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Reações de Eliminação
Em reações de eliminação, fragmentos de uma certa molécula são
removidos, ou eliminados. Os fragmentos eliminados podem ter uma relação
α, β ou γ um com o outro. Em uma eliminação α ambos os grupos são
perdidos pelo mesmo átomo, levando a formação de um carbeno que são
espécies divalentes e instáveis. Se os grupos eliminados estão em átomos
adjacentes (eliminação β) ocorre a formação de uma dupla ligação.
E, finalmente, em uma eliminação γ os grupos eliminados estão em átomos
que respeitam uma relação γ entre eles (tem um átomo entre eles) e levam a
formação de um ciclopropano (ciclo de três membros). Nesse caso, ocorre
uma ciclização intramolecular.
1. Eliminação β
Haletos de alquila e álcoois, além de sofrerem reações de Substituição
Nucleofílica (SN), também sofrem reações do tipo Eliminação (β).
Em reações de eliminação uma parte da molécula reagente é perdida.
O tipo de eliminação mais comum em química orgânica é a eliminação β,
onde a eliminação dos grupos ocorre em dois carbonos vizinhos. Nesse caso,
o GA é removido de um carbono e um próton é removido do carbono
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vizinho (Hβ). Isso leva a formação de uma dupla ligação e o produto é um
alqueno.
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Também faz-se necessário detalhar as características dos
mecanismos de eliminação β, já que existe mais de um possível: E1, E2,
E1CB.
2. Mecanismo E1
A reação de eliminação que se processa através do mecanismo E1,
ocorre em duas etapas:
(1) Formação de um carbocátion através da eliminação de um GA;
(2) Remoção do próton levando a formação da dupla ligação.
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H R
δ+ R δ+
R Base H
R
δ+ R
Energia
GA
R
Complexo ativado 1 R R
Estado de Transição 1
Complexo Ativado 2
Estado de Transição 2
H R
R
R R
Carbocátion
H R
R
R
R GA
R R
R R
Coordenada de Reação
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carbocátion para mensurar relativamente se a reação será mais rápida ou
mais lenta, usando como base o Postulado de Hammond. Caso não lembre
ou tenha dúvidas sobre este postulado, verifique o material sobre SN.
O mecanismo de reação E1 está relacionado com o mecanismo de
substituição nucleofílica de primeira ordem (SN1). A primeira etapa, em que
ocorre a formação do carbocátion, é idêntica, o que difere é a segunda etapa.
Ocorre que em uma E1 o solvente ou a base retira um próton do carbono β ao
invés de atacar o carbono positivamente carregado.
Outro ponto a ser observado é que no mecanismo E1 o próton é
removido de um carbono sp3! O pKa de um carbono sp3 é em média 50,
portanto, Hidrogênios ligados a Csp3 não são tipicamente ácidos. Essa
abstração ocorre somente por que a carga positiva formada ao lado da
ligação C-H reduz este pKa, pois uma carga positiva retira elétrons.
Hiperconjugação
H
C C
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Abaixo pode-se observar uma figura que resume alguns dos
substratos possíveis:
Os últimos exemplos da figura acima não sofrem E1, pois não podem
formar uma dupla ligação, ou por não possuírem dois carbonos, ou por não
possuírem um Hβ a ser perdido na segunda etapa. O primeiro desses
substratos listados poderia sofrer reações de SN2 os outros dois poderiam
sofrer SN2 ou SN1, dependendo das condições (o último demandaria
rearranjo de carbocátion para ocorrer).
Os substratos que levam a reações mais rápidas, são os que levam a
ET1/complexo ativado 1 de menor energia (os que formam carbocátion
estável). Além disto, melhores GA levam a reações mais rápidas. Com isto a
ordem de reatividade é a mesma vista para reações SN1.
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2.2. Rearranjo de Carbocátion
Em alguns casos o esqueleto do alqueno formado difere do material
de partida da reação. Nesses casos, não é somente uma eliminação que
ocorre, mas também um rearranjo de carbocátion.
