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PROGRAMA Módulo:

Atenção à saúde
DE EDUCAÇÃO da pessoa privada
PERMANENTE de liberdade
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA

UNIDADE 1
Aspectos históricos,
legais e cenário
da assistência
prisional nacional

Lannuzya Veríssimo e Oliveira


Mayara Lima Barbosa
Aspectos históricos, legais e cenário
da assistência prisional nacional

Olá! Preparados para conhecer sobre a Saúde Penitenciária? Nesta unidade, vamos abordar
o cenário penitenciário nacional e os aspectos históricos e legais que motivaram a criação
de políticas públicas de saúde específicas para as Pessoas Privadas de Liberdade (PPL).

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UNIDADE 1
Aula 1 – Cenário da Assistência Prisional
Nacional

Como vimos, na situação problema, a população privada de liberdade ainda se encontra à


margem da sociedade e, por conseguinte, da assistência à saúde oferecida no âmbito do
Sistema Único de Saúde. Mas, para que possamos entender o cenário atual das penitenciá-
rias, é fundamental que a gente conheça seu histórico, pois o passado traz reflexos para o
presente e para o futuro. Vamos conhecer um pouco no destaque a seguir:

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De modo geral, a história das penitenciárias brasileiras revela aspectos
relacionados ao abandono de suas instituições, falta de prioridade
entre os governantes e a intenção em respeitar os direitos humanos
e tentar realizar a ressocialização do sujeito que cumpriu a pena.
Desde 1824, as penas punitivas começaram a ser repensadas e refor-
muladas no país e as penas de açoite, tortura, ferro quente e demais
punições cruéis foram banidas do cenário carcerário nacional (DI
SANTIS; ENGBRUCH; D’ELIA, 2012).

Nesse ínterim, entende-se que as cadeias deveriam ser lugares seguros


e higiênicos, com separação entre réus de acordo com a circunstância
e natureza do crime. Para que a avaliação desses aspectos pudesse
ser realizada, o governo criou comissões para visitar e avaliar as peni-
tenciárias, e os relatórios descreveram condições precárias de assis-
tência à saúde, inadequação dos espaços físicos, falta de higiene,
má alimentação (DI SANTIS; ENGBRUCH; D’ELIA, 2012).

Para tentar melhorar a situação das penitenciárias nacionais, as primei-


ras Casas de Correção do Rio de Janeiro e de São Paulo, que respeita-
vam as recomendações oficiais, foram inauguradas em 1850 e 1852,
respectivamente. Contudo, percebeu-se que as mudanças ficaram
restritas a essas instituições e que as demais instituições prisionais
se mantiveram como lugares impróprios para a reeducação e com
índices de violência alarmantes (DI SANTIS; ENGBRUCH; D’ELIA, 2012).

Desde então, outras iniciativas foram sendo empreendidas com o


objetivo de tornar a privação de liberdade algo eficiente. A exemplo,
o Código Penal de 1890, que marca um novo regime punitivo brasi-
leiro, em que houve a instauração de novas modalidades de puni-
ções, a extinção da pena perpétua e o tempo máximo de 30 anos.
Porém, as mudanças realizadas no sistema penitenciário brasileiro
não conseguiram resolver problemas centrais, como a criação de
número de vagas condizentes com a necessidade, proporcionando
aquilo que vemos de maneira forte atualmente, o esgotamento do
sistema, com superlotação, em função do déficit de vagas (DI SANTIS;
ENGBRUCH; D’ELIA, 2012).

Entenderam um pouco da evolução desse cenário?

Em consequência, muitos são os problemas primários relacionados à falta de investimentos


nas penitenciárias brasileiras, como a superlotação, a disseminação de doenças, a violência
e a escassez de recursos humanos e materiais. Fatores que são capazes de gerar problemas
secundário, conforme observamos no infográfico a seguir.

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Figura 1 – Organograma dos principais problemas evidenciados no sistema prisional nacional.

