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AS CONTRIBUIÇÕES DO DESIGN DA

relato de pesquisa
INFORMAÇÃO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO
DO ACESSO À INFORMAÇÃO DE BULAS DE
MEDICAMENTOS NO BRASIL

Patricia Tieme Lopes Fujita*


Carlos José Saldanha Machado**

RESUMO O objetivo deste artigo é apresentar a área do Design da In-


formação para demonstrar como os aportes desta tecnociên-
cia podem contribuir para a democratização da informação,
particularmente no acesso da informação técnico-cientifica do
setor saúde, tomando como objeto de análise a bula de medi-
camentos. Se, por um lado, as leis asseguram aos cidadãos o
acesso e direito à informação, por outro, aumentam o grau de
exposição da informação ao conjunto da sociedade concorren-
do, com resultado, para um aumento da demanda por uma in-
formação de qualidade, particularmente em relação a aspectos
que interferem nas bulas. Esse é o caso, por exemplo, do tipo
e apresentação da informação, i.e., linguagem e apresentação
gráfica. Por se tratar de um documento estratégico para a saúde
pública, a regulação da bula de medicamento no Brasil passou a
ser objeto de ação do poder público a partir da década de 40 do
século XX, mas de forma incipiente. Somente na primeira dé-
cada do século XXI que recebeu atenção específica da Agência * Mestre em Design pela Universidade
Reguladora. Como será demonstrado, trata-se de um processo Federal do Paraná, Brasil. Doutoranda
ainda em fase de aprimoramento do qual faz parte algumas tec- do Programa de Pós-Graduação em
Informação e Comunicação e Saúde da
nociências, o Design da Informação, que vem recebendo uma Fundação Oswaldo Cruz, Brasil.
crescente atenção do meio universitário e apoio institucional E-mail: patricia.fujita@gmail.com.
para participar do processo de aprimoramento da regulação
** Doutor em Antropologia Social
das bulas de medicamentos no Brasil. pela Université Paris V Sciences
Sociales Sorbonne, França. Professor
do Programa de Pós-Graduação de
Palavras-chave: Acesso à informação. Bula de medicamento. Democratização Informação e Comunicação em Saúde
da informação. Direito à informação. Informação em saúde. da Fundação Oswaldo Cruz.
Informação técnico-científica. E-mail: saldanha@fiocruz.br.

1 INTRODUÇÃO do setor, essas leis têm proporcionado aos

C
cidadãos brasileiros um volume significativo
ontemporaneamente, o acesso à de informações. Por outro lado, devido à
informação é reconhecido como heterogeneidade educacional da população, têm
direito fundamental por importantes gerado ao mesmo tempo demandas quanto à
organismos da comunidade internacional, como qualidade da informação, sobretudo de aspectos
a Organização das Nações Unidas – ONU e a que interferem na compreensão da leitura,
Organização dos Estados Americanos – OEA impedindo que o acesso à informação se efetive.
(BRASIL, 2011). No Brasil, o acesso à informação Para Branco (2006), a acessibilidade da
é assegurado a todos como direito entre as informação deve ser compreendida para além
garantias fundamentais do cidadão brasileiro da questão operacional, incluindo fatores que
pela Constituição Federal de 1988. Desse modo, interferem na capacidade de assimilação da
por meio de regulação específica dependendo informação, já que o fato de a informação estar

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Patricia Tieme Lopes Fujita, Carlos José Saldanha Machado

disponível não significa que seja acessível. Assim, evidenciada no caso da bula de medicamento,
para que a informação seja acessível, é necessário um documento impresso de fácil acesso material,
facilitar não apenas o acesso operacional como mas popularmente reconhecida pela dificuldade
também sua assimilabilidade. Para tanto, é de leitura causada pelos aspectos gráfico-visuais
necessário haver convergência entre os contextos e linguísticos, dificultando possivelmente a
político, econômico, cultural e social em que se compreensão/assimilação de seu conteúdo.
encontra inserido o interlocutor e a informação, Apesar disso, a bula tem constituído um reforço
tanto em relação a seu conteúdo quanto à forma e visual para os pacientes, pois garante um sistema
às condições em que é apresentada. A informação de informação de esclarecimento de dúvidas do
deve estar adequada ao espaço social em que consumidor no caso de automedicação e quando
pretende atuar uma vez que, se não se mostrou há falta de informação qualificada do médico
acessível e assimilável, não é possível dizer que sobre o medicamento prescrito. Portanto, com
concretizou se como informação. o aumento aos medicamentos e seu consumo
No mesmo sentido, Silveira (2000) deliberado – tanto prescritos por médicos como
considera que, para se efetivar o acesso à por automedicação – e, à medida que vêm
informação, esta não basta apenas ser disponível se democratizando mais e mais informações
ou ter sua circulação e acesso facilitados, é sobre um medicamento, a bula tornou-se um
preciso que ela seja percebida e entendida. Essa “guia” ou “reforço” informacional primário
capacidade somente pode ser desenvolvida com para seus usuários. Segundo Branco (2006), o
processos cognitivos e educacionais adequados ato informacional não se efetiva em função do
aos leitores. Em outras palavras, a informação volume de informação disponível, mas de suas
além de ser disponível e acessível materialmente, características. Portanto, no caso da bula, as
precisa ser compreendida e para isso deve estar informações devem ser tratadas e devidamente
configurada e representada de acordo com o grau apresentadas em função de sua complexidade,
de instrução adequado à compreensão de seus contemplando a diversidade sócio-cognitiva dos
usuários. pacientes, caso contrário sua compreensão estará
Deste modo, percebe-se que a comprometida com o resultante uso inadequado
concretização do “acesso à informação” do medicamento se refletindo na saúde pública
depende de dois aspectos: (1) material: acesso do país. É imperativo que haja um adequado
à informação na forma material, no sentido de tratamento e apresentação das informações
se ter a informação disponível e (2) cognitivo: técnico-científicas de uma bula para que sejam
compreensão/assimilação da informação compreensíveis por todo e qualquer usuário de
por meio da leitura. Para que a assimilação um medicamento, efetivando o direito e acesso à
da informação por parte do leitor ocorra, ela informação aos pacientes.
precisa estar adequada e preparada de maneira Considerando que garantir acesso à
que permita sua compreensão. Nesse contexto, informação não se limita a assegurar sua
Pettersson (2012) alia essa idéia ao objetivo disponibilização material, mas sua compreensão
primordial do campo do design da informação, por parte dos pacientes por meio da leitura,
em que as mensagens devem ser cuidadosamente o que precisaria ser feito para viabilizar esse
concebidas, produzidas e distribuídas para, processo cognitivo? O argumento a ser aqui
mais tarde, serem corretamente interpretadas defendido reside na demonstração de que
e compreendidas pela maioria dos membros a condição básica desse processo passa pela
da audiência pretendida, uma vez que estes configuração da informação estruturada de modo
processos são guiados por princípios, realizados que os pacientes possam entendê-la e recuperá-
com a ajuda de ferramentas e influenciados pelo la quando necessário. O objetivo deste artigo é
contexto social e cognitivo dos usuários que irão apresentar o campo do Design da Informação
utilizar a informação configurada. no intuito de demonstrar como os aportes
No caso da informação, no contexto desta tecnociência1 podem contribuir para a
da saúde, a compreensão é essencial, pois,
dependendo das circunstâncias, o acesso à 1 Ainda que, segundo Machado (2012, p.35), a ciência e a tecnologia não
informação pode ser vital para o cidadão. Neste sejam facilmente distinguíveis, ambas são consideradas “como dois tipos de
configurações do trabalho profissional altamente qualificado, e regulado pelo
sentido, a questão da assimilabilidade pode ser estado e/ou entidades de classe e associações científicas” com uma diferença

