A humanidade tem vivido muitas revoluções no transcurso de sua história.
Revoluções que tem a ver com a sobrevivência, a liberação da escravidão... Além de revoluções mais do tipo emocional que tem a ver com a livre expressão de opiniões e sentimentos. Revoluções ideológicas, que tem a ver com idéias, que também causaram mudanças profundas em diversos momentos da história. Revoluções de poder, quando um povo, uma nação se levantam com armas ou com seu poderio econômico. Estas são as revoluções que temos visto até agora no transcorrer da história. Agora uma nova revolução está sendo gestada, mas totalmente distinta. Uma revolução silenciosa que começa ser percebida pouco a pouco por cada vez mais pessoas. Que começa a mudar a perspectiva desde a qual percebemos a realidade. É a mais dissimulada das revoluções porque não pode ser vista, apenas percebida e sentida, algo totalmente abstrato. Para ver essa revolução teremos que desenvolver uma mente abstrata e uma identidade que tem a ver com lógica. Para as pessoas que tem sua identidade posta na existência ou no cotidiano comum da vida isso passa totalmente despercebido. É um aspecto invisível da realidade que nos rodeia. Essa é a revolução que está à porta. Grande e ao mesmo tempo silenciosa, mas também a mais invisível, cada um no seu tempo irá percebê-la. Vale dizer que o planeta terra e a humanidade estão vivendo uma época excepcional. Está havendo uma mudança profunda em todos os aspectos da vida da espécie humana, uma mudança que com certeza vai durar mais de uma geração. Estamos num processo de transição difícil de dimensionar com exatidão. Esta mudança que se apresenta silenciosa e ao mesmo tempo turbulenta tem um propósito evidente de um novo pulso de evolução. Uma turbulência de consciência. Nesta turbulência a consciência em outro nível pode acabar capturada por correntes coletivas que estão em transformação, que estão se destruindo umas as outras. Talvez o propósito desse tempo seja que de fato se destruam muitas correntes de pensamento, sensações e de sentimentos. Ter a melhor percepção possível desse processo fará que transitemos tudo isso com menos trauma e melhor aproveitamento para a expansão da consciência individual e por consequência a consciência universal. Dar-nos conta que a espécie humana é certamente muito jovem e que nosso cérebro ainda não está completamente maduro é um aspecto importante desse processo. É um fato científico que utilizamos uma pequena parte de nosso cérebro, que é, todavia o mais misterioso para a ciência tão desenvolvida. O que a ciência não compreende, no entanto, é o total funcionamento do cérebro humano. O cérebro humano está madurando aceleradamente, em um processo de mudanças com exigências que não compreendemos ainda. E essa maduração ocorre em função dos conflitos que se apresentam, ou seja, a diferença entre o potencial que o novo contexto requer e o potencial que cada indivíduo tem instalado. O planeta terra e nós humanos estamos vivendo mudanças extraordinárias. Este é um tempo particularmente incerto pela quantidade de estímulos que a mente humana precisa processar simultaneamente e que às vezes nos parece insuportável. Os valores com os quais tentamos compreender a realidade se veem continuamente superados pela velocidade dos acontecimentos numa incessante sucessão de interpretações que se contradizem entre si, exacerbando ainda mais a turbulência do presente. O fato é que temos que lidar com enormes desequilíbrios, tanto ecológicos como econômicos, sociais, políticos e culturais. Talvez, pela primeira vez, começamos a reconhecer que todos esses níveis estão absolutamente interligados. Percebemos que é impossível abordá-los separadamente, como nossa mente analítica gostaria de fazer. Se realmente queremos entender o atual contexto planetário, devemos estar dispostos a questionar radicalmente os pressupostos que sustentam nossas leituras habituais da realidade. O denominador comum de nossas interpretações é que as dificuldades que experimentamos foram causadas por nós e surgiram como consequência de decisões que tomamos pelo nosso livre arbítrio. Se nos sentimos culpados por tudo o que acontece ou que confiamos que os humanos serão capazes de resolver qualquer problema que venha ao nosso caminho, não podemos evitar localizar-nos no centro do que está acontecendo. Nosso papel central na cadeia de eventos, nesse caso, seria o pressuposto básico do que percebemos. A hipótese que sustentamos aqui é que os problemas que enfrentamos são sistêmicos. Eles respondem a processos cuja origem está muito além de nós e não dependem de nossa vontade. A realidade é que somos terrestres. É o planeta que está se transformando e o que nos acontece hoje é consequência de mudanças profundas que a Terra está experimentando. Para capturar a dimensão real do que está acontecendo