Tabela 21 – Número de Biot calculado para diferentes coeficientes de convecção
encontrados a partir do ajuste...........................................................................................41
Tabela 22 – Fluxos convectivo, radiativo e total referente a cada velocidade e influência
do fluxo radiativo no fluxo total.......................................................................................42

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Formação e separação da camada-limite sobre um cilindro circular em


escoamento cruzado (Fonte: Incropera & DeWitt, 2011)................................................11

Figura 2 - Coeficiente médio de arrasto para escoamento cruzado sobre um cilindro


circular liso e uma esfera lisa (Fonte: Çengel & Ghajar, 2012)........................................12

Figura 3 - Variação do coeficiente local de transferência de calor ao longo da


circunferência de um cilindro circular para escoamento cruzado de ar (Fonte: Çengel &
Ghajar, 2012)...................................................................................................................13

Figura 4 - Esquema de um cilindro semi-infinito exposto a um calor gerado constante e à


convecção que ocorre a partir do escoamento de ar..........................................................17

Figura 5 - Visão lateral do aparato experimental e visão frontal do túnel de vento ...........19
Figura 6 - Pontos do coeficiente convectivo médio em função da velocidade média
nominal............................................................................................................................25
Figura 7 - Pontos dos adimensionais Nu em função de Re.............................................27

Figura 8 - Diferença das temperaturas do corpo cilíndrico obtidas experimentalmente em


relação a temperatura do ar (T-T∞) em função do tempo (t) para a velocidade de 1,3
m/s.................................................................................................................................. 37

Figura 9 - Diferença das temperaturas do corpo cilíndrico obtidas experimentalmente em


relação a temperatura do ar (T-T∞) em função do tempo (t) para a velocidade de 3,2 m/s

........................................................................................................................................37
Figura 10 - Diferença das temperaturas do corpo cilíndrico obtidas experimentalmente
em relação a temperatura do ar (T-T∞) em função do tempo (t) para a velocidade de
4,7m/s.............................................................................................................................38

Figura 11 - Variação da condutividade térmica de sólidos, líquidos e gases com a


temperatura. Fonte: Çengel & Ghajar (2012)...................................................................39

6
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 8
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................... 9
2.1 Transferência de Calor ........................................................................................................ 9
2.2 Coeficiente de Película (h)....................................................................................................10
2.3 Escoamento cruzado em cilindros...................................................................................... 11
2.4 Adimensionais..................................................................................................................... 14
2.4.1. Número de Reynolds.........................................................................................................14
2.4.2. Número de Biot..................................................................................................................14
2.4.3. Número de Nusselt........................................................................................................... 14
2.4.4. Número de Prandtl...........................................................................................................14
2.4.5. Número de Stanton...........................................................................................................15
2.4.6. Número de Peclet...............................................................................................................15
2.5 Correlações para o cálculo do coeficiente de transferência de calor em um escoamento
cruzado em cilindro....................................................................................................................15
2.6 Condução Transiente em um Cilindro...............................................................................17
2.7. Objetivos ............................................................................................................................ 19
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 19
3.1. Equipamentos e Materiais................................................................................................. 19
3.2. Métodos .............................................................................................................................. 20
3.2.1 Análise em Regime Transiente........................................................................................ 20
3.2.2 Análise em Regime Permanente........................................................................................20
4.RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................... 21
4.1 Determinação do coeficiente convectivo médio...................................................................21
4.2 Determinação do perfil Nu versus Re...................................................................................25
4.2.1Cálculo dos adimensionais................................................................................................ 31
4.3 Determinação do Coeficiente de Convecção em Regime Transiente.............................. 39
4.4 Validação das hipóteses .......................................................................................................39
4.4.1 Hipótese de propriedades físicas constantes.................................................................. 40
4.4.2 Hipótese de aplicação ao modelo a parâmetros concentrados (MPC).........................41
4.4.3 Hipótese de taxa de radiação desprezível....................................................................... 41
5. CONCLUSÃO........................................................................................................................ 42
6. REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 43

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1. INTRODUÇÃO

A transferência de calor por meio da convecção forçada encontra diversas


aplicações em diferentes ramos da Engenharia.

O exemplo mais comum de aplicação prática do fenômeno de convecção forçada


encontra-se nos trocadores de calor, que são dispositivos que facilitam a transferência de
calor entre dois fluidos evitando a mistura de um com o outro. Eles são muito versáteis e
utilizados em uma grande variedade de processos, que vão desde sistemas de aquecimento
e ar condicionados domésticos a processos químicos em larga escala e produção de
potência (Çengel & Ghajar, 2012).

Na indústria alimentícia, os produtos passam por diversos tratamentos térmicos


durante seu processamento, quer sejam para esterilização como a pasteurização ou até
mesmo na preparação dos alimentos, como a fritura deles (Pérez-Reyes & Sosa-Morales,
2013). Neste último processo, ao ocorrer a evaporação da água no alimento que está sendo
frito, começa a ocorrer convecção forçada devido à turbulência do óleo ao redor da água
(Alvis et al., 2009). Segundo Tirado et al. (2013) a fritura de alimentos é um processo
amplamente utilizado e industrialmente importante em termos de Engenharia. O
conhecimento exato de como se comporta o coeficiente de transferência de calor por
convecção durante o processo de fritura é extremamente importante para os cálculos do
processo e para o projeto dos equipamentos, de forma a preservar a qualidade dos
alimentos fritos.

Outra aplicação interessante da convecção forçada encontra-se na Engenharia


Eletrônica. De acordo com Incropera (1988) desde o desenvolvimento dos primeiros
computadores digitais eletrônicos a remoção de calor desempenha um papel importante
na manutenção da segurança na operação destes equipamentos. Assim, para manter o
melhor ambiente térmico possível para os componentes eletrônicos de um equipamento,
torna-se extremamente necessário utilizar um agente externo, que pode ser um gás ou
líquido, para resfria-los.

Por fim, pode-se falar também do escoamento de um fluido ao longo de corpos


sólidos e da convecção externa forçada que são extremamente importantes nos projetos
mecânico e térmico de muitos sistemas de engenharia, como aviões, automóveis,

8
construções, pás de turbina e no resfriamento de placas de plástico ou metal, tubos de
vapor e água quente e fios extrudados. Além disso, o escoamento externo sobre os tubos
de um trocador de calor casco e tubo devem ser considerados na análise e no projeto do
equipamento (Çengel & Ghajar, 2012).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Transferência de Calor
Segundo Cengel (2012), calor é a forma de energia que pode ser transferida de
um sistema para outro em consequência da diferença de temperatura entre eles, a
transferência desta energia sempre se dá da maior temperatura para a menor temperatura.
A transferência de calor ocorre por três diferentes mecanismos: condução, radiação e
convecção, estes podem estarem combinados ou isolados dentro de um fenômeno
observado.

A condução de calor se dá em meios estagnados por um gradiente de


temperatura, ocorre em sólidos pela condução nos elétrons livres (mais efetivo) e pela
vibração da rede (menos efetivo), ou em fluidos pelo choque de partículas mais
energéticas para as menos energéticas. Esta também tem significância considerável em
fluidos a baixas velocidades (Cengel, 2012; Incropera & DeWitt, 2011). A taxa de
condução de calor é regida pela lei de Fourier, dada por:

𝑑𝑇
𝑞 = 𝐾𝐴 (1)
𝑑𝑥

Em que K é uma constante que depende do material e é


denominada condutividade térmica do material. O valor desse coeficiente é elevado para
os bons condutores de calor e baixo para os maus condutores, conhecidos como isolantes
térmicos.

A transferência de calor por radiação é o transporte de energia térmica na forma


de ondas eletromagnéticas ou fótons, dependendo do modelo físico adotado. Não
necessita de meio físico para se propagar. É dada pela lei de Stefan Boltzmann.

