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Noções de AFO para Agente Administrativo da Polícia Federal

Aula 00
Prof. Graciano Rocha

Noções de AFO para Agente Administrativo da Polícia Federal

Aula 00
• Orçamento público. Conceitos. Princípios orçamentários.

Professor Graciano Rocha

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Saudações, caros alunos!

Este é nosso curso de Noções de Administração Financeira e


Orçamentária para Agente Administrativo da Polícia Federal, com vistas
à preparação para o próximo concurso do órgão.

Só para constar, as questões de AFO representaram 17 do total de 120


no último concurso (2013). Mais de 15% da prova!

Vamos às apresentações: eu me chamo Graciano Rocha Mendes, sou


Consultor de Orçamento da Câmara dos Deputados; professor de Orçamento
Público e de matérias correlatas em Brasília e na internet; Especialista em
Orçamento Público pelo Instituto Serzedello Corrêa (ISC/TCU).

Vamos falar de nosso curso. Costumo dizer que uma grande vantagem desse
curso online está na agregação da matéria em uma só publicação. Se você
tentar reunir, por conta própria, todas as referências necessárias para cobrir o
edital, vai amontoar mais de uma dezena de normativos – que não vai utilizar
completamente –, além de livros e materiais esparsos.

Com nossas aulas, além de ter acesso a todo o conteúdo, bem mastigado, você
ainda verá os comentários e ênfases conforme o comportamento do CESPE –
provável banca organizadora do concurso – nos últimos anos.

Algumas questões serão comentadas durante a própria aula, ilustrando a forma


de cobrança recente do assunto. Outras serão propostas ao final, para
resolução individual.

Para quem quiser se exercitar antes da resolução, as questões comentadas


durante as aulas estarão reproduzidas ao final dos arquivos, sem gabarito
visível, para quem quiser enfrentá-las “em estado puro”, juntamente com as
não comentadas. O gabarito de todas ficará na última página.

Dito isso, segue o programa de nosso curso, reproduzido do último edital e


dividido em cinco aulas, além desta demonstrativa:

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Aula Conteúdo Programático

00 Orçamento público. Conceitos. Princípios orçamentários.


Técnicas Orçamentárias. Ciclo Orçamentário. Programação e execução
01 orçamentária e financeira. Descentralização orçamentária e financeira.
Acompanhamento da execução.
O orçamento público no Brasil. Plano Plurianual na Constituição Federal.
02 Diretrizes orçamentárias na Constituição Federal. Orçamento anual na
Constituição Federal. Créditos ordinários e adicionais.
03 Receita pública. Conceito. Classificação segundo a natureza. Etapas e estágios.
Despesa pública. Conceito. Classificação segundo a natureza. Estrutura
04 programática. Etapas e estágios. Restos a pagar. Despesas de exercícios
anteriores.
05 Lei de Responsabilidade Fiscal. Conceitos e objetivos. Planejamento.

OK, vamos estudar, que é o que interessa! Boa aula!

GRACIANO ROCHA

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SUMÁRIO

ORÇAMENTO PÚBLICO ............................................................................................ 5


Conceitos .................................................................................................................................5
Tipos de orçamento ..................................................................................................................9
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ................................................................................. 9
Legalidade ................................................................................................................................9
Unidade/totalidade ................................................................................................................ 13
Universalidade ....................................................................................................................... 17
Orçamento Bruto.................................................................................................................... 19
Anualidade/Periodicidade ...................................................................................................... 21
Exclusividade .......................................................................................................................... 23
Não Afetação/Não Vinculação ................................................................................................ 26
Especificação/Especialização/Discriminação ........................................................................... 30
Clareza ................................................................................................................................... 34
Equilíbrio ................................................................................................................................ 35
Publicidade............................................................................................................................. 37
RESUMO DA AULA ................................................................................................. 40
QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ................................................................. 42
QUESTÕES ADICIONAIS .......................................................................................... 47
GABARITO ............................................................................................................. 50

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ORÇAMENTO PÚBLICO
Conceitos
Reconhece a doutrina que o orçamento nasceu como instrumento de controle
e limitação dos gastos do governo (principalmente o Poder Executivo) por
parte do Legislativo. Os documentos “antepassados” da peça orçamentária
confirmam essa sistemática:

• com a Magna Carta, de 1215, os nobres ingleses impuseram ao rei João


Sem Terra a aceitação da regra de que a cobrança de tributos só ocorreria
mediante aprovação do Conselho Comum;

• ainda na Inglaterra, a “Bill of Rights” (Carta de Direitos), em 1689,


confirmou a regra de que a arrecadação de impostos deveria ser autorizada
pelo Parlamento;

• a Constituição Francesa, promulgada em decorrência da Revolução de


1789, estabeleceu que cabia aos representantes do povo a votação dos
impostos; ainda antes dela, a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão afirmava que “Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou
pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de
consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a
repartição, a coleta, a cobrança e a duração”;

• nos EUA, em contraposição ao domínio inglês, a Assembleia Nacional da


Virgínia, em 1765, decidiu que somente ela, a Assembleia, tinha o poder
de exigir impostos dos habitantes da colônia.

O orçamento público, como solicitação do Executivo ao Legislativo para


arrecadar receita e efetuar gastos, tem seu nascimento reconhecido em 1822,
quando o chanceler do Erário da Inglaterra apresentou ao Parlamento um
documento com esse teor.

Há uma variedade considerável de formas de conceituar o orçamento, das quais


podemos destacar as seguintes:

• lista de receitas e de despesas do governo, para execução em


determinado período;

• instrumento de controle dos gastos do governo pelo Legislativo, como


mencionado acima;

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• documento de divulgação das atividades e serviços a serem prestados


pelo governo, com a discriminação dos respectivos custos e origens dos
recursos;

• instrumento de concretização do planejamento governamental, com vistas


ao alcance dos objetivos e metas aprovados para determinado período.

Vistos esses apontamentos, trataremos da forma como o orçamento público


teve sua evolução no Brasil, utilizando as Constituições como marcos.

Constituição Imperial de 1824

O art. 172 da primeira Constituição brasileira asseverava:

O ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros ministros os


orçamentos relativos às despesas das suas repartições, apresentará na Câmara
dos Deputados anualmente, logo que esta estiver reunida, um balanço geral da
receita e despesa do Tesouro Nacional do ano antecedente, e igualmente o
orçamento geral de todas as despesas públicas do ano futuro e da importância
de todas as contribuições e rendas públicas.

O artigo acima indica que, numa sessão específica do Parlamento, o Ministro da


Fazenda deveria apresentar um “balanço geral” da receita e da despesa do ano
anterior (equivalente à publicação dos demonstrativos contábeis hoje em
dia), bem como o “orçamento geral”, que representava a conjunção dos
orçamentos dos Ministérios, com o total das despesas e das receitas.

Assim, nesse período, foi atribuída ao Executivo a elaboração da proposta


orçamentária, ao passo que a aprovação cabia à Assembleia Geral (Câmara e
Senado em conjunto) – ou seja, em essência, tratava-se do sistema
orçamentário atualmente em vigor.

Por outro lado, a criação de impostos dependia de projetos da iniciativa


privativa da Câmara dos Deputados; atualmente, a iniciativa em matéria
tributária pertence ao Presidente da República.

Constituição de 1891

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A partir da proclamação da República, a elaboração do orçamento passou


às atribuições do Congresso Nacional, assim como a tomada de contas do
Poder Executivo.

Com essa nova sistemática, coube à Câmara dos Deputados a iniciativa de


elaboração do orçamento público brasileiro, mas, na prática, o projeto de lei
orçamentária sempre foi elaborado pelo Ministério da Fazenda, que o
repassava à comissão de finanças da Câmara para dar início ao trâmite
legislativo.

Também nesse período deu-se a criação do Tribunal de Contas da União,


com o fito de auxiliar o Parlamento no controle externo das contas públicas.

Com a aprovação do Código de Contabilidade da União em 1922,


ordenaram-se procedimentos orçamentários, financeiros, patrimoniais e
contábeis, que racionalizaram a administração financeira federal; e, quanto à
iniciativa da lei orçamentária, o Código legalizou a práxis já observada,
dispondo que caberia ao Executivo enviar “proposta de fixação da despesa” e
“cálculo geral da receita” à Câmara dos Deputados, para que esta formulasse o
projeto de lei orçamentária – assim garantindo o mandamento constitucional
relativo à iniciativa da lei do orçamento.

Constituições de 1934 e 1937

Com a primeira Constituição do governo Vargas, algumas mudanças (“voltas ao


passado”, por assim dizer) ocorreram na órbita orçamentária: a iniciativa do
projeto de lei do orçamento reverteu à alçada do Presidente da República;
o Legislativo o aprovava e julgava as contas do governo.

A Constituição de 1937 reforçou a já iniciada centralização de atribuições no


Poder Executivo, inclusive quanto à matéria orçamentária. Conforme o
professor James Giacomoni,

(...) a elaboração orçamentária foi tratada com destaque, merecendo um


capítulo especial com seis artigos. Segundo essas disposições, a proposta
orçamentária seria elaborada por um departamento administrativo a ser
criado junto à Presidência da República e votada pela Câmara dos
Deputados e pelo Conselho Federal (uma espécie de Senado que contaria
também com dez membros nomeados pelo presidente da República). A

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verdade é que essas duas câmaras legislativas nunca foram instaladas e o


orçamento federal foi sempre elaborado e decretado pelo chefe do poder
Executivo. Já em 1939, o regime estado-novista liquidou com o que
restava de autonomia dos Estados e Municípios ao transferir ao
presidente da República a prerrogativa de nomear os governadores
estaduais (Interventores) e a esses a nomeação dos prefeitos.

