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Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/11/2019

Número: 0600664-12.2019.6.00.0000
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Sergio Silveira Banhos
Última distribuição : 04/11/2019
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Cargo - Prefeito, Abuso - De Poder Econômico, Abuso - De Poder Político/Autoridade,
Ação de Investigação Judicial Eleitoral
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CHRISTIANO ROGERIO REGO CAVALCANTE ULISSES BARROS VIRIATO (ADVOGADO)
(IMPETRANTE) FABIANO FREIRE FEITOSA (ADVOGADO)
LAYS DO AMORIM SANTOS (ADVOGADO)
EDUARDO BORGES ARAUJO (ADVOGADO)
RENATA ANTONY DE SOUZA LIMA NINA (ADVOGADO)
MARIA CLAUDIA BUCCHIANERI PINHEIRO (ADVOGADO)
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE SERGIPE
(IMPETRADO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
18668 06/11/2019 11:43 Decisão Decisão
688
MANDADO DE SEGURANÇA Nº 0600664-12.2019.6.00.0000 – CLASSE 120 –
ILHA DAS FLORES – SERGIPE

Relator: Ministro Sérgio Banhos

Impetrante: Christiano Rogério Rego Cavalcante

Advogados: Maria Claudia Bucchianeri OAB: 25341/DF e outros

Autoridade Coatora: Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe

DECISÃO

Christiano Rogério Rego Cavalcante – prefeito eleito no pleito de 2016 –


impetrou mandado de segurança, com pedido de liminar, a fim de sustar a eficácia
do acórdão regional proferido nos autos do Recurso Eleitoral 309-61 e determinar a
sua recondução ao exercício do cargo de prefeito do Município de Ilha das
Flores/SE, “até o julgamento dos embargos já opostos na origem e a publicação do
acórdão respectivo” (ID 18536238, p. 1).

O impetrante alega, em síntese, que:

a) trata-se de ação de investigação judicial eleitoral, ajuizada pela


coligação majoritária derrotada no pleito de 2016, na qual se imputa
ao ora impetrante a suposta prática de abuso do poder econômico e
do poder político derivados exclusivamente do fato de terem sido
usadas na campanha eleitoral as cores laranja e verde que, por
serem as cores oficiais do município, eram as cores de padronização
da pintura de logradouros e prédios municipais;

b) “nos exatos termos da petição inicial, ‘a conclusão lógica a que se


pode chegar é a de que, havendo similaridade somente entre as
cores de campanha e as cores oficiais do município, resta
configurado o abuso, justificando-se, assim, a imposição das
penalidades previstas no art. 22 da LC 64/90’” (ID 18536238, p. 3);

c) ao examinar a controvérsia, o juízo de primeiro grau concluiu que,


no caso em tela, não evidenciava nenhum ilícito eleitoral, tendo em
vista a ausência de liame concreto entre a padronização dos prédios
municipais com as cores oficiais da edilidade, ocorrido desde 2013
por força da Lei Municipal 12/2013, e a campanha eleitoral que viria a
ocorrer apenas três anos depois;

d) a utilização em campanha das cores oficiais do município já tinha


sido questionada pelo Ministério Público Eleitoral, mediante a
Representação 292-62, sustentando a suposta ocorrência de conduta
vedada, a qual foi julgada improcedente pelo Juízo Eleitoral, tendo
sido afirmado que “taxativamente a inexistência de qualquer

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irregularidade eleitoral na utilização, na campanha, por qualquer um
dos candidatos, das cores oficiais do Município, com as quais foram
padronizados os prédios públicos em 2013, com apoio em lei
municipal” (ID 18536238, p. 11 do), fundando-se, assim,
essencialmente no elemento temporal e na inexistência de conotação
eleitoral da conduta;

e) o julgamento do Recurso Eleitoral 309-61, alusivos aos apelos do


Ministério Público Eleitoral e da coligação autora, deu-se por maioria
apertada, com o voto de minerva do Presidente da Corte Regional
sergipana, com o afastamento da preliminar de coisa julgada, em face
da expressa regra do art. 96-B da Lei das Eleições e em virtude de
representação já apreciada pela Justiça Eleitoral, e provimento parcial
dos recursos, para se reconhecer o suposto abuso do poder político,
com a reforma da sentença, e cassação da chapa eleita;

f) além de incorrer em diversos vícios processuais e materiais, o


Tribunal a quo avançou para determinar a execução do aresto logo
após a publicação do acórdão condenatório, apesar da possibilidade
da oposição de embargos de declaração, o que efetivamente ocorreu;

g) o acórdão foi publicado em 25.10.2019, sexta-feira, data em que


o impetrante foi afastado do mandato conquistado nas urnas;