Alguns dados importantes sobre o tema


A superlotação é considerada o problema mais grave e evidente que emerge das prisões
em todo o território nacional, pois dele surgem outros tantos. De acordo com informações
do relatório anual do Departamento Penitenciário (DEPEN), a população prisional nacional
era de 607.731, distribuída em 376.669 vagas, ou seja, a taxa média de ocupação dos pre-
sídios nacionais, em 2014, era de 161%. Assim, havia um déficit de vagas correspondente
a 231.062 (BRASIL, 2014b).

Nos Estados Unidos da América, a taxa de ocupação é de 102,70%, no entanto, trata-se de


um país desenvolvido. No Brasil, a taxa se assemelha a países não desenvolvidos como o
Paquistão, onde a taxa de ocupação é de 177,40% (BRASIL, 2014b). Para que você compreen-
da o tamanho do problema, se o Brasil almejasse extinguir a superlotação, acompanhando
o crescimento da população penitenciária, seria necessário construir, aproximadamente,
289 novas unidades prisionais, contendo 800 vagas cada.

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O Conselho Nacional de Justiça traz informações alarmantes acerca do crescimento da popu-
lação penitenciária no Brasil, que cresce em um valor dez vezes maior que o total da popula-
ção brasileira. Seu relatório informa que a população carcerária em 2014 é 6,7 vezes maior
quando comparada ao ano de 1990, passando de cerca de 90 mil custodiados para 607,7
mil. Dados que evidenciam o caos que aflora do cenário do encarceramento no país (BRASIL,
2014b). Diante dos dados apresentados, podemos perceber o quanto é importante a saúde
pública direcionar um olhar mais resolutivo para esse grupo, não é mesmo?

Como já referido anteriormente, a superlotação relaciona-se com os outros problemas


emergentes do encarceramento, entre os quais a violência e a disseminação de doenças.
O adoecimento está relacionado com a determinação social, de forma que a realidade social
observada nos presídios é um pressuposto para o adoecimento em decorrência da aglo-
meração e do confinamento, somado ao acesso restrito aos serviços de saúde. Logo, esses
fatores tornam as PPL um grupo vulnerável para o adoecimento (LOPES et al., 2001).

A violência provoca sensação de insegurança vivenciada pelos apenados e pelos profissio-


nais que laboram nessas instituições, o que estimula a deterioração da saúde mental entre
todos os atores envolvidos, pois potencializa a pressão emocional, a vigilância e o medo
(ALVES; BINDER, 2014). Assim como foi mencionada na nossa situação problema: a enfer-
meira Daniela relatou a insegurança vivenciada pelos profissionais de saúde no que diz res-
peito à inserção nessas instituições.

A demora da justiça tem incidido sobremaneira para o fortalecimento da superlotação no


cenário prisional nacional, pois entre as pessoas privadas de liberdade no Brasil 41% são
mantidas detidas em unidades carcerárias sem terem passado pelo processo de julgamen-
to, portanto, são considerados presos provisórios. Para além do fomento, a superlotação,
essa situação é preocupante, pois expõe todo esse contingente populacional às consequên-
cias do aprisionamento (BRASIL, 2014b).

Estudos realizados na primeira metade do século XX informam sobre o abandono e a falta


de investimentos, por parte dos governos, o que favoreceu o sucateamento das peniten-
ciárias, mesmo em face da tentativa de organização dos espaços físicos, que considerava
o crime para a segregação dos apenados e a implantação de penas menos rígidas (MACHA-
DO; SOUZA; SOUZA, 2013). Assim, com as penitenciárias mantidas à margem da atenção,
o Poder Público admite que o sistema penitenciário é evidenciado por instituições falidas,
onerosas para os cofres públicos e que representam a ineficiência (REIS; BERNARDES, 2011).