𝑞 = 𝜎𝐴(𝑇𝑆 4 − 𝑇 4 ) (2)

O mecanismo da convecção se dá entre uma superfície e um fluido em


escoamento a diferentes temperaturas. A energia é transferida devido ao movimento

9
molecular aleatório (difusão), e através do movimento global ou macroscópico do fluido.
A transferência de calor por convecção pode ser classificada segundo a natureza do
escoamento do fluido, é chamado de convecção forçada quando o escoamento do fluido
é causado por um meio externo, tal como bombas e sopradores. Convecção natural é
denominada para o fenômeno em que o escoamento se dá devido a forças de empuxo,
originadas a partir de diferenças de massa específica na interface fluido/superfície. A
equação para a taxa de transferência de calor por convecção é dada pela lei de
resfriamento de Newton:

𝑞 = ℎ 𝐴 (𝑇 − 𝑇∞ ) (3)

Em que h é o coeficiente convectivo de transferência de calor, dependente das


características físicas do fluido em escoamento e das condições da camada limite que são
relacionados a geometria da superfície e natureza do escoamento. No caso das
propriedades físicas do fluido e de seu escoamento podemos citar: viscosidade, massa
específica, calor específico, condutividade térmica, coeficiente de expansão volumétrica,
velocidade, aceleração da gravidade e a diferença de temperatura entre a superfície e o
fluido. Com relação à geometria podemos citar a dimensão característica, ou seja, a
dimensão que domina o fenômeno da convecção (Incropera e DeWitt, 2011; Miranda &
Gonçalves, 2012).

2.2 Coeficiente de Película (h)

Segundo Miranda & Gonçalves (2012), o coeficiente de transferência de calor


por convecção ou coeficiente de película, h, pela lei do resfriamento de Newton, é o ponto
chave para se obter a quantidade de calor transferida de uma superfície para um fluido ou
vice-versa. Este coeficiente é dado por uma complexidade de fatores os quais dependem
tipo do escoamento do fluido, das propriedades físicas do meio do fluido e da geometria
do sistema em questão, como já citado.

Para um incremento do coeficiente convectivo, objetivando maiores taxas de


transferência de calor, é possível usar maiores velocidades de escoamento causando
maiores turbulências, pois Segundo Alencastro (2015), turbulências tem influência direta
no processo de transferência de calor, sendo nesta onde ocorre a máxima transferência
gerada por diferentes zonas de mistura e também por proporcionar uma camada limite
menos espessa. Também é possível elevar o coeficiente de película através do aumento
da rugosidade superficial do tubo, pois segundo Incropera e DeWitt (2011) a rugosidade

10
superficial do tubo está relacionada com as forças de atrito, aumentando este haverá
maiores oscilações no fluido, proporcionando uma maior movimentação molecular e
maiores taxas de transferência de calor.

É importante diferenciar coeficiente local convectivo que está associado a taxa


de transferência de calor local dada por um gradiente de temperatura pontual do
coeficiente convectivo médio, dado pelo gradiente global do sistema. Para isso integra-se
os coeficientes locais na área superficial do sólido:

1
ℎ̅ = 𝐴𝑠 ∫ ℎ 𝑑𝐴𝑠 (4)

Tendo em vista as inúmeras variáveis que influenciam no cálculo do coeficiente


convectivo h, não existem tabelas para se obter o seu valor. Geralmente, em aplicações
de engenharia, o h é determinado experimentalmente e a partir de correlações empíricas
(Cengel, 2012).

2.3 Escoamento cruzado em cilindros

Segundo Incropera & DeWitt (2011), um escoamento externo comum envolve o


movimento de um fluido na direção normal ao eixo de um cilindro circular. Como
demonstra a Figura 1 o fluido da corrente livre atinge o cilindro e sua velocidade se anula
no chamado ponto de estagnação frontal, correspondendo a uma elevação na pressão. A
partir desse ponto, a pressão diminui ao longo de x e camada-limite se desenvolve com
um gradiente favorável (dP/dx < 0). A pressão tem que atingir um mínimo e na direção
da parte de trás do cilindro a continuação do desenvolvimento da camada-limite ocorre
na presença de um gradiente de pressão adverso (dP/dx > 0).

11
Figura 1 – Formação e separação da camada-limite sobre um cilindro circular em
escoamento cruzado (Fonte: Incropera & DeWitt, 2011).

Para velocidades a montante muito baixas, o fluido envolve completamente o


cilindro e segue sua curvatura. Para velocidades muito elevadas, o fluido envolve o
cilindro sobre a face frontal, mas é rápido demais para permanecer ligado à superfície ao
se aproximar da parte superior (ou inferior) do cilindro. Consequentemente, a camada
limite se solta da superfície, formando uma região de separação atrás do cilindro. O
escoamento na região da esteira é caracterizado pela formação periódica de vórtices e
pressões muito mais baixas que a pressão do ponto de estagnação (Çengel & Ghajar,
2012).

De acordo com Çengel & Ghajar (2012), a natureza do escoamento sobre o


cilindro afeta fortemente o coeficiente de arrasto total 𝐶𝐷 . Para o escoamento cruzado
sobre o cilindro, o coeficiente de arrasto é uma função do número de Reynolds, 𝐶𝐷 =
𝑓(𝑅𝑒). A Figura 2 demonstra o comportamento da variação do coeficiente de arrasto com
o número de Reynolds.

Figura 2 – Coeficiente médio de arrasto para escoamento cruzado sobre um cilindro


circular liso e uma esfera lisa (Fonte: Çengel & Ghajar, 2012).

12
A ocorrência de transição da camada limite, que depende do Número de
Reynolds, influencia significativamente a posição do ponto de separação. Considerando
ângulos medidos a partir do ponto de estagnação frontal do cilindro a separação do
escoamento ocorre a cerca de θ ≅ 80° quando a camada limite é laminar (𝑅𝑒𝐷 ≤
2𝑥10 5 ) e θ ≅ 140° quando é turbulenta (𝑅𝑒𝐷 ≥ 2𝑥10 5 ). O atraso na separação de
escoamentos turbulentos é causado pelas rápidas flutuações do fluido na direção
transversal, o que permite à camada limite turbulenta desenvolver-se ao longo da
superfície antes da separação ocorrer, resultando em menor arrasto de pressão (Incropera
& DeWitt, 2011; Çengel & Ghajar, 2012).

Em termos do coeficiente de transferência de calor, resultados experimentais


para a variação do número de Nusselt local com θ para um cilindro em um escoamento
cruzado de são fortemente influenciados pela natureza do desenvolvimento da camada
limite, como demonstra a Figura 3. O valor de Nu começa elevado no ponto de estagnação
(θ = 0), atinge o mínimo no ponto de separação do escoamento laminar (θ ≅ 80°), volta
a aumentar devido à passagem do escoamento laminar para o turbulento (θ ≅ 90°) e atinge
seu segundo mínimo no ponto de separação do escoamento para escoamentos turbulentos
(θ ≅ 140°) (Incropera & DeWitt, 2011; Çengel & Ghajar, 2012).

13
Figura 3 – Variação do coeficiente local de transferência de calor ao longo da
circunferência de um cilindro circular para escoamento cruzado de ar (Fonte: Çengel &
Ghajar, 2012).

2.4 Adimensionais

Nos próximos tópicos serão definidos alguns números adimensionais de acordo


com Çengel & Ghajar (2012). Eles serão necessários para a análise da transferência de
calor convectiva em um escoamento cruzado sobre um cilindro.

2.4.1. Número de Reynolds

A transição do escoamento laminar para o turbulento é quantificada pelo Número


de Reynolds, dado por:

𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠 𝑉𝐿𝑐 𝜌𝑉𝐿𝑐


𝑅𝑒 = = = (5)
𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑎𝑠 𝜈 𝜇

sendo V a velocidade a montante, 𝐿𝑐 o comprimento característico da geometria, 𝜌 é a


massa específica do fluido e 𝜇 a viscosidade dinâmica do fluido.

