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Didatica Organizacao Do Trabalho Pedagogico PDF
Didatica Organizacao Do Trabalho Pedagogico PDF
D
outora em Educação. Professora do Curso de Pedagogia e de Educação a Distância da
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-RS). Pedagoga.
O
tema identidade e profissionalização docente trata das qualidades do professor progressista,
seu perfil profissiográfico e algumas considerações sobre o professor reflexivo e a prática
reflexiva. Pretende-se, assim,
entender o significado de identidade do professor;
identificar características do perfil do professor;
destacar a importância da formação do professor e da escola reflexiva.
Identidade do professor
A identidade do professor, conforme Pimenta (1999, p. 19), é construída
[...] a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da
revisão das tradições. Mas também da reafirmação das práticas consagradas culturalmente e que permanecem
significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade.
Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da
construção de novas teorias.
Ressignificar a identidade do professor [é] entender que a sua identidade é uma só, cons-
tituída pela identidade pessoal e pela identidade profissional. Essa união é indissociável,
e dessa indissociabilidade surge a identidade do professor, pois conforme mencionado, o
professor é uma pessoa e uma parte importante dessa pessoa é o professor.
Pimenta e Lima (2004) afirmam que a prática docente que imita modelos
tem sido classificada como artesanal por alguns autores. Essa prática faz parte
do modo tradicional de atuação do professor – ainda presente em nossos dias – e
pressupõe que a realidade do ensino seja imutável, assim como os alunos que
frequentam a escola.
Para as autoras, a profissão de educador é uma prática social conforme o
conceito de ação docente. O trabalho dos educadores é uma forma de intervir na
realidade social, por meio da educação que ocorre essencialmente nas instituições
de ensino.
O professor tem de ser crítico e reflexivo e responder, por meio da prática
docente, às situações que surgem no dia a dia profissional.
As mesmas autoras (2004, p. 48) destacam que:
[...] valorizando a experiência e a reflexão na experiência [...] Schön propõe uma formação
baseada numa epistemologia da prática, ou seja, na valorização da prática profissional
como momento de construção de conhecimento por meio de reflexão, análise e problema-
tização dessa prática e a consideração do conhecimento tácito, presente nas soluções que
os profissionais encontram em ato.
O ideal de professor
ou professor ideal – qual perfil?
Oxalá um dia cheguemos a uma vibrante consciência
pública de que o mais grave de todos os pecados é mutilar a mente de uma criança,
socavando seu princípio vital de autoconfiança.
Erik Erikson
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Humildade
Essa característica exige do professor coragem, confiança em si mesmo,
respeito a si e aos outros; não significa acomodação ou covardia. O professor que
tem humildade entende que ninguém sabe tudo, assim como ninguém ignora tudo.
Não há como conciliar a “adesão ao sonho democrático, a superação de
preconceitos com a postura humilde, arrogante, na qual nos sentimos cheios de
nós mesmos” (FREIRE, 2003, p. 56).
Paulo Freire afirma que o bom senso é um dos auxiliares fundamentais da
humildade, porque adverte quando o professor está perto de ultrapassar os limites
a partir dos quais se perde.
A arrogância e a empáfia não têm a ver com a mansidão do humilde. Para o
autor, “uma das expressões da humildade é a segurança insegura, a certeza incerta
e não a certeza demasiada certa de si mesmo” (FREIRE, 2003, p.56).
Amorosidade
Para Freire, a prática docente sem amorosidade, tanto pelos alunos como
pelo processo de ensinar, perde o seu significado.
Coragem
Para o autor, a coragem de lutar está ao lado da coragem de amar. O professor
não tem que esconder seus temores, mas não pode deixar que eles o imobilizem.
A coragem emerge no exercício do controle do medo.
1 A palavra progressista
tem sua origem em
Tolerância
George Snyders, pedagogo
francês, e designa uma prática Segundo Freire (2003, p. 59), “a tolerância é a virtude que nos ensina
pedagógica que parte da
análise crítica das realidades
a conviver com o diferente”. Sem ela é impossível desenvolver uma prática peda-
sociais. Em suas obras, gógica séria, e uma experiência democrática autêntica torna-se inviável.
Snyders trabalha o tema da
alegria, sempre acompanhado
da compreensão marxista da A tolerância possibilita aprender com o diferente e requer respeito, disciplina
sociedade.
e ética.
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Outras características
dos professores progressistas
Para Freire (2003), decisão, segurança, tensão entre paciência e impaciência
e a alegria de viver são qualidades que estão agrupadas, articuladas entre si.
A capacidade de decidir do professor é imprescindível para seu trabalho
educativo. Se ele não for capaz de fazer decisões, os alunos podem entender essa
deficiência como fraqueza moral ou incompetência profissional. No entanto, ele
não pode ser arbitrário em suas decisões.
