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Caso 1

Alim, de 20 anos, cidadão egípcio, que sempre residiu no Cairo, enamorou-se de


Bianca, de 16 anos, estudante, de nacionalidade brasileira e venezuelana, com
residência habitual no Cairo. Bianca, antes de viver no Egito, sempre vivera no Rio de
Janeiro.
Alim e Bianca, de férias em Lisboa, pretendem casar-se e ficam surpreendidos
quando o Conservador do Registo Civil os informa de que só celebra o casamento se os
pais de Bianca a autorizarem a casar.
Admitindo que:
a) As normas de conflitos do Direito Internacional Privado brasileiro e do
venezuelano preveem que a capacidade da pessoa para contrair casamento é
regulada pela lei do domicílio;
a) A norma de conflitos egípcia prevê que a capacidade da pessoa para contrair
casamento é regulada pela lei da sua nacionalidade;
b) O sistema de Direito Internacional Privado brasileiro e o egípcio consagram a
referência material;
c) O sistema de Direito Internacional Privado venezuelano prevê que, no caso de o
Direito estrangeiro declarar aplicável o Direito venezuelano, este deve aplicar-
se; no caso de o Direito estrangeiro declarar aplicável o Direito de um Estado
terceiro que, por sua vez, também se declare competente, deverá aplicar-se o
Direito interno deste Estado.
d) Os Direitos egípcio, brasileiro e venezuelano consideram Beatriz domiciliada no
Egito;
e) De acordo com o Direito brasileiro e venezuelano a maioridade atinge-se aos 18
anos, mas os menores de 18 anos e maiores de 16 anos podem casar com
autorização dos pais; já de acordo com o Direito egípcio, as mulheres têm
capacidade para casar a partir dos 16 anos e os homens a partir dos 18 anos;
diga se Bianca tinha capacidade para se casar ou se necessitava da autorização dos
seus pais.

Caso 2
Alexander, suíço, contraiu matrimónio, em Berna, com Bridget, também suíça,
no regime de separação de bens, em agosto de 2015.
Após o casamento, o casal ficou a residir habitualmente em Veneza, uma vez que
Bridget aí tinha um palacete que herdara, por morte de seu tio Cassiano, português, anos
antes do casamento com Alexander.
Passados que são dois anos, e atentas as elevadas despesas de manutenção do
palacete, Bridget decide vendê-lo e adquirir uma casa mais modesta. No entanto,
Alexander opõe-se a esta resolução da mulher e afirma que, apesar de o bem ser de
Bridget, uma vez que se trata da casa de morada de família do casal, sempre seria
necessário o seu consentimento para vendê-lo.
Admitindo que:
a) Os tribunais portugueses são internacionalmente competentes;
b) O Direito Internacional Privado suíço regula as relações entre os cônjuges e o
regime de bens do casal pela lei do domicílio comum do casal;
c) O Direito Internacional Privado italiano regula as relações entre os cônjuges e o
regime de bens do casal pela lei da nacionalidade comum do casal;
d) Em sede de devolução, o Direito Internacional Privado suíço aceita o retorno
para a sua própria lei; também o Direito Internacional Privado italiano aceita o
retorno para a sua própria lei;
e) De acordo com o art. 169 do Código Civil suíço, independentemente do regime
de bens vigente, um dos cônjuges não pode alienar a casa de morada de família
sem o consentimento do outro cônjuge. O Direito material italiano não prevê
qualquer regra semelhante a esta;
diga, fundamentando devidamente a sua resposta, se Bridget necessita do
consentimento de Alexander para vender o palacete sito em Itália.

Caso 3
Adrien, cidadão francês, habitualmente residente em Portugal, faleceu em
Lisboa, em 10 de agosto de 2015, deixando bens imóveis no Panamá.
Adrien era solteiro, não tinha filhos e não fez testamento. A Adrien sobreviveram
os seus pais, Barbara, francesa, e Carlos, panamiano.
Na sequência da morte do filho, Carlos, que apenas tinha visto Adrien quando
este nasceu, vem habilitar-se como herdeiro, pretendendo ficar com os imóveis que se
encontram no Panamá. Barbara contesta esta pretensão de Carlos, invocando a lei
panamiana, nos termos da qual os progenitores que abandonem os filhos são incapazes
de suceder por indignidade. Barbara recorda Carlos que este abandonou Adrien no dia
em que o filho nasceu.
Admitindo que:
a) Os tribunais portugueses são internacionalmente competentes;
b) O Direito Internacional Privado francês, à data, regulava a sucessão
imobiliária pela lex rei sitae;
c) A norma de conflitos do Panamá que regula a sucessão por morte determina
a aplicação da lei material panamiana nos casos em que os bens a herdar se
encontrem no Panamá;
d) Os arts. 726 e 727 do Código Civil francês não preveem como causa de
indignidade o abandono dos filhos pelos progenitores;
diga, fundamentando devidamente a resposta e apreciando os argumentos invocados, se
Carlos devia ser habilitado herdeiro de Adrien.

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