h) não há nenhum outro instrumento jurídico apto a impedir a


consumação do dano causado na esfera jurídica do impetrante, visto
que a decisão foi proferida pelo plenário do TRE/SE, consubstanciado
no acórdão ora atacado;

i) o afastamento do titular de mandato eletivo, antes mesmo que o


acórdão possa ser integrado pela via aclaratória, denota-se
absolutamente ilegal, abusivo e teratológico, ainda mais no contexto
de um processo em que a sentença foi de improcedência e o aresto
foi tomado por estreita maioria de 4x3;

j) há sucessivas decisões, proferidas em mandado de segurança,


reconhecendo o direito do titular de cargo eletivo de permanecer no
exercício do mandato, enquanto não forem julgados os aclaratórios
oposto em sede ordinária. Cita precedentes;

k) o TSE é competente para julgar o presente writ, impetrado contra


ato do colegiado de Tribunal Regional Eleitoral, em matéria eleitoral,
em face do qual não é cabível recurso com eficácia suspensiva;

l) houve clara violação ao art. 257, § 2º, do Código Eleitoral,


porquanto tal dispositivo estabelece que as cassações de mandatos
só poderão ser cumpridas após o esgotamento da respectiva
instância ordinária;

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m) o periculum in mora está evidenciado no risco de instabilidade
política e de descontinuidade administrativa;

Requer a concessão de liminar para suspender imediatamente os efeitos


do ato coator, consubstanciado na determinação prematura do afastamento do
mandato do impetrante, até que sejam julgados, com a devida publicação do
acórdão, os embargos de declaração já opostos na origem, determinando-se a sua
imediata recondução ao mandato conquistado nas urnas.

Postula, no mérito, a concessão da ordem mandamental, confirmando-se


a liminar deferida, para que o impetrante possa permanecer no legítimo exercício de
mandato até que a Corte Regional sergipana julgue o acórdão atinente ao
aclaratórios já opostos, com o exaurimento da instância ordinária, nos termos do art.
257, § 2º, do Código Eleitoral.

Em 4.11.2019, o impetrante apresentou petição, na qual reiterou o seu


pedido de liminar formulado na inicial e aduziu, ainda, que:

a) nos autos da Rep 326-17 já houve o enfrentamento do objeto pela


Justiça Eleitoral, com base nas mesmas provas, por provocação do
Ministério Público Eleitoral;

b) na ocasião, em sentença de mérito do citado feito, ficou assentada


a inexistência de ilícito eleitoral e pela impossibilidade de aplicação de
multa. Tal sentença transitou em julgado;

c) “quando do julgamento dos recursos eleitorais, a defesa do


Impetrante suscitou, da Tribuna, questão preliminar fundada no art.
96-B, §3º da Lei das Eleições, relativa à formação da coisa julgada
nos autos da Representação nº 326-17, que versava fatos idênticos
àqueles objeto da AIJE, que tinha prova idêntica à constante deste
feito e cuja sentença de mérito, idêntica à proferida nos autos da
AIJE, pela improcedência dos pedidos, transitou em julgado, diante
da não interposição de recurso pelo Ministério Público Eleitoral” (ID
18622838, p. 3 do);

d) o recurso eleitoral interposto pela coligação nos autos da ação de


investigação judicial eleitoral é cópia literal da petição inicial, não
merecendo, assim, sequer ser conhecido, nos termos do art. 932, III,
do Código de Processo Civil e do verbete da Súmula 26 do TSE;

e) há plausibilidade jurídica nos aclaratórios, visto que a segunda


omissão apontada se refere à preliminar de coisa julgada, nos termos
do art. 96-B, § 3º, da Lei 9.504/97;

f) os embargos declaratórios opostos na origem demonstra omissão


quanto à corrente ao final prevalecente acerca da norma prevista no

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art. 492 do Código de Processo Civil e do verbete da Súmula 62 do
TSE, no sentido de que a parte deve se defender dos fatos a ela
imputados, e não da capitulação jurídica a eles conferida;

g) “o acórdão regional foi omisso sobre a diferença – que é legal e


jurisprudencial – entre eventual prática de improbidade administrativa
no exercício da função pública (que deve ser apurada na via, na sede
e na jurisdição próprias) e eventual prática de abuso de poder” (ID
18622838, p. 13);

h) houve omissão quanto o fator absolutamente determinante do


abuso de poder que é a gravidade da conduta;

i) houve contradição e omissão no acórdão embargado, porquanto, a


fim de superar a distância entre o tempo das pinturas, a relatora
chegou a mencionar uma suposta intensificação das pinturas em
momento próximo ao pleito, justificando tal suposição com o fato de
uma única escola ter sido pintada no mês de setembro;

j) a prova testemunhal trazida aos autos, a qual foi omitida pela


corrente prevalecente, revelou que a escola foi reformada, tendo sido
mantidas as mesmas cores anteriormente existentes;

l) a cores laranja e verde são cores oficiais, as quais conferem


identidade ao local, podendo ser indistintamente usada por todos
(como verde e amarelo são usadas no Brasil), motivo pelo qual a
gravidade da conduta deve ser afastada;

É o relatório.