2.4.2. Número de Biot

A análise da magnitude entre as resistências à transferência de calor pode ser


realizada a partir do número de Biot:

𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 𝑛𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝐿𝑐 /𝑘


𝐵𝑖 = = (6)
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑐çã𝑜 𝑛𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 1/ℎ

sendo h o coeficiente de transferência, 𝐿𝑐 o comprimento característico da geometria e k


é a condutividade térmica do fluido.

2.4.3. Número de Nusselt

O aumento da transferência de calor através da camada de fluido como resultado


da convecção em relação à condução é dado pelo número de Nusselt:

𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑓𝑎𝑠𝑒𝑠 ℎ𝐿𝑐


𝑁𝑢 = = (7)
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑘

sendo h o coeficiente de transferência, 𝐿𝑐 o comprimento característico da geometria e k


é a condutividade térmica do fluido.
14
2.4.4. Número de Prandtl

A relação entre as espessuras das camadas limite hidrodinâmica e térmica é


descrita pelo adimensional do número de Prandtl, definido como:

𝐷𝑖𝑓𝑢𝑠𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝜈 𝜇𝐶𝑝


𝑃𝑟 = = = (8)
𝐷𝑖𝑓𝑢𝑠𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 𝛼 𝑘

sendo 𝜇 a viscosidade dinâmica do fluido, 𝐶𝑝 o calor específico do fluido e k é a


condutividade térmica do fluido.

2.4.5. Número de Stanton

O número de Stanton representa a relação entre os coeficientes de transferência


dos fluxos entre fases de calor e quantidade de movimento. Matematicamente, é expresso
por:

ℎ 𝑁𝑢
𝑆𝑡 = = (9)
𝜌𝐶𝑝 𝑉 𝑅𝑒𝑃𝑟

2.4.6. Número de Peclet

O número de Peclet representa a relação entre a transferência de calor devido ao


fluxo advectivo e a transferência de calor devido ao fluxo convectivo:

𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑎𝑑𝑣𝑒𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜 𝜌𝐶𝑝 𝑉𝑇 𝑉𝐿𝑐


𝑃𝑒 = = = (10)
𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑘/𝐿𝑐 𝑇 𝛼

2.5 Correlações para o cálculo do coeficiente de transferência de calor em um


escoamento cruzado em cilindro

Dentre as várias propostas de correlações empíricas e semi-empíricas para o


cálculo do número de Nusselt, este trabalho selecionou e utilizou três delas. As
correlações utilizadas foram:

 Whitaker (1972)
1
1 2
0,4
𝜇∞ 4
𝑁𝑢 = (0,4𝑅𝑒𝐷 2 + 0,06𝑅𝑒𝐷 3 ) 𝑃𝑟 ( ) (11)
𝜇𝑤
𝜇
A correlação é válida para 1 ≤ 𝑅𝑒𝐷 ≤ 1,0𝑥10 5 ; 0,67 ≤ Pr ≤ 300 e 0,25 ≤ 𝜇∞ ≤ 5,2.
𝑤

15
Todas as propriedades físicas são avaliadas na temperatura do fluido 𝑇∞ , exceto 𝜇𝑤 que
é avaliada na temperatura da parede.

 Zukauskas (1972)
1
𝑚 𝑃𝑟∞ 4
𝑁𝑢 = 𝐶𝑅𝑒𝐷 𝑃𝑟 𝑛 ( ) (12)
𝑃𝑟𝑤

Sendo n =0,37 se Pr ≤ 10 ou n = 0,36 se Pr > 10.


𝜇
A correlação é válida para 1 ≤ 𝑅𝑒𝐷 ≤ 1,0𝑥10 5 ; 0,67 ≤ Pr ≤ 300 e 0,25 ≤ 𝜇∞ ≤ 5,2.
𝑤

A Tabela 1 relaciona os valores de C e m para diferentes números de Reynolds.

Tabela 1 – Constantes C e m para cada faixa de Re para a correlação de Zhukauskas


(1972)

𝑹𝒆𝑫 C M
1 a 40 0,75 0,4
40 a 1000 0,51 0,5
𝟏𝒙𝟏𝟎 𝟑 a 𝟐𝒙𝟏𝟎 𝟓 0,26 0,6
𝟐𝒙𝟏𝟎 𝟓 𝐚 𝟏𝒙𝟏𝟎 𝟔 0,076 0,7

Todas as propriedades físicas são avaliadas na temperatura do fluido 𝑇∞ , exceto 𝑃𝑟𝑤 que
é avaliada na temperatura da parede do sólido.

 Correlações de Churchill-Bernstein (1977)


4/5
0,62𝑅𝑒𝐷 1/2 𝑃𝑟 1/3 𝑅𝑒𝐷 5/8
𝑁𝑢 = 0,3 + [1 + ( ) ] (13)
2/3 1/4 2,82𝑥105
0,4
[1 + ( ⁄𝑃𝑟) ]

A correlação é válida para 𝑅𝑒𝐷 Pr > 0,2.

Todas as propriedades físicas são avaliadas na temperatura do filme, 𝑇𝑓 = (𝑇∞ + 𝑇𝑤 )/2.

16
2.6 Condução Transiente em um Cilindro

Colocação do problema:

Considera-se um cilindro semi-infinito exposto na Figura 4, aquecido por um


calor gerado constante 𝑄̇𝑔 e mantido a uma temperatura T uniforme em todo seu
volume. No tempo t=0 o cilindro é exposto a uma corrente de ar a uma temperatura 𝑇∞
constante menor que a temperatura do cilindro T.

R
Z 𝑄̇𝑔

L
Figura 4 - Esquema de um cilindro semi-infinito exposto a um calor gerado constante e
à convecção que ocorre a partir do escoamento de ar.

Aplicando o método dos parâmetros concentrados ao problema, uma vez que a


temperatura do sistema variará apenas no tempo, não no comprimento do cilindro, do
balanço global de energia em termos de taxa, temos:

𝑑𝑇
𝑄̇𝑔 𝑉 − 𝑞 ′′ 𝑐𝑜𝑛𝑣 𝐴𝑠 = 𝜌𝑉𝐶𝑝 (14)
𝑑𝑡

Sendo 𝑞 ′′ 𝑐𝑜𝑛𝑣 o fluxo de calor trocado por convecção, 𝜌 a massa específica do


material, Cp o calor específico do material e as relações para o volume do cilindro V e a
área superficial As, respectivamente:

𝜋𝐷2 𝐿
𝑉= (15)
4

𝐴𝑠 = 𝜋𝐷𝐿 (16)

17
Dividindo toda a Equação (5) por 𝜌𝑉𝐶𝑝 e substituindo 𝑞 ′′ 𝑐𝑜𝑛𝑣 pelo calor
convectivo ℎ (𝑇 − 𝑇∞ ), temos:

𝑄̇𝑔 ℎ 𝐴𝑠(𝑇 − 𝑇∞ ) 𝑑𝑇
− = (17)
𝜌𝐶𝑝 𝜌𝑉𝐶𝑝 𝑑𝑡

Juntando as constantes em novos parâmetros constantes, temos:

ℎ 𝐴𝑠
𝑎= (18)
𝜌𝑉𝐶𝑝

𝑄̇𝑔
𝑏= (19)
𝜌𝐶𝑝

𝜃 = (𝑇 − 𝑇∞ ) (20)

Podemos reescrever a Equação (8), substituindo (9), (10) e (11), obtendo:

𝑑𝜃
+ 𝑎𝜃 = 𝑏 (21)
𝑑𝑡
𝑏
Sendo a equação (12) não homogênea, define-se uma nova variável 𝜃 ∗ = 𝜃 − 𝑎

assim:

1 𝑑𝜃 ∗
+ 𝜃∗ = 0 (22)
𝑎 𝑑𝑡

Integrando a Equação (12) na condição inicial 𝑡 = 0 ; 𝜃 ∗ = 0 , temos:

𝜃∗ 𝑡
𝑑𝜃 ∗
∫ ∗
= − ∫ 𝑎 𝑑𝑡
𝜃∗ 0 𝜃 0

Obtendo então a solução em termos de 𝜃 ∗ :

𝜃∗
ln ∗ = −𝑎𝑡
𝜃 0

Tirando o Ln, temos:

𝜃∗
= 𝑒 −𝑎𝑡
𝜃∗0

Voltando para a variável do problema, T, obtemos a solução geral do sistema:

18
𝑏 𝑏
(𝑇 − 𝑇∞ ) − = [(𝑇0 − 𝑇∞ ) − ] 𝑒 −𝑎𝑡 (23)
𝑎 𝑎

2.7 Objetivos

Este relatório teve como principal objetivo a determinação dos coeficientes de


transferência de calor do escoamento cruzado de ar em um cilindro de alumínio em três
velocidades diferentes tanto em regime permanente quanto em regime transiente. Como
objetivo secundário, calculou-se também o valor desses coeficientes com correlações
encontradas na literatura, a fim de comparar os dois resultados obtidos e aferir a
capacidade de previsibilidade das correlações usadas.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Equipamentos e Materiais

A Figura 5 representa o esquema do aparato experimental utilizado para realizar


o estudo de convecção forçada.

Figura 5- Visão lateral do aparato experimental e visão frontal do túnel de vento.

De acordo com a numeração apresentada, os materiais e equipamentos descritos


são:

19
1) Painel Elétrico- Dispondo de potenciômetro, controle de velocidade e indicadores
de temperatura do corpo dentro do cilindro e do ar;
2) Túnel de vento com soprador axial;
3) Anemômetro digital com termômetro Impac IP-720, medidor de ar em movimento
(vento) com range de temperatura entre 0,0 °C e 60,0 °C;
4) Corpo cilíndrico de alumínio com resistências ôhmicas perfeitamente distribuídas
em seu interior- Dimensões: Comprimento de 200 mm e diâmetro externo de 44
mm;
5) Sensor de temperatura deslizante localizado na superfície do cilindro;
6) Sensor de temperatura do tipo PT-100 inserido no Túnel de vento afim de obter
medidas da temperatura do ar.

3.2 Métodos

3.2.1 Análise em Regime Transiente


O soprador foi ligado e ajustou-se a velocidade do soprador a qual foi medida nos
quatro quadrantes com o auxílio do anemômetro, dessa forma obtendo-se uma média da
velocidade do ar no túnel. Em seguida verificou-se a voltagem e amperagem fornecidas
no painel de controle bem como as temperaturas indicadas do ar e da superfície do
cilindro.

Afim de realizar a análise no regime transiente foram anotadas as temperaturas da


superfície do cilindro em intervalos fixos até a temperatura se tornar constante e assim,
atingir o regime permanente.

As médias das três velocidades nominais utilizadas no experimento estão distribuídas


na Tabela 2.

Tabela 2: Velocidade Nominal média obtida nos quatro quadrantes.

Velocidade no Velocidade no Velocidade no Velocidade no Velocidade


1º Quadrante 2º Quadrante 3º Quadrante 4º Quadrante Nominal média

1,4 1,4 1,2 1,0 1,3

4,8 5,1 4,4 4,5 4,7

20
3,2 3,3 3,2 3,0 3,2

3.2.2 Análise em Regime Permanente

Ao verificar que as temperaturas não alteravam-se mais com o tempo foi iniciado a
análise em regime permanente, com o auxílio do sensor de temperatura deslizante pode-
se coletar dados de temperatura na barra em nove posições, estas são: 80; 60; 40; 20; 0; -
20; -40;- 60; -80.

Após coletados os dados, aumentou-se a velocidade para resfriar mais rápido até
atingir a temperatura de cerca de 23ºC na superfície e alterar para uma nova velocidade.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Determinação do coeficiente convectivo médio

Assim como descrito no 3.2.1 as velocidades médias nominais para a corrente de ar


foram definidas como: 1,3 m/s; 3,2 m/s e 4,7 m/s. Para determinação do coeficiente
convectivo médio, os dados do regime permanente foram considerados para cada
velocidade nominal medida no anemômetro. Considerou-se o regime permanente quando
a temperatura do corpo cilíndrico não variava com o tempo. Os dados de temperatura no
regime permanente estão dispostos nas Tabelas 3, 4 e 5, onde T∞ é a temperatura da
corrente de ar num ponto distante do cilindro.

Tabela 3: Dados da temperatura do cilindro em diferentes posições, da


temperatura da corrente de ar no regime permanente, da média das temperaturas e da
temperatura do filme, para velocidade nominal média de 1,3 m/s.

<v> = 1,3 m/s


Posição (mm) Temperatura (°C) Tfilme (°C) T∞ (°C)
80 79 52,65
60 79 52,65
40 78 53,15 27,3
20 78 53,15
0 77 52,15

21
-20 79 53,15
-40 79 53,15
-60 80 53,65
-80 79 53,15
Média 78 52,98

Tabela 4: Dados da temperatura do cilindro em diferentes posições, da


temperatura da corrente de ar no regime permanente, da média das temperaturas e da
temperatura do filme, para velocidade nominal média de 3,2 m/s.

<v> = 3,2 m/s


Posição (mm) Temperatura (°C) Tfilme (°C) T∞ (°C)
80 63 45,35

60 63 45,35

40 63 45,35

20 63 45,35

0 63 45,35
27,7

-20 63 45,35

-40 63 45,35

-60 64 45,85

-80 63 45,35

Média 63 45,40

Tabela 5: Dados da temperatura do cilindro em diferentes posições, da


temperatura da corrente de ar no regime permanente, da média das temperaturas e da
temperatura do filme, para velocidade nominal média de 4,7 m/s.

<v> = 4,7 m/s


Posição (mm) Temperatura (°C) Tfilme (°C) T∞ (°C)
80 58 42,95 27,9

22
60 58 42,95

40 58 42,95

20 58 42,95

0 57 42,45

-20 58 42,95

-40 58 42,95

-60 59 43,45

-80 59 43,45

Média 58 43,00

A temperatura do filme exposta nas Tabelas acima, foi considerada a fim de


obter propriedades do fluido na temperatura mais condizente com a real na superfície
próxima ao cilindro. Essa foi calculada segundo:

𝑇𝑠 −𝑇∞
𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 = (24)
2

No regime permanente, podemos afirmar que todo o calor gerado pelas


resistências internas distribuídas adequadamente do corpo cilíndrico, se converte em calor
perdido por convecção, ao entrar em contato com a corrente de ar mais fria. Portanto, é
possível encontrar a taxa de transferência de calor por convecção (𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 ) igualando-a a
potência (P) produzida por essas resistências:

𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 = 𝑃 (25)

A Tabela (6) apresenta os valores de voltagem (U) e amperagem (A) das


resistências distribuídas pelo cilindro.

Tabela 6: Dados de voltagem e amperagem do sistema, com os valores de


potência fornecido para cada velocidade média.

Velocidade média U (V) I (A) P (W)


<v1>= 1,3 m/s 100 0,6 60
<v2>= 3,2 m/s 100 0,6 60
<v3>= 4,7 m/s 100 0,6 60

23
A potência fornecida pelas resistências foi calculada por:

𝑃 = 𝑈. 𝐼 (26)

Como exemplo temos:

𝑃 = 100 . 0,6 = 60𝑊

Assim, conhecendo a área superficial do cilindro (As) através de:

𝐴𝑠 = 𝜋𝐷𝐿 (27)

Onde D é o diâmetro do cilindro e L é o comprimento.