hoje, é necessário aceitar o fato de que a Terra é um sistema inteligente composto por inúmeros organismos com milhões de anos de existência. Nós, humanos, somos apenas um aspecto dessa vida que se transforma e se desenvolve como parte do sistema solar que o contém. Nesta perspectiva, a única questão verdadeiramente relevante é perguntar-nos o mais seriamente possível de que forma podemos estabelecer uma relação coerente com essa inteligência. Estar conscientemente disponível para o novo e o incerto é uma condição que nos permite filtrar novas versões de nós mesmos. Nossa percepção do cosmos foi completamente alterada durante os últimos cem anos. De repente, descobrimos a existência de milhares, de milhões de galáxias que nasceram e morreram numa dança que começou há bilhões de anos. A imensidão do universo que percebemos hoje revela continuamente novos significados e nos impede de gerar uma imagem da realidade mentalmente homogênea, como fizemos com relativa facilidade no passado. À medida que nossa capacidade de reconhecer os padrões se desenvolve, começamos a perceber um universo de dinamismo extraordinário que se desenrola com movimentos cuja amplitude nos transcende, mas ao mesmo tempo nos inclui. O pensamento moderno chama isso de pulso de evolução. Além das interpretações que podemos ter dele, esse conceito tem uma qualidade inegável: obriga-nos a quebrar hábitos mentais e sensoriais profundamente arraigados. Isso exige que aprendamos a pensar em termos de processos cuja profundidade no tempo e vastidade no espaço faz explodir as fronteiras da mente. Embora ainda resistamos a aceitar as consequências do que essa noção nos revela, o fato é que nos desafia profundamente. Isso nos faz participar de um processo tão imenso que é cada vez mais difícil para nós colocar-nos no centro de tudo o que acontece. Para um número cada vez maior de seres humanos, estas palavras não se referem apenas a uma idéia ou a uma teoria científica, mas descreve uma nova sensação, uma nova maneira de registrar o que nos transcende. A tendência objetiva de nossa mente é capaz de descrever esse movimento como uma longa série de tentativas e erros, através das quais uma inteligência semi-conhecida cria e destrói formas, traça caminhos surpreendentes e também retorna a si mesma repetindo padrões muito básicos em níveis crescentes de complexidade. Os cientistas imaginaram inicialmente como um processo endógeno e unidirecional, como a dinâmica específica de um planeta excepcional e relativamente isolado que aumenta progressivamente a sua complexidade independentemente de outros sistemas. No entanto, é bastante evidente que a Terra está intimamente relacionada a processos inteligentes muito mais vastos como a energia solar ou a galáxia, de onde recebemos informações e energia continuamente. Sem dúvida, sem a participação ativa do universo inteiro, a evolução das formas de vida terrestres não teria sido e nem seria possível. De forma análoga, a matriz darwiniana dentro da qual concebemos a idéia de evolução tende a pensá-la como um movimento relativamente gradual. Mas aqui também é impossível negar a existência de saltos repentinos no processo. Dentro de uma exibição aparentemente progressiva, pode-se perceber a existência de descontinuidades periódicas que alteram completamente as condições preexistentes. A inexplicável explosão de vida, a explosão do reino vegetal, o salto prodigioso em complexidade que significou o aparecimento dos sistemas nervosos animais, o surgimento da espécie humana, a irrupção irresistível das máquinas que transformam o planeta e vão explorar o sistema solar são imensos saltos na organização da vida terrestre. Transformações globais que desafiam nossa capacidade explicativa. Um número crescente de seres humanos está percebendo que estamos vivendo em uma dessas descontinuidades. Portanto, acreditamos que é necessário prestar mais atenção a elas. Talvez descubramos nelas um conjunto de padrões que nos permitem compreender melhor as mudanças do presente. A primeira coisa que podemos distinguir em cada um desses saltos é o aparecimento de algum fator ou uma série de fatores que possibilitaram a formação de um novo tecido inteligente sobre o qual os saltos posteriores serão suportados. Esses fatores surgem sempre que o planeta entra em um novo relacionamento com os sistemas que o contém. É o encontro com um novo nível de realidade que permite ao planeta dar um salto súbito na complexidade de seus organismos e iniciar uma nova fase em sua organização. Nos momentos antes de cada um desses saltos, a Terra parece relativamente isolada do universo que a rodeia. Durante períodos prolongados, ela permanece debruçada sobre si mesma, absorvida em processos que não precisam de mais informações e energia do que aqueles gerados por ela, como se estivessem estabilizando