Constituição de 1946

Findo o Estado Novo, a redemocratização presente na nova carta política


reestabeleceu o sistema orçamentário baseado na iniciativa do Poder
Executivo e aprovação pelo Legislativo, com a possibilidade de modificação
mediante a proposição de emendas.

Alguns princípios orçamentários aplicáveis até hoje encontraram abrigo no


texto da Constituição, como o da unidade, universalidade, exclusividade e
especialização. Além disso, o papel do Tribunal de Contas foi evidenciado de
forma mais precisa.

Sob a égide da CF/46, foi editada a Lei 4.320/64, da qual até hoje emanam as
normas gerais de direito financeiro para todos os entes da Federação. Com ela,
foram padronizados os orçamentos e balanços contábeis dos entes públicos,
bem como os respectivos procedimentos orçamentários, financeiros e
contábeis.

Constituições de 1967 e de 1969

A CF/67 caracterizou-se pela retirada de prerrogativas do Legislativo


quanto à iniciativa de leis ou emendas que criassem ou aumentassem despesas,
inclusive emendas ao projeto de lei do orçamento. Dessa forma, cabia ao
Legislativo tão somente a aprovação, sem a possibilidade de proposição de
emendas significativas ao projeto elaborado pelo Executivo.

A Emenda Constitucional nº 1/69, que é estudada como outra constituição,


manteve as mesmas disposições relativamente ao orçamento.

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Tipos de orçamento
A classificação do orçamento em “tipos” depende da maneira pela qual se dá a
elaboração orçamentária e do regime político vigente. Assim, temos o
orçamento legislativo, quando sua elaboração e aprovação ficam a cargo do
Poder Legislativo (solução afeita aos regimes parlamentaristas); o orçamento
executivo, em que as competências para elaboração, aprovação, execução etc.
são do Poder Executivo (mais afiliado a regimes ditatoriais); e o orçamento
misto, de elaboração concentrada no Poder Executivo e aprovação por parte do
Legislativo.

Dos comentários vistos mais acima, podemos concluir que o orçamento foi do
tipo legislativo apenas sob a Constituição de 1891; do tipo executivo, sob a
égide da Carta de 1937; e misto nos demais casos (como atualmente).

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Os princípios orçamentários consistem ora em normas, ora em simples
orientações aplicáveis à elaboração e à execução do orçamento público.

Em vários casos, a legislação e a própria Constituição refletem a adoção desses


princípios em seus dispositivos. Apesar disso, não é possível entender esses
princípios como determinações rígidas; eles são cercados de exceções e
flexibilizações, como ficará claro no decorrer de nossa aula.

Legalidade
Uma das discussões mais antigas sobre o orçamento público diz respeito ao
conflito entre sua forma e seu conteúdo.

Quanto à forma, desde que os primeiros documentos contábeis foram


apresentados pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo, em países europeus e
nos Estados Unidos, a título de pedido de autorização de gastos ao
Parlamento, o orçamento ganhou estatura de lei. Assim, a expressão “lei do
orçamento” é mais que secular – os Parlamentos aprovam os orçamentos na
forma de leis desde o século XIX.

Atualmente, o princípio da legalidade orçamentária encontra-se, entre outros,


no seguinte trecho da Constituição:

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Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

(...)

III - os orçamentos anuais.

Por outro lado, quanto ao conteúdo, não há dúvidas de que o orçamento


público tem natureza de ato administrativo. A organização das finanças em
programas, a atribuição de recursos a certas despesas, a indicação de
competências de órgãos e entidades relativamente a certos setores de atividade
governamental, tudo isso tem a ver com a organização e o planejamento da
Administração Pública – atividades tipicamente administrativas.

A partir disso que estamos vendo, ao se confrontar a lei orçamentária com o


significado jurídico-histórico da palavra “lei”, verifica-se certa desarmonia. “Lei”
representa um ato normativo abstrato, que pode, entre outras coisas,
disciplinar direitos e deveres, normatizar condutas, impor punições etc. Para
aplicar-se a lei, nesse sentido estrito, faz-se necessário verificar os dados da
realidade e compará-los com a descrição abstrata trazida pela norma.

O que ocorre com o orçamento público é que ele não cria nem regulamenta
direitos e deveres, não disciplina condutas, não prevê punições etc. Não tem
caráter abstrato; pelo contrário, um orçamento deve se revestir de
concretude, para aplicação mais apropriada e racional dos recursos públicos.

É dessa discussão que nasce a definição do orçamento como “lei em sentido


formal”. A estatura do orçamento é de uma lei, aprovada pelo Parlamento,
sancionada pelo Chefe do Executivo, mas sua essência é de um ato
administrativo.

Essa “legalidade flexível” do orçamento fica evidente também ao se constatar


que ele tem natureza apenas autorizativa, e não, impositiva. O governo não
é obrigado a executar o orçamento tal qual ele é veiculado pela lei
orçamentária (com exceção das despesas obrigatórias em virtude de outros
normativos). Isso contrasta bastante com as leis “normais”, que se
caracterizam pela obrigatoriedade de aplicação.

Pelo contrário, a modificação, a retificação, a inversão de aspectos e itens no


orçamento durante sua execução, em comparação com o texto aprovado, são
fatos bastante comuns, distanciando o orçamento de sua “aparência” inicial.

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Nesse sentido, têm surgido diversas críticas, no âmbito parlamentar e na


opinião pública em geral, tendo como alvo o “descompromisso” do governo
quanto à execução do orçamento em observância ao texto original aprovado
pelo Congresso.

Não obstante a essência de ato administrativo, o fato de o orçamento ser uma


lei lhe proporciona a normatização de certos requisitos e obrigações de natureza
orçamentária, na esfera concreta.

A título de exemplo, quanto ao poder “normativo” da lei orçamentária,


podemos indicar uma disposição constitucional (art. 167, inc. I). Para que
programas e projetos sejam iniciados no âmbito da Administração, é
necessária a prévia inclusão desses programas e projetos na Lei Orçamentária
Anual (ou em leis que a retifiquem).

1. (CESPE/ANALISTA/TRE-MS/2013) Os princípios orçamentários estão


sujeitos a transformações de conceito e significação, pois não têm caráter
absoluto ou dogmático e suas formulações originais não atendem,
necessariamente, ao universo econômico-financeiro do Estado moderno.

Os princípios orçamentários, como dito, não são regras rígidas, absolutas. Além
disso, o fato de alguns já serem mais que centenários os obriga a encarar
flexibilizações e exceções. Questão CERTA.

2. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) O princípio da legalidade, um dos primeiros


a serem incorporados e aceitos nas finanças públicas, dispõe que o

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orçamento será, necessariamente, objeto de uma lei, resultante de um


processo legislativo completo, isto é, um projeto preparado e submetido,
pelo Poder Executivo, ao Poder Legislativo, para apreciação e posterior
devolução ao Poder Executivo, para sanção e publicação.

Questão CERTA. O orçamento nasceu como lei, desde o momento em que


podemos falar da existência de uma “peça orçamentária” – isso porque os
Legislativos, libertados das monarquias absolutas, se preocuparam logo com o
controle da proporção assumida pelos gastos dos governos. Assim, a história do
orçamento passa necessariamente pela aprovação de uma lei que o veicula.

3. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Para ser considerada um princípio


orçamentário, a norma precisa obrigatoriamente estar incluída na
Constituição Federal ou na legislação infraconstitucional.

Questão ERRADA. Como em todos os ramos do direito, os princípios


orçamentários são independentes de sua positivação no arcabouço legal.
Atualmente, diversos desses princípios encontram-se recepcionados na CF/88
ou em leis (principalmente a Lei 4.320/64), mas essa não é uma condição para
sua existência e validade.

4. (CESPE/ANALISTA/TRE-ES/2011) Em matéria orçamentária, o princípio da


legalidade refere-se à legalidade estrita aplicável aos atos da administração
pública.

Essa questão reforça o caráter de ato administrativo que circunda o orçamento


público. Nesse sentido, a legalidade aplicável ao orçamento é de natureza
tipicamente procedimental. Questão CERTA.

5. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) A natureza jurídica da lei


orçamentária anual no Brasil não interfere nas relações entre os sujeitos
passivos e ativos das diversas obrigações tributárias.

Na questão acima, mais elaborada, devemos pensar assim: se relações jurídicas


são estabelecidas e modificadas por leis “normais”, ou seja, leis de conteúdo
abstrato, essa característica não se aplica à lei orçamentária. Ela não tem o

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condão de disciplinar deveres e direitos de pessoas físicas ou jurídicas, ou seja,


a lei orçamentária não interfere em quaisquer relações jurídicas. Questão
CERTA.

6. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) A lei orçamentária anual elaborada no


âmbito da União é, ao mesmo tempo, lei ordinária e especial.

Questão CERTA. Ao mesmo tempo em que o processo legislativo da lei


orçamentária acompanha a maior parte das regras aplicáveis às leis ordinárias,
há características que a distinguem destas últimas. A principal diferença reside,
como visto, no caráter administrativo, e não normativo, de seu conteúdo. Além
disso, podem-se citar, quanto à matéria orçamentária, a iniciativa exclusiva do
chefe do Executivo; o processo legislativo no âmbito da “casa legislativa
Congresso Nacional”, e não sequencialmente na Câmara e no Senado; a
limitação à proposição de emendas etc, como estudaremos posteriormente.