Visto que o diâmetro do cilindro é de 40 mm e o comprimento do cilindro é de


200 mm, a área superficial é de 0,028 m2.

Conhecendo a área, foi possível calcular os coeficientes convectivos médios para


cada velocidade nominal, pela Lei de Resfriamento de Newton, dada pela Equação (3),
apresentados na Tabela 7.

Tabela 7: Dados para o cálculo do coeficiente médio convectivo, para cada


velocidade média.

Velocidade Média <Ts> (°C) T∞ (°C) Q (W) As (m2) <h> (W/m2.K)

<v1>= 1,3 m/s 78 27,3 60 42,25

<v2>= 3,2 m/s 63 27,7 60 0,028 61,29

<v3>= 4,7 m/s 58 27,9 60 71,84

Os cálculos do coeficiente convectivo foram feitos utilizando a temperatura


média do cilindro nas diferentes posições no regime permanente para cada velocidade
média. Para a velocidade média de 1,3 m/s, temos:

60 𝑊
< ℎ >= = 42,25 2
0,028 . (78 − 27,3) 𝑚 .𝐾

Dos dados da Tabela 7, pode-se plotar o gráfico da velocidade em função do


coeficiente convectivo médio, representado na Figura 6.

24
Figura 6 – Pontos do coeficiente convectivo médio em função da velocidade
média nominal.

Do gráfico da Figura (6), pode-se notar que o coeficiente convectivo aumenta


com o aumento da velocidade da corrente de ar que escoa externamente ao corpo
cilíndrico. Isso é decorrente de em maiores velocidades, a remoção de ar aquecido ao
redor do corpo cilíndrico quente ser maior. Assim, ocorre um maior gradiente de
temperatura na camada limite em que a convecção ocorre, renovando o ar mais frio com
maior frequência e com taxa de remoção de calor mais rápida. Desse modo, ocorre um
aumento no coeficiente convectivo.

4.2 . Determinação do perfil Nu versus Re

4.2.1. Cálculo dos adimensionais

Os cálculos dos valores para os adimensionais requerem conhecimento das


propriedades físicas na temperatura do filme ao redor do cilindro, esses dados de
temperatura de filme local foram expostos nas Tabelas 3, 4 e 5. Nesse tópico,
consideremos a temperatura do filme média em Kelvin, disposta na Tabela 8.

25
Tabela 8: Dados de Temperatura do filme média, a densidade (ρ), condutividade
térmica (k), difusividade térmica (α), viscosidade dinâmica (μ), viscosidade cinemática
(ν) e número de Prandtl (Pr), para cada velocidade média. Propriedades do ar a 1 atm.

<v> Tfilme ρ μ (kg/m.s)


k (W/m.K) α (m2/s2) ν (m2/s) Pr
(m/s) (°C) (kg/m3)
1,3 53 1,082 0,02372 2,531.10-5 1,977.10-5 1,827.10-5 0,7236
3,2 45 1,109 0,02699 2,416.10-5 1,941. 10-5 1,750.10-5 0,7241
-5 -5 -5
4,7 43 1,120 0,02677 2,374.10 1,927.10 1,721.10 0,7249
Dados das propriedades adaptados por interpolação de Çengel & Ghajar (2012).

 Nusselt
O número de Nusselt (Nu), pode ser calculado conhecendo o comprimento
característico do cilindro, a condutividade térmica do fluido no filme e o coeficiente
médio de convecção, segundo a Equação (7). Como para velocidade média de 1,3 m/s:
42,25.0,044
𝑁𝑢 = = 78,37
0,02372
Esse adimensional representa a razão entre a taxa de transferência de calor por
convecção e a taxa de transferência de calor por condução (Incropera et al., 2008).
O número de Nusselt depende diretamente do coeficiente convectivo de
transferência de calor. Este, como demonstrado no tópico 4.1., depende da velocidade de
escoamento associada a convecção.
 Reynolds
O número de Reynolds tem dependência direta da velocidade, portanto tem
dependência com o coeficiente convectivo. Esse adimensional é calculado pela Equação
(5), utilizando as propriedades físicas do fluido na temperatura média de filme dispostas
na Tabela (8). Exemplificando para a velocidade média de 1,3 m/s:

1,082 . 1,3 .0,044


𝑅𝑒 = = 3130,52
1,977. 10−5
4.2.2. Perfil Nu versus Re
A análise conjunta dos adimensionais Re e Nu pode demonstrar a dependência
entre os dois parâmetros. Assim, Tabela (9) apresenta os valores calculados para Nu e Re
para cada velocidade nominal.

26
Tabela (9): Dados dos adimensionais Re e Nu, cada para velocidade média.
<v> (m/s) Nu Re
1,3 78,37 3130,52
3,2 99,91 7898,19
4,7 118,07 11715,53

Tendo os dados da Tabela (9), foi possível plotar um gráfico do número de


Nusselt em função do número de Reynolds, apresentado na Figura (7).

Figura 7 – Pontos dos adimensionais Nu em função de Re.


Da Figura 7, é notório que existe uma relação diretamente proporcional entre os
adimensionais de Reynolds e de Nusselt, ambos aumentam quando a velocidade aumenta.
Essa relação pode ser explicada pela influência das forças viscosas ao redor do corpo
cilíndrico. Ao aumentar a velocidade, as forças viscosas possuem menos influencia no
escoamento impactando no aumento do número de Reynolds (razão entre as forças
inerciais e viscosas). A transferência por condução diminui como consequência da
diminuição da viscosidade (fluxo molecular). Assim, o número de Nusselt aumenta.

4.3 Comparação dos valores de coeficiente convectivo com correlações


Correlações para escoamento cruzado e externo a um cilindro.
 Correlação Churchill-Bernstein
27
Correlação válida para ReD.Pr > 0,2. As propriedades físicas do fluido devem
ser avaliadas na temperatura média do filme, expostas na Tabela (8). Assim, deve-se
avaliar se o intervalo do experimento se adequa a validade da correlação. Os dados para
comprovar a validade estão apresentados na Tabela (10).
Tabela 10: Dados para cálculo do coeficiente convectivo pela correlação de
Churchill-Bernstein e validade.

<v> Tfilme Nu <h> (W/m2.K)


Pr Re ReD.Pr
(m/s) (°C) (correlação) (correlação)

1,3 53 0,7236 3130,52 2265,24 28,99 15,63

3,2 45 0,7241 7898,19 5719,08 47,49 29,13

4,7 43 0,7249 11715,53 8492,587 59,04 35,92

Dados das propriedades adaptados por interpolação de Çengel & Ghajar (2012).

Os resultados obtidos para ReD.Pr, demonstrados na Tabela (10), atestaram a


validade da correlação nas condições experimentais dadas, já que os valores foram
maiores que 0,2 para todas as velocidades médias. Os valores de Nu da Tabela (10), foram
calculados pela Equação (13). Com os valores de Nu foi possível calcular os valores para
o coeficiente convectivo médio (<h>), exposto na mesma tabela. Comparando com os
valores encontrados experimentalmente, é observável um desvio considerável.
 Correlação Whitaker
Essa correlação considera os intervalos de validade de 1,0 ≤ ReD ≤ 1,0.105,
𝜇
0,67 ≤ Pr ≤ 300 e de 0,25≤ ∞⁄𝜇𝑠 ≤ 5,2. As propriedades físicas do fluido devem ser
calculadas na temperatura do fluido no infinito, ou seja, a temperatura da corrente de ar.
Porém, há uma exceção a 𝜇𝑠 deve ser calculada na temperatura da superfície do sólido.
Assim, a Tabela (11) foi construída a fim de validar as hipóteses e a Tabela (12) para
obter os valores de coeficiente convectivo.

Tabela 11: Dados para cálculo do coeficiente convectivo pela correlação de


Whitaker e validade.

