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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA – IME

Disciplina: CM: 255600 - Materiais Compósitos Reforçados com Fibras Naturais – 1/P - 2019
Prof. Lucio Fabio Cassiano Nascimento – Maj

Aluno: Bruno Figueira de Abreu Ferreira Cardoso Data: 06/05/2019

Propriedades e aplicações dos CFNLs


Diversos setores têm buscado alternativas para redução de impactos ambientais decorrentes de
processos produtos, tanto na produção quanto no descarte, fazendo com que o desenvolvimento
tecnológico desenvolva questões relacionadas com sustentabilidade ambiental e disponibilidade de
recursos. Compósitos reforçados com fibras naturais têm se tornado mais eficientes à medida que novas
composições e processos têm sido intensamente pesquisados, desenvolvidos e aplicados. (FARUK et al,
2012)
Segundo Marinelli et al (2008) As fibras naturais vêm sendo utilizadas como potenciais
modificadores de polímeros termoplásticos, utilizadas como reforço em materiais compósitos. Várias
técnicas de aprimoramento vêm surgindo com o objetivo de melhorar as propriedades destes compósitos,
como no caso das fibras de sisal, onde um processo de mercerização (solução de NaOH a 10%) trata as
fibras celulósicas, melhorando a molhabilidade das fibras, fortalecendo assim a ligação entre a matriz e
a superfície rugosa.
De acordo com Rodrigues et al (2015) foi realizado uma pesquisa utilizando um polímero tipo
poliéster insaturado ortoftálico de baixa reatividade com fibras de curauá. Neste experimento, foi
utilizado um processo de infusão para a fabricação das placas de compósitos. O autor concluiu que o
processo de infusão é um bom método de fabricação de compósitos com fibras naturais de curauá, além
de ser ambientalmente favorável, possibilitando assim a fabricação de produtos com elevado teor de
fibras e boas propriedades mecânicas. Neste estudo, chegou-se resultados mostrados na tabela a seguir
Tabela 1 – Modificações nas propriedades de compósitos de poliéster com fibras de curauá por
processo de infusão
Fibras Modificações nas propriedades no resultado final
Desempenho em tração melhorado em 22,2%; Módulo de elasticidade
Curauá longitudinal subiu em 48,6%; Elevação do nível de vácuo de 53,3kPA para
101,3kPa; Melhoramento da interface fibra/matriz.
Bledzki e Gassan afirmam (1999) que as fibras naturais podem ser derivadas de animais, vegetais
e minerais. A propriedade física de cada fibra depende da sua estrutura química. As fibras
lignocelulósicas dependem do tipo de plantio, solo, condições climáticas, parte do caule utilizado e entre
outros a tabela a seguir (Tabela 2) demostra as propriedades das fibras naturais e sintéticas utilizadas
como reforço em matriz polimérica.
Tabela 2 – Propriedades mecânicas das fibras naturais e sintéticas utilizadas como reforço.

Silva (2014) realizou uma pesquisa utilizando fibras de juta com composições variáveis de 0,
10%, 20% e 30% sem tratamentos químicos, apenas secagem, utilizando uma matriz de resina poliéster
ortoftáfica e uma de epóxi, e obteve os resultados demostrados nas tabelas a seguir (tabela 3 e 4)
Tabela 3 – Propriedades dos compósitos de poliéster reforçados com fibra de juta.

Tabela 4 – Propriedade dos compósitos de epóxi incorporados com fibras contínuas de juta.

No caso dos compósitos fabricados por fibras naturais, podemos citar a utilização de engenharia
em coletes balísticos, onde De Araújo (2015) utilizou uma compósito epóxi-sisal na segunda camada de
um colete balístico de multicamadas, onde o mesmo obteve uma profundidade de endentação média de
16,03 (O valor máximo admissível é de 44mm), demostrando assim por tanto, resultados bem
satisfatório, a tabela a seguir (tabela 5) demostra as características em relação a aramida e as figuras 1 e
2 a seguir mostram as fraturas causadas na superfície.
Tabela 5 – Comparativo de custos e peso das blindagens multicamadas

Figura 1 a) Micrografia da
superfície de fratura do compósito
de epóxi-sisal. Aumento de 150x.
b) Delaminação e rompimento das
fibras do compósito
Carvalho (2005) realizou uma trabalho com compósitos de fibra de sisal com matrizes de resina
epóxi e poliuterano aplicados a engenharia civil, e obteve um comparativo de tração entre fibras de sisal
e de vidro demostrado na tabela a seguir (tabela 6) e concluiu por sua pesquisa que a resina epóxi é mais
adequada em aplicações estruturais, apresentando melhores resultados mecânicos, maior resistência e
menor variabilidade, como mostra a tabela posterior (tabela 7)
Tabela 6 – Comparativo de resultados de tração em tecido de fibra de vidro e sisal.

Tabela 7 - Comparativo entre compósitos de a) resina epóxi-sisal e b) poliuterano-sisal

Referências:
[1] FARUK, O., BLEDZKI, A. K., FINK, H. P., SAIN, M., Biocomposites reinforced with natural
fibers: 2000-2010, Progress in Polymer Science, n. 37, pp. 1552-1596, 2012.
[2] MARINELLI, A.L, MONTEIRO, M.R, AMBRÓSIO, J.D, Desenvolvimento de Compósitos
Poliméricos com Fibras Vegetais Naturais da Biodiversidade: Uma Contribuição para a
Sustentabilidade Amazônica, Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 18, nº 2, 2008.
[3] RODRIGUES, J. SOUZA, J. A, FUJIYAMA, R. Compósitos poliméricos reforçados com fibras
naturais da Amazônia fabricados por infusão, revista matéria V.20 N.04, 2015.
[4] BLEDZKI, A. K., GASSAN, J. Composites Reinforced With Cellulose-Based Fibers. Prog.
Polym. Sci,v. 4, p. 221-274, 1999.

[5] SILVA, I. L. A, Propriedades e estrutura de compósitos poliméricos reforçados com fibras


contínuas de juta, Universidade Estudual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes – Rj, 2014.
[6] DE ARAÚJO, B. M. Avaliação do comportamento balístico de blindagem multicamadas com
compósito de epóxi reforçado com fibra ou tecido de sisal, IME – RJ, 2015.
[7] CARVALHO, R. F, Compósitos de fibras de sisal para uso em reforço de estruturas de madeira,
Universidade de São Paulo, São Carlos – SP, 2005.

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