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A Diretiva 2013/59/EURATOM: a proteção radiológica ao nível do cristalino do

olho quanto aos profissionais de saúde

Introdução
A Diretiva 2013/59/EURATOM, do Conselho, que fixa as normas de segurança
de base relativas à proteção contra os perigos resultantes da exposição a radiações
ionizantes e que revoga as Diretivas 89/618/Euratom, 90/641/Euratom, 96/29/Euratom,
97/43/Euratom e 2003/122/Euratom, foi aprovada em 5 de dezembro de 2013 e publicada
no Jornal Oficial em 17 de janeiro de 2014. Deve ser transposta para o ordenamento
jurídico interno até 6 de fevereiro de 2018.

Atendendo às novas informações científicas relativas às reações nos tecidos uma


das alterações introduzidas pela Diretiva surge relacionada com a redução, ao nível de
dose equivalente, do limite anual de dose para o cristalino do olho em matéria
ocupacional. Essa alteração baseia-se na Recomendação 118 da Comissão Internacional
de Proteção Radiológica (CIPR) e visa dar cumprimento ao princípio As Low As
Reasonably Achievable (ALARA) fazendo com que as exposições se mantenham no nível
mais reduzido possível.

1
A exposição ocupacional relativa ao sector médico e, em especial, a médicos
cardiologistas intervencionistas e radiologistas é cada vez mais acentuada tendo em
consideração, por exemplo, a utilização frequente de raios x para efeitos de diagnóstico
e/ou tratamento médico. Os estudos epidemiológicos têm demonstrado que estes
profissionais apresentam uma maior incidência de contrair a doença de
opacidades/cataratas devido a essa exposição.

O presente artigo visa elucidar qual o regime jurídico aplicável em termos de


limite de dose e fundamentar a existência do mesmo enaltecendo a existência de
investigação cientifica no sentido de o mesmo não ser suficiente para evitar os efeitos
referidos.

1. Os efeitos da exposição

O estudo dos efeitos derivados da exposição às radiações ionizantes ao nível do


cristalino do olho tem sido alvo de uma longa investigação por parte da comunidade
científica e por parte de organizações internacionais, nomeadamente por parte da CIPR.

Em 2007, a CIPR, através da sua Recomendação n.º 103, abordou a questão para os
efeitos derivados da exposição à radiação ionizante não relacionados com o cancro e
chamou a atenção para a radiossensibilidade do cristalino do olho. Esta recomendação
substituiu a Recomendação de 1990. Os efeitos deixaram de ser designados pela CIPR
como efeitos deterministas e passaram a ser designados como reações no tecido devido
ao facto de não se verificarem no momento da irradiação, mas após esse momento.

Tendo em consideração a falta de informação sobre o tema, em 2011, a CIPR publica


a Declaração sobre Reações no Tecido1 onde refere que existem provas epidemiológicas
que demonstram que, de forma a evitar efeitos tardios ao nível de reações no tecido, o
limiar de dose deve ser mais reduzido. Para o cristalino do olho, de acordo com a
Declaração, o limiar de dose para a dose absorvida passa a ser de 0,5 Gy. A Declaração
também apela para a necessidade de o princípio da otimização da proteção dever ser

1
CIPR (2011) - Statement on Tissue Reactions, disponível em
http://www.icrp.org/docs/2011%20Seoul.pdf

2
considerado para todas as situações e para todas as categorias de exposição e para a
necessidade de atender-se à exposição de tecidos específicos, em especial o cristalino do
olho.

Em 2012, a CIPR publica a Recomendação n.º 1182 onde enfatiza a necessidade de


redução do limite de dose ao nível do cristalino do olho baseando-se em investigações
epidemiológicas e mecânicas. Esta recomendação sustenta que a exposição a doses mais
reduzidas de radiação pode acarretar opacidades ao nível do cristalino do olho e cataratas.