Decido.

A petição inicial está subscrita por advogada habilitada nos autos (ID
18622888).

Na espécie, o prefeito eleito do Município de Ilha das Flores/SE postula a


concessão de liminar em mandado de segurança, a fim de que seja suspenso o ato
apontado como coator consistente no acórdão proferido pelo TRE/SE no Recurso
Eleitoral 309-61, especificamente no ponto em que determinou o prematuro
afastamento do seu mandato, até que sejam julgados, com a devida publicação do
acórdão, os embargos declaratórios já opostos na origem, determinando-se sua
imediata recondução ao cargo para o qual foi eleito;

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Conforme consta dos autos, houve, em 25.10.2019, sexta-feira, a
publicação (p. 65 do ID 18536638) e, ainda, o cumprimento da decisão do Tribunal a
quo, com a assunção do Presidente da Câmara Municipal na Chefia do Poder
Executivo daquela localidade na mesma data (ID 18622938).

Verifico que os embargos foram opostos no dia 30.10.2019, quarta-feira


seguinte (ID 18536738), tendo sido impetrado o presente mandamus nesse dia, com
a distribuição dos autos, por sorteio, inicialmente ao Ministro Og Fernandes (ID
18592488), sucedendo, em seguida, os feriados alusivos aos dias 31.10.2019 e
1º.11.2019.

A ação mandamental somente foi redistribuída à minha relatoria, por


prevenção do art. 260 do Código Eleitoral, em 4.11.2019, segunda-feira, com a
conclusão do feito às 16h54.

Diante do recente afastamento do mandatário, entendo evidenciado o


risco de dano arguido na ação mandamental, uma vez que já se decidiu que “a
execução da decisão regional - com a eventual assunção da Presidente da Câmara
por curto período - não constitui óbice ao deferimento da cautelar e retorno do autor
ao exercício do cargo de prefeito, porquanto não há falar em prejuízo à
Administração Municipal, devendo-se privilegiar o candidato eleito nas urnas e não
aquele que assume em caráter provisório” (Agravo Regimental em Agravo
Regimental em Ação Cautelar 3345, rel. Min. Arnaldo Versiani, DJE de 19.11.2009).

Passo ao exame da verossimilhança da argumentação exposta pelo


impetrante.

O impetrante sustenta que a execução ordenada pela Corte sergipana


revela-se manifestamente prematura, a evidenciar sua ilegalidade em face da
afronta ao art. 257, § 2º, do Código Eleitoral.

Corroborando tal alegação, sustenta que o TRE/SE reformou a decisão


de primeiro grau quanto à improcedência da ação de investigação judicial eleitoral,
rejeitou uma questão preliminar importante decorrente de apreciação do mesmo fato
por decisão judicial transitada em julgado noutro feito e proveu os recursos eleitorais
para cassar os mandatos eletivos, cujo julgamento foi decidido por maioria e em voto
de desempate da Presidência.

É certo que há precedente mais recente desta Corte Superior no sentido


do não cabimento de mandado de segurança com o escopo de sustar execução de
decisão regional, na pendência de embargos opostos naquela instância.

Nesse sentido, cito o seguinte julgado desta Corte Superior:

DIREITO ELEITORAL. AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


ELEIÇÕES 2016. PREFEITA. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA.
DESPROVIMENTO.

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1. Agravo interno contra decisão que negou seguimento a mandado de
segurança impetrado com objetivo de suspender a execução imediata de
acórdão regional que impôs, dentre outras sanções, a cassação do diploma da
agravante.

2. A agravante deixou de apresentar argumentos aptos a modificar a decisão


recorrida, limitando-se a reproduzir as razões apresentadas na petição inicial, o
que inviabiliza o seu processamento. É inadmissível o recurso que deixa de
impugnar especificamente fundamento da decisão recorrida que é, por si só,
suficiente para sua manutenção (Súmula nº 26/TSE).

3. A admissibilidade de mandado de segurança contra ato judicial recorrível


restringe-se aos casos de teratologia ou ilegalidade na decisão impugnada
(Súmula nº 22/TSE).

4. Para a configuração do ato abusivo, não será considerada a sua


potencialidade de alterar o resultado da eleição, mas a gravidade de suas
circunstâncias (art. 22, XVI, da LC nº 64/1990). Além disso, a conduta deve ter
aptidão para desequilibrar a igualdade entre os candidatos e afetar a
normalidade das eleições. Precedentes.