Unidade/totalidade
A unidade é um dos “ancestrais” dos princípios orçamentários. Encontra-se
normatizado na Lei 4.320/64, que estabelece “normas gerais de direito
financeiro”, obrigatórias para todos os entes federados.

A Lei 4.320/64 representou um avanço na época de sua edição. Ela trazia os


conceitos e procedimentos mais avançados a respeito da utilização do dinheiro
público. Porém, como se vê, ela já é bastante antiga, e a atividade financeira
dos entes federados brasileiros precisa de atualizações.

É por isso que se espera, por parte do Congresso Nacional, a edição de uma lei
complementar que atualize as normas gerais de direito financeiro. Enquanto
isso não ocorre, diversas “atualizações” relacionadas ao direito financeiro e ao
orçamento público são instituídas anualmente, com as Leis de Diretrizes
Orçamentárias.

No art. 2º, a Lei 4.320/64 estabelece que “A Lei do Orçamento conterá a


discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica

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financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de


unidade, universalidade e anualidade”

Desses outros princípios, falaremos em seguida.

Pelo princípio da unidade, o orçamento público deve ser uno, uma só peça,
garantindo uma visão de conjunto das receitas e das despesas.

Nesse momento, vale registrar uma informação histórica sobre o orçamento


público. Inicialmente, a peça orçamentária era bastante simples, primeiro
porque a participação do governo na vida econômica dos países europeus (onde
a lei orçamentária surgiu primeiro) não era muito ampla.

Nesses tempos, prestigiava-se o liberalismo econômico, a livre iniciativa dos


atores econômicos, e a intromissão do Estado nesse contexto era mal vista,
porque, desde sempre, o setor público foi visto como um mau gastador.
Portanto, o melhor que o governo poderia fazer seria gastar pouco e deixar os
recursos financeiros fluírem nas relações entre atores privados, sem
intervenções, sem tributação.

Assim, tendo a máquina estatal pequena dimensão e pouca participação na


economia – situação ideal para os liberais –, o orçamento consistia numa
autorização de gastos que também representava o controle do tamanho do
Estado. Assim, o Parlamento utilizava o orçamento como ferramenta de
controle da ação do Executivo.

Para facilitar esse controle, era necessário que o orçamento tivesse


certas características. Essas características vieram a constituir os primeiros
princípios orçamentários, dos quais, como já falamos, a unidade é um dos
exemplares.

Sendo o orçamento público uma peça única, a tarefa de controle e


acompanhamento dos gastos públicos estaria assegurada. Caso a
execução orçamentária obedecesse a diversos instrumentos, diversas leis,
quadros, normativos, os controladores teriam bem mais dores de cabeça.

Porém, ocorre que o crescimento do aparelho do Estado, em praticamente


todos os países, a partir do século XX, ocasionou a criação de estruturas
descentralizadas e autônomas – as conhecidas entidades da administração
indireta. Essas entidades também cumpriam (cumprem) funções estatais, mas

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sua autonomia, inclusive financeira, dificultava a consolidação do orçamento


público numa só peça, bem como o acompanhamento de sua execução.

No caso brasileiro, a Constituição de 1988 trouxe uma disposição “fatal” para a


visão tradicional do princípio da unidade:

Art. 165, § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e


entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou


indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos


a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Pisou pra valer, hein?

Assim, a própria Constituição estabeleceu três orçamentos diferentes. É


dessa evolução que a doutrina instituiu o “princípio da totalidade”, como
uma “atualização” do da unidade.

Segundo o professor James Giacomoni (in “Orçamento Público”, ed. Atlas, 14ª
edição), pelo princípio da totalidade, é possível a coexistência de orçamentos
variados, desde que estejam consolidados numa peça, de forma que
continue sendo possível uma visão geral das finanças públicas.

Dessa forma, os três orçamentos instituídos pela CF/88 respeitam o princípio


da unidade/totalidade, já que, como diz o § 5º do art. 165, eles compõem
uma só peça: a Lei Orçamentária Anual.

Vale acrescentar aos comentários anteriores uma observação sobre o sistema


orçamentário federal prévio à Constituição de 1988. Nesse período, havia
realmente orçamentos paralelos, já que o orçamento fiscal, levado à
aprovação do Congresso, representava apenas pequena parte das receitas e
despesas do governo. O orçamento das estatais e o monetário
congregavam a maior parte dos gastos, e eram aprovados e executados
apenas no âmbito do Poder Executivo.

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Com isso, o Parlamento tinha pouquíssima noção da realidade fiscal pela qual
passava o país. Esse quadro não se compara nem de longe aos “orçamentos
múltiplos” que constituem a atual LOA.

7. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) De acordo com o princípio da unidade, o


ente governamental deve dispor de apenas um orçamento, que inclua
todas as receitas estimadas e despesas fixadas pelo Estado.

A existência de apenas um orçamento, em que sejam expostas todos os


detalhes das finanças do ente público, corresponde ao ideal do princípio da
unidade orçamentária. Questão CERTA.

8. (CESPE/ANALISTA/TJ-AC/2012) A determinação da Constituição Federal de


1988, que estabelece que a lei orçamentária anual deve compreender o
orçamento fiscal, o orçamento de investimento e o orçamento da
seguridade social, configura uma exceção ao princípio orçamentário da
unidade.

Questão ERRADA: como visto, o fato de os três orçamentos comporem uma só


peça legal está de acordo com o princípio da unidade/totalidade.

9. (CESPE/ANALISTA/CNPQ/2011) O princípio orçamentário da totalidade


determina que haja um orçamento único para cada um dos entes
federados, com a finalidade de se evitar a ocorrência de múltiplos
orçamentos paralelos internamente à mesma pessoa política.

Questão CERTA. Como visto, o princípio da totalidade preocupa-se com a


manutenção de uma só peça orçamentária (mesmo que com “orçamentos”
distintos incluídos nela), a fim de evitar o descontrole que haveria com o
estabelecimento de orçamentos paralelos no âmbito do governo.

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Universalidade
O princípio da universalidade e o recém estudado, da unidade/totalidade, são
complementares, articulados em torno da garantia do controle sobre o
orçamento.

Enquanto a unidade/totalidade prioriza a agregação das receitas e despesas do


governo em poucos documentos (num só agregado, de preferência), a
universalidade estabelece que todas as receitas e despesas devem constar
da lei orçamentária.

Um orçamento único e universal é, portanto, o sonho de consumo de alguém


que tenha a titularidade do controle sobre as finanças públicas.

Além do art. 2º da Lei 4.320/64, que já vimos, o princípio da universalidade


também pode ser percebido nos arts. 3º e 4º da mesma lei:

Art. 3º A Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de


operações de crédito autorizadas em lei.

Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos


do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se
devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.

Novamente, segundo a lição do professor Giacomoni, o princípio da


universalidade proporciona ao Legislativo:

• conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia


autorização para a respectiva arrecadação e realização;

• impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e


despesa sem prévia autorização parlamentar;

• conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a


fim de autorizar a cobrança dos tributos estritamente necessários para
atendê-las.

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Alguns trechos acima poderão causar estranhamento. É que essa história de a


lei orçamentária “autorizar a arrecadação” da receita não se aplica mais.

Até a Constituição de 1967, isso era verdade, mas, de lá para cá, os tributos e
sua arrecadação são regulamentados por leis próprias. A lei orçamentária,
atualmente, não autoriza a arrecadação, apenas a prevê. A arrecadação
ocorre havendo ou não orçamento publicado.

Entretanto, não é raro encontrar questões que se refiram a esse aspecto de


maneira “tradicional”, já que, historicamente, a função do orçamento também
foi de autorização da arrecadação.

Portanto, surgindo questões totalmente teóricas, sem aplicação à realidade


atual, que confirmem o papel autorizador da lei orçamentária quanto à
arrecadação, marque CERTO.

Pragmatismo: devemos dançar conforme a música! Depois de acertar o


gabarito, você pode esbravejar o quanto quiser contra a banca.

10. (CESPE/ANALISTA/ANATEL/2012) De acordo com o princípio da


universalidade, a LOA de cada ente federado deverá conter todas as
receitas e as despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e
fundações instituídas e mantidas pelo poder público.

A questão está CERTA, com enunciado de teor semelhante ao conceito legal da


universalidade orçamentária.

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11. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Nem todas as entidades da administração


pública indireta obedecem ao princípio orçamentário da universalidade.

Questão CERTA. Há entidades da administração indireta cujas finanças não


pertencem realmente ao ente público, mas à própria entidade; é o caso das
empresas estatais independentes, que não necessitam de recursos públicos
para bancar seus gastos. Nesses casos, as receitas e despesas da estatal
independente não integram o orçamento do ente controlador.

12. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) De acordo com o princípio da unidade,


o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado.

A questão acima inverte conceitos e descrições. O que está sendo tratado nela
é o princípio da universalidade, sobre o qual conversamos nesse momento.
Portanto, ela está ERRADA.

13. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O refinanciamento da


dívida pública federal consta do orçamento fiscal, pelo mesmo valor, tanto
na estimativa da receita como na fixação da despesa. Este tratamento é
compatível com o princípio orçamentário da universalidade.

O enunciado trata do refinanciamento, ou rolagem, da dívida pública. Significa


tomar dinheiro emprestado para pagar empréstimos anteriores. E, realmente,
na lei orçamentária, tanto o dinheiro emprestado quanto a dívida antiga são
discriminados (respectivamente, como receita e como despesa). Questão
CERTA.

