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Rodrigo Lima Cassemiro de Melo

Ficha sintética da Seção IV §§ 14-22

Hume, D. Investigação sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. São


Paulo: Editora Unesp, 2004.

1. Qual é o problema central enfrentado pelo texto?

O problema central enfrentado pelo texto é responder à questão "Qual é o fundamento de


todas as nossas conclusões a partir da experiência?”. Qual é, mais especificamente, o
fundamento do processo mental que, evidente na forma de uma expectativa, surge quando
partimos da observação das relações de causa e efeito e presumimos que certos objetos
semelhantes se comportarão sempre de forma semelhante? Em outras palavras, o que justifica
nossa crença de que as mesmas causas suscitarão sempre os mesmos efeitos?

2. Qual é a tese proposta pelo texto?

A tese proposta é dada numa resposta negativa à questão: essas conclusões, ou expectativas,
não são construídas com base no raciocínio ou em qualquer processo do entendimento (§ 15).
Além disso, também não é construída com base na experiência mesma, já que aquilo que está
sendo colocado em questão no texto é o próprio fundamento da experiência: “É, portanto,
impossível que algum argumento a partir da experiência possa provar essa semelhança do
passado [experiência] com o futuro [onde reside a expectativa de assemelhação], dado que
todos esses argumentos estão fundados na pressuposição dessa mesma semelhança” (§ 21).

3. Qual é a argumentação oferecida para sustentar a tese?

A argumentação pode ser dividida em três momentos: em primeiro lugar, partindo do fato de
que não há conexão conhecida entre as qualidades sensíveis dos objetos e os seus efeitos,
Hume argumenta que só pode haver um termo intermediário entre os outros dois (qualidades
e efeitos), um termo que justifique a inferência que fazemos ao prever que objetos
semelhantes possuem efeitos semelhantes. Em seguida, introduz dois tipos distintos de
raciocínio, o raciocínio demonstrativo e o raciocínio moral – referentes às relações de ideias e
às questões de fato respectivamente – e argumenta que nenhum dos dois tipos constitui esse
termo intermediário: o primeiro porque o próprio objeto em discussão é impassível de
contradições, e portanto não pode ser alvo dos raciocínios demonstrativos, que se constroem
mediante a oposição entre verdadeiro e falso (neste caso, já que o objeto em questão é
impassível de contradição, não pode ser colocado nos termos dessa oposição); o segundo
porque o que se está examinando é o fundamento dos raciocínios morais em si, e logicamente
eles não podem constituir sua própria fundamentação. Por fim, concebe a possibilidade de
que esteja errado, a possibilidade de que, na verdade, é o raciocínio, sim, que constitui o
termo intermediário: um raciocínio complexo, no entanto, o qual o autor teria sido incapaz de
conceber. Contudo, argumenta que essa concepção é infundada, já que o termo intermediário
que procura é tão óbvio e simples, presente até mesmo em crianças e animais, que seria
portanto incapaz de ser constituído por um argumento complexo e intrincado.

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