transformações anteriores que devem ser protegidas de qualquer perturbação de origem externa. Nesses momentos, podemos imaginar o planeta envolvido em uma bolha dentro da qual ocorrem grandes modificações que não exigem uma ligação mais complexa com o universo circundante. Na realidade, não tem a capacidade de estabelecer isso também. Nenhum dos seus organismos tem sensibilidade suficiente para participar de processos mais amplos. O universo está cheio de informações em todos os momentos, mas grande parte dela não tem existência factual para a Terra até surgir os organismos capazes de se unir a ela. Um exemplo é do nitrogênio, esse elemento envolveu o planeta muito antes de a primeira bactéria desenvolver a capacidade de assimilá-lo. Seu aparecimento tornou possível que a Terra o absorvesse até que circulasse entre suas formas de vida. Do mesmo modo, a radiação solar banhou a Terra desde sua origem, mas só começou a fazer parte integrante no momento em que a clorofila surgiu. Essa nova substância tornou possível que o planeta sintetizara fótons pela primeira vez e incorporar a energia solar diretamente em sua estrutura. De repente, e através de um processo que ainda não entendemos, a Terra gera organismos capazes de se articular de uma forma sem precedentes com algum fator do universo. Graças a eles, o que até então era externo ao planeta começa a fazer parte dele. Dessa forma podemos compreender que Somos parte do Universo. E ao assumir que formamos parte de um Universo cujas leis também nos incluem e em absoluta referência interna, começamos a integrar essas leis em uma aplicação pessoal. Compreendendo-nos receptores de leis universais, permitimo-nos transcender o estado de humanos apegados em crenças, mitos, dogmas, ideologias e liturgias, para tornar-nos auto referentes e livres das polaridades. A consciência humana evoluiu protegida dentro de bolhas de crenças próprias de cada tribo, nação, religião ou época. Cada ninho desses desenvolveu esquemas para entender o mundo, sistemas de idéias e condutas aparentemente adequadas para sobreviver. O tecido arquétipo no qual os humanos se aninharam durante milênios chegou ao seu limite. Porém esse tempo talvez não seja nada mais que uma janela que permanecerá aberta para sempre. Alguma cultura poderá triunfar sobre as outras, o medo coletivo nos fará buscar novos feitiços. Por isso este tempo é tão particular, para que floreça o processo de individuação ao que estamos chamados, devemos compreender os esquemas básicos que sustentam as percepções distorcidas que impedem o surgimento de uma autêntica consciência planetária. A espécie humana é a expressão refinada da criatividade vivente da Terra. Com ela giramos ao redor do sol, junto com os demais planetas. Movemos-nos em um oceano de estrelas, imerso em um mar de galáxias. Tudo isso é a vida, as infinitas manifestações e níveis prodigiosos de inteligência que escapam por completo a nossa imaginação. Por que não somos capazes de sentir a imensidão que habitamos? Por que nossos corpos não sentem concretamente a vida da Terra, a borbulhante criatividade das espécies neste planeta? Por que não sentimos em nosso coração a dimensão insondável do espaço que nos rodeia? Porque estamos encerrados em nossas bolhas. Não sentimos. Só pensamos e projetamos nossas construções sobre a realidade. Cada ninho, cada tradição tem acreditado ser o centro do universo, os únicos verdadeiramente humanos, os povos eleitos, as raças superiores, os filhos prediletos de deuses exclusivos. Acreditamos ser a flor da evolução; os donos da Terra; seja por mandato divino ou porque acreditamos ser a única espécie inteligente do universo. Escutamos os cientistas afirmar que não existe outra inteligência além da nossa, no imenso mar das galáxias, ou as autoridades religiosas dizer que falam pessoalmente e conhecem a vontade daquele que criou esta imensidão. Talvez nossa vulnerabilidade fizesse que fosse necessário que acreditássemos ser únicos e importantes no desenho da vida. Talvez a fragilidade de nossa inteligência em seu alvorecer não nos deixou alternativa que creer-nos superiores e com direito de sermos donos da Terra e inclusive do Universo. O processo de individuação, a árdua tarefa de diferenciar-nos do alienante tecido das imagens e crenças coletivas nos exige enfrentar esse poderoso e ilusório núcleo da consciência humana. A enfeitiçante sensação de ocupar o lugar central que sustenta as bolhas que impedem sentir-nos parte da vida na qual estamos imersos. Acaso poderemos resolver nossos problemas políticos, sociais ou econômicos em escala planetária se seguimos nos crendo brasileiros, americanos, árabes ou chineses? Se não somos capazes de sentir que somos uma só humanidade? Poderemos resolver os imensos supostos problemas ecológicos se não nos sentimos terrestres, uma expressão a mais da