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As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

democratização da informação, particularmente signo alfabético). Nesse caso, Le Coadic fala


no acesso à informação técnico - cientifica de sobre informação como algo material, registrado
documentos na área da saúde como, tendo e que existe materialmente. Um exemplo material
como objeto de análise, a bula de medicamentos. disso seria o documento que, mesmo em seu
Esse documento passou a ser objeto de ação do significado mais simples, revela uma relação
poder público brasileiro, de forma incipiente, a direta com a definição de Le Coadic, conforme
partir da década de 40 do século XX, recebendo Ferreira (2004):
atenção específica de sua regulação somente
´Documento´. 1 Dir. Instrumento
seis décadas depois, isto é, na primeira década escrito que, por direito, faz fé daquilo
do século XXI. Tal processo ainda se encontra que atesta; escritura, título, contrato,
em fase de aprimoramento, fazendo parte dele certificado, comprovante.2 Escrito ou
algumas tecnociências, como o próprio Design impresso que fornece informação ou
da Informação, que só recentemente passou prova.
a tratar desse tema de pesquisa e dar suporte O conceito de “documento”, segundo
à elaboração e regulação de políticas públicas Frohmann (2008), caracteriza a materialidade
nacionais e estaduais. da informação, importante para o entendimento
Este artigo está dividido em duas grandes dos seus aspectos públicos e sociais. Portanto, os
seções: (1) apresenta-se uma revisão dos aspectos estudos da documentação tornam-se importantes
conceituais da informação a partir da visão de para os da informação. Neste sentido o campo
alguns autores na área da ciência da informação, da documentação torna-se a materialização da
enfocando o campo da documentação sobre a informação (FROHMANN, 2008, p.24).
institucionalização da bula de medicamento, Rodríguez Bravo (2002) considera que, ao
considerando que a ciência da informação tem se abordar o documento do ponto de vista de
como objeto o estudo das propriedades gerais sua funcionalidade, percebe-se que sua essência
da informação; (2) apresenta-se o design da consiste em sua capacidade para comunicar a
informação para o aprimoramento da bula de informação que se encontra fixada a um suporte.
medicamento, elucidando a função da regulação Tanto o estudo filológico como o antropológico
para o direito e acesso à informação e o papel do coincidem ao considerarem que o documento é
design da informação nesse processo. um instrumento fundamentalmente informativo.
Segundo esta autora, todos os especialistas
estão de acordo com o entendimento de que o
2 A BULA DE MEDICAMENTO
documento é basicamente informação registrada.
COMO DOCUMENTO NO CAMPO Frohmann (2008) aborda a materialidade
DA SAÚDE: alguns conceitos da da informação traçando um paralelo com o
informação e documento pensamento de Foucault sobre a materialidade
dos enunciados, considerado útil para se pensar
Segundo Le Coadic (2004), a informação o conceito de documento. Os “enunciados” são
é um conhecimento, registrado em forma escrita materiais, “para uma sequência de elementos
impressa ou digital, oral ou audiovisual, em um lingüísticos ser considerada e analisada como
suporte. Para este autor, a informação comporta um enunciado...ela deve ter uma existência
um significado transmitido a um ser consciente material”. Apesar de Foucault (2005) não se
por meio de uma mensagem inscrita em um referir a documentos na materialidade dos
suporte espacial-temporal (e.g. impresso, onda enunciados, é possível traçar uma paralelo entre
sonora). Tal inscrição pode ser realizada graças ambos (FROHMANN, 2008, p. 8-9).
a um sistema de signos (linguagem), que associa Conforme Frohmann (2008), Foucault
um significante a um significado (e.g. palavra, (2005) discute “enunciados” não a partir de
seu significado, mas a partir de sua existência:
assentada na base “material entre ambas, situada no processo de produção como surgem, as regras de sua transformação,
de conhecimentos: na ciência, há um baixíssimo graú de dependência
de instrumentos e insumos industriais (p. ex. sociologia, antropologia,
ampliação, conexões entre enunciados, e seu
história e ciência política), ao passo que, na tecnociência, esse processo é desaparecimento. Também faz uma distinção
totalmente dependente de técnicas, instrumentos e/ou insumos industriais sobre fisicalidade e materialidade, medida pela
(p.ex. desenho industrial, bioquímica, biologia molecular, biologia sintética,
genômica, proteômica, imunologia, virologia)”. massa, inércia e resistência.

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Os enunciados apresentam graus de que seu processo regulatório é atualizado.