Orçamento Bruto
Já deixamos bem destacado que a necessidade de controle dos gastos públicos
fundamentou bastante a maturação de princípios orçamentários.

Se qualquer fato chega a afetar as receitas públicas, diminuindo o volume que


realmente deveria entrar em caixa, a ocultação desse fato geraria

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insegurança, desinformação e, quem sabe, algum prejuízo futuro ao ente


público.

A contabilidade pública tem como uma de suas funções a prestação de


informações fidedignas sobre o patrimônio e o orçamento, a fim de que
decisões por parte dos responsáveis sejam baseadas em dados corretos. Desse
modo, deduções, abatimentos, diminuições que afetam o conjunto das receitas
públicas devem ser considerados no orçamento.

É essa preocupação com a transparência e a fidedignidade das informações


orçamentárias que baseia o princípio do orçamento bruto, cujo teor é
complementar ao princípio da universalidade. Enquanto a universalidade
estabelece que todas as receitas e todas as despesas devem constar do
orçamento, o princípio do orçamento bruto acrescenta a observação “pelos
seus valores brutos, sem deduções”.

Assim, se for o caso de se fazer uma dedução a uma receita, o ente público
não pode apenas registrar o valor líquido a ser arrecadado. Tanto a arrecadação
bruta quanto a dedução devem ser consideradas na elaboração das peças
orçamentárias.

14. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) Para a obtenção de maior transparência e


clareza na previsão de despesas e fixação de receitas constantes na lei
orçamentária anual, permite-se a dedução das receitas que não serão
efetivamente convertidas em caixa, sem que, para isso, seja necessário
descriminar os valores originais. Ao prever tal procedimento, a legislação
observa o princípio do orçamento bruto.

Questão ERRADA. É necessário discriminar os valores originais das receitas e


das despesas para atender ao princípio do orçamento bruto.

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15. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) Todas as parcelas da receita e da despesa


devem figurar no orçamento em seus valores brutos, sem apresentar
qualquer tipo de dedução.

A questão acima reflete a interpretação adequada do princípio aqui comentado.


Questão CERTA.

16. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) O princípio do orçamento bruto se aplica


indistintamente à lei orçamentária anual e a todos os tipos de crédito
adicional.

Questão CERTA. O princípio do orçamento bruto complementa o da


universalidade, ao exigir que as receitas e despesas sejam dispostas no
orçamento sob seus valores brutos, sem deduções. Isso se aplica tanto à lei
orçamentária quanto aos instrumentos de retificação do orçamento – os
créditos adicionais.

Anualidade/Periodicidade
Trataremos agora do terceiro princípio orçamentário mencionado pelo art. 2º da
Lei 4.320/64.

Segundo o prof. Giacomoni (mais uma vez!), o princípio de que o orçamento


deve ser elaborado e autorizado para o período normalmente de um ano está
ligado à antiga “regra da anualidade do imposto”, vigente até a Constituição de
1967. Como já estudamos, até esse momento a lei orçamentária é que
autorizava a arrecadação tributária para um exercício, para cobrir as
despesas pertencentes a esse mesmo exercício.

A disposição sobre o princípio da anualidade na Lei 4.320/64 ainda é válida,


tanto no art. 2º, já estudado, quanto no art. 34 (O exercício financeiro
coincidirá com o ano civil). Por isso, entre outras coisas, justifica-se a
terminologia da lei orçamentária anual.

Na maioria dos países, o princípio da anualidade é convalidado e posto em


prática, principalmente em obediência ao calendário de funcionamento do Poder
Legislativo.

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A elaboração do orçamento para um período limitado de tempo favorece a


atividade de planejamento, pois, dessa forma, é possível programar a
aplicação dos recursos em objetivos do governo e verificar o alcance das metas
nos prazos estabelecidos.

Não obstante o que estamos dizendo, há vários programas e despesas


assumidas pelo poder público cuja duração ultrapassa um exercício.

Para alcançar objetivos de maior dimensão, apenas ações plurianuais podem


garantir o sucesso dessas iniciativas governamentais. A conciliação entre esses
programas plurianuais e o princípio da anualidade/periodicidade ocorre por
meio da execução “fatiada” dessas despesas plurianuais, com parcelas
distribuídas pela sequência de orçamentos anuais.

Como exceção ao princípio da anualidade, há a possibilidade de execução, em


outro exercício, de créditos adicionais (especiais e extraordinários)
autorizados no final do ano. Esse ponto será comentado posteriormente,
quando tratarmos dos créditos adicionais, que constituem novas autorizações
de despesa, além das consignadas na lei orçamentária.

17. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) O princípio da anualidade orçamentária


fundamenta-se em critérios puramente técnicos, relativos às questões
operacionais de apuração contábil da receita e da despesa, não estando
relacionado, portanto, com o controle político do Poder Executivo.

Questão ERRADA. A autorização anual para execução do orçamento reflete o


controle do Poder Legislativo sobre o Executivo. Não se confere a este último
um “cheque em branco” para sua atuação, mas, ao contrário, renova-se a
autorização para realizar despesas e arrecadar receitas a cada período. Dessa
forma, criam-se as condições para acompanhamento, fiscalização e julgamento
das contas públicas em prazos mais apropriados ao controle.

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18. (CESPE/TÉCNICO/STM/2011) O conceito de exercício financeiro deriva do


princípio da anualidade e, no Brasil, esse exercício coincide com o ano civil.

Para julgar a questão, bastaria uma rápida leitura do referido art. 34 da Lei
4.320/64 para matar a parada. O exercício financeiro, período em que se
observa a execução orçamentária da receita e da despesa, necessariamente
coincide com o ano civil, pelo dispositivo legal referido. Questão CERTA.

19. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) No Brasil, a anualidade do orçamento


sempre foi consagrada, inclusive nos dispositivos constitucionais, mas a
exigência de que os orçamentos anuais fossem complementados com
projeções plurianuais se deu a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF).

Questão ERRADA. A própria Lei 4.320/64 já previa a realização de projeções


orçamentárias plurianuais, em favor de investimentos públicos, no chamado
“Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital”.

Exclusividade
Esse é um dos princípios mais manjados em concursos públicos. Figurinha
carimbada!

Segundo a doutrina, a lei orçamentária deve conter apenas matéria financeira,


não trazendo conteúdos alheios à previsão da receita e à fixação da
despesa.

O princípio da exclusividade pode ser traduzido pela afirmação inicial do art.


165, § 8º, da CF/88:

“A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da


receita e à fixação da despesa (...)”.

A ideia subjacente ao princípio da exclusividade é evitar que matérias não


financeiras “caronas” sejam tratadas na lei orçamentária, aproveitando-se do
ritmo mais rápido de sua aprovação pelo Parlamento. Em tempos

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passados, o Executivo utilizava-se dessa manobra, para colocar rapidamente,


em pauta de votação, assuntos de seu interesse.

Entretanto, temos que destacar as exceções que a própria Constituição


impôs, na continuidade do dispositivo que começamos a analisar:

“(...) não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos


suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação
de receita, nos termos da lei”.

Os créditos suplementares representam um acréscimo às despesas já


previstas na lei orçamentária anual, devendo apontar também as receitas que
suportarão esse incremento. É como uma “revisão para mais” da lei
orçamentária.

A outra exceção à exclusividade orçamentária trata da autorização para


contratação de operações de crédito. A própria LOA pode se antecipar a uma
necessidade futura de recursos além dos estimados, e autorizar a tomada de
empréstimos pelo ente público.

Vamos separar aqui a operação de crédito “normal” da operação de


crédito por antecipação da receita orçamentária, ambas referidas no
dispositivo constitucional acima, e passíveis de autorização pela LOA.

As operações de crédito “normais” constituem receitas orçamentárias,


que servirão para custear despesas orçamentárias. Ou seja, para
determinadas despesas, o dinheiro disponível não é próprio do governo;
deverá ser tomado junto a agentes financiadores.

Por outro lado, as operações por antecipação da receita orçamentária


(ARO’s) são empréstimos tomados pelos entes públicos para suprir
insuficiências momentâneas de caixa. Para as despesas, nesse caso, existe
receita própria atribuída, que deverá ser arrecadada.

Em outras palavras, ARO’s não são receitas orçamentárias, mas sim


empréstimos que substituem receitas orçamentárias que não foram
arrecadadas no momento esperado. Essas receitas atrasadas, ao serem

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finalmente realizadas, servirão então para honrar as ARO’s que as


substituíram, ao invés das despesas originais.

Portanto, além de prever receitas e fixar despesas, a lei orçamentária anual, no


Brasil, pode trazer esses dois tipos de autorização – que, no fundo, não fogem
da temática orçamentária.

Grave essas exceções, porque é difícil achar um tópico tão cobrado


quanto esse quando o tema é princípios orçamentários!

20. (CESPE/ANALISTA/CADE/2014) A lei orçamentária anual (LOA) pode conter


dispositivo que autorize a abertura de crédito destinado a atender a
dotação não prevista no programa de trabalho inicialmente aprovado.

Questão ERRADA. A lei orçamentária só pode autorizar previamente a abertura


de créditos suplementares, ou seja, créditos que ampliem as despesas já
presentes no orçamento. Não há autorização prévia, na lei de orçamento, para
realização de despesas novas.

21. (CESPE/TÉCNICO/IBAMA/2012) A existência do orçamento fiscal, da


seguridade social e de investimento das empresas contraria o princípio
orçamentário da exclusividade.