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Como se observa, a situação carcerária nacional é uma questão
complexa da nossa realidade social! Você pode compreender melhor
esses números no Relatório do Sistema de Informações Penitenciárias
(Infopen) – ele apresenta o retrato das prisões, com informações sobre
o perfil da população penitenciária, caracterização das unidades pri-
sionais e serviços e assistências oferecidos. Tenha acesso ao relatório
completo em: <http://www.justica.gov.br/seus-direitos/politica-penal/
documentos/relatorio-depen-versao-web.pdf>.

Portanto, prezados, esses conceitos iniciais nos trazem inúmeras reflexões. Vocês, enquan-
to profissionais de saúde que fazem parte de território que possuem instituições carcerá-
rias em sua adscrição, o que estão fazendo para promover, proteger e recuperar a saúde
desses indivíduos?

É com essa reflexão que encerramos a nossa primeira aula e já convidamos para aprofundar
os conhecimentos sobre o contexto histórico e legal da assistência à saúde prisional brasilei-
ra, tema da nossa próxima aula. Vamos lá?

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Aula 2 – Contexto histórico e legal da
assistência à saúde prisional brasileira

Relembrando a situação problema, em que se reafirma o direito à saúde da Pessoa Privada


Liberdade (PPL), inclusive pela fala do médico Carlos sobre a política voltada para estes indi-
víduos, no Brasil esse direito é antigo e está assegurado na Lei de Execuções Penais (LEP)
nº 7.210/1984 (Figura 1). A LEP faz referência ao direito do reeducando que se encontra nas
penitenciárias brasileiras e prevê que a assistência à saúde da PPL deve contemplar aspec-
tos preventivos e curativos, a partir do atendimento médico, farmacêutico e odontológico,
a  ser realizado no estabelecimento penal, quando esse oferecer estrutura física, material
e de recursos humanos adequados, ou em outros estabelecimentos de saúde. Ainda, é asse-
gurado acompanhamento médico à mulher, com ênfase para o período de gestação, parto
e pós-parto e ao recém-nascido (BRASIL, 1984).

Vamos observar, a seguir, a linha histórica geral sobre a saúde penitenciária.

Figura 2 – Linha histórica da legislação geral sobre saúde penitenciária.

Outro instrumento legal bastante conhecido por nós, que garante a assistência à saúde
de todas as pessoas no Brasil, e que também inclui as PPL, é a Constituição Federal (CF)
de 1988. Essa reconhece a saúde como direito fundamental de todos (BRASIL, 1988).

O artigo 6° da CF elenca os direitos sociais da seguinte forma: “São direitos sociais a edu-
cação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”
(BRASIL, 1988). Nesse momento, podemos perceber que a legislação de saúde brasileira

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tem se empenhado para garantir o acesso dessa população aos serviços públicos de saúde.
No entanto, a LEP e a CF não foram suficientes para incluir de modo substancial as PPL no SUS.

Na tentativa de sanar esse problema, os Ministério da Saúde e da Justiça unem esforços


e criam o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP), a partir da Portaria
Interministerial n° 1.777/2003. Essa iniciativa representa um grande marco social para o país,
pois é primeira legislação que trata especificamente da saúde no sistema prisional nacional
e estabelece a assistência consonante com as diretrizes do SUS (BRASIL, 2005).

O objetivo do PNSSP era incluir a população penitenciária no SUS e assim garantir a efetivação
do direito à cidadania dessa parcela da população. Para tanto, saiba que essa legislação estava
direcionada pelo processo de regionalização da atenção e regia-se pelos princípios da univer-
salidade, da equidade, da integralidade e da resolubilidade da assistência (BRASIL, 2005).

É importante ressaltar que o PNSSP contempla a população que se encontra no interior


das penitenciárias, presídios, colônias agrícolas e/ou agroindustriais e hospitais de custódia
e tratamento que já passaram pelo processo de julgamento, assim não abrange os reedu-
candos do regime aberto e provisórios, recolhidos em cadeias públicas e distritos policiais
(BRASIL, 2005). Mas, como deveria ocorrer essa assistência?