Fonte: Fernando Leyton et al (2014) - Radiation Risks and the Importance of Radiological Protection in
Interventional Cardiology: A Systematic Review. Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva, 22 (1), 87 –
98.

Foi esta Recomendação que sugeriu a redução dos limites de dose situada em 150
mSv por ano para 20 mSv por ano ou 100 mSv em períodos consecutivos de cinco anos
com o limite máximo de 50 mSv num único ano; redução esta que foi incorporada nas
prescrições da Diretiva 2013/59/EURATOM.

A Recomendação baseou as suas conclusões em estudos sobre os sobreviventes da


bomba atómica3 e em alguns estudos de exposições médica terapêuticas. Existem ainda
outros estudos recentes que chamam a atenção para esta problemática e que confirmam a
necessidade de redução do limite de dose.

2
CIPR (2012) - ICRP Statement on Tissue Reactions / Early and Late Effects of Radiation in Normal
Tissues and Organs – Threshold Doses for Tissue Reactions in a Radiation Protection Context. Publicação
CIPR 118, 41(1/2).

3
Ainsbury, E. A; Bouffler S. D: Dorr, W.; Graw, J.; Muirhead, C. R.; Edwards, A. A.; e, Cooper, J. R.
(2009) - Radiation cataractogenesis: a review of recent studies. Radiation Research, 172(1): 1–9. doi:
10.1667/RR1688.1.

3
A investigação feita por Milacic S4. também demonstra esta problemática. Trata-se
de um estudo em matéria ocupacional que demonstra que a exposição do cristalino do
olho a níveis reduzidos de radiações ionizantes pode implicar o aparecimento progressivo
de cataratas em profissionais de saúde e quando se trate da utilização de raios-x para
efeitos de diagnóstico e tratamento médico. Refere que, em termos ocupacionais, os
técnicos radiologistas e os médicos radiologistas são os grupos com índices mais elevados
de desenvolvimento de opacidades/cataratas como resultado da exposição anteriormente
referida.

O mesmo sucede, entre outros5, em relação à investigação feita por Sophie Jacob et
al6. Este estudo demonstra que os cardiologistas intervencionistas estão constantemente
expostos a radiação ionizante dispersa (raios-x) resultante da sua atividade de diagnóstico
e tratamento médico. Conclui-se que a exposição a doses reduzidas de radiação pode
causar danos ao nível do cristalino do olho e induzir cataratas.

2. Os novos limites de dose

Os princípios enformadores da proteção radiológica são o princípio da justificação,


da otimização e dos limites de exposição individual.

De acordo com o princípio da justificação qualquer situação que altera a situação de


exposição a radiação deve trazer maiores benefícios do que malefícios, isto é, qualquer
decisão que altere a situação de exposição a radiação deve produzir mais benefícios do
que danos. Deve produzir suficiente benefício social ou individual para compensar o

4
Milacic S. (2009) - Risk of occupational radiation-induced cataract in medical workers. Med
Lav.,100(3):178-86. Disponível em
http://www.iaea.org/inis/collection/NCLCollectionStore/_Public/43/003/43003916.pdf
5
Entre outros, Barnard, Stephen G. R.; Ainsbury, Elizabeth A.; Quinlan, Roy A.; e, Bouffler, Simon D.
(2016) - Radiation protection of the eye lens in medical workers—basis and impact of the ICRP
recommendations. British Journal of Radiology, 89(1060), doi 10.1259/bjr.20151034 e Frey, G. D. (2014)
- Radiation cataracts: new data and new recommendations. American Journal of Roentgenology,
203(4):W345-6, doi: 10.2214/AJR.13.11242.
6
Jacob, Sophie, Michel, Morgane, Spaulding, Christian, Boveda, Serge, Bar, Olivier, Brézin, Antoine P.
Streho, Maté; Maccia, Carlo; Scanff, Pascale; Laurier, Dominique e Bernier, Marie-Odile (2010) -
Occupational cataracts and lens opacities in interventional cardiology (O'CLOC study): are X-Rays
involved? BMC Public Health, 10:537, doi: doi.org/10.1186/1471-2458-10-537.