estabilidade, de acomodação e de resistência à Portanto, uma vez que a regulação determina
transformação e à desestabilização. Por isso, seu o conteúdo do documento bula, esta também é
conteúdo (“massa”) corresponde a seu poder responsável por sua materialidade.
de criar efeitos. Neste sentido, para Foucault Historicamente, a bula de medicamento é
(2005), a materialidade dos enunciados incita um documento que, há sete décadas, é exigido e
as investigações sobre diferentes tipos de regulado no Brasil. Passando por modificações,
materialidade, sobre como eles exercem poder foi e vem sendo regulada por diferentes
e força, como agem. Segundo Frohmann (2008), instituições do Estado. Portanto, identificar
este pensamento abre um campo de investigação e analisar o processo regulatório da bula de
sobre a materialidade da informação pelos medicamento e suas respectivas instituições
recursos teóricos de massa, energia e força. reguladoras anteriores, que também foram se
Sendo assim, torna-se necessário especificar modificando em torno dos aspectos sociais e
as fontes destes recursos nos enunciados. culturais, é essencial para se compreender não só
Foucault apresenta uma possível solução para sua materialidade por sua imersão institucional,
este problema, dizendo que a materialidade do mas também o documento ‘bula’ em como age,
enunciado pode ser analisada pelo grau de sua integra e se situa no âmbito dos direitos do
imersão institucional (FROHMANN, 2008, p.7-8). cidadão, particularmente, da saúde e do acesso e
Portanto, identificar e analisar o grau de imersão direito à informação.
institucional de um enunciado pode levar ao
entendimento de como a materialidade dos
enunciados age e exerce poder e força. 3 O DESIGN DA INFORMAÇÃO E
Murguia (2010) esclarece que instituição A CONFIGURAÇÃO VISUAL DE
não significa unicamente aquilo que é instituído DOCUMENTOS INSTITUCIONAIS
pela lei ou pela tradição. A instituição também
é o lugar onde a ordem ou a tradição se Para definir o design da informação,
atualizam pelos seus agentes, com suas práticas primeiramente é preciso abordar o desenho
e suas representações (MURGUIA, 2010, p. 137). industrial e conceituar a palavra design. Em
Segundo este autor, a proposta de Frohmann síntese, Coelho (2008) considera que, nas
(2004, 2009) envolve a procura de uma reflexão inúmeras definições encontradas na bibliografia
que priorize a questão epistemológica do oficial no campo do desenho industrial (anais
documento e as imbricações sociais de objetos de congressos, estatutos de organizações, etc.), o
usados de forma corriqueira, que não obstante, termo se refere à atividade/disciplina envolvida
determinam a vida social do indivíduo. nos processos de desenvolvimento de produtos
Partindo-se do pressuposto de Frohmann para serem produzidos especificamente em série
(2008), de que a materialidade do enunciado pode pela indústria. Segundo este autor, muitas dessas
ser analisada pelo grau de imersão institucional, definições destacam ainda o caráter projetual e
e que instituição não se resume apenas no multidisciplinar da atividade e a circunscrevem
que é estabelecido por lei, mas como e onde a como determinadora das propriedades
materialidade de um documento configurado formais (características exteriores, funcionais e
institucionalmente é desenvolvida e atualizada estruturais) de objetos tridimensionais (desenho
por meio de agentes e processos de construção, de produto) e bidimensionais (programação
a bula de medicamento é um documento e visual) para serem produzidos industrialmente,
parte de um objeto, o medicamento, utilizado a fim de atender às necessidades dos usuários
no cotidiano contemporâneo, que, para muitos ou grupos de usuários, considerando também
casos, é condição para a saúde, dependendo o ponto de vista do produtor. Estabelecendo
do quadro epidemiológico (e.g. diabéticos, múltiplas relações (entre as variáveis envolvidas:
hipertensos, cardiopatas). Tanto o medicamento produtor, usuário, materiais, métodos e
quanto o conteúdo bula, no Brasil, são regulados processos de produção etc.) durante o processo
pela mesma instituição atualmente. No caso da de configuração, a atividade trata de solucionar
bula (como documento), ela vêm passando por problemas de produção de objetos que visem
mudanças ao longo de sua existência à medida à otimização dos valores de uso, produção,

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As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

mercado, utilidade e qualidade formal ou instrucional (design de materiais para ensino-


estética, segundo exigências técnico-econômicas aprendizagem). No design instrucional, o
da produção industrial, sem perder de vista a receptor precisa aprender através da mensagem.
adequação e a coerência com o contexto (usuário, Porém, no design de informação, o receptor
comunidade) (COELHO, P. 181-182, 2008). precisa entender a mensagem com o objetivo
O significado e o sentido da palavra de usar a informação em situações práticas. Em
design é muito amplo e engloba vários muitas situações, o aprendizado é resultado deste
conceitos diferentes. Etimologicamente, design entendimento, embora a aprendizagem não seja
é relacionado com a palavra latina “designare”, normalmente exigida no design da informação
para marcar, definir; de (from) + signare, marcar. (PETTERSSON, 2002, p.17).
Coelho (2008) considera que o termo design Horn (1999) descreve o design da
possui um caráter polissêmico – a palavra em informação como a arte e a ciência de preparar
inglês design, de origem latina, designo, possui a informação para que possa ser utilizada
os sentidos de designar, indicar, representar, pelos seres humanos com eficiência e eficácia.
marcar, ordenar, dispor, regular; pode significar Seus principais objetivos são (1) desenvolver
invento, planejamento, projeto, configuração, documentos que sejam compreensíveis, de
se diferenciando da palavra drawing (desenho); recuperação rápida e precisa, e fácil de se
indica ainda disciplina de caráter interdisciplinar, traduzir em ações eficazes; (2) projetar interações
de natureza abrangente e flexível, passível de com equipamentos que sejam de fácil, natural
diferentes interpretações. e agradável uso; (3) possibilitar que as pessoas
Para Pettersson (2002), o processo de consigam se guiar em espaços tridimensionais
design inclui aspectos cognitivos e práticos. com conforto e facilidade – especialmente
Segundo este autor, as áreas conceptuais de em espaços urbanos, assim como em espaços
design incluem muitas áreas, ou partes de áreas. virtuais.
Alguns exemplos seriam design cerâmico, design Em 1998 e 2002, Pettersson utiliza a
de documentos, design ambiental, design de seguinte definição para o design da informação:
móveis, design gráfico, design industrial, design “a fim de satisfazer as necessidades de
da informação, design instrucional, design de informação aos usuários pretendidos, o
embalagem, design têxtil e web design. Os design da informação compreende análise,
produtos finais podem ser manufaturados em planejamento, apresentação e entendimento
diversos tipos de materiais. de uma mensagem – seu conteúdo, linguagem
A Sociedade Brasileira de Design da e forma. Independentemente do meio de
Informação (SBDI), em seu website oficial (www. transmissão escolhido, um material com um
sbdi.org.br), define o Design da Informação bom design de informação em sua mensagem,
como “uma área do design gráfico que objetiva irá tanto satisfazer estética, econômica e
equacionar os aspectos sintáticos, semânticos ergonomicamente, quanto os requisitos
e pragmáticos que envolvem os sistemas dos usuários.” Assim como em arquitetura,
de informação através da contextualização, engenharia e em outras amplas disciplinas, o
planejamento, produção e interface gráfica design da informação tem elementos práticos
da informação junto ao seu público alvo. Seu e teóricos. Pettersson considera que o estudo
princípio básico é o de otimizar o processo de do design da informação e a apresentação de
aquisição da informação efetivado nos sistemas mensagens verbo-visuais é de consideração
de comunicação analógicos e digitais”. Neste multidisciplinar, multidimensional. No âmbito
mesmo sentido, para Pettersson (2002), o design de pesquisa de design da informação os conceitos
da informação tem suas raízes no design gráfico, alfabetismo informacional, linguagem visual,
em educação e ensino, ou também em instrução, alfabetismo visual, percepção e aprendizado são
e em arquitetura, engenharia, especificamente importantes.
construção e produção. Nessas áreas, as pessoas Uma vez que o principal foco do design
reconheceram a necessidade, para apresentação da informação é o desenvolvimento, o preparo
e interpretação clara. A partir de um ponto de da informação, esta, no caso de documentos no
vista cognitivo, Pettersson considera importante campo da saúde, ocorre por meio de linguagem
distinguir o design da informação do design visual para a comunicação, ou seja, transmissão

