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A Luta do voto feminino no Brasil

O dia 24 de fevereiro foi um marco na história da mulher brasileira. No código


eleitoral Provisório (Decreto 21076), de 24 de fevereiro de 1932, durante o
governo de Getúlio Vargas, o voto feminino no Brasil foi assegurado, após
intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto. As mulheres
conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito
de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo. Fruto de uma
longa luta, iniciada antes mesmo da Proclamação da República, foi ainda
aprovado parcialmente por permitir somente às mulheres casadas, com
autorização dos maridos, e às viúvas e solteiras que tivessem renda própria, o
exercício de um direito básico para o pleno exercício da cidadania. Em 1934, as
restrições ao voto feminino foram eliminadas do Código Eleitoral, embora a
obrigatoriedade do voto fosse um dever masculino. Em 1946, a obrigatoriedade
do voto foi estendida às mulheres.

A primeira mulher a ter o direito de votar no Brasil foi Celina Guimarães Viana. E
isso bem antes do Código Eleitoral de 1932. Aos 29 anos, Celina pediu em um
cartório da cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para ingressar na lista
dos eleitores daquela cidade. Junto com outras seguidoras, Celina votou nas
eleições de 5 de abril de 1928. Formada pela Escola Normal de Natal, Celina
aproveitou a Lei n◦ 660, de outubro de 1927, que estabelecida as regras para o
eleitorado solicitar seu alistamento e participação. Em todo o país, o estado
potiguar foi o primeiro a regulamentar seu sistema eleitoral, acrescentando um
artigo que definia o sufrágio sem ‘distinção de sexo’. O caso ficou famoso
mundialmente, mas a Comissão de Poderes do Senado, não aceitou o voto. No
entanto, a iniciativa da professora marcou a inserção da mulher na política
eleitoral.

Cinco anos antes de aprovado o Código Eleitoral Brasileiro, que estendia as


mulheres o direito ao voto, no sertão do Rio Grande do Norte, já ocorrera à
eleição de uma prefeita. A fazendeira Alzira Soriano de Souza, em 1928, se
elegeu na pequena cidade de Lajes, cidade pioneira no direito ao voto feminino.
Mas ela não exerceu o mandato, pois a Comissão de Poderes do Senado
impediu que Alzira tomasse posse e anulou os votos de todas as mulheres da
cidade isto porque a participação de mulheres na eleição fora autorizada
excepcionalmente graças a uma intervenção do candidato a presidente da
província, Juvenal Lamartine.
Nas eleições de 1933, a médica, escritora e pedagoga Carlota Pereira de
Queirós foi eleita, tornando-se a primeira mulher deputada federal brasileira. Ela
participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte, entre 1934 e
1935. Médica formada pela Universidade de São Paulo em 1926, com a tese
‘Estudos sobre o Câncer’ a Doutora Carlota organizou um grupo de 700 mulheres
e junto com a Cruz Vermelha deu assistência a centenas de feridos que
chegavam das frentes de batalha. Em 1950, fundou a Academia Brasileira de
Mulheres Médicas. Na foto, Carlota com Armando de Salles Oliveira, engenheiro
e político brasileiro, interventor federal em São Paulo e depois governador eleito
pela Assembleia Constituinte em 1935.
Como as mulheres conseguiram o direito ao voto

Até o início do século 20, o voto, na quase totalidade dos países, era um direito
exclusivo dos homens

Até o início do século 20, o voto, na quase totalidade dos países, era um direito
exclusivo dos homens – especialmente de homens ricos. Em meio a um cenário
de grandes transformações, as ativistas que se mobilizaram pelo direito feminino
à participação política ficaram conhecidas como sufragistas.

Entre 1890 e 1994, mulheres da maioria dos países adquiriram o direito de votar
e se candidatar a um cargo público. Ainda assim, tempo e espaço são duas
varáveis que diferem muito quando tratamos dessa conquista: o que em 1906 foi
uma grande vitória para as finlandesas aconteceu na África do Sul somente em
1993 e na Arábia Saudita em 2011.

O Brasil tem uma população de 209,3 milhões de habitantes e um Congresso


Nacional com 594 parlamentares (513 deputados e 81 senadores). Da América
Latina, é a nação mais populosa e o terceiro país com mais deputados federais,
atrás apenas do México (628) e de Cuba (605).

Mas, quando comparado a alguns dos principais países da Europa, nosso país
não assusta em número de parlamentares.

Na França, existem atualmente 924 deputados e senadores para representar


apenas 67 milhões de habitantes.

A Alemanha tem mais de 778 parlamentares (709 da assembleia legislativa e


69 do Conselho Legislativo Federal), a Itália conta com 950 (630 deputados e
320 senadores), e o Reino Unido tem mais de 1,4 mil (650 integrantes da
Câmara dos Representantes e 791 da Câmara dos Lordes). Esses três países
possuem populações muito menores que a brasileira - entre 60 e 80 milhões de
habitantes. Na Ásia, os países com legislativos maiores que os brasileiros
incluem Japão (704), Índia (779), Mianmar (654) e China (2.980). Já os Estados
Unidos possuem uma população maior que a brasileira, de 325 milhões, mas
um Congresso menor, com 535 integrantes.

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