4
detrimento que causa essa decisão. É o que sucede com a utilização de raios x para efeitos
de diagnóstico e tratamento médico.

O princípio da otimização da proteção significa que a probabilidade de ocorrência de


exposição, o número de pessoas expostas e a magnitude das suas doses individuais devem
ser mantidas no nível mais baixo e razoavelmente possível atendendo a fatores
económicos e sociais. Isto significa que o nível de proteção deve ser o melhor,
maximizando a margem do benefício em relação ao dano. Devem existir restrições nas
doses ou nos riscos dos indivíduos a uma fonte em particular a fim de evitar resultados
extremamente injustos do procedimento de otimização (restrições de dose ou de risco e
níveis de referência).

O princípio de aplicação dos limites de dose significa que, em situações de exposição


planeada, para fontes reguladas, a dose total de qualquer individuo não deve exceder os
limites pertinentes recomendados pela CIPR. Os limites de dose são decididos tendo em
consideração as recomendações internacionais e aplicam-se a trabalhadores e membros
do público em situações de exposição planeada. É importante ter em consideração que os
limites de dose recomendados pela CIPR para a exposição ocupacional e a exposição
pública não devem ser observados como limites aceitáveis através dos quais um operador
pode trabalhar. São previstos pela CIPR como sendo próximos ao ponto em que o grau
de risco pode ser legitimamente descrito como inaceitável.

A Diretiva 2013/59/EURATOM, do Conselho, de 5 de dezembro, prescreve no ponto


catorze do seu preâmbulo que “As novas informações científicas relativas às reações nos
tecidos exigem que, sempre que pertinente, o princípio da otimização seja também
aplicado às doses equivalentes, por forma a manter as doses a um nível tão baixo quanto
razoavelmente possível. A presente diretiva deverá ainda seguir as novas orientações da
CIPR relativas aos limites das doses equivalentes referentes ao cristalino do olho em
situação de exposição profissional.” Nos termos do n.º 3 do artigo 9.º da Diretiva, o limite
de dose equivalente para o cristalino do olho é de 20 mSv no mesmo ano ou de 100 mSv
ao longo de cinco anos consecutivos desde que a dose média não exceda 50 mSv.
Anteriormente o limite de dose previsto para o cristalino do olho era de 150 mSv por ano;
o que significa que a alteração preconizada é significativa.

Para os aprendizes de idade igual ou superior a 18 anos e para os estudantes de idade


igual ou superior a 18 anos que, no âmbito dos seus estudos, sejam obrigados a trabalhar

5
com fontes de radiação são aplicados os mesmos limites de dose. No entanto, nos termos
da alínea a) do n.º 3 do artigo 11.º da Diretiva, para os aprendizes com idades
compreendidas entre os 16 e os 18 anos e para os estudantes com idades compreendidas
entre os 16 e os 18 anos que, no âmbito dos seus estudos, sejam obrigados a trabalhar
com fontes de radiação o limite de dose equivalente para o cristalino do olho é fixado em
15 mSv por ano.

Existem estudos que demonstram que o novo limite de dose de 20 mSv pode não ser
suficiente para proteger o cristalino do olho no âmbito ocupacional médico tendo em
consideração os atuais horários de trabalho e as medidas de proteção radiológica
existentes. O estudo de Seals et al7 chama a atenção para esta problemática evidenciando
que os novos dados científicos demonstram que as cataratas induzidas por radiação
podem ser de formação estocástica e que os equipamentos de proteção individual (óculos
de chumbo) para a proteção do cristalino do olho são inadequados para a prevenção da
ocorrência de cataratas. Investigação realizada sugere que a redução deste limite de dose
pode implicar no futuro a proibição de algum trabalho devido à possibilidade de sobre-
exposição persistente.