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de informação visual registrada tanto de forma farmacêuticos ou dos produtos equiparados à


impressa como digital. A linguagem gráfica especialidade farmacêutica, os quais deveriam
impressa verbalmente em bulas de medicamentos conter os mesmos dizeres (conteúdo) e satisfazer
é a forma de representação da informação a ser às exigências já apresentadas no referido
acessada. Refere-se, então, ao texto da bula, no decreto. A Portaria n. 49 apenas acrescenta
qual aspectos tipográficos na composição textual que “é facultativa a dispensa de bulas dos
(e.g. tamanho da letra, espaçamento entre linhas) produtos farmacêuticos desde que nos rótulos
são relevantes para a configuração gráfica deste ou cartuchos constem todos os dizeres exigidos
documento. no regulamento vigente, e seja feita a devida
comunicação por ocasião da aprovação dos
modelos de rótulos ou cartuchos”.
3.1
O design da informação e o
Após 23 anos da publicação da Portaria
aprimoramento da bula de n. 49, em 1984, a Secretaria Nacional de
medicamento: elucidando o papel da Vigilância Sanitária (SNVS), órgão do MS,
regulação para o direito à informação e torna-se responsável pela regulação específica
o papel do design da informação nesse das informações a serem contidas numa bula
processo de medicamento. Nesse ano, institui-se, pela
Portaria n. 65, pela primeira vez no país, um
O processo regulatório brasileiro da bula roteiro para as bulas de medicamentos com
de medicamento teve início em 1946, quando registro aprovado pela SNVS (Portaria n. 65).
o Ministério da Saúde (MS) edita o Decreto n. Esse roteiro, estruturado em quatro partes,
20.397, instituindo a regulação da Indústria continha: (I) Identificação do Medicamento;
Farmacêutica. Nesse decreto, o Brasil passou a (II) Informação ao Paciente; (III) Informação
regulamentar as informações para compor a bula Técnica; (IV) Dizeres Legais. Ressalta-se que essa
de medicamento, que foram abordadas em itens estruturação geral estaria em vigor desde então.
separados, dependendo do tipo de laboratório O roteiro é apresentado com detalhadamento,
e/ou produto farmacêutico: ‘laboratórios de acordo com a Portaria n. 65, no Quadro 2, a
industriais farmacêuticos’; ‘laboratórios de seguir:
produtos biológicos’; ‘funcionamento dos Somente em 1997, a SNVS reedita a norma,
laboratórios’; ‘produtos químicos farmacêuticos’; mantendo a estrutura e conteúdo instituída
‘produtos oficinais’’; ‘fraudes, alteração, em 1984, acrescentando algumas observações
apreensões, análises e perícias’ e; ‘disposições quanto às informações ao paciente, merecendo
gerais’. Quanto ao conteúdo, as bulas, segundo destaque duas: ser obrigatória e uniforme,
o referido decreto, poderiam “apenas fazer escrita em linguagem de fácil compreensão
referência à ação dos seus componentes, sendo as para o consumidor em geral; inserir algumas
indicações terapêuticas rigorosamente limitadas advertências nas informações técnicas e aos
aos termos do licenciamento. Nos rótulos dos pacientes em caixa alta (SNVS, 1997).           
invólucros das especialidades farmacêuticas, Mais recentemente, em 2003, a ANVISA
“deveriam constar obrigatoriamente: a publicou pela primeira vez uma nova
denominação do que as caracteriza, a fórmula, o Resolução (ANVISA, 2003), porém mais
modo de usar, o local de fabricação, o nome do detalhada, em relação ao conteúdo (explicando
técnico responsável, o número e data da licença, como deveria ser redigido em cada item da
a declaração de “venda sob receita médica”, estrutura), especificando os tipos de bula
quando exigida pelo SNFM”. (profissional da saúde, paciente, bulário
Em 1959, o Serviço Nacional de eletrônico e compêndio), fazendo apenas uma
Fiscalização da Medicina e Farmácia (SNFMF) recomendação quanto à forma do conteúdo
publica a Portaria n. 49, regulando a apresentação (apresentação gráfica: corpo da fonte de
e o exame de rótulos e bulas de produtos tamanho mínimo de 1,55 mm). Mas, somente
farmacêuticos, produtos oficinais, dietéticos, a partir das normas publicadas a partir de
cosméticos, de higiene, toucador. Essa Portaria 2009, os aspectos relacionados à apresentação
complementa o Decreto n.20.391/46, em relação gráfica do conteúdo da bula, tais como
aos modelos de rótulos e bulas dos produtos legibilidade (e.g. tamanho de fonte adequado

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As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

para leitura, espaçamento entre linhas) e O Quadro 1 a seguir apresenta em ordem


consistência na representação da hierarquia sequencial a estrutura do conteúdo da bula
gráfica da informação (e.g. diferenciação de medicamento de acordo com as normas
na apresentação de conteúdos com grau estabelecidas pela ANVISA na penúltima
de importância distintos) começaram a ser Resolução publicada em 2003 (Resolução RDC Nº
considerados. 140, 2003):

Quadro 1 - Estrutura textual da bula de medicamento, de acordo com as normas da ANVISA


Títulos Subtítulos
[I] Identificação do Nome comercial ou marca do medicamento.
medicamento Formas farmacêuticas, vias de administração e apresentações comercializadas
Inserir a frase “Uso pediátrico e, ou, adulto”, em destaque.
Composição
Ação do medicamento
[II] Informações ao paciente Indicações do medicamento
Riscos do medicamento
Modo de uso
Reações adversas
Conduta em caso de superdose
Cuidados de conservação e uso
[III] Informações Técnicas Características farmacológicas
aos profissionais da saúde Resultados de eficácia
Indicações
Contraindicações
Modo de usar e cuidados de conservação depois de aberto
Posologia
Advertências
Uso em idosos, crianças e outros grupos de risco
Interações medicamentosas
Reações adversas a medicamentos
Superdose
Armazenagem
[IV] Dizeres Legais Número do registro na ANVISA/MS
Farmacêutico responsável e respectivo número de inscrição no Conselho
Regional de Farmácia da Unidade Federativa.
Nome completo e endereço do fabricante e do titular do registro.
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, CNPJ.
Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa.
Incluir os seguintes dizeres, quando for o caso: “Uso restrito a hospitais”;
“Venda sob prescrição médica”; “Dispensação sob prescrição médica” (para
laboratórios oficiais) e “Proibida a venda ao comércio”.
Fonte: ANVISA Resolução RDC Nº 140, 2003.