<v> T∞ k∞ ρ∞ Ts
3 μ∞ (kg/m.s) Re∞ Pr∞ μs (kg/m.s)
(m/s) (°C) (W/m.K) (kg/m ) (°C)

28
1,3 27,3 0,02568 1,17 0,00001859 3614,77 0,7289 78 0,000020872

3,2 27,7 0,02571 1,17 0,000018614 8874,32 0,7288 63 0,000020212

4,7 27,9 0,02572 1,17 0,000018624 13018,27 0,7288 58 0,00001999

Dados das propriedades adaptados por interpolação de Çengel & Ghajar (2012).

Tabela 12: Dados obtidos no cálculo do coeficiente convectivo pela correlação


de Whitaker e critério de validade.

<v> (m/s) μ∞ /μs Nu (correlação) <h> (W/m2.K) (correlação)

1,3 0,890667 32,68 19,08

3,2 0,920938 54,73 31,98

4,7 0,931666 68,25 39,90

Das Tabela (11) e Tabela (12), é possível comprovar a validade dos dados para
o uso da correlação. Os valores de Nu foram calculados pela Equação (11) e assim, foram
encontrados os valores de coeficiente convectivo médio pela Equação (7). Esses valores
também divergiram dos valores encontrados experimentalmente.
 Correlação Zhukauskas
Na correlação de Zhukauskas, as propriedades físicas do fluido são calculadas
na temperatura da corrente de ar, exceto pelo Prs calculado na temperatura da superfície
do cilindro. Essa correlação propõe uma tabela de valores para as constantes apresentadas
nela. Visto que os valores das propriedades do fluido na corrente de ar são iguais aqueles
apresentados na Tabela (11), podemos encontrar as constantes sugeridas na correlação da
Equação (12).
Como para todas as velocidades Pr∞≤ 10, temos que n=0,37; e visto que a faixa
de 1,0.103 ≤ ReD ≤ 2,0.105, temos que C=0,26 e m=0,6.
Assim, podemos encontrar os valores de Nu e de <h> pela correlação,
representados na Tabela (13).

29
Tabela 13: Resultados para Nu e coeficiente convectivo para cada velocidade
nominal, encontrados pela correlação Zhukauskas.

<v> (m/s) Nu (correlação) <h> (W/m2.K) (correlação)

1,3 31,69 18,50

3,2 54,25 31,70

4,7 68,25 39,89

Assim como nas outras correlações, os valores encontrados para o coeficiente


convectivo desviaram consideravelmente dos valores experimentais. Portanto, faz-se
necessário calcular os erros entre as correlações.
 Comparação entre as correlações de Churchill-Bernstein, Whitaker,
Zhukauskas e os valores do experimento.
Os erros relativos percentuais para os valores de coeficiente convectivo médio
encontrados em cada correlação e comparando-os com os valores obtidos
experimentalmente estão apresentados na Tabela (14).
Tabela 14: Erros relativos porcentuais entre os valores de coeficiente
convectivos, obtidos nas correlações e no comparando com o experimento.
Erro Relativo (%) <V1>= 1,3 m/s <V2>=3,2 m/s <V3>= 4,7 m/s
Churchill-Bernstein 63,01 54,85 56,22

Whitaker 52,47 47,83 48,28

Zhukauskas 50,00 44,46 44,47

Os erros relativos apresentaram desvio percentual de 44% a 63%,


consideravelmente altos. Os maiores erros estão relacionados a correlação de Churchill-
Bernstein, o que se pode associar ao cálculo das propriedades físicas do fluido na
temperatura de filme, esta corresponde a uma aproximação feita no perfil.
Entretanto, devemos levar em consideração que os experimentos de cada autor
de correlação foram executados em condições específicas, não reproduzidas nesse
experimento. Além disso, relações de projeto entre condições teóricas e práticas não são
idealmente representativas e os erros são esperados.

30
4.3 Determinação do Coeficiente de Convecção em Regime Transiente

A partir da modelagem do corpo cilíndrico realizada no tópico 2.6 é possível


determinar o coeficiente de convecção em regime transiente. Para isso a temperatura do
corpo cilíndrico foi medida até o estabelecimento do regime permanente, como descrito
no tópico 3.2.2. É importante salientar que a modelagem foi feita adotando algumas
hipóteses simplificadoras que serão validadas no próximo tópico.

Para a determinação do coeficiente, é preciso ainda a busca na literatura de


algumas propriedades físicas do alumínio, material que compõe o corpo cilíndrico. Estas
propriedades também serão utilizadas no próximo tópico. A massa específica (ρ),
capacidade calorífica (cp) e condutividade térmica (k) estão dispostas na Tabela 15.

Tabela 15 – Propriedades físicas do alumínio a 300 K (Çengel & Ghajar, 2012)

ρ (kg/m3) cp (J/kg.K) k (W/m.K)


2702 903 237

Além dessas propriedades físicas, é necessário conhecer o volume e área


superficial, que são calculados conhecendo o diâmetro e comprimento do cilindro a partir
das Equações (15) e (16) respectivamente. A Tabela (16) apresenta esses resultados para
o corpo cilíndrico.

Tabela (16)– Diâmetro, comprimento, volume e área específica do corpo cilíndrico.

D (m) L (m) V (m3) As (m2)


0,044 0,2 0,000304 0,027646

A Tabela 17 apresenta os dados experimentais de temperatura do corpo


cilíndrico coletados durante o tempo até o estabelecimento do regime permanente,
associada a cada velocidade média nominal do soprador térmico e temperatura do ar.

31
Tabela 17 – Dados experimentais de temperatura colhidos em regime transiente para
cada velocidade média nominal do soprador axial

vméd (m/s) 1,3 3,2 4,7


T∞ (°C) 27,39 27,75 27,95
t(s) T (°C) T (°C) T (°C)
0 23 28 28
60 24 29 29
120 28 32 32
150 29 34 34
180 32 36 35
210 34 37 36
240 35 38 37
270 37 39 38
300 38 41 39
330 39 42 40
360 41 44 41
390 42 44 42
420 43 45 42
450 44 46 43
480 46 47 44
510 47 48 44
540 48 49 45
570 49 50 46
600 50 50 46
630 51 51 47
660 52 52 47
690 53 53 48
720 54 53 49
750 55 54 49
780 56 54 49
810 56 55 50
840 57 56 50
870 58 56 51
900 59 57 51
930 59 57 52
960 60 57 52
990 61 57 52
1020 62 58 52
1050 62 59 53
1080 63 59 53
1110 63 59 53
1140 64 59 54
1170 64 60 54
1200 65 60 54
1230 65 60 54

32
1260 66 61 54
1290 66 61 55
1320 67 61 55
1350 67 61 55
1380 68 61 55
1410 68 62 55
1440 69 62 56
1470 69 62 56
1500 69 63 56
1530 70 63 56
1560 70 63 56
1590 70 63 56
1620 71 63 56
1650 71 63 56
1680 71 63 56
1710 71 63 56
1740 71 63 57
1770 71 63 57
1800 71 63 57
1830 72 - 57
1860 72 - 57
1890 72 - 57
1920 72 - 57
1950 73 -- 57
1980 73 - 57
2010 73 - 57
2040 73 - 57
2070 73 - 57
2100 74 - 57
2130 74 - 57
2160 74 - 57
2190 74 - 57
2220 74 - 57
2250 75 - -
2280 75 - -
2310 75 - -
2340 75 - -
2370 75 - -
2400 75 - -
2430 75 - -
2460 75 - -
2490 76 - -
2520 76 - -
2550 76 - -
2580 76 - -
2610 76 - -

33
2640 76 - -
2670 76 - -
2700 76 - -
2730 77 - -
2760 77 - -
2790 77 - -
2820 77 - -
2850 77 - -
2880 77 - -
2910 77 - -
2940 77 - -
2970 77 - -
3000 77 - -

Os valores para T∞ foram obtidos através da média das temperaturas do ar


medidas durante o tempo para cada velocidade média nominal.