inteligência planetária? A Terra existe há muito mais tempo que a humanidade e segue sua evolução independente de todas as crenças que temos cristalizado a respeito desse planeta. Nunca sairemos da incompreensão que temos se continuarmos vendo a Terra em termos de mãe provedora de todas as coisas. A grande transformação que está ocorrendo em todos os sentidos, não é humana, é da Terra e é ela quem nos inclui e é ela que nos está dando essa oportunidade. Não de boazinha que é porque ela não tem esses valores humanos. É um convite através de um enlace lógico coerente e coesivo que implica enlaçar com a parte abstrata de nosso vínculo com o planeta. Isso é despertar do sonho meloso de mãe terra provedora. Não somos humanos vivendo sobre a Terra, somos a Terra vivendo-se como humanos. Compreender isso naturalmente demanda um processo de desaprendizagem que se fará gradualmente conforme vão se formando circuitos neurais para sustentar essa nova compreensão. Como amadurece um ser humano? Como passamos de ser adolescentes a adultos? Temos podido observar, ao longo de nossas vidas, que o único meio de amadurecer, conhecido até agora, é o impacto. Impacto no plano físico (acidentes, enfermidades), no plano emocional (perdas importantes, luto), no plano mental (todos os as anteriores que nos deixam sem neurologia). Alguns desses impactos são tão duros que passamos de um simples amadurecimento a um estado traumatizado do ser. Neste caso não amadurecemos, só nos endurecemos em vez de gerar uma membrana permeável para o saudável intercâmbio com os demais, formamos uma couraça de proteção, e isso tem lógica, recebemos um golpe suficientemente grande para considerar o nosso entorno um lugar do qual é preciso se proteger. Como seria se pudéssemos amadurecem sem tantos golpes duros? Existe essa possibilidade? Eis aqui a grande abertura que está disponível: não precisamos mais de golpes duros se colocamos a consciência em função da terra... Esta é a revolução silenciosa e profunda, que cala fundo em cada indivíduo. Além de referenciar-nos ao céu e seus potenciais positivos (solar positivo), existe uma parte que nunca vemos: a terra que é tão genuína como o sol. Nós somos apenas um terminal nervoso da terra e estamos entre o sol e a terra, funcionando como consciência dos dois, sempre nos encantava mais o sol e esquecemos-nos da terra, não desde os valores, mas desde a observação e admiração dos processos lentos que ela gera, dentro desses processos tem coisas maravilhosas como o nascimento de uma flor e coisas terríveis como um terremoto, porém terríveis para quem? Para seus terminais, ou seja, nós os humanos. E por que um terremoto é terrível para nós? Porque estamos desconectados da terra e não me refiro a uma conexão romântica e fictícia, me refiro a nos livrar a cabeça de nossos insignificantes problemas cotidianos por um minuto apenas e reparametrizar-nos com novas e lógicas perguntas. Onde estamos parados, o que temos debaixo de nossos pés? Que consciência tenho de minha vida, para que existo? Estamos dispostos a desarmar-nos do conhecimento adquirido e rearmar-nos novamente como o faz a terra continuamente? Quantas perguntas nos fazemos por dia além daquelas sobre o que vamos comer e quando vence o cartão de crédito? Através de nossa própria consciência sobre as coisas podemos deixar de necessitar destas catástrofes para despertar. Observação, consciência multidimensional sobre o observado, empatia e flexibilidade para mudar, é o pouco que se pede em troca do muito que isso nos dá. Conhecer, compreender e assumir o desdobramento nos dá a possibilidade de reconhecer as diferentes linhas de consciência que nos operam.Toda a realidade aparentemente caótica que vivemos é parte de um processo evolutivo de amadurecer. Se não compreendemos e assumimos esses desdobramentos, o primeiro que fazemos é colocar a culpa nos outros, nos políticos, nos dirigentes governamentais por essa realidade caótica, além de rejeitar os que pensam diferente, taxando-os com rótulos ideológicos. Assumir que temos uma biologia (plano 1), um circuito químico emocional (plano 2), uma mente que processa pensamentos (plano 3) e que essas frequências são geradas desde um ponto hiperconvergente fora da existência (plano 7), através de uma possibilidade (plano 6), que toma uma lógica (plano 5) e que vai gerar um desenho (pano 4) para que essa possibilidade exista. E assumir que somos parte do universo cujas leis nos incluem e que somos um dos elos dessa teia planetária chamada vida. É assim como existimos, com um desenho ou identidade, pensando e sentindo desta ou daquela maneira. Essa realidade aparentemente caótica que vivemos como humanidade é parte de um processo evolutivo ao qual precisamos adaptar-nos. E ninguém precisa ser convencido disso. Cada um no seu tempo e em seu ritmo irá dar-se conta disso.