O rearranjo do esqueleto carbônico ocorre em uma etapa separada,
após a formação do carbocátion. O rearranjo ocorre sempre a favor da
formação da espécie mais estável e, por isto, mais favorável.
No exemplo a seguir, o rearranjo ocorre quando um grupamento metila
troca o carbono 3 pelo carbono carregado positivamente. O grupamento
metila migra com o par de elétrons da ligação rompida (C3-Me).
A energia de ativação para este rearranjo é, geralmente, modesta e,
rearranjos de carbocátions são, normalmente, rápidos. Outros grupos alquila
diferentes de metila podem migrar para um carbono carregado positivamente.
*Algumas estruturas acima estão desenhadas com ângulos retos ao redor dos
carbonos, o que não é correto! Elas foram assim desenhadas para facilitar a visualização do
rearranjo.
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* Algumas estruturas acima estão desenhadas com ângulos retos ao redor dos
carbonos, o que não é correto! Elas foram assim desenhadas para facilitar a visualização do
rearranjo.
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- Especificidade: Ocorre quando somente é possível a formação de um
produto. A especificidade pode ser do tipo estero ou
regioespecificidade. Ex: A reação SN2 é estereoespecífica, leva a
inversão de configuração. Como veremos ainda, alguns tipos de E1 e
E2 também podem ser específicas (estereoespecíficas e/ou
regioespecíficas).
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esquerda uma dupla ligação trisubstituída acaba sendo formada. Este último
complexo ativado é o mais estável e, por isto, o alqueno mais substituído se
forma mais rapidamente.
***OBSERVAÇÃO:
Regra de Zaitsev: A regra de Zaitsev sumariza os resultados de numerosos
experimentos onde ocorre a formação de uma mistura de alquenos
(regioisômeros) através de eliminação β:
“O alqueno formado em maior quantidade é o que corresponde à
remoção do hidrogênio do átomo de carbono que tem o menor número
de hidrogênio ligado a ele.”
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O produto formado, que obedece a esta regra, é chamado de Produto
Zaitsev.
Observe que esta regra apenas resume em poucas palavras o que foi
explicado anteriormente. MELHOR ENTENDER DO QUE DECORAR!!!!!
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****Atenção: Nem sempre o produto preferido será o E. Deve-se lembrar que
o volume estéreo do grupo substituinte é uma informação as vezes diferente
da prioridade deste na nomenclatura. Se tiver dúvida revise o material sobre
nomenclatura de alquenos!
HO H
Me
Ph
H H
Dois hidrogênios vizinhos ao carbono contendo o GA (dois Hβ)
HO H H2O H H
Me H Me -H2O Me
Ph Ph Ph
H H H H H H
Protonação em meio ácido para Saída de água como GA e
transformar o OH em bom GA formação do carbocátion.
***O Primeiro complexo ativado, que leva até o carbocátion, foi omitido, pois
não tem influência na estereoquímica.
Obervação do carbocátion formado:
H
Me
Ph
H H
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Observação das conformações possíveis do carbocátion formado:
ma ção
onfor
utra c
-se o
btêm H
H do, o
Deve haver um alinhamento do orbital p Giran
Ph H Ph H
deficiente em elétrons e o
hidrogênio que será abstraído,
levando a formação da ligação dupla.
H Me Me H
H
δ+
Ph Me
H
Ph H
δ+ Me ET de maior energia
devido à
Ph H interação estérea
H Me
H
δ+ Ph
OH2 H
ET de Me
menor energia H
Ph Me
Alqueno Z
Formado mais lentamente
Me
Ph
Alqueno E
Formado mais rapidamente
Coordenada de reação
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girar a ligação central (que ainda é simples), o Hidrogênio verde se alinha ao
orbital p (b). Nesse caso, metila e fenila ficam o mais distante possível.