Em unidades prisionais com mais de 100 presos seria incluída uma equipe técnica mínima,
que tenha Médico, Enfermeiro, Odontólogo, Psicólogo, Assistente social, Auxiliar de Enfer-
magem e Auxiliar de Consultório Dentário (ACD), e cada equipe seria responsável pela aten-
ção de 100 até 500 PPL.

E em presídios menores? As PPL desses locais seriam atendidas por profissionais da Secreta-
ria Municipal de Saúde, a partir das diversas categorias profissionais citadas anteriormente
(BRASIL, 2005).

Em 2013, todas as unidades federativas e o Distrito Federal já haviam aderido ao PNSSP,


que correspondia a 235 equipes atuando na atenção à saúde penitenciária. Contudo, nesse
mesmo ano, após dez anos da publicação do PNSSP, o plano foi avaliado e percebeu-se que
o modelo de atenção à saúde, oferecido para a população privada de liberdade, não estava
garantindo a inclusão dessas pessoas no SUS (BRASIL, 2014a).

Assim, criou-se a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), com o objetivo de que as unidades prisionais pas-
saram a ser “portas de entrada” e “ponto de atenção” da Rede de Atenção à Saúde (BRASIL,
2014a). Lembrando que a coordenadora Marta, da situação problema desse módulo, tam-
bém destacou a importância dessa política.

A PNAISP teve sua criação alicerçada na democracia e na participação efetiva dos gestores,
de trabalhadores em serviços penais, da academia e da sociedade civil organizada e que sua
pactuação foi realizada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e deliberada pelo Conse-
lho Nacional de Saúde (CNS); além de ser acolhida favoravelmente pelo Conselho Nacional
de Secretários de Justiça (CONSEJ) e pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenci-
ária (CNPCP) (BRASIL, 2014a).

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Portanto, apresenta-se como uma política de saúde transversal, com objetivos definidos,
cuja meta principal é a garantia da assistência ou a referência para todos os diversos tipos
de agravos em saúde, que emergem da população carcerária, que são potencializados em
virtude da presente superlotação e das precárias condições de confinamento de grande par-
te das unidades prisionais brasileiras. Os objetivos específicos da política podem ser obser-
vados no infográfico a seguir.

Figura 3 – Objetivos específicos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde.

É importante ressaltar que a PNAISP ainda contempla a atenção à saúde considerando


a heterogeneidade inerente ao sistema prisional, em que se encontram além dos homens
jovens, em sua maioria; estrangeiros; idosos; mulheres; crianças (filhos dessas mulheres pri-
vadas de liberdade); e populações vulneráveis, como indígenas, Lésbicas, Gays, Bissexuais
e Transexuais (LGBT), pessoas com transtornos mentais e com deficiências (BRASIL, 2014a).

As diretrizes gerais que compõem a política e dão suporte para que seja possível o alcance
do objetivo geral e dos específicos são: a integralidade, a intersetorialidade, a descentraliza-
ção, a hierarquização e a humanização. Sendo seu objetivo geral garantir o acesso das pes-
soas privadas de liberdade ao sistema prisional sob cuidado integral do SUS (BRASIL, 2014a).

É nesse contexto, que lembramos da nossa situação problema. Marta trouxe a reflexão
acerca da política e a necessidade de as ações serem continuadas, desmistificando, assim,
o caráter de ações pontuais e esporádicas, em que a Equipe de Saúde da Família tem um
papel salutar nesse cenário.

O acesso deve contemplar toda a população privada de liberdade, desde a entrada desse
sujeito nas delegacias de polícia ou pelos distritos policiais, em seguida pelas cadeias públicas

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ou pelos centros de detenção provisória. Dessa forma, nesses locais deve haver priorização
de ações para o diagnóstico precoce, com ênfase para doenças transmissíveis, além de ativi-
dades para promoção da saúde e da prevenção de agravos (BRASIL, 2014a).