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De acordo com o Quadro 1, é possível sugerida a opção de apresentar e organizar as


observar que o conteúdo e a estrutura textual informações na forma de perguntas e respostas.
da bula continuam similares ao primeiro Quanto à forma do conteúdo das bulas, foi
roteiro publicado em 1984 , referente à apenas recomendado que a letra deveria ter
Portaria n. 65. Há divisão dos quatro itens tamanho mínimo de 1,5 milímetros. A Figura
principais (1.Identificação do medicamento; 1 ilustra uma bula de medicamento de acordo
2.Informações ao paciente; 3. Informações com a estrutura (apresentada no Quadro 1)
técnicas aos profissionais da saúde e; 4.Dizeres e diretrizes de forma do conteúdo da RDC
legais). No item ‘Informações ao Paciente’, é 140/03, a seguir:

Figura 1 - Bula de medicamento (frente e verso) de acordo com a RDC 140/03.

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Na Figura 1, para facilitar a visualização, do padrão vigente de bulas baseadas em


foi demarcada a divisão para os quatro itens legislação que antes não considerava a opinião
principais que dividem o conteúdo da bula pública. Neste sentido, é importante ressaltar
de acordo com a RDC 140/03 (‘Identificação que, após a publicação da nova regulação
do medicamento’, ‘Informações ao paciente’, (RDC n. 47, 2009), a ANVISA disponibilizou
‘Informações técnicas’ e ‘Dizeres Legais’). em seu website oficial (www.anvisa.gov.br)
Mesmo que esta representação não tenha o os resultados da última consulta pública no
tamanho real da bula utilizada, é possível “Relatório de Análise de Contribuições”. Pelos
visualizar como a informação é configurada em dados levantados, observou-se que entre os
forma de documento impresso e a quantidade assuntos abordados pelo público na proposta
de informação em cada item, seguindo os (um total de 46 assuntos-chave e 531 propostas
parâmetros da RDC 140/03. Dessa forma, relacionadas a estes assuntos), o mais abordado
observa-se que a quantidade de informação foi sobre a Forma e Conteúdo da bula com 130
nas ‘Informações técnicas’ direcionadas à propostas e, em segundo lugar, a Redação, com
profissionais da saúde é muito maior que 56. Estes dados representam a importância que a
em qualquer outro item, particularmente em apresentação gráfica das informações da bula tem
relação às ‘Informações ao paciente’, ocupando para seus usuários, o que contribui para que esse
mais da metade do espaço do documento. aspecto fosse tratado com mais especificidade
A dominância do conteúdo de Informações por sua instituição reguladora.
Técnicas em relação à Informações ao Paciente, Quanto ao conteúdo, constatou-se que
reflete, em parte, tendência de que esta bula houve uma alteração quanto ao conteúdo
poderia ser mais direcionada a profissionais da das ‘Informações ao Paciente’, que deve ser
saúde, que possuem conhecimento especializado apresentado obrigatoriamente na forma de
na linguagem técnico – cientifica, do que à nove perguntas e respostas de acordo com um
pacientes, usuários leigos sobre o medicamento roteiro previsto na norma, a saber: 1. Para que
e que, na maioria da vezes, nada sabem sobre o este medicamento é indicado? 2. Como este
medicamento antes de consumi-lo pela primeira medicamento funciona? 3. Quando não devo usar
vez. este medicamento? 4. O que devo saber antes de
A última e atual norma publicada usar este medicamento? 5. Onde, como e por
pela ANVISA em setembro de 2009 (RDC quanto tempo posso guardar este medicamento?
47/) apresenta foco nos aspectos referentes à 6. Como devo usar este medicamento? 7. O
linguagem e à apresentação gráfica do conteúdo que devo fazer quando eu me esquecer de usar
textual da bula de medicamento. De acordo este medicamento? 8. Quais os males que este
com a resolução vigente (ANVISA, 2009), a bula medicamento podem me causar? 9. O que fazer
destinada ao paciente deve apresentar conteúdo se alguém usar uma quantidade maior do que
sumarizado, disposto em forma de perguntas, em a indicada deste medicamento?. A partir da
linguagem apropriada e de fácil compreensão, e descrição realizada sobre a RDC 140/03, notou-se
a bula destinada ao profissional de saúde deve que a exigência de o conteúdo de ‘Informações ao
possuir conteúdo detalhado tecnicamente. A Paciente’ ser estruturado em forma de perguntas
nova regulação exige que a informação deva e respostas, na Resolução n. 140 (2003) anterior
ser distinta quanto ao conteúdo linguístico e à vigente (Resolução n. 47, 2009) havia sido
constar em documentos separados cada um apresentada como uma proposta opcional para
dependendo do tipo de usuário. Por outro lado, a os fabricantes de medicamento. O Quadro 2,
adequação das bulas pela indústria farmacêutica apresenta o conteúdo e estrutura exigida na RDC
a estas novas normas implica a reestruturação 47/09, a seguir:

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Patricia Tieme Lopes Fujita, Carlos José Saldanha Machado

Quadro 2 - Estrutura textual da bula de medicamento, de acordo com as normas da ANVISA