Questão ERRADA: o princípio da exclusividade não é afetado pela existência dos


diferentes tipos de orçamento.

22. (CESPE/INSPETOR/TCE-RN/2009) A autorização para um órgão público


realizar licitações não pode ser incluída na lei orçamentária anual em
observância ao princípio da exclusividade.

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Questão CERTA. A autorização para a realização de licitações fugiria


completamente da matéria própria da lei orçamentária (previsão da receita –
fixação da despesa).

23. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) O princípio da exclusividade tem o


objetivo de impedir que a lei de orçamento seja utilizada como meio de
aprovação de matérias estranhas às questões orçamentárias.

Questão CERTA. Existem até expressões históricas (“caudas orçamentárias”,


“orçamentos rabilongos”) que se referem à prática comum no passado de
adicionar matérias estranhas às finanças públicas nas leis orçamentárias, para
aprovação em conjunto de forma mais rápida. O professor James Giacomoni
(in: Orçamento Público, ed. Atlas) ressalta que uma alteração da ação
processual de desquite – portanto, afeta ao direito processual civil – foi
implementada por meio de uma lei orçamentária.

Não Afetação/Não Vinculação


Esse princípio orçamentário também tem um pé no Direito Tributário. Desse
ramo do direito, cabe trazer para nossas anotações o conceito de arrecadação
vinculada.

No Brasil, existem cinco espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de


melhoria, contribuições e empréstimos compulsórios.

Os tributos podem ser arrecadados já com uma destinação legal para a


aplicação dos recursos correspondentes. Ou, por outro lado, os recursos
provenientes dos tributos podem estar “livres”, para aplicação em despesas
conforme as decisões do administrador público, sem interferência legislativa.

Assim, existem espécies tributárias com arrecadação vinculada, para aplicação


obrigatória em certas despesas, e outras com arrecadação não vinculada.
Os impostos são os típicos representantes desta última categoria.

As outras espécies tributárias (taxas, contribuições “lato sensu”, contribuições


de melhoria e empréstimos compulsórios) têm, comumente, arrecadação
vinculada.

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Isso obedece ao arcabouço teórico da tributação, segundo o qual os impostos


são os tributos apropriados para que o ente público possa auferir renda, sem
estar obrigado a prestar esta ou aquela obrigação junto à sociedade. Impostos
teriam a característica da fiscalidade (obtenção de recursos como finalidade
principal).

Então, voltando ao princípio da não vinculação, cabe destacar que ele ganhou
estatura constitucional, mas com uma série de exceções:

Art. 167. São vedados:

(...)

IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas


a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts.
158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde,
para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts.
198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por
antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º
deste artigo;

(...)

§ 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que


se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e
159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e
para pagamento de débitos para com esta.

Destrinchando os dispositivos acima, as vinculações à receita de impostos,


permitidas pela Constituição, são:

• repartição da arrecadação do imposto de renda e do imposto sobre


produtos industrializados, compondo o Fundo de Participação dos Estados e
o de Participação dos Municípios (CF/88, art. 159, inc. I);

• destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde (CF/88,


art. 198, § 2º);

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• destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino


(CF/88, art. 212);

• destinação de recursos para realização de atividades da administração


tributária (CF/88, art. 37, inc. XXII);

• prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita


– ARO (CF/88, art. 165, § 8º);

• prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de


débitos para com esta.

Portanto, o princípio da não vinculação da receita de impostos está no início do


inciso IV do art. 167, e as exceções a ele compõem todo o resto do texto e o §
4º.

Não há outras exceções além dessas. E, tratando-se de dispositivo


constitucional, para acrescentar mais alguma exceção ao princípio da não
vinculação, ou para suprimir uma exceção já existente, só por meio de emenda
à Constituição.

Vale escrever uma nota, destacando o alto nível de vinculação que a


arrecadação tributária sofre no Brasil.

As taxas e contribuições são naturalmente destinadas a certas despesas;


os impostos, embora sejam relacionados ao princípio da não vinculação,
também são destinados a diversas despesas, por ordem da própria
Constituição, como se depreende das exceções vistas acima.

Nesse sentido, há um dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal que


reforça essa necessidade de aplicação das receitas vinculadas nas
despesas para as quais foram atribuídas. Vejamos a lei seca:

Art. 8º, parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade


específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o
ingresso.

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Portanto, a partir dessa determinação da LRF, nem mesmo a arrecadação


que “sobrar” em determinado exercício está livre, se sua origem estiver
ligada a alguma vinculação legal.

Pois bem, diante desse quadro de alta vinculação dos recursos, para
“desamarrar” um pouco as receitas tributárias de suas aplicações
obrigatórias, instituiu-se, desde 1994, um mecanismo de desvinculação,
por meio de emenda à Constituição.

A chamada Desvinculação das Receitas da União (DRU) libera 20% dos


impostos e contribuições vinculados, para livre aplicação pelos
administradores públicos. O objetivo desse mecanismo é evitar situações
nas quais certos setores da ação governamental tenham recursos
abundantes, enquanto outros passam por penúria.

24. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) A manutenção de certa autonomia no


direcionamento dos recursos públicos é fundamental para que a
administração possa cumprir seu papel. Nesse sentido, o princípio
conhecido como princípio da não afetação das receitas orienta a não
vinculação de parcelas da receita geral a gastos específicos.

Questão CERTA: é necessário que a administração tenha flexibilidade para


aplicar os recursos públicos, diante das inevitáveis mudanças de plano de ação
em comparação com o previsto. Daí a principal justificativa para a adoção do
princípio da não vinculação.

25. (CESPE/CONSELHEIRO SUBSTITUTO/TCE-ES/2012) A abrangência do


princípio orçamentário da não vinculação de receitas restringe-se às
receitas de impostos.

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Como a própria CF/88 deixa claro, o princípio da não vinculação aplica-se


exclusivamente aos impostos. Os demais tributos não sofrem interferência
desse princípio. Questão CERTA.

26. (CESPE/ANALISTA/TJ-CE/2008) As contribuições sociais, ainda que por sua


natureza se destinem a determinadas finalidades, têm sido muito utilizadas
no âmbito da União como forma de aumentar o montante e a sua
participação nos recursos tributários nacionais. A não vinculação, de acordo
com a CF, se aplica apenas aos impostos.

Questão CERTA. Para o governo federal, é mais vantajoso instituir uma


contribuição do que um imposto, já que, como dispõe a CF/88, os principais
impostos federais (imposto de renda e imposto sobre produtos industrializados)
devem ter parte do produto de sua arrecadação distribuída aos fundos
constitucionais dos estados, DF e municípios (trata-se de uma das exceções ao
princípio da não afetação). Esse mecanismo não ocorre com as contribuições
sociais federais, cuja arrecadação pertence inteiramente à União.

27. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) As receitas vinculadas,


mesmo que não utilizadas durante o exercício, não poderão destinar-se a
outra finalidade que não o objeto de sua vinculação, mesmo que continuem
sem destinação nos exercícios subsequentes.

Por fim, a questão acima praticamente reproduziu o dispositivo da LRF que


reforça a vinculação legal das receitas. Questão CERTA.

Especificação/Especialização/Discriminação
Historicamente, nos países em que o orçamento foi primeiramente adotado
como peça institucional, observou-se a exigência, feita pelos parlamentos, de
discriminação das receitas e despesas por parte do Executivo. Os
controladores desejavam saber de onde sairiam os recursos arrecadados e a
sua aplicação. Assim, o fato de as receitas e despesas serem publicadas de
forma detalhada também favorecia a tarefa de controle do orçamento.

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Esse mandamento perdurou na evolução da peça orçamentária, e


institucionalizou-se no Brasil sob a forma legal. Na Lei 4.320/64, encontram-se
os seguintes trechos:

Art. 5º. A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a


atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros,
transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu
parágrafo único.

Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo


por elementos.

O que se buscou na Lei 4.320/64 foi algo parecido com a exigência inicial, nos
países em que se originou o orçamento público, quanto à discriminação das
receitas e despesas.

Para a Lei, também era necessário disponibilizar informações detalhadas, na


LOA, deixando evidente qual fim teriam os recursos públicos, e para evitar que
as decisões sobre a aplicação da arrecadação ficassem concentradas nas
mãos dos gestores, fora das vistas do controle externo.

Entretanto, o que se percebeu, com o passar do tempo, e com a maior


complexidade do orçamento, foi a necessidade de um “meio termo” quanto ao
princípio da especificação.

Por um lado, um orçamento excessivamente detalhado pode se tornar uma


peça sem correspondência com a realidade, já que as circunstâncias no
momento da execução do orçamento podem fugir aos pequenos detalhes
fixados na LOA.

Ao mesmo tempo, a edição de um orçamento totalmente genérico, com


dotações globais, significa a renúncia, pelo Parlamento, de seu papel de
controlador, o que também desrespeitaria vários princípios constitucionais e
não seria benéfico de maneira alguma para o bem-estar coletivo.

Bem, agora que já delineamos o princípio da discriminação, vamos falar das


exceções/flexibilizações.

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A doutrina reconhece alguns exemplos de exceção ao princípio da


discriminação, ou seja, situações em que o orçamento transparece uma “face
genérica”, sem detalhamento.

Originalmente, a Lei 4.320/64 determinou que “Na Lei de Orçamento a


discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos”, como vimos
agora há pouco. Isso estava conforme o princípio da discriminação; o
detalhamento da despesa em elementos tornava a LOA bastante minuciosa.

