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Hume, D. Investigações sobre o conhecimento humano.

(Seção IV §§1-13)
Fichamentos detalhado e sintético
Nº USP: 12683353

Laís Helena Gomes de Sá

1ª parte: Diferencia os objetos da razão (§§ 1 -3)

§1 - a) Separa, respectivamente, as ideias facilmente verificadas como corretas das dubitáveis


entre relações de ideias e questões de fato;

b) Exemplifica o primeiro tipo com a matemática, que independe mesmo da existência na


natureza para manter-se verdadeira.

§2 - a) Relata a facilidade em contestar os objetos do segundo tipo e a inutilidade em tentar


comprovar tal oposição como falsa;

b) Sustenta o argumento de que há sempre uma possibilidade oposta a partir da simples


concepção desta ideia: se é possível entendê-la, não representa contradição e é, portanto,
potencialmente verdadeira.

§3 - a) Inicia o debate sobre a importância do reconhecimento dessas certezas, que não


possuem evidenciação clara;

b) Argumenta que é, justamente, a falta de estudos neste campo que resulta no equívoco
dentro da filosofia e sua justificação;

c) Apazigua o sentimento de falibilidade possivelmente gerado ao abordar os defeitos da


filosofia, pois este trabalho aprofundado traria uma ciência mais completa, que pode ser, na
verdade, a grande motivação de seus estudiosos.

2ª parte : Relaciona causa e efeito e as questões de fato (§§4-7)

§4 - a) Estabelece a relacionamento inevitável entre questões de fato e a relação de causa e


efeito, pois somente esta traz sustentação para este tipo de objeto de estudo;
b) Exemplifica esse argumento mais de uma vez. Ao recebermos uma carta de um amigo com
remetente distinto do usual, é notável que este se não se encontra em sua casa no momento,
mas este fato só é possível comprovar a partir da primeira situação;

c) Reconhece tal conexão de ideias em todo conhecimento que possuímos a partir de questões
de fato, independente de seu nível de proximidade ou campo a que se refere.

§5 - Afirma a necessidade de investigar o processo que se deu para encontrarmo-nos em


meio a tal conexão se existe anseio pelo entendimento das afirmações dessa natureza.

§6 - a) Propõe a seguinte máxima: não há conhecimento sobre a relação de causa e efeito que
não dependa da experiência para ser atingido;

b) Embasa essa tese a partir de exemplos, como os objetos, que não revelam suas qualidades,
efeitos ou origem à primeira vista.

§7 - Continua a argumentação ao recordar o momento em que não havíamos experienciado


algo e a falta de conhecimento em meio àquela situação, o que comprova a ideia de
necessidade da experiência;

3ª parte: Reconhece a dificuldade em aceitar a ignorância própria (§§ 8 - 9)

§8 - Reconhece a dificuldade humana em perceber o quão ignorante é seu estado, ao ponto de


assumir que alguma ideia seria inata. É tão rotineiro enxergar o efeito de alguns fenômenos
que o conhecimento deste parece anterior ao primeiro contato.

§9 - a) Resgata o exemplo do primeiro contato com um objeto para ressaltar que tudo que
assumirmos sobre seu efeito, sem uma consulta prévia, é arbitrário, o que sustenta o
argumento de que as leis da natureza só podem ser conhecidas pela experiência;

b) Reforça que, independente do esforço aplicado para determinar o passo seguinte nesse tipo
de ocasião, não há como ter certeza do efeito sem uma causa definida.
4ª parte: Critica a tentativa de entendimento fora da experiência (§§10 - 11)

§10 - a) Questiona a pressuposição de que há um único resultado para uma ação e o


exemplifica com bolas de bilhares: mesmo ao imaginar o destino de uma bola atingida por
outra, é possível que esta pare em um lugar completamente oposto;

b) Considerando essas concebíveis possibilidades, confirma que as ideias a priori serão


sempre insuficientes para o conhecimento total de qualquer questão.

§11 - a) Conclui as seguintes afirmações:


● Causa e efeito são sempre distintos;
● Conclusões a priori são sempre arbitrárias;
● Não há por que se firmar em pressuposições não baseadas em experiência,
pois mesmo a partir de uma sugestão primeira, ainda há inúmeros cenários
plenamente concebíveis sendo deixados de lado.

Problema - Categorizar os objetos de estudo da filosofia e realizar análise do


desenvolvimento de conhecimento e da implicação desta pesquisa na ciência da natureza
humana.

Tese - Existem as relações de ideias, confiavelmente corretas e ligadas a áreas tal como a
geometria, e as questões de fato, passíveis de serem contrariadas a todo momento e
dependentes da experiência para seu desenvolvimento. Não há, portanto, conhecimento inato.

Argumentação - O autor, primeiramente, diferencia os dois tipos de investigação humana.


Explicitando o primeiro, relações de ideias, como confiável, através de exemplos
matemáticos, que são fruto da simples operação de pensamento e independentes na natureza,
e o segundo, questões de fato, como dubitáveis, já que seus opostos ainda são concebíveis,
ilumina a necessidade de estudo sobre a origem de certezas não embasadas às quais nos
apegamos. Abordar esses equívocos significa, entretanto, trazer à tona as falhas na filosofia e,
ciente da possível resistência diante deste fato, Hume indica tal investigação mais
aprofundada como fonte de motivação, pois a chance de melhor analisar a humanidade e o
conhecimento é, na verdade, incentivo.
Desenvolve, em seguida, a relação entre a associação de ideias e as questões de
fato: esse tipo de objeto de estudo se apoia na relação de causa e efeito. A partir de diversos
exemplos, comprova que esse apoio é necessário para não reproduzirmos afirmações
precárias e infundadas, destarte, ideias a priori não são suficientes para estabelecer
conhecimento, ele depende da experiência. O autor, a fim de comprovar sua máxima,
exemplifica essa ideia: a água, é capaz de afogar um indivíduo, que não teria mínima noção
deste fato se nunca houvesse tido contato com este evento; o primeiro momento em que
observamos um objeto não há como prever sua funcionalidade ou origem e; partindo de uma
causa indefinida, não há certeza do efeito, tal qual uma bola de bilhar atirada em direção a
uma segunda pode gerar diversas reações, ainda que nosso pensamento assuma que
traçaria-se uma linha reta.
Hume antecipa a dificuldade em aceitar o momento de ignorância e assumir que
haveria, de fato, conhecimento independente da experiência, vez que nos parece tão intuitivo.
Refuta-a ao dizer que tamanha resistência é resultado da falta de informação em um nível
muito mais internalizado e profundo, ou seja, a força do hábito limita a possibilidade de
reconhecimento de causa e efeito em fenômenos, muitas vezes, simples. Destaca-se que esse
é o motivo da dificuldade em enxergar a associação de ideias e não alguma falha na
proposição do filósofo. Finaliza este momento recapitulando suas conclusões: a distinção de
causa e efeitos; falibilidade das afirmações baseadas em algo alheio à experiência; e a
possibilidade de oposição sob afirmações determina que essas ainda requerem estudo
aprofundado.

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