Títulos Subtítulos
Nome comercial ou marca do medicamento.
Denominação genérica do(s) princípio(s) ativo(s), utilizando a Denominação
[I] Comum Brasileira
Identificação Para medicamentos fitoterápicos, informar espécie vegetal e a parte da planta
do utilizada.
Medicamento Para medicamentos fitoterápicos, registrados com base na tradicionalidade de
uso, inserir as frases: “Medicamento fitoterápico registrado com base no uso
tradicional.” (em negrito), “Não é recomendado o uso por período prolongado
enquanto estudos clínicos amplos sobre sua segurança não forem realizados.”
Para medicamentos dinamizados, incluir a frase, conforme a categoria do
medicamento, em negrito: “Medicamento Homeopático” ou “Medicamento
Antroposófico” ou “Medicamento Anti-homotóxico”
Apresentações
Forma farmacêutica
Concentração por unidade de medida ou unidade farmacotécnica, conforme o caso
Quantidade total de peso, volume líquido ou unidades farmacotécnicas
Quantidade total de acessórios dosadores que acompanha as apresentações,
quando aplicável
Citar via de administração, usando caixa alta e negrito
Incluir a frase, em caixa alta e em negrito, “USO ADULTO ACIMA DE...” e/ou
“USO PEDIÁTRICO ACIMA DE...”, indicando a idade mínima, em meses ou anos,
para qual foi aprovada no registro o uso do medicamento
Composição
Princípio ativo
Excipientes
Forma farmacêutica cujo estado físico seja líquido e em gotas, informar a
equivalência de gotas para cada mililitro (gotas/mL) e massa por gota (mg/mL).
Para medicamentos fitoterápicos, informar a composição do medicamento,
indicando a relação real, em peso ou volume, da matéria prima vegetal usada, a
correspondência em marcadores e a descrição do derivado.
Para medicamentos dinamizados informar a composição qualitativa e quantitativa
para os insumos ativos, conforme nomenclatura oficial, e qualitativa para os
insumos inertes. Mencionar para os insumos ativos a potência/escala. Mencionar
abaixo da composição a graduação alcoólica do produto final, para formulações
líquidas.
1. Para que este medicamento é indicado?
[II] 2. Como este medicamento funciona?
Informação ao 3. Quando não devo usar este medicamento?
Paciente 4. O que devo saber antes de usar este medicamento?
5. Onde, como e por quanto tempo posso guardar este medicamento?
6. Como devo usar este medicamento?
7. O que devo fazer quando eu me esquecer de usar este medicamento?
8. Quais os males que este medicamento podem me causar?
9. O que fazer se alguém usar uma quantidade maior do que a indicada deste
medicamento?

98 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.23, n.3, p. 89-108, set./dez. 2013
As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

1. Indicações
[III] 2. Resultados de eficácia
Informação 3. Características farmacológicas
Técnica 4. Contra-indicações
5. Advertências e precauções
6. Interações medicamentosas
7. Cuidados de armazenamento do medicamento
8. Posologia e modo de usar
9. Reações adversas
10. Superdose
Informar a sigla “MS” mais o número de registro no Ministério da Saúde conforme
[IV] publicado em Diário Oficial da União (D.O.U.), sendo necessários os 9 (nove)
Dizeres Legais dígitos iniciais.
Nome, número de inscrição e sigla do Conselho Regional de Farmácia do
responsável técnico da empresa titular do registro.
Razão social e endereço da empresa titular do registro no Brasil.
Número do CNPJ do titular do registro
Para os medicamentos fabricados e/ou embalados por empresas diferentes da
detentora do registro, informar a razão social da empresa fabricante e local de
fabricação do produto, citando a cidade e o estado, precedido pelas expressões,
conforme o caso: “Fabricado por:” e “Embalado por:”
Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor, de responsabilidade da
empresa titular do registro.
Incluir as seguintes frases, quando for o caso: “Uso restrito a hospitais”; “Uso
profissional”; “Venda sob prescrição médica”; “Dispensação sob prescrição
médica” (para laboratórios oficiais)
Incluir as frases de restrições de venda, uso e dispensação previstas na norma
específica para produtos controlados.
Incluir, exceto nos textos de bula a serem submetidos eletronicamente à Anvisa,
uma das seguintes frases, conforme o caso, em negrito: “Esta bula foi aprovada pela
Anvisa em (dia/mês/ano)” (informando a data de publicação Bulário Eletrônico);
“Esta bula foi atualizada conforme Bula Padrão aprovada pela Anvisa em (dia/
mês/ano)”

Fonte: ANVISA Resolução RDC Nº 47, 2009.

Quanto à forma, a RDC 47/09 determina sobre uma superfície; 6) para a impressão de bulas
que o conteúdo das bulas dos medicamentos deve: em formato especial, com fonte ampliada, deve ser
1) apresentar (a) fonte Times New Roman no utilizada a fonte Verdana com tamanho mínimo
corpo do texto com tamanho mínimo de 10 pontos, de 24 pontos com o texto corrido e não apresentar
não-condensada e não-expandida,(b) texto com colunas; 7) para a impressão de bulas em formato
espaçamento entre letras de, no mínimo, 10%, (c) especial, em Braille, o arranjo dos pontos e o
texto com espaçamento entre linhas de, no mínimo, espaçamento entre as celas Braille devem atender
12 pontos, (d) colunas de texto com, no mínimo, às diretrizes da Comissão Brasileira de Braille
80 milímetros de largura; 2) ter o texto alinhado à (CBB) e das Normas Brasileiras de Acessibilidade
esquerda, hifenizado ou não; 3) utilizar caixa alta editadas pela Associação Brasileira de Normas
e negrito para destacar as perguntas e os itens de Técnicas (ABNT).
bula; 4) possuir texto sublinhado e itálico apenas A Figura 2 ilustra uma bula de
para nomes científicos; 5) ser impressas na cor preta medicamento de acordo com a estrutura
em papel branco que não permita a visualização (apresentada no Quadro 4) e diretrizes de forma
da impressão na outra face, quando a bula estiver do conteúdo da RDC 47/09, a seguir:

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Patricia Tieme Lopes Fujita, Carlos José Saldanha Machado

Figura 2 - Bula de medicamento (frente e verso) de acordo com a RDC 47/09.

Para facilitar a visualização, na Figura paciente’, demonstrando um equilíbrio melhor


2, também foi demarcada a divisão dos quatro em relação à bula representada na Figura 1, de
itens principais, que dividem o conteúdo da acordo com a Resolução 140/03 e quanto ao grau
bula de acordo com a RDC 47/09 (‘Identificação de importância das informações direcionadas aos
do medicamento’, ‘Informações ao paciente’, pacientes.
‘Informações técnicas’ e ‘Dizeres Legais’). Na Comparativamente, quanto aos aspectos
bula apresentada pela Figura 2, observa-se que de forma e conteúdo, considerando o quadro de
a quantidade de informação nas ‘Informações regras que cada um dos dispositivos jurídicos
técnicas’ é quase similar ao das ‘Informações ao vem apresentando e reformulando para a

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As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

configuração da bula de medicamento desde o processo de construção da Resolução teve