Porém, essa classificação detalhista foi flexibilizada há pouco tempo. Segundo a


Portaria Interministerial STN/SOF 163/2001, que atualizou a classificação pela
natureza da despesa, a LOA não precisa mais trazer a despesa em nível de
elemento.

Ao invés disso, a alocação de recursos aos diferentes elementos de despesa


pode ficar a cargo das unidades executoras do orçamento, posteriormente
à aprovação da Lei.

Assim, podem-se verificar atualmente dotações destinadas ao mesmo tempo à


aquisição de materiais de consumo, pagamento de serviços de terceiros,
indenizações, pagamentos de diárias a servidores etc. (todas seriam
consideradas “despesas de custeio”, ou, na classificação atual, “outras despesas
correntes”).

Outra exceção refere-se à reserva de contingência, que constitui uma


dotação genérica, sem aplicação definida, a partir da qual o poder público pode
atender a “passivos contingentes”, como pagamentos devidos a execuções
judiciais, ou executar novas dotações, por meio de créditos adicionais.

Além disso, como sinaliza a redação do art. 5º da Lei 4.320/64, o art. 20 e seu
parágrafo único, da mesma lei, trazem mais uma exceção ao princípio da
discriminação:

Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os


projetos de obras e de outras aplicações.

Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza,


não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da

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despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas entre as


Despesas de Capital.

Trata-se dos “programas especiais de trabalho” (PET’s), grandes


investimentos públicos que, por sua complexidade e abrangência, não podem
ter toda sua composição de despesas explicitada de antemão. Assim, eles são
autorizados a partir de dotações globais, genéricas, e a correspondente
discriminação das despesas se dá durante a própria execução.

28. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O detalhamento da


programação orçamentária, em consonância com o princípio da
especialização, deve permitir a discriminação até onde seja necessário para
o controle operacional e contábil e, ao mesmo tempo, suficientemente
agregativo para facilitar a formulação e a análise das políticas públicas.

A questão reflete justamente o meio termo que deve ser alcançado quanto ao
princípio da discriminação. Questão CERTA.

29. (CESPE/ TÉCNICO /TJCE/2014) De acordo com o princípio orçamentário da


totalidade, deve-se evitar que dotações globais sejam inseridas na LOA.

Questão ERRADA. Como já visto, pelo princípio da especialização, e não da


totalidade, deve-se evitar a inserção de dotações globais no orçamento, como
regra.

30. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) A reserva de contingência, dotação global


para atender passivos contingentes e outras despesas imprevistas,
constitui exceção ao princípio da especificação ou especialização.

A reserva de contingência, pelo fato de constituir uma dotação global, genérica,


é realmente uma das exceções ao princípio da discriminação. Questão CERTA.

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31. (CESPE/AUDITOR/TCU/2011) Entre as três leis ordinárias previstas pela CF


para dispor sobre orçamento, somente a LOA é obrigada a observar o
princípio da especificação.

Questão CERTA: como a LDO e o PPA não trazem dotações orçamentárias em


seu corpo, não é possível atribuir o princípio da especificação a essas leis. Aliás,
todos os princípios orçamentários só se aplicam à lei de orçamento e às leis que
a modifiquem (p. ex.: créditos adicionais).

Clareza
Segundo o princípio da clareza, o orçamento deveria ser apresentado numa
linguagem acessível a todos que precisassem ou se interessassem em
acompanhá-lo.

Entretanto, considerando a atual complexidade inerente ao orçamento, que


agrega informações financeiras, legais, administrativas, contábeis e de
planejamento, sem falar num pano de fundo político, é difícil trazer à realidade
o cumprimento desse princípio.

Uma sugestão do prof. Giacomoni é a elaboração de peças comentadas sobre


a programação orçamentária, a partir de anexos da LOA. Dessa forma, se o
orçamento em si não pode ter sua linguagem simplificada, pela natural
necessidade de codificação, pelo menos se disponibilizaria uma forma paralela
de se compreender a complexidade de seu conteúdo.

Isso foi adotado na esfera federal a partir da elaboração do orçamento de


2011: além da proposta “técnica” de orçamento, foi editada uma cartilha
especial, chamada “Orçamento Federal ao Alcance de Todos”, que busca
expor, de forma mais amigável, como deve se dar a aplicação de recursos
federais nas diferentes áreas do governo. Essa publicação está no link
abaixo, vale visitar:

http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/sof/orca
mento_13/OFAT_2013.pdf

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32. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2012) De acordo com o princípio da clareza, a


LOA deve ser elaborada em linguagem compreensível a todos os
interessados.

O enunciado acima reproduz o teor próprio do princípio da clareza aplicado ao


orçamento. Questão CERTA.

Equilíbrio
Uma forma simples de entender o princípio do equilíbrio é considerar que deve
haver compatibilidade entre receita e despesa, de forma que as contas
públicas não sejam afetadas por déficits.

Entretanto, aprofundando mais o raciocínio sobre o tema, registram-se duas


formas de encarar esse princípio.

Em primeiro lugar, o equilíbrio formal do orçamento é observado quando a lei


orçamentária prevê receitas e fixa despesas em montantes iguais. Antes, sob a
vigência da Constituição de 1967, o equilíbrio formal do orçamento chegou a
ser firmado num dispositivo dessa Carta:

Art. 66 – O montante da despesa autorizada em cada exercício financeiro não


poderá ser superior ao total das receitas estimadas para o mesmo período.

Atualmente, a Constituição não traz determinação semelhante, mas o costume


perdura: as leis orçamentárias anuais fazem a previsão da receita e a fixação
da despesa em valores iguais. Assim, sob o aspecto formal, o princípio do
equilíbrio zela principalmente pela publicação de um orçamento
equilibrado.

Porém, na prática, o que se verifica hoje é que os recursos próprios do governo


não são suficientes para cobrir suas despesas. O equilíbrio formal do
orçamento é garantido pela contratação de operações de crédito – dinheiro

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emprestado. Na LOA, os valores das operações de crédito são considerados


receita, conforme o mandamento insculpido na Lei 4.320/64 (Art. 3º A Lei de
Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de
crédito autorizadas em lei).

Pelo exposto, o fato de um orçamento ser publicado de forma equilibrada não


implica o equilíbrio das contas públicas. É com essa preocupação que se fala
em equilíbrio real, ou equilíbrio material. Essa, inclusive, foi uma das principais
bandeiras tratadas na famosa Lei de Responsabilidade Fiscal.

Assim, sob essa ótica, busca-se evitar o crescimento desordenado das


despesas, sem lastro para cobri-las. Da mesma forma, deve-se evitar o
comprometimento das receitas a ponto de não sobrarem recursos para
amortizar a dívida pública.

Conclui-se, desse modo, que o “equilíbrio material” está mais ligado à


execução equilibrada do orçamento do que à sua publicação com
montantes iguais de receita e despesa.

Para garantir o equilíbrio material, o governo pode lançar mão de diversos


expedientes: manutenção de metas de superávit, enxugamento de despesas de
custeio, abertura de créditos adicionais apenas com recursos já arrecadados
etc.

33. (CESPE/TÉCNICO/BASA/2012) A ocorrência de déficits na execução


orçamentária não implica desrespeito ao princípio do equilíbrio, com base
no qual se deve elaborar a lei orçamentária, podendo ser eles incorporados
nas chamadas operações de crédito e no refinanciamento da dívida pública.

Questão CERTA: considerando que as operações de crédito previstas na LOA


são consideradas como receitas pela legislação, o déficit entre receitas não
financeiras e despesas não financeiras não representa desrespeito ao princípio

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do equilíbrio. Este se encontra garantido pelas operações financeiras destacadas


no enunciado.

34. (CESPE/TÉCNICO/STM/2011) O endividamento do Estado, por meio da


contração de empréstimos, atende ao princípio do equilíbrio orçamentário.

Questão CERTA. Para evitar que as despesas assumidas comprometam a saúde


fiscal, são contratados empréstimos de recursos que cobrem o volume
excedente de gastos.

35. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A vedação da aprovação de emendas ao


projeto de LOA sem a indicação dos recursos necessários, admitindo os
provenientes de anulação de despesas, reforça o princípio do equilíbrio.

Quanto à questão acima, fica evidente que a hipótese referida, de aprovação de


emendas apenas com indicação de suporte orçamentário suficiente, reforça o
princípio do equilíbrio. Questão CERTA.

36. (CESPE/ANALISTA/TJDFT/2008) Considere-se que a proposta orçamentária


traga embutido um deficit a ser coberto com o excesso de arrecadação que
venha a ser obtido com o crescimento econômico e com o melhor
desempenho da administração tributária. Nessa situação, é correto afirmar
que o princípio orçamentário fundamentalmente violado foi o da
universalidade.

Questão ERRADA. A previsão de um déficit a ser coberto com uma arrecadação


incerta seria uma violação ao princípio do equilíbrio – não da universalidade.

Publicidade
A relevância que o orçamento assume na vida da sociedade torna necessário o
conhecimento amplo do conteúdo da LOA pelas pessoas, já que naquele
instrumento serão notadas as políticas públicas e prioridades escolhidas pelo
governo.

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Entretanto, aparece novamente a discussão relativa à clareza do orçamento:


como assegurar, simultaneamente, o entendimento da peça orçamentária pelo
cidadão comum e a necessária complexidade do instrumento, tendo em vista a
multiplicidade de informações que o integram? Esse é um desafio ainda a se
superar.