O acesso e a atenção à saúde são desenvolvidos pelas Equipes de Atenção Básica no Sistema
Prisional (EABP), constituídas de acordo com alguns critérios, a saber: número de pessoas
privadas de liberdade por unidade prisional; vinculação dos serviços de saúde a uma unida-
de básica de saúde no território e existência de demandas referentes à saúde mental (BRA-
SIL, 2014a). De acordo com a PNAISP, as EABP podem ser (BRASIL, 2014a) de vários tipos,
como veremos a seguir.

A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo I (EABP I) deve ser formada por um médico, um
enfermeiro, um técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista
e um técnico ou auxiliar de saúde bucal, que será responsável pelo atendimento em unida-
des prisionais que contenham até 100 pessoas privadas de liberdade e carga horária míni-
ma de seis horas semanais.

Assim, como na situação problema que você viu no início do módulo, esses profissionais
podem ser advindos da Estratégia de Saúde da Família (ESF) responsável pelo território no
qual se encontra o presídio. E sobre a possível jornada de trabalho, esses profissionais são
cadastrados com “Carga Horária Diferenciada”, para que não haja incompatibilidade no Sis-
tema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.

A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo II (EABPII) apresenta maior número de profissio-
nais, pois deve atender entre 101 a 500 pessoas privadas de liberdade e cumprir o mínimo
de 20 horas semanais. É composta por um médico, um enfermeiro, um técnico ou auxiliar de
enfermagem, um cirurgião dentista, um técnico ou auxiliar de saúde bucal, um psicólogo, um
assistente social e um profissional de nível superior dentre as seguintes ocupações: fisiote-
rapia, psicologia, assistência social, farmácia, terapia ocupacional, nutrição ou enfermagem.

Considerando o perfil epidemiológico da Unidade Prisional, as EABP I e II podem receber uma


equipe de saúde mental, que tem composição mínima de um médico psiquiatra (ou médico
com experiência em saúde mental) e dois profissionais selecionados entre as seguintes ocupa-
ções: fisioterapia, psicologia, assistência social, farmácia, terapia ocupacional ou enfermagem.

A Equipe de Atenção Básica Prisional tipo III (EABP III) terá o mesmo perfil da EABP II, com
acréscimo obrigatório de uma equipe de saúde mental, tem o objetivo de acolher entre 501
a 1.200 pessoas privadas de liberdade, em uma carga horária semanal de 30 horas.

Ainda sobre a atuação dos profissionais da ESF na responsabilização pelo acolhimento da


população privada de liberdade, descrita na situação problema deste módulo, é importante
ressaltar que no Brasil há 1.424 unidades prisionais, dessas 63% foram concebidas como
estabelecimento penal, o que corresponde a 794 estabelecimentos e, em quase metade
(49%) dessas, há módulos de saúde. Entre as 450 (36%) prisões que advêm de estruturas
adaptadas para serem estabelecimentos penais, os números são ainda menores, apenas
22% apresentam módulo de saúde (BRASIL, 2014b).

Assim, entende-se que, entre as PPL, 230.285 estão alocadas em unidades contempladas

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com módulo de saúde, contudo, 134.295 estão alocadas em prisões sem cobertura da
EABP. De modo que, independente da população penitenciária que vive no presídio, é res-
ponsabilidade da equipe da atenção primária à saúde realizar o cuidado integral a essa
coletividade (BRASIL, 2014b).

Dentre as consultas médicas realizadas entre os apenados no primeiro semestre de 2014,


87.694 foram realizadas extramuros (BRASIL, 2014b). Dessa forma, reafirma-se a responsa-
bilidade das ESF alocadas em territórios que apresentam instituições prisionais para a aten-
ção integral das PPL, a fim de garantir o acesso dessa população à rede de atenção do SUS.

Assim, cursistas, encerramos esta aula e nossa primeira unidade, conhecendo um pouco mais
sobre a legislação voltada para atenção à saúde da população privada de liberdade. A unidade 2
vai detalhar a atenção integral à saúde do homem privado de liberdade. Vamos conhecer?

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