1946, observa-se que, somente após 57 anos, início em abril de 2012, com a criação de uma
começaram a ser considerados os aspectos de comissão interinstitucional para gerenciar o
apresentação gráfica como regra de configuração processo de regulamentação da lei e avaliar o
da forma de seu conteúdo. impacto regulatório no mercado. A resolução
Apesar de os envolvidos no processo de ficou disponível para consulta pública durante
construção da bula (tanto regulação, profissionais trinta dias e recebeu contribuições de diversas
de saúde e agora usuários) perceberem, entidades, inclusive de outros Estados. Após
apontarem as deficiências e possíveis causas da esse período, a comissão ganhou o apoio do
dificuldade de acesso à informação da bula, e Departamento de Design da Universidade
de aos poucos, a regulação incorporar diretrizes Federal do Paraná, composto por integrantes
nesse quesito, ainda não se resolveu o problema. do grupo de pesquisa Design Digital e da
Como a apresentação gráfica da informação é o Informação3 (vinculado ao CNPq), liderado pela
foco principal do design da informação, o suporte Dra. Carla Galvão Spinillo (PhD), que auxiliou
especializado desta tecnociência pode contribuir a elaboração de quatro modelos de bulas
no aperfeiçoamento da regulação, auxiliando na magistrais e nas diretrizes de forma e conteúdo.
adequabilidade da informação para a leitura da Quanto ao conteúdo, as bulas magistrais
bula de medicamento. devem seguir o seguinte roteiro: (I) Identificação do
paciente (nome completo do paciente); (II) Identi-
ficação do medicamento; (III) Informações sobre o
3.2
Operacionalizando subsídios de
uso do medicamento, com oito itens (cinco pergun-
design da informação em bulas de tas e três tópicos): 1. Como devo usar este medica-
medicamento: o caso da Resolução mento?, 2. Cuidados na gravidez, 3. Cuidados na
SESA-PR N° 062/2013 amamentação, 4. Esqueci de usar o medicamento, o
que devo fazer?, 5. O que fazer se for usada uma
Em fevereiro de 2013, a Secretaria de
grande quantidade uma só vez?, 6. Reações inde-
Saúde do Estado do Paraná (SESA – PR) publicou
sejáveis, 7. Onde, como e por quanto tempo posso
a Resolução SESA nº 062/2013 (no Diário Oficial
guardar este medicamento?, 8. O que mais devo
do Estado n° 8890, de 01/02/2013) que define
saber sobre este medicamento?; (IV) Nome do Es-
detalhadamente a forma e o conteúdo das bulas
tabelecimento e dados do Serviço de Atendimento
magistrais, bem como os modelos de bulas
ao consumidor e; (V) Dizeres Legais. Além dessa
com orientações visuais sobre as formatações.
estrutura básica obrigatória, são exigidas frases de
A bula magistral é um conjunto de orientações
advertência e informações gerais, tais como “Uso
farmacêuticas impressas, de forma separada, que
restrito a hospitais”; “Uso profissional”; “Venda
devem acompanhar o medicamento manipulado,
sob prescrição médica”; “Não permita que outras
e, portanto, a abrangência dessa Resolução
pessoas utilizem o medicamento prescrito para
atinge farmácias que manipulam medicamentos
você. Pode ser perigoso”.
para uso humano. De acordo com matéria de
Quanto à forma, segundo o Capítulo II
divulgação2 no website oficial do Governo do
“Da forma e conteúdo das bulas” e exemplos
Estado do Paraná (http://www.cidadao.pr.gov.
de “Orientações para formatação de bulas
br/), esta Resolução é resultado de um trabalho
magistrais” da Resolução SESA nº 062/2013, as
conjunto entre o Governo do Estado, entidades
bulas magistrais devem:
representativas, conselhos de classe, instituições
acadêmicas e profissionais da área farmacêutica. 
I. Apresentar fonte de boa legibilidade,
A resolução SESA 62/2013 regulamenta
devendo ser Times New Roman, Georgia,
a Lei estadual n° 17.051 (publicada no Diário
Arial, Verdana e/ou Trebuchet no corpo
Executivo do Paraná em 23 de janeiro de
do texto, com tamanho mínimo de 10
2012, que estabelece a obrigatoriedade de
pt (dez pontos), não-condensada e não
as farmácias incluírem bula magistral em
expandida (Figura 3):
medicamentos manipulados). Em vista disso,

2 Disponível em: <http://www.sesa.pr.gov.br/modules/noticias/article. 3 Disponível em: < http://www.plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/


php?storyid=2816 >. Acesso em: 1 set. 2013 detalhegrupo.jsp?grupo=01036129GQ2BIS#identificacao>.

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Patricia Tieme Lopes Fujita, Carlos José Saldanha Machado

Figura 3: - Exemplo visual de formatação da diretriz da forma e conteúdo das bulas magistrais

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013.

II. Apresentar texto com espaçamento entre linhas de 04 pt (quatro pontos) a mais que o tamanho da
fonte, sendo assim o mínimo 14 pt (quatorze pontos). Exemplo representado pela Figura 4, a seguir:

Figura 4 - Exemplo visual de formatação da diretriz da forma e conteúdo das bulas magistrais

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013.

III. Apresentar colunas de texto com no mínimo 80 mm (oitenta milímetros) de largura, com espaço
entre as colunas de 10 mm (dez milímetros). Exemplo representado pela Figura 5, a seguir:

Figura 5 - Exemplo visual de formatação da diretriz da forma e conteúdo das bulas magistrais

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013.

102 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.23, n.3, p. 89-108, set./dez. 2013
As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

IV. Apresentar espaço entre parágrafos do texto de no mínimo 07 pt (sete pontos). Exemplo
representado pela Figura 6, a seguir:

Figura 6 - Exemplo visual de formatação da diretriz da forma e conteúdo das bulas magistrais

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013.

V. Ter o texto alinhado à esquerda, hifenizado ou não, com margens esquerda e direita de, no
mínimo, 20 mm;

VI. Utilizar caixa alta e negrito para destacar os títulos em forma de perguntas e os itens da bula,
numerados, deixando os títulos sempre juntos aos seus textos;

VII. Deixar 01 (uma) linha em branco entre o texto e um título, aumentando assim a entrelinha para
melhor visualização dos títulos, exceto quanto o título estiver no início da coluna. Exemplo
representado pela Figura 7, a seguir:

Figura 7 - Exemplo visual de formatação da diretriz da forma e conteúdo das bulas magistrais

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013.