5. Não há teratologia no acórdão que, analisando o conjunto fático-probatório,


apresentou motivação suficiente para justificar o reconhecimento de prática
abusiva, bem como a cassação do diploma. Ademais, existem recursos
previstos e aptos a impugnar a decisão ora questionada.

6. A determinação de cumprimento das sanções, independentemente do


julgamento de embargos de declaração, está alinhada ao entendimento
desta Corte (AC nº 0600459-17/SP, AI nº 281-77/MT e AgR-AC nº
0601074-07/GO).

7. Agravo interno a que se nega provimento.

(MS 0601941-97, rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJE de 4.2.2019, grifo nosso.)

Nada obstante, cumpre ponderar que, nesse julgado, para se extrair a


conclusão de ausência de teratologia ou manifesta ilegalidade da ordem de
execução imediata da condenação, houve análise dos fundamentos da decisão
regional combatida, para afinal se assentar que não existia precipitação da ordem
emanada pela instância revisora.

A partir disso, observo que o caso concreto guarda uma nítida


peculiaridade, em virtude de uma decisão proferida pelo Tribunal Regional Eleitoral
que, por apertada maioria, reformou a sentença de improcedência da AIJE.

Acresça-se que tal acórdão não unânime decorreu de três questões


controversas no caso concreto, quais sejam:

a) a rejeição de preliminar atinente à coisa julgada, o que ocorreu com


base nas consequências da procedência das demandas eleitorais, nos
requisitos legais de configuração do ilícito e na distinção dos polos
passivos das ações, averiguando-se, contudo, divergência que

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acolheu a objeção arguida, no sentido de extinção da presente AIJE
309-61, sem resolução do mérito, em razão da uma anterior decisão,
por prática de conduta vedada, fundada no mesmo fato apurado na
AIJE, em que se teria assentado o não reconhecimento da ilicitude da
própria conduta imputada;

b) a questão de ordem prejudicial alusiva à inconstitucionalidade do §


3º do art. 96-B da Lei 9.504/97 foi acolhida para conferir interpretação
conforme e, assim, restringir o alcance dessa regra apenas a ações da
mesma espécie;

c) no mérito, quanto à configuração do abuso do poder político, o fato


consistiu no uso das cores verde e, especialmente, laranja, associada
à campanha do impetrante, mas a corrente divergente questionou a
configuração do ilícito, em decorrência da existência de pretérita lei
municipal, do lapso temporal e da ausência de conotação eleitoral da
conduta.

Tais questões assinaladas e o próprio cenário processual em tela


recomendavam, a princípio, que o Tribunal Regional Eleitoral, excepcionalmente,
não cumprisse imediatamente o seu acórdão, para aguardar a oposição dos
eventuais embargos e a respectiva publicação, viabilizando à parte a manifestação
de seu eventual inconformismo à instância especial, pelas vias que entendesse
cabíveis.

Por tal razão, considero presente a plausibilidade jurídica, porquanto,


diante da pendência de embargos de declaração e dada a nítida controvérsia
averiguada quanto à cassação do mandatário, em sede de matérias preliminar e de
mérito, recomendava-se maior concretude à regra do art. 257, § 2º, do Código
Eleitoral, com o efetivo esgotamento daquela instância ordinária. Nesse sentido,
cite-se a decisão individual no Mandado de Segurança 0604185-33, rel. Min. Jorge
Mussi, de 21.11.2017.

Assim, diante do caso em específico e das questões sub judice, penso


aqui plenamente invocável a orientação de que se deve evitar a subtração, mesmo
provisória, do exercício do cargo eletivo e a sucessiva alternância na chefia do
Poder Executivo, a gerar incerteza na população local e indesejada descontinuidade
administrativa.

Por essas razões, defiro o pedido de liminar em mandado de


segurança formalizado por Christiano Rogério Rego Cavalcante, a fim de
suspender os efeitos do acórdão regional proferido no Recurso Eleitoral
309-61, determinando a sua recondução e manutenção no cargo de prefeito e
também a do vice-prefeito do Município de Ilha das Flores/SE, até a eventual
publicação do aresto proferido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Sergipe em
sede dos primeiros embargos de declaração já opostos.

Solicitem-se informações ao órgão apontado como coator, no prazo


de 10 dias, nos termos do art. 7o, I, da Lei 12.016/2009.

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Intime-se o impetrante a fim de que, no prazo de cinco dias, emende
a inicial indicando o respectivo litisconsorte passivo no presente mandamus,
em face do polo passivo da indigitada AIJE/RE.

Atendida tal providência pelo autor, proceda-se a respectiva


citação.

Oferecidas as manifestações ou escoados os respectivos prazos,


certifique-se eventual julgamento e publicação do acórdão dos primeiros
embargos de declaração opostos na origem e, após, enviem-se os autos
conclusos.

Publique-se.

Intime-se.

Ministro Sérgio Silveira Banhos

Relator

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