(a) (b)
Ph H+ Ph
H
Alqueno E
OH
Ph H+ Ph
H
Alqueno Z
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2.5. E1 em Cicloexanos
Cicloexanos substituídos tem duas conformações em cadeira que
estão em equilíbrio. A conformação mais estável é que vai reagir por E1 e
formar a nova ligação dupla.
No exemplo abaixo, ocorre a saída do grupo abandonador (Cl-)
formando o carbocátion. Após, um dos Hidrogênios presentes no Carbono
vizinho do carbocátion sai levando ao produto majoritário (o do Carbono mais
substituído). Outro produto possível é o derivado da retirada de um dos três
Hidrogênios da metila vizinha ao carbocátion, que levaria ao alqueno menos
substituído (este será, caso formado, o produto minoritário).
H H
CH3
CH3 MeOH CH3 + HCl
Cl + Cl-
E1
CH3 CH3 CH3
CH3
H+ +
CH3
Produto majoritário derivado do
carbocátion mais estável
3. Mecanismo E2
Em um mecanismo E2, a abstração do próton e a saída do GA
ocorrem na mesma etapa, sem formação de intermediário. A reação E2 é
análoga a reação de substituição nucleofílica de segunda ordem (SN2) e,
geralmente, compete com ela. Tudo vai depender se ocorre ou não a
abstração de um próton β ao grupo abandonador.
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H
Energia
Br
Complexo ativado único da reação
Estado de Transição único da Reação
Ea
H ΔΗ0
Br
Coordenada da Reação
Como o único ET da reação E2 tem a participação tanto do substrato
quanto da base, a reação E2 é BIMOLECULAR.
Além disto, ambas as espécies são importantes para a velocidade da
reação. Com isto, a equação de velocidade é de SEGUNDA ORDEM
GLOBAL, primeira ordem em relação ao substrato e primeira ordem em
relação a base.
V = K[base] [substrato]
Sendo assim, bases fortes levam a reações E2 mais rápidas e a
competição com os mecanismos SN1, SN2 ou E1 pode ser deslocada para E2
utilizando-se uma espécie mais básica que nucleofílica.
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possibilidades para isto ocorrer: H e GA (X) em sinperiplanares um em
relação ao outro (0º) ou, H e GA (X) anti-periplanares um em relação ao
(180º). Nesse caso, deve-se avaliar a posição do GA relativa ao Hβ e não
dos grupos maiores de cada carbono.
***Se estiver com dúvidas nesta parte, volte e revise o material de
análise conformacional!
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Conformação com GA (em vermelho)
e Hβ (em azul) em sinperiplanar
N+(CH3)3 D R1
R1 H R2 R1 R1 D
R2
R2 D D H ou H R2 H
N+(CH3)3
H H
δ−
B Bδ−
R1 R2 % de produto % de produto
via E2 Sin via E2 anti
Ph 4-OMePh 62 38
Ph i-Pr 68 32
Ph Me 26 74
n-Bu H <5 >95
*** D no esquema acima significa Deutério. Somente marcando
um dos Hidrogênios como Deutério é possível diferenciar os dois
produtos. Esta marcação foi realizada para que o mecanismo da reação
fosse estudado.
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Nos exemplos a seguir há somente um próton que pode ser retirado
em uma reação de eliminação. Então não há escolha, há somente um ET
anti-periplanar e somente um curso a ser seguido. A geometria do produto (E
ou Z) depende de que diasteroisômero é utilizado como material de partida.
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é a ideal para que ocorra E2 e há dois prótons em anti-periplanar para serem
removidos pela base. Dois alquenos são formados, com preferência para o
alqueno mais substituído (regiosseletividade).
Para o composto B, o cloro está em equatorial no confôrmero mais
estável. Mas em equatorial não pode haver E2, pois não há próton anti-
periplanar. O confôrmero em que o Cl está em axial tem energia muito maior
que o outro, mas somente assim pode haver eliminação. A concentração de
moléculas na conformação reativa é baixa e a velocidade da reação é baixa
por causa disto. Quando na conformação correta pode ocorrer uma E2 e,
nesse caso, há somente um próton anti-periplanar e a eliminação leva a
somente um alqueno (regioespecífica).