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Patricia Tieme Lopes Fujita, Carlos José Saldanha Machado

VIII. Utilizar texto sublinhado e itálico apenas tipo de informação deve I. Seguir a redação
para nomes científicos; definida em norma específica; II. Ser destacada
do corpo do texto por uso de negrito e/ou
IX. Ser impressas na cor preta e em papel caixa alta, e/ou linhas ou caixas circundando
branco que não permita a visualização da as frases, como recursos de atenção visual; III.
impressão no verso da página quando a Usar palavras para sinalizar a advertência no
bula estiver sobre uma superfície. texto. Recomenda-se o uso das palavras em
caixa alta e em negrito: Atenção ou Cuidado
Quanto às frases de advertência, de ou Perigo. A Figura 8 exemplifica estas
acordo com o Artigo 5º da Resolução este orientações, a seguir:

Figura 8 - Exemplo visual de formatação da diretriz do conteúdo sobre advertências das bulas magistrais

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013.

Além das orientações específicas de e aplicação das diretrizes, proporcionando uma


formatação das diretrizes, são apresentados visão geral de como a bula deve ser apresentada
modelos que simulam apresentação do conteúdo (Figuras 9 e 10):

104 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.23, n.3, p. 89-108, set./dez. 2013
As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

Figura 9 - Vista frontal do Modelo de bula magistral

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013

Figura 10 - Vista do verso do Modelo de bula magistral

Fonte: Resolução SESA nº 062/2013

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Patricia Tieme Lopes Fujita, Carlos José Saldanha Machado

Comparando-se os exemplos de bulas registrado, inscrito em um suporte analógico


de medicamento baseadas nas diretrizes de ou digital. Na perspectiva de Frohmann, o
forma e conteúdo da RDC 140/03 e RDC documento caracteriza a materialidade da
47/09 (representados pelas Figuras 1 e 2 informação, uma vez que a materialidade
respectivamente) ao modelo de bula da do enunciado de um documento pode
Resolução SESA nº 062/2013, nota-se diferença ser analisada pelo grau de sua imersão
em relação à legibilidade, e particularmente o institucional. A partir dessa concepção, a bula de
espaço entre os elementos textuais facilitam a medicamento é caracterizada como documento
assimilação do conteúdo. institucionalizado, pois possui conteúdo
As diretrizes e exemplos para a forma regulado por diversas instituições desde 1946.
e conteúdo das bulas magistrais, demonstram A questão da materialidade desse objeto foi
a operacionalização de recursos básicos do aprofundada com a apresentação do cenário
design da informação para a configuração de regulatório da bula de medicamento no Brasil,
informação verbal, que segundo Pettersson elucidando o papel do design da informação
(2012) são relacionadas a propriedades no aprimoramento da regulação para o acesso à
externas do texto necessárias para garantir informação.
a legibilidade de qualquer tipo de conteúdo Diante do cenário regulatório da bula de
textual (tamanho da fonte, espaço entrelinhas, medicamento, observa-se que não só o conteúdo
da bula é institucionalizado, mas a forma como
margem de separação, tamanho da linha,
esse conteúdo será apresentado também é
restrições ao uso de negrito e caixa alta,
incorporado nas normas. As diretrizes de forma
etc.). Deste modo, estes aportes do design da
do conteúdo vêm passando por mudanças na
informação podem ser aplicados no preparo
mesma medida em que as exigências de conteúdo
e configuração visual de conteúdo textual em
são atualizadas, desde 2003, ano em que começou
outros tipos de documentos, facilitando a leitura
a se considerar a opinião pública no processo de
e, portanto, contribuindo no aspecto cognitivo
regulatório de bulas de medicamento no Brasil.
para efetivação do acesso à informação de
Por meio dos resultados da consulta pública,
documentos no campo da saúde utilizados por
realizada em 2009 (referente à RDC 47/09),
diversos tipos de audiência.
evidenciou-se, para a instituição reguladora, a
importância e problemática sobre a apresentação
4 CONCLUSÃO gráfica da informação veiculada nas bulas.
Considerando que a Resolução para bulas
O objetivo deste artigo foi apresentar o magistrais foi elaborada com a participação
campo do Design da Informação no intuito de de pesquisadores de instituições acadêmicas
demonstrar como os aportes desta tecnociência (com expertise em Design da Informação) em
podem contribuir para o acesso à informação conjunto com profissionais da área farmacêutica
particularmente no âmbito da saúde por meio do e o Governo do Estado, e apesar de não ser
caso da bula de medicamento, um documento de de abrangência nacional, observa-se ser essa a
natureza técnico-cientifica a ser utilizado por uma regulação mais completa atualmente em termos
audiência diversa. Defende-se que o objetivo do da forma e do conteúdo, pois, além de incorporar
design da informação é preparar a mensagem de diretrizes específicas quanto à apresentação
forma que possa ser transmitida com o máximo da forma gráfica do conteúdo, proporciona
de eficiência e eficácia pela configuração visual orientações de como operacionalizá-las. Pode-se
e linguística apropriada, considerando que nem dizer, então que a Resolução SESA nº 062/2013
todos os usuários terão o mesmo grau de expertise representa um aperfeiçoamento para o marco
ou de escolaridade. regulatório de bulas de medicamentos no Brasil
Considerando a revisão dos aspectos na perspectiva de acesso à informação, que pode
conceituais sobre informação e documento, a contribuir particularmente no aspecto cognitivo
primeira caracteriza-se como conhecimento de assimilação do conteúdo.

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As contribuições do design da informação para a democratização do acesso à informação de bulas de medicamentos no Brasil

THE CONTRIBUTIONS OF DESIGN INFORMATION FOR DEMOCRATISATION


ACCESS TO INFORMATION OF DIRECTIONS FOR USE OF DRUGS IN BRAZIL

Abstract The aim of this paper is to present the area of ​​Information Design in order to demonstrate
how the contributions of this techno science may contribute to the democratization of
information, particularly in access of scientific and technical information in the health field,
taking as object of analysis the medicine package leaflet. If, on the one hand, the laws ensure
citizens the right and access to information, on the other, increase the degree of exposure of
the information to society as a whole running with the result, to an increase in demand for
quality information, particularly in relation to aspects that interfere in the medicine leaflet.
This is the case, for example, the type and presentation of information, ie, language and
graphical presentation. Because it is a strategic document for public health, regulation of
drug labeling in Brazil has become the object of public power action from the 40s of the
twentieth century, but only incidentally. Only in the first decade of this century that has
received specific attention by the Regulatory Agency. As will be shown, it is still in a process
improvement which is part of some techno sciences, the Information Design, which has
received increasing attention from academia and institutional support to participate in the
process of improving the regulation of medicine package leaflets in Brazil.

Keywords: Information access. Medicine package leaflet. Information democracy. Right to information.
Health information. Technical scientific information.

Artigo recebido em 10/09/2013 e aceito para publicação em 30/11/2013

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