Analisando a Tabela (17) o comportamento esperado seria que o estabelecimento


do regime permanente se desse de forma mais rápida à medida que a velocidade nominal
do soprador térmico aumentasse, já que um aumento na velocidade leva a maiores taxas
de transferência de calor.

Porém esse comportamento não é observado para as velocidades de 3,2 e 4,7


m/s. Uma possível explicação é que houve algumas oscilações nas temperaturas medidas
para essas duas velocidades, o que pode ter afetado o experimento. Outra possibilidade é
que não foi adotado o mesmo tempo de espera para as três velocidades para a avaliação
de estabelecimento do regime permanente. Por exemplo, para a velocidade de 1,3 m/s a
temperatura de 77°C foi medida de 30 em 30 s durante 4,5 min e então foi inferido que o
regime permanente foi estabelecido, já para a velocidade de 3,2 m/s a temperatura de
regime permanente foi medida durante 5 min e para 4,7 m/s a temperatura foi medida por
8 min.

Para a determinação do coeficiente de convecção transiente foi necessário realizar


um ajuste não linear utilizando a Equação (23) na modelagem realizada no tópico 2.6, nos
softwares SciDaVIS e Origin. A Tabela 18 apresenta os dados utilizados para a plotagem
dos gráficos.

34
Tabela 18 – Dados experimentais utilizados para plotagem dos gráficos para cada
velocidade média nominal do soprador axial.

vméd (m/s) 1,3 3,2 4,7


T∞ (°C) 27,39 27,75 27,95
t(s) (T-T∞) (°C) t(s) (T-T∞) (°C) t(s) (T-T∞) (°C)
120 0,61 0 0,25 0 0,05
150 1,61 60 1,25 60 1,05
180 4,61 120 4,25 120 4,05
210 6,61 150 6,25 150 6,05
240 7,61 180 8,25 180 7,05
270 9,61 210 9,25 210 8,05
300 10,61 240 10,25 240 9,05
330 11,61 270 11,25 270 10,05
360 13,61 300 13,25 300 11,05
390 14,61 330 14,25 330 12,05
420 15,61 360 16,25 360 13,05
450 16,61 420 17,25 390 14,05
480 18,61 450 18,25 450 15,05
510 19,61 480 19,25 480 16,05
540 20,61 510 20,25 540 17,05
570 21,61 540 21,25 570 18,05
600 22,61 570 22,25 630 19,05
630 23,61 630 23,25 690 20,05
660 24,61 660 24,25 720 21,05
690 25,61 690 25,25 810 22,05
720 26,61 750 26,25 870 23,05
750 27,61 810 27,25 930 24,05
780 28,61 840 28,25 1050 25,05
840 29,61 900 29,25 1140 26,05
870 30,61 1020 30,25 1290 27,05
900 31,61 1050 31,25 1440 28,05
960 32,61 1170 32,25 1740 29,05
990 33,61 1260 33,25 - -
1020 34,61 1410 34,25 - -
1080 35,61 1500 35,25 - -
1140 36,61 - - - -
1200 37,61 - - - -
1260 38,61 - - - -
1320 39,61 - - - -
1380 40,61 - - - -
1440 41,61 - - - -
1530 42,61 - - - -
1620 43,61 - - - -
1830 44,61 - - - -
1950 45,61 - - - -

35
2100 46,61 - - - -
2250 47,61 - - - -
2490 48,61 - - - -
2730 49,61 - - - -

É importante salientar que as temperaturas repetidas que estão dispostas na


Tabela 17 não foram utilizadas para a plotagem do gráfico, como pode ser observado na
Tabela 18. Essa alteração é justificável, pois o ajuste realizado não iria condizer com a
realidade do experimento, já que em determinados tempos que a temperatura
aparentemente estava constante, na verdade ela ainda estava variando com o tempo,
porém devido a baixa sensibilidade do sensor de temperatura não foi possível detectar
essas mudanças.

Outra alteração necessária foi a eliminação dos dois primeiros pontos


experimentais para a velocidade nominal de 1,3 m/s, pois a temperatura inicial do corpo
cilíndrico estava abaixo da temperatura do ar (T∞), resultando numa diferença negativa
(T- T∞) o que não condiz com a realidade do experimento. Isso aconteceu no início do
experimento onde as resistências ôhmicas que aqueciam o corpo cilíndrico tinham sido
ligadas recentemente.

A partir da Tabela 18 e utilizando a Equação (23) o ajuste não linear foi


realizado, com o objetivo de determinar o parâmetro “a” que é descrito pela Equação (18)
e assim determinar o coeficiente de convecção (h). As Figuras 8, 9 e 10 ilustram esse
ajuste para as velocidades de 1,3; 3,2 e 4,7 m/s respectivamente.

36
Figura 8- Diferença das temperaturas do corpo cilíndrico obtidas experimentalmente em
relação a temperatura do ar (T-T∞) em função do tempo (t) para a velocidade de 1,3 m/s

Figura 9- Diferença das temperaturas do corpo cilíndrico obtidas experimentalmente em


relação a temperatura do ar (T-T∞) em função do tempo (t) para a velocidade de 3,2 m/s

37
Figura 10- Diferença das temperaturas do corpo cilíndrico obtidas experimentalmente
em relação a temperatura do ar (T-T∞) em função do tempo (t) para a velocidade de 4,7
m/s

A Tabela 19 apresenta os valores do parâmetro “a” e coeficientes de correlação


(R2) encontrados nos ajustes realizados bem como os coeficientes de convecção (h)
encontrados utilizando os dados dispostos nas Tabelas 15 e 16 a partir da Equação (18)
rearranjada. O cálculo utilizado está exemplificado abaixo para a menor velocidade.

0,000805𝑥2702𝑥0,000304𝑥903
ℎ= = 21,59 W/m2 K
0,027646

Tabela 19– Parâmetro “a”, coeficiente de correlação e de convecção encontrados


para cada velocidade nominal do ar.
v (m/s) a R2 h (W/m2K)
1,3 0,000805 0,9807 21,59
3,2 0,001249 0,9947 33,51
4,7 0,001398 0,9973 37,51

Os coeficientes de correlação encontrados a partir dos ajustes foram próximos


de um, evidenciando que os dados foram bens ajustados. É possível observar que os

38
coeficientes de convecção encontrados aumentam com a elevação da velocidade do ar, o
que é esperado fisicamente, já que a elevação da velocidade do ar aumenta as taxas de
transferência de calor.

4.4 Validação das hipóteses

Como citado anteriormente, para a modelagem do corpo cilíndrico em regime


transiente algumas hipóteses simplificadoras foram adotadas. É necessária a validação
das mesmas para ratificar que a modelagem desenvolvida pode ser aplicada ao problema
físico em questão.

4.4.1 Hipótese de propriedades físicas constantes


Essa hipótese permite assumir que propriedades como, massa específica,
condutividade térmica e capacidade calorífica não variam com a temperatura, para efeitos
de simplificação da resolução da modelagem.

Tratando-se de um sólido, não é difícil a afirmação de massa específica


constante, já que não há variação de volume com o aumento da temperatura.

Para a condutividade térmica a análise é feita através da Figura 11:

39
Figura 11- Variação da condutividade térmica de sólidos, líquidos e gases com
a temperatura. Fonte: Çengel & Ghajar (2012)

A Figura 11 apresenta a variação da condutividade térmica do alumínio em


função da temperatura. É possível observar que o perfil apresentado aproxima-se de uma
reta constante, para a faixa de temperatura em que o experimento foi realizado,
evidenciando que a hipótese adotada é válida.