Uma das etapas mais importantes no estabelecimento e respeito por este limite de
dose consiste na monitorização rotineira através de dosímetros e na utilização de
equipamentos de proteção individual corretos8. Os cardiologistas intervencionistas e os
radiologistas devem ser alvo de uma dosimetria individual e efetiva ao nível do cristalino
do olho.

A redução do limite de dose implicará um ajustamento/adaptação dos equipamentos


e procedimentos ao nível da monitorização e consequentemente da Segurança no
Trabalho. Também a formação destes profissionais na utilização dos equipamentos de
trabalho revela-se de uma importância fulcral.

7
Seals, K. F., Lee, E. W., Cagnon, C. H., Al-Hakim, R. A., Kee, S. T. (2016) - Radiation-induced
cataractogenesis: a critical literature review for the interventional radiologist. Cardiovascular and
Interventional Radiology, 39: 151–60. doi: 10.1007/s00270-015-1207-z.
8
Vanhavere, F., Carinou. E., Domienik. J., Donadille, L., Ginjaume, M., Gualdrini, G., Koukoravab, C.,
Krima, S., Nikodemovag, D., Ruiz-Lopezh, N.., Sans-Merceh, M., Struelensa, L (2015) - Measurements of
the eye lens doses in interventional radiology and cardiology: final results of the ORAMED
project. Radiation Measurements, 46: 1243–47. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.radmeas.2011.08.013; e,
Barnard, Stephen G. R.; Ainsbury, Elizabeth A.; Quinlan, Roy A.; e, Bouffler, Simon D. (2016) - Radiation
protection of the eye lens in medical workers—basis and impact of the ICRP recommendations. British
Journal of Radiology, 89(1060), doi 10.1259/bjr.20151034.

6
3. A classificação dos trabalhadores

Nos termos do número 1 do artigo 40.º da Diretiva, os trabalhadores devem ser


classificados em duas categorias diferentes, consoante, para efeitos de monitorização e
vigilância:

a) Categoria A – os trabalhadores expostos que são suscetíveis de receber uma dose


efetiva superior a 6 mSv por ano, ou uma dose equivalente superior a 15 mSv por ano
para o cristalino do olho ou superior a 150 mSv por ano para a pele e as extremidades dos
membros;

b) Categoria B – os trabalhadores que, atendendo às condições em que realizam o seu


trabalho, é muito improvável que recebam doses superiores a 6 mSv por ano ou 3/10 dos
limites de dose equivalente para o cristalino, a pele e as exterminadas definido para os
trabalhadores expostos.

Os trabalhadores pertencentes à categoria A são aqueles que exercem as suas funções


em áreas com um índice mais elevado de exposição à radiação ionizante e maiores
restrições de acesso. Atendendo à disposição legal facilmente se conclui que os
profissionais de saúde referidos no artigo devem ser classificados como trabalhadores
pertencentes à categoria A.

Conclusão

Os profissionais de saúde, mormente os cardiologistas intervencionistas e os


radiologistas, estão expostos, de forma frequente, a radiações ionizantes ao nível do
cristalino do olho em virtude do exercício das suas funções. A redução preconizada pela
Diretiva 2013/59/EURATOM na sequência da Recomendação 118 da CIPR dos 150 mSv
para os 20 mSv por ano constitui uma inovação benéfica embora existam estudos que
revelam que esses limites podem ser ultrapassados. A alteração legislativa implicará uma
modificação da forma como é prestada a atividade laboral bem como a utilização de
métodos/equipamentos de dosimetria específicos por parte dos profissionais de saúde.

7
Fonte: Fernando Leyton et al (2014) - Radiation Risks and the Importance of Radiological Protection
in Interventional Cardiology: A Systematic Review. Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva, 22 (1),
87 – 98.