Não obstante, atualmente, ao menos em termos de divulgação, o princípio da


publicidade é concretizado, sobretudo pela disponibilização das leis
orçamentárias em sites governamentais, além dos veículos oficiais.

A partir desse aspecto, é possível perceber a relação do princípio da publicidade


também com o princípio da legalidade. Para vigorar, uma lei deve ser
publicada em veículos oficiais de comunicação (tipicamente, Diário Oficial) – e a
lei orçamentária não é exceção a essa regra.

37. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) O orçamento precisa ser publicado no Diário


Oficial da União correspondente a cada esfera para produzir efeitos. No
caso dos municípios que não tenham diário oficial, o orçamento pode ser
publicado em jornal local.

Questão CERTA. Quanto “maior” o ente público, maior o alcance que deve ser
dado à publicidade de seus atos, incluindo a aprovação do respectivo
orçamento.

38. (CESPE/ANALISTA/INPI/2013) A LOA é peça técnica voltada para a


operacionalização do planejamento governamental, assim não é necessária
a observância do princípio da publicidade, visto que o PPA e a LDO já
cumprem a função de tornar público para a sociedade quais são os
objetivos dos governos e que meios serão utilizados para alcançá-los.

Questão ERRADA: toda a sequência de documentos ligados ao planejamento e


ao orçamento (PPA – LDO – LOA), pelo fato de constituírem leis ordinárias, e

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por serem executadas pela Administração Pública, devem obedecer ao princípio


da publicidade.

39. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) O princípio da publicidade está previsto


na Constituição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Uma
exceção ao princípio da publicidade é a modificação do orçamento em
casos de relevante interesse coletivo ou segurança nacional. Nesses casos,
é facultada ao poder público a divulgação dos gastos aplicados em
interesse da população.

Questão ERRADA. Não há permissão para que a divulgação de dados


orçamentários fique a cargo da decisão discricionária da Administração. Por se
tratar de matéria pública, os atos relativos ao orçamento necessitam de
publicidade (princípio insculpido no art. 37, caput, da CF/88).

40. (CESPE/ANALISTA/CÂMARA/2012) A ausência de discriminação da dotação


global na reserva de contingência contraria o princípio da publicidade.

Questão ERRADA: como já estudamos, a ausência de detalhamento de alguma


dotação orçamentária desrespeitaria o princípio da especificação, ou da
discriminação, e não da publicidade. Mesmo assim, a reserva de contingência é
uma exceção, e não um descumprimento, ao princípio da discriminação.

Bem, dileto aluno, nosso encontro demonstrativo fica por aqui.

Aguardo você na Aula 01. Surgindo algum questionamento, alguma necessidade


de explicação mais aprofundada, podemos nos falar por meio do fórum de
dúvidas.

Forte abraço, até a próxima!

GRACIANO ROCHA

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RESUMO DA AULA
1. O orçamento público tem natureza de ato administrativo, pelo que é
considerado uma lei em sentido formal.

2. O princípio da unidade/totalidade preza a agregação das receitas e


despesas do Estado numa só peça, favorecendo a atividade de controle.

3. O princípio orçamentário da universalidade estabelece que todas as


receitas e despesas devem constar da lei orçamentária, garantindo-se uma
visão geral sobre as finanças públicas e evitando-se a realização de
operações orçamentárias sem conhecimento do Poder Legislativo.

4. O princípio do orçamento bruto é complementar ao da universalidade, e


determina que as receitas e despesas devem aparecer no orçamento sem
qualquer dedução.

5. Segundo o princípio da anualidade/periodicidade, o orçamento deve ser


elaborado e autorizado para um período definido, normalmente de um ano.

6. A própria Constituição expressa o princípio da exclusividade, em seu art.


165, § 8º (A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à
previsão da receita e à fixação da despesa). Também a Constituição traz as
exceções a esse princípio: a autorização para abertura de créditos
suplementares e a autorização para a realização de operações de crédito
(inclusive ARO).

7. O princípio da não-afetação refere-se à impossibilidade de vinculação da


receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, com as exceções trazidas
pela norma constitucional.

8. As receitas vinculadas deverão atender sempre à execução do objeto de


sua vinculação, ainda que em exercício posterior ao de sua arrecadação.

9. O princípio da discriminação preza pelo detalhamento, até onde for


possível, das receitas e despesas, para verificação, pelos órgãos de
controle, da origem e da aplicação dos recursos públicos.

10. Conforme o princípio orçamentário da clareza, o orçamento deve ser


apresentado numa linguagem acessível a todos que precisem ou se
interessem em acompanhá-lo.

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11. O princípio do equilíbrio abrange as vertentes formal e material. Na


vertente formal, o orçamento deve ser aprovado com receitas e despesas
em igual montante. Na vertente material, a execução orçamentária deve
garantir o equilíbrio das contas públicas.

12. Pelo princípio da publicidade, o orçamento deve ser levado ao


conhecimento do público, por meio de instrumentos oficiais de
comunicação ou de outras formas, garantindo-se também sua eficácia.

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QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA


1. (CESPE/ANALISTA/TRE-MS/2013) Os princípios orçamentários estão
sujeitos a transformações de conceito e significação, pois não têm caráter
absoluto ou dogmático e suas formulações originais não atendem,
necessariamente, ao universo econômico-financeiro do Estado moderno.

2. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) O princípio da legalidade, um dos primeiros


a serem incorporados e aceitos nas finanças públicas, dispõe que o
orçamento será, necessariamente, objeto de uma lei, resultante de um
processo legislativo completo, isto é, um projeto preparado e submetido,
pelo Poder Executivo, ao Poder Legislativo, para apreciação e posterior
devolução ao Poder Executivo, para sanção e publicação.

3. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Para ser considerada um princípio


orçamentário, a norma precisa obrigatoriamente estar incluída na
Constituição Federal ou na legislação infraconstitucional.

4. (CESPE/ANALISTA/TRE-ES/2011) Em matéria orçamentária, o princípio da


legalidade refere-se à legalidade estrita aplicável aos atos da administração
pública.

5. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) A natureza jurídica da lei


orçamentária anual no Brasil não interfere nas relações entre os sujeitos
passivos e ativos das diversas obrigações tributárias.

6. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) A lei orçamentária anual elaborada no


âmbito da União é, ao mesmo tempo, lei ordinária e especial.

7. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) De acordo com o princípio da unidade, o


ente governamental deve dispor de apenas um orçamento, que inclua
todas as receitas estimadas e despesas fixadas pelo Estado.

8. (CESPE/ANALISTA/TJ-AC/2012) A determinação da Constituição Federal de


1988, que estabelece que a lei orçamentária anual deve compreender o
orçamento fiscal, o orçamento de investimento e o orçamento da
seguridade social, configura uma exceção ao princípio orçamentário da
unidade.

9. (CESPE/ANALISTA/CNPQ/2011) O princípio orçamentário da totalidade


determina que haja um orçamento único para cada um dos entes

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federados, com a finalidade de se evitar a ocorrência de múltiplos


orçamentos paralelos internamente à mesma pessoa política.

10. (CESPE/ANALISTA/ANATEL/2012) De acordo com o princípio da


universalidade, a LOA de cada ente federado deverá conter todas as
receitas e as despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e
fundações instituídas e mantidas pelo poder público.

11. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) Nem todas as entidades da administração


pública indireta obedecem ao princípio orçamentário da universalidade.

12. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) De acordo com o princípio da unidade,


o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado.

13. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O refinanciamento da


dívida pública federal consta do orçamento fiscal, pelo mesmo valor, tanto
na estimativa da receita como na fixação da despesa. Este tratamento é
compatível com o princípio orçamentário da universalidade.

14. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) Para a obtenção de maior transparência e


clareza na previsão de despesas e fixação de receitas constantes na lei
orçamentária anual, permite-se a dedução das receitas que não serão
efetivamente convertidas em caixa, sem que, para isso, seja necessário
descriminar os valores originais. Ao prever tal procedimento, a legislação
observa o princípio do orçamento bruto.

15. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) Todas as parcelas da receita e da despesa


devem figurar no orçamento em seus valores brutos, sem apresentar
qualquer tipo de dedução.

16. (CESPE/ANALISTA/STM/2011) O princípio do orçamento bruto se aplica


indistintamente à lei orçamentária anual e a todos os tipos de crédito
adicional.

17. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) O princípio da anualidade orçamentária


fundamenta-se em critérios puramente técnicos, relativos às questões
operacionais de apuração contábil da receita e da despesa, não estando
relacionado, portanto, com o controle político do Poder Executivo.

18. (CESPE/TÉCNICO/STM/2011) O conceito de exercício financeiro deriva do


princípio da anualidade e, no Brasil, esse exercício coincide com o ano civil.

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19. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) No Brasil, a anualidade do orçamento


sempre foi consagrada, inclusive nos dispositivos constitucionais, mas a
exigência de que os orçamentos anuais fossem complementados com
projeções plurianuais se deu a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF).

20. (CESPE/ANALISTA/CADE/2014) A lei orçamentária anual (LOA) pode conter


dispositivo que autorize a abertura de crédito destinado a atender a
dotação não prevista no programa de trabalho inicialmente aprovado.

21. (CESPE/TÉCNICO/IBAMA/2012) A existência do orçamento fiscal, da


seguridade social e de investimento das empresas contraria o princípio
orçamentário da exclusividade.

22. (CESPE/INSPETOR/TCE-RN/2009) A autorização para um órgão público


realizar licitações não pode ser incluída na lei orçamentária anual em
observância ao princípio da exclusividade.

23. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) O princípio da exclusividade tem o


objetivo de impedir que a lei de orçamento seja utilizada como meio de
aprovação de matérias estranhas às questões orçamentárias.

24. (CESPE/TÉCNICO/TRT-10/2013) A manutenção de certa autonomia no


direcionamento dos recursos públicos é fundamental para que a
administração possa cumprir seu papel. Nesse sentido, o princípio
conhecido como princípio da não afetação das receitas orienta a não
vinculação de parcelas da receita geral a gastos específicos.

25. (CESPE/CONSELHEIRO SUBSTITUTO/TCE-ES/2012) A abrangência do


princípio orçamentário da não vinculação de receitas restringe-se às
receitas de impostos.

26. (CESPE/ANALISTA/TJ-CE/2008) As contribuições sociais, ainda que por sua


natureza se destinem a determinadas finalidades, têm sido muito utilizadas
no âmbito da União como forma de aumentar o montante e a sua
participação nos recursos tributários nacionais. A não vinculação, de acordo
com a CF, se aplica apenas aos impostos.

27. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) As receitas vinculadas,


mesmo que não utilizadas durante o exercício, não poderão destinar-se a

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outra finalidade que não o objeto de sua vinculação, mesmo que continuem
sem destinação nos exercícios subsequentes.

28. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) O detalhamento da


programação orçamentária, em consonância com o princípio da
especialização, deve permitir a discriminação até onde seja necessário para
o controle operacional e contábil e, ao mesmo tempo, suficientemente
agregativo para facilitar a formulação e a análise das políticas públicas.

29. (CESPE/ TÉCNICO /TJCE/2014) De acordo com o princípio orçamentário da


totalidade, deve-se evitar que dotações globais sejam inseridas na LOA.

30. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) A reserva de contingência, dotação global


para atender passivos contingentes e outras despesas imprevistas,
constitui exceção ao princípio da especificação ou especialização.

31. (CESPE/AUDITOR/TCU/2011) Entre as três leis ordinárias previstas pela CF


para dispor sobre orçamento, somente a LOA é obrigada a observar o
princípio da especificação.

32. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2012) De acordo com o princípio da clareza, a


LOA deve ser elaborada em linguagem compreensível a todos os
interessados.

33. (CESPE/TÉCNICO/BASA/2012) A ocorrência de déficits na execução


orçamentária não implica desrespeito ao princípio do equilíbrio, com base
no qual se deve elaborar a lei orçamentária, podendo ser eles incorporados
nas chamadas operações de crédito e no refinanciamento da dívida pública.

34. (CESPE/TÉCNICO/STM/2011) O endividamento do Estado, por meio da


contração de empréstimos, atende ao princípio do equilíbrio orçamentário.

35. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A vedação da aprovação de emendas ao


projeto de LOA sem a indicação dos recursos necessários, admitindo os
provenientes de anulação de despesas, reforça o princípio do equilíbrio.

36. (CESPE/ANALISTA/TJDFT/2008) Considere-se que a proposta orçamentária


traga embutido um deficit a ser coberto com o excesso de arrecadação que
venha a ser obtido com o crescimento econômico e com o melhor
desempenho da administração tributária. Nessa situação, é correto afirmar

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que o princípio orçamentário fundamentalmente violado foi o da


universalidade.

37. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) O orçamento precisa ser publicado no Diário


Oficial da União correspondente a cada esfera para produzir efeitos. No
caso dos municípios que não tenham diário oficial, o orçamento pode ser
publicado em jornal local.

38. (CESPE/ANALISTA/INPI/ 2013) A LOA é peça técnica voltada para a


operacionalização do planejamento governamental, assim não é necessária
a observância do princípio da publicidade, visto que o PPA e a LDO já
cumprem a função de tornar público para a sociedade quais são os
objetivos dos governos e que meios serão utilizados para alcançá-los.

39. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) O princípio da publicidade está previsto


na Constituição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Uma
exceção ao princípio da publicidade é a modificação do orçamento em
casos de relevante interesse coletivo ou segurança nacional. Nesses casos,
é facultada ao poder público a divulgação dos gastos aplicados em
interesse da população.

40. (CESPE/ANALISTA/CÂMARA/2012) A ausência de discriminação da dotação


global na reserva de contingência contraria o princípio da publicidade.

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QUESTÕES ADICIONAIS
41. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) Os gastos realizados pelos órgãos públicos
não podem ser desviados do que está autorizado no orçamento público,
nem conflitar com o interesse público.

42. (CESPE/ANALISTA/INPI/2013) Para permitir que haja maior controle nos


gastos públicos, o princípio da unidade propõe que os orçamentos de todos
os entes federados (União, estados e municípios) sejam reunidos em uma
única peça orçamentária, que assume a função de orçamento nacional
unificado.

43. (CESPE/TÉCNICO/BASA/2012) O princípio da unidade orçamentária não é


adotado no Brasil, de maneira que existem múltiplos orçamentos que não
se incluem no orçamento anual da União, como os elaborados pelas
empresas estatais e autarquias especiais.

44. (CESPE/ANALISTA/CÂMARA/2012) De acordo com o princípio orçamentário


da especificação, devem-se registrar, no mesmo item, o valor líquido bem
como a dedução das parcelas de imposto previsto na lei orçamentária
anual do governo federal a serem transferidas a estados e municípios.

45. (CESPE/ANALISTA/TRE-RJ/2012) Definem-se princípios orçamentários


como um conjunto de proposições orientadoras que balizam os processos e
as práticas orçamentárias que devem ser observadas na concepção e
execução da lei orçamentária. Nesse sentido, a determinação constitucional
de que a LOA não contenha dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa caracteriza o princípio da unidade.

46. (CESPE/TÉCNICO/MPU/2010) Em caráter excepcional e mediante decreto


do presidente da República, o exercício financeiro para a administração
pública pode ser diferente do ano civil.

47. (CESPE/TÉCNICO/BASA/2012) A legislação brasileira não estabelece o


princípio da anualidade orçamentária, razão por que se aprovam o
orçamento fiscal e o da seguridade social anualmente e o orçamento
plurianual de investimentos, a cada quatro anos.

48. (CESPE/ANALISTA/INMETRO/2010) Entre as exigências em relação à


elaboração da LOA, incluem-se a discriminação de receita e despesa do

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governo e a obediência aos princípios da generalização, do orçamento


líquido e da universalidade.

49. (CESPE/ANALISTA/PREVIC/2011) A legislação brasileira, ao admitir a


existência do orçamento da seguridade social e do orçamento fiscal, viola o
princípio da totalidade orçamentária.

50. (CESPE/TÉCNICO/MPU/2010) Embora a não afetação da receita constitua


um dos princípios orçamentários, há várias exceções a essa regra previstas
na legislação em vigor.

51. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) O princípio da não afetação da receita veda


a vinculação de receita de impostos, taxas e contribuições a despesas,
fundos ou órgãos.

52. (CESPE/ANALISTA/TRE-MS/2013) De acordo com o princípio da


especialização, a lei orçamentária deverá conter apenas matéria financeira,
excluindo qualquer dispositivo estranho à estimativa de receitas do
orçamento.

53. (CESPE/ANALISTA/INPI/2013) O princípio do orçamento bruto refere-se à


apresentação dos valores do modo mais simples possível, ou seja, após
todas as deduções brutas terem sido realizadas.

54. (CESPE/ADMINISTRADOR/MIN. SAÚDE/2009) O administrador público que


respeita o princípio do orçamento bruto, ao planejar o orçamento do ano
seguinte, deve fazer as devidas compensações nas contas com a intenção
de incluir em sua planilha os saldos resultantes dessas operações.

55. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) O princípio da especialização contribui


para o trabalho fiscalizador dos parlamentos sobre as finanças executivas.

56. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) A existência de garantias às operações de


crédito por antecipação da receita não tem o condão de afetar nenhum dos
princípios orçamentários.

57. (CESPE/CONTADOR/UNIPAMPA/2009) A Desvinculação das Receitas da


União (DRU), pelo fato de não estar vinculada a qualquer fundo, ainda que
somente contábil, impossibilita a distinção, na execução orçamentária, de
qual parcela de recursos é originária de impostos gerais e de qual é

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referente à desvinculação de recursos. Essa situação fere os princípios


orçamentários da discriminação e da clareza no orçamento público.

58. (CESPE/ANALISTA/CÂMARA/2012) De acordo com o princípio orçamentário


da especificação, devem-se registrar, no mesmo item, o valor líquido bem
como a dedução das parcelas de imposto previsto na lei orçamentária
anual do governo federal a serem transferidas a estados e municípios.

59. (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA/2014) O princípio do orçamento bruto,


embora bastante representativo, não está integrado à legislação brasileira.

60. (CESPE/ANALISTA/STJ/2008) O princípio do equilíbrio orçamentário é o


parâmetro para a elaboração da LOA, o qual prescreve que os valores
fixados para a realização das despesas deverão ser compatíveis com os
valores previstos para a arrecadação das receitas. Contudo, durante a
execução orçamentária, poderá haver frustração da arrecadação, tornando-
se necessário limitar as despesas para adequá-las aos recursos
arrecadados.

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Noções de AFO para Agente Administrativo da Polícia Federal
Aula 00
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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C C E C C C C E C C

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

C E C E C C E C E E

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

E C C C C C C C E C

31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

C C C C C E C E E E

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

C E E E E E E E E C

51 52 53 54 55 56 57 58 59 60

E E E E C C E E E C

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