O experimento em questão foi desenvolvido na faixa de temperatura de 28 – 77


°C (301 – 350 K). A Tabela 20 apresenta os valores de capacidade calorífica nos extremos
da faixa.

Tabela 20– Valores de capacidade calorífica para o alumínio. (Çengel &


Ghajar, 2012).

T (K) cp (J/kg.K)
300 903
350 926*
*valor obtido por interpolação

Os valores de capacidade calorífica para as temperaturas intermediárias irão ficar


entre os extremos encontrados na Tabela 20. Observando a tabela não há variações
significativas nos valores de capacidade calorífica na faixa utilizada. Portanto também é
valida a adoção desta hipótese.

4.4.2 Hipótese de aplicação ao modelo a parâmetros concentrados (MPC)


Essa hipótese permite afirmar que a distribuição de temperatura no corpo
cilíndrico é uniforme, não variando com a posição, apenas com o tempo, no caso de
regime transiente. Para isso o número de Biot, que estabelece a razão entre as resistências
condutiva e convectiva, tem que ser menor que 0,1, evidenciando que a resistência à
condução é insignificante frente à resistência à convecção.

Para a validação dessa hipótese o número de Biot foi calculado a partir da


Equação (6) utilizando os coeficientes convectivos obtidos através do ajuste dos dados
experimentais (regime transiente) e a condutividade térmica disposta na Tabela 15. O
comprimento característico, utilizado para o cálculo do Biot pode ser calculado através

40
do volume e área superficial disposto na Tabela 16 obtendo-se um valor de 0,011 m. Em
posse desses dados, a Tabela 21 apresenta os números de Biot calculados cujos cálculos
são exemplificados abaixo para a menor velocidade.

0,000304
𝐿𝑐 = = 0,011 𝑚
0,027646
21,59𝑥0,011
𝐵𝑖 = = 0,001
237

Tabela 21 – Número de Biot calculado para diferentes coeficientes de


convecção encontrados a partir do ajuste
v (m/s) h (W/m2K) Biot
1,3 21,59 0,0010
3,2 33,51 0,0015
4,7 37,51 0,0017

A partir do número de Biot obtido na Tabela 21 e tendo em vista que o valor foi
menor que 0,1 é possível validar a hipótese de parâmetros concentrados utilizada.

4.4.3 Hipótese de taxa de radiação desprezível


Para a validação dessa hipótese analisou-se a influência da radiação
considerando a temperatura do corpo cilíndrico como a do estabelecimento do regime
permanente para as três velocidades analisadas. A temperatura escolhida foi a maior
medida, pois o fluxo radiativo assume o maior valor possível, tornando possível avaliar
se sua influência é significativa. Os fluxos convectivo e radiativo são descritos pelas
Equações (3) e (2) respectivamente. O fluxo total é a contribuição dos dois fluxos, dada
pela equação:
′′
𝑞 ′′ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣
′′
+ 𝑞𝑟𝑎𝑑 (28)

A Tabela 22 apresenta os valores de fluxo convectivo, radiativo e total


calculados através das Equações (3), (2) e (28) respectivamente. Para isso considerou-se
a emissividade do alumínio polido de 0,03 (Çengel & Ghajar, 2012). A temperatura do ar
(T∞) bem como o coeficiente convectivo (h) foram os mesmos utilizados em regime
permanente referente a cada velocidade.

41
Tabela 22 – Fluxos convectivo, radiativo e total referente a cada velocidade e
influência do fluxo radiativo no fluxo total
Influência
′′
𝑊 ′′
𝑊 ′′
𝑊
V (m/s) 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 ( 2) 𝑞𝑟𝑎𝑑 ( 2) 𝑞𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ( 2) fluxo radiativo
𝑚 𝑚 𝑚
(%)
1,3 2099,82 11,69 2111,51 0,55
3,2 2163,54 7,77 2171,31 0,36
4,7 2090,54 6,23 2096,77 0,30

Os cálculos apresentados na Tabela 22 são exemplificados abaixo para a menor


velocidade:
𝑊 𝑊
𝑞 ′′ 𝑐𝑜𝑛𝑣 = 42,25 2
(77 − 27,3)°𝐶 = 2099,82 2
𝑚 °𝐶 𝑚
𝑊 𝑊
𝑞 ′′ 𝑟𝑎𝑑 = 0,03𝑥5,6704𝑥10−8 2 4 (3504 − 300,34 )𝐾 4 = 11,69 2
𝑚 𝐾 𝑚
𝑊
𝑞 ′′ 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2099,82 + 11,69 = 2111,51 2
𝑚
11,69
%𝑖𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = 𝑥100 = 0,55%
2111,51

Tendo em vista a porcentagem de contribuição radiativa no fluxo total


apresentada na Tabela 22 pode-se inferir que o fluxo radiativo não tem influência
significativa no fluxo total, portanto a hipótese de radiação desprezível é válida para o
problema em questão.

5. CONCLUSÃO
Os objetivos propostos neste estudo foram realizados com êxito. Os coeficientes
calculados para o regime permanente através da lei de resfriamento de Newton para as
velocidades nominais para as velocidades nominais de 1,3 m/s; 3,2 m/s e 4,7 m/s foram
respectivamente: 42,25 W/m2.K ; 61,29 W/m2.K e 71,84 W/m2.K, todos estes se
encontram em conformidade física com os valores de coeficientes convectivos para gases
que são encontrados na literatura na faixa de 25 W/m2.K a 250 W/m2.K. Observou-se
que os coeficientes aumentavam a medida que a velocidade nominal também aumentou,

42
isso pode ser explicado pelo fato que de em maiores velocidades, a remoção de ar
aquecido ao redor do corpo cilíndrico quente é maior.

Os adimensionais por sua vez também demonstraram uma elevação com o aumento
da velocidade, mais uma vez mostrando-se fisicamente coerente com o esperado, visto
que, ao aumentar a velocidade, as forças viscosas possuem menos influencia no
escoamento impactando no aumento do número de Reynolds (razão entre as forças
inerciais e viscosas).

Os cálculos dos coeficientes realizados através de correlações apresentaram um erro


percentual entre 44% a 63% quando relacionados com aqueles calculados através dos
dados obtidos no experimento, isso se deve ás condições especificadas usadas por cada
autor que não são atendidas totalmente durante ao experimento em questão.

Para a análise em regime transiente obteve-se o coeficiente h através de ajuste não


linear, foi conseguido ótimos ajustes observando-se novamente que os coeficientes de
convecção encontrados aumentaram com a elevação da velocidade do ar já que a elevação
da velocidade do ar aumenta as taxas de transferência de calor. Os valores determinados
para h foram 21,59 W/m2.K; 33,51 W/m2.K e 37,51, para as respectivas velocidades
nominais: 1,3 m/s; 3,2 m/s e 4,7 m/s.

6. REFERÊNCIAS

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McGraw-Hill, 2012
Alencastro, J. I. D. Metodologia para análise do coeficiente de transferência de
calor em superfícies corrugadas sob jatos incidentes; Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, Tese para a Obtenção do Título de Doutor em Engenharia e
Tecnologia de Materiais, Porto Alegre, 2015.
Miranda, E.J.P.; Gonçalves, R.S.; Determinação experimental do coeficiente de
transferência de calor por convecção. ABCM, CONEM, Agosto, 2012.
Incropera, F. P,; Dewit, D. P. Fundamentos de transferência de calor e Massa.
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Alvis, A.; Vélez, C.; Rada-Mendoza, M.; Villamiel, M; Villada, H. S. Heat
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Tirado, D. F.; Acevedo, D.; Guzmán, L. E. Coeficientes Convectivos de
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Incropera, F. P. Convection Heat Transfer in Electronic Equipment Cooling.
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Past Flat Plates, Single e Cylinders, Single Spheres, and for Flow In Packed Beds and
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Zukauskas, A. Convection Heat Transfer in Cross Flow. Advances in Heat Transfer.
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