Segurança, como qualidade do professor progressista, exige compe-
tência científica, clareza política e integridade ética. Para o autor, o professor
não terá segurança de seu trabalho pedagógico se não souber fundamentá-lo
cientificamente ou se não entender por que e para que o faz.
A tensão entre a paciência e a impaciência constitui-se, segundo Freire,
como uma das qualidades fundamentais do professor. A paciência não pode ser
separada da impaciência. A primeira, sozinha, faz o professor acomodar-se,
renunciar ao sonho democrático, imobilizar-se, faz com que o professor tenha um
discurso enfraquecido e conformado. A impaciência isolada, por sua vez, ameaça
o êxito da prática docente com a arrogância do professor. Para Freire (2003, p. 62),
“a virtude está, pois, em nenhuma delas sem a outra, mas em viver a permanente
tensão entre elas”.
A parcimônia verbal vincula-se à tensão entre a paciência e a impaciência.
Quem assume tal tensão só perde o controle sobre sua fala em situações
excepcionais, raramente excede os limites de seu discurso, que é enérgico, mas
equilibrado.
Freire (2003) afirma que educando com humildade, amorosidade, coragem,
tolerância, competência, capacidade de decidir, segurança, eticidade, justiça,
tensão entre paciência e impaciência, parcimônia verbal, mesmo com falhas e
incoerências, mas com disposição para superá-las, o professor cria uma escola
feliz e alegre.
Hoje, espera-se do professor o preparo teórico-prático capaz de superar
a fragmentação entre os domínios do conhecimento, para que ele alcance uma
visão interdisciplinar. Para tanto são necessárias, segundo Libâneo (1998, p. 30-
-31), exigências como:
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Leite (2006),
[...] se o professor não dispõe de habilidades de pensamento, se não sabe “aprender a
aprender”, se é incapaz de organizar e regular suas próprias atividades de aprendizagem,
será impossível ajudar os alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas.
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Modelos de professores
Professor Professor Professor Professor
transmissor facilitador mediador inovador
Aulas expositivas, centradas Aulas centradas no Ênfase em Ênfase no conhecimento
no professor. aluno. teoria-prática. do conhecimento.
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Modelos de professores
Conteúdos baseados (Re)Construção do conhecimento na
Transmissão nos interesses incerteza, como fruto da articulação
Construção do conhecimento.
de conteúdos. e necessidades dos pensamento/ação/sentimento/corpo/
alunos. espírito.
Aprendizagem receptiva, Aprendizagem Aprendizagem significativa Aprendizagem como processo
mecânica, sem considerar por descoberta, (conhecimento novo apoiado evolutivo, incluindo significação,
características individuais, considerando na estrutura cognitiva já continuidade/ruptura, historicidade,
transferência pelo treino, características existente); transferência da provisoriedade e descoberta de
aprender pela repetição. individuais. Aprender aprendizagem. Aprender a alternativas inesperadas.
a aprender. aprender. Aprender pela transposição de
hipóteses.
Avaliação quantitativa com Avaliação qualitativa, Avaliação qualitativa Avaliação quanti-qualitativa,
ênfase no cognitivo e na valorizando valorizando a produção valorizando a produção individual
memória. aspectos afetivos e coletiva. e coletiva.
autoavaliação.
Registro das
Especialização dos itens Depoimento pessoal
observações realizadas
Professor-reflexivo
Obs.: para obter mais informações referentes aos itens observados, realize entrevistas com esses
professores.
2. Houve um tempo no qual se acreditava que quando o professor tinha adquirido o diploma de
conclusão do curso superior, por vezes emoldurado e colocado na parede da sala e ostentando
o anel da habilitação, estava apto para atuar o resto da vida na sua área. Você concorda com a
afirmação? Em caso negativo, qual deve ser a proposição?
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É possível que um número significativo de professores em suas escolas resuma as suas atitudes
de pesquisa à elaboração de seus materiais de ensino ou planejamento de suas aulas e atividades
a ela correlatas?
Estão os professores suficientemente preparados teoricamente para fazer pesquisa referente
à sua prática pedagógica? Identifique elementos que poderiam ser entraves ao processo desejado.
ALARCÃO, Isabel (Org.). Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. São Paulo: Cortez,
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2006.
Filme: SOCIEDADE dos poetas mortos. Direção de: Peter Weir. EUA: Buena Vista, 1989.
Sinopse do filme: em 1959, na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-
-aluno (Robin Williams) torna-se o novo professor de literatura. Ele propõe métodos de ensino que
incentivam seus alunos a pensarem por si mesmos e apresenta aos alunos a Sociedade dos Poetas
Mortos. Isso acaba criando um conflito entre os diretores que ainda pregam o método antigo e
conservador.
ALARCÃO, Isabel (Org.). Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. São Paulo: Cortez,
2003.
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