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Resumo
O estudo propõe-se a refletir sobre as relações vividas no cotidiano escolar da UP
Bolonha propondo outras formas, onde as diferenças possam ser reconhecidas e
consideradas no campo educacional. Na intenção de podermos contribuir com a
desconstrução e superação da ideia que concebe a sociedade como única,
homogênea e preconceituosa. A perspectiva decolonial orientou a percepção
sobre a realidade investigada, iniciando com um diagnóstico sobre a
representação dos alunos em relação às desigualdades sociais, questões étnicas
e de gênero que se tornaram objeto de nosso trabalho. Depois foram exibidos
vídeos/documentários sobre as culturas, seguidos de discussões, estudos de
textos, leitura e produção textuais. A alfabetização intercultural possibilitou a
construção de identidades por meio de um processo de interações e trocas entre
as diferenças encontradas em sala. Para Walsh (2007), a interculturalidade
significa: Um espaço de negociação e de tradução onde as desigualdades, as
relações e os conflitos de poder da sociedade não são mantidos ocultos e sim
reconhecidos e confrontados, ou seja, um processo dinâmico e permanente de
relação, comunicação e aprendizagem entre culturas em condições de respeito,
legitimidade mútua, simetria e igualdade. As atividades realizadas proporcionaram
diversas reflexões acerca da temática estudada bem como um leque de
conhecimentos, saberes e práticas culturais bem diferentes, assim, buscou-se
desenvolver um novo sentido entre elas nas suas diferenças.
Palavras Chave: Alfabetização. Diferenças. Interculturalidade.
Introdução
O interesse pela temática surgiu em decorrência de observações sobre o
cotidiano escolar no Anexo da Escola Parque Bolonha como: a separação entre
meninos e meninas, o preconceito étnico racial e apesar de não ter ricos na
classe, identifiquei certa discriminação com os mais pobres ou miseráveis.
Combinando isso com a disciplina Perspectiva Decolonial, o Estado e a educação
antirracista, cursada no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e
Antropologia da UFPA, no segundo semestre de 2016, cujo objetivo é a
construção de uma abordagem articulada das questões indígena, africana e afro-
brasileira, com base nas leis 10639/03 e 11645/08, que regulamentam o ensino
das respectivas histórias e culturas nas escolas de ensino fundamental e médio.
Procedimentos Metodológicos
A perspectiva decolonial orientou a percepção sobre a realidade
investigada, iniciando com um diagnóstico sobre a representação dos alunos em
relação às desigualdades sociais, questões étnicas e de gênero que se tornaram
objeto de nosso trabalho.
Depois foram exibidos vídeos/documentários como: Menino Urubu, Vida
Maria, A África que nunca vimos, Breve histórico da cultura africana, Menina
bonita do laço de fita e Quem é o índio brasileiro – o que é ser índio, seguidos de
discussões, estudos de textos, leitura e produções textuais.
Resultados e discussão
Desigualdades sociais: Porque os pais não trabalham, são desempregados;
porque as crianças são abandonadas; porque os pais bebem muito;
Cultura Indígena: Os índios são diferentes; tem mulher e criança; se vestem
diferente; se pintam diferente; dançam diferente; estudam; tem casas diferentes...
Cultura negra: Os negros são maltratados pelas pessoas; algumas pessoas não
gostam de negros; os negros são pessoas do bem; Em relação à questão de auto
identificação apenas 5 se consideram negros.
Questão de Gênero: Quando as cadeiras são organizadas em dois blocos,
automaticamente se posicionam meninos para um lado e meninas para outro;
está muito presente a separação por cores, brinquedos e brincadeiras. O
interessante é que alguns já falam em namorar: “Fulana que gosta de cicrano”.
Considerações Finais
Como todo processo de desnaturalização, reflexão causa desconforto e
resistência, alguns alunos não queriam participar da exibição de alguns vídeos,
alegando que era chato. Mas gostaram dos vídeos Menino Urubu e Menina Bonita
do Laço de Fita, talvez por serem mais atrativos pela animação e destinado ao
público infantil.
Consideramos essa experiência como o início de um processo, que
conseguiu problematizar e sensibilizar a percepção dos alunos em relação às
questões abordadas. É claro que precisam de continuidade e aprofundamento,
até mesmo para explorar melhor e sistematizar as proposições para o
enfrentamento das desigualdades sociais, de gênero e raciais.
Referências
COELHO, Wilma; Raquel, SANTOS; Rosângela, SILVA. Educação e
Diversidade na Amazônia. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2015.