Cl
KOCEt3
KOCEt3 = Base impedida estérimacamente KO
Cl Cl
H
Me
X H HH
H
H H
Base impedida
Base impedida
H da metila são mais acessíveis
Dois H anti-periplanares
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Quando o Cl está em axial existem dois hidrogênios anti-periplanares
equivalentes no anel para serem removidos e, sua remoção levaria ao
alqueno trisubstituído. Existem também três hidrogênios equivalentes que
podem ficar em anti-periplanar ao Cl, estando ele em axial ou equatorial, para
serem removidos na metila ligada ao anel. A remoção destes hidrogênios
levaria ao alqueno disubstituído. Estes hidrogênios são os únicos que são
removidos levando ao alqueno menos substituído. A base prefere atacar os
hidrogênios metílicos que são menos impedidos (ligados a carbono primário).
Reações de E2 com bases impedidas levam, tipicamente, ao
alqueno menos substituído, pois a reação é mais rápida (abstração do
Hidrogênio mais acessível). Os Hidrogênios ligados a carbono menos
substituído são também os mais ácidos. Este produto é referido por alguns
autores como produto Hoffmann.
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depende da formação do ânion (mesmo sendo uma reação unimolecular a
equação de velocidade é de segunda ordem global).
Cinética de segunda ordem: V= K [RX][Base]
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Primeira etapa de uma E1CB
CH2CH2GA
E2 totalmente sincronizada, sem intermediários
iônicos (1 etapa somente)
BH
Produto Final
H H
H H
BH GA
CH3CH2GA
CH2CH3
Reagente
Primeira etapa de uma E1
GA
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Produto Final
H H
CH2CH2GA H H
BH GA
BH
E1CB
Clivagem C-H E2
E1
CH3CH2GA CH2CH3
Clivagem C-GA
Reagente
GA
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se parecerá mais com uma E1CB sendo chamada de E2 / E1CB – Like (ou E2
com caráter de E1CB).
Aumento da porcentagem de quebra da ligação C-H no ET
Base H
Base H Base H
Base H
δ− δ− δ− δ+ H δ+
GA GA GA GA GA
E1CB E2 com E2 totalmente E2 com E1
caráter E1CB sincronizada caráter E1
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Via de regra é difícil determinar quando a reação ocorre pelo
mecanismo E1 ou E1CB “puros” ou quando ocorre via E2 com caráter E1 ou
com caráter E1CB. O mais fácil a se fazer é observar os resultados
experimentais e explicar esses resultados através do mecanismo em que se
enquadra, considerando as possibilidades aqui descritas.
Para melhor elucidar o Estado de Transição variável de uma reação E2
podemos observar a reação abaixo.
-OH
ArCH2CH2GA ArCH=CH2
DMSO, H2O
N
GA é e o aromático tem um substituinte fortemente retirador de
elétrons, como o grupo nitro na posição para, o mecanismo é uma E2 com
carráter de E1CB. A ligação C-H quebra-se um pouco antes da saída do GA,
levando a formação de uma carga parcial negativa no ET. Neste exemplo, o
próprio GA é um grupo retirador e auxilia na estabilização da carga parcial
negativa, além do grupo nitro presente no sistema aromático (que faz com
que todo o sistema puxe elétrons já que seu efeito é mesomérico).
Base H
δ−
N Base N
O2N O2N
6. Comparação E1 x E2 x E1CB X SN
Para condições SN1 e E1 a ordem de reatividade é a mesma, já que o
intermediário é o mesmo (primeira etapa do mecanismo é igual).
Além disto, deve-se lembrar que o impedimento estéreo não afeta
tanto a basicidade e, por isto, haletos terciários são bem reativos para E2 e
formam o alqueno mais substituído (quando a base não for muito impedida).
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Quadro de comparação com exemplos genéricos:
7. Bibliografia
Material baseado ou retirado de:
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