Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em
diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existentes. O primeiro, vulgar ou popular, transmitido de geração para geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal. O segundo, científico, é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar o porquê e como os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um simples fato. De acordo com Marconi e Lakatos, podem ser notados entre os conhecimentos popular e científico grandes contrastes. Enquanto o primeiro tipo dispõe de toda informação que é recebida ou transmitida sem uma crítica expressa de suas fontes, o segundo deve estar submisso a uma dura crítica em torno do procedimento a ser usado. Todavia, as autoras destacam que os grandes contrastes estão na forma e nos instrumentos do conhecer. Elas notificam, ainda, que os dois tipos do saber têm algo em comum que superam seus contrastes, e este é o de informar. Pode haver a possibilidade de que algo dito pelo conhecimento popular não tenha comprovação pelo fato de o objeto não ter sido submetido a rigorosos métodos de observação e operação em dados, mas não podemos apontar que não exista veracidade no dado fato. Ele pode até estar certo, mas ainda não foi sujeito à análises e comprovações. Neste sentido, o conhecimento científico diferencia em relação ao conhecimento empírico. Desse modo, o ideal de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação é obtida muito mais por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da Ciência, do que pelo conhecimento comum, entendido como acumulação de partes de informação frouxamente vinculada. Por esse motivo, Marconi e Lakatos, dizem que o senso comum não pode conseguir mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação. Com vista às explanações das autoras, o conhecimento popular tem uma característica geral profunda em comum com o conhecimento científico. Os dois informam e, ainda nas entrelinhas, fica o questionamento se um pode até mesmo corroborar para a formação do outro, principalmente o primeiro em relação ao segundo . O conhecimento filosófico é produto da inteligência e da ponderação humana, cujo intuito é propor a exploração dos acontecimentos, determinando, com isto, conceitos particulares. Deste modo, a filosofia depara-se atuando de modo mediador entre a teologia e a ciência, consistindo em especulações sobre assuntos aonde o conhecimento exato não conseguiu chegar, recorrendo mais à razão humana do que à autoridade da tradição ou da revelação. Nesse sentido, alude-se que todo dogma pertence à religião e todo conhecimento definido pertence à ciência. Concomitantemente, entende-se que existem inúmeras questões de amplo interesse que não podem receber tratamento científico e as respostas que a teologia lhes tem oferecido, por serem demasiado lógicas, fazem com que a modernidade as encare com suspeita. Vale destacar alguns exemplos acerca do fato, tais como cogitar a possibilidade de que o universo seja dividido em espírito e matéria; indagar se o espírito estaria sujeito à matéria ou seria dotado de forças independentes; para onde marcha o universo e se existe algum propósito nisto e se ele está realmente evoluindo. Desta forma a filosofia, busca compreender e fundamentar os valores que dirigem a ação direcionando-se de forma reflexiva e critica, procurando conhecer a origem dos problemas e criar para eles respostas coerentes à base de provas especulativas. O conhecimento filosófico diferencia-se do científico pelo objeto de investigação e pelo método, cujos objetos da ciência são os dados adjacentes e perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois persistem em ordem material e física; são, por isso, aptos a experimentos. O elemento filosófico é constituído de realidades mediatas não compreensíveis pelos sentidos por serem de ordem extremamente sensível. Portanto, suas características fundamentais podem ser delineadas em sistemática, cuja base é a reflexão que busca ser a melhor tentativa de solução para os problemas: elucidativa, onde a missão da filosofia não é explanar o mundo, mas esclarecer e abalizar com precisão os pensamentos, conceitos e problemas que de outra forma ficariam confusos. Destarte, observa-se que a filosofia tem simultaneamente alguma coisa de especulativo e de místico quando se trata de esclarecer e explicar algum fenômeno de melhor maneira em que o mesmo já é cientificamente deparado. Entende-se que a ciência aprovisiona fórmulas exatas a respeito do comportamento da matéria, mas nada articula a respeito do seu valor, não no sentido econômico, mas existencial de algo que interatua com o homem e transforma a sua vida, noção deste valor que só a especulação filosófica pode proporcionar. O conhecimento teológico é constituído pela fé divina ou pelas crenças religiosas, portanto, em virtude de sua procedência, não pode ser confirmado ou tão pouco negado, dependendo da formação moral e das crenças de cada pessoa. No entanto, a teologia em sentido formal é a reflexão sobre os dogmas de fé, estes que são considerados manifestações divinas que não podem ser descobertos pela ciência, pela filosofia e tampouco pelo conhecimento popular, cujo valor é reconhecido apenas por aquele que tem fé. O ambiente teológico é constituído por verdades e aceitações adquiridas por meio de informações passadas ao longo dos tempos por revelações divinas, ou seja, tais dados não chegaram aos homens de maneira pura e simples, mas foram-lhes impostas por manifestações de ordens divinais através da fé, uma vez que a teologia é considerada como conhecimento adquirido nos livros sagrados como a Bíblia, no Cristianismo e o Torá, no Judaísmo; Alcorão, no Islamismo. Estes ensinamentos foram aceitos, de forma racionalmente pelos homens depois de terem passado pela crítica histórica. Diante disto, esse conhecimento é considerado uma ação sistematizada do mundo, com sua origem, significado, finalidade e destino denotado em alvitre de um criador maior, ao mesmo tempo em que suas evidências não são verificadas ficando tácitas em atitudes de fé perante um conhecimento revelado. A teoria da evolução das espécies posicionada pelos teólogos fundamenta-se, como mencionado anteriormente, nos ensinamentos de textos sagrados e enquanto os cientistas buscam em suas pesquisas fatos concretos que sejam capazes de comprovar suas hipóteses. Comparando um ao outro, constata-se que de um lado o conhecimento científico impera a evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e do outro, o conhecimento teológico fiel não se detém à procura de evidências. Acompanhando a linha de raciocínio, pode-se verificar a aplicação destes conhecimentos através do filme O óleo de Lorenzo. Por exemplo. Em relação ao conhecimento empírico, ou seja, o conhecimento do povo pode ser notado nas cenas em que os pais suprem as necessidades de Lorenzo com frutas, verduras, legumes; coisas que “popularmente” irão fortalece- lo. Já no tocante ao conhecimento científico, é o estado em que Lorenzo se encontra, ou seja, o diagnóstico de sua doença. Seus sintomas são os fatos comprovados que são evidenciados no organismo, através de teorias científicas a cerca da doença. Enquanto ao conhecimento filosófico, fica clara a concepção de vida dos pais de Lorenzo. Ou seja, a filosofia mostra que somos seres de ideias, conseguidas através de nossa experiência de vida. Os pais de Lorenzo demonstraram que podemos fazer qualquer coisa além do nosso conhecimento, da nossa filosofia de vida. Eles transmitiram para nós que no ato de pensar para só então agir, constroem um conjunto de ideias das virtudes humanas. E por fim, o conhecimento teológico revela-se na fé da família Odone pela cura de Lorenzo, no fato de ele possuir nome santo, e na cena em que se realiza uma missa para a melhora da saúde dele.