Bibliografia

Ainsbury, E. A; Bouffler S. D: Dorr, W.; Graw, J.; Muirhead, C. R.; Edwards, A. A.; e,
Cooper, J. R. (2009) - Radiation cataractogenesis: a review of recent studies. Radiation
Research, 172(1): 1–9. doi: 10.1667/RR1688.1.

Barnard, Stephen G. R.; Ainsbury, Elizabeth A.; Quinlan, Roy A.; e, Bouffler, Simon D.
(2016) - Radiation protection of the eye lens in medical workers—basis and impact of the
ICRP recommendations. British Journal of Radiology, 89(1060), doi
10.1259/bjr.20151034

CIPR (2012). ICRP Statement on Tissue Reactions / Early and Late Effects of Radiation
in Normal Tissues and Organs – Threshold Doses for Tissue Reactions in a Radiation
Protection Context. Publicação CIPR 118, 41(1/2).

CIPR (2011) - Statement on Tissue Reactions, disponível em


http://www.icrp.org/docs/2011%20Seoul.pdf

8
CIPR (2007) – The 2007 Recommendations of the International Commission on
Radiological Protection. Disponível em
http://www.icrp.org/publication.asp?id=ICRP%20Publication%20103

Diretiva 2013/59/EURATOM, do Conselho, de 5 de dezembro de 2013 que estabelece as


normas básicas de segurança para a protecção dos perigos resultantes de exposição a
radiações ionizantes e revoga as Directivas 89/618/EURATOM, 90/641/EURATOM,
96/29/EURATOM, 97/43/EURATOM e 2003/122/EURATOM. Publicada no Jornal
Oficial, Série L, n.º 13, de 17 de janeiro de 2014.

Frey, G. D. (2014) - Radiation cataracts: new data and new recommendations. American
Journal of Roentgenology, 203(4):W345-6, doi: 10.2214/AJR.13.11242.

Jacob, Sophie, Michel, Morgane, Spaulding, Christian, Boveda, Serge, Bar, Olivier,
Brézin, Antoine P. Streho, Maté; Maccia, Carlo; Scanff, Pascale; Laurier, Dominique e
Bernier, Marie-Odile (2010) - Occupational cataracts and lens opacities in interventional
cardiology (O'CLOC study): are X-Rays involved? BMC Public Health, 10:537, doi:
doi.org/10.1186/1471-2458-10-537.

Leyton, Fernando, Canevaro, Lucia, Dourado, Adriano, Castello, Helio, Bacelar,


Alexandre, Navarro, Marcus Teixeira, Vanó, Eliseo, Nogueira, Maria do Socorro, Batista,
Wilson Otto, Furquim, Tânia A. C., Lykawka, Rochelle, Melo, Camila S., Borges, Flavia,
Rodrigues, Barbara (2014) - Radiation Risks and the Importance of Radiological
Protection in Interventional Cardiology: A Systematic Review. Revista Brasileira de
Cardiologia Invasiva, 22 (1), 87 – 98.

Milacic S. (2009) - Risk of occupational radiation-induced cataract in medical workers.


La Medicina del Lavoro,100(3):178-86. Disponível em
http://www.iaea.org/inis/collection/NCLCollectionStore/_Public/43/003/43003916.pdf

Seals, K. F., Lee, E. W., Cagnon, C. H., Al-Hakim, R. A., Kee, S. T. (2016) - Radiation-
induced cataractogenesis: a critical literature review for the interventional radiologist.

9
Cardiovascular and Interventional Radiology, 39: 151–60. doi: 10.1007/s00270-015-
1207-z.

Vanhavere, F., Carinou. E., Domienik. J., Donadille, L., Ginjaume, M., Gualdrini, G.,
Koukoravab, C., Krima, S., Nikodemovag, D., Ruiz-Lopezh, N.., Sans-Merceh, M.,
Struelensa, L (2015) - Measurements of the eye lens doses in interventional radiology and
cardiology: final results of the ORAMED project. Radiation Measurements, 46: 1243–
47. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.radmeas.2011.08.013

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