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ESTÁGIO SUPERVISIONADO II

PROFESSORA CATHERINE FURTADO

MUSICA MENTE E EDUCAÇÃO – KEITH SWANWICK

O QUE FAZ A MUSICA SER MUSICAL?

Aluno: João Paulo Pereira Vieira

RESUMO

“A música trabalha através da mente. A primeira tarefa é, portanto, identificar os elementos


psicológicos essências que formam a mente musical, ou seja, a mente experimentando o mundo com a
música.” (SWANWICK, 2003, p.17)

Inicialmente o autor faz uma extensa análise critica sobre como os primeiros estudiosos e
pesquisadores tratam dos fenômenos fisiológicos e mentais causados pelo som. Explicarei em seguida
porque utilizei o termo ‘som’ e não ‘música’. A crítica se dá pelo fato de que esses pesquisadores e
estudiosos usavam a abordagem e todas as ferramentas do método científico com seus medidores e
ponteiros para fazerem leituras das mudanças fisiológicas perceptíveis acarretadas por determinados
sons isolados, com altura definidas ou não, com timbres diversos e com duração e intensidade variadas,
apáticos a música em si. Swanwick diz que esses trabalhos são feitos com materiais musicais
desprovidos dos elementos de caráter e estrutura. Daí o emprego de ‘som’ e não de ‘música’.
“Infelizmente, as coisas não são tão objetivas [...] Grande parte depende do estado de saúde do ouvinte,
do ambiente, do grau de atenção ou do cansaço do sujeito, do grau de familiaridade com a música e das
experiências musicais prévias dos sujeitos” (p.39). Toda riqueza da expressão artística, da percepção do
caráter expressivo e estrutural da música é perdido. Ele defende que uma das razões pelas quais a
música parece significar várias coisas diferentes para as pessoas está no grau com que as experiências
específicas são associadas a música.

Swanwick dá continuidade ao seu discurso chamando a atenção agora para o gesto expressivo, a
frase, o jogo da estrutura musical, a coerência e a abrangência de passagens musicais e mostrando
alguns níveis de resposta à música.
Ele começa esclarecendo a premissa da subjetividade, em que que cada sujeito é tocado de forma
diferente, de acordo com toda a sua bagagem já vivida e experimentada. A mesma música pode
despertar um sentimento de tranquilidade e descanso em um pessoa ao mesmo tempo que angustia
outro ouvinte. “Então, não apenas a linguagem da descrição musical é metafórica, como também há um
distinção a ser feita entre a maneira como a pessoa acredita que a música a faz sentir e como o caráter
em si é percebido”. (p.44)

Quanto aos níveis de concentração e atenção que é dada a música, o que também influencia na forma
como o indivíduo responde ao conteúdo musical, o autor usa conceito de “ouvir” e “escutar” extraídos
da obra de Vernon Lee (1932). ““Ouvir”, diz ela, acontece quando alguém está “avaliando algo que está
em movimento e mudando e na medida em que é acompanhado naquele que escuta por um senso de
alta e complexa atividade”. “Escutadores”, por outro lado tendem a sonhar acordados e permitir que sua
atenção vaguei para longe da música”. (p.45)
O caráter expressivo de uma passagem musical é, portanto, determinado por nossa percepção do seu peso,
tamanho, impulso, tipo de movimento e outros componentes aparentes de postura e gesto. Como tais
construtos são formados dentro da relatividade de contextos musicais particulares, nenhuma analise de
mudança fisiológica ou medida de habilidades auditivas isoladas nos ajudará a entende-las. (p.49,50)

Para finalizar o capítulo, ele propõe uma discussão quanto a Estrutura musical, e delimita a
expressão como “a efetividade com que um gesto expressivo é ouvido para se relacionar com outro”.
Sabendo que o ato fundamental da percepção é encontrar padrões, ver formas e configurações que
matem algum tipo de relação entre si ou que podem ser de alguma forma catalogadas e organizadas
pela nossa mente, essa estrutura surge da nossa própria necessidade de perceber esses agrupamentos
coerentes. Dessa forma nossa experiência com a música, ou seja, a musica que nos passa, que nos toca,
que nos move, é tangenciada também pela nossa percepção das formas e estruturas que ouvimos e
identificamos, tendo a nossa expectativa contemplada, e pelos surpreendentes, penetrantes e
estimulantes momentos em que nossa expectativa é frustrada, o que nos faz desfrutar dessa
experiência ainda mais ativa. “Nós nos referimos aqui à satisfação intelectual que o ouvinte obtém de
continuamente seguir e antecipar as intenções do compositor – ora para ver sua expectativa preenchida,
ora pra se perceber agradavelmente equivocado”. (p.53)

Como disse certa vez minha grande professora Brena Neilyse: A música não está escrita!

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